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Resumo:Atualmente, a durabilidade das estruturas pode ser avaliada por meio de inspeções
visuais, ensaios laboratoriais ou in loco. Para avaliar a penetração de agentes agressivos no
interior do concreto existem métodos colorimétricos, os quais são visuais e possuem baixo
custo e fácil aplicação. Esta pesquisa tem como objetivo analisar a penetração de íons cloreto
no Concreto Autoadensável com Baixo Consumo de Cimento (CAABCC), o qual possui um
consumo de cimento 17% menor em comparação ao Concreto Autoadensável de Referência
(CAAR). Para análise, os corpos de prova foram submersos em uma solução de cloreto de
sódio a 3,0% e nas idades de 3, 7, 28 e 90 dias foram rompidos à tração por compressão
diametral e na superfície dos concretos foi aspergida uma solução de nitrato de prata, método
colorimétrico no qual diferencia as regiões com e sem presença de cloretos. O CAABCC
apresentou um melhor desempenho quanto a resistência aos íons cloretos em comparação com
o CAAR, tendo um diferencial de 32% nas idades de 28 e 90 dias.
Abstract:Currently, the durability of the structures can be assessed through visual inspections,
laboratory tests or on site. To assess the penetration of aggressive agents into the concrete,
there are colorimetric methods, which are visual and have low cost and easy application. This
research aims to analyze the penetration of chloride ions in the Self-compacting Concrete
with Low Cement Consumption (CAABCC), which has a 17% lower cement consumption
compared to the Self-compacting Concrete Reference (CAAR). For analysis, the specimens
were submerged in a solutionofsodiumchlorideat 3.0% andatthe ages of 3, 7, 28 and 90 days
were broken by traction by diametrical compression and on the surface of the concretes a
solution of silver nitrate, colorimetric method in which it differentiates the regions with and
without the presence of chlorides. CAABCC showed a better performance in terms of
resistance to chloride ions compared to CAAR, with a difference of 32% at the ages of 28 and
90 days.
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Este estudo está dividido em duas etapas: a primeira revisão bibliográfica e a segunda
ensaios experimentais. Para a realização dos ensaios experimentais, foi utilizado o
Laboratório de Materiais de Construção e Estruturas do Centro Universitário Adventista de
São Paulo, Campus Engenheiro Coelho – UNASP-EC, nesta etapa foram empreendidos os
ensaios de caracterização dos materiais, moldagem dos corpos de prova, submissão dos
corpos de prova ao ataque de íons cloretos, ensaios de resistência à tração por compressão
diametral e compressão simples. Os agregados e o cimento utilizados na pesquisa são
comercializados na região metropolitana de Campinas/SP.
Para a mistura dos concretos foi utilizada uma betoneira no modelo por gravidade com
capacidade de mistura de 420 litros, no qual obtém- se os concretos num tempo total de 270
segundos, seguindo a sequência abaixo:
• Adiciona-se o agregado graúdo mais da água total e mistura-se por 30 segundos;
• Adiciona-se o cimento, sílica ativa, fíler calcário, superplastificante e o restante da
água e mistura-se por mais 120 segundos;
• Adiciona-se o agregado miúdo e mistura por mais 120 segundos.
Se necessário após a finalização da mistura poderiam ser feitos ajustes nos materiais
para alcançar a trabalhabilidade adequada, contudo não foi necessário para as dosagens
escolhidas.
Para que a mistura possa ser considerada como concreto autoadensável é necessário
que este passe por verificações no seu estado fresco. Estas são determinadas pela NBR 15823:
2017 (ABNT, 2017), e são apresentados na Tabela 4, tanto para o CAAR quanto para o
CAABCC.
Tabela 5- Quantidade dos corpos de prova para cada idade e ensaio de resistência
Concretos analisados
Ensaios de Resistência
Idades CAAR CAABCC
Resistência à compressão 28* 3 3
3 3 3
Resistência à tração por compressão 7 3 3
diametral 28 3 3
90 3 3
Total de amostras - 15 15
*Idade referente aos 28 dias após a cura por imersão.
Fonte: Autores, 2020.
A mistura dos concretos CAAR e CAABCC foram realizadas no mesmo dia, após a
mistura os corpos de prova moldados foram submetidos a cura por imersão até aos 28 dias de
idade. Após a cura, separou-se 6 corpos de prova, sendo 3 do CAAR e 3 do CAABCC, os
quais foram submetidos ao ensaio de resistência à compressão simples, conforme NBR
5739:2018 (ABNT, 2018), para assim obter a média do fck alcançado pelas dosagens
determinadas na pesquisa. Dessa forma restaram 24 corpos de prova os quais foram
devidamente identificados e então submetidos ao ataque de íons cloreto.
