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DÉCIMA SEGUNDA REGIÃO DE POLÍCA MILITAR

196ª CIA DE ENSINO E TREINAMENTO


ADJUNTORIA DE ENSINO E TREINAMENTO

TREINAMENTO TÁTICO
OUTUBRO/2021
RECOMENDAÇÕES:

Previsão: Artigos 20 e 21 da Resolução nº 4739, de 26 de outubro de 2018, que


regula a Diretriz de Educação da Polícia Militar de Minas Gerais (DEPM);

 O Treinamento Tático (TTa) será aplicado diariamente, terá duração de 30


(trinta) minutos e dele devem participar todos os policiais militares
empenhados em qualquer atividade operacional;

 O registro ficará a cargo dos responsáveis pelo treinamento, os quais deverão


registrar os dados do treinamento executado, como data, assuntos,
responsável e efetivo participante;

 As fontes não esgotam o assunto, cabendo aos responsáveis pelo


treinamento a complementação com materiais relacionados aos assuntos do
dia e à respectiva atividade.

Quartel em Ipatinga/MG, 28 de setembro de 2021.

ADJUNTORIA DE ENSINO E TREINAMENTO


12ª RPM
TREINAMENTO TÁTICO
Dias 01 e 02out2021

AÇÃO PRELIMINAR E REGISTRO DE REDS DE HOMICÍDIOS

Com o objetivo de proporcionar um espaço de diálogo entre representantes da


Polícia Militar com representantes da Polícia Civil, Ministério Público e Poder
Judiciário, sobre a otimização do trabalho realizado por integrantes da PMMG na
ação preliminar e no registro de informações dos REDS referentes às mortes
violentas intencionais (homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte),
foi realizado no dia 10 de setembro de 2021, na 12ª RPM, um Simpósio de Defesa
Social.

2 Para o aprimoramento dos trabalhos da Polícia Militar, após conhecer as


impressões de destinatários das informações produzidas e coletadas pelos policiais
militares nas mortes violentas intencionais, que permitirá uma melhor resposta de
todo o Sistema de Justiça Criminal, e, consequentemente, aumento da taxa de
esclarecimento dos homicídios, latrocínios e lesões corporais seguida de morte e
redução desses crimes, faz-se necessário a adoção de algumas condutas
padronizadas após tais delitos.

Diante do exposto recomenda-se:

3.1 Integrantes das Unidades da 12ª RPM:


3.1.1 Isolar, preservar e vigiar o local do crime e seus vestígios, até a conclusão dos
trabalhos periciais, salvo se dispensada a cobertura policial pelos peritos;
3.1.2 Fotografar e arrecadar instrumentos da infração e/ou objetos que tenham
relação com o fato, se a perícia e/ou autoridade policial não comparecerem ao local,
e encaminhar à autoridade policial competente;
3.1.3 Em se tratando de apreensão de aparelhos celulares, colocar o aparelho no
„modo avião‟ (impedirá a destruição/alteração remota de provas contidas nos
aparelhos);
3.1.4 Constar nos campos próprios do REDS o CPF, o e-mail e o telefone dos
envolvidos, incluindo o DDD;
3.1.5 Manter o REDS em aberto somente enquanto existir chance real de
identificação e prisão em flagrante de seus autores e para a coleta e registro de
informações necessárias à materialidade do delito;
3.1.6 Identificar corretamente no REDS os militares responsáveis pela prisão quando
as equipes da prisão e condução do APF forem diferentes;
3.1.7 Confeccionar o histórico do REDS com informações detalhadas, precisas e
fidedignas sobre o delito, citando ainda a existência ou não de delitos anteriores
envolvendo as partes;
3.1.8 Atenciosa leitura do REDS antes de qualquer audição, seja na Delegacia ou na
Justiça Criminal, visando relembrar dos fatos e se preparar para o depoimento;
3.1.9 Preparar-se, inclusive pscicologicamente, mantendo o controle emocional
durante as oitivas, notadamente em relação às perguntas de defensores, não
aceitando provocações e sendo objetivo em suas respostas.

4 Prescrições diversas:

4.1 A confissão do autor não supre a necessidade da coleta e registro no REDS de


todas as informações sobre o delito, bem como não dispensa a custódia das provas;
4.2 Manter estreitos contatos com Delegados, Promotores e Juízes de suas áreas de
responsabilidade, visando um trabalho sistemático conjunto para o combate aos
crimes de homicídios.

Fonte: Memorando nº 3.037/2021 – 12ª RPM


TREINAMENTO TÁTICO
Dias 03 e 04out2021

ESTADOS DE PRONTIDÃO

Na atividade profissional, o policial militar lida com diversas situações caracterizadas


por diferentes níveis de risco e complexidade. Cada momento exigirá dele uma
habilidade de antecipar e reagir ao perigo e atuar em um estado de prontidão
diferente.

Os estados de prontidão são definidos por um conjunto de alterações fisiológicas


(frequência cardíaca, ritmo respiratório, dentre outros) e das funções mentais
(concentração, atenção, pensamento, percepção, emotividade) que influenciam na
capacidade de reagir às situações de perigo.

É importante destacar que os estados de prontidão dependem de fatores subjetivos,


tais como experiências anteriores, domínio técnico e relacionamento com a equipe
de trabalho, que influenciam no modo como cada policial militar percebe e responde
a um mesmo estímulo.

Os diferentes estados de prontidão são classificados da seguinte forma:

a) Estado Relaxado

É caracterizado pela distração em relação ao que está acontecendo ao redor, pelo


pensamento disperso e pelo relaxamento psíquico do policial militar. Pode ser
ocasionado por uma percepção errônea da ausência de perigo ou mesmo por
cansaço. É representado pela cor branca.

O policial militar encontra-se despreparado para um eventual confronto e, caso uma


intervenção seja necessária, aumentará consideravelmente os riscos e
comprometerá a sua segurança individual e a de sua guarnição.

b) Estado de Atenção

Neste estado de prontidão, o policial militar está atento, precavido, mas não está
tenso. Apresenta calma, porém, mantém constante vigilância das pessoas, dos
lugares, das coisas e ações ao seu redor por meio de uma observação
multidirecional e da atenção difusa (em 360º). É representado pela cor amarela.

No Estado de Atenção, o policial militar estará preparado para empregar ações de


respostas adequadas às situações de normalidade. Não há identificação de um ato
hostil e, embora não haja um confronto iminente, o policial militar está ciente de que
uma agressão é possível. Percebe e avalia constantemente o ambiente, atento a
qualquer sinal que possa indicar uma ameaça em potencial e a necessidade de
intervenção.
c) Estado de Alerta

Neste estado de prontidão, o policial militar detecta um problema e está ciente de


que um confronto é provável. Embora ainda não haja necessidade imediata de
reação, o policial militar se mantém vigilante, identifica prováveis riscos que exijam
uso da força e calcula o nível de resposta adequado. É representado pela cor
laranja.

