ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS PRINCIPAIS TIPOS DE FONTE

DE ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL E SUAS APLICAÇÕES

Jonas R. Pause, Jeferson Fraytag, Paulo C. V. Luz, Dieckson L. Rigo

Marco A. Dalla Costa, Ricardo N. do Prado
Universidade Federal de Santa Maria - UFSM
Centro de Tecnologia - Curso de Engenharia Elétrica – Santa Maria - RS
jeferson.fray@hotmail.com, pcluz1@gmail.com, jp.jonas.jp@hotmail.com

Resumo. Neste artigo é apresentada uma
comparação entre os principais tipos de
fontes de iluminação artificial, bem como
suas características luminotécnicas mais
relevantes. Ainda, uma análise comparativa
entre cada fonte de luz é realizada, levando
em consideração aspectos como o índice de
reprodução de cores, eficiência luminosa,
vida útil e faixas de potência. Com base em
tal análise é possível determinar a fonte de
iluminação mais adequada para diferentes
ambientes.
Palavras-chave: Características de
iluminação, Iluminação artificial,
Luminotécnica.
1. INTRODUÇÃO
A iluminação artificial representa cerca
de 30% do consumo de energia elétrica
mundial, segundo a European Lamp
Companies Federation [1]. Esse índice
implica em inúmeras pesquisas voltadas à
área de iluminação, a fim de proporcionar
sistemas mais eficientes e com um maior
custo benefício.
Essas pesquisas implicam em novas
tecnologias de obtenção de fontes artificiais
de luz. Considerando a importância dos
sistemas de iluminação e tendo em vista que
os resultados esperados dependem do
ambiente a ser iluminado, este artigo traz
uma comparação entre as principais fontes
de luz artificial, apresentando suas
características. Além disso, é realizada uma
avaliação sobre o melhor ambiente para a
sua utilização.
2. ILUMINAÇÃO INCANDESCENTE
Seu princípio de funcionamento foi
desenvolvido em 1879 por Thomas Edison
nos EUA e Swan na Inglaterra. Este
princípio consiste na geração de luz através
do aquecimento de um filamento pela
circulação de corrente elétrica. Atualmente, é
utilizado o tungstênio na fabricação deste
filamento, devido ao seu alto ponto de fusão.
As lâmpadas incandescentes
convencionais (GLS – General Lighting
Source) apresentam uma temperatura de cor
(CCT) agradável, na faixa de 2.700K, com
um IRC de 100%. A eficiência luminosa
dessas lâmpadas varia de 8 a 20 lm/W, com
uma vida útil de 1.000 a 2.000 horas, de
acordo com Dalla Costa [2].
Uma melhoria das lâmpadas
incandescentes são as lâmpadas halógenas.
Nessas, foram adicionados compostos
químicos a fim de se preservar o filamento.
Com isso, a vida útil da lâmpada varia entre
2.000 e 4.000 horas, com uma eficiência
luminosa de até 26 lm/W e CCT de 3.000K,
de acordo com estudos feitos por Silva [3].
3. LÂMPADAS DE DESCARGA
A luz emitida por este tipo de lâmpada é
o resultado de uma descarga elétrica em uma
mistura de gases condicionada em um tubo.
 Cada lâmpada de descarga possui
características próprias, tais como, eficiência
luminosa, reprodução de cores e vida útil.
Estas características estão relacionadas,
principalmente, com a composição da
mistura gasosa e com a pressão à que esta
está submetida.
Diferentemente das lâmpadas
incandescentes, as lâmpadas de descarga
necessitam de um dispositivo para acioná-
las, o qual deve aplicar uma alta tensão de
ignição e limitar a corrente de regime [3].
3.1 Lâmpada de vapor de sódio em alta
pressão
A lâmpada de vapor de sódio em alta
pressão (HPS – High Pressure Sodium)
começou a ser desenvolvida em 1962,
entretanto, somente em 1965 passou a ser
comercializada, de acordo com Groot [4].
Atualmente, a HPS é comercializada
em uma ampla faixa de potência (35 –
1.000W), com uma vida útil que pode variar
de 10.000 a 32.000 horas, o que representa
menores gastos em manutenção e reposição.
Além disso, este tipo de lâmpada apresenta
uma eficiência luminosa na faixa de 80 a
150 lm/W. A temperatura de cor de uma
HPS situa-se entre 1.900 e 2.000K,
proporcionando a impressão de uma luz
branco-dourada, o que transmite uma
sensação de calor. Entretanto, existem
lâmpadas HPS que produzem uma luz com
maior CCT, mas para isso comprometem a
eficiência luminosa do sódio [4]. Contudo, a
lâmpada HPS apresenta um IRC baixo, cerca
de 22%.
