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DADOS DA EMPRESA

RAZÃO SOCIAL: XXXXXXXXX

CNPJ: XXXXXXXXX

ENDEREÇO: XXXXXXXXX

CNAE: XXXXX

ATIVIDADE PRINCIPAL: XXXXX

PERÍODO DAS VISTORIAS: Abril de 2011.

DEMANDANTES: Xxxxxxxx
ANÁLISE ERGONÔMICA

1. OBJETIVO:

Esta Análise Ergonômica tem por finalidade o atendimento a alínea "a", do item 1.7, da
NR -1 - "Disposições Gerais"; ao inciso I, Art. 157, da Consolidação das Leis do Trabalho -

CLT, Lei no 6514/77; ao sub-item 17.1.2, da NR-17 “ Ergonomia “- Portaria MTb 3751, de
23/11/90, que regulamenta os artigos 198 e 199, Seção XIV -"Da Prevenção da Fadiga", da
CLT; as alíneas "a", "c" e "d", do item 4.12, da NR-4 - "Serviços Especializados em Engenharia
de Segurança e em Medicina do Trabalho" , de modo a garantir o máximo conforto, segurança
e desempenho aos trabalhadores.

Outrossim, constitui-se num guia que facilitará à Administração da Empresa, a atingir a


meta principal deste Laudo, qual seja, a eliminação ou neutralização de possíveis riscos
acentuados de lesões mediatas (à saúde) e lesões imediatas (integridade física), as quais,
porventura, possam estar expostos seus trabalhadores, durante a execução de suas tarefas
laborais, tudo em prol do bem estar no seu sistema de trabalho.

2. ABRAGÊNCIA DA ANÁLISE ERGONÔMICA:

Desta "Análise Ergonômica" constam os seguintes itens básicos:

1. Identificação dos postos de trabalho ou grupos homogêneos avaliados.

2. Análise das atividades, incluindo dados sobre:

- Levantamento, transporte e descarga individual de material;


- Mobiliário e equipamentos dos postos de trabalho;
- Condições ambientais (calor, ruído, iluminação etc);
- Movimentação (posturas, espaços, alcances físicos e visuais etc).

3. Fotos dos postos de trabalho e ambientes laborais.

4. Conclusão e Recomendações Técnicas.

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3. METODOLOGIA DE ANÁLISE:

A metodologia empregada na análise das condições de trabalho seguiu os seguintes


critérios:

3.1- CONDIÇÕES AVALIADAS

Ergonomia Geométrica  Conforto Posicional


 Conforto Motor-Operacional

Ergonomia Temporal  Conforto Psico-Organizacional

Ergonomia Ambiental  Conforto visual


 Conforto auditivo
 Conforto climático

I) Conforto Posicional: Antropometria; assentos, mesas e bancadas, equipamentos; postura de


pés, braços, joelhos, pescoço e coluna vertebral etc.

II) Conforto Motor-Operacional: movimentação músculo-esquelética em função de sua


atividade;

III) Conforto Psico-Organizaccional: jornada de trabalho, períodos de descanso, ritmo de


trabalho relacionamento profissional e pessoal.

IV) Conforto Climático: temperatura, umidade relativa e movimentação de ar.

V) Conforto Visual: níveis de iluminamento, relação das luminárias e o campo visual dos
trabalhadores, localização e posicionamento das fontes de luz e contraste de cores.

VI) Conforto Auditivo: níveis de ruído, perda de concentração e stress.

3.2- TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO E INSTRUMENTAL

As "Técnicas de Avaliação" empregadas neste trabalho consistem basicamente de:

* Entrevista para coleta e seleção de dados (inspeção e Check-lists).


* Quantificação (agentes ambientais).
* Pesquisa Bibliográfica Técnica sobre os Itens de Análise.
* Avaliação e Análise dos Resultados.
* Recomendações.

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As condições e valores verificados foram comparados com o estabelecido pela Norma
Regulamentadora - NR 17 - "Ergonomia", dispositivo legal vigente, bem como, com outras
fontes técnicas de referência.

O instrumental utilizado nas medições das intensidades dos agentes ambientais, acima
citado, foi calibrado antes de cada medição efetuada, de acordo com técnica específica para
cada equipamento.

PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO PARA AGENTES AMBIENTAIS

“ILUMINAÇÃO”

Determinar a iluminação necessária a um ambiente/posto de trabalho significa


estabelecer a intensidade e distribuição da radiação visível adequadas aos tipos de atividades
e às características do local, bem como sugerir alterações para este, a fim de proporcionar
melhores condições de trabalho, e consequentemente, maior eficiência e conforto.

A iluminação de um ambiente pode ser:

1. Natural: pela luz solar através de vidraças, portas, janelas, telhas de vidro, etc.;

2. Artificial: através de lâmpadas elétricas, que podem ser fluorescentes, incandescentes, de


mercúrio, etc. Pode ainda ser do tipo:

a) Geral: ilumina todo o local de trabalho, não objetivando uma única operação. Está
geralmente afastada dos trabalhadores.

b) Suplementar: além da iluminação existente no local, coloca-se outra luminária


próxima ao trabalhador, com o objetivo de melhor iluminar aquela determinada
operação.

A utilização de uma iluminação adequada proporciona um ambiente de trabalho


agradável, melhorando as condições de supervisão e diminuindo as possibilidades de
acidentes. As conseqüências de uma iluminação inadequada são notadas na segurança, com
um aumento do número de acidentes; na queda da produtividade, com maior desperdício de
material e pior qualidade do produto final e no bem-estar do trabalhador, causando maior
fadiga visual e ambiente de trabalho desagradável.

