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!animando de Farias, n°. 137 -- sala 209 - Centro — Itaboral — RJ


Tel.: (21) 2635-2403 - Cel.:8726-8864 -E-mail: peixoto@ndv.oabrj.org.br

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL - COMARCA DE ITABORM — RJ;

MARIA GEORGINA DA CONCEIÇÃO, brasileira, solteira, diarista,


portador da carteira de identidade n°. 81317618-7, expedido pelo IFP/RJ, e do CPF/MF
sob o n°. 016.499.837-35, residente à Rua 11, Cs. 10, Qd. 11, Conj. BNH, Marambaia,
Itaboraí, RJ; por seus advogados, conforme procuração em anexo, vem
respeitosamente à presença de V. Exa., com fulcro no art. 5, inciso XXXV, da CF188 C/C
com a lei 8.078/90, propor a presente 1

AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE DÉBITO C/C OBRIGAÇÃO DE NÃO


FAZER C/C DANOS MORAIS COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DÊ- TUTELA

pelo rito ordinário, na forma art. 282 do CPC, em face da AMPLA ENERGIA E
SERVIÇOS S. A., pessoa jurídica de direito privado, situado à Rua Feliciano Sodré, n°.
230, Centro, São Gonçalo, RJ; pelos motivos de fato e de direito que passa a expor:

01. Requer, inicialmente, o deferimento da gratuidade de justiça, com


fundamento na lei 1060/50, uma vez que a autora se declara juridicamente necessitada,
sem condições de arcar com as custas judiciais e honorários advocatícios, em
detrimento do seu próprio sustento e de sua família, para fins de recurso.

AZ12007.023.013475 -3 Sort 29 171207 1240 CIU02 208380I0UAN


WIMMR07.023.013475 - 3 Sort 29 171207 1240 CIU02 200386I0U0
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Breve Síntese dos Fatos

02. A autora é cliente da ré sob o n°. 1812635-9, sempre cumprindo o seu


dever legal dos pagamentos das tarifas dos serviços de energia em dia. Ocorre que a
partir do mês de dezembro de 2006 a sua tarifa de energia teve um aumento absurdo de
1.000%, e nos meses subseqüentes até o mês de abril continuaram em um patamar de
500% de consumo além da média anterior da demandante.

O consumo mensal de energia da demandante nunca passou dos 100


, conforme se atesta as contas dos últimos dozes meses acostados a esta antes
das cobranças questionadas, sendo assim nítido a falha na leitura dos meses de maio e
junho de 2006, nos meses de janeiro a maio de 2007, bem como o
mês deciezernbi cL__.QQZ,
á2 . e outros tarifas atrasados no valor de R$ 514,21, que a
demandante não reconhece, perfazendo um valor total do débito de R$ 2.635,04.

4. Vale esclarecer que por diversos momentos a autora ficou por vários
meses sem energia elétrica, corno julho de 2006 e nos meses de julho a outubro de
2007, uma vez que não teve condições de pagar os valores cobrados indevidamente.

5. Apesar da autora ter protocolado pedido de revisão da leitura


discutida em questão, até a distribuição da presente demanda não foi dada nenhuma
resposta a demandante, e pelo contrário, em 27.11.2007 foi emitido um aviso a este
para que efetue o pagamento imediato do débito no valor de R$ 2.442,15, sem incluir o
mês de dezembro de 2007, sob pena de ser interrompido a energia.

6. Vale esclarecer que a demandante é diarista, residindo somente esta


e sua filha no imóvel onde está se utilizando a energia, sendo desumano a cobrança do
débito em questão, até porque na residência da autora somente tem uma geladeira,
uma televisão e quatro lâmpadas, sendo impossível às cobranças em questão ser do
imóvel onde se consuma a energia.


Da Urgência da Antecipação da Tutela

7. Ao caso em tela, faz-se necessário ao pleito da tutela para compelir a


ré para que se abstenha a efetuar a interrupção do fornecimento de energia na casa do
demandante, uma vez tais cobranças suscitadas são ilegais, até porque é impossível o
consumo de energia de uma hora para outra se multiplicar por 1.000% de um mês para
o outro, sendo certo que tal conduta da ré é contrária ao princípio da boa-fé, da
dignidade da pessoa humana e outros correlatos.

