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Apostila de Tratamento de
Águas Residuárias
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APRESENTAÇÃO
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INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 4
REFERÊNCIAS .............................................................................................................................. 49
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INTRODUÇÃO
A escassez da água que era considerada no passado recente como uma hipótese restrita
a regiões áridas, assume uma importância estratégica em todas as regiões do mundo,
embora ainda hoje, muitas pessoas ainda não tenham a compreensão da gravidade da
crise que se avizinha. No contexto atual os recursos hídricos, começam a ser entendidos
como sinônimo de oportunidade de desenvolvimento e que muito provavelmente será o
grande limitador do crescimento humano (Andreoli, 2000 (a)).
A água no mundo
Importância da água
A água é a substância que existe em maior quantidade nos seres vivos, pois além fazer
parte das células vivas desempenha importantes funções como solvente que transporta
as substâncias pelo organismo e a integração. A falta de água provoca a debilidade ou
até a morte dos seres vivos. Representa cerca de setenta por cento do peso do corpo
humano. O homem necessita ingerir líquido numa quantidade diária de dois a quatro
litros. Pode sobreviver 50 dias sem comer, mas apenas 4 dias sem água.
Todas as sociedades dependem portanto da água para diferentes usos: água para
consumo doméstico, indústria, a agricultura e piscicultura, geração de energia elétrica,
navegação, lazer etc. A água é um elemento essencial para a manutenção da vida e para
a promoção do desenvolvimento mas, a água potável não estará disponível infinitamente.
Ela é um recurso renovável mas limitado e a sua disponibilidade tende a reduzir em
decorrência da degradação do ambiente. Parece inacreditável, mas a água tão abundante
no planeta, deve ser um grande fator limitante do desenvolvimento nos próximos anos.
Ciclo hidrológico
A Terra está a uma distância do sol e possui uma atmosfera que permite a existência dos
três estados da água: sólido, líquido e gasoso. Podemos admitir que a quantidade total
de água existente na Terra, tem se mantido constante, desde o aparecimento do Homem.
Toda a água existente na Terra - que constitui a hidrosfera - distribui-se principalmente
nas geleiras, nos oceanos, nas águas subterrâneas, nos rios e lagos e na atmosfera. A
circulação permanente entre estes reservatórios é chamada de ciclo da água ou ciclo
hidrológico. A energia para manter o movimento da água neste ciclo é fornecida pelo sol
e pela força da gravidade (Andreoli, 2000 (a)).
Conforme apresentado na Figura 01, o ciclo hidrológico pode ser entendido como um
gigantesco sistema de destilação, envolvendo todo o Globo. O aquecimento devido à
radiação solar provoca a evaporação contínua da água dos rios e oceanos, que é
transportada sob a forma de vapor para a atmosfera que o transporta para outras
regiões. A transferência de água da superfície do Globo para a atmosfera, sob a forma de
vapor, dá-se por evaporação direta, por transpiração das plantas e dos animais e por
sublimação (passagem direta da água da fase sólida para a de vapor). Durante a
transferência, parte do vapor de água condensa-se devido ao arrefecimento e forma
nuvens que originam a precipitação. Na terra sob a forma líquida, a água se dirige a
regiões mais baixas pela ação da força da gravidade através da infiltração e do
escorrimento superficial, chegando aos lençóis subterrâneos ou aos oceanos.
A energia solar é a fonte da energia térmica necessária para a passagem da água das
fases líquida e sólida para a fase do vapor; é também a origem das circulações
atmosféricas que transportam vapor de água e deslocam as nuvens.
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A água ocupa hoje aproximadamente 2/3 da superfície da Terra. Ocorre no entanto que
apenas uma pequena fração pode ser potencialmente utilizada porque a maior parte,
97%, é salgada e dos 3% restantes apenas 0,0001% vai para os rios, estando facilmente
disponível para uso. O restante tem uma disponibilidade muito restrita, pois encontra-se
em geleiras, icebergs e em subsolos muito profundos. A água no mundo avalia-se em
126.507.300 Km 3 e distribui-se conforme os volumes e percentuais apresentados na
Tabela 01.
A quantidade da água salgada dos oceanos é cerca de 30 vezes a quantidade da água
doce dos continentes e da atmosfera. A água dos continentes concentra-se praticamente
nas calotas polares, glaciais e no subsolo, distribuindo-se a parcela restante, muito
pequena, por lagos e pântanos, rios, zona superficial do solo e biosfera.
