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Projeto de Pesquisa - Final
Projeto de Pesquisa - Final
PROJETO DE PESQUISA
Vitória da Conquista – BA
Novembro / 2017
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS – DCN
CURSO BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Vitória da Conquista – BA
Novembro / 2017
1. INTRODUÇÃO
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desenvolvimento sustentável. Portanto, para o autor, a Educação Ambiental é uma
das faces da educação necessária para promover uma consciência maior sobre a
preservação ambiental.
Tamaio (2000) defende que a EA não deve ser apenas mais uma ferramenta
de transformação necessária, mas ser parte também de uma atitude que media “a
construção de referenciais ambientais” e que deva ser utilizada para a “prática social
centrada no conceito da natureza”.
Nesse sentido, a transposição do Rio São Francisco tem sido um tema
altamente debatido na mídia e também em congressos e revistas científicas, sendo
um tema que carece de ser analisado da perspectiva da Educação Ambiental, já que
sua origem é governamental e, ainda que pareça, a transposição não é voltada apenas
para a prática sustentável.
2. PROBLEMÁTICA
3. OBJETIVOS
Geral:
• Analisar as contribuições da Educação Ambiental para auxiliar no
debate científico e social do projeto de transposição do Rio São
Francisco.
Específicos:
• Apresentar os principais argumentos a favor da transposição;
• Contrapor esses argumentos com as teses defendidas pela EA;
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• Identificar as contribuições da Educação Ambiental inerentes ao debate
científico e social do projeto de transposição do Rio São Francisco;
• Conhecer os principais argumentos contra e a favor de atores sociais
de diversos segmentos sobre a transposição do referido recurso
hídrico;
• Avaliar os impactos ambientais possivelmente, causados pelo projeto
de transposição do Rio São Francisco;
• Discutir a sustentabilidade sob o ponto de vista da Educação Ambiental
diante dos possíveis impactos ambientais decorrentes do referido
projeto de transposição.
4. JUSTIFICATIVA
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poderá trazer o desequilíbrio e desencadear reações que interfiram significativamente
na vida daqueles que ali habitam, uma vez que há pessoas que dependem do rio, tais
como pescadores, criadores de peixes e pequenos agricultores.
Além disso, um trabalho desta natureza pode mostrar os problemas já
enfrentados pelo Velho Chico e assim despertar na comunidade científica uma atitude
de prática social voltada para a natureza no tocante a possíveis manifestações
extensionistas e de ensino que promovam o debate para reverter o descaso com esse
recurso hídrico.
Assim, a transposição do Rio São Francisco pode ser estudada a partir de
diferentes pontos de vista, sendo a EA uma alternativa viável devido ao seu caráter
integrador com outras áreas do conhecimento e com a sociedade como um todo.
Portanto, essa pesquisa se justifica na medida em que se procura analisar o projeto
de transposição desse rio na perspectiva da EA permite compreendê-la em um
panorama macroestrutural, abrangendo questões de ordem ambiental, biológica,
política, científica, cultural, educacional, social, entre outras.
Adicionalmente, a disciplina de EA no curso de Bacharelado de Biologia na
UESB me permitiu, enquanto estudante, reflexões sobre temas importantes que
afetaram e ainda afetam a sociedade. Logo, essas reflexões me levaram a construir
um projeto de pesquisa que me levasse a estudar a transposição do Rio São
Francisco, da perspectiva da EA, pois esta disciplina permite a interdisciplinaridade e
faz com que o pesquisador olhe para o ambiente como um todo, desde o meio
ambiente até as relações sociais que interferem diretamente na natureza.
Do ponto de vista profissional, a pesquisa se mostra relevante porque, ao
realizar este estudo, poderá contribuir com a minha formação acadêmica e intelectual,
na qual, possivelmente, me permitirá compreender formas de intervenção social,
educacional e política que possibilite os sujeitos a constituírem novas posturas
ambientais de manifestações diretas para o bem-estar coletivo.
5. REFERENCIAL TEÓRICO
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De acordo com Suassuna (2005), a região Nordeste do Brasil convive
historicamente com a seca, especialmente a região conhecida como Semiárido, que
abrange o Sertão e o Agreste. Segundo o autor, essa região compreende cerca de
57% da área do Nordeste e vivem nela cerca de 40% da população nordestina.
Assim, Castro (2011) argumenta que essa adversidade climática é uma
grande preocupação da população que vive nessa região, uma vez que a pecuária e
a agricultura são os principais meios de sobrevivência, e, em razão dos índices
pluviométricos serem baixíssimos, cerca de 800 milímetros (SUASSUNA, 2005), a
população não consegue ter segurança para garantir a alimentação.
