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Sistema Nervoso

Profa. Aline Machado-Nils


Objetivos de aprendizado

- Identificar as divisões anatômicas e funcionais do


sistema nervoso.

- Compreender o neurônio como unidade funcional do sistema


nervoso.

- Explicar os processos de bioeletrogênese, potencial de


ação e sinapse.
Divisões anatômicas e Funcionais
Divisões anatômicas
- Sistema Nervoso Central (SNC)
- Sistema Nervoso Periférico (SNP)

Divisões Funcionais
- Sistema Nervoso Somático (SNS)
- Sistema Nervoso Autônomo (SNA)
- Sistema Nervoso Simpático
- Sistema Nervoso Parassimpático
Sistema Nervoso Central
(SNC) Sistema Nervoso Periférico
(SNP)

Encéfalo Medula Nervos Gânglios


Espinal
Cérebro

Cerebelo Cranianos Espinais Sensitivo Autônomo

- Sensoriais
Tronco - Raiz dorsal
- Motores
encefálico - Craniais
- Mistos
- Paravertebrais
Mesencéfalo - Simpáticos
- Terminais
- Parassimpáticos
Ponte
Receptores
sensoriais
Bulbo
Divisão Anatômica do
Sistema nervoso
Central

Berne & Levy, 2009


Berne & Levy, 2009
Encéfalo
Células do sistema Nervoso
O Sistema Nervoso é constituído por duas categorias de
células:

- Neurônios:células capazes de receber, transmitir e


processar sinais eletroquímicos.

- Neuróglia (ou células gliais): células que dão suporte,


nutrição e mantém os neurônios unidos entre si.
Tipos de células Gliais
Estão em maior número no SN, na razão de 10:1 neurônio, São células pequenas de 3 a
10 μm de diâmetro.

Tem grande capacidade de sofrer divisão celular.

Células Gliais do SNC:

- Macroglia
- Oligodendrócitos
- Astrócitos
- Célula NG2 (polidendrócitos)
- Microglia
- Microgliócito
- Não classificadas
- Ependimócito
- Glia olfatória

Células Gliais do SNP:

- Célula de Schwann (neurolemócitos)


- Célula Ganglionar satélite
Lent, 2010
Lent, 2010
Mielinização

Kandel,2014
Dukes, 2017
Célula de Schwann
Sustentam os axônios do SNP se associando aos axônios com mais de 1
μm de diâmetro e formam bainhas de mielina, envolvendo
concentricamente sua membrana plasmática ao redor do axônio
(formando até 50 ou mais camadas).
Cada célula de Schwann forma um entrenó de bainha de mielina de
vários comprimentos (25 a 1.000 μm). Os axônios maiores apresentam
entrenós mais longos e maior velocidade de condução.
A junção entre cada entrenó é o nó de Ranvier.
As células de Schwann associadas aos axônios menores não formam uma
bainha de mielina, porém mantêm muitos axônios menores em seus
prolongamentos.
Fibras Nervosas
Axônios de Neurônios com a sua bainha de mielina formam as
fibras nervosas, que são classificadas de acordo com seu
diâmetro, velocidade de condução e funções que desempenha.

A velocidade de condução é maior quando maior for o diâmetro


e a mielinização da fibra.
Dukes, 2017
Dukes, 2017
Dukes, 2017
Neurônio

Silverthorn, 2017
Tipos de neurônios

Silverthorn, 2017
Membrana do Neurônio
O neurônio possui quatro tipos principais de canais iônicos
seletivos na sua membrana plasmática: os canais de Na+, K+,
Ca2+ e Cl–.

