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Introdução ................................................................................................................................... 5
Capítulo 1 - ................................................................................................................................. 6
1.2.1.Agressividade ..................................................................................................... 12
1.2.2.Agitação ................................................................................................................ 13
1.2.3.Conflito.................................................................................................................. 14
Capítulo 2 - ............................................................................................................................... 20
2.2.Outras linguagens..................................................................................................... 22
Capítulo 3 - ............................................................................................................................... 25
Bibliografia ................................................................................................................................ 45
3.30 - Formação de Profissionais do Setor da Saúde
POISE–03–4538–FSE–000556
Objetivos
• Identificar possíveis estratégias para ultrapassar as barreiras na comunicação e interação
com utente.
• Identificar mitos e crenças comuns nas populações migrantes e minorias étnicas em Portugal.
• Identificar os aspetos de natureza cultural, de género e de vulnerabilidade que podem con-
sistir obstáculo à comunicação e à interação.
• Explicar que as tarefas que se integram no âmbito de intervenção do/a Técnico/a Auxiliar de
Saúde terão de ser sempre executadas com orientação e supervisão de um profissional de
saúde.
• Identificar as tarefas que têm de ser executadas sob supervisão direta do profissional de
saúde e aquelas que podem ser executadas sozinho.
• Aplicar técnicas de comunicação na interação com o utente, cuidador e/ou família com alte-
rações de comportamento ou alterações ou perturbações mentais.
• Aplicar técnicas de comunicação na interação com utentes com alterações sensoriais.
• Explicar a importância de comunicar de forma clara, precisa e assertiva.
• Explicar a importância de demonstrar interesse e disponibilidade na interação com utentes,
familiares e/ou cuidadores.
• Explicar a importância de manter autocontrolo em situações críticas e de limite.
• Explicar o dever de agir em função das orientações do Profissional de saúde.
• Explicar o impacte das suas ações na interação e bem-estar emocional de terceiros.
• Explicar a importância de respeitar os princípios de ética no desempenho das suas funções
de Técnico/a Auxiliar de Saúde.
• Explicar a importância de adequar a sua ação profissional a diferentes públicos e culturas.
• Explicar a importância de adequar a sua ação profissional a diferentes contextos institucionais
no âmbito dos cuidados de saúde.
• Explicar a importância da cultura no agir profissional.
Conteúdos programáticos
Introdução
O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de formação de curta dura-
ção nº 6560 – Comunicação na interação com o utente, cuidador e/ ou família, de acordo
com o Catálogo Nacional de Qualificações.
Capítulo 1 -
1.A comunicação na interação com o utente, cuidador e/ou família
A Relação de ajuda é uma relação particularmente significativa que se instaura entre ajudado, isto
é, uma pessoa que passa pela experiência dum problema, dum sofrimento e que sente dificuldade
em enfrentar sozinha e em encontrar os meios de os aceitar, de se adaptar ou sair destes, e um
ajudante, na ocorrência um técnico/a de saúde, que em dado momento o ajuda a encará-los e a
encontrar em si próprio recursos necessários para lhe fazer face.
É uma troca, tanto verbal como não-verbal que permite criar o clima de que a pessoa tem necessi-
dade para reencontrar a sua coragem, tornar-se autónoma e evoluir para um melhor bem-estar
físico ou psicológico.
Assim, a relação de ajuda deixou de estar focalizada apenas no doente e passou a abranger qualquer
utilizador dos cuidados de saúde, a sua família e os amigos, contribuindo para a personalização dos
cuidados, exigindo criatividade, sensibilidade e um desejo profundo de partilhar sentimentos e de
comunicar de uma forma individual e única.
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Uma função importante da comunicação é transmitir mensagens de uma pessoa para a outra. Con-
tudo, podemos realçar uma outra função fundamental relativa à comunicação em saúde: o estabe-
lecimento de relacionamento significativo com o doente, que é uma das principais funções da co-
municação nos cuidados de saúde.
É por este meio que o profissional acolhe o doente, pesquisa dados fidedignos sobre ele, a sua
doença, as suas necessidades, sentimentos e pensamentos e oferece elementos para que ele de-
senvolva a sua capacidade de autocuidado e para a satisfação das suas necessidades.
As competências dos técnicos de saúde em comunicação interpessoal e ajuda são uma componente
fundamental do seu papel e pré-requisitos essenciais para cuidados de qualidade. A comunicação é
essencial para o estabelecimento de um relacionamento técnico/doente adequado.
