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FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS DO CABO –

FACHUCA
PÓS-GRADUAÇÃO DIREITO DO TRABALHO E PREVIDENCIÁRIO
DOCENTE: CAMILLA MONTANHA
DISCENTE: MANOELE BARBOSA DA SILVA

APOSENTADORIA POR IDADE

A aposentadoria por idade é abordada na Lei nº 8.213, de 24 de julho de


1991, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social, e
define os critérios para a ocorrência da aposentadoria por idade ou por
invalidez, preconizando, na letra da lei:

Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que,


cumprida a carência exigida nesta Lei, completar 65 (sessenta e
cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta), se mulher. Os
limites fixados no caput são reduzidos para sessenta e cinqüenta e
cinco anos no caso de trabalhadores rurais, respectivamente homens
e mulheres, referidos na alínea a do inciso I, na alínea g do inciso V e
nos incisos VI e VII do art. 11. (Redação Dada pela Lei nº 9.876, de
26.11.99).
§ 2o Para os efeitos do disposto no § 1o deste artigo, o trabalhador
rural deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que
de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao
requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses de
contribuição correspondente à carência do benefício pretendido,
computado o período a que se referem os incisos III a VIII do § 9o do
art. 11 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11,718, de 2008)
§ 3º Os trabalhadores rurais de que trata o § 1o deste artigo que não
atendam ao disposto no § 2o deste artigo, mas que satisfaçam essa
condição, se forem considerados períodos de contribuição sob outras
categorias do segurado, farão jus ao benefício ao completarem 65
(sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta) anos,
se mulher. (Incluído pela Lei nº 11,718, de 2008)
§ 4º Para efeito do § 3o deste artigo, o cálculo da renda mensal do
benefício será apurado de acordo com o disposto no inciso II do
caput do art. 29 desta Lei, considerando-se como salário-de-
contribuição mensal do período como segurado especial o limite
mínimo de salário-de-contribuição da Previdência Social. (Incluído
pela Lei nº 11,718, de 2008)
Art. 49. A aposentadoria por idade será devida:
I - ao segurado empregado, inclusive o doméstico, a partir:
a) da data do desligamento do emprego, quando requerida até essa
data ou até 90 (noventa) dias depois dela; ou
b) da data do requerimento, quando não houver desligamento do
emprego ou quando for requerida após o prazo previsto na alínea "a";
II - para os demais segurados, da data da entrada do requerimento.
Art. 50. A aposentadoria por idade, observado o disposto na Seção III
deste Capítulo, especialmente no art. 33, consistirá numa renda
mensal de 70% (setenta por cento) do salário-de-benefício, mais 1%
(um por cento) deste, por grupo de 12 (doze) contribuições, não
podendo ultrapassar 100% (cem por cento) do salário-de-benefício.
Art. 51. A aposentadoria por idade pode ser requerida pela empresa,
desde que o segurado empregado tenha cumprido o período de
carência e completado 70 (setenta) anos de idade, se do sexo
masculino, ou 65 (sessenta e cinco) anos, se do sexo feminino, sendo
compulsória, caso em que será garantida ao empregado a
indenização prevista na legislação trabalhista, considerada como data
da rescisão do contrato de trabalho a imediatamente anterior à do
início da aposentadoria. (BRASIL, 1991, p. 1)
Acontece que, com o advento da Emenda Constitucional 103/2019, esta
legislação foi alterada, passando então a aposentadoria da mulher ocorrendo
com a idade mínima de 60 anos, sendo aumentada em 6 meses
progressivamente todo dia 1º de cada ano subsequente ao de 2020, até atingir
o limite de 62 anos de idade. No caso do homem a necessidade é de ocorrer a
idade mínima de 65 anos, contando o mesmo critério de aumento progressivo
das mulheres, a partir de 2020, de forma semestral. Em ambas as situações o
tempo mínimo de contribuição necessário é de 15 anos, contudo. (AGÊNCIA
BRASIL, 2021)

Em uma jurisprudência realizada pela Des. Federal VÂNIA HACK DE


ALMEIDA, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro
de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010, a mesma
traz o seguinte entendimento:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE URBANA.


