Você está na página 1de 3

b) O Feudalismo

Antes de caracterizar o Feudalismo, é importante saber em que época ele se


desenvolveu e, inclusive, onde, Segundo Meksenas (2001), podemos dividir o
Feudalismo em dois períodos: do século V ao século X d.C. (entre os anos 401 a 1000
aproximadamente), e do século XI ao século XVI d.C. (entre 1001 e 1600). O primeiro
período refere-se ao apogeu da sociedade feudal, e o segundo à sua decadência. A
Europa é considerada o berço da sociedade feudal, onde, geograficamente, tudo
começou. A Europa passou a viver, então, uma nova fase histórica, a Idade Média.
A Europa da Idade Média tinha um modo de organizar o trabalho e a produção
econômica bem diferente do que existia na antiguidade. A maneira de como a economia
funcionava, nesse período, recebeu o nome de Feudalismo. A base da economia feudal
era agrária. Quase todo mundo morava no campo, vivendo da agricultura e da criação
de animais e a produção dos bens de consumo se dava através do trabalho artesanal. A
riqueza mais importante naquele momento era a terra. Surgiram, então, grandes
latifúndios, grandes propriedades rurais, chamadas feudos Cada um desses feudos, que
variavam em extensão, possuía um único proprietário: o senhor feudal que, para utilizá-
lo de modo produtivo “alugava" suas terras aos camponeses, chamados servos. Além
dos senhores feudais (proprietários das terras) e dos servos (arrendatários das terras),
existia ainda uma outra classe social: o clero, composta por membros da igreja,
instituição mais influente da época. Clero e senhores feudais constituiam a chamada
nobreza. Estudando esse período, encontrase a presença de camadas sociais (castas)
bem definidas.
O servo não recebia nenhum salário. Era autorizado a utilizar um pedacinho de
terra do feudo; no entanto, ficava obrigado a pagar tributos para o nobre. Os tributos
se davam de várias formas. O servo podia pagar um imposto em produtos, podendo
ceder metade de tudo o que plantasse, por exemplo. Podia pagar, cedendo sua mão de
obra (trabalhava de graça durante alguns dias nas plantações do senhor feudal). Mais
tarde, por volta dos séculos XIV e XV, as obrigações feudais passaram a ser pagas em
dinheiro (SCHMIDT, 2002).
Fica evidente, diante do que foi apresentado até agora, de que não existe uma
forma social homogênea. A servidão prevalece. Schmidt (2002) afirma que o servo não
era um escravo, não pertencia ao nobre, não podia ser comprado nem vendido, mas
também não era livre. Não podia escolher o tipo de trabalho que faria, muitas vezes, e
só podia sair dos limites do feudo com autorização do nobre. Sem escolha: desde o
nascimento, estava destinado a trabalhar para pagar tributos feudais. Os servos levavam
uma vida muito difícil. Trabalhavam todos os dias, muitas horas ao dia, e sem descanso.
Quando crianças, jamais

pag. 17
iam à escola e muitos morriam cedo, de doença ou de fome. Os nobres, por sua vez,
tinham uma vida confortável, não precisavam trabalhar para viver.
Uma questão surge: Com tantas dificuldades e injustiças, por que os servos não
se revoltavam? Uma possível explicação é que os senhores feudais tinham seus próprios
exércitos particulares, isto, sem contar a questão religiosa. A maioria dos servos
acreditavam que estariam cometendo um grave pecado se tentassem destruir a ordem
feudal da sociedade. Para eles, Deus havia determinado que existiria uma divisão entre
os homens e as pessoas deviam se conformar com isso.
Meksenas (2001) expõe ainda outras características gerais presentes naquele
momento. A produção agrícola era deficiente. Baseava-se em técnicas bastante
rudimentares, o que explica, inclusive, poucos excedentes; isto é, havia pouco alimento
para ser comercializado. O comércio era quase inexistente. Todos os bens necessários
para a sobrevivência eram produzidos no interior de cada feudo. A maioria das
explicações se dava pela religião, influindo significativamente no progresso da ciência, o
qual se dava de forma lenta naquela época. Na medida em que a fé cristã explicava tudo
o que se passava na sociedade, não havia necessidade de um método científico de
observação, baseado na comparação, análise e classificação dos fenômenos.
A população e a produção de alimentos, com o passar do tempo, acabou
crescendo a tal ponto, que os feudos começaram a produzir mais do que necessitavam.
O que fazer com essa produção excedente? Surgiu, então, algo novo, o comércio.
São vários os reflexos associados a este fato, e é o que pretendemos
compreender, a partir de agora.
Antes, dê uma olhada na página seguinte. Estamos prestes a chegar ao
capitalismo propriamente dito. Nela você encontrará uma síntese do que vimos até
agora e um pouco do que veremos a seguir. Temos um esquema com uma linha do
tempo e os respectivos modos de produção (comunismo primitivo, asiático, antigo,
feudal e capitalista). Busque perceber as características bastante peculiares de cada
período.

Pag. 19

c) A Decadência da Sociedade Feudal e o Mercantilismo


Para Meksenas (2001), é a partir do século XI que começam a surgir alterações
sociais, políticas e econômicas tão significativas, que justificam a defesa do término do
feudalismo. Tais mudanças prolongam-se até o século XVI, quando nasce a
propriamente dita “sociedade capitalista”.
A partir da crescente modernização das técnicas agrícolas e a existência de um
excedente de alimentos, estes passam a ser comercializados. Essa nova “vida comercial”
faz com que as cidades passem a crescer e a se desenvolver & muitos servos passam a
deixar o campo, em busca de novas oportunidades nas cidades. Temos então o auge do
Mercantilismo (séculos XV ao XVIII), isto é, um novo modo de viver, que nasce a partir
do Feudalismo, mas é completamente diferente deste: o início da vida urbana, início das
grandes invenções (imprensa, bússola, novos medicamentos, etc.). O comércio tornase
o centro de tudo (MEKSENAS, 2001).
Será dentro desse novo modo de vida que surgirá uma nova classe social,
composta por comerciantes muito ricos, os chamados burgueses. Com a pretensão de
acumular riquezas e desenvolver ainda mais suas atividades comerciais, começaram a
surgir as manufaturas.
Por manufatura entende-se um primeiro modelo de indústria, tal qual a
conhecemos hoje. Instalada em um imenso salão, havia as máquinas manuais, dispostas
em filas, conduzidas pelos antigos servos que, aos poucos, foram se transformando em
operários.
Fato importante de se destacar é o confronto que se estabeleceu entre a
nascente classe burguesa e a antiga nobreza feudal. Os senhores feudais opunham-se
aos burgueses, visto que esta nova lógica fazia com que os servos deixassem o campo,
buscando a vida nas cidades. Diante disto, os senhores feudais ficavam sem mão de obra
em suas terras. Lentamente foi se percebendo que a burguesia saiu vitoriosa e os poucos
resquícios da nobreza feudal acabaram aderindo a essa nova formação social.
Temos agora todos os elementos para o surgimento do capitalismo e da
Sociologia.

Você também pode gostar