Para a iluminação correta dos ambientes de trabalho, dois fatores merecem destaque: a
intensidade de iluminação (iluminamento), expressa em Lux, e a luminância, que é a sensação
de brilho e de ofuscamento.

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Características das Diversas Fontes de Iluminação

TIPO DE EFICIÊNCIA REPRODUT. LUMINÂNCIA COMENTÁRIOS


LÂMPADA (lumens/watt) CROMÁTICA /BRILHANÇA

Baixo custo e pouca durabilidade; contra


17 a 23 Boa Alta indicada p/ iluminação de ambientes de
Incandescente
trabalho.
A eficiência e a reprodutibilidade
cromática dependem do tipo de lâmpada;
50 a 80 Boa Baixa atualmente há lâmpadas fluorescentes
Fluorescente
bastante modernas, com baixo custo; a
vida média da lâmpada é de 5 a 8 anos.

Vapor de Lâmpadas de vida muito longa (9 a 12)


50 a 55 Muito Pobre Média anos), mas sua eficiência decai com o
Mercúrio
tempo.
A reprodutib. cromática é adequada para
Halógeneas muitas aplicações, mas emitem radiação
80 a 90 Razoável Razoável
Metálicas infravermelha (Calor) em intensidade
maior que as lâmpadas incandescentes.
Vapor de Sódio
sob Alta 85 a 125 Razoável Razoável Lâmpada de alta eficiência; duração de 3
pressão a 6 anos, acesa até 12 h / dia.

Lâmpada muito eficiente, indicada para


Vapor de Sódio iluminação de rodovias e logradouros
sob Baixa 100 a 180 Pobre Razoável públicos; se usada no interior de galpões,
Pressão deve ser complementada com iluminação
fluorescente localizada em tarefas de
precisão visual

Os níveis de iluminamento, verificados nesse Laudo foram comparados com os níveis


mínimos estabelecidos pela NR-17, Portaria 3214/78 MTb., conforme classificação por tipo de
atividade, de acordo com NBR-5413, “Iluminamento de Interiores” da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT).

Levantamento de dados:

Medições feitas com o uso de Luxímetro com fotocélula corrigida para a sensibilidade
do olho humano e em função do ângulo de incidência, da marca INSTRUTHERM, modelo LD –
200, o qual atende às características técnicas mínimas necessárias para uma adequada e
representativa medição.

As medições foram realizadas nos ambientes/postos de trabalho, observando-se as


atividades e rotinas desenvolvidas pelos trabalhadores, sendo realizadas no campo de trabalho
onde se realizam as tarefas visuais do trabalhador, ou na falta deste a um plano horizontal a
0,75 cm paralelo ao piso.

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Procedimentos Técnicos

 Verificação das baterias e calibração do aparelho.

“RUÍDO CONTÍNUO E INTERMITENTE”

Ruído é um fenômeno físico, que indica uma mistura de sons, cujas freqüências não
seguem nenhuma lei precisa.

Neste estudo ergonômico estaremos analisando os aspectos do ruído referentes ao


desconforto provocado por níveis em desacordo com as atividades desenvolvidas nos diversos
ambientes objeto de estudo. Um dos efeitos mais facilmente demonstráveis é a interferência
com a comunicação oral. Quando o som tem níveis elevados nas freqüências da voz humana,
temos um mascaramento, que pode atrapalhar a execução de trabalhos que dependem da
comunicação oral, ou dificultar a audição da voz de comando ou de aviso, o que pode ser
considerado um fator que aumenta a probabilidade de acidentes.

NÍVEL DE RUÍDO PARA ATIVIDADE INTELECTUAL


(NORMA BRASILEIRA - NBR 10152)
LOCAIS dB(A)
ESCRITÓRIOS
 salas de reunião; 30 - 40
 salas de gerência, salas de projeto e administração; 35 - 45
 salas de computadores; 45 - 65
 salas de mecanografia; 50 - 60
HOSPITAIS
 apartamentos, enfermarias, berçários e centros cirúrgicos; 35 - 45
 laboratórios, áreas para uso do público; 40 - 50
 serviços. 45 - 55
ESCOLAS
 bibliotecas, salas de música, salas de desenho; 35 - 45
 salas de aula, salas de estar; 40 - 50
 circulação. 45 - 55

Para as atividades intelectuais que não se enquadrem nas citadas acima, deverá se
considerar como nível máximo aceitável o valor de 65 dB(A).

NÍVEL DE RUÍDO PARA SE CONSEGUIR


FALAR/ESCUTAR AO TELEFONE

NÍVEL DE RUÍDO CONDIÇÃO


67 dB(A) ou menos Satisfatória
67 a 82 dB(A) Difícil
acima de 82 dB(A) Impossível

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Levantamento de dados:

Medições feitas com o uso de um Decibelímetro marca INSTRUTHERM, modelo 33 –


2055, atendendo às especificações estabelecidas nas normas técnicas ANSI S1.4-1983 e IEC
651-79, bem como à NR-15, Anexo 1 da Portaria 3214/78 do MTb e a NHO- 01 da
FUNDACENTRO. As adições foram realizadas na zona auditiva do trabalhador nos pontos de
trabalho de cada função. Os níveis de ruído, contínuo ou intermitente, foram medidos em
decibéis (dB), com o instrumento de medição operando no circuito de compensação “A”, e
circuito de resposta lenta “Slow”.