Para simular o ataque por íons cloreto, o qual agride inúmeras estruturas de concreto
nas regiões litorâneas ou estruturas submersas, consequência da presença da solução na água
do mar e da própria ação do vento, foi utilizada uma caixa d’ água de 500L, na qual foi
preenchida com água até aproximadamente metade da altura dos corpos de prova. Esta
escolha se justifica pelo fato de que as áreas com respingos de maré são as regiões mais
afetadas por íons cloreto. Dessa forma tentou-se simular essa região, deixando os corpos de
prova submersos numa altura de aproximadamente 10 cm, Figura 1.
Para tornar a água salina, foi utilizado o Cloreto de Sódio, e de acordo com o volume
de água apresentado de aproximadamente 52L, foram colocados 1,56kg de cloreto de sódio,
concentrando assim uma porcentagem de 3%, segundo Peinado et al. (2018) concentração
média de sal na água do mar.
Os corpos de prova ficaram submersos até metade da sua altura na água salina até as
idades especificadas, sendo que para cada idade foram retirados 3 corpos de prova de cada
tipo de concreto.
Antes da realização do ensaio de resistência à tração por compressão diametral os
corpos de prova ficaram secando no ambiente do laboratório para facilitar a observação das
regiões com presença de íons cloreto e também para delimitar a região imersa na solução e a
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que ficou exposta a atmosfera. Depois desse procedimento realizou-se o ensaio de tração por
compressão diametral, conforme a NBR 7222:2011 (ABNT,2011). Após a ruptura,
resultaram-se 12 metades,separadas nas duas categorias de concreto e então realizada a
análise da profundidade de penetração dos cloretos.
Para a análise da penetração dos cloretos foi aspergida uma solução de Nitrato de Prata
(AgNO3), com 0,1M, sobre a superfície exposta dos CP’s, após 10 minutos de repouso, para
que ocorresse a reação da solução, eram evidenciadas as zonas em que havia a penetração de
cloretos. A aspersão de nitrato de prata resulta em cloreto de prata, na presença de cloretos
livres e o óxido de prata, na ausência de cloretos, resultando em colorações superficiais
contrastantes geralmente esbranquiçada com contaminação e escura sem contaminação,
conforme se observa na Figura 2.
De acordo com Silva (2006) esta reação entre íons cloreto do concreto e a solução de
Nitrato de Prata, pode ser descrita como:
a) b)
Figura 1- Imersão dos corpos de prova em solução de Cloreto de Sódio – a) Condição real e
b) Ilustração dos corpos de prova submersos em solução de cloreto
Fonte: Autores, 2020.
a) b) c) d)
Figura 2-Corpos de prova após ruptura sob efeito da solução de Nitrato de Prata (CAABCC)
– a) 3, b) 7, c) 28 e d) 91 dias.
Fonte: Autores, 2020.
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3 Resultados
Tabela 7- Resistência à tração por compressão diametral após imersão em cloretos CAAR e
CAABCC
CAAR CAABCC
Idades CP1 CP2 CP3 CP1 CP2 CP3
̅ (MPa) ̅ (MPa)
(MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa)
3 5,28 5,70 5,89 5,62 5,45 4,06 3,47 4,33
7 6,20 6,31 5,00 5,92 6,39 4,77 5,72 5,67
28 6,70 6,69 6,31 6,57 7,54 5,62 6,23 6,47
90 6,03 5,78 5,41 5,74 6,11 5,99 3,89 5,33
̅ = Média aritmética
Fonte: Autor, 2019
Tabela 8- Penetração média de cloretos para diferentes idades no CAAR e CAABCC (cm)
CAAR CAABCC
Idades CP1 CP2 CP3 CP1 CP2 CP3
(cm) (cm) (cm) (cm) (cm) (cm)
3 0,02 0,02 0,02 0,02 0,03 0,02
7 0,06 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03
28 0,28 0,85 0,44 0,31 0,59 0,42
90 1,35 PERDIDO 1,13 0,59 0,55 0,91
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Idades (Dias)
CAABCC
CAAR
3
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00
4 Análises de resultados
5 Conclusão
Por meio dos resultados obtidos pelo método colorimétrico por aspersão de nitrato de
prata, foi possível identificar um desempenho satisfatório do CAABCC quanto a proteção da
penetração de íons cloreto no interior do concreto. Esse desempenho pode melhorar com a
utilização de materiais impermeabilizantes, os quais poderão barrar de maneira mais eficiente
a infiltração dos íons cloretos.
O CAABCC apresentou-se também como uma alternativa sustentável, com boas
resistências mecânicas, atendendo as exigências normativas quanto a concretos
autoadensáveis.
O concreto com baixo consumo de cimento apresentou os menores níveis de
penetração de cloretos comparados com o CAAR, isso pode ser justificado pela melhora na
dosagem , na qual definiu-se um esqueleto granular maior e uma redução do volume de pasta
de 7% em relação ao concreto de referência, resultando em um concreto menos poroso, ou
seja, maior resistência a agentes agressivos.
Dessa forma pode-se concluir que os resultados desta pesquisa foram satisfatórios
comprovando o bom desempenho do CAABCC quanto a resistência aos íons cloretos
garantindo a durabilidade do concreto e também sua vida útil.
Referências