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Resumo Geometria

1 Introdução

Entes primitivos
O ponto, a reta e o plano. Representaremos os pontos pelas letras latinas maiúsculas, as retas pelas letras latinas minúsculas
e os planos pelas letras minúsculas gregas.

Relação de pertinência
Dados no plano um ponto e uma reta , só há duas possibilidades: ou o ponto pertence à reta ou não; no primeiro caso
escrevemos (lê-se pertence a ) e no segundo escrevemos (lê-se não pertence a ).

Postulado da determinação
Por dois pontos distintos e do plano podemos traçar uma única reta. Nesse caso, sendo a reta determinada por tais
pontos, denotamos alternativamente .

Um ponto , situado sobre uma reta , a divide em dois pedaços, quais sejam, as semirretas de origem . Escolhendo pontos
e sobre , um em cada um de tais pedaços, podemos denotar as semirretas de origem por e .

Dados pontos e sobre uma reta , o segmento é a porção da reta situada de a . Escrevemos para denotar
o comprimento do segmento . Dados pontos a no plano, definimos a distância entre os mesmos como o
comprimento do segmento . Logo:

Precisamos, dados um ponto e um real (que deve ser pensado como o comprimento de um segmento), o círculo de
centro e raio é o conjunto dos pontos do plano que estão á distância de , isto é, tais que .

O complemento de um círculo no plano consiste de duas regiões, uma limitada, que denominaremos seu interior e outra
ilimitada, denominada exterior do círculo. Alternativamente, o interior do círculo e raio é o conjunto de pontos do plano
cuja distância ao centro é menor que , isto é, tais que ; analogamente, o exterior do círculo é o conjunto dos
pontos do plano cuja distância ao centro é maior que , isto é, tais que .

Via de regra, denotaremos círculos por letras gregas maiúsculas. Podemos escrever caso queiramos enfatizar que o
centro de é e o raio é .
Dado um círculo de centro e o raio é , também denominamos raio do mesmo a todo segmento que une o centro a um
de seus pontos. Uma corda de é um segmento que une dois pontos quaisquer do círculo; um diâmetro de é uma corda que
passa por seu centro. Todo diâmetro de um círculo o divide em duas partes iguais, denominadas semicírculos.

Uma porção do círculo delimitada por dois de seus pontos corresponde a um arco do círculo. Na realidade dois pontos sobre
um círculo determinam dois arcos. Logo nos referiremos ao arco menor ou ao arco maior. Outra possibilidade é escolhermos
mais um ponto sobre o arco a que desejamos nos referir, denotando o arco com o auxílio desse ponto extra.

2 Ângulos

Uma região do plano é convexa quando, para todos os pontos , tivermos . Caso contrário, diremos que
é uma região não-convexa.

De acordo com a definição acima, para uma região ser não-convexa basta que existam pontos tais que pelo
menos um ponto do segmento não pertença a .

Uma reta de um plano o divide em duas regiões convexas, os semiplanos delimitados por . Dados pontos e , um em
cada um dos semiplanos em que divide o plano, tem-se sempre .

Dados no plano duas semirretas e , um ângulo (ou região angular) de vértice e lados e é uma das duas
regiões do plano limitadas pelas semirretas e .

Um ângulo pode ser côncavo ou convexo. Denotamos ângulo de lados e escrevendo ; o contexto deixará claro
se estamos nos referindo ao ângulo convexo ou ao côncavo.
Dividindo o círculo de centro em 360 arcos iguais, e tome e , extremos de um desses 360 arcos iguais. Dizemos que a
medida do ângulo é de 1 grau, denotando, , e escrevemos

A partir da definição de grau é imediato que um círculo completo corresponde a 360º.

Observações:
(i) Diremos que dois ângulos são iguais se suas medidas forem iguais;
(ii) Usaremos sistematicamente notações diferentes para um ângulo e para sua medida em graus;
(iii) Por economia de notação, usaremos letras gregas minúsculas para denotar medidas de ângulos.

Observamos anteriormente que todo diâmetro de uma circunferência a divide em duas partes iguais. Assim, se tivermos um
ângulo tal que e sejam semirretas opostas (isto é, estejam numa mesma reta, com ), então
.