Manter-se no estado de alerta diminui os riscos do policial militar ser surpreendido,


propiciando a adoção de ações de resposta, conforme a situação exigir. Deve-se
avaliar a necessidade de pedir apoio de outros policiais militares e,
concomitantemente, identificar prováveis abrigos (proteções) que possam ser
utilizados.

d) Estado de Alarme

Neste estado de prontidão, o risco é real e uma resposta do policial militar é


necessária. É importante focalizar a ameaça (atenção concentrada no problema) e
ter em mente a ação adequada para controlá-la, aliando a intervenção verbal ao uso
das demais técnicas (inclusive de menor potencial ofensivo), ou da força
potencialmente letal, conforme as circunstâncias exigirem. É representado pela cor
vermelha. O preparo mental e o treinamento técnico recebido possibilitarão ao
policial militar condições de realizar sua defesa e a de terceiros e, mesmo em
situações de emergência, decidir adequadamente.

e) Estado de Pânico

Quando o policial militar se depara com uma ameaça para a qual não está
preparado ou quando se mantém num estado de tensão por um período de tempo
muito prolongado, seu organismo entra num processo de sobrecarga física e
emocional. É representado pela cor preta.

Nesse caso, podem ocorrer falhas na percepção da situação, comprometendo sua


capacidade de reagir adequadamente à ameaça enfrentada. Isso caracteriza o
estado de pânico.

O pânico é o descontrole total que produz paralisia ou uma reação


desproporcional, portanto ineficaz. É chamado assim porque a mente entra em uma
espécie de “apagão”, o que impossibilita ao policial militar dar respostas apropriadas
ao nível da ameaça sob a qual estaria exposto.

Fonte: Manual Técnico-Profissional n. 3.04.01/2020 - MTP 01 -, que regula a intervenção


policial, o processo de comunicação e o uso da força no âmbito da Polícia Militar de Minas
Gerais.
TREINAMENTO TÁTICO
Dias 05 e 06out2021

ESTADOS DE PRONTIDÃO E A ATUAÇÃO POLICIAL-MILITAR

O estado de atenção (amarelo) é o estado de prontidão no qual o policial militar


deve operar durante uma situação de normalidade (exemplo: patrulhamento
ordinário), dando prioridade para a identificação de possíveis riscos.

Durante uma intervenção, policiais militares podem ser feridos em decorrência de


situações de risco que não anteciparam, não viram ou não estavam mentalmente
preparados para enfrentar. No transcorrer da ação, quando uma mudança de estado
de prontidão é exigida, aumentando o nível de concentração do policial militar (para
o estado de alerta – laranja ou alarme - vermelho), a partida do estado de
atenção (amarelo) é muito mais fácil do que
um salto do estado relaxado (branco).

Como já foi dito anteriormente, nesse último caso, partindo do estado relaxado
(branco), o policial militar estaria tão despreparado que poderia até entrar numa
situação de pânico (preto).

Ressalta-se que o estado de atenção (amarelo) pode ser mantido por um período
mais prolongado sem sobrecarregar as funções físicas e mentais.

Contudo, o estado de alerta (laranja) e o estado de alarme (vermelho) podem ser


mantidos pelo organismo e pela mente apenas por períodos de tempo relativamente
curtos, pois exigem um dispêndio maior de energia. Operar continuamente nesses
avançados níveis de prontidão pode desencadear reações adversas, tanto no âmbito
físico quanto psicológico, levando a síndromes de esgotamento (estresse crônico).

Caso a ocorrência tenha exigido atuação no estado de alarme (vermelho), quando


cessada a situação de ameaça, é importante incentivar o policial militar a retornar ao
estado de atenção (amarelo), se as condições de segurança do ambiente assim
permitirem. Essa medida favorece o retorno do organismo às condições de
funcionamento normal, sem muito desgaste.

Esse processo pode ser conduzido, logo após o desfecho da ocorrência, pelo
próprio comandante da guarnição ou pelo comandante do turno, incentivando o
grupo a conversar sobre a experiência vivida. A manutenção do espírito de equipe e
da confiança entre líder e liderados são fatores importantes para minimizar o
desgaste do profissional.

Posteriormente, durante os horários de folga, em ambientes controlados, os policiais


militares devem ser incentivados a buscar um repouso (estado relaxado – branco). A
participação em atividades junto à família ou amigos, a prática de esportes,
atividades culturais, ou outros hábitos de vida mais saudáveis devem fazer parte da
rotina durante as folgas.
Caso o policial militar sinta os efeitos do estado de pânico, mesmo durante as folgas,
é extremamente recomendado buscar apoio na sua unidade e incentivado o contato
com profissionais da área de saúde, (psicólogos, terapeutas, etc) seja nos Núcleos
de Atenção Integral à Saúde (NAIS), diretamente no Hospital da Polícia Militar
(HPM) ou profissionais de saúde da rede de conveniados.

Caso não haja preocupação com essas medidas, o policial militar estará mais
propenso a desenvolver um quadro de estresse crônico. Comportamentos de
irritabilidade, intolerância e impaciência são sintomas comuns e, agindo sobre os
efeitos deste quadro, o policial militar poderá responder de forma impulsiva quando
se deparar com situações de ameaça e perigo, ou ainda, com reações exageradas
mesmo em ocorrências com baixo nível de risco e complexidade (nível de força
incompatível com a análise de risco e reação do abordado).

Tudo isso pode favorecer o surgimento do estado de pânico (preto) durante o serviço
operacional. Medidas que incentivam o retorno ao estado relaxado (branco) são,
portanto, estratégias que contribuem tanto para a prevenção da saúde mental do
profissional de segurança pública quanto para evitar a banalização de atos de
violência nas intervenções policiais militares.

O acompanhamento com o profissional de saúde promoverá uma melhora na


qualidade de vida do policial militar, e permitirá um resultado positivo na atividade
profissional, além de evitar atingir graus de estresse mais elevados que o serviço
exige.

Assim, o estado de prontidão do policial militar é considerado tão fundamental


quanto os equipamentos e armamentos colocados à sua disposição no serviço ou
patrulhamento, pois, juntamente com o domínio técnico e o condicionamento físico, é
ele que determinará sua condição de resposta à situação apresentada.

Quanto melhor preparado mentalmente, melhor condição o policial militar terá para:
a) detectar sinais de riscos e de ameaças;
b) colocar-se no estado de prontidão apropriado para cada situação;
c) ter autodomínio para passar para um nível mais alto ou mais baixo de prontidão,
de acordo com a evolução da intervenção.

