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11 - Propriedades Mecânicas

As Propriedades Mecânicas constituem os característicos mais


importantes dos Metais para a sua aplicação no campo da Engenharia, em
função de que a construção de Estruturas e Componentes Mecânicos são
baseados no seu conhecimento.

Fig. 106 – Teste de Tração em Corpo de Prova

As Propriedades Mecânicas definem o comportamento do material


quando sujeito à esforços mecânicos, e estão relacionadas à capacidade
desse em resistir ou transmitir estes esforços aplicados, sem se romper e sem
se deformar de forma incontrolável.

13.1 - Principais Propriedades Mecânicas:

Resistência à Tração, Elasticidade, Ductibilidade, Fluência, Fadiga,


Dureza, Tenacidade.
Cada uma dessas propriedades está associada à habilidade do material
em resistir às Forças Mecânicas e/ou de transmiti-las.
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11.2 - Tipos de Tensões

Podem estar presentes em uma estrutura, uma ou mais Solicitações


simultaneamente.

Tração Compressão Cisalhamento Torção

11.3 – Tipos de Carregamentos

Os esforços mecânicos podem ser oriundos da aplicação de uma carga,


de forma lenta e gradual, sendo nesse caso classificada como “Estática”, ou
de modo repentino, como através de um Choque, classificado de natureza
“Dinâmica”.

Os esforços podem, ainda, ser repetidos, com a carga variando


repetidamente, seja em valor ou direção, como na Fadiga.
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A determinação das propriedades mecânicas é feita através de Ensaios


Mecânicos. Para tanto, são utilizadas:

- Uma Amostra representativa do material (Corpo de Prova - CP)

- Normas técnicas para o procedimento das medidas e confecção do CP, para


garantir que os resultados sejam comparáveis.

Normas Técnicas:

As Normas Técnicas mais comuns são elaboradas pelas:

11.4 – Propriedades Mecânicas dos Materiais

Determinação de algumas Propriedades Mecânicas dos Materiais.


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13.4.1 – Resistência à Tração

É a máxima Tensão aplicada ao Material antes da ruptura. É avaliada


pelo comparativo Tensão () X Deformação ().

 = F/Ao

= tensão [kgf/cm² ou kgf/mm² ou N/m²]
F = Força ou carga [kgf ou N]
Ao = Área inicial da seção transversal [cm² ou mm²]

Como efeito da aplicação de uma Tensão tem-se a Deformação


(variação dimensional).

Deformação:

onde:
lo= Comprimento inicial
lf= Comprimento final
= Tensão [kgf/cm² ou kgf/mm² ou N/m²]
F = Força ou carga [kgf ou N]
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A Deformação pode ser expressa em:


 Milímetros de deformação por milímetros de comprimento;
 Comprimento deformado como um percentual do comprimento original.

A lei de Hooke só
é válida até este
ponto

Respeitados alguns limites, a Deformação é proporcional a Tensão,


conforme a Lei de Hooke:

= E. 

Onde:
= Tensão [kgf/mm²]
E = Módulo de elasticidade [kgf/mm²]
= Deformação [mm/mm]

Fig. 107 – Ensaio de Tração em Corpo de Prova


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As deformações podem ser Elásticas ou Plásticas.

Deformação Elástica

Anterior à Deformação Plástica. É reversível, não-permanente e


desaparece quando a Tensão é removida.
É praticamente proporcional à Tensão aplicada (obedece a Lei de
Hooke).

Deformação Plástica

As Tensões ultrapassam o Limite de Elasticidade. É irreversível,


permanente, e resulta do deslocamento permanente dos Átomos, não
desaparecendo quando a Tensão é removida.

Anelasticidade

Quando a carga que provoca uma Deformação Elástica é liberada, e


será necessário um tempo (finito) para que a recuperação da Deformação seja
completa.

Anelasticidade Comportamento elástico em função do tempo


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A Anelasticidade é acompanhada por processos microscópicos e


Atomísticos, dependentes do tempo.

Para Metais: A componente Anelástica é pequena, e pode ser desprezada.


Para Polímeros: A componente Anelástica é significativa, conhecida por
Comportamento Viscoelástico.

13.4.1.1 - Módulo de Elasticidade ou Módulo de Young

Está relacionado com a Rigidez do Material ou à resistência à


Deformação Elástica, bem como diretamente com as forças das ligações
Interatômicas. É a medida da resistência à separação de Átomos adjacentes.

Fig. 108 – Módulo de Elasticidade nos Materiais



E = / 
onde:

E = Módulo de Elasticidade [kgf/mm²]


= Tensão [kgf/mm²]
= Deformação [mm/mm]

Os Materiais Cerâmicos tem alto Módulo de Elasticidade, enquanto


os Materiais Poliméricos tem baixo Módulo de Elasticidade.
Quanto maior o Módulo de Elasticidade, mais rígido é o Material ou
menor é a sua Deformação Elástica quando aplicada uma dada Tensão.
Com o aumento da temperatura, o Módulo de Elasticidade diminui.
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Fig. 108 – Módulo de Elasticidade de alguns Materiais

Não-Linearidade

Alguns materiais apresentam um comportamento não linear na parte


Elástica da curva Tensão x Deformação
Ex.: Ferro Fundido Cinzento, Concreto e muitos tipos de Polímeros.