Diremos que um ângulo é agudo quando , reto quando e obtuso quando


.

Dois ângulos cuja soma das medidas seja igual a 90º são chamados complementares. Assim, se e são as medidas de
dois ângulos complementares, então . Ainda nesse caso, dizemos que é o complemento de , e vice-versa.

Dois ângulos e (de mesmo vértice ) são opostos pelo vértice (abreviaremos OPV) se seus lados forem
semirretas opostas. Dois ângulo OPV são iguais.
3 Polígonos

Considere três pontos no plano. Se estiver sobre a reta , diremos que são colineares; caso contrário,
diremos que são não-colineares.

Denominamos triângulo à região limitada do plano, delimitada por três pontos não-colineares. Sendo são os vértices
do triângulo .

Ainda em relação a um triângulo genérico , dizemos que os segmentos (ou seus comprimentos) são os
lados do triângulo; escrevemos em geral para denotar os comprimentos dos lados de um
triângulo . A soma dos comprimentos dos lados do triângulo é seu perímetro, o qual será, doravante, denotado por ;
assim, é o semiperímetro do triângulo. Em tais notações temos

Os ângulos (ou suas medidas ) são os


ângulos internos do triângulo.

Podemos classificar triângulos de duas maneiras básicas: em relação aos comprimentos de seus lados ou em relação às
medidas de seus ângulos. Desta forma um triângulo é denominado:
(a) Equilátero: se ;
(b) Isósceles: se ao menos dois entre forem iguais;
(c) Escaleno: se .
Pela definição acima todo triângulo equilátero é isóscoles; no então a recíproca não é verdadeira.

Quando for um triângulo isósceles, tal que , dizemos que o lado é a base do triângulo. Para triângulos
equiláteros, podemos chamar qualquer um de seus lados de base, mas nesse caso raramente usamos essa palavra, isto é, em
geral reservamos a palavra base para triângulos isósceles não equiláteros.

Sejam um natural e pontos distintos do plano. Dizemos que é um polígono (convexo) se,
para , a reta não contém nenhum outro ponto , mas deixa todos eles em um mesmo semiplano, dentre
os que ela determina (aqui e no que segue, ).
Os pontos são os vértices do polígono; os segmentos (ou por vezes seus
comprimentos) são os lados do polígono. Assim como com triângulos, a soma dos comprimentos dos lados do polígono é o
perímetro do mesmo.

Uma diagonal de um polígono é qualquer um dos segmentos que não seja um lado do mesmo.

Os ângulos convexos (ou simplesmente ) são os ângulos internos do polígono. Assim, todo
polígono de vértices possui exatamente ângulos internos. Um polígono convexo possui exatamente dois
ângulos externos em cada um dos vértices.

Em geral, dizemos que um polígono é um numa referência a seu número de lados (e de vértices).

Todo convexo possui exatamente diagonais.

4 Congruência de Triângulos

Dizemos que dois triângulos são congruentes se for possível mover um deles no espaço, sem deformá-lo, até fazê-lo coincidir
com o outro. Assim, se dois triângulos e forem congruentes, deve existir uma correspondência entre os vértices
de um e de outro, de modo que os ângulos internos em vértices correspondentes sejam iguais, bem como o sejam os lados
opostos a vértices correspondentes.

Para tais triângulos, temos então:

A congruência de triângulos possui as seguintes propriedades:


1. Simetria: tanto faz dizermos um triângulo é congruente a um triângulo quanto dizer que é congruente a
, ou mesmo que e são congruentes.
2. Transitividade: se for congruente a e for congruente a , então será congruente a .

Doravante, escreveremos

para denotar que os dois triângulos e são congruentes, com a correspondência de vértices
Caso de congruência LADO – ÂNGULO – LADO (LAL)
Se dois lados de um triângulo e o ângulo formado por esses dois lados forem respectivamente iguais a dois lados de outro
triângulo e ao ângulo formado por esses dois lados, então os dois triângulos são congruentes.

