Você está na página 1de 5

EXMO. SR.

JUIZ DE DIREITO DA VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA


COMARCA DE BELO HORIZONTE/MG

Joaquim, (nacionalidade), (Estado civil), (profissão), (portador de cédula de


identidade (RG) nº xxxxxxx, pessoa física regida pela inscrição referente ao
CPF nº xxxxxxxxxxxx, estabelecendo moradia na rua (endereço completo),
vem por meio de seu Advogado representar acerca da acusação perpetrada
pelo Ministério Público de Belo Horizonte, tendo enquadrado respectiva ação
deletéria no crime de Homicídio Qualificado, mormente, sendo assim, com
base nos termos do art. 406 do CPP, apresenta-se

RESPOSTA A ACUSAÇÃO

Demostrando tudo de direito nos moldes legais abaixo:

I- DOS FATOS

O Requerente foi denunciado pela suposta prática de homicídio doloso


incurso no § 2º do inciso IV do art.121 do CP. Segundo consta na denúncia, o
requerente teria alvejado a vítima com três tiros a queima roupa em uma praça
da cidade de Contagem, região limítrofe com a cidade de Belo Horizonte. em
uma praça da cidade de Contagem, região limítrofe com a cidade de Belo
Horizonte, em Minas Gerais.
O crime aconteceu às 22h do dia 2 de junho de 2019. João estava
acompanhado de sua irmã, Maria Flor de Andrade, que havia se afastado um
pouco para comprar pipoca. Ela ouviu os tiros que alvejaram o irmão e correu
para tentar salvá-lo, momento em que o agressor fugiu do local em uma moto.
João foi levado para o Hospital de Belo Horizonte em estado grave, mas não
resistiu aos ferimentos e faleceu poucos dias após o crime no nosocômio.
Durante a investigação do homicídio, o delegado pediu a Maria para que
fizesse o reconhecimento do autor do crime. Para isso, mostrou a ela várias
fotos de indivíduos que haviam sido presos em flagrante delito naquela região
pelo cometimento de delitos diversos. Maria relatou ao delegado não estar
segura para realizar o reconhecimento fotográfico, já que o delito aconteceu à
noite e, além de o local do crime estar escuro, ela se encontrava
psicologicamente abalada.

II- DO MÉRITO
I- Da exceção de incompetência
Teoria do Resultado como regra geral para se determinar o local em que
um delito deve ser julgado:
“ Art. 70. A incompetência será, de regra, determinada pelo lugar
em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em
que for praticado o último ato de execução.”
Contudo, quando o fato é praticado em um local e acidentalmente o
resultado ocorre em outro lugar, o STJ e a doutrina majoritária entendem que o
lugar do crime deve ser aquele em que há possibilidade de se colher o maior
número de provas possível, ou seja, naquele em que foi praticado o último ato
de execução.
Dessa forma, tendo em vista que os fatos ocorreram na cidade de
Contagem e acidentalmente, por consequência dos ferimentos sofridos, a
vitima faleceu em um hospital de Belo Horizonte, entendesse que os autos
devem ser enviados para aquela comarca e lá serem julgados, pois a
materialidade do delito deve ser comprovada de forma mais eficaz no local do
último ato de execução. Diante disso, requer seja declarada a incompetência
desse juízo e enviados os autos à Comarca de Contagem, para lá serem
processados e julgados.
No que diz respeito a incompetência, na presente ação houve um fato
ocorrido em contagem, está localizada próximo a cidade de Belo Horizonte,
porém, foros diferentes. Por mais que o dano sofrido pela conduta ilícita e
antijurídica comentada advinda dos autos se deu longe dos verdadeiros
acontecimentos, inicialmente desenvolvidos, perante a cidade mineira, o
presente juízo não possui competência material para apreciar e julgar
eventuais delitos.
Isto, porque, interpretando nosso código penal há entendimento
legislativo, que via de regra deve ser considerado praticado a infração no lugar
onde consumar tal ilícito. Desta via seria determinado a competência.
É notório, que nos autos em epígrafe o sujeito passivo fora deslocado
para um hospital e veio a falecer gerando dúvidas sobre quem julgaria presente
ação. Contra conflitos entre normas o Superior Tribunal De Justiça, neste viés,
atentou-se decidindo que quando ficar evidenciado fato semelhante, deve-se
sanar a incompetência procurando no mundo dos acontecimentos o último ato
executório.
É evidente que decisões anteriormente diz muito sobre dúvidas entre
casos fáticos e quais métodos deveriam ser tomados para correto transcurso
processual. Finalmente, deixa-se, preliminarmente, suscitado insuficiência
probatória, destarte, haver prova anexada levando em conta meras fotografias,
incapaz de provar firmemente verdadeira autoria material.
Aqui o artigo 226 ressalva:
Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de
pessoa, proceder-se-á pela seguinte forma: I - a pessoa que tiver de fazer
o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa que deva ser
reconhecida; Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será
colocada, se possível, ao lado de outras que com ela tiverem qualquer
semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a
apontá-la.

