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Apostila de Tratamento de
Águas Residuárias

Professor Eduardo Lucena C. de Amorim

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APRESENTAÇÃO

Esta apostila foi baseada no conteúdo do curso de Gestão Ambiental do IBEAM -


Instituto Brasileiro de Educação Ambiental e tem por finalidade orientar os alunos do curso
de Engenharia Ambiental e Sanitária ou do Programa de Pós-graduação em Recursos
Hídricos e Saneamento da Universidade Federal de Alagoas.

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INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 4

A ÁGUA NO MUNDO ............................................................................................................................ 4


IMPORTÂNCIA DA ÁGUA ....................................................................................................... 4
CICLO HIDROLÓGICO ........................................................................................................... 4
DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NA TERRA....................................................................................... 5
PRINCIPAIS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO BRASIL E DO PARANÁ .............................................. 6
EVOLUÇÃO DO CONSUMO .................................................................................................... 9
CARACTERÍSTICAS DA ÁGUA ............................................................................................................ 9
PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS E BIOLÓGICAS DA ÁGUA .................................................... 9
INDICADORES DE QUALIDADE DA ÁGUA .............................................................................. 10
CONSERVAÇÃO DE MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO ................................................................. 13
PLANOS DE MANEJO DE MANANCIAIS .................................................................................. 13
TRATAMENTO DE ÁGUA PARA ABASTECIMENTO ........................................................................... 14
POLUIÇÃO......................................................................................................................... 16
CARACTERIZAÇÃO DAS ÁGUAS RESIDUÁRIAS .............................................................................. 16
CARGA POLUIDORA ......................................................................................................................... 17
PADRÕES DE QUALIDADE ................................................................................................... 18
TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS ......................................................................................... 18
TRATAMENTO PRELIMINAR E PRIMÁRIO ............................................................................... 20
TRATAMENTO SECUNDÁRIO................................................................................................ 27
PROCESSOS AERÓBIOS ..................................................................................................... 32
LODOS ATIVADOS .............................................................................................................. 32
FILTROS BIOLÓGICOS ........................................................................................................ 33
LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO ............................................................................................... 34
PROCESSOS ANAERÓBIOS ................................................................................................. 35
O FILTRO ANAERÓBIO. ....................................................................................................... 43
TRATAMENTO TERCIÁRIO ................................................................................................... 47

REFERÊNCIAS .............................................................................................................................. 49

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INTRODUÇÃO

A escassez da água que era considerada no passado recente como uma hipótese restrita
a regiões áridas, assume uma importância estratégica em todas as regiões do mundo,
embora ainda hoje, muitas pessoas ainda não tenham a compreensão da gravidade da
crise que se avizinha. No contexto atual os recursos hídricos, começam a ser entendidos
como sinônimo de oportunidade de desenvolvimento e que muito provavelmente será o
grande limitador do crescimento humano (Andreoli, 2000 (a)).

A água no mundo

Importância da água
A água é a substância que existe em maior quantidade nos seres vivos, pois além fazer
parte das células vivas desempenha importantes funções como solvente que transporta
as substâncias pelo organismo e a integração. A falta de água provoca a debilidade ou
até a morte dos seres vivos. Representa cerca de setenta por cento do peso do corpo
humano. O homem necessita ingerir líquido numa quantidade diária de dois a quatro
litros. Pode sobreviver 50 dias sem comer, mas apenas 4 dias sem água.
Todas as sociedades dependem portanto da água para diferentes usos: água para
consumo doméstico, indústria, a agricultura e piscicultura, geração de energia elétrica,
navegação, lazer etc. A água é um elemento essencial para a manutenção da vida e para
a promoção do desenvolvimento mas, a água potável não estará disponível infinitamente.
Ela é um recurso renovável mas limitado e a sua disponibilidade tende a reduzir em
decorrência da degradação do ambiente. Parece inacreditável, mas a água tão abundante
no planeta, deve ser um grande fator limitante do desenvolvimento nos próximos anos.

Ciclo hidrológico
A Terra está a uma distância do sol e possui uma atmosfera que permite a existência dos
três estados da água: sólido, líquido e gasoso. Podemos admitir que a quantidade total
de água existente na Terra, tem se mantido constante, desde o aparecimento do Homem.
Toda a água existente na Terra - que constitui a hidrosfera - distribui-se principalmente
nas geleiras, nos oceanos, nas águas subterrâneas, nos rios e lagos e na atmosfera. A
circulação permanente entre estes reservatórios é chamada de ciclo da água ou ciclo
hidrológico. A energia para manter o movimento da água neste ciclo é fornecida pelo sol
e pela força da gravidade (Andreoli, 2000 (a)).
Conforme apresentado na Figura 01, o ciclo hidrológico pode ser entendido como um
gigantesco sistema de destilação, envolvendo todo o Globo. O aquecimento devido à
radiação solar provoca a evaporação contínua da água dos rios e oceanos, que é
transportada sob a forma de vapor para a atmosfera que o transporta para outras
regiões. A transferência de água da superfície do Globo para a atmosfera, sob a forma de
vapor, dá-se por evaporação direta, por transpiração das plantas e dos animais e por
sublimação (passagem direta da água da fase sólida para a de vapor). Durante a
transferência, parte do vapor de água condensa-se devido ao arrefecimento e forma
nuvens que originam a precipitação. Na terra sob a forma líquida, a água se dirige a
regiões mais baixas pela ação da força da gravidade através da infiltração e do
escorrimento superficial, chegando aos lençóis subterrâneos ou aos oceanos.
A energia solar é a fonte da energia térmica necessária para a passagem da água das
fases líquida e sólida para a fase do vapor; é também a origem das circulações
atmosféricas que transportam vapor de água e deslocam as nuvens.

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Figura 01: Ciclo Hidrológico.

A atração gravitacional é responsável pela precipitação e pelo escoamento. O ciclo


hidrológico é uma realidade essencial do ambiente. É também um agente modelador da
crosta terrestre devido à erosão e ao transporte e deposição de sedimentos por via
hidráulica. Condiciona a cobertura vegetal e, de modo mais genérico, a vida na Terra.

Distribuição da água na Terra

A água ocupa hoje aproximadamente 2/3 da superfície da Terra. Ocorre no entanto que
apenas uma pequena fração pode ser potencialmente utilizada porque a maior parte,
97%, é salgada e dos 3% restantes apenas 0,0001% vai para os rios, estando facilmente
disponível para uso. O restante tem uma disponibilidade muito restrita, pois encontra-se
em geleiras, icebergs e em subsolos muito profundos. A água no mundo avalia-se em
126.507.300 Km 3 e distribui-se conforme os volumes e percentuais apresentados na
Tabela 01.
A quantidade da água salgada dos oceanos é cerca de 30 vezes a quantidade da água
doce dos continentes e da atmosfera. A água dos continentes concentra-se praticamente
nas calotas polares, glaciais e no subsolo, distribuindo-se a parcela restante, muito
pequena, por lagos e pântanos, rios, zona superficial do solo e biosfera.
A água do subsolo representa cerca de metade da água doce dos continentes, mas a sua
quase totalidade situa-se a profundidade superior a 800 m.
A quase totalidade da água doce dos continentes (contida nas calotas polares, glaciais e
reservas subterrâneas profundas) apresenta, além das dificuldades de utilização, o
inconveniente de só ser renovável numa fração muito pequena, tendo-se acumulado ao
longo de milhares de anos.
A água perdida pelos oceanos por evaporação excede a que é recebida por precipitação,
sendo a diferença compensada pelo escoamento proveniente dos rios continentais.
A precipitação anual sobre os continentes é de 800 mm e reparte-se em escoamento (315
mm) e evapotranspiração (485 mm). A precipitação anual média sobre os oceanos é de
1270 mm, resultando a precipitação anual média sobre o Globo igual a cerca de 1100
mm.

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Tabela 01 - A distribuição da água mundial


Localização volume de água percentual do total de água
Km 3
Oceanos 1.230.000.000 97,24
Geleiras 27.070.000 2,14
Águas Subterrâneas 7.720.000 0,61
Lagos 116.000 0,009
Mares Interiores e pântanos 97.000 0,008
Água no Solo 63.000 0,005
Atmosfera 12.100 0,001
Rios 1.200 0,0001
Fonte: Environmental Science, 1.996

Embora a quantidade total de água na Terra seja constante, ou seja, a distribuição de


água nos diferentes estados apresenta uma grande variação através do tempo. Na época
de máxima glaciação, períodos em que a Terra apresenta temperaturas médias mais
baixas, o nível médio dos oceanos situou-se cerca de 140 m abaixo do nível atual,
determinado pelo grande crescimento das calotas polares, formada pelo congelamento de
parte dos oceanos (Andreoli, 2000 (a)).
Uma das principais preocupações dos cientistas com relação ao efeito estufa (
aquecimento da temperatura média do planeta, decorrente do aumento de CO2 da
atmosfera) é o descongelamento ocasionando aumento do nível dos mares, estimado
entre 20 cm a 2 m no próximo século, que causaria grandes problemas nas áreas mais
baixas do planeta (Andreoli, 2000 (a)).

Principais bacias hidrográficas do Brasil e do Paraná


O Brasil é um país privilegiado no que diz respeito à quantidade de água. Sua
distribuição, porém, não é uniforme em todo o território nacional. Mesmo com 20 % de
toda a água doce superficial da Terra, aqui, como no resto do mundo, a situação é
delicada. A maior parte da água disponível para uso (80%) está localizada na região
Amazônica, que detém a bacia fluvial com maior volume d'água do globo, e os 20%
restantes se distribuem desigualmente pelo país, para atender a 95% da população e
desta forma multiplicam-se os pontos de conflitos de uso dos recursos hídricos em várias
regiões.
As maiores concentrações populacionais do país encontram-se nas capitais, distantes dos
grandes rios brasileiros, como o Amazonas, o São Francisco e o Paraná. E há ainda o
Nordeste, onde a falta d'água por longos períodos tem contribuído para o abandono das
terras e para a migração aos centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro,
agravando ainda mais o problema da escassez de água nessas cidades.
Além disso, nossos rios e lagos vêm sendo comprometidos pela queda de qualidade da
água disponível para uso em decorrência da poluição e da degradação ambiental.
Problemas como o garimpo clandestino e a falta de tratamento dos despejos domésticos
e industriais nas grandes cidades afetam a qualidade da água. As atividades agrícolas
mal planejadas, também causam intenso processo erosivo, que é um importante fator da
degradação da qualidade das águas.
Em decorrência de sua topografia os principais rios do Paraná correm da Serra do
Mar para o interior, limitado ao Norte pelo Rio Paranapanema, ao sul pelo Rio Iguaçu,
ambos afluentes do Rio Paraná que representa a divisa à oeste do Estado.
Os principais afluentes do Paranapanema e do Iguaçu que drenam o Estado do
Paraná podem ser visualizado na Figura 02, na Figura 03 apresenta-se a divisão de
bacias hidrográficas de Curitiba.

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Figura 02 - Bacias Hidrográficas do Paraná


Fonte: SUDERHSA, Sistema de Informações Geográficas para Gestão de Recursos Hídricos
do Alto Iguaçu, 2004.

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Figura 03 – Bacias Hidrográficas de Curitiba.

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Evolução do Consumo

O desenvolvimento econômico e social de qualquer país está fundamentado na


disponibilidade de água da boa qualidade e na capacidade de conservação e proteção
dos recursos hídricos. A Figura 04 mostra a dinâmica do consumo de água em Km 3/ano
e sua evolução nos últimos 100 anos.
Uma das causas fundamentais do aumento do consumo de água, e da rápida
deterioração da qualidade, é o aumento da população mundial e a taxa de urbanização.
Por exemplo, no caso do Brasil, 70% da população, hoje, vive em áreas urbanas com
necessidades crescentes de água e com aumento permanente nos custos de tratamento
(Andreoli, 2000 (a)).
Em 2020, a Terra terá 500 cidades com mais de 1 milhão de habitantes e 33
megacidades com mais de 8 milhões de habitantes, o que coloca a questão da água, sua
conservação e seu uso adequado como prioritária para qualquer país e região. A água, é
portanto, um recurso natural ameaçado, o que coloca em risco a sobrevivência da espécie
humana.
Figura 04: Tendência no consumo global de água, 1900-2000.