Em símbolos, o caso de congruência acima garante que, dados os triângulos e ,

com a correspondência de vértices . Em particular, segue daí que

Caso de congruência ÂNGULO – LADO – ÂNGULO (ALA)


Se dois ângulos de um triângulo e o lado compreendido entre esses dois ângulos forem respectivamente iguais a dois ângulos
de outro triângulo e ao lado compreendido entre esses dois ângulos, então os dois triângulos são congruentes.

Em símbolos, dados dois triângulos e , temos:

com a correspondência de vértices . Em particular, segue daí que

Caso de congruência LADO – LADO – LADO (LLL)


Se os três lados de um triângulo são, em alguma ordem, respectivamente congruentes aos três lados de outro triângulo, então
os dois triângulos são congruentes.

Em símbolos, dados dois triângulos e , temos:

com correspondência de vértices . Em particular, também temos


Dado um ângulo , a bissetriz de é a semirreta que o divide em dois ângulos iguais. Neste caso, dizemos
ainda que bissecta . Assim,

Em um triângulo , a bissetriz interna relativa a (ou ao vértice ) é a porção da bissetriz do ângulo interno do
triângulo, desde até o lado ; o ponto é o pé da bissetriz interna relativa ao . De modo geral, todo triângulo
possui exatamente três bissetrizes internas.

Chamamos de ponto médio de um segmento o ponto que o divide em duas partes iguais.

Em um triângulo , a mediana relativa ao lado (ou ao vértice ) é o segmento que une o vértice ao ponto médio do
lado . De modo geral, todo triângulo possui exatamente três medianas.

Dadas no plano duas retas e , dizemos que é perpendicular a , que é perpendicular a ou ainda que e são
perpendiculares quando e tiverem um ponto em comum e formarem ângulos de 90º nesse ponto. Escrevemos para
denotar que duas retas e são perpendiculares. Nas notações acima, se , então o ponto de interseção da reta ,
perpendicular a por , é o pé da perpendicular baixada de a .

Em um triângulo , a altura relativa ao lado (ou ao vértice ) é o segmento que une o vértice ao pé da perpendicular
baixada de à reta . Nesse caso, denominamos o pé da perpendicular em questão de pé da altura relativa a . De modo
geral, todo triângulo possui exatamente três alturas.

Proposição
Se é um triângulo isósceles de base , então .

Corolário
Os ângulos internos de um triângulo equilátero são todos iguais.

5 Paralelismo

Dadas duas retas no plano, temos somente duas possibilidades para as mesmas; ou elas têm um ponto em comum ou não
tem ponto em comum; no primeiro caso, as retas são ditas concorrentes; no segundo, as retas são paralelas. Se duas retas
e forem paralelas, escreveremos .

Em todo triângulo, a medida de cada ângulo externo é maior que as medidas dos ângulos internos não adjacentes a ele.

Postulado das paralelas


Dados no plano uma reta e um ponto , existe uma única reta , paralela a e passando por .
Sejam as retas no plano, com intersectando e respectivamente nos pontos e . Na figura abaixo, os ângulos
e são ditos alternos internos, aos passo que os ângulos e são chamados colaterais internos.

De acordo com as notações acima, temos

Proposição
A soma dos ângulos internos de um triângulo é igual a 180º.

Proposição
Os ângulos de um triângulo equilátero são todos iguais a 60º.

Teorema do ângulo externo


Em todo triângulo, a medida de um ângulo externo é igual à soma das medidas dos dois ângulos internos não adjacentes a
ele.

Classificação de triângulos de acordo com seu ângulos internos


Um triângulo é acutângulo se todos os seus ângulos internos forem agudos, retângulo se tiver um ângulo reto e obtusângulo se
tiver um ângulo obtuso.

A hipotenusa de um triângulo retângulo é o lado oposto ao ângulo reto; os outros dois lados do triângulo são seus catetos.