Nessa perspectiva, Castro (2011) argumenta que essa região tem chamado
atenção do governo ao longo da história. Alves e Nascimento (2009) afirmam que,
mesmo o problema da seca sendo discutido desde o século XVIII, é somente a partir
do século XIX que a discussão passa a fazer parte da agenda governamental, quando
o Barão de Capanema propõe um projeto que possa transpor água do Rio São
Francisco para o Rio Jaguaribe, no Ceará.
Alves e Nascimento (2009) detalham que o projeto de transposição do Rio
São Francisco tem mais de 160 anos de história e que o projeto foi proposto pelo
deputado provincial do Ceará, Antônio Marco de Macedo, em razão da grave seca
entre os anos de 1844 e 1846. Entretanto, esta ideia não foi efetivada imediatamente
e em 1861 a Comissão Científica de Exploração retomam o projeto, que mais uma
vez não é efetivado.
Em 1913, escreve Alves e Nascimento (2009), o projeto é reavaliado, mas
devido à magnitude da obra, o parecer é desfavorável. Os autores pontuam que na
metade do século XX o projeto de transposição do Rio São Francisco é discutido
diversas vezes em 1972, entre 1981 e 1984, e na década de 1990. De 1999 até os
dias atuais, o projeto é de responsabilidade do Ministério da Integração Nacional.
Castro (2011) argumenta que o governo propôs diversas ideias para mudar o
quadro de seca da Região Nordeste, como o Programa Cisternas. Mas, ainda
segundo o autor, a ideia principal e em execução é o projeto denominado Projeto de
Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste
Setentrional. Desse modo, espera-se que este projeto traga grandes benefícios para
a região do Semiárido, como o atendimento à demanda hídrica dos municípios
beneficiados pelo projeto.
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No entanto, o projeto de transposição do Rio São Francisco também recebeu
diversas críticas. Alves e Nascimento (2009) mostram que o projeto é polêmico, o que
faz com que haja uma divisão de opinião entre os que apoiam e os que são
desfavoráveis à ideia. Segundo os autores, o principal argumento dos que são
contrários à ideia é o risco de colapso do rio. Aliada a esta ideia há a crítica de que
esse projeto apenas visa beneficiar as fazendas agrícolas em detrimento do
abastecimento humano.
Acrescentam ainda os autores que os críticos da ideia de transposição
afirmam que há soluções mais simples e que podem beneficiar ainda mais a
população do Semiárido castigada pela seca. Os favoráveis à ideia argumentam,
indicam os autores, que o projeto visa o desenvolvimento socioeconômico da região
e que não há fundamento para acreditar que a transposição afetará a vazão do Rio
São Francisco.
Assim, para compreender os impactos que a transposição do Rio São
Francisco pode causar, a Educação Ambiental, possivelmente, poderá se mostrar
adequada uma vez que ela remete uma abordagem sobre o meio ambiente e as
transformações pelas quais passa, como também por se mostrar útil para mudar os
valores da sociedade para com o meio ambiente, como a Lei 9795/99 pontua
“processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do
meio ambiente, bem de uso comum do povo [...]” (BRASIL, 1999). Dessa forma, é
interessante se discutir os fundamentos básicos da Educação Ambiental.
Marcatto (2002) apresenta que a definição de EA é amplamente variada, mas
há vários pontos em comum. O que a Lei 9795 apresenta sobre a Educação Ambiental
está de acordo com o que Seara Filho (1987) afirma acerca desse processo, a partir
do que foi proposto no Congresso de Belgrado em 1975.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO), órgão das Organização das Nações Unidas (ONU), organizou a
Conferência de Belgrado, na qual discutiu-se e elaborou-se um documento lúcido e
conciso, conhecido como Carta de Belgrado, que delineia os objetivos, que são atuais,
para a EA. Objetivos estes que são: conscientizar, promover conhecimento, incentivar
à participação, ter a capacidade de avaliação, competência e comportamento
(UNESCO, 1977). Nesse sentido, há a delineação da EA de forma sistematizada.
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Seara Filho (1987) salienta que há a preocupação de que a população mundial
se conscientize e se preocupe com o ambiente, bem como com os problemas que o
afeta. Assim, a população deve ter os conhecimentos necessários para que entendam
os problemas e evitar que eles se repitam. Por isso a necessidade de a EA ser
implementada de forma sistematizada.
Nessa perspectiva, Meira e Sato (2005) argumentam que, em 1992, é
organizada, no Rio de Janeiro, pela ONU, a Eco-92, Conferência das Nações Unidas
sobre o meio ambiente e desenvolvimento. O grande foco dessa conferência, segundo
os autores, é a inquietação com os problemas ambientais, que têm afetado cada vez
mais a população mundial e precisam ser compreendidos de forma a não se tornarem
mais graves.
De acordo com os autores, a Eco-92 mostrou um balanço dos problemas
existentes e também mostrou os avanços que foram conseguidos desde a
Conferência de Belgrado. Meira e Sato (2005) afirmam que o resultado da Eco-92 é o
documento básico da sustentabilidade chamado Agenda 21. Neste documento,
composto de 40 capítulos, o 36 é dedicado especialmente à educação e este tema
aparece transversalizado nos outros 39.