Características da Água

Propriedades Físico-químicas e biológicas da Água


A água possui característica químicas e físicas bastante especiais: é um dos raros
compostos que se apresentam na forma líquida em condições naturais, apresenta grande
estabilidade, é um solvente universal e uma fonte poderosa de energia química. A água é
capaz de absorver e liberar mais calor que todas as demais substâncias comuns
(Andreoli, 2000(a)).
Uma das mais notáveis característica da água é de “solvente universal”. isto é , sua
capacidade de dissolver substâncias e compostos inorgânicos ou orgânicos, sólidos ou
gasosos. Graças a isso, ela contém, em geral, todos os elementos indispensáveis à
nutrição, respiração e desenvolvimento de uma infinita variedade de formas vivas.

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Indicadores de Qualidade da Água


A água contém, geralmente, diversos componentes, os quais provém do próprio ambiente
natural ou foram introduzidos a partir de atividades humanas.

Alguns compostos químicos são indispensáveis à água destinada ao consumo humano, a


irrigação, a preservação da flora e da fauna, o uso pastoril dentre outros. No entanto, as
impurezas presentes na água podem alcançar valores elevados, causando malefícios ao
homem e ao meio ambiente, prejudicando os seus usos. Assim estas impurezas precisam
ser limitadas em função dos fins a que se destina a água.

Indicadores Físicos de Qualidade da Água

Cor: responsável pela coloração da água, indicando a existência de sólidos dissolvidos.


Pode ser causada pelos minerais como o ferro ou o manganês, pela decomposição da
matéria orgânica (principalmente vegetais), pelas algas ou pela introdução de esgotos
domésticos e industriais (ex.: tinturaria, tecelagem, produção de papel).

Turbidez: A turbidez representa o grau de interferência com a passagem da luz através da


água, conferindo uma aparência turva à mesma. A Turbidez é causada pela presença de
sólidos em suspensão, tais como partículas insolúveis de solo, matéria orgânica e
organismos microscópicos.

Temperatura: medida da intensidade de calor; é um parâmetro importante, pois, influi em


algumas propriedades da água (densidade, viscosidade, oxigênio dissolvido), com
reflexos sobre a vida aquática.

Sabor e odor: resultam da presença, na água, de alguns compostos químicos ( ex.: sais
dissolvidos, produzindo sabor salino; alguns gases resultantes em maus odores) ou de
outras substâncias, tais como a matéria orgânica em decomposição, ou de algas.
Indicadores Químicos de Qualidade da Água.

Dureza: resulta da presença de sais alcalinos (cálcio e magnésio), ou de outros íons


metálicos bivalentes em menor intensidade. Os principais problemas das águas com
dureza elevada são: causam a extinção da espuma do sabão, aumentando o seu
consumo; produzem incrustações nas tubulações e caldeiras.

Salinidade: resultante do excesso de sais dissolvidos na água, como os bicarbonatos,


cloretos e sulfatos, tornando seu sabor salino e conferindo-lhe propriedade laxativa.

Agressividade: é uma característica da presença da gases em solução na água, como o


oxigênio, o gás carbônico e o gás sulfídrico. Uma ;água agressiva pode causar a corrosão
de metais ou de outros materiais, tais como o cimento.

Ferro e manganês: são produtos que, em excesso na água, podem causar problemas,
tais como: coloração avermelhada no caso do ferro, ou marrom, devido ao manganês,
produzindo manchas em roupas ou em produtos industrializados; sabor metálico; em
doses elevadas, podem ser tóxicos.

Alcalinidade: uma água é alcalina quando contém quantidade elevada de bicarbonatos de


cálcio e magnésio, carbonatos ou hidróxidos de sódio, potássio, cálcio e magnésio. Além
de contribuir para a salinidade da água, a alcalinidade influi nos processos de tratamento
da mesma.

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Compostos de nitrogênio: o nitrogênio segue um ciclo, podendo estar presente em


diversas formas – amoniacal, nitritos, nitratos e nitrogênio molecular. Estes compostos
ocorrem na água originários de esgotos domésticos e industriais, da drenagem ou
lixiviação de áreas fertilizadas ou naturalmente através das chuvas. Podem ser usadas
como indicadores da “idade” da carga poluidora (esgoto), dependendo do estágio em que
se encontram. O nitrogênio contribui para o desenvolvimento de algas em mananciais,
devendo ser limitado, para evitar a proliferação excessiva das mesmas. Teores elevados
de nitratos são responsáveis pela incidência de uma doença infantil chamada
metemoglobinemia (ou cianose), que provoca a descoloração da pele.

Cloretos: estes compostos podem estar presentes na água, naturalmente ou


conseqüência da poluição devida à intrusão da água do mar, de esgotos sanitários ou
industriais. em teores elevados causam sabor acentuado, podendo ainda provocar
reações fisiológicas ou aumentar a corrosividade da água. Os cloretos são usados,
também, como indicadores de poluição por esgotos sanitários.

Fluoretos: quando em teores adequados, o flúor é benéfico, sendo um preventivo de


cáries dentárias. No entanto, em dose mais elevadas, pode resultar em problemas para o
homem, provocando alterações ósseas ou ocasionando a fluorose dentária (aparecimento
de manchas escuras nos dentes).

Compostos tóxicos: alguns elementos ou compostos químicos, quando presentes na água


em níveis inadequados, a tornam tóxica, podendo-se citar: cobre, zinco, chumbo,
cianetos, cromo hexavalente, cádmio, arsênio, selênio, prata, mercúrio, bário. estas
impurezas podem alcançar á água a partir de esgotos industriais ou de usos agrícolas.
Matéria orgânica: a matéria orgânica presente na água, além de responsável pela cor,
odor, turbidez e outras características, resulta no consumo do oxigênio dissolvido no
líquido, devido à sua estabilização ou decomposição biológica. A poluição da água por
matéria orgânica é, geralmente, avaliada através de três parâmetros: Oxigênio Dissolvido
(OD), Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e Demanda Química de Oxigênio (DQO).
Oxigênio Dissolvido (OD): o teor de oxigênio dissolvido é um indicador de suas condições
de poluição por matéria orgânica. Assim, uma água não poluída (por matéria orgânica)
deve estar saturada de oxigênio. Por outro lado, teores baixos de oxigênio dissolvido
podem indicar que houve uma intensa atividade bacteriana decompondo matéria orgânica
lançada na água. Varia com a altitude e temperatura, conforme exemplificado na Tabela
03.

Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) :é a quantidade de oxigênio molecular


necessária à estabilização da matéria orgânica decomponível aerobicamente por via
biológica. Portanto a DBO é um parâmetro que indica a quantidade de oxigênio
necessária, em meio aquático, à respiração de microrganismos aeróbios, para
consumirem a matéria orgânica introduzida na forma de esgotos ou de outros resíduos
orgânicos. A determinação da DBO é feita em laboratório, observando-se o oxigênio
consumido em amostras do líquido, durante 5 dias, à temperatura de 20oC.

Demanda Química de Oxigênio (DQO):é a quantidade de oxigênio molecular necessária à


estabilização da matéria orgânica, por via química, obtida através de um forte oxidante
(dicromato de potássio) em meio ácido. O valor obtido é, portanto, uma indicação indireta
do teor de matéria orgânica presente. A DQO é sempre maior que a DBO, devido à
oxidação química decompor também a fração da matéria orgânica não biodegradável.

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Fenóis: os fenóis e seus compostos existem em resíduos industriais, além de serem


tóxicos causam problemas em sistemas de tratamento da água, pois combinam-se com o
cloro, produzindo odor e sabor desagradáveis.

Detergentes: os detergentes, principalmente os não-biodegradáveis, são causadores de


alguns problemas quando incorporados à água: sabor desagradável; formação de
espuma em águas agitadas; problemas operacionais em estações de tratamento de água
e de tratamento de esgoto, devido à espuma; toxidez, em teores mais elevados.

Agrotóxicos: são substâncias químicas usadas no combate às pragas , tais como:


inseticidas, raticidas, herbicidas, fungicidas, formicidas e outros. Acima de certos teores,
os pesticidas são tóxicos ao homem, aos peixes e a outros animais. O uso, cada dia mais
intenso, destes produtos, tem causado a mortandade de peixes e prejuízos ao
abastecimento público da água.

Substâncias radioativas: o desenvolvimento da indústria nuclear pode conduzir a


problemas de contaminação da água por substâncias radiativas, com prejuízos para o
homem e o meio ambiente.

Indicadores Biológicos de Qualidade da Água


Os microrganismos aquáticos desenvolvem, na água, suas atividades biológicas de
nutrição, respiração, excreção etc., provocando modificações de caráter químico e
ecológico no próprio ambiente aquático.
Os microrganismos de origem externa (ex.: microrganismos patogênicos introduzidos na
água junto com matéria fecal) normalmente não se alimentam ou se reproduzem no meio
aquático, tendo caráter transitório neste ambiente.

Entre os organismos que podem ser encontrados na água, destacam-se:

Algas: embora tendo grande importância para o equilíbrio ecológico no meio aquático,
sendo responsável por parte do oxigênio presente no líquido (produzido através da
fotossíntese), podem acarretar, também, alguns problemas, como formação de massa
orgânica, formação de camadas de algas na superfície dos reservatórios; entupimentos
de filtros de areia; corrosão de estrutura de ferro e de concreto.

Microrganismos patogênicos: Podem ser de vários tipos: bactérias, vírus, protozoários e


vermes. Estes microrganismos não são resistentes naturais do meio aquático, tendo
origem, dos dejetos de pessoas doentes ou portadores, assim, têm sobrevivência limitada
neste meio, podendo, no entanto, alcançar um ser humano, através da ingestão ou
contato com a água, causando-lhe doenças. Devido à grande variedade de
microrganismos patogênicos que podem estar contidos na água, dificultando, portanto, a
sua determinação, a sua existência é mostrada através de indicadores da presença de
poluição da água por matéria fecal no líquido.

Colimetria: As bactérias usadas como indicadores de poluição da água por matéria fecal
são os coliformes. Embora não sendo, de um modo geral, patogênicas, a presença de
bactérias do grupo coliforme na água indica que a mesma recebeu matéria fecal e pode,
conter microrganismos patogênicos. O grupo mais importante como indicadores é a
Escherichia coli. Os principais indicadores geralmente utilizados são coliformes totais e os
coliformes fecais, estes últimos são um grupo de bactérias indicadoras de organismos
originários do trato intestinal humano e de outros animais. O teste para CF é feito a uma
elevada temperatura, na qual o crescimento de bactérias de origem não fecal é suprimido.

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Conservação de Mananciais de Abastecimento


Os mananciais para abastecimento público devem apresentar uma distância, das cidades
a serem abastecidas, viável em termos econômicos sem perder de vista o equilíbrio de
sua preservação. Esta relativa proximidade trás em seu bojo um sério conflito
representado pela expansão espontânea da urbanização sobre os referidos mananciais,
com sua inevitável degradação. Esta dinâmica leva ao abandono dos investimentos
realizados e a criação de verdadeiros cadáveres hídricos, que poluem e envergonham as
cidades (Andreoli, 2000 (a)).

