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8 2.2.

4 A apologia do império na épica e na historiografia

A poesia e história

A época de Augusto correspondeu a um período de grande esplendor cultural que se


manifestou tanto na arte como na literatura, através das quais se podia enaltecer o Império e
o povo. Na verdade, Augusto procurou reformar o mundo romano mediante a promoção dos
valores tradicionais. O período de paz e boas condições económicas de que o império usufruiu
foram certamente decisivos para o desenvolvimento da vida intelectual nesta época. Inúmeros
foram os historiadores que ao longo do tempo dedicaram as suas vidas a criar obras que
enalteciam o passado histórico dos romanos.

2.2.5 A formação de uma rede escolar urbana uniformizada e a difusão da rede escolar

No império romano existia uma rede de escolas distribuída e implementada pelo Estado. Estes
viam as escolas como um importante instrumento de unificação cultural das populações. Roma
incentivava as cidades a criar as suas escolas e a conceder privilégios e regalias aos
professores. A administração central responsabilizava-se pelo pagamento de alguns
professores.

A Educação, oferecida a tanto rapazes e raparigas, dispunha de diversas etapas:

- Dos 7 aos 12 anos, praticava-se a leitura, a escrita, o cálculo, a aprendizagem de princípios


cívicos e decorava-se trechos poéticos de modo a adquirirem valores e atitudes;

- Dos 12 aos 15 anos, aprendia-se línguas, literatura, história, geografia, matemática,


astronomia e música.

- A partir dos 17 e só para rapazes ou elites, aprendia-se a retórica e direito para proporcionar
bases para a carreira pública.

2.3 A integração de uma região periférica no universo imperial:

a romanização da Península Ibérica

Romanização: processo de transmissão da cultura romana aos diversos povos do império e


integração plena das províncias no espaço civilizacional. Foi um processo lento que, embora de
forma desigual, atingiu o espaço político romano. Culminou com o Edito de Caracala que
concede cidadania romana aos homens livres do Império.

2.3.1 A conquista

A conquista da Península Ibérica iniciou-se em 218 a.C. e só culminou em 19 a.C. Foi um


processo difícil e atribulado devido à persistência dos povos do norte e centro da Hispânia,
entre eles os Lusitanos, os Calaicos, os Ástures e os Cântabros. A península era atractiva devido
principalmente à existência de metais e ao desejo dos romanos de expandir o seu território
para o mundo desconhecido.

2.3.2 Os veículos de romanização O exército e a imigração/ A acção das autoridades


provinciais/ A l v v íngua, a religião e o Direito/ Uma densa rede de cidades

Aculturação: Processo de adaptação de um grupo ou povo a uma cultura diferente da sua, Os


grupos minoritários ou os povos que se encontram sob dominação externa têm tendência para
absorver a cultura dominante. Considera-se que este processo é tanto mais fácil e profundo
quanto maior for o desnível civilizacional entre os dois grupos. Assim se entende que, no caso
romano, as regiões do Ocidente tenham sido mais profundamente romanizadas do que as do
Oriente, onde o brilhantismo da cultura helénica bloqueou, em parte, o processo de
romanização.

Município: Cidade dotada de ampla autonomia administrativa, que se rege por instituições
semelhantes às da cidade de Roma. Aos municípios pode ser atribuído o Direito Latino (que
equivale à cidadania incompleta) ou o Direito Romano (a plena cidadania), o que, em ambos os
casos, corresponde a um estatuto elevado. Por isso se considera que a proliferação deste tipo
de cidades favoreceu o processo de romanização.

A expansão da cultura romana deu-se, na Hispânia, mais rapidamente no Sul do que Norte
devido à resistência dos povos autóctones.

Apesar disso, o processo de romanização foi bem aceite devido a diversos fatores:

- À medida de que o exército chegava, estes foram-se instalando e criando contacto com os
povos locais, trazendo a cultura romana e partilhando-a, tendo a participação de hispânicos no
exército o mesmo sentido assim como a chegada de imigrantes italianos;

- A ação das autoridades provinciais foi um fator que permitiu uma pacificação geral visto que
mostravam uma atitude de tolerância e respeito pelos nativos. Estas promoveram a
construção de obras públicas e atraiam os filhos dos chefes indígenas a terem uma educação
tipicamente romana;

- A língua comum, o latim, difundiu-se e permitiu o melhor entendimento entre conquistados e


conquistadores. Já a religião oficial não foi sobreposta sobre as divindades locais, permitindo
às populações manter as suas práticas religiosas, apesar de ser introduzido o culto ao
imperador. O Direito e o respeito pelas suas leis era uma forma de manter a ordem e a
segurança;

- A densa rede de estradas permitiu a fácil ligação entre os diversos municípios e colónias, que
com governos e órgãos de decisão própria, eram autênticas cidades romanas. O seu
desenvolvimento (de cidades preexistentes) e a criação de novas cidades urbanas atraíram as
populações mais rurais.