Marcatto (2002) pontua que a Agenda 21 segue na mesma linha ao afirmar
que a população deva ser consciente e preocupada com os problemas e que tenha
atitudes e trabalhe na resolução dos problemas que a afetam, bem como na
prevenção.
Nessa perspectiva, a Educação Ambiental, define Marcatto (2002, p. 14), é
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Conforme defende Marcatto (2002), a Educação Ambiental se dirige ao
público geral, uma vez que defende que todos devem ter acesso à informação, pois
este acesso é condição essencial para que os indivíduos participem ativamente e
busquem soluções para os problemas enfrentados pelo meio ambiente. Logo, essa
disciplina não se confina apenas ao ambiente formal de educação, mas também a
todos os outros segmentos da sociedade.
É de se considerar que a EA possui diversas vertentes e talvez uma das mais
importantes seja a vertente crítica. A Educação Ambiental Crítica, sugere Loureiro
(2009), surge da necessidade de olhar os problemas ambientais a partir de uma
perspectiva maior. Afirma ainda que a Educação Ambiental Crítica possui o caráter de
ser transformadora, popular, emancipatória e dialógica. Para tanto, a Educação
Ambiental precisa “vincular os processos ecológicos aos sociais na leitura de mundo”
(p. 66), uma vez que a EA é também “criação humana na história”, pois é somente
dessa forma que pode haver a intervenção na realidade. E, em se tratando de
Educação Ambiental Crítica, essa intervenção na realidade é sempre na perspectiva
de compreender os problemas ambientais em sua totalidade e não em sua forma
isolada.
Assim, em suma a Educação Ambiental Crítica defende que a interação
humana com a natureza se dá a partir da dinâmica social e só compreendendo essa
dinâmica é possível pensar a transformação do pensamento e da relação do homem
com o meio ambiente.
Dessa forma, autores como Jacobi (2003), Constantino e Santos (2012), Ross
e Becker (2012) mostram que a EA tem uma relação com a sustentabilidade. Jacobi
(2003, p. 191) pontua que há uma constante preocupação com o desenvolvimento
sustentável, ainda segundo o autor, há a confrontação entre a sustentabilidade e “o
paradigma da ‘sociedade de risco’”, por isso, as práticas sociais precisam mudar no
sentido de que fortaleçam o “acesso à informação e à educação ambiental em uma
perspectiva integradora” (p. 192).
Destarte, Ross e Becker (2012) afirmam que a EA é a chave fundamental para
a transição do sistema que explora ferozmente a natureza para outro que tem como
centro a sustentabilidade. Os argumentos dos autores são justificados à medida que
se compreende a EA como uma disciplina, que, abrangendo as esferas formal e
informal da educação, oferece as bases teóricas para que a sustentabilidade seja
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efetivamente implementada. Além disso, os autores advertem que a EA permite a
integração entre as esferas política, social, econômica e ambiental. Em outras
palavras, o desenvolvimento sustentável pleno só pode ser alcançado mediante a EA.
Esta é a razão pela qual a EA é tão importante para as discussões não apenas do
ponto de vista de disciplina científica, mas também como integradora da sociedade.
6. METODOLOGIA
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6.2 LOCAL DE PESQUISA
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A coleta de dados será feita mediante a aplicação de entrevistas
semiestruturadas aos participantes da pesquisa, sendo que de acordo com Boni e
Quaresma (2005) são instituídas por perguntas abertas e fechadas, na qual é possível
o informante discorrer sobre o tema proposto, sendo que o pesquisador deverá seguir
um conjunto de questões previamente definidas, mas direcionando em um contexto
muito semelhante ao de uma conversa informal.
Nesse caso, a quantidade de perguntas obedecerá aos contextos em que
possam estar inseridos aspectos importantes e significativos, nos quais serão
escolhidos a partir de um aprofundamento teórico, observações feitas e conversas
informais nos primeiros contatos com os informantes.
7. CRONOGRAMA
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TAREFA/MÊS/ 2018 JAN FEV MAR MAI JUN JUL
Levantamento das
fontes bibliográficas X X X X X
e demais arquivos
Leitura e fichamento
X X X X
das fontes
Realização das
X
entrevistas
Transcrição das
X X
entrevistas
Análise das
X X X
entrevistas
Escrita da
X X X
Monografia
Revisão da
X
monografia
Entrega e defesa X
Observação: o levantamento bibliográfico já vem sendo realizado desde agosto de 2017.
REFERÊNCIAS
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GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T. Métodos de pesquisa. Porto Alegre: Editora da
UFRGS, 2009.
PERRY, M. Civilização Ocidental: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes,
1999.
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