A água do subsolo representa cerca de metade da água doce dos continentes, mas a sua
quase totalidade situa-se a profundidade superior a 800 m.
A quase totalidade da água doce dos continentes (contida nas calotas polares, glaciais e
reservas subterrâneas profundas) apresenta, além das dificuldades de utilização, o
inconveniente de só ser renovável numa fração muito pequena, tendo-se acumulado ao
longo de milhares de anos.
A água perdida pelos oceanos por evaporação excede a que é recebida por precipitação,
sendo a diferença compensada pelo escoamento proveniente dos rios continentais.
A precipitação anual sobre os continentes é de 800 mm e reparte-se em escoamento (315
mm) e evapotranspiração (485 mm). A precipitação anual média sobre os oceanos é de
1270 mm, resultando a precipitação anual média sobre o Globo igual a cerca de 1100
mm.
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Evolução do Consumo
Características da Água
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Sabor e odor: resultam da presença, na água, de alguns compostos químicos ( ex.: sais
dissolvidos, produzindo sabor salino; alguns gases resultantes em maus odores) ou de
outras substâncias, tais como a matéria orgânica em decomposição, ou de algas.
Indicadores Químicos de Qualidade da Água.
Ferro e manganês: são produtos que, em excesso na água, podem causar problemas,
tais como: coloração avermelhada no caso do ferro, ou marrom, devido ao manganês,
produzindo manchas em roupas ou em produtos industrializados; sabor metálico; em
doses elevadas, podem ser tóxicos.
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Algas: embora tendo grande importância para o equilíbrio ecológico no meio aquático,
sendo responsável por parte do oxigênio presente no líquido (produzido através da
fotossíntese), podem acarretar, também, alguns problemas, como formação de massa
orgânica, formação de camadas de algas na superfície dos reservatórios; entupimentos
de filtros de areia; corrosão de estrutura de ferro e de concreto.
Colimetria: As bactérias usadas como indicadores de poluição da água por matéria fecal
são os coliformes. Embora não sendo, de um modo geral, patogênicas, a presença de
bactérias do grupo coliforme na água indica que a mesma recebeu matéria fecal e pode,
conter microrganismos patogênicos. O grupo mais importante como indicadores é a
Escherichia coli. Os principais indicadores geralmente utilizados são coliformes totais e os
coliformes fecais, estes últimos são um grupo de bactérias indicadoras de organismos
originários do trato intestinal humano e de outros animais. O teste para CF é feito a uma
elevada temperatura, na qual o crescimento de bactérias de origem não fecal é suprimido.
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Por mais distante que seja, a definição de uma bacia como manancial de abastecimento
estabelece a mais nobre e importante vocação desta área, que é a de produzir água de
boa qualidade a qual, todos os demais usos devem estar subordinados. A idéia de aceitar
a definição de restrição de uso está expressa na estratégia de definir as Áreas de
Proteção Ambiental como os instrumentos de manutenção da qualidade destas bacias.
Em uma Região como a de Curitiba que se situa próxima das nascentes, a necessidade
de conservação destas áreas define restrições de uso e conseqüentemente ao
desenvolvimento urbano; é o dilema entre orientar o crescimento e manter a
disponibilidade de água futura. Portanto a lógica de degradar os mananciais tem seus
limites ambientais. Não podemos esquecer, sob pena de inviabilizar os Planos Diretores
em um curto espaço de tempo as demandas industriais e agrícolas.
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PARTE II – DIAGNÓSTICO
Descrição de Procedimentos
Aspectos Físicos (Geomorfologia e Solos)
Aspectos Dos Recursos Hídricos - Os Rios que formam a Bacia; Vazão dos rios;
Qualidade da Água; Usos da água; Cálculo da Demanda.
Aspectos Biológicos - Cobertura Vegetal; Fauna; Levantamento das Unidades de
Conservação; Levantamento das áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal
Aspectos Humanos - Caracterização; Atividades de Competência governamental; Vetores
de Ocupação; Legislação; Estruturas Organizadas da Sociedade
Cenário Geral - Cenário atual e cenário futuro; Recomendações; Macrozoneamento.