Por mais distante que seja, a definição de uma bacia como manancial de abastecimento
estabelece a mais nobre e importante vocação desta área, que é a de produzir água de
boa qualidade a qual, todos os demais usos devem estar subordinados. A idéia de aceitar
a definição de restrição de uso está expressa na estratégia de definir as Áreas de
Proteção Ambiental como os instrumentos de manutenção da qualidade destas bacias.

A definição de mananciais deve ser revestida de garantias legais, institucionais e políticas


para garantir a sua manutenção frente às pressões desenvolvimentistas. Trata-se de
realizar um estudo estratégico e buscar o consenso político através da participação
pública.

Em uma Região como a de Curitiba que se situa próxima das nascentes, a necessidade
de conservação destas áreas define restrições de uso e conseqüentemente ao
desenvolvimento urbano; é o dilema entre orientar o crescimento e manter a
disponibilidade de água futura. Portanto a lógica de degradar os mananciais tem seus
limites ambientais. Não podemos esquecer, sob pena de inviabilizar os Planos Diretores
em um curto espaço de tempo as demandas industriais e agrícolas.

Outro ponto de fundamental importância são os custos de investimento e operacionais


dos sistemas de abastecimento de água. Bacias mais distantes, em geral mais facilmente
conservadas demandam a construção de grandes adutoras e em algumas situações de
grandes alturas manométricas. É fácil compreender a diferença entre a coleta de água
dentro da cidade com a distribuição praticamente realizada por gravidade, como nos
mananciais do Altíssimo Iguaçu, com uma transposição de 60 quilômetros com mais de
600 mca de altura manométrica operacional como seria o aproveitamento do Açungui.

Finalmente deve ser cuidadosamente avaliado o tempo necessário para a viabilização de


obras de reserva e captação de água à grandes distâncias. O projeto de concepção, o
Estudo de Impacto Ambiental, o detalhamento do projeto, o licenciamento ambiental, a
licitação, as desapropriações e a implementação da obra requer um cronograma muito
bem definido que considere um período mínimo de oito anos entre a decisão política e a
água na torneira do cidadão.

A Região Metropolitana de Curitiba está localizada próximo as cabeceiras da Bacia do


Iguaçu, na Serra do Mar, que é o seu principal manancial de abastecimento e, portanto a
disponibilidade de água de boa qualidade representa um dos importantes fatores de
limitação do desenvolvimento da Região.

Planos de manejo de mananciais


O plano de manejo e gestão para bacia de manancial deve ter como principal objetivo
estabelecer quais as condições sociais, ambientais e econômicas necessárias à
manutenção do estoque e da qualidade da água destinada ao abastecimento público de
uma determinada comunidade como uma das condições básicas da vida.

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Destina-se basicamente à formulação de parâmetros de uso e ocupação da bacia


hidrográfica utilizada como manancial.

Roteiro para Elaboração de Plano de Gestão e Manejo para Bacias de Mananciais


PARTE I – ASPECTOS GERAIS
1- Localização Geográfica
2- Caracterização da Bacia

PARTE II – DIAGNÓSTICO
Descrição de Procedimentos
Aspectos Físicos (Geomorfologia e Solos)
Aspectos Dos Recursos Hídricos - Os Rios que formam a Bacia; Vazão dos rios;
Qualidade da Água; Usos da água; Cálculo da Demanda.
Aspectos Biológicos - Cobertura Vegetal; Fauna; Levantamento das Unidades de
Conservação; Levantamento das áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal
Aspectos Humanos - Caracterização; Atividades de Competência governamental; Vetores
de Ocupação; Legislação; Estruturas Organizadas da Sociedade
Cenário Geral - Cenário atual e cenário futuro; Recomendações; Macrozoneamento.

PARTE III - PROJETOS ESPECIAIS PARA MANEJO E GESTÃO

Monitoramento - Monitoramento participativo; Monitoramento Técnico; Monitoramento de


Agrotóxicos; Avaliação periódica do Plano de Manejo e Gestão.
Sistema Municipal de Informações;
Educação Ambiental;
Conservação de Solos;
Recuperação da Vegetação nas Áreas de Preservação Permanente;
Agricultura Adequada para Bacias de Mananciais.

Tratamento de Água para Abastecimento


De acordo com a Resolução do Conama nº357 de 17/03/2005, que dispõe sobre
enquadramento dos corpos hídricos e padrões de lançamento de efluentes tem-se a
divisão por tipos de tratamento, sendo:
 tratamento avançado: técnicas para remoção e/ou inativação de constituintes
refratários aos processos convencionais de tratamento, os quais podem conferir à água
características tais como: cor, odor, sabor, atividade tóxica ou patogênica.
 tratamento convencional: clarificação com utilização de coagulação e floculação,
seguida de desinfecção e correção de pH.
 tratamento simplificado: clarificação por meio de filtração e desinfecção e correção de
pH quando necessário.
Para os rios de abastecimento de água para a população da Região Metropolitana
de Curitiba, comumente utiliza-se o tratamento convencional, as etapas deste processo
de tratamento podem ser observadas na Figura 06.

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Figura 06: Esquema simplificado de tratamento de água convencional.

Etapa 1 – Captação: a água é coleta no rio através de bombas e é transportada até a ETA
(estação de tratamento de água) pelas tubulações adutoras. Um cuidado importante a ser
tomado na etapa de captação, além da escolha do manancial como já visto, é colocação
de grades para impedir que sólidos grosseiros sejam coletados junto com a água e venha
a prejudicar as demais etapas do tratamento.

Etapa 2 – Coagulação: nesta etapa a água primeiramente tem seu pH ajustado para a
faixa ideal de atuação do agente coagulante. O agente coagulante mais utilizado pelas
ETAs do Paraná é o sulfato de alumínio, a sua função é de desestabilizar as cargas
elétricas contidas nas partículas poluidoras, fazendo com elas se agrupem posteriormente
na etapa de floculação. A etapa de coagulação depende de um gradiente alto de
velocidade para que o coagulante tenha sua mistura maximizada.

Etapa 3 – Floculação: nesta etapa, ao contrário da coagulação o gradiente de velocidade


é baixo, para favorecer o encontro das partículas, que estão com suas cargas elétricas
neutralizadas e formem flóculos.

Etapa 4 – Decantação: os flóculos formados anteriormente adquirem peso devido ao


aumento do tamanho, com a ausência de agitação irão para o fundo do tanque de
decantação, separando-se da água. O material depositado no fundo destes tanques é
periodicamente removido e recebe o nome de lodo de ETA, ou lodo de água, sua
característica é de ser um lodo essencialmente químico rico em alumínio.

Etapa 5 – Filtração: com o objetivo de remover as partículas remanescentes na água esta


passa por um filtro de leito composto, cujas camadas são seixos rolados na base, pedra

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brita, areia e por fim carvão antracito. O fluxo da água é de cima para baixo, os filtros são
lavados periodicamente para remoção do lodo que fica aderido ao seu leito.

Etapa 6 – Polimento: etapa é dividida em três fases, na primeira é feita a eliminação de


microorganismos patogênicos da água, feita com uso de cloro gasoso ou demais agentes
desinfetantes. Na segunda fase é feita a dosagem de fluorssilicato de sódio, sem
nenhuma pretensão de tratar a água o flúor tem importância na prevenção da cárie
infantil, toma-se o cuidado de não ultrapassar a dose de 1,2mg/L, que poderia trazer
problemas d efluorose (manchas amareladas nos dentes). Por fim é feita a neutralização
da água com ajuste do pH com cloro gasoso ou cal hidratada.

Etapa 7 – Reservatório: nesta etapa a água é armazenada para posterior distribuição.

Etapa 8 – Distribuição: etapa final do sistema de abastecimento de água, assim como a


etapa do reservatório não contempla nenhum tipo de tratamento mas faz parte do ciclo de
distribuição.
Cada estado utiliza uma técnica e produtos químicos diferenciados para tratamento de
água, o acima descrito é o procedimento mais comumente utilizado no Brasil e
principalmente no Paraná.

Poluição

Entende-se por poluição das águas a adição de substâncias ou de formas de energia que,
direta ou indiretamente, alterem a natureza do corpo d´água de uma maneira tal que
prejudique os legítimos usos que dele são feitos. A poluição dos corpos d’água é causada
pelo lançamento indiscriminado dos esgotos, sem tratamento ou parcialmente tratados.
Os inconvenientes gerados podem causar efeitos adversos aos usos benéficos das
águas. Esta poluição é função das alterações da qualidade ocasionadas no corpo
receptor, além das implicações relativas às limitações aos usos da água.
As fontes de poluição dividem-se nas seguintes categorias:
 Fontes naturais;
 Águas de áreas agrícolas;
 Águas servidas ou esgotos;
 Fontes diversas.

Caracterização das Águas Residuárias

Antigamente ESGOTO resumia-se à definição da tubulação condutora das águas servidas


de uma comunidade;
Atualmente, este termo define os despejos provenientes das diversas modalidades
do uso e origem das águas, tais como as de uso doméstico, comercial, industrial, as de
utilidades públicas, de áreas agrícolas, de superfície, de infiltração, pluviais, e outros
efluentes sanitários.
Em função da aversão ao termo “esgoto” e, para unificar o conceito com o termo em
inglês amplamente utilizado (Wastewater, ao invés de Sewage), é comum falar-se, então,
de águas residuárias.

Note que, até nas estações de tratamento, essa tendência acontece: de ETE – Estação
de Tratamento de Esgotos, para ETAR – Estação de Tratamento de Águas Residuárias.

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Os diversos componentes presentes na água, e que alteram o seu grau de pureza, podem
ser retratados de uma maneira ampla e simplificada, em termos das suas características
físicas, químicas e biológicas.
Estas características podem ser traduzidas na forma de parâmetros de qualidade da água
e, em seguida, dos esgotos!

Características físicas: As impurezas, do ponto de vista físico, estão associadas, em sua


maior parte, aos sólidos presentes na água. Estes sólidos podem ser em suspensão,
sedimentáveis, coloidais ou dissolvidos, dependendo do seu tamanho.

Características químicas: Podem ser interpretadas através das classificações de:


matéria orgânica ou inorgânica;

Características biológicas: Os seres presentes na água podem ser vivos ou mortos.


Dentre os vivos, tem-se os pertencentes aos reinos animal e vegetal, além dos protistas.

Os parâmetros mais importantes no controle e tratamento de águas residuárias são:

Sólidos ou Matéria Sólida, Indicadores de matéria orgânica, Nitrogênio e Fósforo ou


Nutrientes, Indicadores de contaminação fecal.

Carga Poluidora

A quantificação das cargas poluidoras é feita para avaliar o impacto da poluição e


da eficácia das medidas de controle.
A carga é expressa em termos de massa por unidade de tempo, podendo ser
calculada por um dos seguintes métodos, dependendo do tipo de problema em análise,
da origem do poluente e dos dados disponíveis:
• Carga = concentração x vazão
• Carga = contribuição per capita x população
• Carga = contribuição por unidade produzida x produção
• Carga= contribuição por unidade de área x área

Cada indústria é um caso distinto e que, entre indústrias do mesmo tipo, existem despejos
diferentes, com cargas diferentes.

Pode-se fazer uma equivalência entre a carga orgânica (DBO) de despejos


orgânicos gerados pela atividade industrial em relação à contribuição normal “per capita”
de esgotos domésticos.

Esta relação denomina-se população equivalente.


Um importante parâmetro caracterizador dos despejos industriais é o equivalente
populacional. Quando se fala que uma indústria tem um equivalente populacional de 10
habitantes, equivale a dizer que a carga de DBO do efluente industrial corresponde a
uma carga gerada por uma população com 10 habitantes.
E.P.(equivalente populacional) = Carga de DBO da indústria (kg/dia)
Contribuição per capita de DBO x produção

O valor usualmente utilizado é o de 54g DBO/hab.dia aconselhado pela NB-570 da


ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

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Como a carga poluidora é medida em função da concentração e da vazão, estes


são assim medidos:
Para concentração, toma-se, geralmente, como base, valores de DBO, como
indicador de matéria orgânica. Para quantificar o volume gerado e que será tratado,
utiliza-se a vazão através dos medidores de vazão.

