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GEOGRAFIA A

10.°
ANO

Sínteses de conteúdos
Arinda Rodrigues
Isabel Barata
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TEMA INICIAL

A POSIÇÃO DE PORTUGAL
NA EUROPA E NO MUNDO
SINTETIZAR

Um território

Situado no sudoeste da Europa Constituído por território continental e insular

• Posição periférica relativamente aos • Portugal Continental ocupa a faixa ocidental da península
centros europeus de maior desenvol- Ibérica, representando cerca de 1/5 do seu território, e tem
vimento. uma linha de costa com mais de 1200 km de extensão.
• Posição privilegiada no espaço atlân- • Portugal Insular:
tico, nomeadamente como encruzilha- – arquipélago dos Açores, situado a oeste de Portugal
da das rotas do Atlântico e como inter- Continental, tem uma superfície de cerca 2300 km2, dis-
locutor entre a Europa e o Mundo. tribuída por nove ilhas e por um conjunto de ilhéus;
– arquipélago da Madeira, situado a sudoeste de Portugal
Continental, possui uma superfície de aproximadamente
800 km2, distribuídos por duas ilhas e por dois conjuntos
de ilhéus.

Organizado administrativamente

• Duas Regiões Autónomas, os Açores e a Madeira, subdivididas em concelhos e estes em freguesias.


• Dezoito distritos, no continente, também subdivididos em concelhos e estes em freguesias.
• Uma divisão regional e sub-regional definida pela União Europeia – as NUTS de nível II e III.
• Outras divisões, de acordo com diferentes organismos públicos.

Um espaço de relação

No contexto europeu No contexto mundial

• Adesão de Portugal à CEE, em 1986. • Posição geográfica – elemento estratégico que


• UE – comunidade fundada em 1957 (CEE), por seis pode ser aproveitado para afirmação do nosso
países, que atualmente é constituída por vinte país na cena mundial.
oito. • Participação nas mais importantes organizações
• Participação na construção do Mercado Comum, mundiais.
um dos primeiros objetivos da UE, ou seja, a cria- • Difusão da língua e da cultura portuguesas
ção de um espaço onde haja total liberdade de cir- motivada pela colonização e pela emigração.
culação de pessoas, bens, serviços e capitais. • Presença de comunidades portuguesas ou de
• Adoção da moeda única em 2002 – o euro. origem portuguesa em muitos países do Mundo,
• Assinatura dos acordos de Schengen que torna- destacando-se a França e o Brasil.
ram possível a livre circulação de cidadãos dos • Participação na Comunidade dos Países de Lín-
países signatários. gua Portuguesa (CPLP).
TEMA I

A POPULAÇÃO UTILIZADORA DE
RECURSOS E ORGANIZADORA
DE ESPAÇOS

A POPULAÇÃO: EVOLUÇÃO
E CONTRASTES REGIONAIS
SINTETIZAR

Evolução demográfica

Evolução recente Desigualdades regionais

• Desde meados do século XX, a população • A nível regional (NUTS II), o comportamento demográfico tem
portuguesa teve uma evolução irregular. apresentado diferenças significativas.
• Na década de 60, para além de uma re- • As Regiões Autónomas apresentam os valores mais elevados
dução da taxa de crescimento natural, da taxa de natalidade, enquanto o Alentejo regista os valo-
devido à diminuição da taxa de natali- res mais baixos.
dade, assistiu-se a um saldo migratório • A taxa de mortalidade é mais elevada no Alentejo, Algarve e
negativo, em consequência da intensa Centro, o que se deve ao peso da população idosa.
emigração em direção a alguns países da
• A taxa de mortalidade infantil tem vindo a diminuir devido,
Europa Ocidental.
entre outras razões, à melhoria da assistência médica materna
• Na década de 70, o saldo migratório e infantil.
foi bastante positivo devido à diminui-
• Os movimentos migratórios, quer internos quer externos, con-
ção da emigração e ao retorno de muitos
tribuíram para acentuar as desigualdades a nível regional.
portugueses das ex-colónias.
• O êxodo rural e a emigração influenciaram as características
• Mais recentemente, a quebra da emi- demográficas regionais, em particular no interior.
gração e o aumento da imigração per-
mitiram um acréscimo populacional. • A imigração tem influenciado sobretudo as regiões de maior
fixação – Lisboa e Algarve.