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Etapa 1 – Captação: a água é coleta no rio através de bombas e é transportada até a ETA
(estação de tratamento de água) pelas tubulações adutoras. Um cuidado importante a ser
tomado na etapa de captação, além da escolha do manancial como já visto, é colocação
de grades para impedir que sólidos grosseiros sejam coletados junto com a água e venha
a prejudicar as demais etapas do tratamento.
Etapa 2 – Coagulação: nesta etapa a água primeiramente tem seu pH ajustado para a
faixa ideal de atuação do agente coagulante. O agente coagulante mais utilizado pelas
ETAs do Paraná é o sulfato de alumínio, a sua função é de desestabilizar as cargas
elétricas contidas nas partículas poluidoras, fazendo com elas se agrupem posteriormente
na etapa de floculação. A etapa de coagulação depende de um gradiente alto de
velocidade para que o coagulante tenha sua mistura maximizada.
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brita, areia e por fim carvão antracito. O fluxo da água é de cima para baixo, os filtros são
lavados periodicamente para remoção do lodo que fica aderido ao seu leito.
Poluição
Entende-se por poluição das águas a adição de substâncias ou de formas de energia que,
direta ou indiretamente, alterem a natureza do corpo d´água de uma maneira tal que
prejudique os legítimos usos que dele são feitos. A poluição dos corpos d’água é causada
pelo lançamento indiscriminado dos esgotos, sem tratamento ou parcialmente tratados.
Os inconvenientes gerados podem causar efeitos adversos aos usos benéficos das
águas. Esta poluição é função das alterações da qualidade ocasionadas no corpo
receptor, além das implicações relativas às limitações aos usos da água.
As fontes de poluição dividem-se nas seguintes categorias:
Fontes naturais;
Águas de áreas agrícolas;
Águas servidas ou esgotos;
Fontes diversas.
Note que, até nas estações de tratamento, essa tendência acontece: de ETE – Estação
de Tratamento de Esgotos, para ETAR – Estação de Tratamento de Águas Residuárias.
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Os diversos componentes presentes na água, e que alteram o seu grau de pureza, podem
ser retratados de uma maneira ampla e simplificada, em termos das suas características
físicas, químicas e biológicas.
Estas características podem ser traduzidas na forma de parâmetros de qualidade da água
e, em seguida, dos esgotos!
Carga Poluidora
Cada indústria é um caso distinto e que, entre indústrias do mesmo tipo, existem despejos
diferentes, com cargas diferentes.
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Padrões de Qualidade
É prioridade, o entendimento dos principais conceitos para que se consiga assimilar com
facilidade, as diferenças entre os vários tipos de unidades existentes, para se tratar águas
residuárias.
O tratamento de águas residuárias pode incluir várias técnicas e pode ser
realizado, de maneira a garantir um grau de tratamento compatível com as condições
desejadas pelo rio.
As diversas fases ou graus de tratamento convencional costumam ser classificados
como:
a) Tratamento Preliminar: Destina-se à preparação das águas de esgoto para uma
disposição ou tratamento subseqüente. As unidades preliminares podem compreender:
- Grades ou desintegradores;
- Caixas de areia ou desarenadores;
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Separação sólido/líquido
Separação de Sólidos Grosseiros em Suspensão
A separação de sólidos grosseiros em suspensão, presente em efluentes líquidos pode
ser feito por gradeamento e peneiramento.
Gradeamento
São dispositivos constituídos por barras paralelas e igualmente espaçados que se
destinam a reter sólidos grosseiros em suspensão e corpos flutuantes.
O sistema de gradeamento pode conter uma ou uma mais grades. As grades grosseiras
são utilizadas, quando o esgoto apresenta grande quantidade de sujeira. Nas grades são
retidos pedras, pedaços de madeira, brinquedos, animais mortos e outros objetos de
tamanho elevado.
As grades média e fina devem ser utilizadas para retirada de partículas, que ultrapassam
o gradeamento grosseiro. As grades fina e média só devem ser instaladas, sem o
gradeamento grosseiro, no caso de remoção mecânica dos resíduos.
Após retido pelo sistema de gradeamento o material deve ser removido e exposto a luz,
para secar, sendo em seguida encaminhado para um aterro sanitário ou incineração.
Para pequenas estações (vazão < 5 L/s), pode-se enterrar este material, desde que,
adequadamente. Deve-se ter vários cuidados para que não ocorra o acúmulo de resíduos
no gradeamento, para consequentemente não haver mau cheiro.