8. Assim vislumbra-se os requisitos do art. 273 do CPC, até porque as


verossimilhanças das alegações são cabais, e o dano de difícil reparação se vê no
sentido que a autora encontra-se na iminência de ter sua energia interrompida, até
porque não tem condições de pagar a tarifas absurdas cobrada indevidamente pela ré,
requerendo, desde já, que V. Exa. determine que a ré se abstenha de interromper o
fornecimento de energia na residência do demandante referente às tarifas em comento,
e que nas próximas faturas vincendas só lhe venha cobrando no máximo até a média
consumida nos últimos dozes meses antes das cobranças questionadas (100 KWh), sob
pena de não o fazendo incidir multa diária, astreinte, na forma do art. 461, § 3 0, do CPC,
a ser arbitrada por este Douto Juizo, em valores não inferiores a R$ 500,00.

Dos Fundamentos Jurídicos

9. Primeiramente, requer a autor que este Juízo inverta o ônus probante


do feito em epígrafe, até porque, há um desequilíbrio processual entre as partes
litigantes, devendo a ré demonstrar que não assiste razão o demandante ao alegado,
sob pena de ser considerado verdadeiro o exposto na exordial, como bem garante o art.
6°, VIII, da lei 8.078/90.

10. Aos fatos narrados, não há explicação e nem amparo legal nas
cobranças em questão totalizando o valor de R$ 2.635,04, uma vez que sua média
mensal era de 100 KWh, antes das cobranças que aumentaram em 1.000% o consumo
da autora, sendo certo que é nítido que se houve algum problema técnico na leitura ou
no medidor foi por culpa exclusiva da ré.
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11. Conforme se verifica nas constas de energia da autora, a média dos
últimos doze meses, antes de começarem a lhe enviarem as cobranças absurdas, não
ultrapassava o consumo médio de 100 KWh, sendo inegável que houve falha na leitura
das contas questionadas, sendo nítido que as leituras estão sendo feitas de forma
irregular, sendo flagrante a falha na prestação do serviço.

12. Vale esclarecer que na residência da autora somente tem uma


geladeira, uma televisão, e quatro lapadas comuns, sendo impossível o seu consumo
subir de 100 KWh para 938 KWh em um mês, devendo V. Exa. determinar que a ré
somente fature as tarifas vincendas em no máximo a média de energia consumida nos
últimos dozes meses antes das cobranças ilegais em questão, ou seja, 100 KWh.

13. Em outro compasso, não se tem dúvida que está havendo falha na
leitura do consumo real de energia na residência da autora, conforme fundamentação
supra, devendo V. Exa. declarar nulas as cobranças das tarifas que venceram no mês
12/2006, e a dos meses fevereiro até maio de 2007, assim como a do mês 12/2007, e
outros débitos que também está sendo cobrado no valor de R$ 514,21( meses de maio
de junho de 2006), por ser cabal a ilegalidade na cobrança acima deste patamar.

14. Outro ponto a ser abordado, é que a responsabilidade da ré aos


danos causados a autora é obietiva, conforme bem esclarece o art. 14, caput, da lei
8.078/90, o que é inserido no caso em tela, até porque os elementos desta
responsabilidade foram demonstrados, como o dano, o infrator e o nexo de causalidade.

15. Em outro compasso, por vários meses (junho a outubro de 2007) a


autora ficou sem energia elétrica porque não teve condições financeiras de pagar o
valor ilegal que estava lhe cobrando, sendo até mesmo estranho que no final do mês de
outubro de 2007, espontaneamente, a ré religou a energia na residência da autora,
apesar do débito, sendo devida reparação pelos danos morais sofridos pela
demandante, por ter ficado por tantos meses sem serviço essenãál -15-ara a
sobrevivência sua e da sua família por culpa exclusiva da ré.

16. Não restam dúvidas que houve um total desrespeito por parte da ré
aos direitos básicos do consumidor, como o da informacão, da boa-fé, da transparência,
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entre outros que estão no caput do art. 4, e no inciso III do mesmo artigo da lei
8.078/90, uma vez que a autora tentou por diversas vezes administrativamente que a ré
corrigisse o consumo dos meses em questão, bem como outros débitos que lhe foi
imposta, mas não obteve êxito no seu pleito, sendo certo que só o poder judiciário
poderá restabelecer o estado quo ante da demandante.