Os valores encontrados foram comparados com os Limites estabelecidos pela NBR-


10152, de Dezembro de 1987 - Nível de Ruído para Conforto Acústico, da Associação
Brasileira de Normas Técnicas - ABNT

Procedimentos Técnicos

 Verificação das baterias;


 Calibração do aparelho;
 Medições orientativas;
 Ajuste dos circuitos de resposta e compensação.

Técnica utilizada durante as medições

 Afastamento das superfícies refletivas;


 Medição em condições normais de trabalho.

“TEMPERATURA”

Temperaturas extremas têm influência sobre a quantidade e qualidade de trabalho que


o homem pode realizar, bem como a forma para realizá-lo. Além das fontes externas, inerentes
ao ambiente de trabalho, o corpo humano também produz calor através de seus processos
metabólicos.

É sabido que o homem que trabalha em ambientes de altas temperaturas sofre de


fadiga, seu rendimento diminui, ocorrem erros de percepção e raciocínio e aparecem sérias
perturbações psicológicas que podem conduzir a esgotamentos e prostrações.

Na medida em que o calor ambiental aumenta, ocorre uma reação no organismo


humano no sentido de promover um aumento da perda de calor. Os principais mecanismos de

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defesa do organismo humano, quando submetido a calor intenso, são a vasodilatação
periférica e a sudorese.

Diversos fatores influem nas trocas térmicas entre o corpo humano e o meio ambiente,
definindo a severidade da exposição ao calor, e portando devendo ser considerados na
quantificação da sobrecarga térmica. Os cinco principais são: a temperatura, umidade relativa e
velocidade do ar, o calor radiante e o tipo de atividade. Combinando esses fatores,
determinam-se os índices de sobrecarga térmica para cada local de trabalho.

Utilizaremos em nosso estudo dois Índices para avaliação da exposição ao calor:

1. IBUTG - “Índice de Bulbo Úmido - Termômetro de Globo”, estabelecido pela NR-15


da Portaria 3214/78 MTb, o qual relaciona os principais fatores causadores de
sobrecarga térmica: alta temperatura, metabolismo, calor radiante e alta umidade relativa
do ar.

2. Índice de Temperatura Efetiva, estabelecido pela NR-17 da mesma Portaria 3214/78


MTb, o qual traduz a resultante de conforto sobre o ser humano da: temperatura do
ambiente, umidade relativa e a ventilação.

Em ambos os casos, os índices serão calculados utilizando-se duas ou três das


seguintes temperaturas:

1. Temperatura de Globo (Tg): dá uma idéia aproximada da temperatura radiante que atinge
o trabalhador;

2. Temperatura de Bulbo Úmido (natural) (Tbn): relaciona a temperatura do ambiente com


a umidade relativa e a ventilação.

3. Temperatura de Bulbo Seco (Tbs): fornece a temperatura ambiente.

O calculo do Índice de Bulbo Úmido-Termômetro de Globo - IBUTG é definido por uma


equação matemática que correlaciona alguns parâmetros, definidos no ambiente de trabalho. A
equação varia em presença ou não, de carga solar no momento da medição, conforme é
apresentado:

Ambientes internos ou externos, sem carga solar:

IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg

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Ambientes externos com carga solar:

IBUTG = 0,7 tbn + 0,2 tg + 0,1 tbs

Onde:
tbn = temperatura de bulbo úmido natural
tg = temperatura de globo
tbs = temperatura de bulbo seco

Existem duas maneiras de calcularmos o IBUTG. São elas:

1. Regime de trabalho intermitente com períodos de descanso no próprio local de trabalho

2. Regime de trabalho intermitente com período de descanso em outro local (local de


descanso)

A seguir, apresentamos os quadros 1, 2 e 3 da NR-15, Anexo 3 da Portaria 3214 do


Ministério do Trabalho e Emprego:

QUADRO N.º 1

TIPO DE ATIVIDADE

REGIME DE TRABALHO-DESCANSO
COM DESCANSO NO PRÓPRIO LEVE MODERADA PESADA
LOCAL DE TRABALHO (por hora)
Trabalho Contínuo Até 30,0 Até 26,7 Até 25,0

45 minutos Trabalho
15 minutos Descanso
30,1 à 30,6 26,8 à 28,0 25,1 à 25,9
30 minutos Trabalho
30 minutos Descanso
30,7 à 31,4 28,1 à 29,4 26,0 à 27,9
15 minutos Trabalho
45 minutos Descanso
31,5 à 32,2 29,5 à 31,1 28,0 à 30,0
Não é permitido o Trabalho, sem a
adoção de medidas de controle
Acima de 32,2 Acima de 31,1 Acima de 30,0

QUADRO N.º 2

M (Kcal/h) Máximo IBUTG (ºC)


175 30,5
200 30,0
250 28,5
300 27,5
350 26,5
400 26,0
450 25,5
500 25,0

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QUADRO N.º 3
TAXAS DE METABOLISMO POR TIPO DE
ATIVIDADE

TIPO DE ATIVIDADE Kcal/h

SENTADO EM REPOUSO 100


TRABALHO LEVE
Sentado, movimentos moderados com braços e tronco (ex.: datilografia) 125
Sentado, movimentos moderados com braços e pernas (ex.: dirigir) 150
De pé, trabalho leve, em máquinas ou bancada, principalmente com os braços 150
TRABALHO MODERADO
Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas 180
De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimentação 175
De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação 220
Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar 300
TRABALHO PESADO
Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos (ex.: remoção com pá) 440
Trabalho fatigante 550

Para o cálculo da temperatura efetiva utilizaremos um Ábaco específico o qual


relaciona: Temperatura de Bulbo Seco, Temperatura de Bulbo úmido e Velocidade do ar.

