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A educação, o/a educador/a e a exclusão social

Education, the educator and social exclusion


Ruth Pavan
Doutora em Educação. Professora do Programa de Mestra-
do em Educação da UCDB.
e-mail: ruth@ucdb.br

Resumo
O artigo é resultado das reflexões teóricas desenvolvidas na tese de doutorado em educação, “A reflexão
dos professores e professoras da Educação de Jovens e Adultos sobre a exclusão social”, defendida em 2005,
na UNISINOS. Tendo como referência a teoria crítica em educação, discute os efeitos da hegemonia
neoliberal para a educação e os desafios suscitados para o/a educador/a. Sustenta que a hegemonia
neoliberal procura transformar tudo em mercadoria, inclusive a educação passa de direito à mercadoria,
aumentando os processos de exclusão. Os/as educadores/as são vistos como responsáveis pelos problemas
educacionais, apontando como solução a competição e aplicação da lógica empresarial. Há ainda um
processo ideológico de produção de sentido por meio do qual se enfatiza o “saber-fazer” em detrimento da
reflexão teórica, sobretudo a crítica, vista como inútil e perda de tempo. O texto argumenta que para fazer
frente à hegemonia neoliberal é necessário que o/a educador assuma seu compromisso político, seja um/
a educador/a crítico/a, capaz de compreender os contextos que o leva a pensar/agir de uma determinada
forma para contribuir com a construção de uma sociedade radicalmente diferente, em que os processos de
exclusão sejam superados.
Palavras-chave
Formação de professores; hegemonia neoliberal; reflexão crítica; exclusão social.

Abstract
The article in hand is the result of theoretical reflections developed in a doctoral thesis on education, “The
reflection of teachers on social exclusion”, defended in 2005 at UNISINOS. The article, having as reference
the critical theory of education, discusses the effects of neoliberal hegemony on education and the challenges
brought up for the educator. The article supports the concept that neoliberal hegemony seeks to transform
everything into goods, including education, which goes from being a right to becoming goods, increasing
the processes of exclusion. Educators are seen as responsible for educational problems, pointing out as a
solution the competition and application of business logic. There is also an ideological process of production
of meaning by which “knowing how” is emphasized to the detriment of theoretical reflection, above all
critical thinking which is seen as useless and a waste of time. The text argues that in order to face
neoliberal hegemony it is necessary that the educator take on a political commitment, be a critical educator,
capable of understanding the contexts which take them to think/act in a certain way so as to contribute to
the construction of a radically different society, where the processes of exclusion are overcome.
Key words
Teacher training; neoliberal hegemony; critical reflection; social exclusion. crítica, exclusão social.

Série-Estudos - Periódico do Mestrado em Educação da UCDB.


Campo Grande-MS, n. 20, p. 205-218, jul./dez. 2005.
Discutir a relação entre a exclusão podem fomentar a continuidade da legiti-
social e o processo escolar, bem como o mação de processos excludentes e
papel do/a educador/a remete-me a desumanizadores produzidos pela socieda-
Alencar (2001, p. 99), que, baseado em de. Mas também pode se constituir um es-
Hannah Arendt, afirma que “o ato educa- paço privilegiado de reflexão e prática
tivo resume-se em humanizar o ser huma- includente, se seguir a perspectiva de que
no”. E prossegue: “Grande resumo, síntese “educar é humanizar, socializar valores de
admirável! E prática dificílima: tornar o hu- justiça, respeito e solidariedade. Educar é
mano mais humano não é simples, não reproduzir criadoramente conhecimentos,
está dado”. Parece-me que nada é mais para superar doenças, exclusões e malda-
pertinente no contexto atual, sobretudo des” (ALENCAR, 2001, p. 116). Ou ainda,
nos seus aspectos desumanizantes de ex- conforme Gentili (2001, p. 42):
clusão, do que pensarmos a educação do A escola deve contribuir para tornar visí-
ponto de vista da humanização, como nos vel o que o olhar normalizador oculta.
Deve ajudar a interrogar, a questionar, a
sugere Hannah Arendt. É importante per- compreender os fatores que historicamen-
cebermos o que torna o processo de hu- te contribuíram na produção da barbárie
manização tão pertinente no momento e que supõe negar os mais elementares
de que forma foram se constituindo pro- direitos humanos e sociais às grandes
cessos de desumanização. maiorias. A escola democrática deve ser
um espaço capaz de nomear aquilo que,
Outros autores também fazem esta por si mesmo, não diz seu nome, que se
reflexão abordando outros elementos, con- disfarça nos grotescos eufemismos do dis-
forme podemos perceber em Arroyo (2001, curso light, cortês, anoréxico. O discurso
p. 276): “Não adianta querer uma infância cínico dos nossos governos, dos mercado-
res da fé, do empresariado sensível e dos
na escola, uma infância escolarizada, man-
druidas tecnocráticos que, em vôo rasante,
tendo a infância sem moradia, com fome, procuram interpretar a realidade a partir
dormindo na rua, ou dormindo amontoa- dos gabinetes ministeriais.
da em casa, uma infância sem carinho. Desta forma, podemos dizer que se
Uma infância sem infância”. O autor pros- a educação historicamente tem contribuí-
segue afirmando: “O direito à educação é do para legitimar processos de exclusão,
inseparável da pluralidade de direitos da isso não significa que não possamos vis-
infância e da adolescência”. lumbrar práticas educativas sensíveis aos
Assim, não é possível perceber a ex- excluídos. A exclusão social está vinculada
clusão social e o processo educacional à educação, e urge refletir sobre o papel
como se estivessem desvinculados, pois, se que os/as educadores/as desenvolvem em
é necessário falar em humanização no pro- relação a ela para articular novas possibili-
cesso educativo, é porque este se constitui dades e vinculações, quiçá vinculações que
no contexto social geral. Neste sentido, a façam da educação um espaço privilegia-
escola, bem como o processo educativo, do de transformação social.