17. Neste sentido, é unânime o entendimento do TJRJ, julgando ilegal a


cobrança das tarifas superiores à média consumida nos últimos dozes meses, bem
como condenação pelos danos morais sofridos:
2007.002.20742 AGRAVO DE INSTRUMENTO
DES. VERA MARIA SOARES VAN HOMBEECK - Julgamento: 18/09/2007 -
DECIMA NONA CAMARA CIVEL
AMPLA. MEDIDOR ELETRONICO - CHIP. SUPOSTA IRREGULARIDADE NO
NOVO APARELHO. AUMENTO EXCESSIVO APÓS A INSTALAÇÃO.
VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES. SERVIÇO ESSENCIAL. REFORMA
DA DECISÃO. PROVIMENTO DO AGRAVO PARA DETERMINAR O
RELIGAMENTO DO SERVIÇO, SOB PENA DE MULTA DIÁRIA, ATÉ
DECISÃO FINAL.Embora haja ato normativo permitindo a utilização do medidor
que a concessionária julgue mais conveniente, o mesmo deve funcionar de
maneira adequada, de modo a viabilizar a utilização de serviço essencial.

2007.002.07771 AGRAVO DE INSTRUMENTO


DES. CONCEICAO MOUSNIER - Julgamento: 05/06/2007 - VIGESIMA
CÂMARA CIVEL
Ação de obrigação de fazer com pedido de tutela antecipada. Decisão
interlocutória antecipando os efeitos da tutela pretendida para determinar que a
concessionária de serviços públicos Ré restabeleça o fornecimento de energia
elétrica à unidade consumidora do Autor no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
sob pena de multa diária. Além disso, a Douta Juíza a quo permitiu que a
companhia de eletricidade Ré emita faturas limitadas a 150kWh, o que
corresponde à média de consumo dos seis meses anteriores à substituição do
medidor por chip eletrônico. Inconformismo da parte Ré. Entendimento desta
Relatora acerca da incompatibilidade da pretensão da companhia Agravante
com o novo sistema processual civil vigente. A Lei n° 11.187/05, que modificou
a disciplina do recurso de agravo, só admite a interposição de agravo de
instrumento em face de decisão interlocutória suscetível de causar à parte
lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da
apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida. Artigo 522,
do CPC. A decisão agravada não se enquadra em nenhuma dessas hipóteses,
circunstância que desafia a conversão do agravo de instrumento em agravo
retido e a remessa dos autos ao Juízo a quo, na forma do Artigo 527, inciso II,
do CPC. Ademais, não devem ser impostas medidas restritivas ao consumidor
enquanto se encontra sub judice a quantificação do valor efetivamente devido
pelo mesmo. Precedentes do TJERJ. CONVERSÃO DO AGRAVO DE
INSTRUMENTO EM RETIDO COM REMESSA DOS AUTOS AO . _ JUIZ DA
CAUSA

2005.700.012597-3
J u iz(a) CRISTINA TEREZA GAU LIA
Cobrança de débito de energia elétrica referente à suposta irregularidade
detectada unilateralmente pela concessionária - Quebra do principio
constitucional do devido processo legal Imposição de penalidade ao
consumidor sem que lhe seja concedido direito de defesa - Questionamento
pelo mesmo da existência da alegada irregularidade bem como dos valores
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abusivamente cobrados Princípio da transparência máxima nas relações de
consumo descumprido - Cobrança abusiva - Nulidade Lei 8079/90 art. 51 X -
Corte no fornecimento de energia que perdura por 09 dias e que só é
restabelecido mediante cumprimento de determinação judicial - Autora que é
compelida a celebrar acordo para parcelamento de suposto débito com a ré
Abusividade - Fórmula coativa de cobrança que atenta contra o princípio da
dignidade da pessoa humana - Art. 1°, III CF/88 - Necessidade de aviso prévio
a fim de possibilitar defesa —Desnecessidade de perícia - Furto de energia que
sequer resta comprovado pela ré - Concessionária que nenhuma prova
apresenta de qualquer fator gerador da alta demanda de energia elétrica pelo
consumidor por aquela registrada - ónus da prova que cabe ao fornecedor
sendo a relação de consumo Art. 6° VIII CoDeCon - Portarias da Aneel que se
consideram abusivas em face dos principios e normas estatuídas pelo CDC e
do que determina a Política Nacional das Relações do Consumo - Art. 51
incisos I, IV, X e XV Lei 8.078/90 c.c. Portaria n°4 de 13.03.99 da Secretaria de
Direito Econômico/MJ Danos morais ocorrentes - Sentença de procedência do
pedido que declara nula a cobrança da fatura questionada e a devolução dos
valores pagos, em dobro, pela autor a titulo de parcelamento de débito - Valor
arbitrado que se eleva para R$3.500,00 a fim de adequar-se ao caráter
preventivo-pedagógico do instituto. Recurso da ré conhecido, mas não provido.

