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CONCRETO ARMADO II - CAPÍTULO 13

Departamento de Engenharia de Estruturas – EE-UFMG

Agosto 2022

INSTABILIDADE NA FLEXÃO NORMAL COMPOSTA


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13.1 – Tipos de equilíbrio

Segundo a mecânica dos corpos indeformáveis, o equilíbrio de uma estrutura ou


elemento estrutural isolado acontece quando a resultante das ações (ativas e reativas)
e a resultante dos momentos que atuam sobre o mesmo são nulas. De uma forma
simples as condições acima são satisfeitas nos três casos da figura 13.1, parte supe-
rior, sendo a reação R igual ao peso P do cone.

Figura 13.1 – Tipos de equilíbrio (adaptada de Rachid, Mori - 1989)


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A figura 13.1 mostra de forma simplificada que, embora teoricamente possível,


o equilíbrio nos três casos é intuitivamente diferente. O cone apoiado pela base, figura
13.1(a), representa um equilíbrio estável. Uma rotação desse cone para qualquer lado,
parte inferior da figura 13.1(a), produz um momento estabilizante, fazendo sempre o
cone retornar a sua posição inicial de equilíbrio estável.

Para a situação retratada na figura 13.1(b), de equilíbrio instável, qualquer mo-


vimento do cone apoiado pelo vértice o momento resultante será sempre desestabili-
zante, ou seja, o cone não retornará a sua posição inicial. Já na situação do cone apoi-
ado por uma geratriz, um deslocamento dado indiferentemente em qualquer direção,
conduzirá a uma situação semelhante à posição inicial retratando, pois, um equilíbrio
indiferente.

13.2 – Barra rígida, axialmente comprimida, com vinculação elástica


(deslocamentos aproximados)

Uma situação tão simples quanto à apresentada na figura 13.1, pode ser dado
para uma barra rígida com vinculação elástica, axialmente comprimida, com os deslo-
camentos calculados de forma aproximada (sen ≈ ), conforme figura 13.2. Nessa
figura à esquerda, o modelo da barra rígida comprimida axialmente está na sua posição
inicial de equilíbrio, ou seja, são nulos o deslocamento horizontal da mola fictícia em B
e a rotação  da rótula em A (a mola fictícia é equivalente à rigidez à flexão da barra).

Na parte central da figura 13.2 a barra está deslocada, apresentando uma rota-
ção  em A e um deslocamento horizontal em B igual a Δ = lsen ≈ l. A mola fictícia
de constante linear K, distendida de um comprimento Δ, produz uma força de intensi-
dade F = K Δ = Kl. Essa força será equilibrada por uma reação em A, de mesmo
valor, gerando um binário estabilizante igual a:

MEstab = Fl = (K l)l = K l 2 (13.1)

13.2
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Esse momento tende a voltar a barra deslocada para sua posição inicial de equi-
líbrio, de forma análoga, ao que acontece com a energia de deformação acumulada no
deslocamento elástico de uma barra. Cessada a ação, essa energia acumulada é res-
ponsável pelo retorno da barra à sua posição indeformada.

Figura 13.2 –Barra rígida com vinculação elástica (modelo com aproximações)
Adaptada de Rachid, Mori (1989)

O momento desestabilizante será dado pela força de compressão P, aplicada


em B, multiplicada pelo deslocamento Δ = l sen ≈ l, resultando:

MDesestab = P Δ = P l (13.2)

Os tipos de equilíbrio nesse modelo simples são definidos comparando-se o mo-


mento estabilizante com o desestabilizante, da seguinte forma:

P l < K l 2 EQUILÍBRIO ESTÁVEL (13.3a)

P l > K l 2 EQUILÍBRIO INSTÁVEL (13.3b)

P l = K l 2 EQUILÍBRIO INDIFERENTE (13.3c)

13.3
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Aumentando-se a carga P na equação (13.3a) chega-se ao valor da carga que


iguala o momento desestabilizante ao estabilizante (13.3c). A partir dessa carga o equi-
líbrio que era estável passa a ser instável. A carga responsável pela mudança de
equilíbrio é denominada carga crítica e o seu valor nesse caso, com deslocamentos
aproximados, é dado por:

Pcrit l = K l 2  Pcrit = K l    (13.4)

O valor da carga crítica independe do ângulo , ou seja, a carga crítica para


barra com vinculação elástica axialmente comprimida, com deslocamentos calculados
de forma aproximada, atinge esse valor para um ângulo  indeterminado. Essa situação
está ilustrada no gráfico da direita da figura 13.2.

P < Pcrit, a forma de equilíbrio estável é a configuração reta sem rotação.


P = Pcrit, ocorre a bifurcação do equilíbrio.
P > Pcrit, a configuração estável é a deformada, independentemente do ângulo .

13.3 – Barra rígida, axialmente comprimida, com vinculação elástica


(deslocamentos sem aproximações)

Reestudando o modelo anterior com os deslocamentos calculados sem aproxi-


mação, ou seja, ≠ sen, obtém-se o modelo mostrado na figura 13.3 onde de forma
análoga haverá a mudança de equilíbrio quando:

MEstab = MDesestab  (Klsen) (lcos) = Plsen


P sen = Klsen cos (13.5)

Analisando a equação (13.5) tem-se:

=0 IDENTIDADE

≠0 P = K lcos (13.6)

13.4
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Figura 13.3 –Barra rígida com vinculação elástica (modelo sem aproximações)
Adaptada de Rachid, Mori (1989)

A equação (13.5) fornece a carga axial P que torna possível o equilíbrio em qual-
quer posição deslocada definida pelo ângulo , desde que  ≠ 0, quando vale a equação
(13.6). Para a situação limite em que o ângulo  tende a “zero”, obtém-se:

0 P = Pcrit = K l (13.7)

Conforme as equações acima o gráfico da direita da figura 13.3 mostra que a


barra continua na posição vertical de equilíbrio estável, até se atingir a carga crítica.
Nessa situação haverá a bifurcação do estado de equilíbrio e a partir daí o equilíbrio só
será possível para uma carga P, definida para cada ângulo , que agora não é mais
indeterminado.

13.4 – Barra rígida, excentricamente comprimida, com vinculação elástica

A figura 13.4 mostra os mesmos modelos anteriores, com os deslocamentos


calculados de forma aproximada e sem aproximações, para uma barra rígida com vin-
culação elástica, submetida a uma força de compressão excêntrica.

13.5
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Figura 13.4 –Barra rígida com compressão excêntrica


Adaptada de Rachid, Mori (1989)

Para o modelo com deslocamentos calculados de forma aproximada, figura 13.4


(centro), o momento desestabilizante iguala-se ao estabilizante quando:

P(l + a) = (Kl)l 
Pa
= (13.8)
Kl 2 - Pl

Kl 2 
P=
l  a

Para o modelo sem aproximações, figura 13.4 (direita), essa igualdade ocorre
quando:
P(lsen + acos) = (Klsen)(lcos)
Klsen
P= (13.9)
tg  a l

13.6
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Tanto na equação simplificada (13.8) quanto na exata (13.9) o ângulo  é deter-


minado mesmo para valores da carga P menores que a carga crítica.

Pela primeira das equações acima quando a carga P atinge o valor crítico P =
Pcrit = Kl, o ângulo  tende para mais infinito, assim como na segunda equação, quando
 = - (a / l), a carga P tende para menos infinito. Fisicamente, o ângulo  = - (a / l),
significa que a linha de ação da carga P passa pela rótula da base da barra rígida,
ponto A da figura 13.4, situação semelhante ao mesmo modelo aproximado com carga
axial.

A carga P tende para menos infinito quando o ângulo  tende para o arco cuja
tangente vale  = arctg[- (a / l)]. Esse ângulo tem o mesmo significado físico do ângulo
 = - (a / l) encontrado para o modelo aproximado, carga excêntrica.

A figura 13.5 mostra os gráficos (P -) para as duas situações descritas acima.

Figura 13.5 – Gráficos para barra rígida com compressão excêntrica


Adaptada de Rachid, Mori (1989)

13.7
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13.5 – Equação da linha elástica

Os modelos simples apresentados acima, considerando-se uma barra rígida


(indeformável), presa a uma mola para simular sua elasticidade real, servem para
mostrar como seria o comportamento de barras elásticas reais, dentro de certos limi-
tes, sob a ação de cargas axiais de compressão.

Duas seções transversais inicialmente planas, indeformadas e separadas de


uma distância infinitesimal dx em uma barra (viga) deformável submetida a um mo-
mento fletor M, como mostrado na figura 13.6. Após a deformação produzida pela
flexão, essas duas seções se mantém planas apresentando um ângulo entre elas igual
a d. Os planos dessas seções deformadas se cruzam a uma distância r (raio de
curvatura da viga) a partir do eixo longitudinal (eixo x) da viga. Para um ponto de
ordenada y a distância entre as duas seções deformadas passa de dx para d’x. A
diferença entre esses dois valores (x), é dada por: x = d’x - dx = (r - y)d - rd = -
yd.

Figura 13.6 – Viga genérica submetida à flexão

13.8
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A deformação longitudinal, x, dos pontos situados a esta distância y da LN,


que na flexão simples contém o centro geométrico CG, é dada por:

x - yd y 1 
x = = =-  - x (13.10)
dx rd r r y

A grandeza (1/r), inverso do raio de curvatura, é denominada curvatura da viga,


na seção considerada.

Pela figura 13.6 a distância horizontal dx é obtida aproximadamente como o


comprimento do arco de raio r e ângulo d. Isso se justifica para um ângulo infinitesi-
mal d.

d 1 dy d d2 y 1
rd = dx   ,    = (13.11)
dx r dx dx dx2 r

Onde o ângulo  = (dy / dx) representa a rotação da seção transversal, que é


obtida da primeira derivada da equação da linha elástica y.

De (13.10) e (13.11) obtém-se:

1 d2 y 
 2
=- x (13.12)
r dx y

Para materiais elásticos com módulo de elasticidade longitudinal (ou módulo de


Young) igual a E, a deformação longitudinal x é obtida pela lei de Hooke:

x
x  (13.13)
E

As tensões normais σx devidas à flexão em vigas é obtida da clássica equação


da Resistência dos Materiais:

13.9
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M
x  y (13.14)
I

Onde I é o momento de inércia da seção transversal em relação ao eixo z que


passa pelo seu centro geométrico, CG. Deve-se salientar que a viga em questão está
contida no plano xy.