Caso de congruências LADO – ÂNGULO – ÂNGULO OPOSTO (LAAo)


Se dois ângulos de um triângulo e o lado oposto a um desses ângulos forem respectivamente iguais a dois ângulos de outro
triângulo e ao lado oposto ao ângulo correspondente nesse outro triângulo, então os dois triângulos são congruentes. Em
símbolos, dados triângulos e temos:

com correspondência de vértices . Em particular, também temos


6 A desigualdade triangular

Proposição
Se é um triângulo tal que , então .

Corolário
Se é um triângulo tal que , então é seu maior lado. Em particular, num triângulo retângulo a hipotenusa é o
maior lado.

Desigualdade triangular
Em todo triângulo, cada lado tem comprimento menor que a soma dos comprimentos dos outros dois lados.

Segue da desigualdade triangular que, sendo os comprimentos dos lados de um triângulo, devemos ter

Exemplo
Se é um ponto no interior de um triângulo , então:
a)
b)

7 Quadriláteros notáveis

Um quadrilátero convexo é dito um paralelogramo se possuir lados opostos paralelos.

Proposição
Um quadrilátero convexo é um paralelogramo se e só se seus ângulos opostos forem iguais.

Proposição
Um quadrilátero convexo é um paralelogramo se e só se seus pares de lados opostos forem iguais.

Proposição
Um quadrilátero convexo é um paralelogramo se e só se suas diagonais se intersectam ao meio.

Definimos base média de um triângulo como um segmento que une os pontos médios de dois de seus lados (segmentos ,
e da figura abaixo). Assim, todo triângulo possui exatamente três bases médias.
Nas notações da figura anterior, dizemos que (isto é, o triângulo que tem por lados as bases médias do triângulo )
é o triângulo medial de .

Teorema da Base Média


Seja um triângulo qualquer. Se e são os pontos médios dos lados e , então . Reciprocamente, se
traçarmos por uma paralela ao lado , então a mesma intersecta em . Ademais, em um qualquer dos casos acima,
temos

Proposição
Em todo triângulo as três medianas passam por um único ponto, o baricento do triângulo. Ademais, o baricentro divide cada
mediana, a partir do vértice correspondente, na razão . Doravante, salvo menção em contrário, denotaremos o baricentro
de um triângulo por .

Um quadrilátero convexo que possui apenas dois lados opostos (podendo ou não ser iguais) é denominado trapézio. Assim,
todo paralelogramo é em particular um trapézio, mas a recíproca não é verdadeira.

Em todo trapézio, os dois lados sabidamente paralelos são suas bases, sendo o maior (respectivamente menor) deles a base
maior (respectivamente base menor); os outros dois lados (sobre os quais em princípio nada sabemos, mas que podem
também ser paralelos, caso o trapézio seja em particular um paralelogramo) são os lados não-paralelos do trapézio.

O segmento que une os pontos médios dos lados não paralelos de um trapézio é a base média do mesmo, ao passo que o
segmento que une os pontos médios das diagonais de um trapézio é a mediana de Euler do mesmo.

Proposição
Seja um trapézio de bases e e lados não paralelos e . Sejam ainda e os pontos médios dos lados
não paralelos e , e e os pontos médios das diagonais e (conforme a figura acima). Então:
a) são colineares e .
b) e
Um quadrilátero convexo é um retângulo se todos os seus ângulos internos forem iguais. Como a soma dos ângulos internos
de um quadrilátero convexo é sempre igual a 360º, segue então que um quadrilátero convexo é um retângulo se e só se todos
os seus ângulos internos forem iguais a 90º. Um quadrilátero convexo é um losango se todos os seus lados forem iguais.

o retângulo o losango

Como os lados opostos de um retângulo são sempre paralelos (uma vez que são ambos perpendiculares a um qualquer dos
outros dois lados), todo retângulo é um parapelogramo. Também sabemos que todo losango é um paralelogramo.

Se e são retas paralelas, a distância entre e é o comprimento de qualquer segmento tal que , e
.

Proposição
Um paralelogramo é um retângulo se e só se suas diagonais tiverem comprimentos iguais.

Corolário
A mediana relativa à hipotenusa de um triângulo retângulo é igual à metade da mesma.

Proposição
Um paralelogramo é um losango se e só tiver diagonais perpendiculares.