Estrutura etária
• A evolução das características demográficas reflete- de parte ao prolongamento da esperança média
-se na estrutura etária da população. de vida.
• Constata-se um duplo envelhecimento da estrutu- • O progressivo envelhecimento da população portu-
ra etária da população portuguesa, pela redução da guesa constata-se pelo acentuado aumento do ín-
proporção de jovens e pelo aumento da de idosos. dice de envelhecimento, que relaciona a população
• A redução da proporção de jovens deve-se à dimi- idosa com a população jovem.
nuição da natalidade e do índice sintético de fe- • Existem contrastes regionais no índice de envelhe-
cundidade, que já é inferior ao índice de renovação cimento, associados às diferenças na estrutura etá-
de gerações. ria. As regiões com maior índice de envelhecimen-
• A generalização do planeamento familiar, o aumento to são as do interior e as que apresentam menores
da taxa de atividade feminina, o adiamento do casa- valores são as do litoral e as Regiões Autónomas.
mento e do nascimento do primeiro filho são, entre • O envelhecimento da população é uma das con-
outros, alguns fatores que explicam o declínio da sequências dos comportamentos demográficos, in-
fecundidade. fluenciando também as diferenças regionais das
• O aumento da proporção de idosos deve-se em gran- taxas de natalidade e de mortalidade.
A população: evolução e contrastes regionais

Estrutura ativa e qualificação

Estrutura da população ativa e do emprego Níveis de escolaridade e qualificação

• A taxa de atividade tem vindo a aumentar devido à cres- • Em Portugal, a taxa de analfabetismo di-
cente participação da mulher no mundo do trabalho e ao minuiu bastante, mas persistem ainda al-
aumento da imigração, nos últimos anos. gumas desigualdades regionais.
• A importância relativa de cada setor de atividade eco- • Nas últimas décadas deu-se um aumento da
nómica no emprego tem-se alterado. taxa de alfabetização, reduzindo-se a desi-
• O emprego no setor primário tem vindo a diminuir, devi- gualdade de género.
do à crescente mecanização e modernização da agricultura • O número médio de anos de escolaridade da
e consequente êxodo rural. população portuguesa aumentou. Apesar dis-
• O setor secundário tem também perdido importância, en- so, grande parte da população ativa apenas
tre outras razões, devido ao desenvolvimento tecnológico e completou o ensino básico obrigatório.
à modernização industrial. • A formação escolar deve ser complemen-
• O setor terciário tem crescido continuamente e é aquele que tada por outros tipos de formação, preferen-
emprega mais população a nível nacional e regional. cialmente profissional e de forma contínua.
• O setor primário tem maior relevância no Centro e o se- • Os níveis de escolaridade mais altos favore-
cundário no Norte. O terciário domina em todas as re- cem a aprendizagem ao longo da vida, a
giões do país, sobretudo Lisboa, Algarve e Madeira. modernização e a inovação.

Problemas e possíveis soluções


• O envelhecimento demográfico, decorrente da di- • A taxa de desemprego em Portugal tem aumentado,
minuição da taxa de fecundidade e do aumento da situando-se, em 2012, acima da média da UE.
esperança média de vida, conduz a problemas socioe- • Os grupos com maior dificuldade de inserção no
conómicos resultantes, principalmente, do acréscimo mercado de trabalho são os mais jovens e os menos
das despesas com a população idosa e da diminuição qualificados.
das receitas dos contribuintes, devido à redução da
população ativa. • Outros problemas são o desemprego de longa dura-
ção, o emprego temporário e o subemprego.
• A importância relativa dos grupos etários de jovens e
idosos face à população em idade ativa permite ava- • O rejuvenescimento da população passa pelo incen-
liar o grau de dependência total e de dependência tivo à natalidade (com medidas como o aumento dos
de jovens e idosos. abonos de família, redução de impostos, alargamento
do período de licença de parto e o desenvolvimento
• A repartição regional dos índices de dependência
confirma as assimetrias demográficas. As regiões de serviços de apoio à conciliação entre a vida familiar
com maior índice de dependência total poderão ter e profissional) e por políticas de imigração que garan-
mais dificuldade em produzir e obter riqueza suficien- tam saldos migratórios positivos.
te para todos, o que se reflete negativamente no ín- • A valorização da população ativa passa pela eleva-
dice de sustentabilidade potencial, que relaciona a ção dos níveis de escolaridade e qualificação e pela
população ativa e idosa. melhor articulação entre o ensino e as empresas.
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TEMA I