O desenvolvimento económico e a rede viária

Com a chegada dos Romanos, houve profundas alterações a nível económico no território
português. Antes, predominava uma economia pobre, sustentada pela pastorícia, onde o
comércio era raro e a moeda praticamente não circulava. A agricultura passou a ser intensiva,
virada para a exportação. Produzia-se principalmente os cereais, o vinho e o azeite de alta
qualidade. Manteve-se uma criação pecuária abundante, com excelentes bovinos, suínos e boa
qualidade de lã. Desenvolveram-se indústrias, de extração mineira, as forjas, olarias,
tecnologias e conserveiras e o famoso garum (conservas de peixe). Cresceram as feiras,
multiplicaram-se os mercados. A moeda circulava abundantemente. Tudo isto não era
conseguido se não existisse a excelente rede de estradas de Roma, que formaram um só
espaço económico e partilhavam o dinamismo de todo o Império, um espasço económico
vasto, articulado e coeso.

O império universal romano-cristão

3.1.1. O cristianismo e 3.1.2 O Império romano-cristão e 3.1.3 A Igreja e a transmissão do


legado político-cultural clássico
É na Palestina, em pleno Império Romano, que nasce o Cristianismo, religião monoteísta que
marcará profundamente o mundo ocidental. Progressivamente, a nova religião espalha-se pelo
Império e suscita o repúdio das autoridades romanas que vêem nela uma doutrina perigosa,
capaz de abalar a estrutura social romana, o culto dos deuses tradicionais e mesmo a
autoridade do Imperador. Todavia, apesar das perseguições que lhe são movidas, o
cristianismo triunfa: em 313, com o Edito de Milão, o recém-convertido Imperador
Constantino concede-lhe inteira liberdade de culto; em 380, com o Edito de Tessalónica,
Teodósio declara-o a única religião do Império, proibindo que se honrem os antigos deuses
pagãos. O Império Romano tornou-se um império cristão.

Fator de mudança, a Igreja surgiu também como um veículo transmissor do legado clássico:

- A retórica serviu os bispos, ministros da palavra de Deus, nas suas pregações;

- Os métodos e conceitos da Filosofia antiga foram utilizados pelos teólogos para fundamentar
a nova fé;

- O Direito Romano esteve na base do Direito Canónico que regula, no interior da Igreja, as
questões administrativas e disciplinares;

- A liturgia foi enriquecida pela incorporação de aspetos do cerimonial imperial;

- A arquitetura religiosa tomou como modelo as construções romanas, quer públicas quer
privadas: as basílicas cristãs reúnem elementos inspirados nos palácios imperiais, nas termas,
nas basílicas romanas e em outros edifícios religiosos anteriores;

- Os frescos, mosaicos, estátuas e relevos cristãos inspiraram-se nos modelos romanos,


atribuindo, frequentemente, um novo significado a imagens antigas. A Igreja, preservando o
legado político da Antiguidade e bem organizada, tornou-se o pilar do Ocidente dos séculos
seguintes.

O fim do Mundo Antigo

Os séculos IV e V que marcam o triunfo do Cristianismo são também aqueles em que se


desmorona o poder romano. Uma grave crise interna abala a autoridade do imperador e a
organização do exército, que se mostra fraco perante os povos bárbaros que, do exterior, o
ameaçam. Internamente, sofreu uma rápida sucessão de imperadores que eram submetidos
aos caprichos dos exércitos. Diocleciano inicialmente adotou o sistema da Tetrarquia Imperial,
repartindo a defesa e administração do Império por 4 líderes que habitavam em cidades junto
das fronteiras. Já Teodósio dividiu o Império em Ocidente e Oriente, o primeiro com capital em
Roma e o segundo em Constantinopla.

Porém, todas as soluções se revelam infrutíferas face ao ímpeto dos invasores, que, numa
avalanche, percorrem e devastam o espaço romano. O império do Ocidente cai
definitivamente em 476 e a Europa sofre um fracionamento. A queda do império do Ocidente
significou o fim da Época Clássica e o início da Idade Média. A Igreja torna-se o centro das
decisões, visto que foi a única instituição que se manteve organizada no meio de toda esta
revolução.

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