Para as atividades laborais, desenvolvidas em ambiente de escritório – atividade


intelectual, temos os seguintes parâmetros:

FATORES DE CONFORTO TÉRMICO


(ambiente de escritório)
Temperatura Efetiva entre 20º e 23º C
Temperatura de Bulbo seco verão - 23º a 25ºC
inverno – 20º a 22º C
Umidade Relativa do Ar verão ou regiões tropicais - 40 a 60%
inverno ou regiões temperadas – 35 a 60%
Velocidade do Ar Até 0,75 m/s

Levantamento de dados:

Medições feitas utilizando o índice de sobrecarga térmica - Índice de Bulbo Úmido


Termômetro de Globo - (IBUTG), utilizando medidor de stress térmico marca INSTRUTHERM
mod. TGD – 200.

As medições foram à altura da região do corpo mais atingida, de acordo com NHT-01
C/E da Fundacentro “Norma para avaliação ocupacional ao calor”.

Os valores encontrados foram comparados com os Limites de Tolerância constantes da


NR-15 da Portaria 3214/78 do MTb em seu Anexo 3.

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Procedimentos e Técnicas utilizadas durante as medições:

 Localização dos equipamentos com geração de calor;


 Instalação dos sensores;
 Preparação do bulbo úmido: umedecer o pavio e a esponja, com água destilada, mantendo-
os úmidos durante as medições;
 Posicionamento do instrumento na região que equivale ao ponto de irradiação de calor, na
direção do operador;
 Estabilização do termômetro por um período de 20 minutos e realização das leituras.

4. CONCEITUAÇÃO:

O termo ergonomia é derivado das palavras gregas ergon (trabalho) e nomos (regras).
A Ergonomia é definida por LAVILLE (1977) como "o conjunto de conhecimentos a respeito do
desempenho do homem em atividade, afim de aplicá-los á concepção de tarefas, dos
instrumentos, das máquinas e dos sistemas de produção". Distingue-se, habitualmente,
segundo o mesmo autor, em dois tipos: ergonomia de correção e a outra de concepção.

A primeira, a ergonomia de correção, procura melhorar as condições de trabalho


existentes, enquanto a ergonomia de concepção, tende a introduzir os conhecimentos sobre o
homem desde o projeto do posto, do instrumento, da máquina ou dos sistemas de produção.

Para WISNER (1987), a ergonomia se baseia essencialmente em conhecimentos no


campo das ciências do homem (antropometria, fisiologia, psicologia, uma pequena parte da
sociologia), mas constitui uma parte da arte do engenheiro, à medida que seu resultado se
traduz no dispositivo técnico.

Segundo SANTOS e ZAMBERLAN (1992), a "Ergonomia tem como finalidade conceber


e/ou transformar o trabalho de maneira a manter a integridade da saúde dos operadores e
atingir objetivos econômicos“

Para o Instituto de Ergonomia da General Motors Espanha, a ergonomia é definida


"como uma metodologia multidisplinar que tem como objetivo a adaptação da técnica e as
tarefas ao homem. Desta adaptação, há de derivar-se em um menor risco no trabalho, maior
conforto no posto de trabalho, assim como um enriquecimento dos conteúdos dos mesmos.
Todos estes aspetos são compatíveis com uma melhor produtividade, através , entre outros, da
otimização dos esforços e movimento no desenvolvimento das tarefas, de uma diminuição da
probabilidade de erros, da melhora das condições de trabalho".

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5. ANÁLISES EFETUADAS:

5.1 ANÁLISE DA DEMANDA:

Para se iniciar essa análise ergonômica, de forma a focarmos a direção a ser seguida
no desenvolvimento das análises, devemos em primeiro lugar analisar a demanda. A Análise
da Demanda é a definição do problema, ou seja, definir corretamente os objetivos da demanda
é delimitar os pontos a serem tratados em um determinado estudo.

Segundo LAVILLE (1977) a análise da demanda consiste, essencialmente, em situar o


grupo que recorre à Ergonomia (diretoria de uma empresa, departamento de pessoal,
departamento de métodos etc.) e em conhecer seus objetivos, a fim de exprimir essa demanda
em termos ergonômicos.

Para a Empresa analisada neste laudo, a demanda originou-se de uma necessidade da


Administração em identificar dentro de seu processo produtivo e as várias operações
envolvidas, a existência ou não de pontos críticos que pudessem originar riscos a saúde dos
trabalhadores, mais especificamente riscos ergonômicos. Daí objetivou-se a elaboração de
estudo ergonômico, baseado na NR-17 da Portaria 3214/78 do MTb, para se apontar as
condições de não conformidade quanto às características dos postos de trabalho e atividades
desenvolvidas, frente ao estabelecido pela legislação vigente, sempre embasado por
orientações técnicas aplicáveis.

Frente a esta situação, iniciamos nossa análise, a qual foi dividida em três momentos
distintos:

1. Conhecimento geral do ambiente da empresa, através da observação “in loco” dos


diversos setores envolvidos no processo produtivo da empresa.

2. Registro fotográfico dos pontos importantes às considerações e conclusões deste


laudo.

3. Análise das informações levantadas e apontamento de recomendações para ações


corretivas.

5.2 TAREFAS E ATIVIDADES:

A análise da tarefa irá englobar tudo aquilo que o trabalhador deve realizar, bem como
as condições para esta realização. Nesta fase, a partir das hipóteses previamente

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estabelecidas pela análise da demanda, é definida a situação de trabalho a ser analisada, isto
é, delimitado o sistema homem/tarefa a ser abordado.