Fonte: Manual Técnico-Profissional n. 3.04.01/2020 - MTP 01 -, que regula a intervenção


policial, o processo de comunicação e o uso da força no âmbito da Polícia Militar de Minas
Gerais.
TREINAMENTO TÁTICO
Dias 07 e 08out2021

AVALIAÇÃO DE RISCOS

Toda intervenção envolve algum tipo de risco potencial que deverá ser considerado
pelo policial militar. O risco é a probabilidade de concretização de uma ameaça
contra pessoa e bens.

Cada situação exigirá que ele se mantenha no estado de prontidão compatível com
a gravidade dos riscos que identificar, podendo migrar de um estado de prontidão
para outro que a situação exigir. Uma ponderação prévia irá orientar o policial militar
sobre a necessidade e o momento de iniciar a intervenção, escolhendo a melhor
maneira para fazêlo.

Toda ação policial-militar deverá ser precedida de uma avaliação dos riscos
envolvidos, que consiste na análise da probabilidade da concretização do dano e de
todos os aspectos de segurança que subsidiarão o processo de tomada de decisão
em uma intervenção, formando um componente importante do diagnóstico
provável da intervenção.

O risco é incerto, mas é previsível e em sua avaliação o policial militar deverá ter em
mente que, em qualquer processo de tomada de decisão em ambiente operacional,
a Polícia Militar tem o dever funcional de preservar vidas, de servir e proteger a
sociedade, preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do
patrimônio, garantindo o cumprimento da lei.

Fonte: Manual Técnico-Profissional n. 3.04.01/2020 - MTP 01 -, que regula a intervenção


policial, o processo de comunicação e o uso da força no âmbito da Polícia Militar de Minas
Gerais.
TREINAMENTO TÁTICO
Dias 09 e 10out2021

Metodologia de avaliação de riscos

Esta metodologia compreende cinco etapas, sendo elas:

a) Etapa 1 - identificação de direitos e garantias2 sob ameaça: consiste em


identificar qual direito ou garantia está exposto ao risco, os bens móveis e imóveis
sujeitos a algum tipo de dano, as circunstâncias e o histórico dos fatos, o
comportamento das possíveis vítimas envolvidas, o tipo de delito e a possibilidade
de evolução do problema.

b) Etapa 2 - avaliação das ameaças: consiste em avaliar as características dos


fatores que ameaçam direitos e garantias. Para tanto, o policial militar deve obter
informações do infrator em potencial (idade, sexo, compleição física, estado
emocional e psicológico, motivação para o ato, armas empregadas, trajetória
criminal, registro anterior de agressão ou da ação contra policiais, entre outros);

c) Etapa 3 – classificação de risco: a classificação de risco permite ao policial


militar agir dentro de padrões de segurança, auxilia na escolha do comportamento
tático mais adequado, além de lhe propiciar melhores condições para assegurar os
direitos e proteger todos os envolvidos. A classificação de risco está estruturada em
3 níveis:

Risco nível I - caracterizado pela reduzida possibilidade de ocorrerem ameaças
que comprometam a segurança. Este nível de risco está presente em situações
rotineiras do patrulhamento e intervenções de caráter preventivo, educativo e
assistencial. O estado de prontidão coerente com o risco de nível I é o estado de
atenção (amarelo);

Risco nível II - caracterizado pela real possibilidade de ocorrerem ameaças que
comprometam a segurança. São situações nas quais existe fundada suspeita, mas
que a intervenção policial-militar consiste numa averiguação preventiva. O estado
de prontidão coerente com o risco de nível II é o estado de alerta (laranja);

Risco nível III - caracterizado pela concretização do dano ou pelo risco real e
iminente. São situações nas quais a intervenção policial-militar é de caráter
repressivo3. O estado de prontidão coerente com o risco de nível III é o estado de
alarme (vermelho).

d) Etapa 4 – análise das vulnerabilidades: consiste em analisar os recursos que


existem para responder à ameaça, dentre eles:
Competências profissionais dos policiais militares para agir no cenário em função
das técnicas e táticas adequadas aos tipos de ameaças;
Efetivo policial-militar suficiente para atuar com supremacia de força;
Meios que o policial militar dispõe para intervir de forma efetiva e segura
(armamento, colete balístico, equipamento para comunicação, veículos, entre
outros).
e) Etapa 5 – avaliação dos possíveis resultados: é a análise da relação custo-
benefício da intervenção policial-militar diante de cada situação de risco. Cabe ao
policial militar estimar quais serão os resultados de suas ações e seus reflexos na
defesa da vida e das pessoas, no reforço de um cenário de paz social e na imagem
da PMMG.

Aplicação

A Avaliação de Riscos possibilita o uso de técnicas e táticas adequadas às diversas


formas de intervenção policial.

Para cada nível de risco determinado, haverá condutas operacionais pré-


estabelecidas como referência para a ação policial-militar, cabendo-lhe selecionar os
procedimentos mais adequados a cada situação.

Cada atuação da Polícia Militar é cercada de particularidades. Não existem


ocorrências iguais, contudo é possível desenhar um conjunto de “situações básicas”
que podem servir de modelos aplicáveis ao treinamento.

A sistematização das respostas esperadas a partir da identificação e classificação de


riscos em uma intervenção policial-militar viabiliza a seleção e a aplicação de
procedimentos adequados à solução de problemas.

LEMBRE-SE: não é possível afastar completamente o risco em uma intervenção


policial militar, mas o preparo mental, o treinamento e a obediência às normas
técnicas garantem uma probabilidade maior de sucesso.

Fonte: Manual Técnico-Profissional n. 3.04.01/2020 - MTP 01 -, que regula a intervenção


policial, o processo de comunicação e o uso da força no âmbito da Polícia Militar de Minas
Gerais.
TREINAMENTO TÁTICO
Dias 11 e 12out2021

PENSAMENTO TÁTICO

Pensamento tático é o processo de análise do cenário da intervenção policial-


militar (leitura do ambiente). Consiste em mapear as diferentes áreas do “teatro de
operações” em função dos riscos avaliados, identificar perímetros de segurança
para atuação, priorizar os pontos que exijam maior atenção e tentar interferir no
processo mental do agressor, limitando sua ação.

Enquanto o preparo mental ocorre antes da intervenção, o pensamento tático


ocorre concomitantemente com a avaliação de riscos, sendo importantes
componentes do diagnóstico provável da intervenção. Num processo dinâmico,
atualiza-se em função da evolução da ocorrência.

AVALIAÇÃO DE RISCOS + PENSAMENTO TÁTICO = DIAGNÓSTICO PROVÁVEL DA


INTERVENÇÃO.

O pensamento tático é norteado pelo quarteto: área de segurança, área de risco,


ponto de foco e ponto quente.

Ao aplicar esses conceitos, o policial militar terá melhores condições para avaliar e
reagir adequadamente aos riscos que possa vir a enfrentar, mesmo sob estresse.