A POPULAÇÃO UTILIZADORA
DE RECURSOS E ORGANIZADORA
DE ESPAÇOS

A DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO
SINTETIZAR

Assimetrias regionais

As tendências Os fatores

• A distribuição da população portuguesa revela de- • O relevo, o clima e a fertilidade dos


sequilíbrios. solos são alguns dos fatores natu-
• As áreas de maior concentração populacional são rais que ajudam a explicar os con-
as do litoral a norte do Sado e do litoral algarvio, a trastes na distribuição da popula-
parte ocidental da ilha de São Miguel e a vertente sul ção portuguesa.
da Madeira.
• São os fatores humanos aqueles
• As áreas de menor densidade populacional são as
que exercem, atualmente, maior in-
do interior, do litoral ocidental a sul do rio Sado e a
fluência na repartição da população
maioria das ilhas dos Açores.
pelo território.
• A distribuição da população no território do conti-
nente revela duas tendências principais: • A atração urbana, a localização
• a litoralização, que é a concentração da popula- da indústria e das atividades ter-
ção ao longo da faixa litoral, acompanhada da per- ciárias, a existência de boas vias
da progressiva de população nas áreas do interior; de comunicação e os movimentos
• a bipolarização, que consiste na concentração migratórios são os principais fato-
populacional em torno de dois grandes polos, Lis- res humanos que influenciam a dis-
boa e Porto. tribuição da população portuguesa.

Problemas e soluções

Os problemas Possíveis soluções

• Tanto a forte pressão demográfica so- • O ordenamento do território é fundamental para evitar e
bre o litoral como o despovoamento do ultrapassar os problemas resultantes da má ocupação do es-
interior levantam problemas e produ- paço e para melhorar a qualidade de vida da população.
zem custos económicos, sociais e am- • As soluções passam ainda pela promoção do desenvolvi-
bientais. mento do interior do país. O planeamento, a diferentes es-
• No litoral: desordenamento do território; calas, tem um papel importante na previsão de ações que
sobrelotação dos equipamentos e das conduzam:
infraestruturas; degradação ambiental e – à efetiva melhoria das acessibilidades;
desqualificação social e humana. – à criação dos serviços essenciais de apoio à população;
• No interior: envelhecimento da popula- – ao desenvolvimento de atividades económicas gerado-
ção; despovoamento de aldeias; falta de ras de emprego;
mão de obra; degradação do património – à qualificação da mão de obra;
edificado e da paisagem natural; fraca – à concessão de benefícios e incentivos a empresas e a
oferta de bens e serviços. profissionais qualificados para que se instalem no interior.
TEMA II