A quantidade de esgotos geradas em uma determinada comunidade / localidade


pode ser originada por:
• Esgotos domésticos (incluindo residências, instituições e comércio);
• Águas de infiltração;
• Despejos Industriais (diversas origens e tipos de indústrias)

A vazão que deve entrar numa estação de tratamento de águas residuárias é um dos
principais parâmetros para se projetar estações de tratamento. A vazão tanto serve para o
dimensionamento das unidades do sistema de tratamento, quanto para o estudo de
autodepuração e enquadramento na legislação vigente.

Anteriormente a vazão afluente a ETE, é importante conhecer também os principais tipos


de sistemas de esgotamento sanitário existentes:
a.) Sistema de esgotamento Unitário ou Combinado: águas residuárias (domésticas e
industriais), águas de infiltração (água do solo que penetra nas tubulações) e águas
pluviais são coletadas pela mesma tubulação.
b.) Sistema separador absoluto: as águas residuárias e águas de infiltração veiculam por
tubulação independente da água de chuva.

Padrões de Qualidade

Existem três tipos padrão de interesse direto dentro da Engenharia Ambiental,


referentes à qualidade da água:

Padrões de lançamento no corpo receptor


Padrões de qualidade do corpo receptor
Padrões de qualidade para determinado uso imediato (ex.: padrões de
potabilidade)

Os padrões de lançamento e de qualidade do corpo receptor são dados pela Resolução


357 do CONAMA.

Tratamento de Águas Residuárias

É prioridade, o entendimento dos principais conceitos para que se consiga assimilar com
facilidade, as diferenças entre os vários tipos de unidades existentes, para se tratar águas
residuárias.
O tratamento de águas residuárias pode incluir várias técnicas e pode ser
realizado, de maneira a garantir um grau de tratamento compatível com as condições
desejadas pelo rio.
As diversas fases ou graus de tratamento convencional costumam ser classificados
como:
a) Tratamento Preliminar: Destina-se à preparação das águas de esgoto para uma
disposição ou tratamento subseqüente. As unidades preliminares podem compreender:
- Grades ou desintegradores;
- Caixas de areia ou desarenadores;
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- Tanques de remoção de óleos e graxas;


- Aeração preliminar;

b) Tratamento Primário: Além das operações preliminares poderá incluir:


- Decantação primária;
- Precipitação química;
- Digestão dos lodos;
- Disposição sobre o terreno, incineração ou afastamento dos lodos resultantes;
- Desinfecção;
- Filtros grosseiros.
c) Tratamento Secundário: São aqueles que apresentam tratamento biológico:
- Filtração biológica aeróbia;
- Filtração biológica anaeróbia;
- Lodos ativados;
- Reatores anaeróbios.
d) Tratamento Terciário: São aqueles que objetivam a remoção de nutrientes:
- Tratamento avançado;
- Tratamento combinado.
Obs.: Esta classificação é muito polêmica e costuma ser muito contestada.

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Figura – Esquema de uma estação de Tratamento de Águas Residuárias

Tratamento Preliminar e Primário

A despoluição dos córregos acontece através de vários mecanismos, sendo que os


principais são: o tratamento do esgoto, o reuso da água e a mudança de hábito.
O tratamento de esgoto pode ser definido, como a retirada de poluentes da água, através
de processos biológicos, químicos ou por meio de operações físicas.
O reuso da água, refere-se a seu reaproveitamento para usos menos restritivos; Como
exemplo, pode ser citado a utilização da água da pia do lavatório, sendo esta retornada
para água do vaso sanitário. É importante perceber que a água do vaso sanitário não
requer a presença de flúor.
A mudança de hábito por parte da população pode ocorrer em residências, através da
diminuição da descarga de dejetos, tanto pelo vaso sanitário (papel higiênico, fios de
cabelo e produtos de limpeza), como pelo lavatório (restos de comida e produtos de
limpeza). Nas indústrias seriam necessário mudanças na forma de produção, ou seja,
estudar a maneira de produção que forme o menor número de resíduos possível.

Separação sólido/líquido
Separação de Sólidos Grosseiros em Suspensão
A separação de sólidos grosseiros em suspensão, presente em efluentes líquidos pode
ser feito por gradeamento e peneiramento.

Gradeamento
São dispositivos constituídos por barras paralelas e igualmente espaçados que se
destinam a reter sólidos grosseiros em suspensão e corpos flutuantes.

O gradeamento é a primeira unidade de uma estação de tratamento de esgoto, sendo que


essa unidade, só não deve ser prevista, na ausência total de sólidos grosseiros no
efluente a ser tratado.
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Tabela 1. Aberturas ou espaçamentos e dimensões das barras:


Tipo de grade: Espaçamento (mm): Espessuras mais usuais (mm):
Grosseira 40 10 e 13
60 10 e13
80 10 e 13
100 10 e13
Média 20 8 e 10
30 8 e10
40 8 e 10
Fina 10 6, 8 e 10
15 6, 8 e 10
20 6, 8 e 10

Tabela 2. Eficiência do sistema de gradeamento (E):


t a = 20 mm a = 25 mm a = 30 mm
6 mm 75 % 80 % 83,4 %
8 mm 73 % 76,8 % 80,3 %
10 mm 67,7 % 72,8 % 77 %
13 mm 60 % 66,7 % 71,5 %
a: espaço entre as barras;
t: espessura das barras;

O sistema de gradeamento pode conter uma ou uma mais grades. As grades grosseiras
são utilizadas, quando o esgoto apresenta grande quantidade de sujeira. Nas grades são
retidos pedras, pedaços de madeira, brinquedos, animais mortos e outros objetos de
tamanho elevado.

As grades média e fina devem ser utilizadas para retirada de partículas, que ultrapassam
o gradeamento grosseiro. As grades fina e média só devem ser instaladas, sem o
gradeamento grosseiro, no caso de remoção mecânica dos resíduos.
Após retido pelo sistema de gradeamento o material deve ser removido e exposto a luz,
para secar, sendo em seguida encaminhado para um aterro sanitário ou incineração.
Para pequenas estações (vazão < 5 L/s), pode-se enterrar este material, desde que,
adequadamente. Deve-se ter vários cuidados para que não ocorra o acúmulo de resíduos
no gradeamento, para consequentemente não haver mau cheiro.

Penereiramento

O peneiramento tem como objetivo principal, a remoção de sólidos grosseiros com


granulometria maior que 0,25 mm. As peneiras podem ser classificadas em estáticas e
rotativas. Estas devem ser usadas principalmente, em sistemas de tratamento de águas
residuárias industriais, sendo que, em muitos casos, os sólidos separados podem ser
reaproveitados.
Podem ser utilizadas anteriormente aos Reatores Anaeróbios, já que estes apresentam
ótimo desempenho no tratamento de efluentes líquidos, com baixas concentrações de
matéria orgânica solúvel e particulada.
O aparecimento de peneiras mecanizadas tende a mudar o uso quase exclusivo do
gradeamento, no tratamento preliminar de esgotos sanitários.

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Caixas de Areia ou Desarenadores

Analogamente aos processos de gradeamento e peneiramento, as caixas de areia


são geralmente instaladas após o sistema de grades ou peneiras no intuito de remover
partículas de tamanhos similares ao da areia.
O princípio da remoção está baseado na velocidade de fluxo (escoamento) da
partícula e na velocidade de sedimentação da mesma.
O dimensionamento de um desarenador pode ser realizado com base no Princípio
da Semelhança dos Triângulos.
Geralmente, junto ao desarenador, pode-se instalar um medidor de vazão do tipo
calha Parshall, o qual é necessário para se quantificar a vazão que está entrando no
sistema principal de tratamento (etapa dos tratamentos físico-químico e biológico).
A velocidade recomendada para projeto de caixas de areia é da ordem de 0,30
m/s. A velocidade na caixa de areia, deve ser menor do que 0,45 m/s e maior do que
0,10 m/s para qualquer etapa de um projeto.
O cálculo da largura da caixa de areia pode ser calculado da seguinte forma:

b = Qmax / (hmax . V) onde

Z = ( Qmax . Hmin – Qmin . Hmax) / ( Qmax - Qmin );

onde

H = ( Q / k)1 / n;
OBS: Os valores de k e n são valores tabelados.

Ao se calcular uma caixa de areia deve-se, após o dimensionamento, verificar se as


velocidades e as taxas de escoamento superficial estão dentro dos valores descritos.

Verificação das dimensões da caixa de areia.


Q (m3/s) H (m) h (m) b(m) S(m2) L (m) Velocidade (m/s) Taxa (m3/m2.dia)
Qmáx Hmáx Hmáx b Smáx L 0,15 < v < 0,45 600 < TES < 1200
Qméd Hméd Hméd b Sméd L 0,15 < v < 0,45 600 < TES < 1200
Qmín Hmín Hmín b Smín L 0,15 < v < 0,45 600 < TES < 1200

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Calha Parshall

As dimensões da calha variam de acordo com a vazão. A variável a ser calculada seria a
“garganta” da calha (W) e a altura hidráulica (H). As demais dimensões podem ser obtidas
através de tabelas como a mostrada abaixo.

Dimensões de uma Calha Parshall


W A B C D E F G K N L/S
Pol Cm Cm Cm Cm Cm Cm Cm Cm Cm Cm Qmín Qmáx
3 7,6 46,6 45,7 17,8 25,9 61,0 15,2 30,5 2,5 5,7 0,85 53,8
6 15,2 62,1 61,0 39,4 32,1 61,0 30,5 61 7,6 11,4 1,42 110,4
9 22,9 88,0 86,4 38,0 57,5 76,3 30,5 45,7 7,6 11,4 2,55 251,9
12 30,5 137,2 134,4 61,0 84,5 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 3,11 455,6
18 45,7 144,9 142,0 76,2 102,6 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 4,25 696,2
24 61,0 152,5 149,6 91,5 120,7 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 11,89 936,7

Algumas evidências de falhas na operação de remoção de areia são: o aparecimento de


excesso de matéria orgânica no material removido, que pode ser causado, pela variação
na velocidade do canal e pelo tempo de retenção muito longo; este pode ser prevenido
com a instalação de um sistema de aeração. Outra evidência é o arraste de areia no
efluente, causado pela velocidade do esgoto, ser maior do que a do projeto, ou por haver
demora na limpeza das caixas de areia. Isto pode ser prevenido, com o uso de duas
caixas em paralelo e pela limpeza com maior freqüência.

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Decantadores

Os decantadores são unidades dimensionadas, para que o líquido tenha uma baixa
velocidade, possibilitando assim, a sedimentação de algumas partículas.
Partículas floculentas são aquelas, que podem variar sua velocidade de sedimentação,
devido à modificação de sua forma, dimensão e densidade, durante o processo de
sedimentação. A abrangência do fenômeno é a floculação, que depende da
possibilidade de choques entre as partículas. Esses efeitos podem ser quantificados,
através de testes de sedimentação, não sendo possível equacioná-los, em função das
características das partículas e do fluido; ao contrário do que ocorre com as partículas
discretas.
O teste é efetuado em colunas de sedimentação, com altura igual a do decantador a ser
construído. Comumente, são utilizados tubos de 150 mm de diâmetro, e 3,0 m de altura,
com tomadas de amostras a cada 30 cm. O líquido deve estar totalmente misturado, logo
no início do experimento, de maneira que a concentração deste, seja igual em qualquer
ponto do tubo.
As amostras de todos os pontos de amostragem devem ser retiradas, em intervalos de
tempo pré-fixados. Tais amostras são analisadas, para determinar a concentração de
sólidos totais em suspensão. Para cada amostra calcula-se a porcentagem removida,
lançando-se os valores obtidos em gráfico de profundidade, versus o tempo.

