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7.

AMBIENTES DE TRABALHO
7.1. Considerações Gerais

Um local de trabalho, seja um escritório, ou uma oficina, deve ser sadio e


agradável. Este deve estar inserido no ambiente que o envolve de formas a influenciar
directa ou indirectamente nos resultados da sua operacionalização.

O título Ambiente de Trabalho é abrangente e refere-se ao conjunto de


elementos envolventes que condicionam as actividades administrativas e operacionais
e determinam, em grande parte, a qualidade e a quantidade de trabalho produzido,
pois existe uma crescente influência dos elementos materiais na vida e no
comportamento das pessoas.

O Estudo e a melhoria das condições ambientais sob o aspecto de


custos/benefícios, constitui um excelente investimento, pois contribui directamente
para o aumento da produtividade, face ao elenco de estímulos que pode ser
proporcionado ao trabalhador, amenizando a influência dos factores adversos e
criando influências gratificantes que tornam a jornada de trabalho mais agradável.

Há vários factores que condicionam a melhoria das condições ambientais no


sector de trabalho podendo ser agrupados em principais e secundárias.

i. Factores principais:
a) Iluminação
b) Temperatura;
c) Odores;
d) Ruidos;
e) Vibrações;

ii. Factores secundárias:


a) Arquitectura;
b) Relações humanas;
c) Remuneração;
d) Estabilidade;
e) Apoio Social.

A abortagem deste tema prossegue apenas com aqueles factores de interesse


para o analista de Sistemas de Produção.

7.2. A Iluminação

A obtenção de um ambiente de trabalho em condições favoráveis quanto às


solicitações de ordem humana e técnica, envolve uma série de requisitos
fundamentais, destacando-se um, ou outro, caso, em função do serviço a ser realizado
ou de características especiais desejadas. Um destes requisitos, talvez o mais
importante é a adequada iluminação do local ou área de trabalho.

A iluminação é, sem dúvidas, um aspecto que não pode ser descurado e a sua
inobservância resulta em sérias consequências, tais como: danos visuais, baixa
produtividade e elevado índice de acidentes, além da nefasta influência psicológica

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sobre as pessoas. Por isso, a iluminação do local de trabalho deve ser tanto quanto
possível natural e depende muito da forma do edifício. Nas figuras que se seguem,
mostra-se a influência da forma do edifício e na iluminação natural, e adiante dão-se
os níveis de iluminação mínimos que a prática aconselha.

≈ 15%
≈ 5% ≈ 6%
≈ 5% ≈ 10%

Telhado em duas águas com Telhado em duas águas com Cobertura tipo shed com
faixas translúcidas contínuas lanterins e área translúcidas área translúcida igual
iguais a 1/10 da área do piso iguais a 1/3 da área do piso a 1/3 da área do piso

≈ 20% ≈ 15% ≈ 15%

≈ 5% ≈ 5%
Telhado em duas águas com Tecto plano com faixas Cobertura tipo shed com
faixas translúcidas contínuas translúcidas contínuas área translúcida igual
iguais a 1/3 da área do piso iguais a 1/5 da área do piso a 1/5 da área do piso

Figura 7.1 – Influência da forma do edifício na iluminação

Para a iluminação de fábricas, destacam-se os seguintes tipos principaias:

i. A iluminação natural – É a mais económica e consegue um melhor


desempenho das pessoas. Contudo, é mais difícil de ser controlada e utilizada
eficientemente, o que determina a crescente preferência da iluminação artificial
nas fábricas, pela facilidade desta ser doseada e orientada, de acordo com as
exigências do tipo de trabalho que é realizado. Por isso, a tendência actual é de
se utilizar a iluminação natural, depois de estudar a intensidade média da
luminosidade, latitude do local de trabalho, altitude, estação, horas, condições
atmosféricas e metereológicas para completá-la com a iluminação artificial, que
funciona como elemento suplementar. E geralmente usam-se clarabóias em
cobertura tipo “dente de serra” e outros recursos, para favorecer a iluminação
natural de ambientes industriais.

ii. Iluminação artificial – Que mesmo sendo de custo mais elevado que o da da
iluminação natural, a iluminação artificial é relativamente económica
considerando as suas vantagens, como o possível aumento da produtividade, a
diminuição do número de acidentes, de erros e de interrupções do processo
produtivo. É de referir que o homem tem um limite de capacidade para manter
a sua atenção concentrada sobre um determinado objectivo, e esse limite
depende, em grande parte, da boa iluminação.