OS RECURSOS NATURAIS DE QUE


A POPULAÇÃO DISPÕE: USOS, LIMITES
E POTENCIALIDADES

OS RECURSOS DO SUBSOLO
SINTETIZAR

Diversidade

Localização das principais jazidas A exploração dos principais recursos

• Os recursos minerais dividem-se em mine- • A indústria extrativa portuguesa tem registado cresci-
rais metálicos e minerais não-metálicos. mento, destacando-se o Alentejo com maior valor de
De acordo com a sua aplicação, classificam- produção e maior valor acrescentado, devido às impor-
-se em minérios metálicos, minerais para tantes jazidas de minerais metálicos e de rochas orna-
construção, minerais industriais e águas. mentais.
• A abundância e a diversidade de recursos mi- • Os minerais para construção e os minérios metálicos
nerais do subsolo dependem das caracterís- representam a maior fatia do valor da produção da indús-
ticas geomorfológicas do território. tria extrativa, destacando-se o cobre como a principal
• No Maciço Hespérico, dominam granitos e substância produzida e a mais importante no conjunto
xistos, encontrando-se aí o maior número de das exportações do setor.
jazidas de minérios metálicos, de rochas • O aumento da procura de minérios metálicos, associado
ornamentais e a maioria das nascentes de ao seu valor crescente no mercado, justifica o recente
águas minerais. incremento da atividade no nosso país.
• Nas orlas sedimentares predominam as ja- • Entre os minerais para construção com maior volume de
zidas de minerais para construção civil e produção destacam-se os agregados. No entanto, as ro-
minerais industriais. chas ornamentais têm maior importância socioeconó-
• Nas bacias do Tejo e do Sado dominam as mica pelo emprego que geram e pelo valor da produção.
rochas sedimentares como calcário, areias, • Os recursos hidrominerais, aproveitados para engarrafa-
argila e arenitos destinados à construção ci- mento e pela atividade termal, são abundantes e variados,
vil e à indústria. com maior número de ocorrências no Norte e Centro, em
• Nas Regiões Autónomas, de origem vulcâni- áreas do Maciço Hespérico.
ca, são exploradas principalmente as rochas • O subsetor de águas minerais e de nascente tem au-
ornamentais basálticas e a pedra-pomes. mentado, tanto na produção como na exportação.

Recursos energéticos
• Em Portugal, não existe exploração de combustíveis • Portugal tem aumentado a produção de energia
fósseis e o subsolo é pobre em minérios energéticos. elétrica a partir de fontes renováveis, situando-se
• Grande parte da energia consumida em Portugal em quinto lugar na UE. Destaca-se o significativo
provém de combustíveis fósseis, importados na sua aumento da utilização de energia eólica.
totalidade, criando uma forte dependência externa • A energia geotérmica é aproveitada nos Açores,
com custos elevados para o país. onde tem relevância na energia elétrica produzida.
• O petróleo é a principal fonte de energia primária e • O consumo de energia tem vindo a aumentar, sendo
é importado, principalmente, de Angola e da Arábia os transportes o setor maior consumidor.
Saudita; grande parte do carvão provém da Colôm- • O consumo de energia é maior nas regiões do lito-
bia e dos EUA; o gás natural, da Nigéria e da Argélia. ral, evidenciando as assimetrias regionais relativas
A construção do terminal de gás liquefeito no porto de à distribuição da população e das atividades econó-
Sines permitiu diversificar os países abastecedores. micas.
Os recursos do subsolo

Problemas

Na exploração e colocação no mercado Degradação ambiental

• Para além das características geomorfo- • Degradação ambiental e paisagística, tanto


lógicas, existem fatores que influenciam a durante o período de funcionamento como após
produção de recursos do subsolo, nomea- o encerramento das explorações.
damente a localização das jazidas, os cus- • Contaminação de solos e águas e poluição
tos de produção, a qualidade dos próprios atmosférica, que colocam em risco o equilí-
recursos e a concorrência no mercado in- brio ambiental, mas também, em muitos ca-
ternacional. sos, a saúde pública.
• Todos estes fatores, em Portugal, apresen-
tam-se como condicionantes do aproveita-
mento dos recursos do subsolo, sobretudo
Consumo de energia
dos minérios metálicos, uma vez que parte
significativa das jazidas se localiza em áreas
de relevo acidentado e a grande profundi- • Contaminação ambiental e problemas de segurança,
dade, o que dificulta o acesso e eleva os agravados pelos desperdícios de energia, devido à falta ou
custos de produção. ao não cumprimento de regras de otimização do consumo,
• Os custos de produção são também agra- tanto a nível doméstico como das atividades económicas.
vados pelas despesas com a mão de obra • Dependência externa em relação ao abastecimento
(salários, segurança, saúde), mais elevadas energético que, além dos custos económicos que acar-
em Portugal do que nos países que, a nível reta, coloca Portugal numa situação de vulnerabilidade
mundial, têm maior peso no mercado, tor- comum ao restante espaço comunitário, pois a UE possui
nando difícil a competitividade dos miné- poucos recursos energéticos e é o segundo maior consu-
rios portugueses. midor a nível mundial.