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De certa forma, o que acabamos de ta como perda de tempo e a idéia de trans-
destacar sobre a educação escolar revela formação social como ultrapassada, uma
que ela se encontra imersa em uma crise. vez que a retórica oficial é de que estamos
Ela nunca deu e continua não dando con- no último estágio de desenvolvimento da
ta de cumprir os fins a que se propõe, por humanidade e o capitalismo é o fim para
diversas razões, mas, sem dúvida, em gran- o qual tendem todos os grupos humanos.
de parte não dá conta por estar inserida Esta captura está relacionada à
em uma sociedade capitalista. construção de alguns “padrões civilizatórios”,
Para Moraes (2004), um tempo de dentre os quais se podem destacar a socie-
crise como o que vivemos é também um dade da informação e a sociedade do co-
tempo propício para que se veja o caráter nhecimento. Postula-se que está havendo
salvacionista da educação vinculado à ló- uma multiplicação da informação e do co-
gica do mercado, como se a redenção não nhecimento, uma verdadeira democratiza-
só da sociedade, mas da própria educação ção. Será que é isso mesmo que está ocor-
estivesse exatamente nesta relação. Isto rendo? Penso que na sociedade atual, onde,
explica em grande parte o que vem acon- como afirma Moraes (2004), usando o argu-
tecendo no campo educacional brasileiro, mento de Chauí, a concentração, reprodu-
em que se vem reduzindo o papel do/a ção e acumulação do capital estão direta-
educador/a a uma função técnica e se o/a mente ligadas à informação e ao conheci-
vê como não preparado para exercê-la, mento (mais na primeira do que na segun-
entrando em um processo de culpabilização da devido à lógica do capital financeiro em
do/a educador/a: “Conquanto não se che- que a informação é a chave da acumulação
gue a afirmar que a apregoada precarie- instantânea), é no mínimo ingênuo acredi-
dade da formação de docentes seja a úni- tar que estejam acessíveis democraticamen-
ca responsável pelo fracasso escolar – alar- te. Ou seja, há efetivamente um abismo en-
deia-se sua inequívoca culpabilidade nes- tre o potencial democrático do conhecimen-
te caso” (MORAES, 2004, p. 140). Segundo to e da informação e sua real efetivação.
a autora, embora haja uma grande produ- Uma sociedade capitalista a rigor não
ção acadêmica que aborda o/a educador/ combina com democratização do conheci-
a e sua formação, são raros os trabalhos mento e da informação. Esta seria a sua
que tratam “[...] da produção do conheci- ruína. Os defensores da tese de que existe
mento, de seus processos sempre cumula- uma democratização do conhecimento e
tivos de sedimentação e acréscimo, de crí- da informação omitem que, cada vez mais,
tica e transformação
transformação” (MORAES, 2004, “[...] o poder econômico e a própria noção
p. 141; grifo meu). Isto mostra que os/as de desenvolvimento baseiam-se na posse
educadores/as estão sendo capturados e controle de informação e, portanto, blo-
pela lógica da eficiência e de conhecimen- queiam as forças democráticas que reivin-
tos profissionalizados, em que a crítica é vis- dicam o direito de acessá-las, compreendê-