M
De (13.13) e (13.14) obtém-se: x  y (13.15)
EI

Levando-se a equação (13.15) na equação (13.12) tem-se:

d2 y M 1 
2
-  =- x (13.16)
dx EI r y

A equação (13.16) é a equação diferencial clássica da linha elástica de uma


viga escrita em termo dos esforços, no caso o momento fletor M. Derivando-se duas
vezes a equação (13.16) em relação a x obtém-se a equação diferencial da linha elás-
tica em termos da carga p, distribuída na viga:

d4 y p
 (13.17)
dx4 EI

A equação (13.17) pode ser obtida da equação clássica de quarta ordem (Kirch-
hoff) para placas, equação (3.1), onde o deslocamento transversal da placa w é equi-
valente ao deslocamento vertical da viga y, as derivadas em y são nulas e nesse caso
a rigidez da placa D = E[h3/12(1-2)] é igual à rigidez da viga à flexão, EI = E(bh3/12)
(para b = 1 e  = 0).

Para seções em concreto armado submetidas à flexão, a curvatura expressa


na equação (13.10) pode ser escrita em termos da deformação da fibra mais compri-
mida do concreto (c,max) e da deformação da armadura de tração (s). As distâncias

13.10
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em que essas deformações ocorrem são respectivamente X (positivo) e (d-X) (nega-


tivo), onde X é a profundidade da linha neutra e d é a altura útil da seção transversal.
Assim:

1 ε ε εs ε c, max  ε s
    c, max    (13.18)
r y X  d - X  d

Em (13.18) a deformação no concreto é negativa, encurtamento, para uma or-


denada y = X positiva, coerente com a equação (13.12). Para a deformação positiva
na armadura tracionada, alongamento, a ordenada é negativa (para baixo), y = - (d -
X), também coerente com (13.12). Portanto a curvatura em (13.18) deve ser avaliada
com as deformações com seus valores absolutos.

Na equação (13.16), a Curvatura (1/r) é aproximada. O valor exato da curva-


tura é dado por:

d 2y
1
 dx 2  
M
(13.19)
r  2 32
 dy  
EI
1    
  dx  

Quando a primeira derivada é pequena, o seu valor ao quadrado pode ser des-
prezado em relação à unidade, ficando a equação (13.19) igual a equação (13.16). A
equação (13.19) é a equação diferencial exata da linha elástica para vigas.

Para uma viga-coluna (barra submetida simultaneamente a ações externas axial


e de flexão) como apresentado na figura 13.7, onde a barra está sob a ação de uma
carga de compressão excêntrica, pode-se, de acordo com a NBR 6118:2014, assumir
que a sua deformada seja senoidal:


y  a sen x (13.20)
l

13.11
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A equação (13.20) se anula quando x = 0 e x = l, passando pelo seu valor má-


ximo a, quando x = l / 2 (figura 13.7).

Derivando-se duas vezes a equação (13.20) conforme (13.12), obtém-se:

Figura 13.7 – Viga-coluna com carga excêntrica e deformada senoidal

2 2
1 d2 y     
  - a   sen x  -   y (13.21)
l l l
2
r dx

A partir da equação (13.21) nota-se que a deformada y, quando se assume va-


riação senoidal, é uma função linear da curvatura (1/r), ou seja:

2
 l  1 1
y-  K (13.22)
 r r

13.12
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O momento externo em uma seção qualquer da coluna é constituído de uma


parcela de primeira ordem, devido à excentricidade inicial e1, e uma parcela de segunda
ordem, devida a deformação da coluna y = e2, no ponto considerado.

2
 l  1
Mext  P e1  y  Pe1  P  (13.23)
 r

A primeira parcela da direita de (13.23) é o momento externo de primeira ordem


e a segunda é o momento de segunda ordem. O valor de e2 é dado por:

 l  1  l   1 l 1
2 2 2
e2    =  2   (13.24)
   r    r 10 r

Para a seção do meio da viga tem-se a máxima parcela do momento de segunda


ordem, onde y = e2 = a e a curvatura (1/r) é a da seção x = l /2.

Para uma coluna rotulada, conforme figura 13.7, o comprimento de flambagem


l e é igual ao comprimento l da coluna. Desta forma e2 em (13.24) assume o mesmo
valor estabelecido na NBR 6118:2014, item 15.8.3.3.2, para determinação dos esfor-
ços locais de segunda ordem, feito pelo método aproximado do pilar-padrão com cur-
vatura aproximada (ver equação 12.11).

13.6 – Carga crítica em viga-coluna

Seja uma viga-coluna rotulada nas extremidades, submetida a um carregamento


w(x) transversal ao seu eixo e uma carga axial de compressão P. A equação diferencial
para a deformada desta viga, escrita em termos dos esforços é dada por:

d2 y M
2
- , com M = Mw + Py (13.25)
dx EI

13.13
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Onde M é o momento fletor em uma seção transversal genérica de abscissa x,


formado por uma parcela de primeira ordem (viga na posição indeformada) proveniente
do carregamento w, (Mw), acrescida de uma parcela de segunda ordem (viga na posi-
ção deformada), correspondente ao momento produzido pela carga P com a flecha y
da seção (ver figura 13.8). EI é a rigidez á flexão da seção de abscissa x.

Figura 13.8 – Carregamento transversal e axial em uma viga genérica

Quando o carregamento transversal é nulo, o momento de primeira ordem pro-


duzido pela carga w é nulo, (Mw = 0), transformando a equação diferencial (13.25) para
a viga genérica da figura 13.8 em:

d2 y Py
 0 (13.26)
dx2 EI

Derivando-se duas vezes a equação acima resulta:

d4 y P d2 y d2m
 0   K2m  0 (13.27)
dx4 EI dx2 dx2
Onde:

d2 y
m (13.28)
dx2

P P
K2   K (13.29)
EI EI

13.14
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A solução para a essa equação diferencial de segunda ordem é do tipo:

d2 y P P
m 2
 Asen Kx  Bcos Kx  Asen x  Bcos x (13.30)
dx EI EI

Integrando-se duas vezes essa equação chega-se à equação da deformada da viga-


coluna dada por:

P P
y  C1sen x  C2cos x  C3 x  C4 (13.31)
EI EI

Aplicando-se quatro condições de contorno determinam-se as constantes da


equação (13.31):

x=0  y=0  0 = C2 + C4
x = 0  (d2y/dx2) = 0  0 = -C2(P/EI)  C2 = 0  C4 = 0

P
x=l  y=0  0  C1sen l  C3 l
EI

P P
x = l  (d2y/dx2) = 0  0  C1 sen l
EI EI

Se C1 = 0 implica em C3 = 0, a solução do problema será, portanto, a trivial uma


vez que C2 = C4 = 0. Para evitar a solução trivial deve-se fazer C1 ≠ 0:

P P n2  2EI
sen l 0  l  n  Pcrit  (13.32)
EI EI l2

Para n = 1, tem-se a carga crítica de Euler:

 2EI
Pe  (13.33)
l2

13.15
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De uma maneira geral para colunas com diferentes condições de contorno, tem-
se:

2EI
Pe  (13.34)
le2

Onde le é o comprimento de flambagem da coluna, conforme figura (13.9).

Figura 13.9 – Comprimentos de flambagem em colunas

13.7 – Instabilidade

13.7.1 – Instabilidade na compressão axial. Flambagem

Para barras retas axialmente comprimidas verifica-se experimentalmente que


o crescente aumento da carga pode produzir um estado limite em que a forma reta
inicial de equilíbrio seja instável, passando a partir da ação de cargas superiores
a essa, a uma configuração fletida estável. Essa carga responsável pela mudança
da forma estável de equilíbrio, de reta para fletida, é a carga crítica Pcrit, ou a carga
de Euler (Pe = Ne).

Considerando o regime elástico e a expressão exata da curvatura, para cargas


P > Pcrit a forma estável de equilíbrio é a forma fletida (ver figura 13.10). Nesse caso,

13.16
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a mudança da forma de equilíbrio corresponde a um comportamento simétrico e es-


tável. Simétrico porque não importa para qual lado ocorra o deslocamento, em qual-
quer situação a configuração fletida é estável.

O fenômeno da instabilidade para barras retas axialmente comprimidas pode


ser caracterizado pela presença do ponto de bifurcação do equilíbrio, no diagrama que
relaciona a carga axial P aplicada e a flecha máxima lateral a, da barra. Esse ponto é
mostrado na figura 13.10 nos diagramas (P, a) para as curvaturas exata e aproximada.

Quando se emprega a expressão exata da curvatura, equação (13.19), em prin-


cípio pode-se determinar as flechas para cargas superiores à carga crítica, segundo
Fusco (1981). Além disto, nesse caso, mantendo-se o regime elástico são possíveis
duas diferentes configurações estáveis de equilíbrio, a reta e a fletida.

Quando se emprega a equação aproximada da curvatura, equação (13.16),


pode-se determinar o valor da carga crítica embora as flechas da configuração fletida,
sejam indeterminadas. Essa carga crítica já foi determinada para colunas com diferen-
tes condições de contorno, as quais, conforme a figura (13.9), definem os valores dos
comprimentos de flambagem le.

A coluna mostrada na figura 13.10 tem o comprimento de flambagem le = 2l, e


comporta como se fosse uma das metades da coluna da figura 13.7. Assim, cortando-
se essa coluna da figura 13.7 ao meio, no ponto onde a flecha vale a, e considerando-
a engastada nesse ponto, tem-se o mesmo comportamento da coluna da figura 13.10.
Esse, aliás, é o procedimento usado na NBR 6118:2014, item 15.8.3.3.2, para deter-
minação dos esforços locais de segunda ordem, usando-se o método aproximado do
pilar-padrão com curvatura aproximada.

Para materiais estruturais como o concreto e o aço, o estado limite corres-


pondente ao fenômeno da flambagem deve ser considerado um ELU, como o definido
no item 10.3 da NBR 6118:2014, referente ao esgotamento da capacidade resistente
da estrutura no seu todo ou em parte, considerando os efeitos de segunda ordem. A

13.17
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flecha que ocorre para pequenos acréscimos da carga crítica é da mesma ordem de
grandeza do comprimento da coluna, a qual de fato romperá por flexão composta. Essa
é a situação ilustrada na figura 13.10, para o diagrama obtido com a equação exata da
curvatura. Um acréscimo de 5% na carga crítica corresponde uma flecha máxima
da ordem de 40% do comprimento da coluna.

