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Iluminamento e seus efeitos sobre o organismo humano

Nos dias de hoje, ouvimos com frequência sobre a importância da qualidade de vida nos
ambientes ocupacionais e o quanto isso representa na satisfação e na produtividade, além de
gerar impacto na saúde dos trabalhadores.

O bem-estar nos ambientes de trabalho é considerado como uma estratégia das empresas que
buscam um diferencial no mercado. No entanto, para que isso seja levado em consideração, é
necessário estar atento às condições de trabalho, inclusive aos níveis de iluminamento e aos
efeitos positivos e negativos que esse item causa para a saúde do trabalhador.

As características do ambiente de trabalho e a quantidade de luminosidade disponível para o


exercício das atividades são estudadas e respaldadas por normatizações que estabelecem os
níveis adequados, considerando as caraterísticas das atividades, dos trabalhadores e do
ambiente físico.

A Norma Regulamentadora n.º 17 (NR-17) determina que as empresas sejam responsáveis


pelas questões ergonômicas e aqui fazemos menção à iluminação, que é um fator primordial
para um adequado processo de trabalho e para o fluxo das atividades de um processo
produtivo.

Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada, natural ou artificial, geral ou
suplementar, apropriada à natureza da atividade.

Para garantir que esses ambientes de trabalho sejam adequados para o exercício da atividade
laboral, utiliza-se a avaliação dos níveis de iluminamento em ambientes internos de trabalho
que consta na Norma de Higiene Ocupacional n.º 11 (NHO11), a qual estabelece critérios e
procedimentos para a avaliação dos níveis de iluminamento indicando parâmetros
quantitativos e qualitativos no âmbito da iluminação interna dos ambientes de trabalho,
voltados à segurança e ao desempenho eficiente do trabalho, bem como indica os requisitos
relacionados aos instrumentos de medição (calibração) e à elaboração de relatórios técnicos.

Ao nos referirmos ao correto planejamento da iluminação e da utilização das cores que


contribuem para aumentar a satisfação no trabalho, melhorar a produtividade e reduzir a
fadiga e os acidentes, precisamos levar em consideração três fatores importantes e
controláveis a nível de projeto e que influenciam na capacidade de discriminação visual, como:
quantidade de luz, tempo de exposição e contraste entre figura e fundo.
Com isso, precisamos saber que o fluxo luminoso é emitido por uma fonte — como o sol e o
céu vistos pelo olho humano —, a unidade de medida é o lúmen e a eficiência luminosa da luz
do dia é particularmente alta.

Os lúmens emitidos por um watt de potência radiante atingem 100 lúmens/watt; a luz artificial,
por outro lado, tem uma eficiência luminosa de aproximadamente 15 lúmens/watt. A
iluminância em um ponto particular de uma superfície é a quantidade de fluxo luminoso
uniformemente distribuído sobre essa superfície, dividida pela área da superfície. A unidade de
iluminância é o lux, ou seja, a iluminância produzia sobre 1 m² de superfície por lux luminoso
de 1 lúmen uniformemente distribuído sobre essa superfície. A luminância é mensurada em
candela por metros quadrados e corresponde à quantidade de luz emitida por uma superfície e
percebida pelo olho humano, como na figura a seguir.

Figura 1 — Diferença entre Lúmen, Candela e Lux

Fonte: <http://www.vivadecora.com.br/pro/iluminacao/conceitos-luminotecnicos/>. Acesso


em: 31 jan. 2020
A quantidade de luz necessária em um espaço de trabalho depende do tipo de atividade que
será realizada no local, ou seja, depende do grau de precisão do trabalho a ser realizado. Na
tabela a seguir, encontramos alguns exemplos da quantidade de lux necessária para diferentes
atividades e tipos de trabalho.

Tabela 1 — Nível de iluminamento x atividades do trabalhador Adaptado de: NHO 11.