Esses canais iônicos encontram-se sempre abertos (um estado


também designado como canais sem comportas ou permeáveis) ou
apresentam comportas que podem se abrir ou se fechar em
resposta a estímulos específicos (p. ex., voltagem ou
substâncias químicas).
Dukes, 2017
O potencial de repouso das
O potencial de membrana pode ser medido na membranas das fibras nervosas de
prática com o uso de uma micropipeta mamíferos pode variar de -60 a
introduzida no interior da fibra nervosa e -70 milivolts. Outras células o
medida com o uso de voltímetro especial a potencial de repouso podem variar
diferença de voltagem entre o meio interno de -30 a –90 milivolts.
e do meio externo.
Guyton & Hall,2017
Bomba de Sódio-Potássio (Na+-K+)
Bomba eletrogênica - gera o
potencial negativo no lado
interno das membranas celulares.

Gera também os gradientes de


concentração para o Na+ e K+.

Guyton & Hall,2017


+ +
Canais de NA e K
Os canais de “vazamento” de
K+, também permitem um
pequeno “vazamento” de Na+,
mas a seletividade para o K+
é cerca de 100 vezes maior.
Essa diferença na
permeabilidade dos íons é um
fator-chave para determinar
o potencial de repouso
normal da membrana.

Guyton & Hall,2017


Guyton & Hall,2017
Potencial Graduado
Um neurônio ao responder a uma sinapse, são gerados alterações
locais de curta duração nas membranas pós-sinápticas que são
chamadas potenciais graduados.

A amplitude do potencial graduado é diretamente proporcional à


intensidade do estímulo aplicado.

Os potenciais graduados gerados nos sítios sinápticos nos


dendritos e corpos celulares e percorrem a membrana até
alcançarem o cone axônico (zona de gatilho)
Potencial Graduado
Potencial Pós-sináptico Excitatório
(PPSE) - despolarização da
membrana, tornando o meio interno
mais positivo. Gerado pela a
abertura de canais de Na+
dependentes de ligantes, por
exemplo os neurotransmissores
glutamato e acetilcolina.

Potencial Pós-sináptico Inibitório


(PPSI) - hiperpolarização da
membrana, tornando o meio interno
mais negativo. gerado pela abertura
de canais de Cl- regulados por
ligantes, como por exemplo o GABA e
a glicina.

Klein (2014); Dukes (2017)


(Dukes, 2017)
Silverthorn, 2017
Potencial de Ação
O potencial de ação é uma breve reversão do potencial de
membrana quando a permeabilidade ao Na+ e ao K+ aumenta após
ativação de canais de Na+ e de K+ regulados por voltagem.

Os sinais nervosos são transmitido por Potenciais de ação,


que se propagam com grande velocidade por toda a membrana da
fibra nervosa.

Para gerar um potencial de ação, os PPSEs gerados no corpo


celular e nos dendritos precisam ser grandes o suficiente
para despolarizar a zona de gatilho além do limiar.
Klein, 2014
Silverthorn, 2017
Fase ascendente: A fase ascendente ocorre devido a um aumento súbito
e temporário da permeabilidade da célula para Na. Um potencial de
ação inicia quando um potencial graduado que atinge a zona de
gatilho despolariza a membrana até o limiar (55 mV). Conforme a
célula despolariza, canais de Na dependentes de voltagem abrem-se,
tornando a membrana muito mais permeável ao sódio. Então, Na+ flui
para dentro da célula, a favor do seu gradiente de concentração e
atraído pelo potencial de membrana negativo dentro da célula.

O sódio continua se movendo para dentro da célula, enquanto a


permeabilidade ao Na+ continuar alta, o potencial de membrana
desloca-se na direção do potencial de equilíbrio do sódio (+60mV).

O potencial de ação atinge seu pico em 30 mV quando os canais de Na


presentes no axônio se fecham e os canais de potássio se abrem.
Fase descendente: A fase descendente corresponde ao aumento da
permeabilidade ao K+. Canais de K+ dependentes de voltagem, semelhantes
aos canais de Na+, abrem-se em resposta à despolarização. Contudo, os
canais de K+ abrem-se muito mais lentamente, e o pico da permeabilidade
ocorre mais tarde do que o do sódio.