A análise das atividades é o que o trabalhador, efetivamente, realiza para executar a


tarefa. É a análise do comportamento do homem no trabalho. Nesta fase, é realizada a análise
das atividades desenvolvidas pelos trabalhadores, face às condições e aos meios que lhe são
colocados a disposição. Trata-se da análise dos comportamentos de trabalho: posturas, ações,
gestos, comunicações, direção do olhar, movimentos, verbalizações, raciocínios, estratégias,
resoluções de problemas, modos operativos, condições ambientais, técnicas e organizacionais,
enfim, as condições psicofisiológicas a que estão submetidos os trabalhadores.

Quando passamos a avaliar as condições psicofisiológicas no desenvolvimento de


atividades laborais, estamos buscando evitar condições de esforços e solicitações, tanto físicas
como psicológicas, que possam levar a condições de fadiga ao trabalhador em função de sua
intensidade e/ou repetitividade.

FADIGA - estado de diminuição reversível da capacidade funcional de um órgão, de um


sistema ou de todo o organismo, provocado por uma sobrecarga na utilização daquele órgão,
sistema ou organismo.

O estado de fadiga por si só, não se constitui numa condição grave. A Fadiga torna-se
perigosa à saúde do indivíduo quando este, no instante em que ela se manifesta, força o
organismo nesta situação, proporcionando sobrecarga. Assim na busca de condições de
fadiga estaremos identificando situações onde tenhamos o tripé:

FORÇA OU SOLICITAÇÕES - FREQUÊNCIA - REPETITIVIDADE

Desta forma, o estudo ergonômico, dentro do próprio conceito da Segurança do


Trabalho, busca prevenirmos as condições geradoras de fadiga (sobrecargas física, mental e
psíquica), de forma a ser possível o desenvolvimento das atividades laborais em condições de
conforto.

CONFORTO - dentro da ergonomia o conforto nos traz a idéia de condições psicofisiológicas


tais que, não imponham ao trabalhador condições de sobrecarga, que venham a se acumular
de tal forma em que não seja possível sua recuperação, podendo originar danos a saúde dos
mesmos.

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Durante as vistorias técnicas, foi possível observar que as atividades executadas são
predominantemente de cunho administrativo, com execução de tarefas de planejamento,
gestão, supervisão e operacionalização de procedimentos técnicos em assessoramento
empresarial.

5.3 DA DISPOSIÇÃO DOS POSTOS DE TRABALHO:

De modo geral, os postos de trabalho são localizados em bancadas com módulos


ou estações de trabalho, formando “ilhas” modulares em ambientes abertos, desprovidos de
delimitação por divisórias (Foto 01, abaixo), ou ainda em salas reservadas. A iluminação
artificial é feita por luminárias sobrepostas para lâmpadas tubulares fluorescentes, e iluminação
natural possível através de vidraças em todos os ambientes de trabalho. Os ambientes são
climatizados por aparelhos de ar condicionado tipo “split cassette”.

Foto 01 – Visualização de uma bancada com estações de


trabalho modulares.

5.4 DO MOBILIÁRIO:

Os módulos dos postos de trabalho dispõem de um campo de trabalho horizontal,


com altura média de 74 cm, profundidade de 90 cm e largura de 180 cm, bordas frontais
arredondadas.

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As cadeiras das estações de trabalho são giratórias sobre seu eixo, com base de
movimentação sobre 05 (cinco) rodízios, assento com borda frontal arredondada, encosto com
ajuste adaptável ao corpo, com dispositivo de regulagem de altura e inclinação, protegendo a
região lombar do trabalhador. Ainda quanto aos assentos, estes são revestidos com material
que propicia a dissipação do calor e da umidade gerados pelo corpo (Foto 02, abaixo).

Foto 02 – Visualização do modelo de cadeira


disponibilizada nos postos de trabalho.

5.5 DOS EQUIPAMENTOS DISPONÍVEIS NOS POSTOS DE TRABALHO:

As ferramentas de trabalho básicas são o microcomputador (desck top),


aparelho telefônico e fax. As ferramentas são localizadas sobre o plano de trabalho, dentro da
zona de alcance máximo do trabalhador, ou seja, dentro de um raio de alcance giratório de 55
a 65 cm, a partir do ombro do trabalhador.

Os computadores, porém, são desprovidos de dispositivo de mobilidade que


permita o ajuste de altura da tela do equipamento às medidas antropométricas do trabalhador,
não proporcionando corretos ângulos de visibilidade.

A NR-17, em seu item 17.4, estabelece que: “Todos os equipamentos que


compõem um posto de trabalho devem estar adequados às características psicofisiológicas
dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado.” Não define ou especifica, porém,
qual a altura ideal para o monitor do computador.

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Dessa forma, para se analisar se um monitor de vídeo encontra-se em sua altura
ideal com relação à altura do operador, recorremos às recomendações técnicas previstas em
pesquisas acadêmicas:

I. ABRAHÃO (1993) define que “as telas de vídeo devem ser dotadas de
mecanismos que permitam ajustamentos de forma a assegurar que, a parte superior da tela
esteja situada na altura dos olhos, formando um cone em torno de 30 graus”.

II. Grandjean (1987), por sua vez, em seus estudos sobre as dimensões ajustáveis
em postos de trabalho com uso de computador, indica para uma mesa com altura média de 72
centímetros, uma altura de monitor (ponto médio) de 92 centímetros. Evidentemente, esse
ajuste deve ser determinado pela variação das medidas antropométricas de cada pessoa, além
das características da própria tela.