Área de segurança

É a área na qual a Polícia Militar tem o domínio da situação, não havendo,


presumidamente, riscos à integridade física e à segurança dos envolvidos. É o
espaço onde o policial militar deve, primeiramente, se colocar durante a intervenção,
evitando se expor a perigos desnecessários.

Área de risco

Consiste num espaço físico delimitado, no “teatro de operações”, onde há maior


probabilidade de existir ameaças, potenciais ou reais, que ponham em perigo a
integridade física e a segurança dos envolvidos. Via de regra, o policial militar não
deve estar neste espaço sem controlá-lo. É a área na qual o policial militar não
detém o domínio da situação, por ainda não ter realizado buscas, torna-se, uma
fonte de perigo para ele ou terceiros, e por isso requer que os riscos envolvidos
sejam rigorosamente avaliados.

Ponto de foco

Os pontos de foco são partes dentro da área de risco que requerem monitoramento
específico e demandam imediata atenção do policial militar, uma vez que deles
podem surgir ameaças que representem risco à segurança dos envolvidos, ou seja,
elementos no ambiente para os quais há a convergência do pensamento, acerca do
risco real ou potencial que representa para a atuação policial, e que demandam
cautela na conduta operacional.

Ponto quente

Os pontos quentes são partes do ponto de foco que possuem um maior potencial de
se tornarem fontes reais de agressão e que, por isso, devem ser cautelosamente
monitorados para garantir a segurança de todos os envolvidos.

O policial militar direcionará sua atenção, energia e habilidade para essas fontes a
fim de responder adequadamente, considerando os princípios e as regras para o uso
da força.

Leitura do ambiente

Existem três questões chaves para uma correta leitura do ambiente, que levam à
identificação dos riscos presentes numa intervenção policial:

Onde estão os riscos potenciais nesta situação?


Ao se aproximar de uma residência para atendimento de uma ocorrência, uma
mulher sai correndo de dentro da casa na direção ao policial militar. Considere, a
mulher, em si mesma, é uma ameaça?

Onde estão as portas e janelas das quais o policial militar pode ser visto ou atingido
por alguém que se encontre dentro da residência? Que outros locais podem abrigar
um agressor que não foi visto?

Esses riscos estão controlados?

Na cena descrita, existem locais de ameaça que o policial militar ainda não controla.

Qualquer foco de ameaça que não esteja sob o controle visual de pelo menos um
policial militar é um risco que não se controla. No exemplo, o policial militar não deve
se colocar parado no passeio em frente à residência, exposto a tais pontos de foco,
pois aumenta o perigo potencial de sofrer um ataque.

Se esses riscos não estão controlados, como fazer para controlá-los?

Nesse exemplo, o policial militar pode considerar os possíveis abrigos próximos:


uma grande árvore, uma coluna de varanda, um carro estacionado, uma caçamba
ou outro meio de proteção. Abrigado numa área de segurança, o policial militar
utiliza a verbalização para identificar e direcionar a mulher para uma posição segura
e, simultaneamente, checa, periodicamente, o ambiente em sua volta, avalia a área
de risco, identifica os pontos de foco e visualiza os pontos quentes.

Fonte: Manual Técnico-Profissional n. 3.04.01/2020 - MTP 01 -, que regula a intervenção


policial, o processo de comunicação e o uso da força no âmbito da Polícia Militar de Minas
Gerais.
TREINAMENTO TÁTICO
Dias 13 e 14out2021

PROCESSO MENTAL DA AGRESSÃO

Consiste nas etapas percorridas por uma pessoa que intenciona agredir o policial
militar, da seguinte maneira:

Identificar: captar o estímulo por meio da visão, dos sons ou de outra forma de
percepção;
Decidir: definir o que fazer, isto é, preparar-se para a ação;
Agir: colocar em prática aquilo que decidiu.

Conhecer esse processo é identificar os estágios de pensamento que uma pessoa


seguirá para agredir o policial militar. Utilizar essa informação no contexto das ações
e operações possibilita minimizar ou evitar uma ameaça direta.

Usualmente, as etapas do processo mental da agressão percorridas pelo suspeito


ocorrem nesta sequência (IDENTIFICAR, DECIDIR E AGIR), porém,
ocasionalmente, podem não ocorrer nesta ordem.

Exemplo: o suspeito pode estar com a arma pronta para disparar, apontada para a
esquina de um beco em um aglomerado urbano, antes mesmo de identificar um
alvo.

Qualquer que seja a ordem, um provável agressor tem apenas esse processo de
pensamento para percorrer. Isso coloca o policial militar em desvantagem, pois,
enquanto o agressor passa por TRÊS fases para executar o ataque, o policial militar
passa por QUATRO fases, a fim de responder a ameaça.

IDENTIFICAR – CERTIFICAR – DECIDIR – AGIR

Destarte, além das outras etapas citadas, o policial militar também deve perpassar
pela seguinte etapa após identificar uma ameaça:

Certificar: confirmar que a situação de risco está realmente ocorrendo.


Ou seja, identificada a provável agressão, o policial militar deve se certificar para
depois decidir e agir em consonância com os princípios do uso da força (legalidade,
necessidade, proporcionalidade) e com os parâmetros éticos. A interpretação da
execução do ato policial varia de acordo com a situação fática.

O conhecimento do processo mental do agressor propicia a construção de ideias em


um pequeno espaço de tempo para antecipar o perigo, identificar e entender o ato
de agressão que está ocorrendo. Sabendo que o tempo para reagir é curto, a melhor
maneira de trabalhar com essa desvantagem é alongar e manipular o processo
mental do agressor.

Cinco fatores são úteis na tentativa de compensar as possíveis desvantagens entre


os processos mentais do agressor e do policial militar:
a) ocultação: se o agressor não sabe exatamente onde o policial militar está, ele
terá dificuldades em IDENTIFICÁ-LO para um ataque. Assim, poderá atirar ou atacá-
lo a esmo, em um “esforço cego” para atingi-lo, mas, muito provavelmente, sua
tentativa será inútil, caso o policial militar se encontre devidamente coberto (oculto)
na área de segurança.

b) surpresa: caracteriza-se por medidas que dificultam a percepção do abordado


em relação ao policial militar, ou seja, é uma ação inesperada para o suspeito,
surpreendendo-o e reduzindo seu tempo de reação.

c) distância: de uma maneira geral, o policial militar deverá manter- se a uma


distância que dificulte qualquer tipo de ação por parte do abordado.

Certamente, se um ataque físico é a preocupação, quanto maior a distância a ser


percorrida pelo agressor para atacar, mais tempo ele demorará para atingir o policial
militar que, por sua vez, terá mais tempo para identificar, certificar, decidir e repelir a
ameaça.

Quanto mais próximo de um agressor, maiores são as chances do policial militar ser
atingido.

