Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Computação
Professor: Alexandre Loureiro Madureira
Monitores: Ana Carolina de Barros e Igor Michels
Aluno: Rogério Lima Menezes
1 Introdução
Nos últimos anos, tem sido cada vez mais comum comparar a estrutura
de um grande clube de futebol com a de uma empresa. E, como é caminho
natural daquelas empresas que se destacam no mercado e buscam crescer
ainda mais, abrir capital na bolsa de valores não é utopia para clubes da bola.
Apesar de ser um fenômeno ainda inédito no Brasil, na Europa por exemplo, há
alguns times que já são negociados no mercado de capitais. Assim, o
propósito deste trabalho consiste em analisar como tem sido o desempenho
das ações de três clubes do Velho Continente, de modo a verificar se de fato
vale a pena deixar a paixão por seu clube de lado e investir nesse segmento.
Os clubes escolhidos são: Manchester United (MANU), da Inglaterra; Juventus
(JUVE.MI), da Itália e Borussia Dortmund (BVB.DE), da Alemanha. O período
de análise escolhido será os últimos cinco anos, consistindo em um horizonte
comum de médio-longo prazo para os investidores. E a base de dados utilizada
consistiu na API do Yahoo! Finance, onde foi possível obter os dados históricos
do desempenho das ações de cada clube.
Observação:
Esse relatório não constitui uma recomendação de investimento.
Nota-se que, desde o final de 2016, a Bolsa de Paris (^FCHI) vem superando a
Bolsa de Londres (^FTSE).
Após efetuar o cálculo do retorno médio anualizado de cada índice no
período de 2015 até hoje, o resultado não foi muito diferente do que foi possível
observar no gráfico acima. O retorno médio da bolsa de Paris foi de 9% a.a.,
enquanto que o da bolsa de Londres foi de apenas 3% a.a. Como o retorno do
portfólio dos clubes foi de 12% a.a., podemos concluir que nossa carteira
futebolística performou melhor do que duas das principais bolsas de valores
europeias. Logo, caso tivéssemos aplicado esse montante apenas na ações
dos clubes, em igual proporção, teríamos obtido em média um retorno maior do
que se tivéssemos aplicado em algum fundo de índice que replica a
performance desses dois indicadores (CAC 40 e FTSE 100).
Mas, como nem tudo na vida são flores, no mercado de capitais não
seria diferente. O risco é um fator que deve ser muito bem analisado. Desse
modo, agora iremos verificar como se deu a volatilidade tanto desse portfólio
em específico, assim como de cada clube separadamente e dos índices de
mercado.
De posse dos retornos anualizados de cada clube, calculamos o desvio
padrão dos mesmos. Assim, obtivemos um valor de cerca de 21% para o
Manchester United, que foi o mais "seguro" nesse quesito, de 60% para o
Borussia Dortmund, e colossal 4020% (!) para a Juventus. Já ao se levar em
consideração apenas o portfólio formado pelos três clubes, o desvio-padrão
ficou na casa dos 25%. Mas, ao se comparar com os índices de mercado,
vemos que os riscos de se investir apenas em clubes são bem maiores do que
investir em um índice de mercado. Tal conclusão decorre do fato de que o
desvio-padrão da bolsa de Londres ficou em apenas 0,15% e da bolsa de
Paris, em 0,3%, no período analisado.
Portanto, se o investidor desejar obter resultados superiores à média de
mercado, é possível que se alcance esse objetivo ao investir em clubes de
futebol. Porém, deve-se ressaltar a questão do risco envolvido nesse tipo de
investimento, uma vez que seu portfólio estará bastante concentrado em um
único segmento da economia, ficando mais à mercê de eventos que geram
impactos tanto positivos quanto negativos.
Quanto maior a volatilidade esperada, menor o retorno. Logo, não faz sentido
escolher qualquer um desses portfólios da região inferior do gráfico. Desse
modo, o ideal seria selecionar algum portfólio da região superior esquerda, cuja
volatilidade é menor e o retorno esperado, maior.
Ao se efetuar o mesmo passo a passo para portfólios formados pelas
ações da Juventus e do índice da bolsa de Londres, observamos o seguinte:
Quanto maior o retorno esperado, maior a volatilidade. É o famoso trade-off
entre risco-retorno. Nesse caso, caso o investidor deseje obter um
desempenho interessante, sem sofrer muito com a volatilidade, a tendência é
que escolha algum portfólio da região inferior esquerda do gráfico.
Já no caso do Borussia Dortmund, ao confeccionarmos os 1000
portfólios compostos em diferentes proporções, entre os ativos do clube e o
índice da bolsa de Londres, podemos notar que:
Quanto maior o retorno esperado, maior a volatilidade do portfólio. Tal resultado
pôde ser observado também na fronteira eficiente da Juventus. Assim, caso se
deseje obter uma melhor performance, deve-se estar disposto a assumir maior
risco, uma vez que a volatilidade vai aumentando na medida que se eleva o
retorno esperado.
cada ação, isto é, o risco de mercado que não pode ser evitado por meio da
diversificação. Ele costuma ser calculado em intervalos de 4-5 anos, e quanto
mais volátil uma ação, maior o seu beta. De modo geral, as ações que
possuem total independência em relação ao portfólio de mercado, terão beta
igual a zero. Já aquelas de caráter mais defensivo, cujo retorno costuma ser
menor (maior) que a do portfólio de mercado quando a economia cresce
(decresce), terão beta menor do que um. E aquelas ações de maior risco, que
comumente terão retorno maior (menor) que o portfólio de mercado quando a
economia cresce (decresce), terão beta maior do que um.