Fig. 109 – Comparação entre o Módulo de Elasticidade para diferentes Materiais


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13.4.1.2 – Coeficiente de Poisson

A Deformação decorrente de uma Tensão de Tração provoca uma


Deformação (Alongamento), acompanhado de estricções perpendiculares às
Tensões aplicadas. O Coeficiente de Poisson é a Razão entre Deformação
lateral e axial provocada por essa Tensão.

Fig. 110 – Deformação Longitudinal e Transversal

Onde:

Qualquer Elongação ou Compressão de uma Estrutura Cristalina em


uma direção, causada por uma força uniaxial, produz um ajustamento nas
dimensões perpendiculares à direção da força.

13.4.1.3 – Módulo de Cisalhamento

A imposição de Tensões Compressivas, de Cisalhamento ou Torcionais


também induz a um comportamento Elástico, semelhante à Tração. A Tensão e
a Deformação de Cisalhamento são proporcionais.

onde:
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O Módulo de Cisalhamento ou Módulo de Elasticidade Transversal


corresponde à inclinação da região Elástica linear da curva
Tensão/Deformação de Cisalhamento.

Fig. 111 – Módulo de Cisalhamento Transversal

13.4.2 – Encruamento

É o aumento da Resistência Mecânica do Metal, pela Deformação


Plástica, no processamento a frio, a partir de altas Tensões de Compressão. 
A qualidade superficial e a precisão dimensional são elevadas, e
superiores aos obtidos pelos Processos a quente.

Exemplo: Laminação a Frio

Fig. 112 – Encruamento obtido pela Laminação a Frio

11.4.3 – Recristalização

Formação de novos Cristais isentos de Deformação e equiaxiais


(dimensões aproximadamente iguais em todas as direções).
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As propriedades Mecânicas e Físicas são restauradas, a energia interna


acumulada é aliviada e a textura Encruada é eliminada.

Fig. 113 – Processo de Recristalização

A Recristalização inicia de modo lento, intensificando-se no decorrer do


processo, para finalizar de forma mais lenta, novamente.
A Temperatura de Recristalização é aquela necessária para que um
determinado Metal, com um certo grau de Encruamento, se Recristalize
completamente com o tempo de tratamento de Recozimento, de uma hora.

Fig. 114 – Recristalização em Forno

11.4.4 – Escoamento

Trata-se de um alongamento do material testado a Tração, sem


acréscimo de carga. É nitidamente observado em alguns Metais de natureza
dúctil como Aços com baixo teor de Carbono.
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O Limite de Escoamento é bem definido, e o Material escoa (deforma-


se Plasticamente, sem aumento da Tensão). A Tensão de Escoamento
corresponde à Tensão máxima verificada durante a Fase de Escoamento.

Escoamento

Fig. 115 – Escoamento em Materiais Dúcteis

A visualização deste fenômeno durante o Ensaio depende de algumas


condições, que influenciam a observação da velocidade da deformação,
principalmente:

 Corpo de Prova: geometria e condições


 Método de Ensaio
 Características da Máquina de Ensaio

11.4.5 – Ductibilidade

A Ductibilidade é a propriedade que representa o grau de Deformação


que um material suporta até o momento de sua Fratura.
Materiais que suportam pouca ou nenhuma Deformação, no processo de
Ensaio de Tração, são considerados Materiais Frágeis.
Indica ao projetista a capacidade da estrutura se deformar plasticamente
antes de fraturar. Especifica, ainda, o Grau de Deformação permissível durante
operações de fabricação.
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Fig. 116 – Ductibilidade

A Ductibilidade pode ser expressa, quantitativamente, como


alongamento percentual.

%AL = Alongamento em percentual


lf = Comprimento no momento da fratura
lo = Comprimento inicial

11.4.6 – Resiliência

É a propriedade que alguns Materiais apresentam de retornar à forma


original, após terem sido submetidos a uma Deformação Elástica.

Fig. 117 – Resiliência

Módulo de Resiliência (Ur)

Representa a Energia de deformação por unidade de volume exigida


para tensionar um material, desde o estado com ausência de carga, até a sua
Tensão Limite de Escoamento.
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Materiais Resilientes são aqueles que têm alto Limite de Elasticidade e


baixo Módulo de Elasticidade.

Ex.: Materiais utilizados para Molas

11.4.7 – Tenacidade

É a capacidade de certos materiais em absorverem Energia e


deformarem-se, permanentemente, sem fraturarem. A Tenacidade requer um
equilíbrio de Resistência e Ductibilidade.
Normalmente materiais Dúcteis são mais Tenazes do que Materiais

Frágeis .

Fig. 118 – Tenacidade

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