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TREINAMENTO TÁTICO
OUTUBRO/2021
RECOMENDAÇÕES:
4 Prescrições diversas:
ESTADOS DE PRONTIDÃO
a) Estado Relaxado
b) Estado de Atenção
Neste estado de prontidão, o policial militar está atento, precavido, mas não está
tenso. Apresenta calma, porém, mantém constante vigilância das pessoas, dos
lugares, das coisas e ações ao seu redor por meio de uma observação
multidirecional e da atenção difusa (em 360º). É representado pela cor amarela.
d) Estado de Alarme
e) Estado de Pânico
Quando o policial militar se depara com uma ameaça para a qual não está
preparado ou quando se mantém num estado de tensão por um período de tempo
muito prolongado, seu organismo entra num processo de sobrecarga física e
emocional. É representado pela cor preta.
Como já foi dito anteriormente, nesse último caso, partindo do estado relaxado
(branco), o policial militar estaria tão despreparado que poderia até entrar numa
situação de pânico (preto).
Ressalta-se que o estado de atenção (amarelo) pode ser mantido por um período
mais prolongado sem sobrecarregar as funções físicas e mentais.
Esse processo pode ser conduzido, logo após o desfecho da ocorrência, pelo
próprio comandante da guarnição ou pelo comandante do turno, incentivando o
grupo a conversar sobre a experiência vivida. A manutenção do espírito de equipe e
da confiança entre líder e liderados são fatores importantes para minimizar o
desgaste do profissional.
Caso não haja preocupação com essas medidas, o policial militar estará mais
propenso a desenvolver um quadro de estresse crônico. Comportamentos de
irritabilidade, intolerância e impaciência são sintomas comuns e, agindo sobre os
efeitos deste quadro, o policial militar poderá responder de forma impulsiva quando
se deparar com situações de ameaça e perigo, ou ainda, com reações exageradas
mesmo em ocorrências com baixo nível de risco e complexidade (nível de força
incompatível com a análise de risco e reação do abordado).
Tudo isso pode favorecer o surgimento do estado de pânico (preto) durante o serviço
operacional. Medidas que incentivam o retorno ao estado relaxado (branco) são,
portanto, estratégias que contribuem tanto para a prevenção da saúde mental do
profissional de segurança pública quanto para evitar a banalização de atos de
violência nas intervenções policiais militares.
Quanto melhor preparado mentalmente, melhor condição o policial militar terá para:
a) detectar sinais de riscos e de ameaças;
b) colocar-se no estado de prontidão apropriado para cada situação;
c) ter autodomínio para passar para um nível mais alto ou mais baixo de prontidão,
de acordo com a evolução da intervenção.
AVALIAÇÃO DE RISCOS
Toda intervenção envolve algum tipo de risco potencial que deverá ser considerado
pelo policial militar. O risco é a probabilidade de concretização de uma ameaça
contra pessoa e bens.
Cada situação exigirá que ele se mantenha no estado de prontidão compatível com
a gravidade dos riscos que identificar, podendo migrar de um estado de prontidão
para outro que a situação exigir. Uma ponderação prévia irá orientar o policial militar
sobre a necessidade e o momento de iniciar a intervenção, escolhendo a melhor
maneira para fazêlo.
Toda ação policial-militar deverá ser precedida de uma avaliação dos riscos
envolvidos, que consiste na análise da probabilidade da concretização do dano e de
todos os aspectos de segurança que subsidiarão o processo de tomada de decisão
em uma intervenção, formando um componente importante do diagnóstico
provável da intervenção.
O risco é incerto, mas é previsível e em sua avaliação o policial militar deverá ter em
mente que, em qualquer processo de tomada de decisão em ambiente operacional,
a Polícia Militar tem o dever funcional de preservar vidas, de servir e proteger a
sociedade, preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do
patrimônio, garantindo o cumprimento da lei.
Aplicação
PENSAMENTO TÁTICO
Ao aplicar esses conceitos, o policial militar terá melhores condições para avaliar e
reagir adequadamente aos riscos que possa vir a enfrentar, mesmo sob estresse.
Área de segurança
Área de risco
Ponto de foco
Os pontos de foco são partes dentro da área de risco que requerem monitoramento
específico e demandam imediata atenção do policial militar, uma vez que deles
podem surgir ameaças que representem risco à segurança dos envolvidos, ou seja,
elementos no ambiente para os quais há a convergência do pensamento, acerca do
risco real ou potencial que representa para a atuação policial, e que demandam
cautela na conduta operacional.