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7.2.1. Iluminação de áreas industriais

Nas áreas industriais, o sistema de iluminação é determinado pela natureza do


trabalho a executar, da forma do espaço a iluminar e do tipo de acabamento dos tetos.
E de uma forma geral, os espaços industriais classificam-se em: piso único sem
clabóias, piso único com clabóias, vários pisos e nave alta. E nos dois primeiro casos
a altura varia entre 3 e 7 metros.

Até aos 5 metros, normalmente utilizam-se armaduras do tipo industrial, com


lâmpadas fluorescentes tubulares em fiadas continuas, ou não, aplicadas
directamente no tecto ou sespensas. E acima de 5 metros, utilizam-se aparelhos com
outros tipos de reflectores e, normalmente, lâmpadas de vapor de mercúrio, sódio de
alta pressão ou vapor de mercúrio.

Quando os edifícios fabris têm mais que um piso, as alturas são limitadas a 2,5
ou 3,5 metros e os tectos são quase sempre lisos e pintados com cores claras o que
permite uma melhor difusão da luz. Neste caso, são sempre preferídos os aparelhos
com lâmpadas fluorescentes, com armadura do tipo industrial, muitas vezes com o
sistema de iluminação de brilho devido, a pequena altura de montagem.

A fim de se obter um suficiente grau de uniformidade no plano de trabalho, as


fiadas de armaduras são fixadas o mais alto possível. Uma uniformidade aceitável é
obtida se a distância entre as linhas (Sa) não exceder 1,5 vezes a altura por cima do
plano de trabalho (hm), dependendo o valor exacto, da distribuição de luz nas
armaduras. Aplicando-se fiadas contínuas, a distância longitudinal entre as
armaduras (Sb) não deverá ser maior do que 2/3 da altura por cima do plano de
trabalho.

S
2
Sb máx = hm
3

hm

Sa máx = 1.5 hm

Figura 7.2 – Distribuição da luz nas armaduras.

As linhas de armaduras geralmente são instaladas perpendicularmente sobre


as linhas das bancadas ou máquinas. Esta disposição evita sombras perturbadoras
sobre a tarefa visual e reduz a possibilidade de luz reflectida nos olhos dos

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operadores. Por sua véz, a altenativa de se colocar as linhas de armaduras
paralelamente as linhas das máquinas ou bancadas dá uma impressão geral mais
agradável. Porém, nem sempre é possível obter-se o benefício das duas distribuições
simultâneas. E é de sublinhar que, em indústrias, as boas condições de visibidade no
plano de trabalho são mais importantes do que a uma impressão geral mais
agradável.

7.2.1.1. Contruções Altas

As naves têm geralmente um tipo de tecto especial que permite obter luz natural no
seu interior. Porém, independentemente do tipo de construção, torna-se necessária
uma iluminação artificial adicional. E este resultado consegue-se geralmente
aplicando-se armaduras com reflectores com coberturas, de maneira que aluguma luz
seja dirigida para cima, para diminuir o contraste entre o tecto e as armaduras.

Nos casos de estruturas de pé direito alto (mais de 7 metros) as fontes de luz devem
ser montadas a uma altura superior à das pontes rolantes existentes e de todo o
equipamento. Neste caso deverá usar-se armaduras de cone estreito, equipadas com
lâmpadas de vapor de mercúrio ou ainda lâmpadas de sódio de alta pressão.

Figura 7.3 – Distribuição da luz em construções altas.

7.2.2. Tarefas Especiais

Muitas vezes, certos processos de fabricação constam de tarefas que, por


razões económicas ou técnicas, requerem atenção visual especial. Assim, a fim de se
obter condições visuais adequadas, há que adaptar convenientemente os postos de
trabalho.

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7.2.2.1. Escritórios

Os requesitos visuais para a iluminação de escritórios são, em geral, os


seguintes:
• Iluminação: 500 a 1000 lux;
• Armaduras: baixa luminância;
• Ausência de superfícies brilhantes que provoquem reflexões ofuscantes;
• Cores suaves.

Para satisfazer estes requesitos utilizam-se armaduras embutidas ou fixas ao


tecto, equipadas com lâmpadas fluorescente e difusores plásticos translúcidos ou
prismáticos. As armaduras devem ser distribuídas segundo um padrão regular
(preferivelmente em linha). E se for uma sala grande, ela deverá ser iluminada de
maneira que a posição das armaduras corresponda com o módulo das janelas.

