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Roteiro para curta-metragem:

conteúdo e forma

©RT 2003
O filme é sobre...
Premissa: a primeira fagulha de uma
história.

©RT 2003
Exemplos de premissas!
• Um casal que acorda um no corpo do outro?
• Um tenista aposentado que acredita que a
vida depende da sorte?
• Um psicopata que ataca as pessoas
pensando que é a própria mãe?

©RT 2003
Uma premissa é tudo o que você
diga “Puxa, isso daria um filme”!

©RT 2003
Mas uma premissa ainda
não É um filme.

Nem mesmo um roteiro.

©RT 2003
Um filme nasce com o storyline.

©RT 2003
Um storyline é...
• A história do filme contada em um parágrafo
curto.
• Segundo o filme “O Jogador”, em 20 palavras ou
menos!
• Resume a história do início até o final,
introduzindo personagens principais.
• É aquilo que contamos para um amigo que
pergunta do que é o filme na saída do cinema.

©RT 2003
Uma boa história para
audiovisual...
• Se presta a ser contada com sons e imagens.
• Tem conflitos e personagens com os quais
nos identificamos e cujo final ou
desenvolvimento não adivinhamos.
• Mas o que são conflitos?

©RT 2003
Conflitos em dramaturgia são
questões que são resolvidas
durante a história, através do
confronto entre protagonista (s) e
antagonista (s).

©RT 2003
Traduzindo...

©RT 2003
Conflitos são...
• Aquilo que os personagens querem
conquistar e precisam lutar para isso.
• Luta entre o homem e a natureza (como em
“Mar em Fúria”, “Terremoto”, etc.)
• Luta de homens contra homens (de “West
Side Story” até “Duro de Matar”)
• Luta de homens consigo mesmos (filmes de
superação pessoal, dramas intimistas, etc.)

©RT 2003
E os personagens?
• Dão vida aos conflitos, assumindo suas
posições e objetivos.
• Nos identificamos com eles e suas buscas,
nos envolvendo com a trama.
• Os personagens evoluem ao longo da
história, são modificados por ela.

©RT 2003
Um exemplo de conflito...

Que poderia gerar uma história

©RT 2003
Você está num táxi indo para a
rodoviária, quando...
Um exercício de criatividade:
podemos criar conflitos com qualquer
coisa!

©RT 2003
Você pega um táxi para a rodoviária...

E diz para o motorista: “vamos logo.


Meu ônibus sai daqui a pouco!”

Só que o táxi pára em um


engarrafamento, a um quilômetro da
rodoviária.
E agora? Sai correndo ou espera?

©RT 2003
Você pega um táxi para a rodoviária...

E diz para o motorista: “vamos logo.


Meu ônibus sai daqui a pouco!”

O taxista parte em alta velocidade,


desviando perigosamente. E sofre um
ataque cardíaco.
E agora? Como salvar a SUA vida?

©RT 2003
Você pega um táxi para a rodoviária...

E diz para o motorista: “vamos logo.


Meu ônibus sai daqui a pouco!”

O taxista pergunta: “Tem certeza? Viu


que entrou o horário de verão?”

E agora? Ajusta o relógio e fica


emburrado ou apenas fica emburrado?
©RT 2003
Você pega um táxi para a rodoviária...

E diz para o motorista: “vamos logo.


Meu ônibus sai daqui a pouco!”

Só que a taxista é a sua velha (o)


namorada (o) do segundo grau,
aquela paixão mal resolvida.
E agora?
Pigarreia que na verdade vai ao aeroporto?
©RT 2003
Você pega um táxi para a rodoviária...

E diz para o motorista: “vamos logo.


Meu ônibus sai daqui a pouco!”

Só que um caminhão bate no táxi, a


poucas quadras de sua casa.

E agora? Quando chega a


ambulância?
©RT 2003
Você pega um táxi para a rodoviária...

E diz para o motorista: “vamos logo.


Meu ônibus sai daqui a pouco!”

E o taxista diz “Graças a Deus! Faz


dias que não converso com ninguém!”

E agora? Como carregar mais essa


mala??

©RT 2003
Você pega um táxi para a rodoviária...

E diz para o motorista: “vamos logo.


Meu ônibus sai daqui a pouco!”

Só que o taxista é um ladrão. E quer


tirar a féria do dia.

E agora? Entrega tudo ou toma um


tiro?

©RT 2003
Você pega um táxi para a rodoviária...

E diz para o motorista: “vamos logo.


Meu ônibus sai daqui a pouco!”

Perto da rodoviária, você se lembra


que não desligou o fogão.

E agora? Sai de férias e incendeia a


casa ou volta?
©RT 2003
Você pega um táxi para a rodoviária...

E diz para o motorista: “vamos logo.


Meu ônibus sai daqui a pouco!”

O táxi chega a tempo, mas o taxista


não tem troco.

E agora?

©RT 2003
Você pega um táxi para a rodoviária...

E diz para o motorista: “vamos logo.


Meu ônibus sai daqui a pouco!”

O táxi chega a tempo, você entra no


ônibus e tudo acaba bem.

Para uma narrativa, qual é a graça?


Cadê o conflito?
©RT 2003
Ou seja, para interessar é preciso ir
além do “normal”.
Senão, pra que ficar olhando?

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E como isso tudo se torna um
roteiro?

©RT 2003
Da premissa ao roteiro...
• Premissa: isso daria um filme!
• Storyline: a história em um parágrafo.
• Argumento: contando em detalhes a
história, mas de forma coloquial.
• Roteiro: história escrita pensando para a
câmera e os microfones!
• Reescrever, reescrever, reescrever...
©RT 2003
Mas como organizar a história?