Exemplos de Decantadores (corte)

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Remoção de Óleos e Graxas

Os líquidos, as pastas e demais corpos não miscíveis com a água, mas que têm peso
específico menor, e, portanto tendem a flutuar na superfície, podem ser retidos por
dispositivos muito simples, denominados caixas de gordura, por exemplo, entre outros
sistemas.

Os esgotos domésticos, por exemplo, possuem grandes quantidades de óleos, graxas e


outros materiais flutuantes. Existe então, a necessidade da remoção destes materiais
para se evitar: obstruções dos coletores, aderência nas peças especiais das redes de
esgoto, acúmulo nas unidades de tratamento e principalmente aspectos desagradáveis no
corpo receptor.

Os mecanismos para remoção de óleos e graxas variam desde as tradicionais caixas de


gordura até sistemas mais eficientes como o processo de flotação.

As características de uma caixa de gordura dependem, da localização de instalação, do


tipo de efluente e da quantidade de esgoto a ser tratado.

Os principais sistemas de remoção de O&G são:


- Caixa de gordura domiciliar;
- Caixa de gordura coletiva;
- Remoção de gordura nas unidades de tratamento;
- Tanques aerados ou flotadores;
- Separadores de óleo.

Suas características físicas devem ser dimensionadas para as seguintes condições:


- Capacidade de acumulação de gordura entre cada limpeza;
- Condições de tranqüilidade hidráulica;
- Entrada e saída projetadas para permitir escoamento do efluente;
- Distâncias mínimas respeitadas;
- Condições de vedação para maus odores e contato com insetos e roedores.

As gorduras são normalmente originadas, dos esgotos de cozinha ou de despejos


industriais típicos. Possuem capacidade de se agrupar, alterando o tempo de detenção de
acordo com a velocidade de ascensão; esta velocidade pode ser observada em cilindros
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graduados, pela determinação do tempo necessário para formar uma camada de escuma
na superfície do líquido.

Para óleos vegetais, animais e minerais, cuja densidade é próxima de 0,8 g/mL, basta a
detenção de 3 minutos nas unidades até 10 L/s, de 4 minutos para unidades até 20 L/s e
de 5 minutos para unidades maiores que 20 L/s.

Para temperaturas maiores que 25º C pode-se adotar tempo de detenção maior, sendo o
máximo de 30 minutos.

O fundo do tanque deve ser fortemente inclinado em direção à saída, para evitar o
acúmulo de sólidos sedimentáveis. Caso não seja possível a inclinação do fundo devem-
se efetuar limpezas periódicas.
As caixas de gordura podem ser circulares ou retangulares; deve haver uma entrada
afundada para evitar a turbulência e uma saída também afundada, para arraste dos
sólidos sedimentáveis.

A área necessária é a vazão máxima dividida pela velocidade.

Para facilitar a operação e diminuir os problemas causados pela gordura, são necessárias
as seguintes medidas:
a) fazer vistoria a cada 3 dias;
b) o período máximo entre as limpezas da gordura deve ser de 30 dias;
c) valores acima de 30 dias devem ser amplamente justificados pelo operador;
d) a cada ano esgotar totalmente a caixa para retirada de matéria depositada no fundo;
e) em caso de entupimento, inserir fluxo contrário ao normal através da tubulação de
saída;
f) verificar se dados de projeto equivalem aos de operação.

A flotação é o movimento ascendente de partículas, provocado pelo aumento das forças


de empuxo em relação às gravitacionais. Essas forças de empuxo são causadas, pela
adesão de bolhas de ar nas partículas sólidas, conforme mostrado na figura abaixo.

A flotação tem sido empregada, nos sistemas de tratamento de águas residuárias,


para a separação líquido-óleos, líquido-algas e líquido–sólidos suspensos.

Os materiais menos densos vão para a parte superior de um decantador, inviabilizando


sua operação; devido a isso, esses materiais devem ser removidos, através de flotação.

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Entretanto, os sólidos mais densos que a água, também podem ser removidos por
flotação. Com a agregação entre o gás e os sólidos as partículas ficam menos densas
tendendo a flotação.

A flotação com ar pode ser feita através dos seguintes meios:


Flotação com ar - Introdução de ar no líquido, através de difusores, mantendo-se o líquido
à pressão atmosférica;
Flotação por Ar Dissolvido - Introdução de ar no líquido sob pressão, seguido de
despressurização na base do flotador, levando à formação de bolhas minúsculas;

Equalização

Utilizada para superar problemas operacionais advindos das variações que são
observadas na vazão e nas características na maioria dos efluentes líquidos.

Objetivos principais:

Minimizar as variações de vazão de despejos específicos, de tal modo que haja uma
vazão constante ou quase constante para o tratamento posterior;
Neutralizar os despejos;
Minimizar as variações de concentração, como DBO, por exemplo.

Vantagens:

Melhoria no tratamento biológico em função da minimização dos choques de carga,


diluição de substâncias inibidoras e estabilização do pH.

A quantidade de efluente e a eficiência do segundo decantador são melhoradas pela


carga constante de sólidos.

Melhor controle de alimentação de produtos químicos (nos tratamentos físico-químicos).

Tratamento Secundário

O sistema secundário de tratamento de águas residuárias envolve os tratamentos


biológicos, com ou sem a presença de oxigênio. Dentre os diversos tipos existentes
podemos citar os filtros biológicos, os processos de lagoas de estabilização, lodos
ativados e os processos anaeróbios, de maneira geral.

Toda estação de tratamento de esgoto tem o seu balanço de massa dado por:
acúmulo = entrada – saída + geração – consumo. O acúmulo, a entrada e a saída são
facilmente controlados. A geração e o consumo são mais difíceis de serem avaliados.
Uma das principais modelagens matemáticas aceitas no tratamento de esgoto e usada
por um grande número de projetistas é a equação de Monod, para a geração e consumo
dentro dos reatores.

A taxa específica de crescimento de microrganismos, proposta por Monod foi:


µ = µm . S / (Ks + S), onde:

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µ = ( dx / dt) / X, onde:

Obs: Percebe-se, que a taxa específica de crescimento, depende da taxa de crescimento


bacteriano máxima, da constante de aumento de substrato e da quantidade de substrato
presente no reator.

Os processos biológicos são os mais econômicos dentre os utilizáveis na remoção de


matéria orgânica. Por esse motivo, são amplamente utilizados no tratamento de efluentes
líquidos.

Além da remoção de matéria orgânica, os processos biológicos podem ser aplicados para
a oxidação de compostos reduzidos como nitrogênio amoniacal e sulfetos, bem como na
redução de nitratos (desnitrificação) e de sulfatos.

Os processos aeróbios são capazes de produzir compostos estáveis que consomem


oxigênio. Como no processo de nitrificação e remoção de sulfeto para sulfato, que só
pode ocorrem com a presença abundante de oxigênio.
A desvantagem dos processos aeróbios é a necessidade de fornecimento de oxigênio ao
meio, través de equipamentos que consomem energia.

Considera-se, também, como desvantagem dos processos aeróbios, o excesso de lodo


biológico produzido, que deve ser descartado diariamente. Este excesso de lodo
produzido, expresso em Sólidos Suspensos Voláteis, é cerca de cinco a dez vezes
superior, àquele produzido por processos anaeróbios.

Em função das vantagens e desvantagens de ambos os processos, a tendência atual é de


se utilizarem sistemas mistos, que contém unidades anaeróbias e aeróbias em série.

Parâmetros utilizados nos processos biológicos:


- Tempo de Retenção Celular ou Idade do Lodo (θc)
A eficiência dos processos biológicos depende de θc. O valor da concentração de
substratos efluente (S), em sistemas de mistura completa podem ser diretamente
relacionados com o θc , conhecendo-se os valores dos parâmetros cinéticos do processo.
Valores usuais:
Processos aeróbios - Lodos Ativados - θc > 5 d;
Lagoas Aeradas - θc > 3 a 5 d;
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Processos anaeróbios - θc > 20 d.

- Taxa de Produção de Excesso de Lodo Expresso em SSV.


∆X = y . ∆S - b

- Tempo de Detenção Hidráulica (TDH)


Os valores usuais, de TDH para diferentes tipos de sistemas estão apresentados no
quadro abaixo.

Quadro - Valores usuais de TDH para diferentes tipos de sistemas.


Sistemas Aeróbios TDH (h)
Lodos Ativados
Convencional 1,0 – 8,0
Mistura Completa 3,0 – 5,0
Estabilização por Contato 1,5 – 3,0
Aeração Prolongada 18 – 36
Aeração Escalonada 3,0 – 5,0
Oxigênio Puro 1,0 – 3,0
Lagoas Aeradas 72 – 120
Sistemas Anaeróbios TDH (h)
Reator Anaeróbio de Manta 6 – 16
Lodo
Filtro Anaeróbio 8 – 18
Contato Anaeróbio 8 – 24
Lagoas Anaeróbias > 72

Como se pode observar o processo tipo lodo ativado convencional, necessita de um


menor tempo de detenção hidráulico. Considerando o reator sem recirculação percebe-se
que o Tempo de permanência entre as bactérias e o substrato é suficiente se for igual ao
TDH. Os sistemas convencionais não propiciam a endogenia das bactérias, ou seja, não
ocorre a falta de alimento, ocasionado um crescimento maior do lodo. Outro problema do
sistema de lodo ativado convencional é formação de um lodo ainda não mineralizado,
necessitando-se de uma posterior digestão e estabilização do mesmo.

O lodo ativado por aeração prolongada, tem o TDH muito alto, propiciando no aumento do
tamanho dos reatores. Por outro lado, o lodo já sai totalmente estabilizado, devido ao
grande tempo de contato entre o substrato e os microorganismos, não necessitando de
digestores de lodo. Este grande tempo de contato leva também a um grande gasto de
energia, já que estas bactérias são aeróbias e necessitam de oxigênio para sua
reprodução.

Os reatores anaeróbios têm a grande vantagem de não necessitarem de aparelhos


mecânicos, tanto para mistura como para a aeração. O lodo também já sai estabilizado e
o tamanho dos reatores é pequeno devido ao pequeno TDH médio requeridos. Os
processos anaeróbios são muito vantajosos para efluentes com carga orgânica
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volumétrica muito alta. O tempo de duplicação dos microrganismos anaeróbios é muito


mais lento do que os aeróbios, este é um dos motivos da menor geração de lodo.

- Relação F/M (Food to Microorganisms)


A relação F/M é expressa em Kg DBO (ou DQO) por Kg de SSV presente no sistema por
dia.
Para processos aeróbios em geral, a relação F/M deve situar-se entre 0,3 a 0,6. Para
sistemas aeróbios de alta taxa, F/M pode variar de 0,4 a 1,5 e para sistemas com oxigênio
puro, F/M varia de 0,25 a 1,0.
Sistemas anaeróbios são operados com relação F/M na faixa de 0,2 a 1,0.

- Princípios da aeração:
Os sistemas de aeração têm dupla finalidade. A primeira é a de disponibilizar oxigênio
suficiente para as necessidades dos microrganismos aeróbios, e a segunda é de provocar
uma agitação e uma homogeneidade suficiente para que ocorra uma mistura completa
em reatores tipo lodos ativados. Os reatores de mistura completa, não devem possuir
curto circuito, sendo assim, necessita-se de uma correta aeração para ocorrer uma
completa mistura e homogeneização dos reatores.

Fundamentalmente existem dois tipos de aeração: Aeração por ar difuso e aeração


superficial ou mecânica.