Valorização
• Procura de soluções para os principais problemas do extrativa e a preservação ambiental, nomeadamen-
setor, nomeadamente no que se refere à criação de te a reabilitação e a requalificação das minas aban-
infraestruturas e à modernização da tecnologia, de donadas.
modo a aumentar a viabilidade económica da explo- • Utilização mais eficiente da energia e diversifi-
ração de jazidas não exploradas ou subaproveitadas. cação das fontes, de modo a reduzir os custos e a
• Mobilização de meios políticos, financeiros, científi- vulnerabilidade que a dependência energética traz a
cos e tecnológicos para a inventariação e localiza- Portugal.
ção de recursos ainda não conhecidos/aproveitados. • Promoção dos recursos explorados nos mercados
• Realização de estudos e definição de medidas que interno e externo.
levem a uma relação de equilíbrio entre a indústria
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TEMA II

OS RECURSOS NATURAIS DE QUE


A POPULAÇÃO DISPÕE: USOS, LIMITES
E POTENCIALIDADES

A RADIAÇÃO SOLAR
SINTETIZAR

Variabilidade

Fatores gerais em Portugal


• Depende das condições da atmosfera e do ân- • A quantidade de radiação solar é maior duran-
gulo de incidência dos raios solares sobre os te o verão, quando os raios solares incidem com
diversos lugares da Terra. menor inclinação na latitude a que se encontra, e
• Latitude, pois a inclinação dos raios solares é quando os dias são maiores.
menor nas regiões intertropicais, que recebem • A radiação solar global que atinge o território
maior quantidade de radiação solar, e é maior continental aumenta, em geral, de noroeste para
nas regiões mais afastadas do equador, que re- sudeste. A latitude explica, em grande parte, a
cebem menor quantidade de radiação solar. incidência de maior quantidade de radiação sobre
• Estação do ano, pois o movimento de transla- as regiões do sul. A nebulosidade explica o facto
ção da Terra faz variar, ao longo do ano, o ân- de as regiões do litoral, sobretudo a norte do Tejo,
gulo de incidência dos raios solares e a duração receberem menos quantidade de radiação solar.
dos dias e das noites. • A insolação é menor no norte e no litoral oeste,
nas áreas de maior altitude e nas vertentes viradas
a norte – encostas umbrias.

A temperatura Valorização

• A variação anual da temperatura do ar em Portugal depende da va- • A radiação global média anual,
riabilidade da radiação solar que incide sobre o território. em Portugal, é superior à média
• A variação espacial da temperatura do ar tem também relação com europeia.
a distribuição da radiação solar no território. • A conjugação de temperaturas
• A variação da temperatura é ainda influenciada pela: amenas e de elevados valores
– latitude: Portugal caracteriza-se por temperaturas amenas, que de insolação permitem a valo-
decorrem da sua posição geográfica, na faixa inferior da zona tem- rização económica do clima,
perada do norte; existe uma diferenciação entre as regiões locali- através do turismo e do apro-
zadas mais a norte, com temperaturas médias mais baixas, e as do veitamento da energia solar.
sul, com temperaturas médias mais elevadas. • A produção de eletricidade a
– altitude: as áreas de maior altitude registam temperaturas mais partir da energia solar encon-
baixas do que as regiões circundantes. tra-se ainda muito dependente
da variação da radiação solar.
– topografia: os acidentes do terreno exercem, a nível local, altera-
ções da temperatura; a disposição dos relevos mais elevados pode • Com a tecnologia atual, a uti-
favorecer ou dificultar a circulação das massas de ar. lização da energia solar para
– proximidade ou afastamento em relação ao oceano Atlântico: produção de eletricidade exi-
as regiões do litoral ocidental beneficiam do efeito moderador do ge grandes investimentos em
oceano, pelo que têm uma amplitude da variação térmica anual mais espaço e capital, bem como a
baixa. Esta é mais acentuada nas áreas do interior, que são influen- proximidade dos centros a
ciadas pelos ventos provenientes do interior da península Ibérica. abastecer.
TEMA II