O policial militar estará mais seguro, quando permanecer a uma distância adequada
e sob a proteção de um abrigo. Principalmente considerando se tratar de infratores
com armas brancas.

d) autocontrole: na ânsia de ver o êxito de suas atuações, os policiais militares,


frequentemente, abreviam boas táticas ou se lançam dentro da área de risco na
presença de um suspeito potencialmente hostil. Por outro lado, se o policial militar
faz com que ele venha até a área de segurança, que está sob seu controle, estará
provavelmente interferindo em todo o processo de pensamento do agressor,
desarticulando, desse modo, suas ações.

e) proteção: este princípio é, sem dúvida, o mais importante entre todos. Se o


policial militar pode posicionar-se atrás de algo que verdadeiramente o proteja dos
tiros e, ao movimentar-se, utiliza abrigos, um agressor terá muita dificuldade em
atacá-lo com sucesso. O abrigo também lhe dará mais tempo para identificar
qualquer outra ameaça que se apresente.

Em resumo, o policial militar deve procurar aumentar o tempo de decisão do


agressor, enquanto simplifica e encurta o seu próprio processo mental. Entender
este processo ajudará a avaliar as áreas de risco, estabelecendo perímetros de
segurança e determinando corretamente as prioridades, segundo os respectivos
pontos de foco que se apresentarem.

Fonte: Manual Técnico-Profissional n. 3.04.01/2020 - MTP 01 -, que regula a intervenção


policial, o processo de comunicação e o uso da força no âmbito da Polícia Militar de Minas
Gerais.
TREINAMENTO TÁTICO
Dias 15 e 16out2021

INTERVENÇÃO POLICIAL

Entende-se por intervenção policial, a ação ou a operação que empregam técnicas e


táticas policiais, em eventos de defesa social, tendo como objetivo prioritário a
promoção e a defesa dos direitos fundamentais da pessoa. Toda intervenção policial
deve ser transformadora da realidade, objetivando, de modo geral, a prevenção e a
resolução de conflitos, o combate ao crime e à violência, a preservação da ordem e
a garantia do cumprimento da lei.

Uma intervenção da Polícia Militar pode ter como objetivos: o esclarecimento de


dúvidas ou o fornecimento de informações junto a um transeunte; a realização de
uma busca pessoal, em um veículo ou em uma edificação; uma ação de auxílio a
uma pessoa acidentada ou perdida; o cumprimento de mandado de prisão; a
imobilização, a algemação e a condução de pessoas; disparar arma de fogo de
acordo com os princípios do uso da força e outras formas de contato do policial
militar com a sociedade.

Ao iniciar uma intervenção, o policial militar deve observar os aspectos éticos,


normativos e técnicos que regulam e orientam a sua execução. O conhecimento do
conjunto normativo, somado ao treinamento diuturno, garantirá o sucesso dessas
ações.

Níveis de intervenção

Os Níveis de intervenção são classificações em função da respectiva avaliação de


risco, que podem ser adotadas como referência para a atuação policial-militar. Estão
estruturados em três níveis:

a) Intervenção nível I:

adotada nas situações de caráter preventivo, educativo e assistencial. A finalidade


das ações policiais militares neste nível é promover um ambiente seguro por meio de
patrulhamento ordinário e contatos com a comunidade, para prevenir, educar e
assistir (risco de nível I). No entanto, é sempre necessário lembrar que as situações
rotineiras não podem provocar diminuição no nível de atenção do policial militar. O
estado de prontidão, neste tipo de intervenção, deverá iniciar no estado de atenção
(amarelo). O policial militar deve estar preparado para o caso da situação evoluir e
ser necessário fazer o uso da força.

b) Intervenção nível II:

adotada nas situações em que haja a necessidade de verificação preventiva. Neste


caso, a avaliação de riscos indica que existe indício de ameaça à segurança (do
policial militar ou de terceiros). Assim, o policial militar deverá manter-se em
condições de respondê-la. (Risco nível II e estado de alerta - laranja). Neste tipo de
intervenção, além das ações descritas no nível 1, podem ser realizadas buscas em
pessoas, veículos ou edificações, pois as equipes envolvidas iniciam suas ações
com algum risco já conhecido (indício) e o policial militar deverá estar pronto para
enfrentá-lo.

Exemplo: abordagem a pessoa ou veículo com características semelhantes às de


envolvidos em delitos; execução de patrulhamento e verificações em locais com
histórico de violência.

c) Intervenção nível III:

adotada nas situações em que há certeza do cometimento da infração,


caracterizando ações repressivas. Neste caso, a avaliação de riscos indica a
iminência de algum tipo de agressão (Risco de nível III e estado de alarme -
Vermelho). Os policiais militares deverão estar prontos para o emprego de força,
quando assim a situação exigir, sempre com segurança, e observando os princípios
da legalidade, necessidade e proporcionalidade.

Exemplo: um infrator avistado no momento de uma ameaça direta à vítima ou que,


logo após, empreende fuga e é perseguido pela polícia; um agente de crimes
procurado pela Justiça e que é identificado pelo policial militar.

Fonte: Manual Técnico-Profissional n. 3.04.01/2020 - MTP 01 -, que regula a intervenção


policial, o processo de comunicação e o uso da força no âmbito da Polícia Militar de Minas
Gerais.
TREINAMENTO TÁTICO
Dias 17 e 18out2021

ABORDAGEM POLICIAL

Na relação cotidiana entre a Polícia Militar e a comunidade, a abordagem policial é a


forma de intervenção policial mais comum, sendo executada em todos os níveis.

Trata-se de um conjunto de ações policiais militares ordenadas e qualificadas para


que o policial militar possa se aproximar de pessoas, veículos ou edificações com o
intuito de orientar, identificar, advertir, realizar buscas e efetuar detenções. Para
tanto, utiliza-se de técnicas, táticas e meios apropriados que irão variar de acordo
com as circunstâncias e com a avaliação de risco.

Qualquer contato do policial militar com as pessoas, decorrente da atividade


profissional, é considerada abordagem. Exemplos: orientações diversas, coleta de
informações, contatos comunitários, medidas assistenciais, buscas pessoais,
imobilizações físicas, prisão e condução.

O contato físico, necessário e inevitável em alguns tipos de abordagem (aquelas que


geram busca pessoal, principalmente), se torna um momento crítico, tanto para os
policiais militares quanto para os envolvidos. Por um lado, o abordado pode se sentir
constrangido pela intervenção à qual foi submetido e, por outro, pode oferecer riscos
ao policial militar.

Por isso, ao realizar este procedimento, deve-se atuar, respeitando a dignidade e os


direitos fundamentais, sem descuidar-se das medidas de segurança.