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las, ou dominar seus códigos” (MORAES, que é urgente conceber estratégias de luta
2004, p. 144). em favor de um tempo de reflexão para os
Da mesma forma que a informação educadores, aquilo que na minha disserta-
relevante não é democratizada, o conheci- ção de mestrado (PAVAN, 1999) denomi-
mento também não é e funciona como for- nei de “Manifesto do Tempo Livre”.
ça ideológica para culpabilizar os excluídos Segundo Moraes (2004, p. 149), é ne-
pela sua exclusão. Como se afirma que o cessário criticar a concepção de conheci-
trabalho está cada vez mais ligado ao co- mento que vigora hoje na educação, inclu-
nhecimento, ter ou não ter os conhecimen- indo a escolar: “A supremacia do saber-fa-
tos certos é visto como o diferencial de com- zer desqualifica o esforço teórico à perda
petitividade. Como se produz a ilusão de de tempo e à especulação metafísica”. Ain-
que os conhecimentos estão disponíveis e da, segundo a mesma autora, como efei-
podem ser buscados por qualquer um, se tos desta retórica do conhecimento prático
a pessoa não os tiver é porque não os bus- temos a “desintelectualização” do/a educa-
cou, foi “preguiçosa”. Ou seja, a exclusão é dor/a e sua despolitização, reafirmando a
culpa do próprio excluído. suposta neutralidade da educação, propala-
Outra forma de percebermos a falá- da em nome de um saber técnico (conside-
cia da democratização do conhecimento e rado útil) em detrimento de um saber polí-
da informação, é que se pode observar fa- tico (supostamente inútil, perda de tempo).
cilmente que, ao mesmo tempo em que É importante destacar que a crítica
os discursos oficiais estão assumindo esta que estou fazendo à sociedade do conhe-
retórica, concomitantemente, reduzem-se os cimento e da informação não significa que
gastos em educação, deixando as univer- a teoria crítica, que utilizo como referência,
sidades públicas sem recursos, os educa- não reconheça a importância do conheci-
dores de forma geral sem tempo para a mento. Significa entender a dimensão polí-
produção do conhecimento. Sem maiores tica de todo e qualquer conhecimento. A
constrangimentos, fala-se em “treinamen- sociedade em que o conhecimento é uma
to” de professores, como se estes não pre- condição importante na definição das fron-
cisassem de uma boa formação para o teiras da exclusão, não só se deve enfatizar
exercício intelectual, para pensar, para refle- o conhecimento nos processos educativos,
tir criticamente, entre outras coisas, sobre os mas lutar para que este seja gratuito e pú-
processos de exclusão. A educação segue blico para toda a vida. Mas, não se trata
hoje uma política simplista e superficial que de qualquer conhecimento. Aqui a velha –
pode ser sintetizada da seguinte forma: “Pra- mas nem por isso menos atual – afirma-
ticar, usar e interagir – uma interação cir- ção de que não há neutralidade no conhe-
cunscrita a uma relação entre produção e cimento é de suma importância. Na dimen-
consumo de talhe imediato e superficial” são crítica, o conhecimento, mais do que
(MORAES, 2004, p. 148). Por isto, entendo servir para adaptar-se às exigências do

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mercado, deve ser uma ferramenta para sadora das desigualdades”.
compreender os processos de exclusão e As causas do fato de a educação
desenvolver experiências alternativas. Estas não dar conta deste papel não devem ser
devem ser experiências coletivas, pois a luta buscadas no/a educador/a, como se este/
de indivíduos é sempre uma luta suicida. a fosse simplesmente ineficiente ou não ti-
Só por meio da organização coletiva as vesse as habilidades e competências ne-
possibilidades de transformação social co- cessárias.
meçam a surgir. A explicação passa, necessariamente,
Voltando à questão do conhecimen- pela compreensão de um contexto muito
to “saber-fazer”, cabe destacar, seguindo a mais amplo. Para Morgado (2004), somos
concepção crítica, que sempre foi papel da herdeiros de uma época que nos fez crer
educação procurar levar os seus educan- equivocadamente que desenvolvimento
dos a uma compreensão das contradições econômico significa automaticamente de-
da sociedade, levando-os a entenderem a senvolvimento social ou, até mesmo, inclu-
sua realidade, bem como o lugar social e são social, “[...] remetendo para segundo pla-
cultural que cada sujeito ocupa e, sobretu- no os ideais humanistas e emancipadores
do, por que ocupa este lugar. Neste senti- que devem nortear qualquer sociedade
do, pode-se dizer que este papel continua democrática” (MORGADO, 2004, p. 110).
fazendo a diferença entre um profissional Porém a realidade atual não deixa
crítico ou não. Para Morgado (2004, p. 109), dúvida de que a relação automática entre
o contexto de exclusão e desigualdade hoje desenvolvimento econômico e melhoria da
existente faz com que os/as educadores/ qualidade de vida é uma grande falácia,
as se vejam imbuídos/as de novas respon- pois o que vemos é um aumento vertigino-
sabilidades para “[...] a construção de uma so do número de excluídos em todos os
sociedade mais inclusiva e, conseqüente- países, por meio do aumento do desem-
mente, mais solidária e mais democrática”. prego, diminuição dos salários, perda de di-
Num certo sentido, pode-se observar reitos sociais e desmantelamento de servi-
que a educação não tem conseguido acom- ços públicos.
panhar a velocidade das mudanças pro- Dentro da teoria crítica, entretanto, a
duzidas pela tríade ciência-tecnologia-eco- educação continua a ser vista como uma
nomia, fazendo com que mesmo educado- possibilidade de transformação social, e,
res/as imbuídos da luta por uma socieda- segundo Giroux (1997), deve-se fazer um
de diferente se vejam incapazes de promo- esforço para, apesar de muitas vezes se
ver mudanças substanciais. Afirma Morga- observar o contrário, identificar espaços de
do (2004, p. 110): “[...] a educação não tem luta e transformação social, ou, como afir-
conseguido evidenciar-se nem como um ma Freire (1999), acreditar na mudança
serviço público distribuído eqüitativamen- não por uma questão de teimosia, mas por
te, nem assumir-se como fórmula compen- uma necessidade ontológica, pois sem acre-