Em alguns postos de trabalho observados na presente análise, a ausência de


dispositivo de regulagem do monitor pode contribuir para o aparecimento de dores musculares
na região cervical do trabalhador, em virtude da constante inclinação de seu pescoço para
frente, buscando a visualização da tela de monitor que se encontra com altura baixa em
relação à linha dos olhos.

5.6 DA POSTURA DE TRABALHO:

Nas estações de trabalho, as tarefas são desenvolvidas predominantemente na


posição sentada, corpo em postura estática, com movimentação leve a moderada dos
membros superiores para utilização do teclado do computador. Punhos freqüentemente na
posição neutra.

Plano de digitação alinhado com a altura dos cotovelos, possibilitando a


digitação com punho neutro, impedindo as deformações dos nervos periféricos. Espaço
horizontal para os membros inferiores variando satisfatoriamente de 50 a 60 centímetros.

Os alcances verificados sobre a mesa de trabalho estão dentro da área


tecnicamente considerada como de alcance máximo do trabalhador (50 cm), a partir da borda
da mesa.

Há variação de movimentos corporais para atividades de leitura análise de


documentos, atendimento telefônico e produção de textos. A movimentação predominante é a
dos membros superiores, quando da utilização do teclado do computador, havendo ainda leves
rotações laterais da coluna vertebral, a fim de alcançar uma ferramenta sobre o campo de
trabalho.

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Por outro lado, devido à ausência de mecanismos de elevação da tela do
computador, alguns trabalhadores, aqueles de maior estatura física, adotam habitualmente
uma postura em que a cabeça permanece ligeiramente inclinada para frente, provocando uma
desnecessária aplicação de força localizada na coluna cervical, através da extensão / flexão da
musculatura do pescoço, podendo, a longo prazo, lesionar o tecido mole que mantém a coluna
estável (ligamentos, facetas e músculos).

5.7 DA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO:

A jornada de trabalho é de 08 horas, havendo intervalo para almoço. São


possíveis ainda pausas espontâneas durante a jornada. Não há trabalho em turno.

O ritmo de trabalho é leve a moderado, sem excesso de movimentos com


aplicação de força muscular localizada e ainda sem pressão temporal ou permanente.

Não foram verificadas atividades com repetitividade significativa de movimentos


dos seguimentos corporais que impliquem ciclos de risco ergonômico. Não há serviços de
digitação intensiva quanto ao uso do computador. As atividades apresentam razoável
diversificação, envolvendo basicamente interação do trabalhador com documentos e com o
computador.

5.8 DOS FATORES PSICOSSOCIAIS:

As atividades cognitivas desenvolvidas podem favorecer as situações de fadiga


por densidade de trabalho: esse tipo de fadiga é gerado por um alto grau de solicitação
intelectual para as atividades desenvolvidas. Essa é a principal causa de fadiga para atividades
de escritório, já que o indivíduo, no desenvolvimento de sua atividade laboral, tem que se
reportar a diversos itens do aprendizado adquirido para a função, utilizando as informações que
lhe são acessíveis, tendo que tomar grande número de microdecisões durante a jornada.

6. DAS AVALIAÇÕES AMBIENTAIS:

Foram analisadas as condições ambientais a que estão expostos os trabalhadores


durante a execução de suas atividades laborais, obedecendo ao estabelecido no item 17.5 da
NR-17 da Portaria 3214/78 do TEM.

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6.1 PARA CONFORTO ACÚSTICO:

Foram realizadas medições em todos os ambientes de trabalho, a fim de se verificar a


exposição dos trabalhadores ao ruído. Em função das características da exposição, o conforto
acústico está relacionado aos níveis estabelecidos pela NR-17 da Portaria 3214/78, do
Ministério do Trabalho e Emprego.

6.1.1 RESULTADOS E CONCLUSÃO:

Após as avaliações ambientais, não foram encontradas fontes consideráveis geradoras


de ruído. O nível de pressão sonora nos ambientes analisados varia entre 50 dB(A) a 65 dB(A),
o que mostra que a exposição do trabalhador ao ruído está dentro de uma faixa de nível de
pressão sonora satisfatória, de acordo com os limites padrões exigidos para conforto
ergonômico, conforme Norma Regulamentadora nº 17, do Ministério do Trabalho e Emprego.

6.2 PARA CONFORTO TÉRMICO:

6.2.1 FIXAÇÃO DA ATIVIDADE:

Foi efetuada uma análise detalhada da possível sobrecarga térmica para todas as
funções/atividades desenvolvidas. Os ambientes apresentam temperaturas controladas através
de sistema de ar condicionado.

Após análise das atividades desenvolvidas por todos os trabalhadores, seguindo o


estabelecido pelo Quadro n.º 3 da NR-15, Portaria 3214/78 MTb, foi feita a seguinte
classificação para o tipo de atividade:

Metabolismo Tipo de
Setor Função Postura
total (Kcal/h) atividade

Sentado, movimentos
Todos Todas moderados com braços e 125 Leve
tronco

6.2.2 CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO:

Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação
intelectual e atenção constante, como salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de
desenvolvimento ou análise de projetos, a NR-17, em seu item 17.5.2, recomenda um índice de
temperatura efetiva entre 20 e 23o C.

17
6.2.2 RESULTADO E CONCLUSÃO:

Foram observadas pequenas variações de temperatura de um ambiente para outro.


Essas variações devem-se a alguns fatores presentes nos ambientes de trabalho, como
proximidade com as janelas, presença de raios solares no posto de trabalho e presença de
alguns aparelhos voluntariamente desligados.

