Você está na página 1de 7

Universidade Wutivi – Unitiva

Teoria do Comércio Internacional

O comércio internacional sistematizou-se a partir do século XV com a


"descoberta" de outros continentes que iniciou, pela primeira vez, a troca
internacional de mercadorias, decorrente do surgimento do capitalismo comercial.

O comércio internacional1 refere-se ao conjunto de operações comerciais


(circulação de bens e de serviços e o movimento de capitais) realizada entre países
e regidas por normas estabelecidas em Acordos internacionais negociados entre
Estados ou regras promovidos por instituições multilaterais (Organização Mundial
do Comércio, Comunidade dos Países da África Austral).

Desde então, a evolução do comércio internacional tem conhecido várias correntes


doutrinárias, nomeadamente:

1. Mercantilismo

Teoria política - comercial desenvolvida na Europa entre os séculos XV e XVIII,


durante a época Moderna, e que exaltava o valor absoluto do Estado e a criação da
riqueza. O Estado tem papel interventivo na economia: cria e protege as indústrias,
controla o consumo interno de determinados produtos, promove a colonização com
o fito de obter matérias-primas.

1Este conceito é diferente de comércio exterior. O comércio exterior é regulado pela legislação interna de cada país
em relação aos demais países.

1
No plano económico esta corrente defendia:

1. O incremento das exportações e o desencorajamento das importações.


2. A redução ao máximo da exportação de matérias-primas;
3. O impedimento das importações de produtos de luxo;

O Mercantilismo defendia as seguintes políticas económicas:

1. Controlo do comércio internacional: necessidade de um fluxo de metais


preciosos; controlo de consumo interno; incentivo de produção; protecção
aduaneira;
2. Enriquecimento: proibição das exportações de barras de outro e prata;
3. Monopólio do comércio com o exterior: concentrar o comércio externo nas
mãos do poder real ou através de companhias majestáticas.

No geral, o fim último do Mercantilismo era a obtenção de uma balança comercial


superavitária, isto é, um excedente do valor das exportações sobre as importações.

2. Doutrina Livre – Cambista

Esta doutrina defende a divisão internacional do trabalho e o livre-câmbio, tendo


como consequência o aumento da produção e a procura de bens a menor custo,
respectivamente. É por excelência a doutrina que defende a liberdade do comércio
internacional e é contra o Proteccionismo.

3. Doutrina Proteccionista

Para esta corrente doutrinária, o objectivo da política comercial não deve ser
apenas o enriquecimento da nação, mas antes disso, a criação de condições para o
desenvolvimento da indústria nacional. Esta doutrina defende a imposição de
barreiras ao livre comércio.

No geral, as políticas comerciais procuram fomentar o crescimento económico


através das exportações, sendo que as medidas da política comercial internacional
se situam entre a liberdade de comércio e o Proteccionismo das nações.

2
Para o desenvolvimento do comércio internacional e, segundo a teoria da
gravidade, temos que ter em conta ainda o tamanho do país, a sua população, bem
como a distância entre os países.

O tamanho do país está relacionado com o volume de exportações e importações,


sendo que as maiores economias produzem mais bens e serviços, daí que estas
exportam mais e igualmente tem capacidade para pagar pelas importações (EUA,
Rússia, China).

Outras considerações relacionadas com o tamanho do mercado:

 Laços culturais: se dois países têm afinidades culturais, terão também


relação comercial forte (Moçambique e Portugal);
 Geografia: os países que se situam ao longo da costa têm facilidades de
transporte; entretanto os países do interior e montanhosos têm dificuldades
de transporte (Moçambique é porta de entrada para os países do hinterland).
 Empresas multinacionais: estas empresas auxiliam a exportação e
importação de bens e serviços entre as suas agências locais nos diferentes
países (BP, P&G).

A distância entre os mercados influencia os custos de transporte e


consequentemente os custos de exportação e importação; os contactos pessoais e as
comunicações (Moçambique e Nova Zelândia). A lei da gravidade estima que 1%
de aumento na distância entre países provoca a diminuição do volume do comércio
em 0.7%.