Na abordagem policial, a busca pessoal, prevista e fundamentada no art 244 do


Código de Processo Penal, é realizada de ofício a partir de circunstâncias de
fundada suspeita e que se impõe, independentemente, de concordância da pessoa.

A posição em que o policial militar sustenta sua arma durante a abordagem


dependerá da avaliação de riscos da intervenção. O policial militar deve manter-se
sempre atento ao comportamento do abordado e não descuidar da sua segurança.

Quando, inicialmente, o abordado não apresentar indícios de suspeição, como nos


casos de orientação ou assistência, a abordagem poderá ser iniciada com a arma no
coldre ou localizada.

Fonte: Manual Técnico-Profissional n. 3.04.01/2020 - MTP 01 -, que regula a intervenção


policial, o processo de comunicação e o uso da força no âmbito da Polícia Militar de Minas
Gerais.
TREINAMENTO TÁTICO
Dias 19 e 20out2021

FUNDAMENTOS DA ABORDAGEM POLICIAL A PESSOA EM ATITUDE


SUSPEITA

Ao realizar este tipo de abordagem, o policial militar deverá observar a sigla SSRAU
(processo mnemônico utilizado para representar as palavras Segurança, Surpresa,
Rapidez, ação Vigorosa e Unidade de Comando), indicativa dos fundamentos da
abordagem elencados abaixo, para potencializar suas ações e assegurar que o
objetivo proposto seja alcançado:

a) Segurança: caracteriza-se por um conjunto de medidas adotadas pelo policial


militar para controlar e mitigar os riscos da intervenção policial. Antes de agir, o
policial militar deverá identificar a área de segurança e a área de risco, monitorar os
pontos de foco, controlar os pontos quentes e certificar-se de que o perímetro está
seguro. Sempre que possível, o policial militar deverá agir com supremacia de força.

b) Surpresa: caracteriza-se por medidas que dificultam a percepção do abordado


em relação ao policial militar, ou seja, é uma ação inesperada para o suspeito,
surpreendendo-o e reduzindo seu tempo de reação.

c) Rapidez: é a velocidade com que a ação policial-militar é processada, o que


contribui substancialmente para a efetivação da “surpresa”. Não se pode confundir
rapidez com afobamento ou falta de planejamento. Em uma abordagem que resulta
em busca pessoal, o policial militar deve usar todo o tempo necessário para uma
verificação exaustiva por objetos ilícitos ou indícios de crime;

d) Ação vigorosa: é a atitude firme e resoluta do policial militar na ação, por meio
de uma postura imperativa, com ordens claras e precisas. Não se confunde com
truculência. O policial militar deve ser firme e direto, porém cortês, sereno,
demonstrando segurança, educação e bom senso adequado às circunstâncias da
intervenção;

e) Unidade de comando: é a coordenação centralizada da intervenção policial-


militar que garante o melhor planejamento, fiscalização e controle. Da mesma forma,
cada policial militar envolvido na abordagem deve conhecer sua tarefa e qual a sua
função específica naquela intervenção, interagindo de forma harmônica, sabendo a
quem recorrer, respeitando a cadeia de comando.

LEMBRE-SE: O treinamento constante propicia condições ao policial militar para


agir com rapidez, sem descuidar dos princípios da segurança.

Fonte: Manual Técnico-Profissional n. 3.04.01/2020 - MTP 01 -, que regula a intervenção


policial, o processo de comunicação e o uso da força no âmbito da Polícia Militar de Minas
Gerais.
TREINAMENTO TÁTICO
Dias 21 e 22out2021

PROCESSO DE COMUNICAÇÃO

A comunicação é um grande facilitador para o sucesso da atuação policial nas


diversas interações com o público, como um dos fatores mais importantes das
intervenções policiais militares, se bem realizado propiciará a melhoria da sensação
de segurança e facilitará, entre outros aspectos, as ações durante a abordagem
propriamente. Por isso, o policial militar deve dar atenção a este processo, para
maximizar resultados positivos na sua atividade profissional.

A comunicação é um processo de interação estabelecida no mínimo entre duas


pessoas, construindo entre ambas um intercâmbio de sentimentos e ideias. Este
processo, por si só, já remete a uma série de interpretações diferenciadas, pois, com
características únicas que temos, podemos entender distintamente as mensagens.
Isso significa que, cada pessoa, que se passa a considerar como interlocutor, troca
informações baseadas em seu repertório cultural, sua formação educacional,
vivências, emoções e toda a "bagagem" que traz consigo, assim como, o receptor
agirá da mesma maneira, segundo o seu próprio filtro cultural.

A maior dificuldade de interpretação está em fatores como a escolha de palavras


utilizadas na fala e na escrita, gestos e postura corporal, bem como o meio pelo qual
a mensagem é transmitida e estabelecida. Este canal também pode estar sujeito aos
ruídos (celulares que tocam em hora errada, barulho do trânsito, tom de voz alto ou
baixo demais) e tantos outros problemas que atrapalham a compreensão da
mensagem enviada. A falta de clareza e a adequação para o tipo de público, a
impropriedade da técnica, a urgência com que a mensagem é transmitida, e outros
fatores, podem dificultar ou mesmo impossibilitar a compreensão.

A escolha dos meios de comunicação e a utilização das ferramentas disponíveis


devem ser observadas de modo a facilitar todo o processo com o menor índice de
ruídos possível. O sucesso na comunicação não depende só da forma como a
mensagem é transmitida, a compreensão dela é fator fundamental, lembre-se que
vivemos em sociedade de cultura diversificada, e o que às vezes parece óbvio para
você para seu interlocutor não é.

ATENÇÃO: Para que a comunicação atinja o seu objetivo, o melhor caminho é a


simplicidade.

Simplicidade quer dizer que o emissor transmite uma mensagem para o receptor de
forma clara, fácil e possível de ser entendida.

Fonte: Manual Técnico-Profissional n. 3.04.01/2020 - MTP 01 -, que regula a intervenção


policial, o processo de comunicação e o uso da força no âmbito da Polícia Militar de Minas
Gerais.
TREINAMENTO TÁTICO
Dias 23 e 24out2021

USO DA FORÇA

É necessário ter um conceito claro e objetivo de “força”. A palavra tem significados


diferentes dependendo do contexto. Geralmente, força representa energia, ação de
contato físico, vigor, robustez, esforço, intensidade, coercibilidade, dentre outros.

A força, no âmbito policial, é definida como sendo o meio pelo qual a Polícia Militar
controla uma situação que ameaça à ordem pública, o cumprimento da lei, a
integridade ou a vida das pessoas. Sua utilização deve estar condicionada à
observância dos limites do ordenamento jurídico e ao exame constante das
questões de natureza ética. A força, no âmbito militar, com possibilidade de emprego
em missões extraordinárias pela Polícia Militar, será objeto de Instruções
específicas, como em caso de perturbação da ordem, ou grave perturbação, conflito
armado interno ou outras missões.