Um quadrilátero convexo é um quadrado quando for simultaneamente um retângulo e um losango. Assim, quadrados são
quadriláteros de ângulos e lados iguais; ademais, suas diagonais são também iguais e perpendiculares ao meio e formam
ângulos de 45º com os lados do quadrilátero.

o quadrilátero

Observação
Segue do que vimos aqui que, sendo o conjunto dos trapézios, o conjunto dos paralelogramos, o conjunto dos
retângulos, o conjunto dos losangos e o conjunto dos quadrados, temos

todas as inclusões sendo estritas.


8 Lugares Geométricos

Dada uma propriedade relativa a pontos do plano, o lugar geométrico (abreviaremos LG) dos pontos que possuem a
propriedade é o subconjunto do plano que satisfaz as duas condições a seguir:
a) Todo ponto de possui a propriedade ;
b) Todo ponto do plano que possui a propriedade pertence a .
Em outras palavras, e o LG da propriedade se for constituído exatamente pelos pontos do plano que têm a propriedade
, nem mais nem menos.

Exemplo
Dados um real positivo e um ponto do plano, o LG dos pontos do plano que distam do ponto é o círculo de centro e
raio :

Exemplo
Dados pontos e no plano, a mediatriz do segmento é a reta perpendicular a e que passa por seu ponto médio.

Proposição
Dados pontos e no plano, a mediatriz de é o LG dos pontos do plano que equidistam de e .

Proposição
Seja um ângulo dado. Se um ponto do mesmo, então
Exemplo
Dadas no plano retas e , concorrentes em , vimos na proposição acima que um ponto do plano eqüidista de e se e
só se estiver sobre uma das retas que bissectam os ângulos formados por e . Assim, o LG dos pontos do plano que
eqüidistam de duas retas concorrentes é a união das bissetrizes dos ângulos formados por tais retas.

9 Pontos notáveis de um triângulo

Propriedades
Em todo triângulo as mediatrizes dos lados passam todas por um mesmo ponto, o circuncentro do mesmo.

Proposição
Em todo triângulo, as três alturas se intersectam em um só ponto, o ortocentro do triângulo.

alturas no triângulo acutângulo alturas no triângulo retângulo alturas no triângulo obtusângulo

Corolário
O circuncentro de um triângulo é o ortocentro de seu triângulo medial.

Proposição
As bissetrizes internas de todo triângulo concorrem em um único ponto, o incentro do triângulo.
10 Tangência e ângulos no círculo

Dizemos que um círculo e uma reta são tangentes, ou ainda que a reta é tangente ao círculo, se e tiverem exatamente
um ponto em comum. Nesse caso, é o ponto de tangência de e .

Proposição
Seja um círculo de centro , e um ponto de . Se é a reta que passa por e é perpendicular à , então é tangente
a .

Dados no plano um círculo de centro , um ângulo central em é um ângulo de vértice e tendo dois raios e por
lados. Em geral, tal ângulo central será denotado por e o contexto tornará claro a qual dos dois ângulos
estamos nos referindo. Por definição, a medida do ângulo central é igual à medida do arco .

Exemplo
Se são pontos sobre um círculo , tais que os ângulos centrais e são iguais, então .

Um ângulo inscrito num círculo é um ângulo cujo vértice é um ponto do círculo e cujos lados são cordas do mesmo.

Proposição
Se e são cordas de um círculo de centro , então a medida do ângulo inscrito é igual a metade da medida do
ângulo central correspondente .
O caso limite de um ângulo inscrito é um ângulo de segmento: seu vértice é um ponto do círculo e seus lados são uma corda e
o outro a tangente ao círculo no vértice do ângulo.

Proposição
Nas notações da figura acima, a medida do ângulo de segmento é igual à metade do ângulo central corresponde
.

Um ângulo ex-cêntrico interior é um ângulo formado por duas cordas de um círculo que se intersectam no interior do mesmo;
um ângulo ex-cêntrico exterior é um ângulo formado por duas cordas de um círculo que se intersectam no exterior do mesmo.