Todavia, predominantemente, os níveis de temperatura nos ambientes da Empresa


variam entre 21° C a 23° C, permanecendo em conformidade com os níveis para conforto
ergonômico previstos na NR-17, para locais de trabalho onde são executadas atividades que
exijam solicitação intelectual e atenção constantes.

6.3 PARA CONFORTO DA ILUMINAÇÃO AMBIENTE:

6.3.1 CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO:

Em função do prescrito no sub-item 17.5.3 da NR-17 - Ergonomia, Portaria MTb n. º


3214/78, foram analisadas as condições de iluminação nos ambientes da Empresa. Para
determinação da adequação ou não da iluminação nos ambientes e postos de trabalho, de
acordo com o estabelecido pela NR-17 da Portaria 3214, deve-se recorrer à Norma Brasileira
5.413 (NBR-5413), a qual determina os níveis mínimos de iluminamento para cada
atividade/ambiente laboral. A tabela com níveis de iluminância, fornecida pela NBR-5413, nos
indica três valores, para a escolha do limite adequado devemos determinar um peso, resultante
das variáveis abaixo determinadas:

Características da tarefa e PESO

observador -1 0 +1

Idade inferior a 40 anos entre 40 e 55 anos superior a 55 anos

Velocidade e precisão sem importância importante crítica

Refletância do fundo Superior 30 a 70% inferior a 30%

Para determinação do peso deve ser realizada a soma algébrica dos itens acima e se o
resultado for:

 Igual a –2 e –3  Adotar limite inferior;


 Igual a –1; 0; +1  Adotar limite intermediário;
 Igual a +2 e +3  Adotar limite superior.

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6.3.2 PROCEDIMENTO PARA FIXAÇAO DOS NÍVEIS DE ILUMINAMENTO:

 Analisar cada característica para determinar o seu peso (-1, 0,+1);


 Somar os três valores encontrados, algebricamente, considerando o sinal;
 Usar a iluminância inferior do grupo, quando o valor total for igual a –2 ou –3; a
iluminância superior quando a soma for +2 ou +3; a iluminância média nos outros casos.
 Resultado: Nível mínimo satisfatório: acima de 500 lux.

6.3.4 RESULTADO:

Resultado da iluminação nos pontos avaliados (em lux)

Pavimento Área analisada Obs.: Luminárias localizadas à altura de 1,90m a partir do piso

Junto ao corredor Nos postos de trabalho Junto às janelas

2º andar Presidência 460 **** 1700

2º andar UPP / UMC 460 880 a 1150 1450

2º andar UAIN / UGE 450 890 a 1300 1580

2º andar UASJUR / UAUD 455 930 a 1020 1680

1º andar UGP / UTIC 480 930 a 1040 1300

1º andar UAI / UAMSF 430 950 a 1200 1550

1º andar UCE / UACS 545 880 a 1320 1700

1º andar UAGRO / UAIT 620 930 a 1450 1750

Térreo Sup. UAF *** 1500 a 1780 1900

Térreo Inf. UARI *** 750 a 1130 1750

1º Subsolo UAF *** 700 a 1220 2500

1º Subsolo UAF – Protocolo *** 520 a 640 ***

1º Subsolo UAF – Reprografia *** 550 a 700 ***

1º Subsolo UAF – Adm. Pessoal *** 900 a 1050 1900

1º Subsolo Sala da Telefonista *** 220 ***

1º Subsolo Sala dos Motoristas *** 310 ***

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6.3.5 CONCLUSÃO:

Os postos de trabalho dispõem de nível de iluminamento acima dos valores mínimos


previstos pela NR-17, cujo critério menciona os valores definidos pela NBR 5413, para
trabalhos administrativos com uso de computador com requisitos visuais normais, não
significando, porém, que estejam adequados ao conforto ergonômico. Isso porque o excesso
de luminosidade presente no ambiente provoca, notadamente, o ofuscamento da visão do
trabalhador, comprometendo sua acuidade visual.

Esse desconforto foi observado na maioria dos ambientes de trabalho localizados no


1º e 2º pavimentos onde, além do ofuscamento, a forte incidência de raios solares provoca
reflexos intensos sobre as telas dos computadores (Foto 03, abaixo).

Foto 03 – Visualização da radiação solar no ambiente, o que


provoca ofuscamento da visão e reflexo na tela do computador.

A presença do “brise – soleil” metálico por toda a estrutura física da edificação (Foto
04, à pagina seguinte) não é suficiente para amenização dos efeitos negativos na incidência da
radiação solar no ambiente interno da Empresa.

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Foto 04 – Visualização parcial do brise-soleil em parte da
edificação predial.

7. RECOMENDAÇÕES:

As recomendações aqui apresentadas possuem como objetivo eliminar as condições de


não conformidade ergonômica observadas por ocasião das vistorias técnicas e,
consequentemente, neutralizar seus possíveis efeitos danosos sobre a saúde, conforto e
performance laboral dos trabalhadores.

As recomendações foram embasadas nos seguintes pilares:

a) Previsão legal, em Norma Regulamentadora pertinente, no caso a NR-17, podendo ainda


serem justificadas por pesquisas acadêmicas sobre o comportamento psicofisiológico do
ser humano como trabalhador inserido no seu processo laboral.

b) Comprovação das condições de não conformidade ergonômica através das avaliações


ambientais realizadas por ocasião da vistoria técnica e através da concepção dos
próprios trabalhadores, através da pesquisa feita por questionário aplicado (resultados
apresentados em documento Anexo a este Laudo).