Ponto quente
Os pontos quentes são partes do ponto de foco que possuem um maior potencial de
se tornarem fontes reais de agressão e que, por isso, devem ser cautelosamente
monitorados para garantir a segurança de todos os envolvidos.
O policial militar direcionará sua atenção, energia e habilidade para essas fontes a
fim de responder adequadamente, considerando os princípios e as regras para o uso
da força.
Leitura do ambiente
Existem três questões chaves para uma correta leitura do ambiente, que levam à
identificação dos riscos presentes numa intervenção policial:
Onde estão as portas e janelas das quais o policial militar pode ser visto ou atingido
por alguém que se encontre dentro da residência? Que outros locais podem abrigar
um agressor que não foi visto?
Na cena descrita, existem locais de ameaça que o policial militar ainda não controla.
Qualquer foco de ameaça que não esteja sob o controle visual de pelo menos um
policial militar é um risco que não se controla. No exemplo, o policial militar não deve
se colocar parado no passeio em frente à residência, exposto a tais pontos de foco,
pois aumenta o perigo potencial de sofrer um ataque.
Consiste nas etapas percorridas por uma pessoa que intenciona agredir o policial
militar, da seguinte maneira:
Identificar: captar o estímulo por meio da visão, dos sons ou de outra forma de
percepção;
Decidir: definir o que fazer, isto é, preparar-se para a ação;
Agir: colocar em prática aquilo que decidiu.
Exemplo: o suspeito pode estar com a arma pronta para disparar, apontada para a
esquina de um beco em um aglomerado urbano, antes mesmo de identificar um
alvo.
Qualquer que seja a ordem, um provável agressor tem apenas esse processo de
pensamento para percorrer. Isso coloca o policial militar em desvantagem, pois,
enquanto o agressor passa por TRÊS fases para executar o ataque, o policial militar
passa por QUATRO fases, a fim de responder a ameaça.
Destarte, além das outras etapas citadas, o policial militar também deve perpassar
pela seguinte etapa após identificar uma ameaça:
Quanto mais próximo de um agressor, maiores são as chances do policial militar ser
atingido.
O policial militar estará mais seguro, quando permanecer a uma distância adequada
e sob a proteção de um abrigo. Principalmente considerando se tratar de infratores
com armas brancas.
INTERVENÇÃO POLICIAL
Níveis de intervenção
a) Intervenção nível I:
ABORDAGEM POLICIAL
Ao realizar este tipo de abordagem, o policial militar deverá observar a sigla SSRAU
(processo mnemônico utilizado para representar as palavras Segurança, Surpresa,
Rapidez, ação Vigorosa e Unidade de Comando), indicativa dos fundamentos da
abordagem elencados abaixo, para potencializar suas ações e assegurar que o
objetivo proposto seja alcançado:
d) Ação vigorosa: é a atitude firme e resoluta do policial militar na ação, por meio
de uma postura imperativa, com ordens claras e precisas. Não se confunde com
truculência. O policial militar deve ser firme e direto, porém cortês, sereno,
demonstrando segurança, educação e bom senso adequado às circunstâncias da
intervenção;
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
Simplicidade quer dizer que o emissor transmite uma mensagem para o receptor de
forma clara, fácil e possível de ser entendida.
USO DA FORÇA
A força, no âmbito policial, é definida como sendo o meio pelo qual a Polícia Militar
controla uma situação que ameaça à ordem pública, o cumprimento da lei, a
integridade ou a vida das pessoas. Sua utilização deve estar condicionada à
observância dos limites do ordenamento jurídico e ao exame constante das
questões de natureza ética. A força, no âmbito militar, com possibilidade de emprego
em missões extraordinárias pela Polícia Militar, será objeto de Instruções
específicas, como em caso de perturbação da ordem, ou grave perturbação, conflito
armado interno ou outras missões.
O Estado detém o monopólio do uso da força que é exercida por intermédio dos
seus órgãos de segurança. Assim, o policial militar, no cumprimento de suas
atividades, poderá usá-la para repelir uma ameaça à sua segurança ou à de
terceiros e à estabilidade da sociedade como um todo.