7.2.2.2. Salas de Desenho

A elaboração de desenhos envolve a descriminação acurada de detalhes finos,


pelo que a iluminação nas salas de desenho deve ser, pelo menos, de 1000 lux. As
sombras pertrubadoras podem ser evitadas usando-se armaduras com uma superfície
luminosas bastante grande.

As armaduras com lâmpadas fluorescentes devem ser instaladas paralelamente


à direcção da visão, em ambos os lados da mesa.

7.2.3. Iluminação de emergência

A iluminação de emergência trorna-se sempre necessária quando falha a


iluminação normal. Os tipos mais usados em instalações fabrís são:

i. Iluminação de segurança – é a iluminação suficiente para possibilitara a


evacuação rápida e segura durante uma emergência. Esta fica situada nos
pontos de intersecção dos corredores, pontos de mudança de direcção, níveis
de escadas e portasa de saída;

ii. Iluminação auxiliar – é a iluminação suficiente para permitir a continuidade


de actividades de grande importância em casos de uma emergência;

Estes dois sistemas podem funcionar a bateria ou gerador electrico que pode se
ligar automaticamente nos casos em que se regista uma falha na rede principal de
fornecimento de energia eléctrica à fábrica.

7.2.4. Níveis de Iluminamento Recomendados

Os níveis de iluminação variam de um ambiente de trabalho para o outro.


Assim, por exemplo, uma sala de desenho necessita de ser melhor iluminada que uma
sala de vazamento de uma fundição. Isto significa que a iluminação dos ambientes de
trabalho deve ser concebida em função do grau de precisão do trabalho que é
executado no local em causa.

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Deste modo, a iluminação para recintos e áreas de tarefas visuais simples e
casuais é mais baixa quando comparada coma de recintos de tarefas visuais muito
exactas. A tabela 7.1 apresenta os níveis de iluminação recomendados para diferentes
ambientes de trabalhos industriais.

Tabela 7.1 – Níveis de iluminação recomendaos.


Objectivo da Iluminação
Iluminação Recomendada Exemplos de áreas ou actividades
(lux)
Iluminação geral 20 (mínimo) Áreas externas de circulação
para recintos e 30 Depósitos Externos
áreas não 50 Passagens e plataformas externas; Áreas de
usados com estacionamento internas
frequência e/ou 75 Docas e cais
para tarefas 100 Teatros, salas de espectáculos, quartos e
visuais simples banheiros
e casuais 150 Áreas de circulação em unidades industriais
Iluminação geral 200 (mín.) Tarefas simples
para áreas Trabalho grosseiro de bancada ou máquina;
internas de 300 processos gerais nas industrias alimentares;
trabalho leitura casual e arquivo
500 Trabalho médio de bancada e máquina;
montagem de veículos; tipografias; lojas e
esccritórios em geral.
750 Revisão de impressos; salas em geral;
escritórios com máquinas.
tarefas críticas de deseho; trabalho fino de
1000 bancada e máquina; trabalhos com cores,
montagem de máquinas pequenas.
Trabalho muito fino de bancada e máquina;
1500 montagem de equipamentos pequenos de
precisão; componentes electrónicos; controlo
com calibres e inspensão de peças pequenas e
complexas.
iluminação Trabalho detalhado de grande precisão, i.e.,
localizada para >2000 peças muito pequenas; fabricação e reparação
tarefas visuais de relógios; fabricação de gravuras; áreas de
exactas operações cirurgicas

7.3. A Ventilação

Em abientes industriais a ventilação é usada principalmente como processo de


renovação ou de deluição do ar contaminado em instalações que originam emanações
nocivas ao homem ou ao processo, tais como banhos electrolíticos, tratamentos
químicos, depósitos de produtos voláteis, etc.

A ventilação usa-se, também, para manter a temperatura a níveis aceitáveis


mediante a troca frequente do ar ambiente. Por exemplos, nas fundições, instalações
para tratamentos térmicos e outras isntalações industriais.