Proposição
Sejam e duas cordas de um círculo, cujas retas suportes se intersectam em um ponto .
a) se for interior ao círculo, então a medida do ângulo ex-cêntrico interior é igual à média aritmética das medidas
dos arcos e subentendidos.
b) se for exterior ao círculo, então a medida do ângulo ex-cêntrico exterior é igual à semidiferença das medidas dos
arcos e subentendidos.

Proposição
Dados um segmento e um ângulo , com , o LG dos pontos do plano tais que é a reunião
de dois arcos de circunferência, simétricos em relação à reta e tendo os pontos e em comum. Tais arcos são os arcos
capazes de em relação a .
Proposição
Dados no plano um círculo e um ponto exterior ao mesmo, há exatamente duas retas tangentes ao círculo e passando por
.

Proposição
Seja um círculo de centro e um ponto exterior ao mesmo. Se são tais que e são tangentes a (ver
figura abaixo), então

Definições
Dizemos que dois círculos são:
exteriores se não tiverem pontos comuns e tiverem interiores disjuntos;
interiores se não tiverem pontos comuns mas o interior de um deles contiver o outro;
secantes se tiverem dois pontos em comum;
tangentes se tiverem um único ponto comum; nesse último caso, os círculos são tangentes exteriormente se tiverem
interiores disjuntos e tangentes interiormente caso contrário.

Dados círculos e , então e são:


a) exteriores se e só se ;
b) tangentes exteriormente se e só se ;
c) secantes se e só se ;
d) tangentes interiormente se e só se ;
e) interiores se e só se .
11 Círculos associados a um triângulo

Proposição
Todo triângulo admite um único círculo passando por seus vértices. Tal círculo é dito circunscrito ao triângulo, e seu centro é o
circuncentro do mesmo.

Proposição
Se é um triângulo de circuncentro , então está no interior (respectivamente sobre um lado, no exterior) de se e
só se for acutângulo (respectivamente retângulo, obtusângulo).

está no interior de está sobre um lado de está no exterior de

Corolário
Se um triângulo acutângulo de circuncentro . Se é o ponto médio do lado , então .

Proposição
Todo triângulo admite um único círculo contido no mesmo e tangente a seus lados. Tal círculo é dito inscrito no triângulo, e seu
centro é o incentro do mesmo.
Proposição
Em todo triângulo , existe um único círculo tangente ao lado e aos prolongamentos dos lados e . Tal círculo é
o círculo ex-inscrito ao lado , e seu centro é o ex-incentro de relativo a (ou ao vértice ).

Observações
i) em geral, dado um triângulo , denotamos o centro e o raio do círculo circunscrito respectivamente por e , do
círculo inscrito respectivamente por e , e do círculo ex-inscrito a respectivamente por e .
ii) todo triângulo admite exatamente três círculos ex-inscrito; consoante as notações estabelecidas no item (i),
denotamos os centros e raios dos círculos ex-inscritos a e respectivamente por e .

Corolário
Em todo triângulo, a bissetriz interna relativa a um vértice concorre com as bissetrizes externas relativas aos outros dois
vértices no ex-incentro.

Proposição
Seja um triângulo de lados e semiperímetro (ver figura abaixo). Sejam os pontos
onde o círculo inscrito em tangencia os lados , respectivamente, e suponha ainda que o círculo ex-inscrito
a tangencia tal lado em e os prolongamentos de e respectivamente em e . Então:
a)
b)
c)
d)
e) O ponto médio de também é o ponto médio de .
Proposição
Seja um triângulo qualquer, seu incentro, seu ex-incentro relativo a e o ponto onde o círculo circunscrito a
intersecta o segmento (conforme figura abaixo). Então é o ponto médio do arco que não contém e

12 Quadriláteros inscritíveis e circunscritíveis

Dizemos que um quadrilátero é inscritível se existir um círculo passando por seus vértices. Se um quadrilátero for inscritível,
então o círculo que passa pelo seus vértices é único, e será doravante denominado o círculo circunscrito ao quadrilátero. Um
quadrilátero é inscritível se e só se as mediatrizes de seus lados se intersectarem em um único ponto, o circuncentro do
quadrilátero.