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ditarmos na mudança nos tornamos de- Para os autores críticos, não há dúvi-
sanimados e nos sentimos até mesmo in- da de que estamos vivendo um período de
capazes de lutar. Isto evidentemente favo- hegemonia neoliberal que traz uma série
rece a perpetuação do status quo da socie- de conseqüências negativas para a educa-
dade, pois sabemos que toda e qualquer ção. Ela deixa de ser vista como direito e
mudança social só virá com muita luta e passa a ser vista como mercadoria. Antes
organização popular. de descrever estas características, penso ser
A compreensão do contexto que difi- oportuno explicar como se construiu/cons-
culta um processo educativo includente, ten- trói esta hegemonia.
do em vista que a transformação social im- Para esta compreensão, a “relação
plica o reconhecimento do triunfo da hege- entre escolaridade e poder econômico, políti-
monia neoliberal. Ressalto que, para com- co e cultural não é uma reflexão posterior.
preendê-lo, é fundamental não associarmos Trata-se de parte constitutiva do próprio exis-
a nossa reflexão a uma concepção merca- tir da escola” (APPLE, 2000, p. 152). Portanto,
dológica, pois os que defendem o livre mer- devemos discutir aqui aspectos que nos re-
cado “[...] referem-se sempre à qualidade dos metem ao contexto mais geral e sua relação
‘incluídos’ ou ‘integrados’, nunca à dos ‘ex- com a educação. Entendemos, então, a edu-
cluídos’ ou ‘marginais’. São as conseqüên- cação como uma dimensão da sociedade
cias políticas do discurso da qualidade que está estreitamente vinculada com as
como nova retórica conservadora no cam- diversas formas de poder, e esta vinculação
po educacional [...].” (GENTILI, 1995, p. 174). em vez de nos deixar incapazes de agir, nos
Ainda, segundo o mesmo autor, para faz compreender que “as formas de poder
o neoliberalismo a qualidade na educação não deveriam ser reificadas, vistas como ‘coi-
é vista como uma mercadoria a ser vendi- sas’, mas deveriam ser consideradas con-
da, nunca como um direito de todo/a cida- juntos complexos de relações sociais”
dão/ã. De acordo com Gentili, para lutar (MAYO, 2004, p. 30). Compreender o poder
contra os discursos conservadores hegemô- de uma forma dinâmica e como elemento
nicos precisamos levar em conta três as- que atravessa todas as relações sociais nos
pectos fundamentais: permite também exercê-lo, já que como do-
Primeira: “qualidade” para poucos não é centes estamos também compondo as re-
“qualidade”, é privilégio. Segunda: a “quali- lações sociais existentes na sociedade.
dade” reduzida a um simples elemento de
negociação, a um objeto de compra e venda
Evidentemente não podemos, sim-
no mercado, assume a fisionomia e o cará- plesmente, nos fundamentar em um otimis-
ter que definem qualquer mercadoria: seu mo ingênuo e pensar que os poderes exerci-
acesso diferenciado e sua distribuição sele- dos pelos diferentes grupos são exercidos
tiva. Terceira: em uma sociedade democrá- sob as mesmas condições, e é neste senti-
tica e moderna, a qualidade da educação é
um direito inalienável de todos os cidadãos, do que trazemos, inicialmente, para nos aju-
sem distinção. (GENTILI, 1995, p. 176). dar a compreender as complexas relações