Podemos identificar as expectativas dos doentes relativamente aos profissionais de saúde, no que
respeita á comunicação, como sendo as seguintes:
• Ter amabilidade de se apresentar;
• Explicar-lhes os tratamentos e dizer-lhes se obtiveram resultados;
• Despender o tempo que for preciso para falar com eles e se necessário dar-lhes explicações;
• Mostrar-se conscienciosos e abertos às suas perguntas;
• Informá-los todos os dias dos cuidados programados;
• Mostrar coerência quando se trata de os informar;
• Responder aos seus chamamentos e aos seus pedidos dentro de um período razoável;
• Assumir a continuidade dos cuidados;
• Informá-los sobre as consequências da doença que os afeta;
• Transmitir aos outros membros de equipa de cuidados a informação que receberam dos
doentes;
• Responder às suas perguntas e satisfazer as suas necessidades, mas também saber prevê-
las;
• Dar-lhes a sensação de que são realmente escutados e interessar-se pelos seus problemas
e suas preocupações;
• Dizer-lhes claramente aquilo que têm ou não direito a espera.
O técnico de saúde, ao conviver com o doente por mais tempo que outros profissionais, principal-
mente quando se trata de uma doença crónica que exige um cuidado mais prolongado, ambos
experimentam um conjunto de fenómenos, sentimentos, pensamentos e reações que podem inter-
ferir beneficamente no processo de comunicação. Entre eles estão a empatia, o respeito mútuo e a
confiança.
A empatia é muitas vezes confundida com a identificação e simpatia. Para que a interação com o
doente se torne terapêutica o profissional tem de tentar perceber a experiência do outro, como este
a vivencia, estando sempre atento para não perder o seu papel de profissional ou mesmo a sua
identidade.
Quando esta perceção do mundo do outro acontece pode-se dizer que está presente a empatia. A
empatia e o envolvimento emocional são fundamentais para que o profissional compreenda o mundo
do outro. Somente assim ele pode oferecer um cuidado individualizado, respeitando as crenças, os
valores e a cultura do doente.
O respeito pela pessoa é denominado de aceitação positiva incondicional. Isto significa aceitar os
outros por aquilo que são e não pela maneira como se comportam ou características especiais que
possuem. Esta atitude é possível quando existe respeito pelas capacidades e potencialidades do
outro. Significa aceitá-lo com os seus sentimentos, emoções e raciocínios adequados ao seu ritmo
de mudança.
Uma capacidade ligada à empatia é a escuta ativa. Podemos escutar passiva ou ativamente, que ao
praticarmos escuta passiva não integramos a articulação dos sentimentos do outro, faltando a con-
vicção e a tranquilização da escuta ativa.
Pelo exposto, podemos afirmar que, no desenvolvimento do processo terapêutico existem técnicas
de comunicação terapêutica que facilitam a interação técnico/doente. Ao utilizá-las o técnico deve
considerar cada uma delas particularmente para cada situação específica.
Escuta
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Capacidade em demonstrar, pela comunicação não-verbal, o seu interesse pelo doente, enquanto
observa as reações deste face às mensagens recebidas.
Silêncio
Orientação
Instruções/orientações dadas ao doente com o intuito deste saber o que se espera dele.
Comentários abertos
Redução da distância
Entre técnico e doente transmitindo a mensagem de que o técnico quer estar próximo do doente.
Consideração
Recapitulação
Reflexão
Remeter ao doente as suas próprias ideias, sentimentos, questões e conteúdo, com o intuito deste
reconhecer a importância das mesmas.
Clarificação
Validação consensual
Focalização
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Síntese
Revisão através da qual é feita uma constatação dos principais temas discutidos durante a interação.
Planificação,
No grupo de expressão, estão implícitas estratégias que estimulam ou facilitam a expressão verbal
de pensamentos e sentimentos sobre a experiência que os desencadeou, e são fundamentais na
descrição da própria experiência.
Algumas técnicas deste grupo são ouvir reflexivamente, usar terapeuticamente o silêncio, verbalizar
a aceitação e interesse, usar frases com sentido aberto, permitir ao doente que escolha o assunto,
verbalizar dúvidas e usar terapeuticamente o humor.
Algumas destas técnicas, reportam-se a: estimular comparações, solicitar ao doente que esclareça
termos incomuns e que precise o agente de ação e descrever os eventos em sequência lógica. Se o
técnico não clarificar e validar a mensagem do doente, incorrerá no risco de agir com base nos seus
valores, crenças ou fazer interpretações erradas.
A validação da mensagem deve ser contínua no processo de comunicação. A validação tem impor-
tância fundamental na verificação da compreensão das informações e orientações dadas ao doente
pelo técnico. Ela ajuda-o a ter uma visão mais realista do mundo e a experimentar a sensação de
ser compreendido.