3
Figura 1. Mapa ilustrativo da posição geográfica de Moçambique na região da SADC

Os Acordos comerciais entre os países tem como objectivo reduzir as formalidades


e o pagamento de tarifas necessárias para a travessia de fronteiras e,
consequentemente aumentar o comércio.

Reflexão: um Acordo comercial constitui alavanca para o aumento significativo do


comércio entre os seus parceiros. Entretanto, acha que para celebrar Acordos
comerciais deveríamos ter em conta as diferenças do PIB e a distância entre os
países?

4
90 12
80
10
70
60 8
50
6
40
30 4
20
2
10
0 0
75 77 79 81 83 85 87 89 91 93 95 97 99 01 03 05 07 09 11 13 15
19 1 9 19 1 9 19 1 9 19 1 9 1 9 19 1 9 19 1 9 20 20 2 0 20 2 0 20 2 0 2 0

GDP

Figura 2. PIB de Moçambique 1975-2016

Figura 3. Mapa ilustrativo da posição geográfica de Moçambique no mundo

Exercícios
1. O mercantilismo correspondeu a:
a) Um conjunto de práticas e ideias económicas baseadas em princípios protecionistas.
b) Uma teoria económica defensora das livres práticas comerciais entre os diversos países.
c) Um movimento do século XVII que defendia a mercantilização dos escravos africanos.
d) Uma doutrina económica defensora da não intervenção do Estado na economia.
e) Uma política económica, especificamente ibérica, de defesa de seus interesses coloniais.

5
2. No contexto do mercantilismo, o que significava o exclusivo colonial?
a) Significava a determinação de que a metrópole não poderia intervir naquilo que era
produzido na Colônia.
b) Significava que as práticas comerciais só poderiam ser efetivamente exercidas nos
domínios das Colônias.
c) Significava que as práticas de exploração de matérias-primas não poderiam exceder os
limites de uma pequena quantidade por semana.
d) Significava a determinação de que aquilo que era produzido na Colônia só poderia
atender ao consumo de quem nela vivia.
e) Significava a determinação de que aquilo que era produzido na Colônia só poderia ser
explorado pela metrópole que sobre ela tinha domínio.

3. Mercantilismo é um termo que refere ao conjunto de práticas económicas dos Estados


europeus nos séculos XVI e XVII. Das alternativas abaixo, assinale aquela que não indica
uma característica do Mercantilismo.
a) Busca de uma balança comercial favorável, ou seja, a superação contábil das importações
pelas exportações.
b) Intervencionismo do Estado nas práticas económicas, através de políticas monopolistas e
fiscais rígidas.
c) Crença em que a acumulação de metais preciosos era a principal forma de
enriquecimento dos Estados.
d) Aplicação de capitais excedentes em outros países para aumentar a oferta de matérias-
primas necessárias à industrialização.
e) Exploração de domínios localizados em outros continentes, com o objetivo de
complementar a economia metropolitana.

4. O Mercantilismo caracterizou-se por um (a):


a) Liberalismo económico como forma de manutenção da aliança política do Rei com os
segmentos burgueses.
b) Proteccionismo alfandegário por meio de proibições das exportações que visava ao
equilíbrio da balança comercial do Estado.
c) Intervencionismo estatal nas actividades comerciais lucrativas que proibiu a concessão de
monopólios a grupos privados.
d) Expansão do poderio naval como garantia das comunicações marítimas entre as
metrópoles e seus impérios coloniais.
e) Restrição dos privilégios senhoriais relacionados à participação da nobreza no comércio
ultramarino e nas companhias comerciais do Estado, tais como a Companhia das Índias
Orientais e das Índias Ocidentais.

6
5. A colonização objetivada pela política mercantilista tinha como objectivo:

a) Criar condições para a implantação do Absolutismo;


b) Permitir a economia da metrópole o máximo de autossuficiência e criar vantagens no
comércio internacional pela criação de complementos à economia nacional;
c) Evitar conflitos internos, resultantes dos choques entre feudalismo e capitalismo, que
dificultavam o desenvolvimento dos países europeus;
d) Ganhar prestígio internacional das potências coloniais;
e) Obter garantias de acesso às fontes de matérias-primas e aos mercados consumidores no
ultramar.

Você também pode gostar