Figura 13.10 – Instabilidade na compressão axial, adaptada de Fusco (1981)

A equação da carga crítica de Euler só é válida enquanto a tensão crítica (σcrit),


produzida por essa carga, for inferior ao limite de proporcionalidade (f0) do material.

Pe  Pcrit 2EI 2Ei2 2E 2E 2E


 crit  =  2   2   crit   f0 (13.35)
A Ale2 le  le 
2
   2
 
i 
Onde:

I
i (13.36)
A
é o raio de giração da seção transversal e:

13.18
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le
 (13.37)
i
é índice de esbeltez da coluna analisada.

De (13.35) a (13.37) pode-se concluir que, para um mesmo comprimento de


flambagem, quanto menor o raio de giração, maior o índice de esbeltez e, portanto,
menor o valor da carga além da qual se tem a flambagem elástica.

Pela equação (13.35) nota-se que a variação da tensão crítica com o índice de
esbeltez da coluna se dá de acordo uma hipérbole, conhecida como curva de flamba-
gem elástica ou hipérbole de Euler (ver figura 13.11).

Figura 13.11 – Curva de flambagem


(Adaptada de Fusco -1981)

Para a situação em que se tem σcrit. = σ0, limite de proporcionalidade do material,


o valor do índice de esbeltez atinge o seu limite mínimo, ou seja:

2E
crit     = lim = (13.38)


curva de flambagem inelástica

13.19
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Para valores de > λlim tem-se a curva de flambagem elástica (hipérbole de


Euler). Quando < λlim, ocorre a flambagem inelástica que depende das propriedades
físicas e geométricas da coluna (ver figura 13.11). Nesse caso pode-se ainda empre-
gar a equação (13.34) para calcular a carga crítica desde que se substitua o módulo
de elasticidade E, pelo módulo tangente.

Deve-se salientar que o fenômeno da instabilidade das barras axialmente com-


primidas pode ocorrer tanto com tensões menores quanto com tensões maiores que
o valor σ0 de proporcionalidade, sem que isto altere a natureza do fenômeno, que é o
da mudança da forma de equilíbrio. Quando não existe mais o comportamento elástico
linear do material, segundo Fusco (1981), é possível provar que a mudança da forma
de equilíbrio pode corresponder a um comportamento simétrico instável. Para cargas
maiores que a carga crítica Pcrit a forma reta de equilíbrio é instável e a fletida é im-
possível (figura 13.12).

Figura 13.12 – Flambagem além do limite de proporcionalidade P0


(Adaptada de Fusco -1981)

Na situação ilustrada na figura 13.12, por menor que seja o acréscimo da carga
em relação ao Pcrit, será atingido efetivamente um estado limite último ou de ruína,
pois a barra passaria à forma curva de equilíbrio impossível.

13.20
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13.7.2 – Estabilidade da configuração fletida de equilíbrio

Considere a possibilidade da existência de uma configuração de equilíbrio


fletida e estável, para barras axialmente comprimidas e admita-se que após a flam-
bagem a linha elástica seja senoidal, conforme já visto anteriormente. A única dife-
rença aqui é que a deformada da barra é para comportamento pós-crítico e carga de
compressão sem excentricidade.

Quando assume para a linha elástica variação senoidal e a expressão simplifi-


cada da curvatura, a deformada é uma função linear da curvatura, conforme visto na
equação 13.22.

Adotando-se a equação exata da curvatura e variação senoidal, obtém-se


neste caso para a curvatura, a seguinte expressão:

2
d2 y  
- a  sen x
1
 dx2  l l
(13.39)
3 3
r
  dy  22  2
2   2 
2
1     1  a   cos x 
  dx    l l 

Onde:

  y2 y2 - a2
cos2 x  1- sen2 x  1- 2 = (13.40)
l l a a2

E finalmente:
2

-  y
1
 l (13.41)
3
r
  2 2 2
 
2
1    a - y 
  l  

Portanto, quando se usa a equação exata da curvatura, a linha elástica não é


mais função linear desta curvatura.

13.21
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Uma carga de compressão, maior que a crítica e aplicada progressiva-


mente, produzirá a cada acréscimo de carga um aumento correspondente das flechas
e consequentemente dos momentos fletores externos. O momento é considerado
externo porque é produzido pela carga externa solicitante e pelo braço de alavanca
y, deformada da coluna no ponto considerado:

Mext = P(y) cujo valor máximo vale: Mext,max = P(a) (13.42)

Para cada configuração da linha elástica ocorre uma determinada distribui-


ção de momentos fletores internos, ou resistentes, cujos valores dependem da cur-
vatura em cada seção da barra. Em uma seção qualquer:

Mint = (1 / r) EI cujo valor máximo vale: Mint,max = [(1 / r)x= l / 2] EI (13.43)

Estes momentos são considerados internos ou resistentes, porque são obti-


dos pelo produto da rigidez à flexão da barra EI vezes a curvatura (1/r) da seção con-
siderada.

Se a cada aumento do momento externo corresponder um aumento do mo-


mento interno, de tal forma que a condição de equilíbrio expressa em (13.44) seja
atendida, o equilíbrio será estável.

Mext = Mint (13.44)

Para que o equilíbrio possa realmente existir, é necessário que as curvas


correspondentes ao momento externo Mext e ao momento interno Mint, da barra
analisada, se cruzem e que as tensões desenvolvidas neste ponto não superem a
sua capacidade resistente, provocando a ruptura do material.

13.7.2.1 – Compressão Centrada - Regime Elástico - Equação Simplificada

13.22
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Quando se usa deformada senoidal (equação 13.20) e a curvatura de forma


simplificada (equação 13.16), tanto a equação 13.22 das flechas, y = K(1/r), quanto
as equações do momento interno (eq. 13.43), Mint = EI(1/r), e externo (eq. 13.42), Mext
= Py = PK(1/r), são funções lineares da curvatura (1/r) e passam pela origem do grá-
fico (momento x curvatura), como mostrado na figura 13.13. Dessa forma, como não
é possível o cruzamento das funções Mint e Mext torna-se injustificável a estabilidade
da forma fletida de equilíbrio.

Figura 13.13 – Compressão Centrada - Regime Elástico - Equação Simplificada


(Adaptada de Fusco -1981)

Da condição de equilíbrio, equação (13.44), a partir de (13.22) e (13.42), pode-


se escrever:

1    2  2EI
Mint  Mext  EI  Py  EI-    y  Py  Pcrit  2 (13.45)
r   l   l

Obtém-se de (13.45) a mesma expressão para a carga crítica de Euler, (eq.


13.33). Embora o uso da equação simplificada permita calcular o valor da carga crítica,
as flechas para valores superiores a ela, são indeterminadas.

13.23
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

13.7.2.2 – Compressão Centrada - Regime Elástico - Equação Exata

Quando se usa a equação exata da curvatura, o momento interno continua


sendo uma função linear da curvatura. Para o momento externo a expressão de y
deve ser obtida em função da curvatura exata, não sendo mais uma função linear.

Conforme mostrado na figura 13.14, como a função do momento interno Mint é


linear, regime elástico, ela sempre cruzará as funções 1,2 e 3 dos momentos externos
Mext em um ponto correspondente à configuração estável de equilíbrio. Portanto en-
quanto persistir o regime elástico a estabilidade do equilíbrio é garantida. A função 1
corresponde à forma reta estável, quando a carga P é menor que a carga crítica Pcrit.
A função 2, para uma carga P maior que Pcrit, cruza a função momento interno em um
ponto em que não há a ruptura do material. Aumentando-se ainda mais a carga além
da função 2, chega-se na situação mostrada na função 3, em que embora possível, o
equilíbrio real não ocorre devido à ruptura do material.

Figura 13.14 – Compressão Centrada - Regime Elástico - Equação Exata


(Adaptada de Fusco -1981)

13.24
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

13.7.2.3 – Compressão Centrada - Regime Anelástico - Equação Exata

A figura 13.15 mostra essa situação em que todas as funções não são mais
lineares. Para que haja o equilíbrio as funções momento interno e externo devem
se cruzar, o que acontece nas funções Mext 1, 2 e 3. O equilíbrio não é possível na
função 4, porque ela é divergente da função momento interno. Na função 1, a carga
aplicada é menor que a crítica e nas funções 2 e 3 ela é maior. Embora possíveis
nestas duas últimas, o equilíbrio só é atingido realmente na função 2, porque na 3 o
ponto de convergência ocorre além da capacidade resistente do material.

Nas curvas 2 e 3 a mudança de equilíbrio corresponde à um comportamento


simétrico e estável, já na curva 4 a um simétrico instável.

Figura 13.15 – Compressão Centrada - Regime Anelástico - Equação Exata


(Adaptada de Fusco -1981)

13.25
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___________________________________________________________________________

13.7.3 – Flexão Composta de Barras Esbeltas - Regime Elástico

Considerando-se a flexo-compressão, as flechas podem ser calculadas pela


equação diferencial simplificada (13.16) onde o momento fletor M tem duas parcelas,
uma de primeira ordem, devido à excentricidade inicial e1, e outra de segunda ordem
devido à deflexão y da barra (figura 13.16).

Figura 13.16 – Flexão Composta em Barras Esbeltas - Regime Elástico


(Adaptada de Fusco -1981)

d2 y M P(e1  y) d2 y P P
2
- -  2
 y  - e1
dx EI EI dx EI EI

d2 y P
2
 K2 y  - K2e1 com K  (13.46)
dx EI

13.26
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

A equação diferencial (13.46) por ter segundo membro diferente de zero, per-
mite que se calculem as flechas mesmo para a equação aproximada da linha elástica.
No entanto não existe o ponto de bifurcação do equilíbrio, conforme figura 13.10 da
carga axial de compressão, correspondente à carga crítica de Euler (13.33). Isto leva
à falsa ideia de que essa carga crítica tenha algum significado físico na flexão com-
posta. De fato, pelo gráfico da curvatura aproximada na figura 13.16 o resultado dado
pelo limite (13.47) não tem significado físico real, como se comprova pelo gráfico da
curvatura exata.
limP Pcrit  a    (13.47)

Desse modo conclui-se que enquanto o material permanecer no regime


elástico não existe problema de instabilidade na flexão composta. Essa mesma
conclusão será reforçada quando se analisar, no próximo item, a estabilidade da con-
figuração fletida das barras submetidas à flexão composta.