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de poder existentes em nossa sociedade recem muito mais manchas do que som-
neoliberal, o conceito de hegemonia, pois é bras mesmas”.
importante reconhecer que há grupos que Ressaltamos, com McLaren (1997, p.
conseguem se impor em relação a outros 209), que a “ideologia permeia toda a vida
grupos. social, e não se refere simplesmente às ideo-
Assim, podemos entender que o “con- logias políticas do comunismo, socialismo,
ceito de hegemonia refere-se a um processo anarquismo, racionalismo ou existencialis-
no qual grupos dominantes da sociedade mo”. Baseado em outros autores também
se juntam formando um bloco e impõem críticos da área da educação, ele amplia o
sua liderança sobre grupos subordinados” sentido de ideologia, não ficando restrito à
(APPLE, 2000, p. 43). É de fundamental im- compreensão marxista de “falsa consciên-
portância ressaltar que a hegemonia nem cia”. Para o mesmo autor, a ideologia “refe-
sempre se estabelece pelo uso da força bru- re-se à produção e representação de idéias,
ta e de fácil percepção. Em vez disso, mui- valores e crenças e à maneira pela qual eles
tas vezes “baseia-se na ‘obtenção do con- são expressados e vividos por indivíduos e
senso’ em relação à ordem dominante, cri- grupos” (McLAREN, 1997, p. 209). Utilizo o
ando um guarda-chuva ideológico sob o termo ideologia para compreender os ca-
qual podem se abrigar grupos diferentes, minhos que a educação e os/as educado-
que normalmente poderiam não concordar res/as vêm percorrendo e algumas de suas
na totalidade uns com os outros” (APPLE, possíveis razões. Assim reitero:
2000, p. 43). Isto torna mais complexa a Colocada de forma simples, a ideologia
refere-se à produção de sentido e significa-
compreensão dos meandros do poder ne-
do. Pode ser descrita como um modo de
cessária para nos dar condições de buscar ver o mundo, um complexo de idéias de
rupturas e transformações na sociedade. vários tipos de práticas sociais, rituais e
É necessário lembrar que é impossí- representações que tendemos a aceitar
vel falar de hegemonia sem falar em ideo- como naturais e de senso comum. É o
resultado da intersecção de significado e
logia, pois a hegemonia só se mantém pela poder no mundo social. Costumes, rituais,
ideologia. Segundo Giroux (1997, p. 127), crenças e valores freqüentemente produ-
“as condições sob as quais os professores zem, dentro dos indivíduos, conceitos dis-
trabalham são mutuamente determinadas torcidos do seu lugar na ordem socio-
pelos interesses e discursos que fornecem cultural e, assim, servem para reconciliá-
los com aquele lugar e disfarçar as rela-
a legitimação ideológica para a promoção ções desiguais de poder e privilégio, o que
de práticas escolares hegemônicas”. é, às vezes, denominado de “hegemonia
Freire (2002, p. 142), de uma forma ideológica” (McLAREN, 1997, p. 209).
quase poética, afirma: “O poder da ideolo- É neste sentido que chamo a aten-
gia me faz pensar nessas manhãs orva- ção também para a compreensão do
lhadas de nevoeiro em que mal vemos o conceito de exclusão. Embora tenha um
perfil dos ciprestes como sombras que pa- forte elemento econômico, esta também