Proposição
Um quadrilátero convexo , de lados , é inscritível se e só se uma qualquer das condições a seguir for
satisfeita:
a)
b)
O triângulo órtico de um triângulo não-retângulo é o triângulo formado pelos pés das alturas de .

Proposição
Em todo triângulo acutângulo, o ortocentro coincide com o incentro do triângulo órtico.

o triângulo órtico de

Dados no plano um triângulo e um ponto não situado sobre qualquer das retas suportes dos lados de , marcamos
os pontos , pés das perpendiculares baixadas de respectivamente aos lados . O triângulo assim
obtido é o triângulo pedal de em relação a . Por exemplo, o triângulo órtico de um triângulo é o triângulo pedal do
ortocentro do triângulo.
O resultado a seguir, conhecido com o teorema de Simson-Wallace explica quando o triângulo pedal de um ponto é
degenerado (isto é, tal que são colineares).

Proposição (Simson – Wallace)


Dados um triângulo e um ponto não situado sobre as retas suportes de seus lados, o triângulo pedal de em relação
a é degenerado se e só se estiver sobre o círculo circunscrito a .

Na notações anteriores, quando estiver sobre o círculo circunscrito a diremos que a reta que passa pelos pontos
é a reta de Simson-Wallace de relativa a .

a reta de Simson-Wallace

Nem todo quadrilátero convexo possui um círculo tangente a todos os seus lados. Quando tal ocorrer, diremos que o
quadrilátero é circunscritível e que o círculo tangente a seus lados é o círculo inscrito no quadrilátero. O teorema a seguir,
conhecido como teorema de Pilot, dá uma caracterização útil dos quadriláteros circunscritíveis.

Teorema (Pilot)
Um quadrilátero convexo , de lados , é circunscritível se e só se
soma iguais dos lados opostos

Um polígono convexo é inscritível se existir um círculo passando por seus vértices, dito o círculo circunscrito ao polígono.

13 Proporcionalidade e Semelhança

Proposição (Teorema de Thales)


Sejam retas paralelas. Escolhemos pontos , e , de modo que e
sejam dois ternos de pontos colineares. Então:

Corolário (Recíproca de Thales)


Sejam dados no plano retas e pontos , e com . Se , então
.

Proposição (Teorema da Bissetriz)


Seja um triângulo tal que .
a) se é o pé da bissetriz interna e é o pé da bissetriz externa relativas ao lado , então

b) sendo , temos

teorema da bissetriz

Dados segmentos de comprimentos e , dizemos que um segmento de comprimento é a terceira proporcional de e


(nessa ordem) se
14 Semelhança de triângulos

Dizemos que dois triângulos são semelhantes quando existe uma correspondência biunívoca entre os vértices de um e outro
triângulo, de modo que os ângulos em vértices congruentes correspondentes sejam iguais e a razão entre os comprimentos de
lados correspondentes seja sempre a mesma. Fisicamente, dois triângulos são semelhantes se pudermos dilatar e/ou girar
e/ou um deles, obtendo o outro ao final de tais operações.

Na figura, os triângulos e são semelhantes, com a correspondência de vértices .


Assim, e existe tal que

Tal real positivo é denominado a razão de semelhança entre os triângulos e , nessa ordem (observe que a
razão de semelhança entre os triângulos e , nessa ordem, é ).

Escrevemos para denotar que os triângulos e são semelhantes, com a correspondência de


vértices .

Se na razão (de semelhança) , então é também a razão entre os comprimentos de dois segmentos
correspondentes quaisquer nos dois triângulos.

Caso de semelhança LADO – LADO – LADO (LLL)


Sejam e triângulos no plano, tais que

Então , com correspondência de vértices . Em particular, .

Caso de semelhança LADO – ÂNGULO – LADO (LAL)


Sejam e triângulos no plano, tais que

Então , com correspondência de vértices . Em particular, e


Caso de semelhança ÂNGULO – ÂNGULO (AA)
Sejam e triângulos no plano, tais que

Então , com correspondência de vértices . Em particular,

Proposição
Seja um triângulo retângulo em , com catetos e hipotenusa . Sendo o pé da altura
relativa à hipotenusa, , temos:
a)
b)
c)
d)

O item (c) da proposição acima é conhecido por teorema de Pitágoras.