13.7.4 – Instabilidade na Flexão Composta

Seja agora a configuração fletida na flexão composta e admita-se, por simplici-


dade, linha elástica senoidal e curvatura aproximada, conforme já mostrado na figura
13.7. Com estas hipóteses o momento externo é uma função linear da curvatura (1/r),
conforme equação (13.22).

O momento externo tem duas parcelas, uma de primeira ordem, devida ao mo-
mento inicialmente aplicado e uma de segunda ordem, devida à configuração defor-
mada na flexão composta. Assim, de (13.22), pode-se escrever:

  l 2 1 1 1 l
2
Mext  P(e1  y)  Pe1  P-     Pe1  Pk  y  k k  k  -  (13.48)
    r  r r 

Para o regime elástico o momento interno Mint = EI (1/r) é uma reta que passa
pela origem e tem coeficiente angular EI, ver figura 13.17. Analisando a equação da

13.27
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

reta do momento externo (13.48) nota-se que o seu coeficiente angular em valor ab-
soluto vale P│k│ = P(l / )2, que normalmente é menor que o coeficiente da reta do
momento interno (EI). Dessa forma as duas retas se cruzarão em um ponto corres-
pondente ao equilíbrio estável, realmente possível, desde que não seja superada a
tensão de ruptura do material.

1 1
Mext  Mint  Pe1  Pk  EI quandoPk  EI  AS RETAS SE CRUZAM
r r
 1   l 2 1
Mext  Pe1  Pk  Pe1  P-   
r     r 
1 1 e
para  0  Mext  Pe1 para Mext  0   - 1
r r k

Figura 13.17 – Flexão Compressão - Regime Elástico


(Adaptada de Fusco -1981)

13.28
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

A reta do momento externo passa a não cruzar com a do momento interno


quando a inclinação da primeira se iguala ao da segunda. Nesse caso têm-se as duas
retas paralelas, ou seja, com os mesmos coeficientes angulares:

2
l  2EI
EI  P   P 2  P  Pe  Pcrit (13.49)
 l

A equação (13.49) é a mesma da carga crítica de Euler obtida anteriormente


para colunas axialmente comprimidas, equação (13.34).

Analisando a figura 13.17 notam-se duas retas para momentos externos, uma
devida à carga Pa e excentricidade e1a, e outra devida à carga Pb e excentricidade
e1b, com e1a < e1b. Se as cargas Pa = Pb = P, as retas dos momentos externos serão
paralelas. Para momento externo nulo obtém-se:

1 e
Mext  0  - 1 (13.50)
r k

Desta forma os prolongamentos das retas Maext e Mbext interceptam o eixo das
abscissas (1/r) em -(e1a/k) e -(e1b/k), respectivamente. Da mesma forma, para (1/r) =
0, os momentos externos são dados por Maext = Pae1a e Mbext = Pbe1b.

As retas dos momentos externos cortam a reta do momento interno em pontos


de equilíbrio estável. Nesses pontos, conforme equação (13.48), de y = k (1/r) obtém-
se a curvatura (1/r) = (y/k).

Do visto acima, enquanto perdurar o regime elástico (σmax < σ0) sempre haverá
uma configuração de equilíbrio estável. No entanto se a tensão ultrapassar o limite de
proporcionalidade, (σmax > σ0), o diagrama de momento interno passará a ser curvo,
surgindo um novo fenômeno de instabilidade, ilustrado na figura 13.18.

13.29
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Nessa figura, o fenômeno da instabilidade na flexão composta é caracterizado


por uma carga P = Pcrit, para a qual a reta do momento externo tangencia a curva do
momento interno. Para cargas menores que esta haverá equilíbrio estável e para car-
gas maiores, o equilíbrio será impossível.

Figura 13.18 – Flexão Compressão - Regime Anelástico


(Adaptada de Fusco -1981)

Observando-se a figura 13.17 nota-se que enquanto o momento interno for uma
função linear da curvatura a utilização da equação exata da curvatura ou uma linha
elástica não senoidal não altera os resultados anteriores. De fato, abandonando-se as
simplificações adotadas, a expressão do momento externo deixa de ser linear em fun-
ção da curvatura. Isto não altera o fato de sempre existir o equilíbrio estável enquanto
o momento interno for uma função linear da curvatura. Somente a não linearidade da
função momento interno permitirá o aparecimento do ponto de tangência (figura 13.18)
com a função momento externo, seja essa última uma função linear ou não.

Conforme mostrado na figura 13.19, o fenômeno da instabilidade na flexão


composta é caracterizado quando, para uma determinada excentricidade inicial de
primeira ordem e1 (para Mext = 0 o valor de 1/r = - e1/k), existe um valor máximo da
13.30
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

carga (P = Pcrit) além da qual o equilíbrio é impossível. Consequentemente, fixando o


valor da carga de compressão P = P1 existe uma excentricidade máxima e1,crit (para
Mext = 0 o valor de 1/r = - e1,crit/k), indicada na figura 13.19, de tal forma que para e1 >
e1,crit o equilíbrio é impossível e para e1 < e1,crit o equilíbrio é estável.

Figura 13.19 – Excentricidade Crítica de 1a Ordem


(Adaptada de Fusco -1981)

Na figura 13.20 os gráficos (momento)x(deslocamento) mostram o fenômeno


de instabilidade em função do momento de 1a ordem. No gráfico da esquerda, a rup-
tura do material ocorre antes do momento interno crítico, caracterizado no gráfico da
direita por um ponto de momento máximo absoluto (derivada nula da curva momento).
Tem-se no primeiro caso um estado limite último de ruína, caracterizado pela ruptura
do material e no segundo um estado limite último de instabilidade.

Do ponto de vista prático a segurança contra o estado limite último de instabili-


dade na flexão composta será garantida quando o momento externo solicitante de

13.31
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

cálculo de primeira ordem MS1,d, for menor ou igual ao momento crítico de primeira
ordem M1,crit, ou seja, MS1,d ≤ M1,crit.

Figura 13.20 – Estados Limites Últimos na Flexo-Compressão


(Adaptada de Fusco - 1981)

13.7.5 – Deformações na Flexo-Compressão

O diagrama momento-curvatura (M-1/r) para materiais no regime elástico,  =


E, já foi desenvolvido anteriormente considerando-se a curvatura de forma aproxi-
mada, equação (13.16), ou a exata, equação (13.19). Enquanto persistir o regime
elástico a função momento interno, Mint = EI(1/r), será sempre linear. A função mo-
mento externo, Mext = Py, só será linear quando se usar a equação aproximada da
curvatura.

Dentro do regime elástico linear o cálculo das flechas pode ser feito tanto pela
integração direta da equação da linha elástica quanto pela analogia de Mohr. Quando
o material não for elástico ou quando se usar a equação exata da curvatura deve-se
construir o diagrama (M, 1/r), para obtenção das flechas na flexo-compressão. Para o
caso de material não elástico, mesmo usando-se a curvatura aproximada, equação
(13.16), não é possível determinar a linha elástica da barra por integração direta desta
equação, porque a mesma só é válida para materiais elásticos. Uma alternativa para
determinar a flecha de uma viga consiste em usar a analogia de Mohr.
13.32
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

A partir do diagrama de momentos M da barra e conhecendo-se o diagrama


momento-curvatura (M, 1/r) da seção considerada, determina-se o diagrama de cur-
vaturas (1/r) = (d2y) / (dx2). A equação que determina a curvatura é análoga à se-
guinte relação entre esforços solicitantes p = (dV / dx) = (d2M) / (dx2). Dessa forma,
carregando-se ficticiamente a barra com pfict = (1/r), o momento fletor na seção con-
siderada da viga fictícia é a flecha procurada, Mfict = y

Seja calcular a flecha máxima para uma viga biapoiada carregada com uma
carga P aplicada no meio do vão. Seja P0 a carga correspondente ao momento M0, que
produz tensões máximas de compressão e tração iguais ao limite elástico do material
0, conforme mostrado na parte esquerda superior da figura 13.21. Para uma carga P
≤ P0 a viga comporta-se elasticamente, podendo a flecha ser calculada tanto pela inte-
gração direta da equação (13.16) ou pela analogia de Mohr. Neste caso a viga com P
≤ P0, mostrada à esquerda da figura 13.21, a flecha no meio do vão será calculada pela
analogia de Mohr. O diagrama de momentos é simétrico e linear partindo de “0” nos
apoios e chegando-se ao valor máximo no meio do vão, Mmax = Pl / 4. O diagrama de
curvaturas é portanto, elástico linear, sendo obtido dividindo-se o diagrama de M por
EI, 1/r = M/EI e 1/rmax = Pl / 4EI. Carregando-se a viga real com o carregamento fictício
pfic = 1/r = M/EI, a reação fictícia vale R = [(Pl / 4EI)xl / 2] / 2 = Pl 2 / 16EI. O momento
máximo na seção do meio, para a viga carregada ficticiamente, é a flecha procurada:

Pl 2 l Pl 2 1 l Pl 3
Mmax,fic  -   ymax (13.51)
16EI 2 16EI 3 2 48EI

A flecha máxima na viga biapoiada calculada com analogia de Mohr dá o mesmo


valor que a calculada pelas integrações da equação (13.16) A vantagem da analogia
de Mohr se explica não para o caso acima, mas para barras cujas tensões nos materiais
ultrapassaram o limite elástico, conforme a viga da direita na figura 13.21, carregada
com uma carga P = Pu, que implica em um momento no meio do vão, igual ao momento
último para a barra.