Penereiramento
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onde
H = ( Q / k)1 / n;
OBS: Os valores de k e n são valores tabelados.
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Calha Parshall
As dimensões da calha variam de acordo com a vazão. A variável a ser calculada seria a
“garganta” da calha (W) e a altura hidráulica (H). As demais dimensões podem ser obtidas
através de tabelas como a mostrada abaixo.
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Decantadores
Os decantadores são unidades dimensionadas, para que o líquido tenha uma baixa
velocidade, possibilitando assim, a sedimentação de algumas partículas.
Partículas floculentas são aquelas, que podem variar sua velocidade de sedimentação,
devido à modificação de sua forma, dimensão e densidade, durante o processo de
sedimentação. A abrangência do fenômeno é a floculação, que depende da
possibilidade de choques entre as partículas. Esses efeitos podem ser quantificados,
através de testes de sedimentação, não sendo possível equacioná-los, em função das
características das partículas e do fluido; ao contrário do que ocorre com as partículas
discretas.
O teste é efetuado em colunas de sedimentação, com altura igual a do decantador a ser
construído. Comumente, são utilizados tubos de 150 mm de diâmetro, e 3,0 m de altura,
com tomadas de amostras a cada 30 cm. O líquido deve estar totalmente misturado, logo
no início do experimento, de maneira que a concentração deste, seja igual em qualquer
ponto do tubo.
As amostras de todos os pontos de amostragem devem ser retiradas, em intervalos de
tempo pré-fixados. Tais amostras são analisadas, para determinar a concentração de
sólidos totais em suspensão. Para cada amostra calcula-se a porcentagem removida,
lançando-se os valores obtidos em gráfico de profundidade, versus o tempo.
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Os líquidos, as pastas e demais corpos não miscíveis com a água, mas que têm peso
específico menor, e, portanto tendem a flutuar na superfície, podem ser retidos por
dispositivos muito simples, denominados caixas de gordura, por exemplo, entre outros
sistemas.
graduados, pela determinação do tempo necessário para formar uma camada de escuma
na superfície do líquido.
Para óleos vegetais, animais e minerais, cuja densidade é próxima de 0,8 g/mL, basta a
detenção de 3 minutos nas unidades até 10 L/s, de 4 minutos para unidades até 20 L/s e
de 5 minutos para unidades maiores que 20 L/s.
Para temperaturas maiores que 25º C pode-se adotar tempo de detenção maior, sendo o
máximo de 30 minutos.
O fundo do tanque deve ser fortemente inclinado em direção à saída, para evitar o
acúmulo de sólidos sedimentáveis. Caso não seja possível a inclinação do fundo devem-
se efetuar limpezas periódicas.
As caixas de gordura podem ser circulares ou retangulares; deve haver uma entrada
afundada para evitar a turbulência e uma saída também afundada, para arraste dos
sólidos sedimentáveis.
Para facilitar a operação e diminuir os problemas causados pela gordura, são necessárias
as seguintes medidas:
a) fazer vistoria a cada 3 dias;
b) o período máximo entre as limpezas da gordura deve ser de 30 dias;
c) valores acima de 30 dias devem ser amplamente justificados pelo operador;
d) a cada ano esgotar totalmente a caixa para retirada de matéria depositada no fundo;
e) em caso de entupimento, inserir fluxo contrário ao normal através da tubulação de
saída;
f) verificar se dados de projeto equivalem aos de operação.
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Entretanto, os sólidos mais densos que a água, também podem ser removidos por
flotação. Com a agregação entre o gás e os sólidos as partículas ficam menos densas
tendendo a flotação.
Equalização
Utilizada para superar problemas operacionais advindos das variações que são
observadas na vazão e nas características na maioria dos efluentes líquidos.
Objetivos principais:
Minimizar as variações de vazão de despejos específicos, de tal modo que haja uma
vazão constante ou quase constante para o tratamento posterior;
Neutralizar os despejos;
Minimizar as variações de concentração, como DBO, por exemplo.
Vantagens:
Tratamento Secundário
Toda estação de tratamento de esgoto tem o seu balanço de massa dado por:
acúmulo = entrada – saída + geração – consumo. O acúmulo, a entrada e a saída são
facilmente controlados. A geração e o consumo são mais difíceis de serem avaliados.
Uma das principais modelagens matemáticas aceitas no tratamento de esgoto e usada
por um grande número de projetistas é a equação de Monod, para a geração e consumo
dentro dos reatores.
