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“Considero difícil reverter esse cenário. A área que tem aptidão agrícola deve ser área
agrícola. O setor florestal precisa se adaptar para conseguir trabalhar nessas áreas mais
dobra – das, que não têm aptidão agrícola, áreas mais difíceis, com relevo ou com solo
que não seja tão fértil. Nosso segmento precisará aprender a trabalhar nisso, porque essa
vai ser a realidade. Dificilmente teremos uma inversão no futuro, porque a demanda de
alimento não vai diminuir, sempre vai crescer. Por isso, o setor precisa se adaptar, se
reinventar, buscar tecnologia e novos sistemas para mecanizar tanto a atividade de
silvicultura, como a de colheita, algo que já está mais avançado nas áreas de colheita do
que na silvicultura”, argumenta Álvaro Scheffer Jr., da Apre.
Com isso, o profissional argumenta que há dois caminhos para os pequenos produtores
que tencionam permanecer no setor florestal: para aqueles que estão próximos às
indústrias, é preciso ter tecnologia para extrair e transportar essa madeira a custo
competitivo e vendê-la mais facilmente; para aqueles que estão mais distantes, a saída
seria transformar pequenas propriedades em grandes produtores, e a forma de fazer isso
seria investir no cultivo de espécies de madeira mais rica, de maior valor agregado. Isso
inclui tanto espécies exóticas (como o mogno africano e a teca) quanto nativas (como o
paricá), ou mesmo espécies de eucalipto e pinus cuja madeira tem uma densidade muito
alta para aproveitamento na indústria de celulose, mas pode ter alto valor por metro
cúbico para outras aplicações (como o Eucalyptus pellita ou Eucalyptus microcorys).
Avanços em novos arranjos como plantios em Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
(ILPF) também podem tornar a atividade florestal viável em peque – nas e médias
propriedades. Além disso, o compromisso assumido pelo Brasil na Conferência do
Clima, em Paris, de plantar 12 milhões de hectares adicionais de florestas até 2030 pode
ser um grande driver da silvicultura em pequenas e médias propriedades, especialmente
para os produtores com áreas em bacias hidrográficas importantes e de crucial
recuperação.