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deve ser compreendida na sua multiplici- sofrendo em nome de um ajuste necessá-
dade de dimensões (raça, gênero, etnia, na- rio para se adequar aos avanços atuais do
cionalidade...). capitalismo. Assim, trago um dado estatís-
Ressaltamos que apesar do controle tico que nos situa, ainda que brevemente,
hegemônico apresentar-se de forma com- em termos da desigualdade social:
plexa, duradoura e resistente, há tentativas O Brasil, quinto país mais populoso do
de miná-la tanto do ponto de vista ideológi- mundo, é um dos mais desiguais – está
co como econômico, ainda assim concorda- na 167ª posição do ranking. Nele, em mé-
dia, para cada 1 dólar recebido pelos 10%
mos com Mayo (2004, p. 39), que afirma mais pobres, os 10% mais ricos recebem
que a hegemonia caracteriza-se por um con- 65,8. Ou seja, os mais ricos se apropriam
junto de aspectos: “tem uma natureza não- de uma renda quase 66 vezes maior que
estática (está constantemente aberta à ne- os mais pobres (POCHMANN, 2004, p. 62).
gociação e renegociação e, portanto, a ser É importante reiterar o quanto anti-
renovada e recriada); é incompleta, seletiva, gos problemas continuam nos acompa-
e existem momentos nos quais todo proces- nhando. Infelizmente, eles não são novos;
so passa por uma crise”. Segundo o autor: são, sim, parte integrante do nosso proces-
Isso indica que pode haver espaço para so histórico, sobretudo no mundo capitalis-
uma atividade contra-hegemônica, a qual ta, e, ao contrário da afirmação dos neoli-
pode ser muito efetiva em momentos al- berais de que com o avanço do capitalis-
tamente determinados. Também há áreas mo o mercado vai equilibrar a sociedade,
excluídas da vida social que podem cons- assistimos cotidianamente aos processos
tituir um terreno de contestações para as
pessoas envolvidas nessas atividades con-
de exclusão se acentuarem. Como destaca
tra-hegemônicas (MAYO, 2004, p. 39-40). Frigotto (2001, p. 26-27):
Neste sentido, destaco que a teoria O que nos parece intrigante e paradoxal
é que chegamos ao final do século – [...] –
crítica vê a escola como um espaço de pos- mostrando que as análises de Marx e
sibilidade (GIROUX, 1997), onde se pode Engels sobre a natureza violenta e exclu-
construir a contra-hegemonia. Da mesma dente do capital não tiveram evidências
forma, os educadores também são vistos tão candentes como no final do século
XX e o que sobressai é um domínio qua-
como sujeitos capazes de lutar contra o pen- se absoluto do pensamento e teorias con-
samento hegemônico por meio da constru- servadoras que tentam nos convencer que
ção de uma reflexão contra-hegemônica. o capitalismo é eterno.
Com o intuito de explicitar os efeitos Embora haja o discurso do equilíbrio,
perversos desta hegemonia neoliberal, via livre mercado, é necessário destacar que
abordo a situação de desigualdade do a crise é inerente ao capitalismo: “O aumen-
nosso país, tornando visível o que aconte- to da produtividade não tem levado a uma
ce no contexto da sociedade de hegemo- expansão da produção que crie também
nia neoliberal em termos de exclusão, bem uma expansão do emprego capaz de ab-
como as mudanças que a educação vem sorver, pelo menos, boa parte da mão-de-

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obra expulsa do sistema produtivo” (PINO, transformação seja aceita como a única
2001, p. 68). O autor prossegue sua explica- saída possível (ainda que, às vezes, doloro-
ção acerca da produtividade capitalista atu- sa) para a crise”.
al ressaltando que mesmo que haja o au- Neste sentido, não é possível negli-
mento da produtividade, “[...] as transforma- genciar a hegemonia neoliberal no nosso
ções tecnológicas e organizacionais acele- cotidiano, pois, onde quer que nos encon-
ram a crescente dispensa de mão-de-obra. tremos, podemos afirmar com Gentili (1999,
Operando dessa maneira, o sistema cria não p. 09) a “importância teórica e política de
somente marginalização mas propriamen- se compreender o neoliberalismo como um
te a exclusão social” (PINO, 2001, p. 68-69). complexo processo de construção hegemô-
Pino (2001) demonstra que o discur- nica”. A questão que se nos apresenta no-
so neoliberal de que o avanço do capitalis- vamente é: de que forma isto afeta a edu-
mo traria mais equilíbrio para a sociedade cação? A política neoliberal afeta a educa-
é falso, pois este tem aumentado a já gri- ção, sobretudo, quando coloca em xeque
tante desigualdade econômica, principal- o direito que a população tem de usufruí-
mente através de processos de exclusão do la. Pois, para o neoliberalismo, é importan-
mercado do trabalho, com pouca ou ne- te “garantir o êxito na construção de uma
nhuma possibilidade de reinserção nesse ordem social regulada pelos princípios do
mercado. O desemprego é estrutural: livre-mercado sem a interferência sempre
Se a produtividade faz reduzir o trabalho perniciosa da intervenção estatal” (GENTILI,
necessário, não há uma correspondente 1999, p. 12).
liberação de tempo para a vida. A liberda- Esta compreensão de “ordem social”
de que existe é para expulsar um contin- atravessa todas as instâncias da vida em
gente enorme e cada vez maior de traba-
lhadores e trabalhadoras, trazendo como sociedade, e qualquer entendimento con-
conseqüência exclusão e miséria. Sob o trário à idéia de competição, livre mercado,
domínio do capital, o aumento de produ- modernização, liberdade individual são,
tividade não tem um caráter social. Ao para o neoliberalismo, “nefastos para a pró-
contrário, reverte exclusivamente para o pria democracia” (GENTILI, 1999, p. 13).
capital (PINO, 2001, p. 69).
Neste caso, vale ressaltar o que es-
Neste contexto de crise, como já des- creve Frigotto (1999, p. 84), na sua crítica
taquei anteriormente, a educação é vista ao neoliberalismo:
como a solução (MORAES, 2004). Mas não A idéia mais trabalhada no plano da ide-
é qualquer educação. A própria educação ologia neoliberal, fortemente “globalizada”
deve mudar, e, segundo os neoliberais, esta pelo monopólio do grande poder fascista
mudança passa pela mercadologização. deste final de século, a mídia, particular-
Para Gentili (1999, p. 11): “Os governos mente a televisão, é de que não há ne-
nhuma outra alternativa para o mundo a
neoliberais não só transformam material- não ser a de ajustar-se à reestruturação
mente a realidade econômica, política, jurí- produtiva promovida pela globalização
dica e social, também conseguem que esta excludente.