OS RECURSOS NATURAIS DE QUE


A POPULAÇÃO DISPÕE: USOS, LIMITES
E POTENCIALIDADES

OS RECURSOS HÍDRICOS
SINTETIZAR

A água: suporte de vida

Principais utilizações Distribuição

• A água cobre quase três quartos da su- • O ciclo hidrológico garante a distribuição da água à
perfície terrestre e é indispensável à superfície terrestre sem que o seu volume total se
vida de todos os ecossistemas. altere.
• A vida humana esteve sempre dependen- • A atmosfera, pela sua capacidade de absorção, trans-
te da água. A maioria das atividades hu- porte e libertação da água, é um elemento fundamen-
manas, de um modo ou de outro, utiliza a tal nas transferências de água entre os oceanos e os
água, sendo a agricultura que, no mundo continentes.
e em Portugal, consome maior quantidade. • A capacidade que o ar tem de absorver e reter humida-
• Em Portugal, o consumo de água tem de depende da sua temperatura, pelo que, geralmente,
vindo a crescer, mas as necessidades o arrefecimento do ar leva à condensação do vapor
previstas são superiores, pelo que o con- de água e à ocorrência de precipitação.
sumo vai continuar a aumentar.

O clima em Portugal

Fatores Precipitação Diferenciação regional

• O território português encontra- se • A precipitação é um dos prin- • Os estados do tempo mais frequentes
sob a influência: cipais elementos que permite em Portugal variam consoante a épo-
– das baixas pressões subpolares; caracterizar um clima: ca do ano, podendo distinguir-se três
– das altas pressões subtropi- – em Portugal, a precipitação conjuntos climáticos:
cais, principalmente o anticiclo- ocorre por influência dos cen- – clima temperado mediterrânico de
ne dos Açores; tros de baixas pressões asso- influência atlântica, mais chuvoso
– das massas de ar frio polar e ciados à frente polar (chuvas e predominante no norte litoral;
tropical quente; frontais), do relevo (chuvas – clima temperado mediterrânico de
– dos ventos dominantes de oeste; orográficas) e dos centros de influência continental, mais seco
baixas pressões formados so- e de maior amplitude térmica, no
– dos centros de pressão forma-
bre a península Ibérica (chu- norte interior;
dos sobre o continente euro-
vas convectivas); – clima temperado mediterrânico,
peu e a península Ibérica.
– a distribuição anual da preci- em todo o sul do país.
• A influência destes fatores varia
pitação é irregular, verifican- • Nas Regiões Autónomas, a influên-
consoante a época do ano, devido
do-se um período seco esti- cia atlântica é mais forte nos Aço-
à deslocação em latitude das
val, de maior duração no sul; res, acentuando-se as caracterís-
massas de ar e centros de pressão.
– a irregularidade interanual ticas mediterrânicas na Madeira,
• O relevo é outro fator de diferen-
é também acentuada. sobretudo na ilha de Porto Santo.
ciação climática, no nosso país.
Os recursos hídricos