A aeração por ar difuso deve ser utilizada sempre que os reatores tiverem uma
profundidade maior do que 3 metros. Somente assim se consegue uma mistura e
oxigenação de todo o reator. O sistema é composto por difusores submersos no líquido,
tubulações distribuidoras de ar, tubulações de transporte de ar e sopradores. O ar é
introduzido próximo ao fundo do tanque, e o oxigênio é transferido ao meio líquido à
medida que a bolha se eleva à superfície.

Os principais sistemas de aeração por ar difuso podem ser classificados segundo a


porosidade do difusor, e segundo o tamanho da bolha produzida:
- Difusor poroso: Prato, disco, domo e tubo (bolha fina);
- Difusor não poroso: Tubos perfurados ou com rachaduras (bolha grossa);

O diâmetro das bolhas finas é inferior a 3 mm e o da bolha grossa deve ser superior a 6
mm. Quanto menor o tamanho da bolha, maior a área superficial disponível para a
transferência de gases, ou seja, maior a eficiência de oxigenação. Portanto sistemas com
bolhas finas são mais eficientes.

Os difusores porosos têm sua eficiência diminuída pela colmatação de seus poros. A
colmatação pode ocorrer internamente devido a impurezas no ar ou externamente devido
ao crescimento bacteriano na superfície dos difusores.

Outro problema é o custo de implantação dos sistemas de bolhas finas, pois os difusores
cerâmicos são na sua grande maioria importados.

As bolhas grossas não têm o problema de colmatação, devido as mesmas, serem


geradas em tubos perfurados, bocais e injetores. Tem baixo custo de manutenção e de
implantação. Filtros de ar não são necessários. A baixa transferência de oxigênio e
elevados requisitos de energia são as principais desvantagens.

A aeração superficial tem várias modalidades:

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Aeradores de eixo vertical com baixa rotação, de eixo vertical com alta rotação, de eixo
horizontal de baixa potência, aeradores fixos e aeradores flutuantes.

Quando se deseja que o sistema opere em mistura completa, os seguintes parâmetros


devem ser definidos:
· Sistemas com Ar Difuso: 20 a 30 kw/1000m2.
· Sistemas com Aeradores: 15 a 30 kw/1000m3.

- Necessidade de Oxigênio em Sistemas de Lodos Ativados e Lagoas Aeradas.


Teoricamente, a quantidade de oxigênio a ser suprida ao sistema deve ser equivalente à
quantidade consumida na oxidação da matéria orgânica. Se a concentração de matéria
orgânica é expressa em DBO, calcula-se inicialmente, a quantidade de oxigênio
necessária para suprir a demanda, a partir do cálculo da carga orgânica (CO) removida
por dia.
CO = Q (So -S) em kg DBO (DQO).d-1 onde, Q é a vazão de projeto; So é a concentração
de DBO afluente e S é a concentração de DBO efluente. Em geral, adota-se a
necessidade de O2 como sendo 1,5 a 2,0 x CO.

- Fornecimento de Oxigênio em Sistemas de Lodos Ativados e Lagoas Aeradas.


Para sistemas de aeração que utilizam aeradores superficiais, a quantidade de oxigênio a
ser fornecida é função da potência instalada. Pode-se aplicar a seguinte relação:

N= No [(β Co – Cl)/Cs].1,024 t – 20.α;

Considerações:
Definitivamente os reatores anaeróbios são econômicos e devem ser utilizados como
tratamento biológico, principalmente para altas cargas orgânicas. Para o esgoto
doméstico ou esgotos ricos em nitrogênio o mesmo deve receber um pós – tratamento, já
que o processo de nitrificação biológica só ocorre na presença de oxigênio.

Entre os reatores aeróbios, a aeração prolongada é a que consegue a melhor eficiência


na remoção de carbono e amônia, mas perde para os outros sistemas em TDH, custo de
implantação e gastos com energia elétrica. A aeração prolongada tem a vantagem de
formar um lodo já estabilizado, mas mesmo assim tem uma geração de lodo muito maior
do que os reatores anaeróbios.

Com baixa carga orgânica existem reatores anaeróbios que ficam até 2 anos sem
remoção de lodo. Esta vantagem causa o problema da grande demora para a partida dos
reatores anaeróbio , que costumam demorar até 6 meses para chegar em sua eficiência
estável.

Os reatores anaeróbios seguidos de lagoas aeradas tem sido ótima opções de tratamento
de esgoto sanitário. Através deste sistema consegue-se eficiência média sempre acima
de 80% na remoção de matéria orgânica, e consegue-se manter o nível de amônia
sempre abaixo dos 5 mg/l exigidos pela CETESB.
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Processos Aeróbios

Lodos Ativados

O sistema de Lodos Ativados (LA) é o mais amplamente utilizado para tratamento de


despejos domésticos e industriais;

Características:
+ elevada qualidade do efluente;
+ reduzidos requisitos de área;
– operação mais sofisticada;
– maior consumo de energia elétrica.

Partes integrantes do sistema:


Tanque de Aeração (reator)
Tanque de Decantação (secundário)
Recirculação de Lodo

No reator ocorrem as reações bioquímicas de remoção da matéria orgânica e, algumas


vezes, dependendo das condições, da matéria nitrogenada.
A biomassa se utiliza de substrato presente no esgoto bruto para se desenvolver.
No decantador secundário ocorre a sedimentação dos sólidos (biomassa), clarificando o
efluente.

Os sólidos sedimentados no fundo do decantador são recirculados, aumentando a


concentração de biomassa, fato este responsável pela elevada eficiência do sistema.
Nos sistemas de LA, o tempo de detenção do líquido é bem baixo, da ordem de horas,
implicando no volume do tanque de aeração ser bem reduzido.
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Por outro lado, devido à recirculação de sólidos, estes permanecem no sistema por um
tempo bem superior. O tempo de residência celular ou retenção dos sólidos é
denominado Idade do Lodo.

Lodo biológico excedente é o termo utilizado para as situações onde se necessita manter
o sistema em equilíbrio:
O sistema de LA pode ser dividido, levando-se em conta os seguintes aspectos:

Divisão quanto à idade do lodo:


Lodos ativados convencional;
Aeração prolongada

Divisão quanto ao fluxo:


Fluxo contínuo;
Fluxo intermitente (batelada)

Filtros Biológicos

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Lagoas de Estabilização

As Lagoas de Estabilização podem alcançar qualquer grau de purificação necessário a


um custo mais baixo possível e com um mínimo de manutenção executada por pessoal
não especializado. É a forma mais econômica de tratamento.

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As necessidades de manutenção são mínimas, resumindo-se no corte regular da grama


do talude e remoção da escuma da superfície da lagoa.

A remoção de organismos patogênicos é consideravelmente maior do que nos demais


processos de tratamento. Cistos e ovos de parasitas intestinais que são comumente
presentes em efluentes de tratamentos convencionais não são encontrados nos efluentes
de lagoas de maturação.

As LE mostram-se capazes de suportar bem não só os choques de sobrecargas


hidráulicas como das orgânicas. O longo tempo de detenção assegura a existência de
diluição suficiente para fazer face a curtas sobrecargas.

Podem tratar, efetivamente, uma grande variedade de águas residuárias industriais e


agrícolas, com excelentes resultados.

O alto pH prevalecente nas lagoas provoca a precipitação dos metais pesados tóxicos,
sob a forma de hidróxidos e, desta maneira, remove-os, acumulando-os nas camadas de
lodo.

O método de construção das lagoas é tal que proporciona recuperação das áreas onde
estão construídas, se necessário.

As algas produzidas nas lagoas são fonte potencial de alimentos de alto teor protéico, o
que pode ser convenientemente explorado através da criação de peixes.

As LE apresentam como maior desvantagem, o fato de necessitarem de áreas muito


maiores do que as dos outros processos de tratamento de águas residuárias. Todavia, em
muitos países tropicais em desenvolvimento, esta não é uma desvantagem de grande
importância, desde que, normalmente, existe área disponível a um custo relativamente
baixo.

Processos Anaeróbios

A Termodinâmica da digestão anaeróbia


O conhecimento da acetogênese foi significativamente ampliado pelo entendimento dos
aspectos termodinâmicos envolvidos, tendo resultado na elucidação de alguns
mecanismos de autocontrole do processo.
O estudo das trocas de energia que ocorrem em reatores anaeróbios é difícil não apenas
porque o processo e por si só complexo; mas, também, pela dificuldade de se medirem os
produtos finais e intermediários que se apresentam em concentrações muito baixas.
Assim, as considerações sobre a termodinâmica do processo se restringem à análise da
variação da energia livre padrão das principais reações.

A digestão anaeróbia
A digestão anaeróbia é um processo fermentativo que tem como finalidade a remoção de
matéria orgânica, a formação de biogás e a produção de biofertilizantes mais ricos em
nutrientes, portanto é uma alternativa atraente para alguns casos de esgoto industrial e
esgoto sanitário. Uma das dificuldades encontradas inicialmente era o desconhecimento
dos fatores que influenciavam a digestão anaeróbia.
A dificuldade atual a ser superada na aplicação da digestão anaeróbia para a
estabilização de águas residuárias, é alcançar a alta retenção da biomassa ativa no
reator anaeróbio, usando-se meios simples e baratos.

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Como um método de tratamento de águas residuárias, a digestão anaeróbia oferece um


número de vantagens significantes sobre os sistemas de tratamento aeróbios
convencionais disponíveis atualmente.

Vantagens:
- Baixa produção de lodo biológico,
- Dispensa energia para aeração,
- Há produção de metano,
- Há pequena necessidade de nutrientes,
- O lodo pode ser preservado ativo durante meses sem alimentação,
- O processo pode trabalhar com altas e baixas taxas orgânicas,

Desvantagens:
- Nem sempre atende a legislação;
- A partida dos reatores pode ser lenta devido à bactérias metanogênicas;
- Falta de tradição em sua aplicação.

Os fatores que influenciam a digestão anaeróbia.


Os principais fatores que prejudicam a digestão anaeróbia são o desequilíbrio entre os
microrganismos, o aumento repentino da carga orgânica, o grau de contato entre as bactérias e
o esgoto, a mudança de temperatura e a influência de compostos tóxicos.

Tempo de Detenção Celular


Nos processos anaeróbios a eficiência do contato entre as bactérias e a matéria orgânica está
no material de enchimento e no seu índice de vazios que serve de suporte para as bactérias
sem permitir seu acarreamento.
Com um grande tempo de detenção celular supostamente a biomassa não está sendo utilizada
em sua capacidade máxima:

Temperatura
Três limites de temperatura podem ser distinguidos no tratamento anaeróbio:
termofílica, 50 - 65°C, e às vezes até mais alta,
mesofílica, 20 -40°C,
psicrofílica 0 - 20°C.

Tipos de biodigestores anaeróbios

Os biodigestores convencionais: são reatores anaeróbios que normalmente recebem o


lodo decantado de decantadores primários e secundários. São sistemas destinados ao
tratamento da fase sólida, com as finalidades de eliminação de maus odores e
transformação do material em um lodo menos instável e com menor teor de umidade, de
destruir ou reduzir a níveis previamente estabelecidos os microorganismos patogênicos,
estabilizar total ou parcialmente as substâncias instáveis e a matéria orgânica presente
nos lodos frescos, reduzir o volume de lodo através dos fenômenos de liquefação,
gaseificação e adensamento e permitir o uso do lodo, quando este estiver estabilizado
convenientemente, como fonte de Húmus ou condicionador de solo para fins agrícolas.

As fossas sépticas: são unidades de escoamento horizontal e contínua, que realiza a


separação de sólidos, decompondo-os anaerobiamente. A fossa séptica não é um
simples decantador e digestor, mas é uma unidade que realiza simultaneamente várias
funções como: decantação e digestão de sólidos em suspensão que irá formar o lodo que
irá se acumular na parte inferior, ocorrerá a flotação e uma retenção de materiais mais
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leves e flotáveis como: óleos e graxas que formarão uma escuma na parte superior, os
microorganismos existentes serão anaeróbios e ocorrerá a digestão do lodo com
produção de gases.