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Ainda segundo Frigotto (1999, p. 85): na segunda metade do século XX passou
“Trata-se de deixar o mercado livre para ser “a orientar as decisões governamentais em
o grande regulador das relações sociais”. E grande parte do mundo capitalista, o que
o resultado disso é a perda de direitos so- inclui desde as nações do Primeiro e do Ter-
ciais conquistados a duras penas pelos tra- ceiro Mundo até algumas das mais con-
balhadores. Conforme o mesmo autor: “O re- vulsionadas sociedades da Europa Orien-
sultado deste processo é que se acaba re- tal” (GENTILI, 1999, p. 15-16).
privatizando ou mercantilizando os direitos Com base nestes acontecimentos,
sociais garantidos pela esfera pública” Gentili (1999) faz uma análise dos discur-
(FRIGOTTO, 1999, p. 85). Nesta arena de mer- sos que o neoliberalismo usa para resolver
cantilização se situa também a educação. os problemas educacionais. Embora, como
Nesta mesma direção, Gentili (1999, ele mesmo afirma: “A possibilidade de co-
p. 09) aponta que a estratégia neoliberal nhecer e reconhecer a lógica discursiva do
vai em dois sentidos: “por um lado, através neoliberalismo obviamente não é suficien-
de um conjunto razoavelmente regular de te para frear a força persuasiva de sua re-
reformas concretas no plano econômico, tórica” (GENTILI, 1999, p. 16), entendo com
político, jurídico, educacional, etc.”. O outro ele que o conhecimento desta retórica faz
sentido se dá por meio de estratégias que parte das estratégias de luta contra ela,
impõem novos diagnósticos sobre a crise, sobretudo contra os processos de exclusão
construindo significados novos para “legiti- que a acompanham.
mar as reformas neoliberais como sendo Ainda segundo Gentili (1999, p. 17),
as únicas que podem (e devem) ser aplica- o problema da educação, para o neolibe-
das no atual contexto histórico de nossas ralismo, é “de uma crise de qualidade de-
sociedades” (GENTILI, 1999,p. 09). Essas corrente da improdutividade que caracteri-
estratégias utilizadas têm sido, de fato, efi- za as práticas pedagógicas e a gestão ad-
cazes, pois o resultado é evidente tanto nos ministrativa da grande maioria dos esta-
meios de comunicação quanto na disse- belecimentos escolares”. De acordo com
minação de governos neoliberais. Ao se re- esse argumento, todos os problemas que
ferir à América Latina, Gentili (1999, p. 15) a educação escolar apresenta são decor-
lembra que esta, “de fato, foi o cenário trá- rentes da incompetência de quem nela tra-
gico do primeiro experimento político do balha, ou seja, dos educadores.
neoliberalismo em nível mundial: a ditadu- Paiva (2001, p. 61), ao referir-se à
ra do General Pinochet iniciada no Chile competência, destaca que os aspectos pes-
em 1973”. Nos outros países da América soais que anteriormente complementavam
Latina, o neoliberalismo tem triunfado via o currículo para conseguir um emprego hoje
voto popular, o que demonstra claramente são prioritários e utiliza a expressão “impor-
a força da ideologia neste processo. tância da disposição de adaptar-se alegre-
A implementação do neoliberalismo mente”. Ou seja, a lógica neoliberal centra-