As disponibilidades hídricas

Águas superficiais Águas subterrâneas

• A rede hidrográfica portuguesa apresenta contrastes en- • As águas subterrâneas circulam no subso-
tre o norte e o sul do país, tanto no perfil longitudinal dos lo e, em determinadas áreas, acumulam-
rios como nos caudais e na sua variação ao longo do ano. -se em aquíferos.
• No norte, de um modo geral, os caudais são mais abun- • As formações rochosas mais permeáveis
dantes e apresentam escoamento todo o ano. permitem maior infiltração da água e a
• No sul, os caudais, menos abundantes, apresentam um formação de aquíferos mais importantes.
regime mais irregular, chegando alguns cursos de água • Em Portugal Continental, os aquíferos mais
a secar no verão. importantes localizam-se nas bacias do
• Nas Regiões Autónomas, as ribeiras são também de re- Tejo e Sado e nas orlas sedimentares.
gime irregular. • As águas subterrâneas são uma das fontes
• Em Portugal Continental foram definidas 15 bacias hi- de abastecimento de água em Portugal,
drográficas, sendo cinco luso-espanholas: Minho, Lima, pelo que a conservação e proteção dos
Douro, Tejo e Guadiana. aquíferos é muito importante.
• Foram construídas numerosas barragens e albufeiras, • A exploração de águas minerais e termais
que permitem armazenar a água e contribuem para regu- é outra forma de aproveitamento das águas
larizar o caudal dos rios. subterrâneas.

A gestão da água

Planeamento
Principais problemas Soluções possíveis
dos recursos hídricos

• A crescente utilização da água tem • Alargar as redes de dis- • A gestão dos recursos hídricos
conduzido a problemas como: tribuição da água, de dre- implica um planeamento cui-
– poluição dos meios hídricos; nagem e tratamento das dadoso e uma coordenação de
– eutrofização das águas; águas residuais e de con- esforços a nível local, nacional e
– salinização de aquíferos; trolo da qualidade das internacional.
– desflorestação que aumenta a
águas. • O planeamento permite um me-
escorrência superficial, compro- • Aumentar a capacidade de lhor conhecimento dos recursos
metendo a recarga dos aquíferos; armazenamento da água. existentes, o seu melhor aprovei-
– dificuldade em servir a popula- • Aumentar a eficiência da tamento e a sua proteção.
ção através das redes públicas utilização da água. • A gestão dos recursos hídricos
de distribuição, drenagem e tra- • Planear a utilização dos em Portugal enquadra-se na po-
tamento de águas residuais. recursos hídricos. lítica comunitária e exige a coo-
peração com Espanha.
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TEMA II

OS RECURSOS NATURAIS DE QUE


A POPULAÇÃO DISPÕE: USOS, LIMITES
E POTENCIALIDADES

OS RECURSOS MARÍTIMOS
SINTETIZAR

Potencialidades do litoral
A linha de costa portuguesa Os seus principais acidentes

• Portugal tem uma extensa linha de costa, pelo que o mar • A linha de costa portuguesa é bastante
desempenhou sempre um papel significativo na sua eco- linear e pouco recortada. Individualiza-
nomia, sobretudo para as comunidades costeiras. -se pelas suas características muito pró-
• O tipo de costa, alta ou baixa, depende das caracte- prias, os acidentes do litoral: rias de
rísticas das formações rochosas que se encontram Aveiro e de Faro, concha de São Mar-
em contacto com o mar e da intensidade da erosão tinho do Porto, tômbolo de Peniche,
marinha. estuários do Tejo e do Sado, além de
diversos cabos.
• A ação erosiva do mar é mais intensa sobre as arribas,
conduzindo ao seu progressivo recuo. • Os cabos constituem proteções natu-
rais para a instalação de portos marí-
• Da ação erosiva do mar, muitas vezes, resulta a acumu-
timos, protegendo-os dos ventos e das
lação de areias e seixos, que pode provocar o assorea-
correntes marítimas superficiais.
mento da parte terminal dos rios e de algumas reentrân-
cias da costa.

E as suas potencialidades

• A abundância de peixe depende das condições de temperatura, iluminação, salinidade e oxigenação das águas.
Estas são mais favoráveis na plataforma continental, nas áreas de confluência de correntes marítimas e nas
zonas de upwelling.
• A plataforma continental portuguesa é muito mais estreita do que na maioria dos países costeiros da Europa
Ocidental. No entanto, as correntes marítimas que atingem a nossa costa, sobretudo a corrente de Portugal,
e o fenómeno do upwelling, que ocorre no verão, permitem a existência de pescado com alguma abundância.
• A zona económica exclusiva (ZEE) portuguesa é a maior da União Europeia e uma das maiores do mundo, o
que permite a exploração de outros recursos, para além dos que já são explorados pelas atividades tradicionais.

