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Devido aos elevados poderes do Congresso da República, em que em 16 anos de regime houvera muitas
eleições atribui-se a crónica de instabilidade governativa.
O parlamento interferia em todos os aspetos da vida governativa exigindo constantes explicações aos
membros do Governo e enveredando até, pela via dos ataques pessoais.
Ao laicismo1 da República, assente na separação da Igreja do Estado se deve o seu anticlericalismo.
A proibição de congregações religiosas, as humilhações impostas a sacerdotes e a excessiva regulamentação
do culto conquistaram à República a hostilidade da Igreja e do país conservador e católico.
Em março de 1916, Portugal entrou na Guerra, integrando a causa dos Aliados. O seu contingente
designava-se por CEP – Corpo Expedicionário Português, chefiado por Gomes da Costa.
A sua participação no conflito mundial acentuou os desequilíbrios económicos e o descontentamento
social.
O processo inflacionista permaneceu para além da guerra, subindo assim o custo de vida e afetando os que
viviam de rendimentos fixos e poupanças, ou seja, as classes médias e os operários, vítimas de desemprego.
Também descrente da república estava o operariado.
A agitação social em 1919-1920, levava a frequentes greves organizadas pelas anarcossindicalistas.
Em 1915, ainda Portugal não tinha entrado na guerra e já o general Pimenta de Castro dissolvia o
Parlamento e instalava a ditadura militar.
Pela via da ditadura seguiu-se Sidónio Pais, em dezembro de 1917.
Destituiu o Presidente da República, dissolveu o Congresso e fez-se eleger presidente por eleições diretas,
em abril de 1918.
Através de um golpe de Estado, desmorona a República Velha e instala a República Nova, sendo apoiado
por monárquicos, religiosos e evolucionistas.
Cria a sopa dos pobres, abre creches para os filhos do proletariado, demonstrando um grande carinho pelo
povo.
No entanto, a dezembro de 1918 é assassinado e os monarquistas aproveitam-se, criando a “Monarquia do
Norte”, proclamada no Porto que suscita uma guerra civil entre Lisboa e Norte.
O regresso ao funcionamento democrático das instituições fez-se logo em março de 1919, mas a
República Velha (período terminal da Primeira República) não desfrutou da conciliação desejada: a divisão
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Doutrina que tende a dar às instituições um caráter não religioso.
dos republicanos agravou-se; os antigos políticos retiraram-se da cena política e aos novos líderes faltaram
capacidade e carisma para imporem os seus projetos.
A 28 de maio de 1926, através de um golpe de Estado por Gomes da Costa a Primeira República
portuguesa cai, instalando-se uma ditadura militar de 1926 a 1933.
} Pintura
Portugal permanecia acomodado aos padrões estéticos, cujo gosto oficial premiava o naturalismo.
Aquela pintura académica que obedecia a regras criteriosamente aprendidas nas academias de Belas-Artes,
satisfazia-se com as cenas de costumes e as particularidades realistas da vida popular.
Desde 1911, artistas plásticos e escritores como Cristiano Luz, Santa-Rita, Amadeo de Souza-Cardoso,
Mário de Sá Carneiro, Fernando Pessoa, Eduardo Viana, entre outros lutavam por colocar Portugal no mapa
cultural da Europa. Muitos deles tinham estudado em Paris e lá se fascinaram com as vanguardas artísticas
do tempo.
Estes, de costas voltadas para o academismo, revelaram-se cosmopolitas. Substituíram a iconografia
rústica, melancólica e saudosa pelo mundanismo boémio, esquematizavam em vez de pormenorizarem,
apoiavam-se no plano, procuravam a originalidade e experimentavam. Foram cubistas, impressionistas,
futuristas, abstracionistas, expressionistas, surrealistas.