214 Ruth PAVAN. A educação, o/a educador/a e a exclusão social


se na pessoa, o que significa, como já afir- são culpados pela pobreza; os desempre-
mei anteriormente, responsabilizar o/a edu- gados pelo desemprego; os corruptos pela
corrupção; os favelados pela violência ur-
cador/a pelos problemas da educação. bana; os sem-terra pela violência no cam-
Ainda na perspectiva do neolibera- po; os pais pelo rendimento dos filhos; os
lismo, nós não temos na educação “uma professores pela péssima qualidade dos
crise de democratização, mas uma crise serviços educacionais. O neoliberalismo
privatiza tudo, inclusive também o êxito e o
gerencial” (GENTILI, 1999, p. 17). Ainda se-
fracasso social (GENTILI, 1999, p. 22).
gundo o mesmo autor, de acordo com o
neoliberalismo é esta crise que provoca os Para os neoliberais, já que o proble-
ma está na ausência de um mercado edu-
problemas escolares, como repetência, eva-
cacional, na ausência de competição, a so-
são, analfabetismo funcional e outros. Em
lução só pode estar na privatização da edu-
síntese, para o neoliberalismo, o problema
cação. “As instituições escolares devem fun-
da escola é gerencial, é técnico.
cionar como empresas produtoras de ser-
O ideário neoliberal se baseia na su-
viços educacionais” (GENTILI, 1999, p. 29).
postamente ilimitada liberdade de escolha
É contra esta hegemonia neoliberal
do indivíduo. E para ampliar cada vez mais
presente tanto na sociedade quanto na
a liberdade de escolha, para o neolibera-
educação que a escola e os seus educado-
lismo, se diminui o Estado e se dissemina o
res, na perspectiva crítica, devem lutar, cons-
mercado. E, neste aspecto, também na edu-
truindo um pensamento contra-
cação, “[...] a grande operação estratégica
hegemônico. Segundo Mayo (2004, p. 43),
do neoliberalismo consiste em transferir a
os educadores “[...] devem ser entendidos
educação da esfera da política para a esfe- como intelectuais orgânicos em relação aos
ra do mercado, questionando assim seu grupos ‘subalternos’ aspirantes ao poder.
caráter de direito e reduzindo-a a sua con- Isso implica que eles deveriam estar com-
dição de propriedade” (GENTILI, 1999, p. 20). prometidos politicamente com aqueles a
E, nessa transposição do direito para quem ensinam”.
mercadoria, se redefine “[...] a noção de ci- O termo utilizado recorrentemente
dadania, através de uma revalorização da por Freire (1999; 2002 e 2003) para carac-
ação do indivíduo enquanto proprietário, terizar o/a educador/a que se opõe ao neo-
enquanto indivíduo que luta por conquis- liberalismo e a sua lógica de exclusão é
tar (comprar) propriedades-mercadorias de educador/a crítico/a, enfatizando a neces-
diversa índole, sendo a educação uma de- sária relação dialógica entre educador/a e
las [...].” (GENTILI, 1999, p. 20-21). educando/a. O mesmo autor explicita que
Os culpados pela crise educacional, o diálogo não é espontaneísmo, e
com base nos pressupostos neoliberais, não tampouco acontece com o professor ou pro-
são só o Estado interventor e os sindicatos: fessora “todo-poderoso/a”. A relação
O problema é mais complexo: os indivídu- dialógica não é a anulação do ato de
os são culpados pela crise. [...] Os pobres aprender, como algumas vezes se supõe.

Série-Estudos... Campo Grande-MS, n. 20, p. 205-218, jul./dez. 2005. 215


O ato de aprender e o de ensinar “[...] só se gumentei, hoje é neoliberal:
tornam verdadeiramente possíveis quando A educação tem de questionar rigorosa-
o pensamento crítico, inquieto, do educa- mente nossas instituições dominantes na
dor ou da educadora não freia a capacida- área do ensino e da sociedade em geral
e, ao mesmo tempo, esse questionamen-
de de criticamente também pensar ou co- to deve envolver profundamente aqueles
meçar a pensar do educando” (FREIRE, que menos se beneficiam com as formas
1999, p. 118). segundo as quais essas instituições fun-
Para Giroux (1997 e 1999), os/as cionam agora. Ambas as condições são
necessárias, uma vez que a primeira sem
professores/as devem ser intelectuais trans- a segunda seria simplesmente insuficiente
formadores. “Os educadores têm uma res- para a tarefa de democratizar a educação.
ponsabilidade pública que por sua própria Assim, a educação e o/a educador/
natureza os envolve na luta pela democra- a que tem o compromisso com a transfor-
cia. Isso torna a profissão do professor um mação da sociedade não pode deixar de
recurso público singular e poderoso” compreender o contexto que nos leva a
(GIROUX, 1999, p. 26). pensar/agir como pensamos/agimos. Só
Também para Apple (2003, p. 271), assim poderemos criar outras formas de
o papel fundamental do/a educador/a e pensar/agir. Quiçá formas que construam
da educação crítica consiste em questionar, uma sociedade radicalmente diferente, uma
e questionar a hegemonia que, como ar- sociedade sem exclusão.

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Recebido em 03 de outubro de 2005.


Aprovado para publicação em 23 de novembro de 2005.

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