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O Caminho da Servidão

Vencedor do prêmio Nobel de Ciências Econômicas de 1974, Friedrich August


Von Hayek foi um economista e filósofo austro britânico e sem sombra de
dúvidas é um dos autores mais relevantes da escola austríaca de economia.
Entretanto, se engana quem pensa que Hayek sempre seguiu a ideologia
liberal, foi através da influência de Ludwing Von Mises, após a leitura de uma
de suas obras que sua vertente ideológica foi modificada e futuramente foi
reconhecido como um dos maiores economistas da história.

Em “o caminho da servidão, publicado em 1944, é um emblemático clássico


para entendermos os governos totalitários. Inicialmente, no primeiro capítulo
intitulado “o caminho abandonado” o autor aborda o receio quanto a regressão
da civilização ocidental, visto que as condições da Europa de 1940 eram de
uma sociedade corporativista. Apesar de quase um século após a publicação
da obra podemos citar o exemplo o estado do Espírito Santo, a detenção do
monopólio do transporte público designado a Ceturb é um claro exemplo de
coletivismo, algo que Hayek julgava ser extremamente reacionário.

Portanto, durante a década de 40 inglesa, o poder estava concentrado na mão


de poucos empresários com fortes ligações estatais e isto soava temeroso,
visto a possibilidade de que a sociedade voltasse aos moldes de 120 anos
atrás em que a maioria da população vivia em situação de miséria. A ideia de
Hayek era alertar a Europa quanto a necessidade de evoluir e que a renúncia a
isso levaria ao caminho da servidão, ou seja, contrário à liberdade. O mesmo
temia que a Inglaterra trilhasse os passos da Alemanha nazista que abandonou
os direitos naturais.

Adiante, no capitulo “a grande utopia”, o economista aborda um mito que era


disseminado na época e muitos compravam o discurso (e ainda compram) da
ideia da social democracia com o avanço da teoria de política monetária de
John Maynard Keynes. A partir disso, a sociedade passou a acreditar na
centralização da economia e impressão de moeda como algo bem visto e
viável economicamente.

Consoante, um indicativo do sucesso da obra do austríaco até os dias atuais é


a atemporalidade, vemos que no nosso país a narrativa de políticos com
utopias como a social democracia infelizmente caem no gosto popular como é
o caso do Ciro Gomes que diversas vezes repete teorias econômicas com
cálculos incalculáveis.

Além disso, Hayek no capitulo quinto “socialismo x democracia” basicamente


trás a reflexão de que é impossível que haja um intelecto humano possível de
calcular o que é necessário para todos os seres humanos processar e
executar, durante algum momento algum líder daquela assembleia democrática
eleita provavelmente se revoltaria contra as formas democráticas de
implementação de algo, sendo mais fácil aplicar de maneira autoritária.

Logo após, no capítulo sétimo “controle econômico e totalitarismo, o


economista mostra como as liberdades individuais influenciam positivamente
na vida do indivíduo através de comparações claras, porque quando existentes
você é o único responsável por escolher como ganhar o seu dinheiro e o que
deseja fazer com ele. A partir do momento em que o Estado totalitário assume
o controle econômico de uma determinada civilização, este possui carta branca
para ditar as escolhas profissional dos indivíduos, o que influencia diretamente
na sua liberdade.

Sendo assim, se em determinado país o governo achar que possui muitos


médicos e poucos engenheiros, o governo poderá obrigar a elas se tornarem
engenheiros, contraindo totalmente o poder de escolha do indivíduo de ser
quem quiser. Enquanto isso, o Estado assume o controle econômico do país e
vende a população que está preservando a economia quando na verdade está
retirando a liberdade do indivíduo e transformando a sociedade a longo prazo
em pessoas que não sabem cuidar de si próprias.

É importante ressaltar que o capitulo que mais me chamou a atenção foi o


décimo, intitulado “porque os piores chegam ao poder”. Sendo assim, sabendo
que a obra foi escrita na ascensão do nazismo, fascismo e comunismo, com
base no que Hayek visualizou desde a sua formação este alega que
inicialmente o governo faz um planejamento central e logo após nasce a ideia
de colocar um líder que execute esse planejamento, sendo assim, a
democracia que elegeu aquele líder se condensa a uma forma ditatorial.
Além disso, o austríaco explica que para a implementação dessas ideias, é
necessário que haja um pequeno grupo nacionalista mais que ajude na
disseminação dessas ideias. Por isso, Hayek cita os três motivos do porquê o
grupo citado acima seria o escolhido, sendo então: pessoas mais simples são
mais fáceis de uniformidade e valores semelhantes da sociedade, por não
terem raciocínio crítico, por se deixarem influenciar e pela união do ódio a algo.

Cabe salientar a explicação do economista de que a escolha do nacionalismo é


estratégica para atender as demandas de um mínimo grupo, sendo mais fácil
achar um inimigo comum de forma nacionalista pela especificidade e
dificuldade de encontrar um denominador comum internacionalista. É quase
impossível vermos partidos atuais socialistas com defesas de divisão de
riquezas a outras nações.

Adiante, o autor cita a diferença da Alemanha ocidental e oriental, ressaltando


o sucesso da ocidental onde o individualismo imperava, algo que não se via na
Alemanha oriental dominada pelo totalitarismo. No mais, ele afirma que quanto
mais totalitário o governo for, mais a moral é negligenciada. Posteriormente,
nos próximos capítulos Hayek basicamente diz que existe apenas dois
caminhos: liberdade ou totalitarismo, não existe meio termo, intervenções na
propriedade privada.

Portanto, apesar da obra ter sido publicada a quase uma década, podemos
filtrar diversos fragmentos que se conectam com a nossa realidade.
Infelizmente, no Brasil, vemos que a falácia do planejamento central impera,
bem como o favorecimento de um grupo minoritário em detrimento de outro.
Além disso, o Estado que deveria incentivar o livre comércio, age de forma
contrária adotando medidas corporativistas, escolhe um grupo de empresários
e dita que aquele grupo irá deter aquele poder, fortalecendo monopólios e
oligopólios.

Por fim podemos concluir que Hayek nos deixa uma grande lição que deve ser
repassada por gerações: o Estado não deve intervir na economia. As nações
que permitiram isso, fracassaram fortemente e tiveram bastante dificuldade
para obter sucesso na sua recuperação. Sem sombra de dúvidas é o poder
econômico que dita a nossa liberdade social, a condição de quem queremos
ser e o que fazer com o lucro obtido com o trabalho. Sendo assim, é ilógico
confiar ao Estado como se ele fosse um pai que deve cuidar do nosso dinheiro,
quando na verdade está usando-o para financiar coisas sem a nossa prévia
autorização. A liberdade sempre será o melhor caminho, o oposto a ela é a
servidão.

Mateus Oliveira

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