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µ = ( dx / dt) / X, onde:
Além da remoção de matéria orgânica, os processos biológicos podem ser aplicados para
a oxidação de compostos reduzidos como nitrogênio amoniacal e sulfetos, bem como na
redução de nitratos (desnitrificação) e de sulfatos.
O lodo ativado por aeração prolongada, tem o TDH muito alto, propiciando no aumento do
tamanho dos reatores. Por outro lado, o lodo já sai totalmente estabilizado, devido ao
grande tempo de contato entre o substrato e os microorganismos, não necessitando de
digestores de lodo. Este grande tempo de contato leva também a um grande gasto de
energia, já que estas bactérias são aeróbias e necessitam de oxigênio para sua
reprodução.
- Princípios da aeração:
Os sistemas de aeração têm dupla finalidade. A primeira é a de disponibilizar oxigênio
suficiente para as necessidades dos microrganismos aeróbios, e a segunda é de provocar
uma agitação e uma homogeneidade suficiente para que ocorra uma mistura completa
em reatores tipo lodos ativados. Os reatores de mistura completa, não devem possuir
curto circuito, sendo assim, necessita-se de uma correta aeração para ocorrer uma
completa mistura e homogeneização dos reatores.
A aeração por ar difuso deve ser utilizada sempre que os reatores tiverem uma
profundidade maior do que 3 metros. Somente assim se consegue uma mistura e
oxigenação de todo o reator. O sistema é composto por difusores submersos no líquido,
tubulações distribuidoras de ar, tubulações de transporte de ar e sopradores. O ar é
introduzido próximo ao fundo do tanque, e o oxigênio é transferido ao meio líquido à
medida que a bolha se eleva à superfície.
O diâmetro das bolhas finas é inferior a 3 mm e o da bolha grossa deve ser superior a 6
mm. Quanto menor o tamanho da bolha, maior a área superficial disponível para a
transferência de gases, ou seja, maior a eficiência de oxigenação. Portanto sistemas com
bolhas finas são mais eficientes.
Os difusores porosos têm sua eficiência diminuída pela colmatação de seus poros. A
colmatação pode ocorrer internamente devido a impurezas no ar ou externamente devido
ao crescimento bacteriano na superfície dos difusores.
Outro problema é o custo de implantação dos sistemas de bolhas finas, pois os difusores
cerâmicos são na sua grande maioria importados.
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Aeradores de eixo vertical com baixa rotação, de eixo vertical com alta rotação, de eixo
horizontal de baixa potência, aeradores fixos e aeradores flutuantes.
Considerações:
Definitivamente os reatores anaeróbios são econômicos e devem ser utilizados como
tratamento biológico, principalmente para altas cargas orgânicas. Para o esgoto
doméstico ou esgotos ricos em nitrogênio o mesmo deve receber um pós – tratamento, já
que o processo de nitrificação biológica só ocorre na presença de oxigênio.
Com baixa carga orgânica existem reatores anaeróbios que ficam até 2 anos sem
remoção de lodo. Esta vantagem causa o problema da grande demora para a partida dos
reatores anaeróbio , que costumam demorar até 6 meses para chegar em sua eficiência
estável.
Os reatores anaeróbios seguidos de lagoas aeradas tem sido ótima opções de tratamento
de esgoto sanitário. Através deste sistema consegue-se eficiência média sempre acima
de 80% na remoção de matéria orgânica, e consegue-se manter o nível de amônia
sempre abaixo dos 5 mg/l exigidos pela CETESB.
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Processos Aeróbios
Lodos Ativados
Características:
+ elevada qualidade do efluente;
+ reduzidos requisitos de área;
– operação mais sofisticada;
– maior consumo de energia elétrica.
Por outro lado, devido à recirculação de sólidos, estes permanecem no sistema por um
tempo bem superior. O tempo de residência celular ou retenção dos sólidos é
denominado Idade do Lodo.
Lodo biológico excedente é o termo utilizado para as situações onde se necessita manter
o sistema em equilíbrio:
O sistema de LA pode ser dividido, levando-se em conta os seguintes aspectos:
Filtros Biológicos
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Lagoas de Estabilização
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O alto pH prevalecente nas lagoas provoca a precipitação dos metais pesados tóxicos,
sob a forma de hidróxidos e, desta maneira, remove-os, acumulando-os nas camadas de
lodo.