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7.3.1. Tipos de Ventilação
7.3.1.1. Ventilação natural

A ventilação natural é aquela que se efectua sem utilização de equipamentos


mecânicos ou eléctricos. A eficiência da ventilação natural para as áreas industriais
ou outros locais de trabalho depende fundamentalmente: da forma do edifício; da
orientação do edifício em relacção aos ventos dominantes; e da forma e das dimensões
das aberturas para a entrada e saida do ar. . As figuras seguintes mostram vários
exemplos, nos quais podemos verificar até que ponto as soluções adoptadas têm
influência na ventilação.

COBERTURA EM DUAS ÁGUAS SEM LANTERIM

Solução Correcta Solução Incorrecta

COBERTURA EM DUAS ÁGUAS COM LANTERIM CENTRAL

Solução Correcta Solução Incorrecta

COBERTURA EM DENTE DE SERRA (TIPO SHED)

Solução Correcta Solução Incorrecta

Figura 3 – Influências arqitetónicas dos edifícios industriais na ventilação natural

As dimensões das aberturas em edificações idustriais devem ser tais que permitam a
entrada e saída de ar em volume suficiente para assegurar as trocas de ar
necessárias, sem que se notem correntes de ar. A velocidade de ar nessas aberturas
não deve ser superior a 1,5 m/s, para não provocar situações de desconforto.

No que diz respeito á ventilação recomendável, a Tabela 7.2 indica as taxas horárias
de troca de aconselhaveis.

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Tabela 7.2 – Ventilação recomendada.
LOCAL TROCAS DE AR POR HORA
Sala de reunião 5 a 10
Escritórios 3a6
Secções de máquinas em geral 6 a 10
Fundições 20 a 30
Instalações de pinturas 30 a 60
Laboratórios 4a6
Salas de controlo 10 a 15
Salas de bombas 10 a 15
Salas de compressores 10 a 12

7.3.1.1. Ventilação forçada

O ar aquecido ou contaminado por uma unidade de instalação (forno, cabine de


pintura, etc.) não deve ser misturado com o ar ambiente. E se a ventilação natural
não permitir a eliminação directa do ar contaminado, então deve se recorrer a
ventilação forçada. É de referir que, em muitos ambientes industiais, é extremamente
difícil garantir a renovação do ar contaminado sem se recorrer à ventilação forçada. E,
em geral, a ventilação forçada pode ser por:
a) Insuflação - quando se introduz no ambiente o ar a uma pressão superior à do
local; ou
b) Exaustão - quando se extrai o ar do ambiente provocando uma depressão no
local.

E uma combinação simultânea de insuflação e exaustão permite obter


resultados bastante satisfatórios em situações críticas. A insuflação do ar
devidamente filtrado conjugado com a vedação das aberturas para o exterior, permite
a saída do ar contaminado, mediante a criação de uma sobrepressão. Mesmo com a
eventual abertura de portas para a passagem de operadores ou circulação de
materiais, o ambiente não será contaminado pelo ar externo não filtrado. Esta solução
é recomendada para mecânicas de precisão, laboratórios, indústrias alimentares, etc.,
mesmo que não requeiram climatização.

A ventilação por exaustão é especialmente recomendada em instalações de tratamento


termico, pinturas à pistola, cabinas para testes de motores e, em geral, locai
contaminados com gases nocivos ou desagradáveis.

FORNO FORNO

Escudo
térmico

Figura 4 – Representação esquemática de métodos de exaustão industrial

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O grande volume normalmente ocupado pelas condutas s ventiladores deve ser
considerado na fase do ante-prejecto do edifício, pois que poderá interfirir com
soluções arquitetónicas e estruturais, bem como com os sistemas de iluminação,
transportes internos, etc.

Área
fechada

∴∴

∴∴
∴∴∴∴

Porta
∴∴∴
∴∴∴ fechada

∴∴∴ ∴∴ ∴∴ ∴
∴ ∴∴∴ ∴∴∴

∴∴∴
∴∴∴∴∴∴ ∴
∴ ∴
ERRADO CERTO

Figura 4 – Influência da solução construtiva na exaustão do ar contaminado

7.3.2. Aspirações industriais

Em numerosos processos industrias produz-se pó, gases ou vapores que devem


ser eliminados do ar ambiente, pois estes prejudicam o próprio processo e a saúde
dos operários. Nestes casos, devem ser montadas instalações de aspiração industrial,
em locais mais próximos possíveis das fontes poluidoras.

Geralmente, uma instalação industrial de aspiração consta normalmente das


seguintes partes:
• Um dispositívo de aspiração;
• Uma conduta de aspiração e de descarga;
• Um ventilador de aspiração; e
• Um separador para recolha e eventual recuperação do elemento aspirado.