©RT 2003
O velho truque dos três atos!
• Primeiro ato: apresenta os personagens, o
que eles estão buscando e o que está em
jogo.
• Segundo ato: desenvolve os conflitos, sem
entregar o “ouro para o bandido”.
• Terceiro ato: resolve os conflitos, atribui os
vencedores, etc.

©RT 2003
Primeiro ato
• Do que trata a história?
• Onde e quando ela se passa?
• Em quem eu presto atenção?
• Isso interessa ou já deu pra adivinhar onde
vai chegar?
• O que está em jogo?

©RT 2003
Segundo ato
• Os personagens se desenvolvem a partir de
suas ações.
• Já pensou se o Superman só falasse que
sabe voar ao invés de sair voando mesmo??
• Os conflitos crescem e se esclarecem.
• Mas há as viradas.
• E as plantadas.

©RT 2003
Terceiro ato
• As coisas “precisam” se resolver, por exemplo:
• Em “Soldado Ryan”, os alemães não podem passar de uma
ponte.
• Em “Náufrago”, ele sai da ilha (na jangada amarrada com
fitas de vídeo!!!)
• Em “De Volta Para o Futuro” o raio tem hora para cair!

©RT 2003
Mas precisa ser assim?
• Não, esta apenas é a estrutura mais comum.
• Filmes como Amarcord, La Dolce Vita e
outros seguem uma estrutura narrativa de
historinhas que costuram o interesse do
espectador na próxima história e assim por
diante.
• E são muito legais!

©RT 2003
No fundo, o que importa para o
roteiro é...

©RT 2003
“Manterás a atenção do
espectador”
Jean-Claude Carrière,
Roteirista de “A Bela da Tarde”

©RT 2003
Qual é a cara de um roteiro?

©RT 2003
CENA 01 - INTERIOR - SALA DE AULA / NOITE
Vários alunos já estão sentados na sala de aula. Alguns poucos estão
chegando, enquanto ROBERTO e GUSTAVO estão à frente, abrindo a conversa. O
roteiro é projetado com um datashow na parede.

ROBERTO
Essa é a cara de um roteiro de ficção moderno. Não é literatura.

GUSTAVO
É escrito de forma sintética.

ROBERTO
Você escreve o que pode ser visto e ouvido, com poucas rubricas e detalhes.

GUSTAVO
E isso vira um filme.

©RT 2003
CENA 01 - INTERIOR - SALA DE AULA / NOITE
Vários alunos já estão sentados na sala de aula. Alguns poucos estão
chegando, enquanto ROBERTO e GUSTAVO estão à frente, abrindo a conversa. O
roteiro é projetado com um datashow na parede.

ROBERTO
Onde e quando se passa a cena?
Essa é a cara de um roteiro •de ficção
Interior moderno. Não é literatura.
ou exterior?
• Onde NA TRAMA se passa a cena?
GUSTAVO
• De dia? De noite?
É escrito de forma sintética.
• Cenas são numeradas em ordem
crescente!
ROBERTO
Você escreve o que pode ser visto e ouvido, com poucas rubricas e detalhes.

GUSTAVO
E isso vira um filme.

©RT 2003
CENA 01 - INTERIOR - SALA DE AULA / NOITE
Vários alunos já estão sentados na sala de aula. Alguns poucos estão
chegando, enquanto ROBERTO e GUSTAVO estão à frente, abrindo a conversa. O
roteiro é projetado com um datashow na parede.

ROBERTO
Essa é a cara de um roteiro de ficção moderno. Não é literatura.

GUSTAVO
É escrito de forma sintética.

ROBERTO
Descrição de ambiente e ações
Você escreve o que pode ser visto e ouvido, com poucas rubricas e detalhes.
• Frases curtas.
• Escrevemos o que vemos e ouvimos.
GUSTAVO
• Apenas
E isso vira os detalhes essenciais para a
um filme.
trama aparecem.
• Personagens grifados em maiúscula.
• Alinhado pela esquerda.
©RT 2003
Diálogos:
• Centralizados
CENA 01 - INTERIOR - SALA DE AULA / NOITE
• Nome do personagem precede a fala,
Vários alunos já estão sentados na sala de aula. Alguns poucos estão
em maiúsculas.
chegando, enquanto ROBERTO e GUSTAVO estão à frente, abrindo a conversa. O
• Escrito em linguagem
roteiro coloquial,
é projetado com de
um datashow na parede.
acordo com a maneira de falar de cada
personagem.
ROBERTO
• Fale em voz alta éapós
Essa escrever
a cara de aum
frase!
roteiro de ficção moderno. Não é literatura.
Ficou natural? Não? Reescreva!
• Formato facilita leitura do elenco. GUSTAVO
É escrito de forma sintética.

ROBERTO
Você escreve o que pode ser visto e ouvido, com poucas rubricas e detalhes.

GUSTAVO
E isso vira um filme.

©RT 2003
Esse formato de roteiro permite:
• Que o roteirista se concentre em contar a
história, sem colocar posições de câmera,
etc.
• Medida: uma folha A4 em corpo 12, espaço
1,5 dá mais ou menos um minuto de
projeção.
• Que o elenco encontre com facilidade seu
texto.
©RT 2003
Bibliografia

Um pouco mais sobre Roteiros

©RT 2003
• “Manual do Roteiro” Syd Field
• “4 Roteiros” Syd Field
• “Como Contar um Conto” Gabriel Garcia Marquez
• “Linguagem Secreta do Cinema” Jean-Claude Carrière
• “Do Argumento ao Roteiro” Doc Comparato
• “O Circo Eletrônico” Daniel Filho

©RT 2003

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