O método de construção das lagoas é tal que proporciona recuperação das áreas onde
estão construídas, se necessário.
As algas produzidas nas lagoas são fonte potencial de alimentos de alto teor protéico, o
que pode ser convenientemente explorado através da criação de peixes.
Processos Anaeróbios
A digestão anaeróbia
A digestão anaeróbia é um processo fermentativo que tem como finalidade a remoção de
matéria orgânica, a formação de biogás e a produção de biofertilizantes mais ricos em
nutrientes, portanto é uma alternativa atraente para alguns casos de esgoto industrial e
esgoto sanitário. Uma das dificuldades encontradas inicialmente era o desconhecimento
dos fatores que influenciavam a digestão anaeróbia.
A dificuldade atual a ser superada na aplicação da digestão anaeróbia para a
estabilização de águas residuárias, é alcançar a alta retenção da biomassa ativa no
reator anaeróbio, usando-se meios simples e baratos.
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Vantagens:
- Baixa produção de lodo biológico,
- Dispensa energia para aeração,
- Há produção de metano,
- Há pequena necessidade de nutrientes,
- O lodo pode ser preservado ativo durante meses sem alimentação,
- O processo pode trabalhar com altas e baixas taxas orgânicas,
Desvantagens:
- Nem sempre atende a legislação;
- A partida dos reatores pode ser lenta devido à bactérias metanogênicas;
- Falta de tradição em sua aplicação.
Temperatura
Três limites de temperatura podem ser distinguidos no tratamento anaeróbio:
termofílica, 50 - 65°C, e às vezes até mais alta,
mesofílica, 20 -40°C,
psicrofílica 0 - 20°C.
leves e flotáveis como: óleos e graxas que formarão uma escuma na parte superior, os
microorganismos existentes serão anaeróbios e ocorrerá a digestão do lodo com
produção de gases.
O filtro anaeróbio: tem como principais características seu fluxo ser ascendente, não ter
mistura, pode haver aquecimento, tempo de detenção hidráulico costuma ser próximo de
24 horas, os microorganismos podem se manter por longos períodos, dificuldade de
remoção de sólidos suspensos.
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É uma unidade de fluxo ascendente que possibilita o transporte das águas residuárias
através de uma região que apresenta elevada concentração de microrganismos
anaeróbios.
O reator deve ter seu afluente criteriosamente distribuído junto ao fundo, de maneira que
ocorra o contato adequado entre os microrganismos e o substrato. O reator oferece
condições para que grande quantidade de lodo biológico fique retida no interior do
mesmo em decorrência das características hidráulicas do escoamento e também da
natureza desse material que apresenta boas características de sedimentação, esta é
conseqüente dos fatores físicos e bioquímicos que estimulam a floculação e a granulação.
Na parte superior do reator existe um dispositivo destinado à sedimentação de sólidos e
à separação das fases sólido - líquido - gasoso. Esse dispositivo é de fundamental
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UASB
O tratamento anaeróbio na Europa tem se desenvolvido muito. De 1977 a 1983 os
digestores anaeróbios aumentaram de 20 para 500 unidades(industriais e agrícolas).
Nestes últimos anos a indústria química começa a aceitar a tecnologia anaeróbia, embora
cautelosamente.
Existe uma configuração em Bavel, Holanda. Um UASB é operado com esgoto doméstico
numa taxa de 10 Kg DQO / m3 d., com uma remoção de DQO de 80 a 90%. Na indústria
alimentícia, a digestão anaeróbia tem sido aceita vagarosamente como uma técnica
confiável. Já na indústria química, a digestão anaeróbia ganha aceitação apenas
recentemente. Atualmente se focaliza o fenômeno da formação de grânulos, a remoção
de sulfato e na degradação e detoxificação anaeróbia das substâncias químicas.
No presente, está claro que o Reator UASB é o tipo mais predominante para o tratamento
anaeróbio de esgoto. Há poucos relatórios publicados declarando que esta tecnologia não
é aceita para um esgoto específico.
A eficiência do UASB:
Como um método de tratamento de águas residuárias, a digestão anaeróbia oferece um
número de vantagens significantes sobre os sistemas de tratamento aeróbios
convencionais disponíveis atualmente.