3.2 Lâmpadas de vapor de sódio em baixa
pressão
A lâmpada de vapor de sódio em baixa
pressão (LPS – Low Pressure Sodium) foi
introduzida no mercado em meados de 1930.
Desde então, é a lâmpada de descarga com
maior eficiência luminosa, próximo a 180
lm/W, conforme abordado em Denneman
[5]. Isto se deve ao fato da lâmpada emitir
luz em comprimentos de onda apenas entre
589.0 e 589.6 nm, próximos ao pico de
sensibilidade do olho humano (555 nm).
Dentre todos os tipos de lâmpadas, a
LPS possui o menor IRC, inferior a 1%,
segundo dados da General Electric [6]. A luz
emitida por esta lâmpada possui coloração
amarela monocromática com temperatura de
cor de 1.800K, características do sódio.
As lâmpadas LPS estão disponíveis em
potências que variam de 18 a 135W, e ainda
apresentam uma elevada vida útil, cerca de
18.000 horas [6].
3.3 Lâmpada de vapor de mercúrio em
baixa pressão (fluorescente)
Desenvolvida no final do século XIX, a
lâmpada fluorescente (LF) foi
comercializada em larga escala a partir de
1938, de acordo com Seidel [7].
Nessas lâmpadas de descarga cerca de
60 a 70% da potência elétrica é convertida
em radiação ultravioleta (UV) pelo mercúrio
[2]. Essa radiação UV é convertida em luz
visível por uma camada de fósforo, que
reveste internamente o tubo de descarga. As
características das LF estão diretamente
relacionadas a essa camada fosfórica. Se
utilizados, por exemplo, metais de terras
raras, denominados trifósforos, o IRC destas
lâmpadas pode alcançar 85%, e a eficiência
luminosa chegar a 100 lm/W, segundo
Seidel [8]. A luz emitida pelas LF possui um
CCT elevado, acima de 3.000K [2].
3.4 Lâmpada de vapor de mercúrio em
alta pressão
Introduzidas no mercado no inicio do
século XX, estas lâmpadas foram pioneiras
dentre as de descarga de alta intensidade.
Devido à sua elevada vida útil, até 24.000
horas, essas lâmpadas foram utilizadas
durante muito tempo em sistemas de
iluminação pública. Porém, devido à baixa
eficiência (até 60 lm/W), as lâmpadas de
mercúrio em alta pressão (HPM – High
Pressure Mercury) acabaram sendo
substituídas por lâmpadas de vapor de sódio
em alta pressão [2]. A luz emitida por estas
lâmpadas situa-se na faixa do azul e do
ultravioleta (UV), de acordo com Orletti [9].
Assim como as LF, as HPM possuem um
filtro fosforescente, com a finalidade de
converter a radiação UV em luz visível.
O IRC destas lâmpadas, embora seja
muito dependente das propriedades da
camada de fósforo, pode chegar à 40%, com
temperatura de cor entre 3.300 e 4.400K [8].
As HPM estão disponíveis em uma faixa de
potência que varia de 40 a 1.000W [6].
3.5 Lâmpada de multivapor metálico
A lâmpada de multivapor metálico (MH
– Metal Halide) surgiu como uma melhoria
das lâmpadas HPM. Como o índice de
reprodução de cores das lâmpadas de vapor
de mercúrio em alta pressão é baixo, foram
adicionados novos elementos à sua mistura
gasosa, resultando em uma lâmpada com um
excelente IRC (aproximadamente 90%) e
eficiência luminosa superior a 100 lm/W [2].
A MH apresenta uma vida útil que varia
entre 5.000 e 22.000 horas e temperatura de
cor entre 3.000 e 4.200K. Atualmente, esse
tipo de lâmpada é comercializado na faixa de
potência entre 70 e 2.000W [3].
4. LED
O LED (Light Emmiting Diode) é um
componente semicondutor que, quando
polarizado diretamente, emite radiação
luminosa visível ou não ao olho humano. A
transformação de energia elétrica em luz é
feita na matéria, sendo, por isso, chamado de
lâmpada de estado sólido (Solid State). Com
tamanho reduzido, o LED vem se tornando
uma alternativa na iluminação artificial [3].
A vantagem da utilização de LEDs em
sistemas de iluminação é devido a sua alta
eficiência luminosa, até 100 lm/W, e uma
prolongada vida útil, de 15.000 a 100.000
horas, conforme Luxeon [10]. Além disso,
apresenta um índice de reprodução de cores
elevado, entre 70 e 80%. Contudo, a cor da
luz emitida pelo diodo depende do material
semicondutor com o qual é feito e da camada
de fósforo utilizada. O LED apresenta uma
faixa de temperatura de cor que pode variar
de 2.700 a 6.000K, sendo empregado em
uma ampla gama de sistemas de iluminação,
de acordo com Osram [11].