13.33
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Figura 13.21 - Analogia de Mohr para cálculo de flecha no regime Anelástico


Adaptada de Fusco (1981)

13.34
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

A situação que representa o momento último Mu está representada na figura


13.21 à esquerda, logo abaixo da seção solicitada pelo momento M0. Nesse exemplo
a deformação última u vale o dobro da deformação elástica 0 (u = 20). A partir da

deformação elástica0, o material considerado plastifica-se perfeitamente, apresen-


tando tensões constantes, tanto na compressão quanto na tração, iguais a tensão elás-
tica limite0. Dessa forma podem ser calculados o momento elástico M0, o momento
último Mu e o momento plástico Mp.

   h  2 h  bh2
M0  2 0  b     0  0 W0 (13.52)
 2  2  3 2  6

Onde W0 = (bh2/6) é o módulo de resistência elástica à tração ou compressão


da seção transversal (retangular).

  0  h  2 h   h  3h  11bh2 11 bh2 11
M u  2   b    0  b    0  0  M0 (13.53)
 2  4  3 4   4 8  48 8 6 8

  h  h  bh2
M p  2  0  b     0  1,5 M0 (13.54)
  2  4  4

Nos casos normais é recomendável discretizar a barra, dividindo-a em segmen-


tos menores e substituir o diagrama real das curvaturas por um diagrama linear apro-
ximado para as mesmas. O erro cometido será tão menor quanto maior for a discre-
tização.

13.7.6 – Diagrama momento fletor - força normal - curvatura (M, N, 1/r)

A curvatura de uma barra submetida à flexo-compressão depende da inclinação


da seção transversal deformada (considerando a hipótese das seções deformadas
permanecerem planas), conforme a equação aproximada da curvatura:

13.35
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

1 d2 y  1 - 0 2  0 1  2 0
      (13.55)
r dx2 y y1 y2 h y0

Onde 0 e y0 são a deformação e a ordenada do centro geométrico (relativo à


linha neutra LN) da seção, respectivamente.

Observando-se estas deformações, mostradas na figura 13.22, percebe-se que


a curvatura pode ser expressa em função da deformação 0 do centro geométrico.
Assim:
1 c - 0  si - 0 y ysi
 =  c = 0  c  si = 0  (13.56)
r yc ysi r r

Figura 13.22 - Curvatura na flexo-compressão - Adaptada de Fusco (1981)

Pelas equações expressas em (13.56) nota-se que a deformação em um ponto


qualquer, é função da deformação no centro geométrico 0, da curvatura (1/r) e da
ordenada do ponto y.

A partir das equações (13.56) e conhecidas as equações constitutivas (diagra-


mas x ) dos materiais concreto e aço, as tensões c e si de um ponto qualquer é
dada por funções F eG :

c = F (0, yc/r)
si = G (0, ysi/r)

13.36
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Os esforços solicitantes na seção transversal são obtidos pela integração con-


veniente das tensões no concreto e no aço em toda a área. Assim:

nb
 y  nb
 y 
N  σcdAc   σsiAsi   F  ε0 , c dA c  G  ε0 , si Asi
 r 
Ac i 1 Ac i 1  r 

(13.57)
nb
 y  nb
 y 
M  σcycdAc   σsiysiAsi   F  ε0 , c y cdA c  G  ε0 , si y si Asi
 r 
Ac i 1 Ac i 1  r 

As expressões acima permitem a determinação dos esforços solicitantes N e M


na seção transversal em função da curvatura (1/r) e da deformação no seu centro
geométrico 0. Essa deformação pode ser determinada a partir das condições limites
de deformações para o concreto e para o aço. Assim:

y c1
ε c, max  ε 0,max   ε cu  3,5 0 00 para fck  50 MPa (grupo I)
r
(13.58)
y si,2
ε si,max  ε 0, max   ε su  10 0 00
r

Onde yc1 e ysi,2 são as ordenadas extremas correspondentes aos pontos mais
comprimido do concreto e mais tracionado das barras da armadura. O processo para
construção do diagrama (M, N, 1/r) é iterativo e o fluxograma para o mesmo está
mostrado na figura 13.23.

O cálculo manual é extremamente trabalhoso optando-se pela utilização de ta-


belas ou ábacos, construídos para uma determinada seção retangular e para um ar-
ranjo de armadura, que forneça uma taxa mecânica 0 = (As fyd / Ac fcd), conforme a
figura 13.24. O ábaco dessa figura foi baseado nas tabelas do CEB, considerando
coeficiente de fluência  = 0, taxa mecânica 0 = 0,1, relação (d’/d) = 0,1 e aço com
fyd = 420 MPa.

13.37
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Figura 13.23 - Fluxograma para construção do diagrama (M, N, 1/r)


Adaptada de Fusco (1981)

Figura 13.24 - Diagrama (M, N, 1/r) - Figura 5.2.3-3 de Fusco (1981)

13.38
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Nota-se nesse ábaco que, para uma dada curvatura, a tendência de cresci-
mento do momento (0) para um acréscimo de força normal (0) só se verifica para

valores de 0 até (0,5). A partir deste valor essa tendência se inverte.

13.7.7 – Cálculo da carga crítica pelo método geral

Este método é considerado geral por ser aplicado a qualquer tipo de estru-
tura, podendo ser empregado no cálculo de barras com seção e carregamento va-
riáveis ao longo do comprimento. A carga crítica, por esse método, é determinada
a partir das deformações calculadas, considerando-se tanto a não-linearidade fí-
sica dos materiais quanto a não-linearidade geométrica da estrutura. Portanto, a
aplicação do método geral exige um trabalho muito grande.

Inicialmente traça-se o diagrama carga-deslocamento da estrutura ou barra,


aplicando-se um carregamento incremental, escolhendo-se um parâmetro , que
representa a parcela da carga aplicada, e um deslocamento de referência yref, apro-
priado à verificação da estabilidade da configuração de equilíbrio (ver figura 13.25). O
conjunto é estável se a cada incremento de “” corresponder um aumento do deslo-
camento de referência. A instabilidade do sistema ocorre quando a derivada da
curva carga-deslocamento é nula, ou seja, a curva passa por um máximo abso-
luto. Nessa situação, representada na figura 13.25, atinge-se a carga crítica e o cor-
respondente valor crit.

Figura 13.25 - Fundamento do método geral - Adaptado de Fusco (1981)


13.39
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

13.7.8 – Processo do carregamento progressivo proporcional

O processo do carregamento progressivo é o mesmo descrito acima. O carre-


gamento é proporcional porque em cada etapa a carga aplicada é proporcional a uma
parcela . Esse processo é exato devendo ser usado em peças de grande esbeltez
ou com seção variável ao longo do comprimento. O método será tão mais preciso
quanto menor for o incremento de carga aplicado. As etapas do processo são as se-
guintes (ver figura 13.26):

a) - O carregamento é aplicado em incrementos Fi, partindo-se de zero e au-


mentando-se todas as ações proporcionalmente ao mesmo parâmetro ;
b) - para cada etapa de carregamento calcula-se o deslocamento de referência
yref. Para o cálculo da flecha da etapa “n”, yn, correspondente ao carrega-
mento nF são considerados além do momento de 1a ordem devido a [(nF)
(e1)], o de 2a ordem produzido por [(nF) (yn-1)], onde yn-1 é a flecha da etapa
anterior;
c) - o carregamento crítico (critF) é aquele para o qual a curva carga-desloca-
mento tende assintoticamente.

Pelas etapas acima nota-se que a aplicação do método exato depende apenas
da obtenção do deslocamento de referência yref.

Em barras retas isostáticas basta apenas conhecer os diagramas (M, N, 1/r) e


usar a analogia de Mohr. Em estruturas hiperestáticas em cada etapa de carrega-
mento a estrutura deverá ser resolvida, considerando-se simultaneamente a não-line-
aridade geométrica da estrutura e a não-linearidade física dos materiais.

Obs.: A figura 13.26 será a mesma para o processo das excentricidades progressivas
(item 13.7.9), adaptada para uma carga (F) constante e as excentricidades aplicadas
de forma incremental (e1).

13.40
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Figura 13.26 - Processo do carregamento progressivo


- (Processo da excentricidade progressiva)
Adaptado de Fusco (1981)

13.41
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13.7.9 – Processo das excentricidades progressivas

No processo do carregamento progressivo a excentricidade de 1a ordem e1 é


mantida constante variando-se apenas a carga aplicada. Pode-se também determinar
a carga crítica mantendo-se a carga aplicada constante variando-se progressiva-
mente, apenas a excentricidade de 1a ordem, até um valor limite e1,crit.

Como no processo anterior, o cálculo é feito por etapas. Primeiramente aplica-


se uma excentricidade e1,1 = e1 e calcula-se a flecha de 1a ordem y1. Progressiva-
mente aumenta-se a excentricidade calculando-se a flecha na seção de referência,
levando-se em conta os efeitos de 1a ordem e de 2a ordem. Esse último é obtido com
a flecha calculada na etapa anterior. O valor crítico da excentricidade, e1,crit, é obtido
quando a curva (e1,i , yi) atinge inclinação nula, conforme mostrado na figura 13.26
(valores representado entre parênteses e escrito em itálico).

Uma vez conhecido o diagrama (e1, y) pode ser construído o diagrama (M, y)
para M = M1 + M2 = Fe1 + Fy (primeira mais segunda ordem), conforme figura 13.27.

Figura 13.27 - Valor crítico do momento de 1a ordem - Adaptado de Fusco (1981)

13.42
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Reciprocamente se for conhecido o diagrama (M, y), subtraindo o momento de


2a ordem M2 = Fy, obtém-se o valor do momento crítico de 1a ordem, M1,crit. Este será
o caminho utilizado no processo do pilar padrão, mostrado a seguir.

13.7.10 – Pilar padrão

Conforme visto anteriormente, a aplicação do método geral usando-se o pro-


cesso do carregamento progressivo proporcional exige em cada etapa de carga o cál-
culo da deformação da barra por meio da integração do diagrama de curvaturas. Esse
processo é extremamente trabalhoso para o cálculo manual. Como alternativa de sim-
plificação do método geral, criou-se o método do pilar padrão, aplicável apenas a bar-
ras com seção e armadura constantes ao longo do comprimento.

Por definição, pilar padrão é um pilar em balanço com uma distribuição de cur-
vaturas que provoque na sua extremidade livre uma flecha “a” dada por (ver figura
13.28):
 l2  l e2  1 

a  0,4      com le  2l (13.59)
 r base 10  r base

O princípio básico do pilar padrão é assumir que a sua deformada seja senoidal,
conforme equação (13.20). Dessa forma pode-se afirmar que a flecha máxima “a” seja
uma função linear da curvatura da seção da base, como visto na equação (13.22):

2
 1  l   1
y  K    e    (13.60)
r     r 

Como (2 ≈ 10), a equação (13.60) é a mesma que a (13.59).