No momento em que os canais de K+ finalmente se abrem, o potencial de


membrana da célula já alcançou +30 mV, devido ao influxo de sódio
através de canais de Na+.

Quando os canais de Na+ se fecham durante o pico do potencial de ação,


os canais de K+ recém se abriram, tornando a membrana altamente
permeável ao potássio. Em um potencial de membrana positivo, os
gradientes de concentração e elétrico do K+ favorecem a saída do
potássio da célula. À medida que o K+ se move para fora da célula, o
potencial de membrana rapidamente se torna mais negativo, gerando a
fase descendente do potencial de ação. E levando a célula em direção ao
seu potencial de repouso
Fase da hiperpolarização: Quando o potencial de membrana
atinge -70 mV, a permeabilidade ao K+ ainda não retornou ao
seu estado de repouso. O potássio continua saindo da célula
tanto pelos canais de K+ dependentes de voltagem quanto
pelos canais de vazamento de potássio, e a membrana fica
hiperpolarizada, aproximando o potencial de membrana a -90
mV.
Por fim, os canais de K+ controlados por voltagem lentos se
fecham, e uma parte do vazamento de potássio para fora da
célula cessa. A retenção de K+ e o vazamento de Na+ para
dentro do axônio faz o potencial de membrana retornar aos
-70 mV., valor que reflete a permeabilidade da célula em
repouso ao K+ , Cl- e Na+.
Período refratário

Silverthorn, 2017
Período Refratário absoluto
Uma vez que um potencial de ação tenha iniciado, um segundo
potencial de ação não pode ser disparado durante cerca de
2ms, independentemente da intensidade do estímulo. Esse
retardo, denominado período refratário absoluto, representa
o tempo necessário para os portões do canal de Na+
retornarem à sua posição de repouso.

Como consequência, os potenciais de ação não podem se


sobrepor e não podem se propagar para trás.
Período Refratário Relativo
O período refratário relativo segue o período refratário absoluto.
Durante o período refratário relativo, alguns dos portões dos canais de
Na+ já retornaram à sua posição original.
Além disso, durante o período refratário absoluto, os canais de K+ ainda
estão abertos. Os canais de Na+ que ainda não retornaram completamente à
posição de repouso podem ser reabertos por um potencial graduado mais
intenso do que o normal.
Em outras palavras, o valor do limiar temporariamente se moveu próximo a
zero, o que requer uma despolarização mais forte para atingi-lo. Apesar
de o Na+ entrar através de canais de sódio recentemente reabertos, a
despolarização decorrente do influxo de Na+ é contrabalanceada pela perda
de K+ pelos canais de potássio que ainda estão ativados.
Como resultado, qualquer potencial de ação disparado durante o período
refratário relativo possuirá uma amplitude menor do que o normal.
Silverthorn, 2017
Silverthorn, 2017
Silverthorn, 2017
Silverthorn, 2017
Condução do Potencial de ação em Neurônios Mielinizados
Os axônios mielinizados limitam a quantidade de membrana em contato com
o líquido extracelular.
Nesses axônios, pequenas porções da membrana exposta – os nódulos de
Ranvier – alternam-se com segmentos mais longos envoltos por múltiplas
camadas de membrana (bainha de mielina).
A bainha de mielina cria uma barreira de alta resistência que impede o
fluxo de íons para fora do citoplasma.
Cada nó possui uma grande concentração de canais de Na+ dependentes de
voltagem, que se abrem com a despolarização e permitem a entrada de
sódio no axônio.
Os íons de sódio que entram em um nódulo reforçam a despolarização e
restabelecem a amplitude do potencial de ação quando ele passa de
nódulo em nódulo. O salto visível do potencial de ação que ocorre
quando ele passa de um nódulo para o outro é chamado de condução
saltatória.
Silverthorn, 2017
Sinapse: comunicação célula a Célula
Cada sinapse tem duas partes:
- Terminal axonal da célula pré-sináptica
- Membrana da célula pós-sináptica. A célula pós-sináptica
podem ser neurônios ou não.
Na maioria das sinapses entre neurônios, os terminais
axonais pré-sinápticos estão próximos dos dendritos ou do
corpo celular do neurônio pós-sináptico.
As sinapses são classificadas como químicas ou elétricas
dependendo do tipo de sinal que passa da célula
pré-sináptica à célula pós-sináptica.
Berne & Levy, 2009
Sinapse Elétrica
Transmitem um sinal elétrico, ou corrente, diretamente do citoplasma de uma
célula para outra através de poros presentes nas proteínas das junções
comunicantes.