Para adequar os ambientes de trabalho, contamos com a iluminação natural ou artificial e nos
reportamos ao possível ofuscamento, que é o principal fator de condicionamento da
iluminação que tem sua distribuição de luz no espaço disposta de maneira que as diferenças
excessivas de luz e sombra sejam evitadas, pois elas podem perturbar os trabalhadores em
suas atividades, impedindo a percepção visual adequada.

Além do ofuscamento ao projetarmos um ambiente de trabalho, é fundamental levar em


consideração também a cintilação, o efeito estroboscópico, a direcionalidade, as sombras
excessivas, a aparência da cor e o contraste.
Cintilação

Consideram-se as variações de brilho aparente ou de cor de uma fonte luminosa percebida


visualmente. Esta situação pode ocasionar fadiga física e psíquica, dor de cabeça, incômodo
visual e estresse.

Efeito estroboscópico

Fonte de luz pulsante ilumina um objeto em movimento, podendo ocasionar modificação


aparente do seu movimento ou sua imobilização aparente, que pode ainda resultar em
acidentes no processo de trabalho executado.

Ofuscamento

Distribuição desfavorável das luminâncias, contraste excessivo ou reflexões em superfícies


especulares, que podem ocasionar fadiga visual nos trabalhadores, gerando erros e até mesmo
acidentes.

Um sistema de iluminação deve ser suficiente, de modo que cada foco luminoso forneça toda a
quantidade necessária de luz a cada tipo de trabalho. Esse sistema necessita ser constante e
uniformemente distribuído de modo que evite a fadiga dos olhos decorrente das sucessivas
acomodações em virtude das variações da intensidade de luz.

Figura 2 — Iluminação natural no ambiente de trabalho

Fonte: <http://images.app.goo.gl/TnDxNuve4SfHISQB8/>. Acesso em: 31

jan. 2020.
À luz natural proporciona ambientes ocupacionais mais agradáveis e melhores condições de
trabalho, pois promove a percepção dos objetos pela cor e pelos contrastes naturais. As janelas
possibilitam o relaxamento dos olhos ao permitirem uma visão de longas distâncias do
ambiente exterior, trazendo uma sensação de bem-estar e consciência do amplo ambiente no
qual o homem vive, além de trazer benefício à saúde.

A iluminação artificial é usada para dar uniformidade ao fluxo luminoso sobre o plano
horizontal de forma homogênea. Para isso, são utilizadas luminárias que devem ser distribuídas
no espaço físico de modo a garantir a uniformidade do fluxo luminoso.

Figura 3 — Iluminação artificial

Fonte: <https://.images.app.goo.gl/1K8wFKB9TMcy48Cp9/>. Acesso em: 31 jan. 2020.

Os estudos e a literatura enfatizam que a qualidade do iluminamento dos ambientes de


trabalho influencia no desempenho de tarefas e na interação social, na comunicação, na saúde
e segurança, no conforto visual e no comportamento. Uma iluminação adequada propicia a
visualização do ambiente, permitindo que as pessoas vejam, se movam com segurança e
desempenhem tarefas visuais de maneira eficiente, precisa e segura, sem causar fadiga visual e
desconforto. Tanto a iluminação natural quanto a iluminação artificial ou, ainda, a iluminação
híbrida gera segurança, saúde e qualidade de vida aos trabalhadores, resultando em uma
execução eficiente do processo de trabalho e em resultados positivos para o negócio.
Conclusão

Com este estudo foi possível identificar as normatizações que respaldam um ambiente de
trabalho seguro e confortável para que o trabalhador execute suas atividades. Tanto a norma
regulamentadora quanto a norma de higiene ocupacional visam a ambientes de trabalho
adequados às necessidades, à saúde e à qualidade de vida dos trabalhadores.

A iluminação inadequada prejudica a saúde e a execução das tarefas. Sendo assim, ao atender
a essas normatizações, temos condições de evitar problemas oculares, fadiga, estresse,
acidentes de trabalho e até mesmo autuações trabalhistas.

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