Corolário
As diagonais de um quadrado de lado medem .

Corolário
As alturas de um triângulo equilátero de lado medem .

Proposição (Recíproca do Teorema de Pitágoras)


Seja um triângulo tal que . Se , então é retângulo em .
15 O teorema das cordas e potência de ponto

Proposição (Teorema das Cordas)


Se são pontos distintos no plano tais que , então

Proposição
Se são pontos distintos no plano, com colineares, então se e só se o círculo
circunscrito ao triângulo for tangente à reta em .

Corolário
São dados no plano um círculo e um ponto . Se uma reta que passa por intersecta no pontos e (com
, caso a reta seja tangente a em ), então

Teorema (Euler)
Um círculo de raio e centro é interior a um círculo de raio e centro . Se e e são cordas de
tangentes a , então é o círculo inscrito no triângulo se e só se

Corolário
Se e são respectivamente os raios dos círculos inscrito e circunscrito a um triângulo , então , com igualdade
se e só se for equilátero.
Corolário (Poncelet)
Sejam e respectivamente os círculos inscrito e circunscrito a um triângulo . Se é outro ponto de , e
e são cordas de tangentes a , então é o círculo inscrito no triângulo .

Definimos a potência do ponto em relação ao círculo como sendo o número real

de maneira que se e só se , se e só se for exterior ao disco delimitado por e


se e só se for interior a tal disco. Observe também que , ocorrendo a igualdade se e só se
.

Teorema
Se e são dois círculos não-concêntricos, então o LG dos pontos do plano tais que é uma reta
perpendicular à reta que une os centros de e (a reta da figura).

Nas notações do enunciado acima, o LG descrito no mesmo é denominado eixo radical de e .

eixo radical de dois círculos eixo radical de dois círculos


eixo radical de dois círculos secantes
tangentes exteriormente tangentes interiormente
Corolário
Se são três círculos com centros não-colineares, então existe um único ponto no plano tal que

Nas notações anteriores, o ponto cuja existência é garantida por ele é denominado o centro radical dos círculos

16 Áreas de Figuras Planas

Para que um conceito qualquer de área para polígonos tenha utilidade, postulamos que as seguintes propriedades sejam
válidas:
polígonos congruentes têm áreas iguais;
se um polígono convexo é particionado em um número finito de outros polígonos convexos (isto é, se o polígono é a união
de um número finito de outros polígonos convexos, os quis não têm pontos interiores comuns), então a área do polígono
maior é a soma das áreas dos polígonos menores;
se um polígono (maior) contém outro (menor) em seu interior, então a área do polígono maior é maior do que a área do
polígono menor;
a área de um quadrado de lado 1 cm é 1 cm2.

Proposição
Um quadrado de lado tem área .

Proposição
Um retângulo de lado e tem área .

Fixado um lado de um paralelogramo, o qual chamaremos de base diremos que a distância entre ele e seu lado paralelo é a
altura do paralelogramo.
Proposição
A área de um paralelogramo de base e altura é igual a .

Proposição
Seja um triângulo de lados e alturas respectivamente relativas aos lados .
Então

Em particular, .

Se dois polígonos tiverem áreas iguais, diremos que são equivalentes.

Corolário
Sejam e triângulos tais que . Então .

A distância entre as bases de um trapézio é sua altura.

Proposição
Se é um trapézio de bases e altura , então
Corolário
Se é um losango de diagonais e , então

Proposição
Sejam e dois triângulos semelhantes. Sendo a razão de semelhança de para , temos

Proposição
Seja um triângulo de lados e semiperímetro . Se e são respectivamente os raios dos
círculos inscrito em e ex-inscrito a , então

Teorema (Carnot)
Se é um triângulo acutângulo de circuncentro ,e denotam respectivamente as distâncias de aos lados
, então

onde e denotam respectivamente os raios dos círculos inscrito e circunscrito a .

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