Deve ficar claro para o policial militar que o uso da força não se confunde com
violência, haja vista que esta última é uma ação arbitrária, ilegal, ilegítima e não
profissional.
O policial militar poderá usar a força no exercício das suas atividades, não sendo
necessário que ele ou outrem seja atacado primeiro, ou exponha-se
desnecessariamente ao perigo, antes que possa empregá-la. O seu emprego
eficiente requer uma análise dinâmica e contínua sobre as circunstâncias presentes,
de forma que a intervenção policial resulte num menor dano possível. Para tanto, é
essencial que ele se aperfeiçoe, constantemente, em procedimentos para a solução
pacífica de conflitos, estudos relacionados ao comportamento humano,
conhecimento de técnicas de persuasão, negociação e mediação, dentre outros que
contribuam para a sua profissionalização nesse tema.
O uso da força pelos integrantes da PMMG deve ser norteado pelo cumprimento da
lei e da ordem, pela preservação da vida, da integridade física das pessoas
envolvidas em uma intervenção policial-militar e, ainda, pelos princípios relacionados
a seguir:
Legalidade
Processo: considera que os meios e os métodos utilizados pelo policial militar devem
ser legais, ou seja, em conformidade com as normas (leis, regulamentos, diretrizes,
entre outros).
Exemplo: o policial militar não cumpre o princípio da legalidade se, durante o seu
serviço, usar arma e munições não autorizadas pela Instituição, tais como armas
sem registro, com numeração raspada, calibre proibido, munições particulares,
dentre outras.
Necessidade
O uso da força num nível mais elevado é considerado necessário quando, após
tentar outros meios (verbalização, persuasão, entre outros) para solucionar o
problema, torna-se único recurso capaz de solucionar a crise, a ser utilizado pelo
policial militar. Sendo necessário utilizar imediatamente um nível de força mais
elevado, o policial militar não precisa percorrer os demais níveis.
Exemplo: o policial militar pode utilizar a força potencialmente letal (disparo de arma
de fogo), para defender a sua vida ou de outra pessoa que se encontra em perigo
iminente, provocado por um infrator, sempre que outros meios não tenham sido
suficientes ou oportunos para impedir a agressão.
Proporcionalidade
O nível de força utilizado pelo policial militar deve ser compatível, adequado e
aceitável, ao mesmo tempo, com a gravidade da ameaça, representada pela ação
do infrator e com o objetivo legal pretendido.
Um nível maior de força pode ser empregado quando outros de menor intensidade
não forem suficientes para atingir os objetivos legais pretendidos.
Gravidade da ameaça: para ser avaliada, deverão ser considerados, entre outros
aspectos, a intensidade, a periculosidade e a forma de proceder do agressor, a
hostilidade do ambiente (histórico e fatores que indiquem violência do local de
atuação, além de experiências e relatos de situações semelhantes conhecidas que
resultaram em risco de morte para os policiais e envolvidos) e os meios disponíveis
ao policial militar (habilidade técnica e equipamentos).
a) Cooperativo
A pessoa abordada acata todas as determinações do policial militar durante a
intervenção, sem apresentar resistência.
b) Resistência passiva
A pessoa abordada não acata, de imediato, as determinações do policial militar, ou o
abordado opõe-se a ordens, reagindo com o objetivo de impedir a ação legal.
Contudo, não agride o policial militar nem lhe direciona ameaças.
c) Resistência ativa
Exemplo: o agressor que desfere chutes contra o policial militar quando este tenta
aproximar-se para efetuar a busca pessoal.
Para cada recurso utilizado no serviço policial, seja humano ou material, existem
técnicas pré-estabelecidas.
Além do domínio das técnicas (como fazer?), outro fator importante para o sucesso
das intervenções é a disciplina tática.
Para garantir a disciplina tática, todos os policiais militares devem conhecer sua
função no ambiente de intervenção e conscientizar-se que cada atribuição, por mais
simples que pareça, é imprescindível para que o caso tenha uma solução satisfatória
(por que fazer?)
PREPARO MENTAL
É fato que cada ocorrência policial possui um conjunto de variáveis que a torna
única. Cada intervenção é singular, exigindo que o policial militar seja versátil e
capaz de adaptar-se às peculiaridades de cada situação do cotidiano operacional.
Nesse contexto, a segurança do policial militar, na execução das suas tarefas, está
diretamente relacionada ao seu preparo mental.