REQUISITOS PREENCHIDOS. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO.
1. Para a concessão de aposentadoria por idade urbana devem ser
preenchidos dois requisitos: a) idade mínima (65 anos para o homem
e 60 anos para a mulher) e b) carência – recolhimento mínimo de
contribuições (sessenta na vigência da CLPS/84 ou no regime da
LBPS, de acordo com a tabela do art. 142 da Lei n.º 8.213/91).
2. Não se exige o preenchimento simultâneo dos requisitos etário e
de carência para a concessão da aposentadoria, visto que a condição
essencial para tanto é o suporte contributivo correspondente.
Precedentes do Egrégio STJ, devendo a carência observar, como
regra, a data em que completada a idade mínima. 3. Preenchidos os
requisitos, é devida a aposentadoria por idade ao autor.
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas,
decide a Egrégia 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª
Região, por unanimidade, negar provimento ao recurso do INSS e à
remessa oficial e, adequar de ofício, a incidência de juros e da
correção monetária, nos termos do relatório, votos e notas
taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Porto Alegre, 25 de março de 2015.
Des. Federal VÂNIA HACK DE ALMEIDA
Relatora (PREVIDENCIARISTA, 2015, p.1)
Há de se esclarecer, também, a questão da aposentadoria por idade
híbrida, que leva em consideração tanto o trabalho urbano como o trabalho
rural, para fins de concessão da mesma, conforme a lei 11.718, de 20 de junho
de 2008, a qual acrescenta artigo à Lei no 5.889, de 8 de junho de 1973,
criando o contrato de trabalhador rural por pequeno prazo; estabelece normas
transitórias sobre a aposentadoria do trabalhador rural; prorroga o prazo de
contratação de financiamentos rurais de que trata o § 6o do art. 1o da Lei no
11.524, de 24 de setembro de 2007; e altera as Leis nos 8.171, de 17 de
janeiro de 1991, 7.102, de 20 de junho de 1993, 9.017, de 30 de março de
1995, e 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991. (BRASIL, 2008)

Na letra da Lei o devido artigo 48 supracitado ficou com a seguinte


redação, conforme esta emenda constitucional:

“Art. 48.
§ 2o Para os efeitos do disposto no § 1 o deste artigo, o trabalhador
rural deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que
de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao
requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses de
contribuição correspondente à carência do benefício pretendido,
computado o período a que se referem os incisos III a VIII do § 9 o do
art. 11 desta Lei.
§ 3o Os trabalhadores rurais de que trata o § 1 o deste artigo que não
o
atendam ao disposto no § 2 deste artigo, mas que satisfaçam essa
condição, se forem considerados períodos de contribuição sob outras
categorias do segurado, farão jus ao benefício ao completarem 65
(sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta) anos,
se mulher.
§ 4o Para efeito do § 3o deste artigo, o cálculo da renda mensal do
benefício será apurado de acordo com o disposto no inciso II
do caput do art. 29 desta Lei, considerando-se como salário de
contribuição mensal do período como segurado especial o limite
mínimo de salário de contribuição da Previdência Social.”
(NR) (BRASIL, 2008, p. 1)
Contudo, há uma jurisprudência que trata desta Lei, a qual fora realizada
pela TNU – Turma Nacional de Uniformização, e preconiza o seguinte:

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI


FEDERAL. REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA (ART. 17 DO
RITNU). PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA HÍBRIDA POR
IDADE. ARTIGO 48, § 3º, LEI 8.213/91. ATIVIDADE RURAL OU
URBANA ANTES DO REQUISITO ETÁRIO OU REQUERIMENTO
ADMINISTRATIVO. INDIFERENÇA. IDADE MÍNIMA A SER
CONSIDERADA – A MESMA EXIGIDA PARA A APOSENTADORIA
POR IDADE DO TRABALHADOR URBANO. CÔMPUTO DO TEMPO
RURAL ANTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI 8.213/91, PARA FINS DE
CARÊNCIA, SEM RECOLHIMENTOS. POSSIBILIDADE.
ENTENDIMENTO DO STJ. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. QUESTÃO DE ORDEM
20/TNU [...] Vale lembrar que a Turma Regional de Uniformização, na
Sessão de 30.9.2011, firmou entendimento no sentido de que a regra
do art. 48, § 3º, aplicasse tão somente aos segurados que estejam
vinculados às lides campesinas quando da implementação do
requisito etário. Para aqueles que são segurados urbanos, continua
em vigor a regra do art. 55, § 2º, da Lei n. 8.213/1991, a qual dispõe
que as atividades exercidas no meio rural não se prestam para fins de
cômputo da carência. (...) Não se desconhece o posicionamento
recentemente manifestado pela 2ª Turma do Superior Tribunal de
Justiça, a qual concedeu aposentadoria por idade híbrida ao
segurado que preencheu os requisitos carência e idade mínima, sem
exigir vinculação ao trabalho rural quando do complemento do
requisito etário (REsp 1.407.613, rel. Min. Herman Benjamin, j.
14.10.2014). Entretanto, tal posicionamento por ora é isolado e não
reflete a jurisprudência já consolidada a respeito da matéria, razão
pela qual esta Turma Recursal mantém, por ora, a sua posição no
sentido de ser necessária a vinculação dos segurados às lides
campesinas quando da implementação do requisito etário para a
aplicação da regra do art. 48, § 3º, da Lei n. 8.213/1991 (BRASIL,
TNU, 2016, p. 1)
Esta jurisprudência supracitada acima traz o entendimento de que para
somar o período laborado na condição de trabalhador urbano com o
trabalhador rural, faz-se necessário exercer a atividade rural quando
implementar os requisitos. Já a jurisprudência do STJ parte no entendimento
de que é irrelevante o tipo de atividade desenvolvida pelo segurado na DER
para a obtenção da concessão da aposentadoria por idade híbrida, uma vez
que não há vedação em lei, sendo também cabível a adição de tempo de
contribuição de urbano com o de rural, ainda que remoto e descontínuo,
conforme decisão a seguir:

PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. RECURSO ESPECIAL


SUBMETIDO AO RITO DOS RECURSOS REPETITIVOS.
OBSERVÂNCIA DO ARTIGO 1.036, § 5o. DO CÓDIGO FUX E DOS
ARTS. 256-E, II, E 256-I DO RISTJ. APOSENTADORIA HÍBRIDA.
ART. 48, §§ 3o. E 4o. DA LEI 8.213/1991. PREVALÊNCIA DO
PRINCÍPIO DE ISONOMIA A TRABALHADORES RURAIS E
URBANOS. MESCLA DOS PERÍODOS DE TRABALHO URBANO E
RURAL. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL, REMOTO E
DESCONTÍNUO, ANTERIOR À LEI 8.213/1991 A DESPEITO DO
NÃO RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÃO. CÔMPUTO DO
TEMPO DE SERVIÇO PARA FINS DE CARÊNCIA.
DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO LABOR CAMPESINO
POR OCASIÃO DO IMPLEMENTO DO REQUISITO ETÁRIO OU DO
REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. TESE FIXADA EM
HARMONIA COM O PARECER MINISTERIAL. RECURSO
ESPECIAL DO INSS PARCIALMENTE PROVIDO, TÃO SOMENTE,
PARA AFASTAR A MULTA FIXADA NOS EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO. [...] O tempo de serviço rural, ainda que remoto e
descontínuo, anterior ao advento da Lei 8.213/1991, pode ser
computado para fins da carência necessária à obtenção da
aposentadoria híbrida por idade, ainda que não tenha sido efetivado o
recolhimento das contribuições, nos termos do art. 48, § 3o. da Lei
8.213/1991, seja qual for a predominância do labor misto exercido no
período de carência ou o tipo de trabalho exercido no momento do
implemento do requisito etário ou do requerimento administrativo.
(BRASIL, STJ, 2018)
Em se tratando da doutrina acerca da aposentadoria híbrida, Lima E
Santos trazem um posicionamento na linha de que:
No Brasil, muitos dos pensamentos constitucionais são
fundamentados em ideias e nas teorias importadas de outras nações,
de outras épocas, de outros comportamentos e de culturas distintas.
Estamos equidistantes de uma teoria constitucional genuinamente
brasileira, fundamentada em nossa história e cultura. Mesmo que
muitos justifiquem a interpretação da constituição nos anseios sociais,
tais dados se apresentam mal dimensionados e marcados pelo
sentimento de país periférico que a todo momento nos demonstra o
atraso intencionalmente implantado perante boa parte da sociedade.
Muitos passos foram avançados, mas o principal ainda não se
alcançou, ou seja, a mudança de toda uma cultura jurídica nacional,
que infelizmente, representa o nacional de outros países. (LIMA e
SANTOS, 2020, p. 192)

REFERÊNCIAS

AGÊNCIA BRASIL. Agência Brasil explica mudanças nas aposentadorias e


pensões em 2021. Disponível em:
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2021-02/agencia-brasil-explica-
mudancas-nas-aposentadorias-e-pensoes-em-2021 Acesso em 16 Abr 2021

BRASIL. LEI Nº 8.213, DE 24 DE JULHO DE 1991. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm Acesso em 17 abr 2021

BRASIL. LEI Nº 11.718, DE 20 DE JUNHO DE 2008. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11718.htm Acesso
em 17 abr 2021

BRASIL, Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n.º 1.788.404 – PR


(2018/0340826-4). Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Primeira
Seção. Diário de Justiça Eletrônico, Brasília, Julgado em 14.08.2019.

BRASIL. Turma Nacional de Uniformização. Pedido de Uniformização de


Interpretação de Lei Federal n.º 5009416-32.2013.4.04.7200. Relatora: Ângela
Cristina Monteiro. Diário de Justiça Eletrônico, Brasília, Julgado em 20.10.2016.

LIMA; E.T.B; SANTOS, A.L. O DIREITO À CONCESSÃO DA


APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA SOB A PERSPECTIVA DA
JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - STJ E DA
TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO – TNU. Revista Eletrônica da
OAB Joinville | Ano 6, vol. 2. 2020

PREVIDENCIARISTA. TRF4. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR


IDADE URBANA. REQUISITOS PREENCHIDOS. CONCESSÃO DO
BENEFÍCIO. Disponível em: https://previdenciarista.com/blog/trf4-
previdenciario-aposentadoria-por-idade-urbana-requisitos-preenchidos-
concessao-do-beneficio/ Acesso em 16 Abr 2021

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