Portanto não se seguiu formalidades devidas, pois obrigatoriamente a


acusação está determinada sempre que possível a agir com lealdade. Algo
deve ser provado concretamente sem dúvidas.

II- Da nulidade da prova produzida


De acordo com o inciso LIV do art. 5º da Constituição Federal 5º Todos
são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes: LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
devido processo legal. (BRASIL, 1988).
Contudo, nesse caso, percebe-se uma clara violação ao princípio
constitucional do devido processo legal, já que o réu foi denunciado com base
em provas manifestamente ilícitas.
É evidente que o Direito Processual Penal busca angariar maiores
formalismos sempre quando tratar de provas frágeis levadas pela vítima ou
testemunha ao processo legal, isto posto, certamente, qualquer identificação
Ativa infracional gerará ilicitude daquela prova, inteligência do art. 226 CPP:
Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoa,
proceder-se-á pela seguinte forma:

I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a


descrever a pessoa que deva ser reconhecida;
Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se
possível, ao lado de outras que com ela tiverem qualquer semelhança,
convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la;
III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o
reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra influência, não diga a
verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade
providenciará para que esta não veja aquela;
IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito
pela autoridade, pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento
e por duas testemunhas presenciais.
Parágrafo único. O disposto no no III deste artigo não terá aplicação na
fase da instrução criminal ou em plenário de julgamento.
Neste sentido fica evidente que as provas ilícitas devem ser retirada do
processo. Segundo o art. 157,CPP:São inadmissíveis, devendo ser
desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as
obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.

Dessa forma, tendo em vista a utilização de prova em total desacordo ao


ordenamento jurídico e comprovadamente nula, não há outra opção senão o
seu desentranhamento dos autos.
Portando incidirá nulidade quando haver desrespeito a formalidade
estipulada por lei, obrigando respeita-la para surtir efeitos concretos. art. 564
CPP: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos[...] IV - por omissão de
formalidade que constitua elemento essencial do ato. portanto temos
clara ilegalidade analisando a situação fática anexada nos autos.
Neste sentido requer-se a absolvição do réu ao final, já que a prova
utilizada pela acusação é frágil e por si só não é capaz de embasar uma
condenação.

II- DOS PEDIDOS


Com base nos fundamentos jurídicos apresentados, a defesa requer
seja declarada nulidade do processo, tendo em vista a utilização de prova ilícita
pela acusação.
Caso não se entenda pela nulidade, que os autos sejam encaminhados
ao juízo competente para seu processo e julgamento, o Tribunal do júri da
Comarca de Contagem/MG.
Em caso de instrução, requer sejam intimadas as testemunhas do rol,
para que sejam ouvidas na audiência de instrução e julgamento.
Testemunhas:
1. Nome, endereço.
2. Nome, endereço.
3. Nome, endereço.
4. Nome, endereço.
5. Nome, endereço.
6. Nome, endereço.
7. Nome, endereço.
8. Nome, endereço.
Nesses termos, pede-se deferimento.

Belo Horizonte, 17 de Outubro de 2019.


Assinatura OAB

Você também pode gostar