Do exposto conclui-se que o pilar padrão é um pilar em balanço, com uma


deformada senoidal (figura 13.28). A flecha máxima “a” é uma função linear da
curvatura da base e depende apenas desta curvatura e do comprimento do pilar.

13.43
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Figura 13.28 - Pilar padrão - Adaptado de Fusco (1981)

13.7.11 – Processo do pilar padrão (com o método geral)

O princípio básico do pilar padrão consiste em calcular a flecha na extremidade


livre de uma viga em balanço assumindo função linear para a curvatura da seção da
base (equações 13.22 ou 13.60), y = K(1/r)base. O diagrama (Mbase, 1/rbase) pode ser
feito, conforme figura 13.29, a partir do diagrama (M, N, 1/r) da seção da base do pilar
padrão, sem a necessidade da integração de curvaturas ao longo do comprimento do
pilar.

Para uma seção transversal qualquer, conhecendo-se o diagrama (M, N, 1/r) e


admitindo-se um certo valor da força normal N aplicada, pode-se traçar a curva do
momento interno como função da curvatura da seção dada, Mint = F [(1/r)seção dada]. O
momento externo solicitante é dado por Mext = M1 + M2, com M1 e M2 momentos de 1a
e 2a ordem, respectivamente.

Admitindo-se pilar padrão, tem-se para a seção da base: M2,base = N a = N (le2


/ 10) (1/r)base. Dessa forma, como Mext = Mint, a parcela de 1a ordem na seção da base
é dada diminuindo-se do momento interno o momento de 2a ordem acima, resultando:

M1,base = Mint - M2,base (13.61)

13.44
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Figura 13.29 - Método geral com o processo do pilar padrão


Adaptado de Fusco (1981)

O valor máximo do momento de 1a ordem, M1,crit, corresponde ao estado limite


de instabilidade quando, conforme figura 13.29, a curva do momento interno tangencia
a reta paralela ao momento externo. Com esse cálculo, foi obtido apenas um ponto
do diagrama (N, M1,crit), para um certo valor do comprimento de flambagem le. Repe-
tindo-se os cálculos para um mesmo comprimento le e diferentes valores de força
normal N, obtém-se o diagrama de interação, como mostrado na figura 13.30 à es-
querda.

Figura 13.30 - Diagrama e ábaco de interação (M, N) - Adaptado de Fusco (1981)


13.45
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Para seções transversais que difiram apenas pela armadura, medida pela taxa
mecânica  = (As fyd / Ac fcd), podem ser traçados vários diagramas de interação for-
mando um ábaco, para um mesmo comprimento de flambagem le, conforme mostrado
a direita na figura 13.30 à direita.

Os resultados podem ser apresentados também em forma de tabelas de inte-


ração, como mostrado em Fusco (1981). Esse autor apresenta ábacos de interação
(, ), construídos a partir dos diagramas (M, N, 1/r) para aços nacionais (ver ÁBA-
COS no final do capítulo). O processo do pilar padrão com o método geral conduzirá
a resultados exatos se a linha elástica do pilar for realmente senoidal. Isso acontecerá
em barras com seção constante, não submetidas a carregamentos transversais. Caso
haja cargas transversais, o processo deve ser melhorado, chegando-se ao chamado
“método do pilar padrão corrigido”.

13.7.12 – Cálculo da carga crítica pelo método do equilíbrio

Como visto anteriormente, a determinação da carga crítica pelo método geral


exige sempre o traçado completo do diagrama esforço-deslocamento ou momento-
deslocamento. De fato, conforme figura 13.26, para o processo exato do carrega-
mento progressivo deve ser traçado o diagrama (F, y) e para o processo exato das
excentricidades progressivas o diagrama (M, y), também representado na figura
13.26, com valores entre parênteses e caracteres em itálico.

O processo simplificado do pilar padrão, que só deve ser usado com seção
constante, inclusive a armadura, na ausência de cargas transversais exige o traçado
de um diagrama (M1, 1/r), figura 13.29, de obtenção bem mais simples que os diagra-
mas (M, y) ou (F, y).

A ideia central do método do equilíbrio é evitar o traçado completo de um dia-


grama esforço-deslocamento. A verificação do estado limite de instabilidade é reali-
zada calculando-se apenas um ponto desse diagrama.

13.46
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13.7.12.1 – Método do equilíbrio - Processo do deslocamento de referência

Como visto anteriormente, a carga crítica pode ser calculada pelo método geral,
empregando-se tanto o processo das cargas progressivas quanto o das excentricida-
des progressivas. Em ambos os processos a carga crítica é encontrada quando a
flecha yref da seção de referência escolhida tende assintoticamente para uma reta
paralela ao eixo das abscissas, conforme figura 13.31.

Figura 13.31 - Processo do deslocamento de referência


Adaptado de Fusco (1981)

O método do equilíbrio com o processo do deslocamento de referência garante


que a segurança contra o estado limite de instabilidade está assegurada, se sob a
ação do carregamento de cálculo Fd ou da excentricidade de cálculo e1d, a flecha yref
da seção de referência, corresponda a uma configuração estável de equilíbrio.

Conforme mostrado na figura 13.32, calcula-se apenas um ponto do diagrama


esforço-deslocamento. No caso dessa figura, o diagrama (F, y) do processo do carre-
gamento progressivo.

O processo será ilustrado por etapas. Na primeira, aplica-se a carga Fd, com
excentricidade fixa e1, calculando-se a flecha de 1a ordem y1. O valor de y1 pode ser
calculado para qualquer tipo de variação da seção transversal ou de carregamento

13.47
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conhecendo-se o diagrama (M, N, 1/r). Na segunda etapa considera-se o efeito de 2a


ordem produzido pela flecha da primeira etapa (y1) e assim sucessivamente.

Figura 13.32 - Etapas do processo do deslocamento de referência


Adaptado de Fusco (1981)

Se as flechas calculadas y1, ... yn-1, yn constituir uma sequência convergente,


prova-se a estabilidade da configuração de equilíbrio. O único ponto calculado,
quando yn ≈ yd,ref, comprova a estabilidade da barra porque esse ponto só pode estar
no ramo ascendente da curva (F, yref), caso contrário estaria na situação da carga
crítica, onde essa curva tende assintoticamente para a direção horizontal ou no seu
ramo descendente, pós-carga crítica.

Quando a sequência é convergente sabe-se que a força de cálculo Fd é menor


que a carga crítica Fcrit. Nesse caso há uma reserva de segurança quanto ao estado
limite de instabilidade, embora não se possa precisar o quanto de reserva está dispo-
nível (ver figura 13.32).

13.48
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13.7.13 – Exemplos

13.7.13.1 – Exemplo 1

Calcular o pilar da figura 13.33 empregando-se o processo do pilar padrão com o mé-
todo geral. Usar a tabela de interação (M1d, Nd) para pilares esbeltos, Fusco (1981).

Figura 13.33 – Seção transversal e dados do pilar do exemplo 1


 1o cálculo ei = e1y = 13 cm
 Seção de extremidade
M1d,tot = Nd(e1y) = 1400x13 = 18200 kNcm > M1dy,min = Nd(1,5 + 0,03x60) = 4620 kNcm

Nd = 1400 kN M1dy = 18200 kNcm (e1y = 13 cm)

 Seção intermediária
M1d,tot = Nd(e* + eimp) + Nd e2
e* = 0,6 (MA/N) + 0,4 (MB/N) = 0,6x13 + 0,4x0 = 7,8 cm > 0,4x13 = 5,2 cm
1 1 1 1 600
1     eimp   1,22 cm
100 6 245 200 245 2
(e* + eimp) = 7,8 + 1,22 = 9,02 cm > e1y,min = (1,5 + 0,03x60) = 3,3 cm
Nd(e* + eimp) = 1400x9,02 = 12628 kNcm

13.49
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y = 3,46x600 / 60 = 34,6 < 1,min = 35  e2 = 0

M1d,tot = Nd(e* + eimp) + Nd e2 = 12628 + 1400x0 = 12628 kNcm

Nd = 1400 kN M1dy = 12628 kNcm (e1y = 9,02 cm)

Dimensionamento
a) Para a solicitação máxima (seção de extremidade, Nd = 1400 kN, e1y = 13
cm ) e usando-se a tabela para o traçado do diagrama de interação (M1d,
Nd), tem-se:

Nd 1400
0    0,64  0,6  0  0,7
0,85Ac fcd 30x600,852 1,4
M1d e 13
0    1  0,64x  0,139
0,85fcdA ch h 60

le / h = 600 / 60 = 10 (d’ / h) = 0,10

A tabela do Fusco (1981) (fig. 5.3.5-3) é de dupla entrada. Na entrada horizontal são
listados valores das forças normais reduzida 0 e na vertical os valores das taxas me-
cânicas de armadura 0. O valor procurado na realidade é 0, com o qual se calcula
a armadura As = (0,85fcdAc)0. Dessa forma com o valor de 0 = 0,139, que está entre
os valores 0,090 a 0,151 (em destaque na parte da tabela mostrada abaixo) encontra-
se que o valor de 0 procurado, está entre (0,0) e (0,1), assim como o valor de 0 =
0,64 está entre (0,6) e (0,7) e o valor de (le/h) = 10.