Os despositivos de aspiração apresentam formas construtivas muito diversas já


que têm que se adaptar a cada máquina e ao modo de emprego. Seguidamente
apresentam-se, a título de exemplo, vários despositivos de aspiração frequentemente
usados.

7.4. Acustica

Os ambientes industriais estão sujeitos a níveis de ruídos que justificam


cuidados particulares desde a fase de projecto, com o objectivo de prevenir ou limitar
a geração de ruídos e sua propagação no ambiente.

Os ruídos são efinidos como sons desagradáveis e indesejáveis e podem causar


inúmeros transtornos, quer físicos quer psíquicos. Os ruídos afectam directamente a
produtividade dos operários sujeitos a sua influência, por longos períodos, em
ambientes confinados.

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A influência nociva dos ruídos sobre a produtividade poderá ser mais grave em
actividades que requieram concentração mental e continuidade nas orações o que é
válido especialmente para serviços administrativos, secções de projectos e locais de
atendimento médico e social na indústria.

7.4.1. Níveis sonoros

O ouvido humano é sensível à faixa sonora de frequências entre 20 a 20000 Hz.


Os ruídos que ocorrem na indústria são normalmente compostos por uma mistura de
frequências.

A intensidade de ruído é medida em decibeis (dB). A Tabela 7.3 apresenta


alguns números de intensidade sonora em locais e situações típicas.

Tabela 7.3 – Níveis de intensidade sonora em locais e situações típicas


Locais ou situações dB
Teste de turbo-ractores 140 – 150
Limiar de dor 120
Banco de ensaios de motores de explosão 110 – 130
Caldeira pesada 105 – 115
Fábrica ruidosa 90 – 100
Fábrica normal 75 – 85
Escritório ruidoso 70 – 75
Escritório normal 60 – 65
Conversação normal 50 – 60
Rua de pouco movimento 40 – 50
Conversação em voz baixa 15 – 25
Liniar de atibilidade 0

7.4.2. Critérios de avaliação do risco do ruído

Iº Critério: Para uma exposição permanente (acima de 40 horas por semana), um


posto de trabalho, a um nível de ruído estacionário sem choques nem
impulsos:
• O nível sonoro de 85 dB deve ser tomado como nível de alarme;
• O nível sonoro de 90 dB deve ser tomado como valor perigoso; acima
deste nível surge um considerável risco de surdez profissional,
crescente com o nível sonoro e o número de anos de trabalho.
dB

90 Nível de perigo

85 Nível de alarme

Figura 7.1. – Níveis de alarme e de perigo para exposição sonora

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IIº Critério: Para uma exposição de 8 horas por dia apresentam-se 3 curvas que
limitam 3 zonas distintas:
• Zona I – situada abaixo da curva 1. Os níveis sonoros nesta zona não
são perigosos;
• Zona II – situada acima da curva 2. Os níveis sonoros nesta zona são
perigosos;
• Zona III – situada entre as curvas 1 e 2. Esta zona é considerada de
alarme.

A curva 3 que se situa sensívelmente no eixo da zona III, constitui a cota de


alarme.
120

110

100
2)
Intensidade sonora [dB]

3) II
90
2)
1)
80 3)
III
70
I 1)
60

50

40
31,5 63 125 250 500 1000 2000 4000 8000 16000 31500
Frequência [Hz]

Figura 7.2. – Limitação de zonas de níveis sonoros, não perigosos, de alarme e


perigosos.

7.4.3. Medidas de protecção contra o ruído

As medidas de protecção contra o ruído na indústria são basicamente de 3


espécies, a saber:
• Protecção colectiva;
• Protecção individual;
• Vigilância médica.

7.4.3.1. Protecção colectiva

Sempre que for possível deve-se dar prioridade às medidas de protecção


colectiva em relação às medidas de protecção individual. Uma protecção colectiva
consiste na diminuição do ruído por acção sobre as máquinas ou fontes de ruído, por
isolamento de máquinas ou aparelhos ruidosos e por insonorização dos locais de
trabalho.

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i. Insonorização das fontes ruidosa – pretende-se com a insonorização das
fontes de ruído baixar a intensidade sonora para valores não prejudiciais ao
ouvido. Isto consegue-se através de:
• Instalação de capots insonorizantes sobre os elementos ruidosos;
• Instalação de silenciadores sobre os orifícios de aspiração ou descarga de
máquinas;
• Revestimento de superfícies vibrantes por materiais amortecedores
(absorventes);
• Substituição de pecas metálicas por outros materiais, nomeadamente
plasticos, borracha, etc.