O uso da força é um tema que engloba muitas variáveis e possibilidades de ação.


De acordo com as circunstâncias, sua intensidade pode variar desde a simples
presença policial-militar até o emprego de força potencialmente letal como o disparo
da arma de fogo contra pessoa, sendo, neste caso, considerado como o único
recurso capaz de cessar a ação delituosa e de medida extrema de uma intervenção
policial.

O Estado detém o monopólio do uso da força que é exercida por intermédio dos
seus órgãos de segurança. Assim, o policial militar, no cumprimento de suas
atividades, poderá usá-la para repelir uma ameaça à sua segurança ou à de
terceiros e à estabilidade da sociedade como um todo.

A força aplicada por um policial militar é um ato discricionário, legal, legítimo e


profissional.

Deve ficar claro para o policial militar que o uso da força não se confunde com
violência, haja vista que esta última é uma ação arbitrária, ilegal, ilegítima e não
profissional.

O policial militar poderá usar a força no exercício das suas atividades, não sendo
necessário que ele ou outrem seja atacado primeiro, ou exponha-se
desnecessariamente ao perigo, antes que possa empregá-la. O seu emprego
eficiente requer uma análise dinâmica e contínua sobre as circunstâncias presentes,
de forma que a intervenção policial resulte num menor dano possível. Para tanto, é
essencial que ele se aperfeiçoe, constantemente, em procedimentos para a solução
pacífica de conflitos, estudos relacionados ao comportamento humano,
conhecimento de técnicas de persuasão, negociação e mediação, dentre outros que
contribuam para a sua profissionalização nesse tema.

Fonte: Manual Técnico-Profissional n. 3.04.01/2020 - MTP 01 -, que regula a intervenção


policial, o processo de comunicação e o uso da força no âmbito da Polícia Militar de Minas
Gerais.
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Dias 25 e 26out2021

PRINCÍPIOS DO USO DA FORÇA

O uso da força pelos integrantes da PMMG deve ser norteado pelo cumprimento da
lei e da ordem, pela preservação da vida, da integridade física das pessoas
envolvidas em uma intervenção policial-militar e, ainda, pelos princípios relacionados
a seguir:

Legalidade

Constitui-se na utilização de força para a consecução de um objetivo legal e nos


estritos limites do ordenamento jurídico.

Este princípio deve ser compreendido sob os aspectos do:


Resultado: Considera a motivação ou a justificativa para a intervenção da Polícia
Militar. O objeto da ação deve ser sempre dirigido a alcançar o objetivo legal. Deste
modo, a lei protege o resultado da ação policial-militar.

Exemplo: o princípio da legalidade não está presente se o policial militar usa de


violência para extrair a confissão de uma pessoa. A tortura é vedada em qualquer
situação e não justifica o objetivo a ser alcançado, por meio de mecanismos que
infringem o direito do indivíduo de não produzir prova contra si mesmo ou declarar-
se culpado.

Processo: considera que os meios e os métodos utilizados pelo policial militar devem
ser legais, ou seja, em conformidade com as normas (leis, regulamentos, diretrizes,
entre outros).

Exemplo: o policial militar não cumpre o princípio da legalidade se, durante o seu
serviço, usar arma e munições não autorizadas pela Instituição, tais como armas
sem registro, com numeração raspada, calibre proibido, munições particulares,
dentre outras.

Necessidade

O uso da força será empregado quando, devido as circunstâncias apresentadas no


cenário de atuação, for impossível de se evitar. Guarda relação com a ação que se
espera e o meio disponível.

O uso da força num nível mais elevado é considerado necessário quando, após
tentar outros meios (verbalização, persuasão, entre outros) para solucionar o
problema, torna-se único recurso capaz de solucionar a crise, a ser utilizado pelo
policial militar. Sendo necessário utilizar imediatamente um nível de força mais
elevado, o policial militar não precisa percorrer os demais níveis.

Exemplo: o policial militar pode utilizar a força potencialmente letal (disparo de arma
de fogo), para defender a sua vida ou de outra pessoa que se encontra em perigo
iminente, provocado por um infrator, sempre que outros meios não tenham sido
suficientes ou oportunos para impedir a agressão.

Proporcionalidade

O nível de força utilizado pelo policial militar deve ser compatível, adequado e
aceitável, ao mesmo tempo, com a gravidade da ameaça, representada pela ação
do infrator e com o objetivo legal pretendido.

Um nível maior de força pode ser empregado quando outros de menor intensidade
não forem suficientes para atingir os objetivos legais pretendidos.

Gravidade da ameaça: para ser avaliada, deverão ser considerados, entre outros
aspectos, a intensidade, a periculosidade e a forma de proceder do agressor, a
hostilidade do ambiente (histórico e fatores que indiquem violência do local de
atuação, além de experiências e relatos de situações semelhantes conhecidas que
resultaram em risco de morte para os policiais e envolvidos) e os meios disponíveis
ao policial militar (habilidade técnica e equipamentos).

De acordo com a evolução da ameaça (aumento ou redução) o policial militar


readequará o nível de força a ser utilizado, tornando-o proporcional às ações do
infrator, o que confere uma característica dinâmica a este princípio.

Exemplo: não é considerada proporcional a ação policial-militar, com o uso da força


potencialmente letal (disparando sua arma de fogo) contra um cidadão que resiste
passivamente, com gestos e questionamentos, a uma ordem de colocar as mãos
sobre a cabeça, durante a busca pessoal. Neste caso, a verbalização e/ou o controle
de contato corresponderão ao nível de força indicada (proporcional). Entretanto, é
considerado proporcional a ação policial-militar, com o uso da força potencialmente
letal (disparando sua arma de fogo) contra um cidadão que atenta contra a vida do
policial utilizando uma arma branca com potencial igualmente letal. Isto porque neste
caso, a verbalização e ou o controle de contato podem não ser suficientes para
cessar a ação e resultar em graves ferimentos ou mesmo a morte do policial.

Objetivo legal pretendido: consiste em aferir se o resultado da ação policial-


militar está pautado na lei. Visa à proteção da vida, da integridade física e do
patrimônio das pessoas que estejam sofrendo ameaças, além da manutenção da
ordem pública e do cumprimento da lei. Guarda correlação direta com o princípio da
legalidade, no que se refere ao aspecto “resultado”.

O princípio da proporcionalidade não exclui o princípio da supremacia de força


que deverá imperar sempre que possível, nas ações ou operações policiais militares.
A força é parte da natureza institucional da Polícia Militar de Minas Gerais.