7.1 INSTALAÇÃO DE PERSIANAS JUNTO ÀS VIDRAÇAS:

Semelhantemente ao que já ocorre nas dependências da UAF, no 1º Subsolo (Foto 05,


à pagina seguinte), recomendo a instalação de persianas do modelo “rolôs”, nas vidraças de
todos os ambientes de trabalho desprovidos desse recurso, a fim de se eliminar a incidência
direta dos raios solares sobre as estações de trabalho, contribuindo para a melhoria da
acuidade visual dos trabalhadores em seu posto de trabalho.

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Foto 05 – Visualização parcial do modelo de persiana
adotado no ambiente de trabalho da UAF – 1º Subsolo.

7.2 ELEVAÇÃO DA ALTURA DAS LUMINÁRIAS:

Segundo a NR-17, em seu item 17.5.3.1, “a iluminação geral deve ser uniformemente
distribuída e difusa”. Deve, ainda, “ser projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento,
reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos” (NR-17, item 17.5.3.2).

Considerando-se a necessidade de minimização do ofuscamento da visão do


trabalhador, produzido pela iluminação excessiva nos ambientes de trabalho, recomendo a
elevação das luminárias para uma altura de 2,10m (dois vírgula dez metros), a partir do piso.
Essa medida deve ser aplicada conjuntamente com a instalação das persianas,
proporcionando uma iluminação ambiente mais difusa e melhor acuidade visual ao trabalhador.

A eficiência dessa medida foi comprovada através da mensuração experimental do


nível de iluminamento em postos de trabalho de ambientes onde a altura das luminárias foi
posteriormente elevada para 2,10m a partir do piso, conforme planilha abaixo:

Resultado da iluminação junto aos postos de trabalho (em lux)


Pavimento Área analisada
Obs.: Luminárias localizadas à altura de 2,10m a partir do piso

2º andar Gabinete da DAF 920 a 1260

1º andar UACIN 710 a 795

1º andar UDT 900 a 1120

1º andar UTIC / UGP 780 a 1300

7.2 DISPONIBILIZAÇÃO DE SUPORTE PARA ELEVAÇÃO DA TELA DO COMPUTADOR:

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Em todos os postos de trabalho foi possível observar a ausência de dispositivos de
regulagem de altura do monitor do computador, ocasionando desconforto de postura nos
trabalhadores mais altos, principalmente na região cervical da coluna. Alguns trabalhadores,
inclusive, chegam a tomar a iniciativa de buscar meios alternativos de elevar o monitor à altura
compatível com seu perfil antropométrico, através da utilização de apoios como livros,
apostilas, caixas, catálogos telefônicos ou outros materiais disponíveis.

Frente a essa situação, cabe ressaltar o previsto na NR-17 em seu item 17.4.3, letra
“a”, que transcrevo a seguir:

“17.4.3 Os equipamentos utilizados no processamento eletrônico de dados com


terminais de vídeo devem observar o seguinte:

a) “Condições de mobilidade suficientes para permitir o ajuste da tela do


equipamento à iluminação do ambiente, protegendo-a contra reflexos, e proporcionar corretos
ângulos de visibilidade ao trabalhador.”

Face ao exposto, recomendo a aquisição e disponibilização de suportes ergonômicos


específico para monitores de computador, do tipo módulo quadrangular, de sobrepor. Os
módulos podem ser sobrepostos um ao outro, até atingir a altura apropriada de acordo com o
biotipo do usuário, a partir da base sobre a mesa ou superfície de trabalho (Figura 01, abaixo).

7.3 DISPONIBILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTO HEAD-SET PARA A TELEFONISTA:

Recomendo que seja fornecido gratuitamente equipamento tipo head-set para a


trabalhadora na função de Telefonista, em atenção ao previsto na NR-17, em seu Anexo II,
item 3.1, onde estabelece que “devem ser fornecidos gratuitamente microfone e fone de ouvido
(head-sets) individuais, que permitam ao operador a alternância do uso das orelhas ao longo

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da jornada de trabalho e que sejam substituídos sempre que apresentarem defeitos ou
desgastes devido ao uso.”

8. DAS RESPONSABILIDADES:

É de responsabilidade deste engenheiro de segurança do trabalho tão somente a


análise e levantamento de informações, bem como as avaliações ambientais e recomendações
apresentadas neste Laudo.

A implantação das recomendações registradas neste Laudo é de responsabilidade,


única e tão somente da empresa avaliada, cabendo a esta prover os recursos, tanto humanos
como materiais, para a regularização da situação.

9. ENCERRAMENTO:

Esta Análise Ergonômica consta de 25 (vinte e cinco) páginas, devidamente rubricadas;


e permanecerá válida enquanto forem mantidas as condições existentes na empresa por
ocasião da vistoria. Quaisquer alterações que venham a ocorrer nas atividades, planta física e
equipamentos, poderão demandar por novas análises.

Brasília (DF), 23 de maio de 2013.

Guilherme Saad
Engenheiro de Segurança do Trabalho
CREA n.º 13775 – D / DF

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10. BIBLIOGRAFIA:

 ABRAHÃO, J.I. (1993). Ergonomia – Modelos, métodos e técnicas. In 2º


Congresso Latinoamericano e 6º Seminário Brasileiro de Ergonomia, UnB / IP.

 GRANDJEAN, E. (1998). Manual de Ergonomia: adaptando o trabalho ao


homem. Porto Alegre: Ed. Artes Médicas.

 ILDA, I. (1990). Ergonomia. Projeto e produção. São Paulo: Ed. Edgard Blücher
Ltda.

 WISNER, A. (1994). A inteligência no trabalho. Textos selecionados de


ergonomia. São Paulo: MT / FUNDACENTRO.

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