13.50
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Interpolando-se três vezes conforme abaixo:,

0 = 0,6 0 = 0,0 0 = 0,090


0 = 0,64 0 = 0,0 0 = 0,083
0 = 0,7 0 = 0,0 0 = 0,072
0 = 0,6 0 = 0,1 0 = 0,151
0 = 0,64 0 = 0,1 0 = 0,143
0 = 0,7 0 = 0,1 0 = 0,131

0 = 0,64 0 = 0,0 0 = 0,083


0 = 0,64 0 = 0,139 0 = 0,098
0 = 0,64 0 = 0,1 0 = 0,143

13.51
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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0,85Ac fcd 0,8530x602 1,4


As  0  0,098  4,92 cm2
fyd 43,5

As,tot = 2xAs = 2x4,92 = 9,84 cm2  4x1  20 mm (Ase = 12,57 cm2)

A tabela foi construída para armadura disposta apenas nos quatro cantos do pilar,
com relação (d’/h) = 0,1, e sd = 2‰ (fyd = 42 kN/cm2).

b) Para a mesma solicitação máxima (seção de extremidade, Nd = 1400 kN e


e1y = 13 cm ) e usando-se o ábaco do diagrama de interação (M1d, Nd), para
aço CA 50, As,tot = 2 As, nas duas faces com hx = 30 cm (não mais nos
cantos), (d’/h) = 0,1 e (le / h) = 600/60 = 10, tem-se:

Nd 1400
d   0,850   0,54
A c fcd 30x602 1,4
do ábaco   = 0,30

M1d e 13
d   0,850  d 1  0,54x  0,117
fcdA ch h 60

A s,tot 
A c fcd
0 
30x602 1,4 0,30  17.63 cm2
fyd 43,5

As = As,tot / 2 = 8,87 cm2 2x3  20 mm (face 30 cm) Ase,tot = 18,85 cm2

13.52
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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c) Calculando-se esse mesmo pilar como FNC, armaduras As ≠ A’s (Tepedino)


para d’ = 0,1h = 6 cm, d = 60 - 6 = 54 cm, tem-se:

Caso 1
1400(54 - 34)  18200
K = 0,488  KL = 0,295  K'  KL  0,295
1,214x30x542

A s1 
 
1,214x30x54 1- 1- 2x0,295  1400
 15,91cm2
43,5
1,214x30x54 0,488  0,295
A s2   9,82 cm2
43,5 1  6 54

Como As = As1+As2 < 0  passar para o caso 2


Caso 2

1400(30  6)  18200
y  6  62  2  29,7 cm  h  60 cm
1,214x30

d’/d = 6/54 = 0,11 < 2L = 0,259 e y/d’ = 29,7 / 6 = 4,95 > 0,137(54/6)+0,663 = 1,9

 =1
1400 - 1,214x30x29,7
As = 0 A's   7,32 cm2
1x43,5

Repetindo a armadura comprimida A’s nas duas laterais do pilar, tem-se:


As,tot = 2x7,32 = 14,64 cm2 2x4  16 mm (face 30 cm) Ase = 16,09 cm2

d) Usando o programa FNCAS (armadura simétrica), As = A’s, obtém-se:

X = 45,92 cm, As = A’s = 1,89 cm2


As,tot=2x1,89 = 3,78 cm2 < As,min = 0,4%Ac = 7,2 cm2
Adotar  2x3  12,5 mm / face (30 cm) (Ase = 7,36 cm2)

Obs.: a discrepância entre as armaduras As e A’s calculadas com as fórmulas de FNC


(Tepedino), letra c, e com o programa FNCAS, letra d, se explica por duas razões. A
primeira é que se repetiu a armadura A’s nas duas faces do pilar. A segunda é que,
para se ter o equilíbrio com uma região comprimida de concreto (y < h) e apenas uma
13.53
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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armadura de compressão A’s (As = 0 nesse caso 2), só foi possível com uma armadura
de compressão A’s = 7,32 cm2, com y = 29,7 cm. É possível obter o mesmo equilíbrio
com uma profundidade da LN, x = 45,92 cm (y = 0,8x45,92 = 36,76), com duas arma-
duras simétricas As = A’s = 1,89 cm2 (valores obtidos com FNCAS). A deformação na
armadura A’s será ’s = 3,95‰ > yd e a tensão será ’s = fyd com resultante R’sc =

1,89x43,5 = 82,2 kN (compressão). Analogamente na armadura A s, s = 0,80‰ < yd

e a tensão será s = 21000x0,80‰ = 16,8 kN/cm2 e a resultante Rst = 1,89x16,8 = 31,7


kN (tração). A resultante de compressão no concreto vale Rcc = fcby = 1,214x30x
(0,8x45,92) = 1338,2 kN. Portanto, a força normal interna resistente será NRd = 1338,2
+ 82,2 – 31,7 = 1388,7 ≈ NSd = 1,4x1000 = 1400 kN (diferença de 0,81%). O momento
interno resistente será MRd = (82,2 + 31,7)(30 - 6) + 1338,2x(30 - 0,4x45,92) = 18300,4
kNcm ≈ MSd = 1400x13 = 18200 kNcm (diferença de 0,55%).

Detalhamento na direção y
Será adotado o detalhamento com a armadura obtida pelo ábaco, opção b, 3  20 mm
por lado de 30 cm. Os estribos são de bitola  = 5 mm com espaçamento s = 12x2 =
24 cm > 20 cm (adotar 20 cm).

 2o cálculo ei = e1x = 5 cm

 Seção de extremidade

M1d,tot = Nd(e1x) = 1400x5 = 7000 kNcm > M1dx,min = Nd(1,5 + 0,03x30) = 3360 kNcm

Nd = 1400 kN M1dx = 7000 kNcm (e1x = 5 cm)

 Seção intermediária

M1d,tot = Nd(e* + eimp) + Nd e2


e* = 0,6 (MA/N) + 0,4 (MB/N) = 0,6x5 + 0,4x0 = 3 cm > 0,4x5 = 2 cm

13.54
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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1 1 1 1 1 600
1    , adotar 1   eimp   1,22 cm
100 6 245 200 245 245 2
(e* + eimp) = 3 + 1,22 = 4,22 cm > e1y,min = (1,5 + 0,03x30) = 2,4 cm

Nd(e* + eimp) = 1400x4,22 = 5908 kNcm

x = 3,46x600 / 30 = 69,2
b = 0,6 + 0,4(MB / MA) = 0,6 + 0,4x0 = 0,6 > 0,4
25  12,5e1 h 25  12,55 30
λ1    45,1
αb 0,6
Como x = 69,2 > 1 = 45,1  e2x ≠ 0
1400
  0,54  0,5
(30x60)(2/1,4)

6002 0,005
e2x   5,77 cm
10 300,54  0,5

M1d,tot = Nd(e* + eimp) + Nd e2 = 1400x4,22 + 1400x5,77 = 13986 kNcm

Nd = 1400 kN M1dx = 13986 kNcm (e1x = 9,99 cm)

Dimensionamento
a) Para a solicitação máxima (seção intermediária, Nd = 1400 kN, e1x = 9,99
cm) e usando-se a tabela para o traçado do diagrama de interação (M1d, Nd)
tem-se:
1400 9,99
0   0,64  0,6  0  0,7 0  0,64x  0,213
30x600,852 1,4 30
le / h = 600 / 30 = 20
Da tabela:
0 = 0,6 0 = 0,3 0 = 0,207
0 = 0,64 0 = 0,3 0 = 0,197
0 = 0,7 0 = 0,3 0 = 0,182

13.55
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

0 = 0,6 0 = 0,4 0 = 0,275


0 = 0,64 0 = 0,4 0 = 0,263
0 = 0,7 0 = 0,4 0 = 0,244

Para
0 = 0,64 0 = 0,3 0 = 0,197
0 = 0,64 0 = 0,213 0 = 0,313
0 = 0,64 0 = 0,4 0 = 0,263

0,8530x602 1,4
As  0,313  15,73 cm2
43,5

As,tot = 2xAs = 2x15,73 = 31,45 cm2  4x3  20 mm (cantos)

Para a solicitação máxima (seção de extremidade, Nd = 1400 kN e e1x = 9,99 cm) e


usando-se o ábaco do diagrama de interação (M1d, Nd), para aço CA 50, As,tot = 2 As,

13.56
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

nas duas faces hy = 60 cm (não mais nos cantos), (d’/d) = 0,1 e (e / h) = 600 / 30 =
20, tem-se:

Nd 1400
d   0,85 0   0,54
A c fcd 30x602 1,4
do ábaco   = 0,30
M1d e 9,99
d   0,850   d 1  0,54x  0,090
fcd A c h h 60

A s,tot 
A c fcd
ω0 
30x602 1,4 0,30  17,73 cm2
fyd 43,5

As = As,tot / 2 = 8,87 cm2 2x5  16 mm / face (60 cm) Ase = 20,11 cm2

b) Calculando-se esse pilar como FNC, armaduras As ≠ A’s (Tepedino) tem-se:


d’ = 0,1h = 3 cm (coerência com a tabela), d = 30 - 3 = 27 cm.

Caso 1
1400(27 - 15)  13986
K = 0,580  KL = 0,295  K'  KL  0,295
1,214x60x272

A s1 
 
1,214x60x27 1- 1- 2x0,295  1400
 15,91cm2
43,5
1,214x60x27 0,580  0,295
A s2   14,50 cm2
43,5 1  3 27

Como As = As1+As2 < 0  passar para o caso 2

Caso 2

1400(15  3)  13986
y  3  32  2  9,29 cm  h  30 cm
1,214x60

d’/d = 3/27 = 0,11 < 2 = 0,259 e y/d’ = 9,29/3 = 3,1 > 0,137(27/3)+0,663 = 1,9

 =1

13.57
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1400 - 1,214x60x9,29
As = 0 A's   16,63 cm2
1x43,5

Repetindo a armadura comprimida A’s nas duas laterais do pilar, tem-se:


As,tot = 2x16,63 = 33,26 cm2

c) Usando o programa FNCAS (armadura simétrica), As = A’s, obtém-se:

x = 21,05 cm, As = A’s = 7,65 cm2, (NRd = 1400,51 kN, MRd = 13972 kNcm)
As,tot = 2x7,65 = 15,30 cm2 2x4  16 mm Ase = 16,09 cm2

Detalhamento na direção x
Será adotado o detalhamento com a armadura obtida pelo ábaco, opção b, 2x5  16

mm, em cada lado de comprimento 60 cm. Os estribos são de bitola  = 5 mm com


espaçamento s = 12x1,6 ≈ 19 cm.

13.58
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Figura 13.34 – Detalhamentos do pilar do exemplo 1

13.7.13.2 – Exemplo 2

Calcular o pilar abaixo utilizando o diagrama de interação (M1d, Nd) para pilares
esbeltos (método do pilar padrão).