Para dar início ao cálculo do beta das ações de cada clube, foi
necessário importar os dados de cada ativo diretamente da API do Yahoo!
Finance. Em seguida, foi calculado o retorno de cada ativo, e a covariância
desses retornos. Após essa etapa, determinou-se a covariância do preço das
ações de cada clube em relação ao portfólio de mercado. Por fim, foi estimada
a variância anualizada do índice de mercado, que no caso em específico dessa
seção, foi considerado o índice da bolsa de Londres, o FTSE 100. Desse
modo, fazendo o cálculo da divisão da covariância em relação à variância do
mercado, temos que:
● O beta das ações do Manchester United foi de 0,62;
● O beta das ações da Juventus foi de 0,76.
● O beta das ações do Borussia Dortmund foi de 0,82.
Logo, com base no critério definido no parágrafo inicial, todas essas ações são
consideradas de caráter mais defensivo, por possuírem beta menor do que um.
Desse modo, em cenários de crescimento da economia, elas tendem a
performar menos do que o índice de mercado. Todavia, em cenários de
recessão, costumam sofrer menos com as desvalorização do que o índice de
referência.
A segunda parte da aplicação da teoria do CAPM consistiu em estimar o
retorno esperado de cada ação. Como o beta é a nossa medida de risco, para
fazer sentido, quanto maior o beta, isto é, o risco, maior deve ser o retorno
esperado daquela ação para fazer valer a pena o investimento. Seguindo esse
raciocínio, o retorno esperado do Borussia deveria ser maior do que o dos
outros dois clubes. Será que de fato isso vai ocorrer? Veremos em seguida.
A fórmula utilizada para calcular o retorno esperado de uma ação é a
( )
seguinte: 𝑟𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 = 𝑟𝑓 + β𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 × 𝑟𝑚 − 𝑟𝑓 . Ou seja, o retorno esperado consiste,
Portanto, o retorno esperado das ações de cada clube esteve de acordo com o
valor do beta. Ou seja, o clube que teve maior beta, o Borussia, apresentou
maior retorno esperado. Já os que tiveram um beta menor, seu retorno
esperado também ficou mais abaixo, uma vez que o risco desses ativos
também é inferior. Logo, podemos concluir que: quanto maior o beta de cada
ação, e consequentemente, maior o risco, mais elevado será o retorno
esperado das ações daquele clube. Logo, como as ações do Borussia
apresentam maior risco pelo critério do CAPM, poderá oferecer maiores
ganhos aos investidores que demonstrarem interesse em aportar capital nesse
ativo.
Como análise final, calculou-se o índice de Sharpe de cada ativo. O
índice de Sharpe permite avaliar a relação entre risco e retorno das ações de
cada clube. Nesse indicador, o retorno é medido pelo excesso de performance
do ativo em relação à taxa livre de risco, e o risco é medido pelo desvio-padrão
𝑟𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 − 𝑟𝑓
das ações do clube. A fórmula desse índice é a seguinte: 𝑆ℎ𝑎𝑟𝑝𝑒 = σ𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜
.
● Manchester United:
● Juventus:
● Borussia Dortmund:
8 Conclusão
Investir em clubes de futebol pode ser uma opção interessante a se
considerar. Por meio das análises realizadas ao longo do trabalho, observou-se
que esses clubes superaram os principais índices de mercado acionário da
Europa, como por exemplo as bolsas de Paris e de Londres. Contudo, a
questão do risco é algo a se destacar, sendo uma espécie de ativo de maior
volatilidade e também de maior influência de decisões passionais, uma vez que
muitos dos acionistas são torcedores do próprio clube. Agora, resta esperar
para ver se essa situação também chega ao Brasil, para que em algum futuro
próximo tenhamos uma invasão de craques no mercado da B3.
Referências
https://www.manutd.com
https://finance.yahoo.com/quote/MANU/analysis?p=MANU
https://pt.wikipedia.org/wiki/Manchester_United_Football_Club
https://www.juventus.com/pt/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Juventus_Football_Club
https://finance.yahoo.com/quote/JUVE.MI?p=JUVE.MI
https://www.bvb.de
https://pt.wikipedia.org/wiki/Borussia_Dortmund
https://finance.yahoo.com/quote/BVB.DE/?guccounter=1&guce_referrer=aHR0c
HM6Ly93d3cuZ29vZ2xlLmNvbS8&guce_referrer_sig=AQAAAKD2OTzEpdlKTV
8KrLTIKH-2ivxQ3uluibmhKKgsEzjkYhdg3IAVEz35LFOEUEWiqr-0b7c1QsOBIw
kj1iRzZO0trlcct8bq36RHnYJsA7n8rSAQydzy1c5K5LQTe11Ss4QfbpTkhZXfcuC
ic1Frv3At0orH8100mnI8c0Sysn4a
https://pypi.org/project/yfinance/
https://365datascience.com/question/remotedataerror-unable-to-read-url-for-yah
oo-using-pandas-datareader/
https://matplotlib.org/stable/gallery/color/named_colors.html
https://www.bloomberg.com/markets/rates-bonds/government-bonds/uk
https://www.statista.com/statistics/664833/average-market-risk-premium-united-
kingdom/