- Vantagens
Baixa produção de lodo biológico,
Dispensa energia para aeração,
Há produção de metano,
Há pequena necessidade de nutrientes,
O lodo pode ser preservado ativo durante meses sem alimentação,
O processo pode trabalhar com altas e baixas taxas orgânicas,
- Desvantagens
A digestão anaeróbia pode ser sensível na presença de compostos CHCl3, CCl4 e CN.
O período de partida para reatores pode ser relativamente demorado devido a baixa taxa
de crescimento celular das bactérias metanogênicas, falta de tradição em sua aplicação;
não promove a nitrificação.
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Para a operação satisfatória do dispositivo, deve ser efetuada uma separação eficaz dos
gases aprisionados e retidos do lodo, e o sistema deve promover o retorno do lodo
assentado de volta ao compartimento do digestor. Para atingir uma separação eficaz, a
área da superfície da interface (superfície comum entre dois corpos) do gás líquido no
coletor de gás deveria ser dimensionada para que as bolhas de gás retidas nos flocos de
lodo possam escapar facilmente.
Como mencionado, um dos principais problemas no processo UASB pode ser o longo
período de tempo envolvido na partida:
- o processo deveria ser iniciado com uma carga de lodo de aproximadamente 0.05 kg
DQO.kg SSV-1.dia-1,
- o carregamento orgânico aplicado no reator não deveria variar repentinamente,
- as condições de meio ambiente para o crescimento deveriam ser ótimas.
Na maioria dos tipos de esgoto, um lodo com uma boa assentabilidade e atividade
específica razoavelmente alta (0.75 kg DQO.kg SSV-1.dia-1) se desenvolverá dentro de um
período de 6 a 12 semanas, e então cargas de até 10 kg. DQO.m3.dia-1 podem então ser
aplicadas. Um ótimo início é essencial para desenvolver um lodo com as características
requeridas, especialmente no que diz respeito às suas propriedades de sedimentação.
Uma das principais características do processo UASB é que, com tempo, um lodo
granular se desenvolverá tendo uma boa sedimentação.
Ambos os tipos de grânulos tem uma atividade específica alta, excedendo 1.5 kg DQO.kg
SSV-1.dia-1) até 30°C, e uma alta assentabilidade. Fatores importantes no processo de
granulação são:
- a condição para crescimento, especialmente para aqueles organismos que granulam
facilmente,
- condições de floculação para o lodo devem ser favoráveis.
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Características da alimentação
Operação do reator
Para uma operação prática é essencial que o processo de tratamento de águas
residuárias aplicado seja um processo estável, mesmo sob condições sub-ótimas.
Geralmente os processos de tratamento anaeróbio encontram essa condição, embora
devesse sempre ser lembrado que organismos anaeróbios podem ser bastante sensíveis
a uma variedade de fatores, e que o tratamento anaeróbio é essencialmente um método
de tratamento secundário. Obviamente os problemas mais sérios são encontrados nos
tratamentos de esgotos contendo componentes tóxicos.
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Todos os métodos deveriam ser aplicados para prevenir que problemas ocorram, por
exemplo, despejo dos componentes tóxicos voláteis; aplicação de uma fase separadora
de gênese ácida para converter o componente nocivo em um componente menos nocivo,
e, adições químicas que neutralizassem os compostos existentes.
No caso onde altas concentrações de formol estão presentes, o esgoto pode ser tratado
com Ca(OH)2 ou NaOH em temperaturas elevadas (90 - 100°) para converter o formol em
uma mistura de açúcares (com Ca(OH)2) ou em ácido fórmico e metanol (como NaOH).
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O filtro anaeróbio.
O filtro anaeróbio foi o primeiro tratamento anaeróbio que demonstrou viabilidade técnica
de se aplicar cargas elevadas.
No filtro anaeróbio o lodo é imobilizado pela sua agregação a corpos de enchimento que
se encontram no mesmo. A água residuária escoa pelos vazios entre os corpos. Sendo
que quanto maior os vazios no reator melhor será o tratamento. É importante que os
vazios não sejam muito pequenos para que não ocorra o entupimento dos mesmos. Esta
dimensão depende da natureza da água residuária (concentração de sólidos em
suspensão).
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É muito importante que o efluente a tratar tenha teores de sólidos suspensos e de óleos e
graxas relativamente baixos. O uso do filtro anaeróbio conforme o nível de conhecimento
que se dispõe atualmente é uma excelente solução para pequenas comunidades.