Os tanques Imhoff: tem as finalidades idênticas às unidades de tratamento primário,


possuindo no mesmo tanque as principais finalidades daquele tratamento, ou seja,
decantação ou digestão de sólidos. funciona como se fossem unidades separadas.
Apresenta grandes vantagens em relação às fossas sépticas devido à ausência de
partículas de lodo no efluente, a não ser em operações anormais. O efluente líquido
apresenta geralmente eficiência variando com as seguintes reduções: sólidos suspensos(
50 - 70%), remoção de DBO( 30 - 50 %).

O reator de contato anaeróbio: tem semelhanças com lodos ativados, só que os


microrganismos são anaeróbios, há mistura, aquecimento e tanque de equalização, seu
tempo de detenção é de 24 horas, com reciclo o tempo de detenção hidráulico é menor
que o tempo de retenção celular e tem alta qualidade depuradora.

O filtro anaeróbio: tem como principais características seu fluxo ser ascendente, não ter
mistura, pode haver aquecimento, tempo de detenção hidráulico costuma ser próximo de
24 horas, os microorganismos podem se manter por longos períodos, dificuldade de
remoção de sólidos suspensos.

O Reator Anaeróbio de Manta de Lodo (UASB)

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É uma unidade de fluxo ascendente que possibilita o transporte das águas residuárias
através de uma região que apresenta elevada concentração de microrganismos
anaeróbios.

O reator deve ter seu afluente criteriosamente distribuído junto ao fundo, de maneira que
ocorra o contato adequado entre os microrganismos e o substrato. O reator oferece
condições para que grande quantidade de lodo biológico fique retida no interior do
mesmo em decorrência das características hidráulicas do escoamento e também da
natureza desse material que apresenta boas características de sedimentação, esta é
conseqüente dos fatores físicos e bioquímicos que estimulam a floculação e a granulação.
Na parte superior do reator existe um dispositivo destinado à sedimentação de sólidos e
à separação das fases sólido - líquido - gasoso. Esse dispositivo é de fundamental
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importância, pois é responsável pelo retorno do lodo e conseqüentemente pela garantia


do alto tempo de detenção celular do processo.

UASB
O tratamento anaeróbio na Europa tem se desenvolvido muito. De 1977 a 1983 os
digestores anaeróbios aumentaram de 20 para 500 unidades(industriais e agrícolas).

Nestes últimos anos a indústria química começa a aceitar a tecnologia anaeróbia, embora
cautelosamente.

Com a crise de energia de 1974 iniciou-se busca de alternativas de energia. A esse


respeito sabia-se que a fermentação da matéria orgânica produz biogás. Nos anos 70 a
preocupação com a energia foi acoplada a um segundo conceito, o desenvolvimento do
conhecimento de ciências biológicas, com isto, os antigos digestores anaeróbios
poderiam ser alterados, transformando-se em reatores de alto desempenho, com o
primeiro objetivo a produção de gás e com segundo de diminuir a poluição causada.

A produção de gás permitia que durante o período de altos preços de energia o


reembolso investido era de 5 a 10 anos. No momento, os preços dos combustíveis, estão
mais baixos, sendo o reembolso de 15 a 20 anos.

Existe uma configuração em Bavel, Holanda. Um UASB é operado com esgoto doméstico
numa taxa de 10 Kg DQO / m3 d., com uma remoção de DQO de 80 a 90%. Na indústria
alimentícia, a digestão anaeróbia tem sido aceita vagarosamente como uma técnica
confiável. Já na indústria química, a digestão anaeróbia ganha aceitação apenas
recentemente. Atualmente se focaliza o fenômeno da formação de grânulos, a remoção
de sulfato e na degradação e detoxificação anaeróbia das substâncias químicas.

No presente, está claro que o Reator UASB é o tipo mais predominante para o tratamento
anaeróbio de esgoto. Há poucos relatórios publicados declarando que esta tecnologia não
é aceita para um esgoto específico.

A eficiência do UASB:
Como um método de tratamento de águas residuárias, a digestão anaeróbia oferece um
número de vantagens significantes sobre os sistemas de tratamento aeróbios
convencionais disponíveis atualmente.

- Vantagens
Baixa produção de lodo biológico,
Dispensa energia para aeração,
Há produção de metano,
Há pequena necessidade de nutrientes,
O lodo pode ser preservado ativo durante meses sem alimentação,
O processo pode trabalhar com altas e baixas taxas orgânicas,

- Desvantagens
A digestão anaeróbia pode ser sensível na presença de compostos CHCl3, CCl4 e CN.
O período de partida para reatores pode ser relativamente demorado devido a baixa taxa
de crescimento celular das bactérias metanogênicas, falta de tradição em sua aplicação;
não promove a nitrificação.

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A maior dificuldade a ser superada na aplicação da digestão anaeróbia para a


estabilização de águas residuárias, é alcançar a alta retenção da biomassa ativa no
reator anaeróbio, usando-se meios simples e baratos.

As idéias básicas sustentando o conceito UASB são:


- o lodo anaeróbio possui características de sedimentabilidade excelentes, uma vez que
condições favoráveis para o crescimento de bactérias e floculação do lodo são mantidas,
- a manta de lodo deve resistir às altas forças da mistura, isto é não deve haver
dispersão das partículas da manta de lodo em grande quantidade,
- o desgaste das partículas desprendidas da manta de lodo pode ser minimizado criando-
se uma zona inativa dentro do reator, e instalando um dispositivo na parte superior do
reator que force a sedimentação das mesmas.

Para a operação satisfatória do dispositivo, deve ser efetuada uma separação eficaz dos
gases aprisionados e retidos do lodo, e o sistema deve promover o retorno do lodo
assentado de volta ao compartimento do digestor. Para atingir uma separação eficaz, a
área da superfície da interface (superfície comum entre dois corpos) do gás líquido no
coletor de gás deveria ser dimensionada para que as bolhas de gás retidas nos flocos de
lodo possam escapar facilmente.

O potencial dos processos anaeróbios para tratamento de esgotos sanitários é


certamente maior do que é geralmente aceito hoje em dia. Também, o processo é
aplicável mesmo em temperaturas consideravelmente abaixo de 35o, sendo muito
favorável para climas tropicais.

Como mencionado, um dos principais problemas no processo UASB pode ser o longo
período de tempo envolvido na partida:
- o processo deveria ser iniciado com uma carga de lodo de aproximadamente 0.05 kg
DQO.kg SSV-1.dia-1,
- o carregamento orgânico aplicado no reator não deveria variar repentinamente,
- as condições de meio ambiente para o crescimento deveriam ser ótimas.

Na maioria dos tipos de esgoto, um lodo com uma boa assentabilidade e atividade
específica razoavelmente alta (0.75 kg DQO.kg SSV-1.dia-1) se desenvolverá dentro de um
período de 6 a 12 semanas, e então cargas de até 10 kg. DQO.m3.dia-1 podem então ser
aplicadas. Um ótimo início é essencial para desenvolver um lodo com as características
requeridas, especialmente no que diz respeito às suas propriedades de sedimentação.
Uma das principais características do processo UASB é que, com tempo, um lodo
granular se desenvolverá tendo uma boa sedimentação.

Estudos extensivos são realizados em laboratórios para elucidar o mecanismo da


formação de grânulos. Pelo menos dois tipos de grânulos podem ser cultivados:
- um grânulo composto de bactérias com forma de bastão,
- um grânulo composto de bactérias fibrosas.

Ambos os tipos de grânulos tem uma atividade específica alta, excedendo 1.5 kg DQO.kg
SSV-1.dia-1) até 30°C, e uma alta assentabilidade. Fatores importantes no processo de
granulação são:
- a condição para crescimento, especialmente para aqueles organismos que granulam
facilmente,
- condições de floculação para o lodo devem ser favoráveis.

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Fatores ambientais importantes no tratamento de águas residuárias pelo UASB

Requisitos necessários para nutrimento: Um desempenho ótimo dos processos de


tratamento biológicos requer a presença e disponibilidade de todos nutrientes essenciais
para o crescimento bacteriano (N,P,S, traços) em quantias apropriadas.

À parte os vários fatores ambientais, a digestão anaeróbia é também afetada por


um número de outros fatores tais como os carregamentos orgânicos e hidráulicos
aplicados, intensidade das mistura mecânica, e as características de alimentação. Duas
situações extremas podem ser consideradas: subcarregamento e supercarregamento.

Supercarregamento em sistemas de tratamento, principalmente de esgoto dissolvido,


resultará numa queda de eficiência dos mesmos, provavelmente devido à inibição
temporária da metanogênese pelos ácidos voláteis acumulados.

No tratamento de esgoto não dissolvido supercarregado também resultará numa


acumulação de alimentação de sólidos suspensos, e conseqüentemente numa acentuada
queda na capacidade de metanogênese no lodo, uma fraca decomposição dos
componentes e um fraco grau de estabilização dos sólidos.

O efeito do subcarregamento é muito menos drástico, desde que a temperatura do


digestor não seja mantida a uma temperatura acima de 25°C por um extenso período
(meses, por exemplo). Segundo Lettinga(1980), descobriu-se que o lodo anaeróbio pode
ser preservado sem alimentação por vários meses e mesmo anos sem qualquer perda
dramática na atividade metanogênica específica, isto se a temperatura for mantida abaixo
de 15°C.
Mistura mecânica pode às vezes ser requisitada para prevenir a montagem de
uma camada de espuma, e também para prevenir curto-circuito (canalização) na manta
de lodo de um reator UASB, ou seja, efetuar o contato desejado entre o lodo e a água de
esgoto ao ser tratada. A agitação pode ser efetuada pela recirculação do gás, recirculação
de lodo ou pela mistura mecânica. Pode ocorrer de a agitação mecânica afetar
adversamente a partida da digestão.

Características da alimentação

Uma importante consideração ao aplicar a digestão anaeróbia ao tratamento de águas e


esgoto é se os poluentes orgânicos estão ou não presentes numa forma dissolvida
- Como mencionado anteriormente, um acúmulo significante de alimento na manta de
lodo pode ocorrer num tratamento de esgoto contendo uma apreciável fração de material
insolúvel, e este acúmulo depende da assentabilidade e características de floculação
deste material, a carga aplicada, é importante na biodegradabilidade da matéria orgânica.

Operação do reator
Para uma operação prática é essencial que o processo de tratamento de águas
residuárias aplicado seja um processo estável, mesmo sob condições sub-ótimas.
Geralmente os processos de tratamento anaeróbio encontram essa condição, embora
devesse sempre ser lembrado que organismos anaeróbios podem ser bastante sensíveis
a uma variedade de fatores, e que o tratamento anaeróbio é essencialmente um método
de tratamento secundário. Obviamente os problemas mais sérios são encontrados nos
tratamentos de esgotos contendo componentes tóxicos.

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Todos os métodos deveriam ser aplicados para prevenir que problemas ocorram, por
exemplo, despejo dos componentes tóxicos voláteis; aplicação de uma fase separadora
de gênese ácida para converter o componente nocivo em um componente menos nocivo,
e, adições químicas que neutralizassem os compostos existentes.

No caso onde altas concentrações de formol estão presentes, o esgoto pode ser tratado
com Ca(OH)2 ou NaOH em temperaturas elevadas (90 - 100°) para converter o formol em
uma mistura de açúcares (com Ca(OH)2) ou em ácido fórmico e metanol (como NaOH).

Como este esgoto é descarregado em altas temperaturas, tal método de pré-tratamento


poderia ser viável. Entretanto, se a temperatura do esgoto for relativamente baixa alguma
outra solução deve ser encontrada.