18. Desta forma, o Des. Sérgio Cavalieri Filho, na obra Programa de


Responsabilidade Civil ensina que "o dano moral é a lesão de bem integrante da personalidade, tal
como a honra, a liberdade, a saúde, a integridade física e psicológica, causando dor, sofrimento, tristeza,
vexame e humilhação é vítima".

19. Neste sentido, houve violação ao art. 5°, inciso X, da Magna Carta,
C/C art. 6°, VI, da lei 8.078/90, sendo flagrante a violação destes dispositivos legais pela
ré, por todo constrangimento, humilhação, vexame e a má-fé que a autora sofreu por
causa da demandada, devendo este juízo condená-la a título de danos morais no
quantum a ser arbitrada por V. Exa, em valores não inferiores a quarenta salários
mínimos.

20. Esclarece o autor que a mensuração do dano moral exposto tem por
escopo o intuito de punir pedagogicamente a ré, para que esta ao tentar lesar outros
consumidores pense duas vezes na conseqüência dos seus atos, não tendo a
demandante nenhum intuito de obter enriquecimento indevido, até porque, o valor
arbitrado não enriquece ninguém.

21. Neste sentido, confia a autora á esperança neste Juízo para obter
êxito no pleito exposto, sendo certo que ficou claro e cristalino que houve ofensa ao seu
direito material e especificamente moral, sendo-lhe de direito a sua devida reparação.
Dos Pedidos
Ao todo exposto, requer a autora:
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1) O deferimento da tutela antecipada para compelir a ré a se abster de interromper o
fornecimento de energia na residência da autora, bem como faturar as faturas vincenda
somente até a média dos últimos doze meses antes das cobranças indevidas (100
KWh), sob pena de não o fazendo incidir multa diária a ser arbitrada por V. Exa., em
valores não inferiores a R$ 500,00, conforme fundamentação supra;
2) O deferimento da justiça gratuita, como forma de garantir o acesso à justiça da
autora, pela fundamentação supra;
3) Que seja citada a ré, no endereço fornecido no preâmbulo da inicial, para responder a
presente sob pena de confissão, preclusão e revelia;
4) O deferimento da inversão do ônus da prova, como forma de garantir o princípio da
isonomia, pela fundamentação supra;
5) A procedência do pedido para condenar a ré:
a) Para confirmar os efeitos da tutela antecipada, que compeliu a ré a se abster de
interromper o fornecimento de energia na residência o autor, pela fundamentação supra;
b) A declaração da d todos os débitos questionados na presente ação,
valor total de R$ 2.635,04, na forma da fundamentação supra;
d) A condenação da ré ao pagamento de indenização pelos danos morais sofridos
pela autora, em valores arbitrados por V. Exa., em valores não inferiores a R$ 22,000,00
(vinte e dois mil reais), pela fundamentação siipra;
d) A condenação da ré ao pagamento das custas judiciais e honorários
advocaticios, na forma do art. 20, § 3°, do CPC.
Das Provas
Requer a produção das provas documentais préconstituldas e as
supervenientes, o depoimento pessoal do representante legal da ré e as demais provas
admitidas neste rito especial.
Valor da Causa
Dá-se a presente causa o valor de R$ 22,000,00 (vinte e dois mil reais), para
efeitos fiscais.
Termos em que,
Pede-se Deferimento.
Itaboraí, 17 de dez o de 2007

FABIO RODRIGUES TORRES JSE RNANDO D


OAB/RJ —148.075 OAB/RJ —141.869

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