Algumas técnicas de comunicação terapêutica deste grupo de validação são: repetir a mensagem
do doente, pedir ao doente para repetir o que foi dito e resumir o conteúdo da interação.
Contudo, na prática diária são frequentes a utilização de técnicas de comunicação não terapêuticas,
ou seja, as que dificultam a interação técnico/doente e consequentemente a implementação do
processo de cuidados,
Não escutar
Em que o técnico coloca as suas necessidades acima das necessidades do doente; inúmeros são os
fatores que podem provocar a ocorrência deste tipo de comunicação, as condições emocionais e de
saúde do profissional, problemas pessoais ou de trabalho, dificuldade de fixação e concentração, de
atenção, sobrecarga de trabalho, fadiga, entre outros.
Ao se seguir rigidamente o formulário, podemos não estar a explorar dados importantes para a
prestação de cuidados individualizados ao doente.
Julgar
Acalmar
Tentando dizer a palavra mágica, negando o medo e sentimentos do doente; transmite ao doente
ausência de sentimento empático, que traduz falta de sensibilidade e consideração pelos sentimen-
tos do doente.
Rejeição
Defesa
Tentando proteger alguém ou alguma coisa do feedback negativo, negando ao doente o direito de
exprimir a sua opinião.
Aconselhamento
Negando ao doente a palavra como parceiro na tomada de decisão; dizer ao doente sobre o que
deve pensar, como comportar-se ou o que fazer, pode significar que o profissional sabe o que é
melhor para o doente e que este é incapaz de tomar decisões retardando o seu desenvolvimento
para a independência e autonomia.
Ao utilizar expressões verbais banais e sem significado, o profissional nega o significado da comuni-
cação ao doente.
Mudar de conversa
O profissional dirige a interação para áreas de seu interesse, levando à não existência de discussão
de temas importantes para o doente;
Paternalismo
Cabe a cada técnico de saúde, no seu dia-a-dia, evitar todas estas técnicas de comunicação não
terapêutica desenvolvendo a competência em comunicação e descobrir novas formas de tornar sua
comunicação com o doente a mais terapêutica possível, nunca permitindo que ela se torne um ato
puramente mecânico e rotineiro.
1.2.1.Agressividade
As dificuldades de comunicação entre técnicos e utentes podem ter a ver com três aspetos funda-
mentais:
• Transmissão de informação pelos técnicos de saúde
• Atitudes dos técnicos de saúde e dos utentes em relação à comunicação
• Comunicação afetiva dos técnicos de saúde
• Literacia de saúde dos utentes.
Forma de atuação:
• Não personalize as situações (lembre-se que não o estão a atacar a si);
• Mantenha a calma e escute o cliente/utente;
• Concentre-se na situação e não na pessoa;
• Não o contradiga;
• Não discuta;
• Não lhe diga que é grosseiro ou mal-educado;
• Interprete corretamente o comportamento;
• Encaminhe o cliente/utente para a melhor solução;
• Gratifique-se por acalmar um cliente/utente agressivo.
1.2.2.Agitação
A crise é um método adaptativo ou satisfatório para lidar com indivíduos ou situações ambientais
que envolvam stress, ameaças psicológicas ou fisiológicas. O desequilíbrio entre a dificuldade, a
A família deverá ser envolvida neste processo e deverá ajudar o indivíduo na escolha se estratégias
para enfrentar os seus sentimentos de ansiedade e angustia. O suporte social diz respeito às pessoas
que se relacionam com o indivíduo que poderão ao partilhar experiências vividas e a realçar alguns
aspetos pertinentes da situação a ultrapassar a crise em que se encontra.
Podem-se abordar cinco exemplos de ajuda que são desenvolvidos e fornecidos a uma família que
se encontra em crise:
1º- Se um membro de uma determinada família perante uma determinada situação fica sem
saber que decisão tomar, o técnico/a de saúde, conjuntamente com ele, podem elaborar
estratégias de ação/ sugestões;
2º- Perante um elemento da família que não é capaz de estar junto do utente, o técnico/a
de saúde deverá aperceber-se dessa situação e fornecer-lhe apoio como também orientá-la;
3º- Outro exemplo comum em que o profissional pode atuar, surge quando o familiar fica
demasiado centrado nos aspetos tecnológicos que envolvem o utente em situação de inter-
namento, podendo o profissional verbalizar que ele próprio tomará conta desses aspetos;
4º- Perante um familiar hostil, agressivo com diálogo provocador para com o utente deve
este profissional refletir sobre o fenómeno observado para poder intervir, nomeadamente
através de perguntas ao familiar do que se passa. Se esta intervenção não resultar poderá
ser necessário uma avaliação familiar;
5º-Se o familiar se encontra "perdido" relativamente a situação do utente, a intervenção
poderá passar pela explicação/clarificação da situação.