DADOS:
Seção - (22 / 100) cm2 fck = 20 MPa Aço CA 50
lex = ley = 880 cm N = 930 kN ei = 0 (compressão centrada)

Direção x (hx = 22 cm)


le 880
 x  3,46 = 3,46 = 138,4  90   x  140 , Deve ser considerada a fluência
hx 22

13.59
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 Desprezando-se a fluência

Md,tot = M1d,min + Nd e2x


Obs.: Como o comprimento de flambagem le = 880 cm (bem maior que os comprimen-
tos usuais) será verificado se Nd(e* + eimp) > M1d,min.

e* = 0 eimp = 1(H / 2) = [1 / (100x8,81/2)] (880 /2) =(1 / 296,7)(440) = 1,48 cm

Nd(e* + eimp) = Nd(0 + 1,48) = 1,48 Nd


Nd(e* + eimp) < M1d,min
M1d,min = Nd(1,5 + 0,03x22) = 2,16 Nd

Portanto o cálculo do momento total deve ser feito com a parcela de 1a ordem igual
ao momento mínimo.

M1d,min = Nd(1,5 + 0,03x22) = 2,16 Nd = 2,16x(930x1,4) = 2812 kNcm

e2x  o processo já leva em conta (le / h) = 880 / 22 = 40


 ábaco da página 187 de Fusco (1981)
Nd 1,4x930
d    0,414
A c fcd 22x1002 1,4

no ábaco = 0,6


M1d e 2,16
d    d 1  0,414x  0,041
A chfcd h 22

A c fcd 22x100x(2/1,4)
A s,tot   0,6  43,35 cm2
fyd 43,5

As,tot / 2 = 21,68 cm2  (2x7  20 mm, Ase,tot = 43,99 cm2)

 Considerando-se a fluência

Md,tot = Nd(e1,min + ecc) + Nd e2x

13.60
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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e1,min = 2,16 cm
 Msg
ecc  
 N
 ea  2,718 sg
Ne Nsg   1
 Nsg   , conforme equação (12.20).
  

Com:
Msg = 0
Nsg = 80%N = 0,8x930 = 744 kN (valor arbitrado)
ea = eimp = 1,48 cm
 = 2 (valor arbitrado) e = 1 (brita Gneiss)

 e 5600 20  100x223 
10   10 1x25044 88733
 EciIc
2  10  
Ne  =   12    10   2870 kN
le2 8802 8802
 2870- 744  
 
2x744 

ecc  0  1,482,718 - 1 = 1,48 2,7180,700 - 1 = 1,482,01- 1 = 1,50
 

(e1,min + ecc) = 2,16 + 1,50 = 3,66 cm

d = 0,414 d = 0,414(3.66 / 22) = 0,069  = 0,7

As,tot = 0,7[(22x100)(2 / 1,4)] / 43,5 = 50,57 cm2


As,tot / 2 = 25,29 cm2  (2x9  20 mm, Ase,tot = 56,55 cm2)

13.7.13.3 – Exemplo 3

Verificar a segurança contra o estado limite último de instabilidade para o pilar abaixo,
empregando-se o método do equilíbrio, com o processo do deslocamento de referên-
cia.
Dados: F0d = 1800 kN, F1d = F2d = F3d = F4d = 300 kN (valores de cálculo)
fck = 20 MPa fcd = 1,429 kN/cm2 fc = 1,214 kN/cm2 Aço CA 50
Taxa mecânica de armação  = 0,6 (constante em todas as seções)

13.61
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Figura 13.35 - Ações e esforços para o exemplo 3

Nd  e
d   0 , d   d
A c fc 0,85 h

1a Etapa - Esforços

h Ac Nd M1d e1
Seção d e1/h 1d
(m) (m2) (kN) (kNm) (m)
0 0,60 0,60 1800 0,25 0 0 0 0
I 0,70 0,70 2100 0,25 500 0,24 0,34 0,085
II 0,80 0,80 2400 0,25 1000 0,42 0,52 0,130
III 0,90 0,90 2700 0,25 1500 0,56 0,62 0,155
IV 1,00 1,00 3000 0,25 2000 0,67 0,67 0,168

13.62
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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1a Etapa - Cálculo das flechas

(1/r)x103
Seção  d 1d 103(d/r)** d=0,95h y (cm)
(m-1)
0 0,6 0,25 0 0 0,57 0 8,13
I 0,6 0,25 0,085 0,72 0,67 1,07 4,87
II 0,6 0,25 0,130 1,23 0,76 1,62 2,23
III 0,6 0,25 0,155 1,54 0,86 1,79 0,56
IV 0,6 0,25 0,168 1,72 0,95 1,81 0

(**) valores interpolados dos diagramas (d-d-d/r) para aço CA 50, (d’/h) = 0,05

com d = 0,20 e d = 0,30 de Fusco (1981).


Fazendo apenas para a seção I:
Para d = 0,20,  = 0,6, 1d = 0,085 do ábaco 103(d/r) = 0,73

Para d = 0,30,  = 0,6,  1d = 0,085 do ábaco 103(d/r) = 0,70

Para d = 0,25,  = 0,6,  1d = 0,085 103(d/r) = (0,73 + 0,70) / 2 = 0,72


Para as demais seções se faz de forma análoga.
As flechas são calculadas usando-se a analogia de Mohr, carregando-se ficticiamente
o pilar com as curvaturas encontradas na 1 a etapa, conforme a figura 13.36. O “mo-
mento fletor” no pilar carregado com as “curvaturas” é a flecha no ponto desejado.

yIV = 0

yIII = 10-3[1,79x2,52/2 + (0,02x2,5/2)(1,67)] = 5,64x10-3 m = 0,56 cm

yII = 10-3[1,79x2,5x3,75 + (0,02x2,5/2)(4,17) + 1,62x2,52/2 + (0,17x2,5/2) (1,67) =


22,30x10-3 m = 2,23 cm

yI = 10-3[1,79x2,5x6,25 + (0,02x2,5/2)(6,67) + 1,62x2,5x3,75 + (0,17x2,5/2) (4,17) +


1,07x2,52/2 + (0,55x2,5/2)(1,67)] = 48,71x10-3 m = 4,87 cm

13.63
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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y0 = 10-3[1,79x2,5x8,75 + (0,02x2,5/2) (9,17) + 1,62x2,5x6,25 + (0,17x2,5/2) (6,67) +


1,07x2,5x3,75 + (0,55x2,5/2)(4,17) + (1,07x2,5/2)(1,67)] = 81,25x10-3 m = 8,13 cm

Figura 13.36 - Curvaturas e flechas da 1a etapa

2a Etapa - Esforços

h y (cm) e2
Seção νd e2/h e1/h e/h 1d
(m) (1a etapa) (cm)
0 0,60 0,25 8,13 0 0 0 0 0
I 0,70 0,25 4,87 3,26 0,05 0,34 0,39 0,098
II 0,80 0,25 2,23 5,90 0,07 0,52 0,59 0,148
III 0,90 0,25 0,56 7,57 0,08 0,62 0,70 0,175
IV 1,00 0,25 0 8,13 0,08 0,67 0,75 0,188

2a Etapa - Flechas

13.64
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(1/r)x103 y (cm) Erro


Seção  νd 1d 103(d/r) d=0,95h
(m-1) (2a etapa) (%)
0 0,6 0,25 0 0 0,57 0 9,59 15,2
I 0,6 0,25 0,098 0,88 0,67 1,31 5,71 14,7
II 0,6 0,25 0,148 1,53 0,76 2,01 2,58 13,6
III 0,6 0,25 0,175 1,78 0,86 2,07 0,65 13,8
IV 0,6 0,25 0,188 1,97 0,95 2,07 0 0

3a Etapa - Esforços

h y (cm) e2
Seção νd e2/h e1/h e/h 1d
(m) (2a etapa) (cm)
0 0,60 0,25 9,59 0 0 0 0 0
I 0,70 0,25 5,71 3,88 0,06 0,34 0,40 0,100
II 0,80 0,25 2,58 7,01 0,09 0,52 0,61 0,153
III 0,90 0,25 0,65 8,94 0,10 0,62 0,72 0,180
IV 1,00 0,25 0 9,59 0,10 0,67 0,77 0,193

3a Etapa - Flechas

(1/r)x103 y (cm) Erro


Seção  νd 1d 103(d/r) d=0,95h
(m-1) (2a etapa) (%)
0 0,6 0,25 0 0 0,57 0 9,78 1,9
I 0,6 0,25 0,100 0,89 0,67 1,33 5,84 2,2
II 0,6 0,25 0,153 1,51 0,76 1,99 2,66 3,0
III 0,6 0,25 0,180 1,85 0,86 2,15 0,67 3,0
IV 0,6 0,25 0,193 2,01 0,95 2,12 0 0

13.65
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Figura 13.37 - Cargas aplicadas na 2a etapa - Flechas superpostas das 3 etapas

A segurança do pilar foi demonstrada porque as flechas dos diferentes pontos


analisados, após três etapas convergem atingindo, portanto, uma posição de equilíbrio
estável. Esse exemplo tem caráter apenas demonstrativo (verificar a segurança contra
a instabilidade), apresentando flechas maiores que as reais, porque o diagrama ten-
são-deformação usado para o concreto foi o diagrama parábola-retângulo de cálculo
da NBR 6118. Esse diagrama, correspondente ao estado limite último de ruina, ruptura
à compressão do concreto ou de alongamento plástico excessivo da armadura, leva
a uma estimativa exagerada das flechas.

Normas internacionais admitem diagramas semelhantes ao de cálculo acima


onde se usou pico = 0,85 fcd, considerando agora tensão de pico do concreto como

sendo 0,85 fck ou fck, para pilares esbeltos ( > 90) ou pilares muito esbeltos ( > 140).

13.66
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ÁBACOS

13.67
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Tabela para traçar diagramas de interação (M1d, Nd) para pilares esbeltos
FUSCO (1981)

13.68
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Ábacos de interação (M1d, Nd) para pilares esbeltos - FUSCO (1981)

13.69
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Ábacos de interação (M1d, Nd) para pilares esbeltos - FUSCO (1981)

13.70
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.71
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.72
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.73
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.74
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.75
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.76
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.77
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.78
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.79
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
___________________________________________________________________________

Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.80
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.81
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.82
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.83
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.84
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Instabilidade
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Diagramas Momento Fletor-Força Normal-Curvatura (, , d/r)


FUSCO (1981)

13.85

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