Gestão do litoral e do espaço marítimo


Problemas

• A sobre-exploração dos recursos piscícolas é um dos principais problemas com que se debate o setor da
pesca, conduzindo à redução dos stocks e à dificuldade de recuperação das espécies.
• A poluição das águas costeiras é outro dos problemas que afetam a nossa costa, ao largo da qual existem
corredores marítimos com uma grande intensidade de tráfego.
• A degradação do litoral português resulta de vários fatores, naturais e humanos, como a diminuição da quan-
tidade de sedimentos que atingem a costa, a pressão humana sobre as dunas, a construção sobre as arribas e
a subida do nível médio das águas do mar, entre outros.
Os recursos marítimos

Atividade piscatória
• Os condicionalismos naturais dificultam a ativida- dernização da frota e das infraestruturas portuárias,
de piscatória e conduziram à procura de pesqueiros permitindo a sua modernização.
externos, através de acordos estabelecidos, no âm- • A aquicultura, com um papel crescente no nosso
bito da União Europeia, com Países Terceiros. país, constitui uma alternativa à pesca, pois permite
• A frota de pesca portuguesa subdivide-se em três diminuir a pressão sobre os recursos piscícolas ma-
grandes grupos (local, costeira e de largo), depen- rinhos, a recuperação dos stocks e a reprodução de
dendo do local onde opera e das características das espécies em vias de extinção para repovoamento dos
embarcações. Nos últimos anos, tem-se verifica- habitats naturais.
do uma diminuição no número de embarcações, de • A indústria dos produtos da pesca e aquicultura
acordo com as diretivas da Política Comum da Pesca (conservas e semiconservas, congelados e salga e
e devido à sua reestruturação. secagem) tem evidenciado uma tendência de cresci-
• A redução da atividade nos pesqueiros externos tem mento, sobretudo no domínio dos congelados. Pela
levado à intensificação da exploração dos recur- tendência de redução das capturas nacionais, uma
sos em águas costeiras, o que leva à diminuição dos boa parte da matéria-prima que utiliza é importada.
stocks. • A balança comercial da indústria dos produtos da
• A mão de obra empregada na pesca é relativamen- pesca é negativa, uma vez que a produção nacional
te envelhecida e pouco qualificada. A implementação não consegue satisfazer as necessidades do mercado
de centros de formação nos principais portos do país interno.
tem em vista a qualificação dos profissionais da pes- • Para aumentar a produtividade da pesca é neces-
ca, mas tem tido pouca adesão por parte dos profis- sário promover o desenvolvimento do setor, pela
sionais no ativo. modernização e reestruturação da frota, rejuvenes-
• Os apoios comunitários no âmbito da Política Co- cimento e qualificação dos ativos na pesca e pelo au-
mum da Pesca têm-se revelado importantes na mo- mento e diversificação da produção aquícola.

Gestão do litoral e do espaço marítimo


Possíveis soluções

• A investigação no domínio da gestão dos recur- • A gestão do mar e da orla costeira deve ser feita
sos é um elemento importante para fazer a avalia- de forma integrada de acordo com os diversos ins-
ção do seu estado, do impacte das tecnologias da trumentos da sua implementação, de que se des-
pesca e do ordenamento da pesca litoral. tacam: os POOC, o POEM, o PAPVL, a ENGIZC.
• A implementação de medidas de proteção das • A produção de energias renováveis, a partir das
espécies, como a definição de quotas de pesca e ondas e das marés ou dos ventos, constitui uma
de restrições às capturas, deverá contribuir para a das potencialidades do mar e das regiões costeiras
estabilização e renovação dos stocks. que pode ser mais valorizada.
• O reforço da capacidade de vigilância da ZEE é • O mar, como fonte de recursos, poderá ser mais
fundamental para garantir a preservação dos re- valorizado através da exploração de hidrocarbone-
cursos marítimos, assim como a dotação dos meios tos e minerais, bem como do desenvolvimento de
necessários. atividades turísticas e desportivas alternativas ao
turismo de sol e praia.

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