5. DISCUSSÃO
As diversas fontes de iluminação
artificial possuem diferentes características e
peculiaridades, tais como, a eficiência
luminosa, como podemos observar na Fig. 1.
Essas diferenças as tornam mais adequadas à
determinadas aplicações.
Para ambientes que não exigem uma
boa diferenciação de cores, mas sim uma alta
eficiência luminosa, associado a uma longa
vida útil, como vias públicas e espaços
externos em geral, é mais adequada a
utilização de lâmpadas HPS e LPS.
Ainda, em estádios, praças e outros
ambientes com grandes áreas que exijam um
melhor IRC, elevadas temperatura de cor e
vida útil, são indicadas as lâmpadas HPM e
as MH de maior potência.
Já as lâmpadas LF, por possuírem uma
elevada temperatura de cor e um bom IRC,
são mais indicadas para ambientes internos,
como escritórios e salas de aula, bem como
espaços comerciais. A elevada eficiência
luminosa dessas lâmpadas, também justifica
a aplicação nestes lugares.
Figura 1. Faixas de eficiência luminosa de
diferentes fontes de iluminação artificial.
 E ainda, em ambientes internos como
áreas de lazer, quartos e salas, podem ser
usadas as lâmpadas incandescentes ou as
lâmpadas halógenas, pois estas possuem
uma temperatura de cor mais baixa, o que
proporciona uma visão mais agradável e
torna o ambiente mais aconchegante.
Embora, essas lâmpadas possuam as piores
eficiências dentre as fontes de iluminação,
ainda são muito utilizadas, principalmente
pelo seu preço reduzido e fácil alimentação.
O uso de diodos emissores de luz é
indicado para a iluminação decorativa. Isso
se deve a existência de LEDs nas mais
diversas cores aliadas às pequenas
dimensões. E ainda, lâmpadas compostas por
estes dispositivos são capazes de
proporcionar uma luz direcionada. Outras
características como alta eficiência luminosa
e elevada vida útil tornam os LEDs de
maiores potências, atrativos para outras
aplicações como a iluminação residencial e
automotiva. Além disso, sua elevada
eficiência e baixo consumo propiciam
aplicações em iluminação de emergência e
indicativa.
6. CONCLUSÃO
Este trabalho apresentou as fontes de
iluminação artificial mais utilizadas,
realizando uma análise das principais
características luminotécnicas de cada uma
delas, bem como suas aplicações mais
indicadas.
Com base nas diferentes características
de IRC, temperatura de cor, eficiência
luminosa e vida útil, realizou-se um estudo
comparativo entre tipo de lâmpada e sua
melhor aplicação.
Assim, observa-se que, com a análise
destas características, é possível definir as
aplicações mais indicadas para cada tipo de
fonte de iluminação artificial.
7. REFERÊNCIAS
[1] EUROPEAN LAMP COMPANIES
FEDERATION. “Factsheet on Domestic
Lighting.” Julho 2008. <www.elcfed.org>.
[2] DALLA COSTA, M. A. “Compensación
de resonancias acústicas em lâmpadas de
descarga en halogenuros metálicos por
médio de onda cuadrada de baja freqüência:
caracterización de lámparas y propuesta de
nuevas topologias de alimentación”. Tese.
Universidade de Oviedo, Oviedo, 2008.
[3] SILVA, M. L. da. Luz, lâmpadas e
iluminação. Porto Alegre: Editora e Gráfica
Palotti, 2002.
[4] GROOT, J.; VAN VLIET, J. “The High-
Pressure Sodium Lamp”. 1st Edition.
London: Macmillan Educational, 1986.
[5] DENNEMAN, J. W. “Low-pressure
sodium discharge lamps”. IEE Proc. Pt. A,
Vol 128, nº 6, Setembro 1981, pp 397-414.
[6] General Electric Iluminação. “High
Intensity Discharge Lamps”. Catálogo
técnico.
[7] SEIDEL, A. R. “Otimização do projeto
de um reator eletrônico auto-oscilante
empregando ferramentas de controle.” 2003.
Tese. UFSM, Santa Maria. 2003.
[8] SEIDEL, A. R.; POLONSKII, M.
Reatores eletrônicos para Iluminação
Fluorescente, Ed. Unijuí, 2008.
[9] ORLETTI, R. “Reator eletrônico
microcontrolado de alto fator de potência
para lâmpadas de alta intensidade de
descarga”. Dissertação. UFES, 2005.
[10] LUXEON. “Power light source Luxeon
Rebel: LXML-PWN1-0080”. Folha de
Especificações, 2008.
[11] Osram Iluminação. “Tudo sobre LEDs”.
<www.osram.com.br/osram_br>. Acesso
em: 17 de Setembro de 2009.