A família deve ser vista como mais um recurso útil para a resolução de muitos dos problemas que
são apresentados pelos doentes em situação de crise de saúde quando ocorrem ao hospital.
1.2.3.Conflito
Todo o erro deve ser corrigido, acompanhado de uma explicação e pedido de desculpas. Os Utentes
em situação fragilizada (em inferioridade) não podem receber do atendedor uma atitude de superi-
oridade, que pode desencadear uma manifestação de agressividade ou insegurança, e destrói a
relação de uns com os outros.
Cativar o agressivo:
• Não personalizando as situações, sendo tolerante;
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Conservar a serenidade:
• Se o utente se dirige a um colaborador de forma ofensiva, tal atitude não deve ser conside-
rada como algo pessoal.
• Normalmente o descontentamento é com a entidade, por isso é fundamental dominar as
emoções;
• Mantenha um tom educado;
• Tranquilize o utente;
• Evite envolver-se em discussões. Atue com profissionalismo.
Ser compreensivo:
• Coloque-se na posição do utente;
• Trate o utente como exige que o tratem a si;
• Evite aproveitar-se da constatação de que houve um equívoco por parte do utente. Nestes
casos é importante encontrar uma via que permita ao utente ter uma saída airosa.
• Evitar usar termos técnicos, pois o utente pode não dominar este tipo de linguagem.
Despedir-se corretamente:
• Cumprimente afavelmente;
• Coloque-se à disposição para o futuro.
Se não foi possível solucionar a queixa ou reclamação assuma o compromisso de responder o mais
brevemente possível, transmitindo-lhe uma solução. Mas de nada servirá todo o tempo e trabalho
investido a receber o reclamante se não se cumprirem os compromissos assumidos.
Sempre que possível as queixas devem ser resolvidas no próprio posto de trabalho; Se a reclamação
implica algumas melhorias na organização, há que propor as soluções julgadas necessárias.
As doenças do foro psiquiátrico são uma das que provocam mais sofrimento aos pacientes e famili-
ares. Aqueles porque nem sempre têm crítica para a sua descompensação, o que dificulta o diag-
nóstico precoce e a adesão ao tratamento e estes porque nem sempre conseguem compreender e
lidar com o seu doente.
Ainda persiste o problema da estigmatização e discriminação inerente àqueles que padecem destas
enfermidades, comparativamente a doentes que sofrem de outras patologias.
Uma boa relação empática, escuta ativa, o respeito e proximidade afetiva, entre o técnico de saúde
e o doente são por vezes tão valiosos, como um fármaco. Neste artigo menciono algumas formas
de comunicação terapêutica e estratégias de atuação em situações de doentes potencialmente vio-
lentos.
Para melhorar a comunicação interpessoal, quer como emissor, quer com recetor, devemos re-
germo-nos por alguns princípios, nomeadamente:
• Falar de forma clara, correta e simples, não nos expressarmos demasiado alto nem muito
baixo.
• Concentrarmo-nos na mensagem e induzirmos os outros também a fazê-lo.
• Ser breve; manter uma postura correta, um rosto aberto, simpático atencioso, recetivo e
prestável. Mostrar interesse. É sem dúvida alguma, importante e influenciador não tanto a
comunicação em si mas a qualidade da mesma, no que se reporta à manutenção do nosso
bem-estar e qualidade de vida. Ainda inserido no contexto da comunicação interpessoal
existe um fator deveras importante, a questão das distâncias.
Se em qualquer doente a primeira entrevista é essencial, com estes pacientes o primeiro contacto é
onde se decide o estabelecimento do processo empático e em que existe a possibilidade de criar a
confiança para o futuro.
Perante um doente descompensado e possivelmente agressivo não se deve atuar com autoritarismo
ou contra-agressão porque isso pode aumentar a sua violência. Não obstante, pode ser necessário
recorrer ao uso da força, com o propósito de contê-lo em estado de crise.
É importante avaliar objetivamente o que se sabe do doente e não o rotular de «muito perigoso»
quando não há a certeza de o ser. Mas agir sempre com prudência pois é tolice minimizar os riscos
óbvios decorrentes da informação disponível e não se tomarem as precauções adequadas.
As intervenções de saúde não são estandardizadas porque o que pode ser um êxito para um, pode
não resultar noutro com a mesma doença. A experiência profissional melhora substancialmente as
perícias da comunicação, isto leva a que o profissional se sinta mais seguro quando tem de enfrentar
as dificuldades decorrentes de situações de agressividade latente em fase de descompensação.