O fundo falso deve ter furos igualmente distribuídos para que não ocorram zonas de maior
concentração ou até mesmo o curto circuito.
De acordo com a NBR 7229 / 1982 a altura da primeira camada deve ser da ordem de
0,20 até 0,50 metros, a camada de recheio deve ter altura de 0,60 até 1,20 metros, acima
destas medidas a remoção praticamente não aumenta. Pela pequena altura, as unidades
podem ser executadas facilmente, as paredes podem ser totalmente em alvenaria
(paredes de um tijolo), com armadura bastante reduzida. Neste caso deve-se fazer
impermeabilização interna e externa. A limpeza das unidades pode ser efetuada
facilmente através de descarga de fundo e da eventual remoção manual de algas da
superfície do leito e do dispositivo de coleta de efluentes.
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O Fluxo
O filtro anaeróbio pode ser considerado um reator de filme fixo. Esta afirmação baseia-se
no fato de que a remoção de substrato está associada primeiramente ao crescimento de
biofilmes presos à superfície do meio e em seus espaços vazios.
Estudos compararam 2 tipos de Filtros Anaeróbios: de fluxo ascendente e de fluxo
descendente. Trabalhando com um TDC estimado entre 8 e 15 dias atingiram remoções
de até 93 %. As principais diferenças associadas à mudança de fluxo foram a capacidade
de funcionar como reator de filme fixo no sistema de fluxo descendente e como leito
fluidizado ou expandido na metade inferior do reator no sistema de fluxo ascendente.
Num estudo da aplicação do Filtro Anaeróbio no tratamento de esgotos ricos em
carboidratos concluíram que não havia gradiente significativo de remoção dos
parâmetros DQO e ácidos voláteis considerando a altura do reator. A alta concentração
da biomassa faz com que o Filtro anaeróbio opere mais como um reator CFSTR de
crescimento suspenso que um reator de filme fixo, assemelhando-se a um reator de
manta de lodo, contrapondo-se ao modelo de fluxo a pistão ( plug-flow ).
Outros estudos mostraram como era o comportamento de um sistema onde seis filtros
anaeróbios eram colocados em série. O objetivo era atingir condições ótimas para as
diversas comunidades de microrganismos envolvidos no processo. Este foi um dos
primeiros trabalhos no qual se pensou na separação da digestão anaeróbia em fases.
Foram localizados ácidos voláteis em todos os reatores, embora houvesse uma
acentuada diminuição na sua concentração em relação do primeiro com o sexto.
Os Recheios Utilizados
O estudo de recheio de bambu para filtros anaeróbios é muito atual, apesar de ser uma
excelente solução para o problema de tratamento de esgoto, existem poucas publicações
sobre o assunto.
Quando se usa material sintético para a fixação de matéria orgânica os resultados são
positivos em termos de purificação, mas esbarra no problema dos altos custos. Por este
motivo o uso de material sintético pode se tornar inviável em países do terceiro mundo,
pois além do custo de aquisição, necessita-se do transporte, já que nos países do terceiro
mundo dificilmente eles são fabricados.
O bambu pode ser um material alternativo, por que sua distribuição é vasta e o seu preço
sem transporte é na média 13 vezes menor do que o material sintético. O trabalho
realizado por Tritt et.al (1993), mostra com sucesso o uso do bambu como material
suporte de filtros anaeróbios, principalmente pela quantidade de índices de vazios e na
retenção da biomassa. O estudo mostrou que antes de transportar os troncos são
tratados com pesticidas (Bromomethane). Neles são especificados data, dimensões,
espécie e demais dados para a sua caracterização.
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Tratamento Terciário
Troca iônica;
Quando a água de processo a ser tratada é destinada a processos de tratamento de
superfícies, este processo é um dos mais utilizados. Isso se deve ao fato de se requerer
uma pureza muito grande da água e ausência de íons que podem influenciar
negativamente nos processos de cobertura de determinadas superfícies. Assim, as
colunas de troca iônica fazem o papel de eliminar os íons interferentes do processo.
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Ozonização
Os processos de desinfecção por ozônio ainda são incipientes em função do alto custo na
geração do ozônio. Apesar de se tratar de uma reação relativamente simples, os
equipamentos ainda são muito caros, comparados aos processos de cloração, além da
tecnologia não ser muito difundida no país.
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Referências
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