Em vista da sensibilidade dos organismos anaeróbios, é evidente que os processos de


tratamento deveriam ser devidamente controlados, como por exemplo:
- medida dos valores DQO do afluente,
- medida da produção de gases. Pode ser benéfico controlar a carga volumétrica (isto é a
taxa de fluxo do afluente) baseando-se na taxa da produção de gás,
- medida da composição de gases, que pode ser copulada com o fornecimento de álcali,
- medida da concentração de ácidos voláteis na solução efluente,
- medida da concentração de sólidos suspensos no efluente,
- medida da altura da manta de lodo,
- pH do afluente, e em particular, o pH na parte inferior do reator. A medida do pH deveria
ser acoplada com o fornecimento de álcali para o afluente.

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O filtro anaeróbio.

O filtro anaeróbio foi o primeiro tratamento anaeróbio que demonstrou viabilidade técnica
de se aplicar cargas elevadas.

No filtro anaeróbio o lodo é imobilizado pela sua agregação a corpos de enchimento que
se encontram no mesmo. A água residuária escoa pelos vazios entre os corpos. Sendo
que quanto maior os vazios no reator melhor será o tratamento. É importante que os
vazios não sejam muito pequenos para que não ocorra o entupimento dos mesmos. Esta
dimensão depende da natureza da água residuária (concentração de sólidos em
suspensão).

Filtros biológicos em boas condições de funcionamento podem apresentar eficiência


elevada de remoção de DQO e não exigem unidade de decantação complementar, pois
nesses casos o teor de sólidos no efluente é bastante baixo e os resíduos arrastados pela
água apresentam aspecto semelhante ao de pequenas partículas de carvão suspensas
em líquido bastante clarificado.

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É muito importante que o efluente a tratar tenha teores de sólidos suspensos e de óleos e
graxas relativamente baixos. O uso do filtro anaeróbio conforme o nível de conhecimento
que se dispõe atualmente é uma excelente solução para pequenas comunidades.

O filtro anaeróbio é um processo de tratamento de esgotos, na qual bactérias anaeróbias


fazem a digestão da matéria orgânica existente. Suas principais características são que o
fluxo é ascendente, sendo a entrada por baixo e a saída pela parte alta, internamente é
dividido em duas camadas, sendo as duas afogadas.

A camada inferior é vazia, e a superior suporta o recheio, a separação destas duas


camadas é chamada de fundo falso. Os recheios têm a função de meio de suporte de
microrganismos, dando sustentação para estes crescerem e se aglutinarem sem que se
desloquem para fora do reator. Os tipos de recheios mais usuais são as britas 4 e os
anéis plásticos, sendo o segundo mais eficiente e mais caro. Estuda-se o uso de bambu,
que é um material mais leve que o anel, mais barato e de boa eficiência.

O fundo falso deve ter furos igualmente distribuídos para que não ocorram zonas de maior
concentração ou até mesmo o curto circuito.

Figura: Detalhe do Fundo Falso de um Filtro Anaeróbio.

Fonte: NBR 7229 / 1982

De acordo com a NBR 7229 / 1982 a altura da primeira camada deve ser da ordem de
0,20 até 0,50 metros, a camada de recheio deve ter altura de 0,60 até 1,20 metros, acima
destas medidas a remoção praticamente não aumenta. Pela pequena altura, as unidades
podem ser executadas facilmente, as paredes podem ser totalmente em alvenaria
(paredes de um tijolo), com armadura bastante reduzida. Neste caso deve-se fazer
impermeabilização interna e externa. A limpeza das unidades pode ser efetuada
facilmente através de descarga de fundo e da eventual remoção manual de algas da
superfície do leito e do dispositivo de coleta de efluentes.

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FIGURA : Esquema do Fluxo de um Filtro Anaeróbio. Fonte: NBR 7229 / 1982


Para o dimensionamento da área de um filtro anaeróbio o principal parâmetro é o θh
(tempo de detenção hidráulico), que deve ser maior que 8 horas, sendo indicado pela
NBR 7229 / 1982 o valor de 1 dia. Os parâmetros de projeto devem ser adotados de
acordo com as exigências ambientais.

Exemplo de dimensionamento de um Filtro Anaeróbio:


Adota-se:
θh = 8 horas;
H1 = 1 metros;
H2 = 0,3 metros;
θh = volume de vazios (V) / vazão (Q);
V = p x Vtotal, sendo p = 0,75 para o bambu;
p = 0,90 para anéis plásticos;
p = 0,50 para brita 4;
V = 0,90 x H1 x π x D^2 / 4 V = 0,90 x 1 x π x D^2 / 4 ;
3
θh = 0,90 x π x D^2 / 4 x 1,245 m /dia
1/3 dias = 0,90 x π x D^2 / 4 x 1,245;
1 x 1,245 x 4 / 0,90 x 3 x π = D^2 ;
D = 0,766 metros

As vantagens do filtro anaeróbio podem ser:


· ausência de gastos com aeração;
· aplicação para resíduos com qualquer concentração;
· flexibilidade operacional;
· baixa produção de lodo ( já estabilizado );
· possibilidade de ficar longo tempo sem alimentação;
· fácil construção pela pequena altura necessária.

Indústrias indicadas para o uso do Filtro Anaeróbio

· usinas de açúcar e álcool;· águas de lavagem de garrafa;


· matadouros e frigoríficos;· laticínios; · cítricos;· curtumes;
· indústria alimentícia; · indústria farmacêutica;· indústria química;
· coqueria; · indústria petroquímica;· cervejarias;· indústria têxtil;
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O Fluxo

O filtro anaeróbio pode ser considerado um reator de filme fixo. Esta afirmação baseia-se
no fato de que a remoção de substrato está associada primeiramente ao crescimento de
biofilmes presos à superfície do meio e em seus espaços vazios.
Estudos compararam 2 tipos de Filtros Anaeróbios: de fluxo ascendente e de fluxo
descendente. Trabalhando com um TDC estimado entre 8 e 15 dias atingiram remoções
de até 93 %. As principais diferenças associadas à mudança de fluxo foram a capacidade
de funcionar como reator de filme fixo no sistema de fluxo descendente e como leito
fluidizado ou expandido na metade inferior do reator no sistema de fluxo ascendente.
Num estudo da aplicação do Filtro Anaeróbio no tratamento de esgotos ricos em
carboidratos concluíram que não havia gradiente significativo de remoção dos
parâmetros DQO e ácidos voláteis considerando a altura do reator. A alta concentração
da biomassa faz com que o Filtro anaeróbio opere mais como um reator CFSTR de
crescimento suspenso que um reator de filme fixo, assemelhando-se a um reator de
manta de lodo, contrapondo-se ao modelo de fluxo a pistão ( plug-flow ).
Outros estudos mostraram como era o comportamento de um sistema onde seis filtros
anaeróbios eram colocados em série. O objetivo era atingir condições ótimas para as
diversas comunidades de microrganismos envolvidos no processo. Este foi um dos
primeiros trabalhos no qual se pensou na separação da digestão anaeróbia em fases.
Foram localizados ácidos voláteis em todos os reatores, embora houvesse uma
acentuada diminuição na sua concentração em relação do primeiro com o sexto.

Os Recheios Utilizados

Publicou-se um trabalho pioneiro sobre o processo de tratamento denominado de Filtro


Anaeróbio, onde o crescimento da biomassa ficava retido a um meio constituído de britas
onde o fluxo de esgoto era obrigado a passar. Os propulsores do processo ressaltaram
ainda, a capacidade do FA em aceitar altas cargas orgânicas instantâneas, sem alterar a
qualidade do efluente.

O estudo de recheio de bambu para filtros anaeróbios é muito atual, apesar de ser uma
excelente solução para o problema de tratamento de esgoto, existem poucas publicações
sobre o assunto.

Quando se usa material sintético para a fixação de matéria orgânica os resultados são
positivos em termos de purificação, mas esbarra no problema dos altos custos. Por este
motivo o uso de material sintético pode se tornar inviável em países do terceiro mundo,
pois além do custo de aquisição, necessita-se do transporte, já que nos países do terceiro
mundo dificilmente eles são fabricados.

O bambu pode ser um material alternativo, por que sua distribuição é vasta e o seu preço
sem transporte é na média 13 vezes menor do que o material sintético. O trabalho
realizado por Tritt et.al (1993), mostra com sucesso o uso do bambu como material
suporte de filtros anaeróbios, principalmente pela quantidade de índices de vazios e na
retenção da biomassa. O estudo mostrou que antes de transportar os troncos são
tratados com pesticidas (Bromomethane). Neles são especificados data, dimensões,
espécie e demais dados para a sua caracterização.

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Tratamento Terciário

Os tratamentos avançados utilizados em sistemas de tratamento de águas


residuárias são raros no Brasil. Isso se deve ao fato que estas tecnologias têm um custo
muito elevado para este tipo de propósito.

Existem casos onde alguns subprodutos gerados em processos produtivos


possuem certo valor agregado, necessitando, para sua separação, um sistema mais
seletivo e apurado. Um exemplo clássico é a recuperação ou isolamento da proteína do
soro do leite. O soro, até alguns anos considerado resíduo do processo de
industrialização do leite, hoje é matéria-prima de custo zero para a produção de
complementos alimentares, bebidas lácteas, entre outros.

Um outro conceito de tratamento terciário ou avançado seria o relacionado aos


processos de desinfecção, ou seja, após o tratamento principal (geralmente biológico) a
água ou o despejo tratado pode ainda passar por um processo de desinfecção para
posterior reuso. Caso não seja o caso de reutilizar este despejo, a desinfecção funciona
pra controle de patógenos ainda presentes e que não foram removidos em etapas
anteriores do tratamento.

Como tecnologias consideradas Tratamento Terciário, pode-se citar:

Processos de filtração com membranas (microfiltração, nanofiltração, ultrafiltração e


osmose reversa);

Precipitação química seletiva;


Este processo é muito utilizado principalmente em despejos industriais com
concentrações consideráveis de metais pesados. Os metais influenciam negativamente
nos processos biológicos e, neste caso, o processo é executado antes do tratamento
biológico. Este processo é considerado como tratamento terciário por alguns autores por
ser um processo de polimento no caso de alguns despejos industriais.

Troca iônica;
Quando a água de processo a ser tratada é destinada a processos de tratamento de
superfícies, este processo é um dos mais utilizados. Isso se deve ao fato de se requerer
uma pureza muito grande da água e ausência de íons que podem influenciar
negativamente nos processos de cobertura de determinadas superfícies. Assim, as
colunas de troca iônica fazem o papel de eliminar os íons interferentes do processo.
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Processos Oxidativos Avançados;


Para tratamento de águas residuárias o tratamento por UV-Ultravioleta vem sendo o mais
estudado e utilizado, por se tratar de uma tecnologia extremamente eficiente do ponto de
vista desinfecção (remoção de patógenos). Apesar de ser pouco utilizado ainda no Brasil,
vários estudos comprovaram sua ótima eficiência e já existem vários modelos viáveis que
estão sendo testados e utilizados.

Ozonização
Os processos de desinfecção por ozônio ainda são incipientes em função do alto custo na
geração do ozônio. Apesar de se tratar de uma reação relativamente simples, os
equipamentos ainda são muito caros, comparados aos processos de cloração, além da
tecnologia não ser muito difundida no país.

Sistemas de lagoas de maturação para remoção de patógenos.


As lagoas de maturação, quando utilizadas apresentam grande eficiência e é, dentre os
processos descritos anteriormente, a alternativa de menor custo para este fim.
São lagoas com profundidade inferior a 1,0 metros e elevado tempo de detenção e
remoção de coliformes. O processo ocorre pela infiltração da radiação UV da luz solar.

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Referências

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1996.

4. VON SPERLING, M. Princípios do Tratamento biológico de águas residuárias –


introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. Belo Horizonte: DESA-
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5. VON SPERLING, M. Princípios do Tratamento biológico de águas residuárias-


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