Fonte: Manual Técnico-Profissional n. 3.04.01/2020 - MTP 01 -, que regula a intervenção


policial, o processo de comunicação e o uso da força no âmbito da Polícia Militar de Minas
Gerais.
TREINAMENTO TÁTICO
Dias 27 e 28out2021

NÍVEIS DE COMPORTAMENTO DA PESSOA ABORDADA

A pessoa abordada durante a intervenção policial-militar, pode atender ou não às


determinações dadas pelo policial militar, ou seja, ela poderá colaborar ou resistir à
abordagem. O seu comportamento é classificado em níveis que devem ser
entendidos de forma dinâmica, uma vez que podem subir, gradual ou
repentinamente, do primeiro nível até o último, ou terem início em qualquer nível e
subir ou descer.

Nesse sentido, o abordado pode apresentar os seguintes níveis de comportamento:

a) Cooperativo
A pessoa abordada acata todas as determinações do policial militar durante a
intervenção, sem apresentar resistência.

b) Resistência passiva
A pessoa abordada não acata, de imediato, as determinações do policial militar, ou o
abordado opõe-se a ordens, reagindo com o objetivo de impedir a ação legal.
Contudo, não agride o policial militar nem lhe direciona ameaças.

Exemplo: o abordado reage de maneira espalhafatosa, acalorada, falando alto,


procurando chamar a atenção e conseguir a simpatia dos transeuntes, colocando-os
contra a atuação da Polícia Militar, assumindo assim, a posição de vítima da
intervenção policial militar.

c) Resistência ativa

Com agressão não letal:


O abordado opõe-se à ordem, agredindo os policiais militares ou as pessoas
envolvidas na intervenção, contudo, tais agressões, aparentemente, não
representam risco de morte.

Exemplo: o agressor que desfere chutes contra o policial militar quando este tenta
aproximar-se para efetuar a busca pessoal.

Com agressão Letal:


O abordado utiliza-se de agressão que põe em perigo de morte o policial militar ou
as pessoas envolvidas na intervenção.

Exemplo: o agressor, empunhando uma faca, desloca-se em direção ao policial


militar e tenta atacá-lo.

Fonte: Manual Técnico-Profissional n. 3.04.01/2020 - MTP 01 -, que regula a intervenção


policial, o processo de comunicação e o uso da força no âmbito da Polícia Militar de Minas
Gerais.
TREINAMENTO TÁTICO
Dias 29 e 30out2021

TÉCNICA E TÁTICA POLICIAL BÁSICA

Entende-se por técnica policial o conjunto dos métodos e procedimentos utilizados


na execução da atividade policial. O estabelecimento de técnicas visa alcançar a
eficiência, segurança e legalidade da atuação policial.

Para cada recurso utilizado no serviço policial, seja humano ou material, existem
técnicas pré-estabelecidas.

O emprego correto da técnica exige treinamento permanente, e cabe ao policial


militar conhecer e empregar as técnicas apresentadas neste caderno. O treinamento
policial deve estar alinhado com a identidade organizacional e ser realizado de forma
contínua, sendo o policial militar protagonista neste processo de auto-aprimoramento
profissional.

Essas técnicas foram selecionadas e aperfeiçoadas a partir de diversas experiências


vivenciadas no cotidiano operacional e acadêmico, levando- se em conta a
segurança nas abordagens, a coerência com os fundamentos legais e éticos
presentes nas normas internacionais e nacionais de direitos humanos.

Além do domínio das técnicas (como fazer?), outro fator importante para o sucesso
das intervenções é a disciplina tática.

Entende-se por tática policial a forma de se aplicar com eficácia os recursos


técnicos que se dispõe, ou de se explorar as condições favoráveis para se atingir os
objetivos desejados.

A disciplina tática consiste na obediência de todos os policiais militares, quando


atuando em grupo, ao exercer suas ações (o que e quando fazer?), no exato local
(onde fazer?) definido no planejamento de cada atividade. Isso propicia uma melhor
coordenação das ações e dos procedimentos de cada policial militar na sua
respectiva responsabilidade de atuação e, consequentemente, aumenta a segurança
dos envolvidos.

Para garantir a disciplina tática, todos os policiais militares devem conhecer sua
função no ambiente de intervenção e conscientizar-se que cada atribuição, por mais
simples que pareça, é imprescindível para que o caso tenha uma solução satisfatória
(por que fazer?)

Fonte: Manual Técnico-Profissional n. 3.04.02/2020 - MTP 02 -, que regula a abordagem a


pessoas no âmbito da Polícia Militar de Minas Gerais.
TREINAMENTO TÁTICO
Dia 31out2021

PREPARO MENTAL

É fato que cada ocorrência policial possui um conjunto de variáveis que a torna
única. Cada intervenção é singular, exigindo que o policial militar seja versátil e
capaz de adaptar-se às peculiaridades de cada situação do cotidiano operacional.

Nesse contexto, a segurança do policial militar, na execução das suas tarefas, está
diretamente relacionada ao seu preparo mental.

Considera-se preparo mental o processo de pré-visualizar os prováveis problemas


a serem encontrados em cada tipo de intervenção policial-militar e ensaiar
mentalmente as possibilidades de respostas. Essa antecipação desencadeia um
conjunto de alterações fisiológicas e psicológicas, colocando o policial militar num
estado de prontidão que ampliará sua capacidade de resposta a cada situação.

A falta do preparo mental do policial militar durante uma intervenção prejudicará o


seu desempenho, levando a um aumento de seu tempo de resposta à agressão e,
assim, o uso da força poderá ser inadequado (excessivo ou aquém do necessário
para contê-la). Num cenário mais grave, o policial militar pode ser levado a uma
paralisia ou a um bloqueio na sua capacidade de reagir, comprometendo,
consequentemente, a segurança e o resultado da ocorrência.

Visualizar as situações e respostas possíveis prepara o policial militar para a tomada


de decisões. Mesmo em circunstâncias adversas (por exemplo, ferido ou sob
estresse), o policial militar bem treinado terá como responder, adequadamente,
dentro dos padrões técnicos, legais e éticos.

O treinamento policial-militar baseado em situações práticas que se aproximam do


cotidiano profissional, somado à análise crítica de erros e acertos vivenciados na
experiência real, contribuem para o desenvolvimento da habilidade do policial militar
pensar sobre como ele agiria nas diversas situações, visualizando mentalmente suas
respostas e definindo previamente o seu procedimento básico. Dessa forma, ele
criará rotinas seguras para sua atuação.

Por isso, o treinamento policial-militar deve ser contínuo, valorizando o preparo


mental, tanto quanto todas as atividades da capacitação profissional.

LEMBRE-SE: Ao desenvolver o preparo mental, o policial militar antecipa-se,


fazendo uma avaliação preliminar das ameaças e considera as possibilidades de
atuação.

Fonte: Manual Técnico-Profissional n. 3.04.01/2020 - MTP 01 -, que regula a intervenção


policial, o processo de comunicação e o uso da força no âmbito da Polícia Militar de Minas
Gerais.

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