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Alceu Collares a saída é fazer o dever de

casa
Série reúne opiniões de governantes

16/09/2015 - 18h26min | Atualizada em 23/09/2015 - 18h01min

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Foto: Gilmar Fraga / ARTE/ZH

Com o propósito de contribuir para o debate sobre a retomada do


desenvolvimento do Estado, ZH solicitou a lideranças empresariais, sindicais
e políticas artigos analíticos e propositivos a partir da seguinte questão: O Rio
Grande tem saída? Como? A série, iniciada em junho com opiniões de
representantes de entidades empresariais, teve continuidade em julho com
sindicalistas e lideranças classistas e em agosto com parlamentares. Em
setembro, é a vez de governantes.

*Alceu Collares, governador do Estado de 1991 a 1994

Sim, acredito no potencial do Rio Grande, em todos os setores produtivos,


financeiro, pecuária, agricultura, indústria, comércio e serviços e
principalmente na capacidade de superação do povo gaúcho.

Ao assumir o governo do Estado, tinha consciência da gravidade em que se


encontravam as finanças, em 15 de março de 1991, o 13º salário do ano
anterior não havia sido pago, nem o salário do mês de fevereiro, mas a
caminhada na campanha eleitoral nos deixou com pleno domínio da situação
financeira, através de:
* Análise dos relatórios do Tribunal de Contas;

* Diagnóstico Sayad (realizado pela Fiergs e entregue ao governo do PMDB);

* Levantamentos de todas as áreas, feitos por funcionários públicos do Estado,


com destaque para os técnicos da Secretaria da Fazenda, que participaram
voluntariamente após sua jornada de trabalho;

* Reuniões com universidades, entidades de classe, na Capital e no Interior;

O que permitiu um amplo debate e levantamento das alternativas de solução,


possibilitando a elaboração do plano de governo que cada secretário recebeu
ao ser empossado, com a determinação de que ao assumir sua pasta era para
executar o documento que resultou da campanha eleitoral e que foi o
escolhido através da legitimidade do voto.

Durante o período de governo, as medidas de enxugamento da estrutura física,


de recursos humanos e financeira foram efetivadas com a determinação de um
governo que assumia para iniciar a recuperação financeira.

Deixamos de pagar a dívida do Estado com a União, pelo absurdo das


exigências na cobrança.

Pagamos o 13º salário do ano anterior e colocamos em dia os vencimentos,


garantindo sempre o pagamento dos servidores.

Combatemos com vigor a sonegação e a inadimplência, aumentando a


arrecadação para os cofres estaduais.
Com a hiperinflação, que desvalorizava os salários, adotamos a bimensalidade
na sua correção, pelo profundo respeito ao funcionário e reconhecimento de
que seu desempenho é fundamental na administração do Estado.

A crise era muito grave, mas conseguimos manter o pagamento da dívida


dentro do que havíamos estabelecido e chegamos a um PIB, no período de
1991 a 1994, de 23,46%, o maior na história da economia gaúcha. No Brasil,
o PIB foi de 11,60%. Fiz o dever de casa.

Como?

Hoje, a situação das finanças públicas é dramática, no Rio Grande e no Brasil.


São necessárias medidas estruturais imediatas:

* A desproporcionalidade da representação parlamentar no Congresso


Nacional atinge o pacto federativo, enfraquecendo o Rio Grande do Sul, logo
deve ser revisada;

* A dívida pública para com a União tem que ser auditada. Em 1998, a dívida
era de 9,7%, pagamos 22% e estamos devendo 47% da Receita Própria
Líquida;

* Para evitar o aumento de impostos é preciso uma forte cobrança dos tributos
não pagos, combatendo a sonegação e cobrando dos devedores, como fizemos
nos anos de 1991 a 1994.

* Aprovação pela Assembleia Legislativa do projeto do governo que autoriza


a elevação de 85% para 95% dos depósitos judiciais.
* O pagamento do salário dos funcionários é fundamental para alavancar o
desenvolvimento da economia, pois a dedicação, entusiasmo e conhecimento
destes é que movimentam a máquina administrativa do Estado.

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