A informação pode fluir em ambas as direções. Porém, em alguns casos, a


corrente pode fluir em apenas uma direção (uma sinapse retificadora).

As sinapses elétricas existem principalmente em neurônios do SNC.

Também são encontradas nas células da glia, em músculos cardíaco e liso e em


células não excitáveis que usam sinais elétricos, como a célula
-pancreática.

Vantagem: condução rápida e bidirecional dos sinais célula a célula para


sincronizar as atividades de uma rede celular. As junções comunicantes
também permitem que as moléculas sinalizadoras químicas se difundam entre
células vizinhas.
Kandel,2014
Sinapses Químicas
A maior parte das sinapses no SN são sinapses químicas, onde moléculas
neurócrinas transportam a informação de uma célula à outra.
O sinal elétrico da célula pré-sináptica é convertido em um sinal
neurócrino que atravessa a fenda sináptica e se liga a um receptor na sua
célula-alvo.
Os neurotransmissores e os neuromoduladores atuam como sinais parácrinos,
com as suas células-alvo localizadas perto do neurônio que as secreta.
Se uma molécula atua principalmente em uma sinapse e gera uma resposta
rápida, ela é chamada de neurotransmissor.
Os neuromoduladores agem tanto em áreas sinápticas quanto em áreas não
sinápticas e produzem ação mais lenta. Alguns neuromoduladores também agem
nas células que os secretam, tornando-os tanto sinais autócrinos quanto
sinais parácrinos.
Silverthorn, 2017
Receptores neurócrinos
Dois tipos:

- Receptores de canais dependentes de ligantes


(ionotrópicos) - ação rápida, podem ser específicos para
um único tipo de íon ou inespecíficos.
- Receptores acoplados à proteína G (metabotrópicos) - ação
mais lenta, dependente de segundo mensageiro, podem
regular a abertura de canais iônicos.
Neurotransmissores
Sete classes: acetilcolina, aminas, aminoácidos, peptídeos,
purinas, gases e lipídeos.

SNC: vários tipos de neurotransmissores.

SNP: três tipos - acetilcolina, noradrenalina e


neuro-hormônio adrenalina.
Silverthorn, 2017
Silverthorn, 2017
Síntese de neurotransmissores

A síntese pode ocorrer tanto no corpo celular quanto no


terminal axonal dependendo do tamanho e tipo de molécula.

São armazenados em vesículas, podendo ser transportadas pelo


axônio até o botão terminal em forma inativas e são ativadas
por enzimas na porção terminal do axônio.
Liberação de Neurotransmissores

(Klein, 2014)
Silverthorn, 2017
Integração de Informação Neural

Silverthorn, 2017
Silverthorn, 2017
Silverthorn, 2017
Silverthorn, 2017
Referências
Berne & Levy. Fisiologia/ editores Koeppen, B.M. & Stanton, B.A. 6ª
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
Guyton & Hall. Tratado de Fisiologia Médica. 13ª ed. Rio de Janeiro:
elsevier, 2017.
Kandel, E.R. Princípios de neurociência. 5º edição. Porto Alegre:
Artmed, 2014.
Lent, R. Cem bilhões de neurônios? Conceitos Fundamentais de
Neurociência. 2ª ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2010.
Silverthorn, D.U. Fisiologia Humana: uma abordagem integrada. 7ªed.
Porto Alegre: Artmed, 2017.

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