A aquisição de máquinas menos ruidosas é (sempre que a evolução técnica


permitir) o modo mais simples e eficaz de dininuir o ruído e evitar a
insonorização que é na maioria dos casos muito difícil e dispendiosa.

ii. Instalação e conservação das máquinas – A instalação e a conservação de


máquinas é um factor importante no combate aos ruídos. Como se sabe, os
ruídos e as vibrações criadas pelas máquinas propagam-se no ar, pelas paredes
e de modogeral através de diversos elementos dos equipamentos. Os seus
efeitos podem transmitir-se a pontos afastados das fontes que os produzem,
sobretudo se se trata de transmissões por via sólida. Por isso, deve-se instalar
máquinas em fundações apropriadas, utilizando sistemas anti-vibratórios caso
necessários. Além disso, as máquinas mais ruidosas devem estar isoladas ou
mesmo montadas fora dos locais de trabalho onde se encontrem outros
trabalhadores estranhos ao seu funcionamento.

A boa instalação e conservação das máquinas condiciona o seu bom


rendimento e concorre grandemente para a sua redução das causa de ruído.
Deverá pois, fazer-se a manutenção regular e cuidada de todas as máquinas.

iii. Insonorização dos locais de trabalho – Pode-se também diminuir o ruído nos
locais de trabalho fazendo o tratamento das paredes, tecto e pavimento,
revestindo os com materiais absorventes, tais como: lã de vidro, feltro, cortiça,
etc. Da energia associada a uma onda sonora que incide sobre uma parede,
parte da energia é reflectida, a outra é obsorvida e outra é transmitida. O valor
de energia reflectida será tanto menor quando maior for o coeficiente de
absorção sonorados materiais das paredes, tectos e pavimentos e dos
revestimentos insonorizantes, se os hover.

A persistência de um som numa sala ou nave fechada, depois da extinção da


fonte sonora, dá-se o nome de reverberação (o tempo necessário para que a
intensidade do som residual baixe 60 dB do seu valor inicial). Nos locais de
trabalho pretende-se que os ruídos se extingamo mais rápido possível para que
não se juntem aos ruídos produzidos a seguir, isto é, pretende-se diminuir o
tempo de reverberação, o que pode conseguir-se por intermédio de tratamento
das superfícies reverberantes com materiais absorventes. A dinuição da energia
sonora reverberante é, portanto, o objectivo da insonorização, pois aquela
junta-se à energia sonora directa emitida pela fonte sonora que atinge
directamente o trabalhador antes de qualquer reflexäo.

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7.4.3.2. Protecção individual

Se não for possível obter uma solução suficiente para reduzir o ruído por
qualquer das medidas indicadas anteriormente é conveniente recorrer-se a protecção
individual. Os protectores auriculares mais comuns säo os rolhões e os tapa-orelhas.

Todos os protectores auriculares perdem o seu poder de atenuação (sobretudo


na banda das baixas frequências), se não se adaptarem perfeitamente ao canal
auditivo (no caso dos rolhões) ou ao contorno da orelha (no caso dos tapa orelhas).

7.4.3.3. Vigilância médica

Todas as medidas indicadas para a protecção dos trabalhadores contra o ruído,


a vigilância médica é a mais importante. Um exame audiométrico completo deverá ser
efectuado antes de qualquer exposição a um ruído superior a 80 dB.

Os exames audiométricos permitem descobrir, logo na admissão, os indivíduos


que apresentam uma sensibilidade particular no ruído; constituem ainda, à
posteriori, da eficácia das medidas de protecção tomadas. Assim os exames
audiométricos devem ser efectuados:
• Na fase de admissão de qualquer trabalhador para postos de trabalho onde
os ruídos apresetem níveis que ultrapassem os normais admissíveis;
• Periodicamente, para controlar a audição dos indivíduos expostos a ruídos
intensos e prolongados. A periodicidade dos exames pode ser variável em
função da idade, intensidade do ruído, tempo de exposição, grau de
sensibilidade pessoal, etc.

Os exames audiométricos tëm por finalidade vigiar a audição de cada


trabalhador ao longo da sua carreira.

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