} Modernismo
- Os artistas abandonam o saudosismo rural que é substituído pelo cosmopolitismo boémio;
- O pormenor desaparece havendo a simplificação da linha;
- Esbatimento do volume;
- Utilização de cores contrastantes;
- Costumam distinguir dois modernismos: 1911 a 1918, ligado às revistas Orpheu e Portugal
Futurista e 1920 a 1930 às revistas Presença e Contemporânea.
Os desenhos apresentados, muitos deles caricaturas, perseguiam objetivos de sátira política, social e até
anticlerical. Entre enquadramentos boémios e urbanos, ora avultavam as cenas elegantes de café, ora as
cenas populares com as suas figuras típicas. Utilizavam-se cores claras e contrastantes.
Este primeiro modernismo sofreu um impulso notável com a eclosão da Primeira Guerra Mundial,
principalmente quando voltaram de Paris, Amadeo Souza-Cardoso, Guilherme Santa-Rita, Eduardo Viana,
José Pacheco, considerados o melhor núcleo de pintores portugueses assim como com eles veio o casal
Robert e Sonia Delaunay, destacadas personalidades do meio artístico parisiense.
- Lisboa, liderado por Almada Negreiros e Santa-Rita, que se juntaram a Fernando Pessoa e Mário de
Sá-Carneiro, surgindo a revista Orpheu, sendo somente dois números publicados que revelavam a faceta
mais inovadora, polémica e emblemática do futurismo, “fez o encontro das letras com a pintura”. Deixaram
o país escandalizado com o repúdio ao homem contemplativo e exaltando o homem de ação, denunciado a
morbidez saudosista dos Portugueses e incitando ao orgulho, ação, aventura e glória.
- Nas letras destacamos José Régio, Adolfo Casais Monteiro e João Gaspar Simões;
- Tal como no primeiro modernismo, estavam à margem, não sendo compreendidos pela crítica e
pelo público;
- Davam a conhecer o seu trabalho através de: exposições independentes, decoração de espaços como
Bristol Club e A Brasileira do Chiado. Ilustração de revistas tais como: Domingo Ilustrado, ABC, Ilustração
Portuguesa, Sempre Fixe, etc. Existência de duas revistas: Contemporânea e Presença;
Na década de 40 vai ser um dos introdutores do surrealismo em Portugal. Este opunha-se à arte
oficial.
Amadeo de Souza-Cardoso
- Em Paris troca a arquitetura pela pintura;
- Em 1913, Amadeo é reconhecido pela crítica;
- Quando rebenta a Primeira Guerra Mundial volta a Portugal, aplicando técnicas vanguardistas
absorvidas em Paris;
- Em 1916 expõe em Lisboa e no Porto, mas depara-se com a incompreensão da crítica e do público;
- Tem uma obra multifacetada, que passa pelo desenho estilizado, pelo cubismo, expressionismo,
futurismo e pelo dadaísmo;
- Participa na Portugal Futurista, apreendida pela polícia e o terceiro número de Orpheu, que não foi
publicada contava com obras suas.
Eduardo Viana
- Em 1905, desiste do seu curso da Academia Nacional de Belas-Artes e parte com Manuel Bentes
para Paris, na busca do ensino moderno;
- Deixa-se fascinar por Cézanne;
- Em 1915, o pintor instala-se com o casal Delaunay, sendo que datam dessa época as suas incursões,
na decomposição das formas, à maneira cubista, e da luz, à maneira órfica. Deixa-se influenciar pelo brilho
do sol português e pelas cores alegres da olaria minhota;
- O Rapaz das Louças, marca o retorno de Viana à figuração volumétrica;
- Foi frequentemente acusado de “cézannista”, sendo ligado a uma pintura oitocentista;
- A sua modernista reside na pujança da cor, que usa em contrastes vibrantes e luminosos, quer em
retratos nus, paisagens ou naturezas-mortas;
- Foi admirado como um dos maiores pintores da primeira geração de modernistas;
- “Pintor fundamentalmente sensual, um instintivo, estranho a teorias (…) ”