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Instituto Tecnológico de Aeronáutica

Divisão de Engenharia Civil-Aeronáutica

Relatório
Carga de Flambagem de colunas no regime elástico
linear

EDI-32 – Análise Estrutural II


Instrutor Eliseu Lucena Neto
Mateus Arraes Feitosa Borges
Ygor Rodrigo de Melo Fontes Santos
Civil 20
São José dos Campos, 14 de dezembro de 2018.
Índice
1. Introdução.....................................................................................................................................................3
2. Objetivos.......................................................................................................................................................7
3. Materiais Utilizados.......................................................................................................................................8
4. Procedimentos e Resultados.........................................................................................................................9
5. Conclusão........................................................................................................................................................
6. Referencias......................................................................................................................................................

.111Equation Chapter (Next) Section 1


1. Introdução
Na mecânica das estruturas, uma peça estrutural é idealizada como uma barra quando possui
duas dimensões principais da mesma ordem de grandeza e muito menores do que a terceira. As barras
são designadas de colunas quando são solicitadas preponderantemente à compressão.

As trajetórias de equilíbrio de uma coluna são as curvas que se formam no espaço θP, sendo P a
carga de compressão que age sobre a peça e θ o seu deslocamento. A trajetória de equilíbrio primária é
a que surge naturalmente com a aplicação da carga sobre a coluna, e, portanto, contém o ponto no qual
ela se encontra indeformada (com P=0).

Quando ocorre o fenômeno da perda de estabilidade de equilíbrio ao longo de uma trajetória,


diz-se que a coluna flamba. A carga a que a peça estrutural está submetida quando ocorre esse
fenômeno é denominada de carga de flambagem. Como a trajetória primária é a que emana
naturalmente da aplicação da carga, denomina-se de carga crítica a menor das cargas de flambagem ao
longo dessa trajetória.

As figuras abaixo mostram um trecho de uma coluna na configuração de equilíbrio, estando a


coluna sujeita unicamente a uma carga P de compressão. O campo de deslocamento é definido pelas
componentes u(x) e v(x) de deslocamento do eixo da viga e pela componente β (x) de rotação da seção
transversal:

Os esforços que atuam na seção transversal em análise podem ser decompostos nas forças
normal N e cortante Q ou nas forças horizontal H e vertical V. Conhecendo-se o ângulo β , essas
componentes podem ser relacionadas por meio das seguintes expressões:

H=Ncos ( β ) +Qsen( β ) equação 1

V =−Nsen ( β ) +Qcos(β ) equação 2

Do equilíbrio de translação na direção x, decorre que ∆H deve ser nulo. Logo,


3
∆H
lim =H , x=0 equação 3
∆ x→ 0 ∆X

Analogamente, do equilíbrio de translação na direção y, decorre que

V , x=0 equação 4

A equação de equilíbrio de rotação em relação a um eixo paralelo a Z, que passa pela


extremidade direita do trecho é:

∆ M −V ( ∆ X +∆ u )+ H ∆ v=0 equação 5

Dividindo a expressão acima por ∆X e tomando o limite para ∆X→0, obtém-se a seguinte
expressão:

M , x−V ( 1+u , x )+ Hv , x=0 equação 6

Substituindo as equações 1 e 2 nas equações 3,4, e 6, obtêm-se as seguintes equações de


equilíbrio:

( Ncos ( β ) +Qsen ( β ) ) , x=0 equação 7

(−Nsen ( β ) +Qcos ( β ) ) , x=0 equação 8

M , x + N [ ( 1+u , x ) sen ( β )+ v , xcos ( β ) ] −Q [ (1+u , x ) cos ( β )−v , xsen ( β ) ] =0 equação 9

Considerando u,x e v,x muito menores do que 1 e a força cortante muito menor do que a normal,
obtêm-se a partir das equações acima as seguintes expressões:

N , x=0 equação 10

(−Nβ+Q ) , x=0 equação 11

M , x + N ( β+ v , x )−Q=0 equação 12

A partir da equação 10, conclui-se que N é constante na flambagem. Em cada uma das
extremidades da coluna, atua uma força P de compressão, logo N=-P. E, portanto, têm-se as seguintes
equações de equilíbrio:

( Pβ+Q ) , x=0 equação 13

M , x−P ( β +v , x )−Q=0 equação 14

4
Adotando-se a teoria de vigas de Euler-Bernoulli, pode-se introduzir β=−v , x nas equações 13
e 14, obtendo-se:

(−Pv , x +Q ) , x =0 equação 15

M , x−Q=0 equação 16

Substituindo a equação 16 na equação 15, obtém-se a seguinte equação:

M , xx −Pv , xx=0 equação 17

Sendo “E” o módulo de Young do material e “I” o momento de inércia de área da seção
transversal da coluna, como as deformações são muito pequenas, é válida a seguinte equação
constitutiva:

M =EIk =−EIv , xx equação 18

2 P
Substituindo-se a equação 18 na equação 17 e considerando α = , obtém-se a equação:
EI

2
v , xxxx +α v , xx=0 equação 19

Essa é a equação diferencial da flambagem linearizada de colunas com rigidez à flexão EI


constante e submetidas a uma carga P de compressão, de acordo com a teoria de Euler-Bernoulli.
Buscando soluções da forma e sx , sendo s constante, pode-se concluir que a solução geral da equação 19
pode ser expressa da seguinte forma:

v=C1 sen ( αx ) +C 2 cos ( αx ) +C 3 x +C 4 equação 20

A coluna analisada no experimento é biapoiada, como mostra a figura abaixo:

Sendo L o seu comprimento, ela está sujeita, então, às seguintes condições de contorno:

v ( 0 )=0 equação 21

v ( L )=0 equação 22

5
''
M ( 0 )=0 → v ( 0 )=0 equação 23

''
M ( L )=0 → v ( L )=0 equação 24

Substituindo as equações acima na equação 20, obtém-se um sistema homogêneo de equações


lineares em C 1, C 2, C 3 e C 4:

equação 25

Esse sistema, que é, na verdade, um problema algébrico de autovalor, tem solução não trivial se

equação 26

Como α ≠ 0 , pois a carga P não pode ser nula, então a equação 26 resulta em:

sen ( αL )=0 equação 27

A solução da equação acima é:

αL=nΠ , sendo n natural não−nulo equação 28

A solução acima resulta nos seguintes valores de carga:

Π ² EI
P=n ² equação 29

A carga crítica, que corresponde ao primeiro autovalor, é obtida tomando n=1:

Π ² EI
Pcr = equação 30

6
2. Objetivos

Com a realização desse experimento, espera-se:

a) A determinação da carga de flambagem de uma coluna biapoiada no regime elástico linear.


b) A comparação do resultado obtido com o valor teórico.

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3. Materiais Utilizados

Para a realização do experimento, foram utilizados os seguintes materiais e dispositivos:

1. Uma coluna de aço, com módulo de Young igual a 210000 Mpa e seção transversal
retangular com dimensões 18,7 mm x 1,7 mm.
2. Célula de carga
3. Relógio comparador digital.

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4. Procedimentos e Resultados

Inicialmente se estabelece a barra através da máquina de modo que se estabelecem as restrições


desejadas às extremidades, ambas biapoiadas no caso do experimento. Uma vez com a barra
apoiada, buscou-se regular as medidas através do relógio comparador digital de modo que o
deslocamento fosse nulo para situação inicial em que a barra não é submetida a carregamento.
Promoveu-se o aumento de carregamento através da leitura do mostrador digital de força. Uma
vez que um dos objetivos era determinar o comportamento e através desse determinar a carga crítica
aproximada, tentou-se estabelecer as leituras para medidas igualmente espaçadas de acréscimo de
força da ordem de 0,10 Kgf.
O acréscimo deveria ser efetuado até se encontrar um patamar para o qual o deslocamento da
barra se torna praticamente constante mesmo com o acréscimo de força. Uma vez com esse patamar
alcançado, deve-se encerrar o experimento de modo a se manter a barra na região elástica e então
não se alterar as propriedades da barra.
Uma vez com a barra analisada e com os dados para formação da curva estabelecidos, troca-se a
orientação da barra e então repetem-se os procedimentos anteriores para se determinar novamente o
valor da carga crítica e do comportamento da barra. Essa nova medida com o lado oposto tem por
objetivo permitir uma nova análise para verificar os efeitos de imperfeições e precisão dos
equipamentos, de modo a estabelecer uma incerteza na medida da barra.
As tabelas abaixo bem como os gráficos de deslocamento por força aplicada representam as
condições de cada barra e então nos permite calcular e determinar os comportamentos.

Tabela 1: Dados de deslocamento e força aplicada no 1º experimento


Deslocamento da barra(mm) Força de compressão aplicada(Kgf)
0 0
0.14 2.1
0.21 2.7
0.31 3.2
0.43 3.5
0.53 3.8
0.60 4
0.73 4.2
0.88 4.1
0.96 4.5
1.05 4.7
1.11 4.8
1.22 5
1.34 5
1.48 5.2
1.55 5.3
1.63 5.3
1.77 5.4
9
1.88 5.6
1.97 5.7
2.05 5.7
2.16 5.8
2.26 5.6
2.38 5.6
2.57 6
2.70 6.1
2.83 6
2.96 6
3.06 6.2
3.12 6.2
3.19 6.3
3.28 6.3
3.37 6.4
3.43 6.4
3.54 6.4
3.65 6.4

Representação do 1º Experimento dos pontos aplicados e da aproximação da curva


através de uma série de Fourier.

10
Tabela 2: Representação dos pontos para o 2º experimento
Deslocamento da barra(mm) Força de compressão aplicada(Kgf)
0 0
0.17 3.7
0.25 4.3
0.32 4.8
0.45 5.9
0.53 6.1
0.67 6.2
0.77 6.4
0.81 6.4
0.98 6.6
1.03 6.6
1.15 6.6
1.27 6.7
1.35 6.8
1.45 6.8
1.54 6.8
1.62 6.8
1.74 6.8

Representação do 2º Experimento dos pontos aplicados e da aproximação da


curva através de uma série de Fourier.

Percebe-se que apesar de errar nas extremidades as aproximações de Fourier nos


permitem interpretar de forma mais exata o comportamento da curva durante seu
desenvolvimento, apesar de tal, chama-se atenção para os valores das forças para quais se
alcançaram os patamares, ou seja a força máxima para cada experimento

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5. Conclusão

Inicialmente se percebe uma grande discrepância entre cada uma das análises,
comparando-se com o resultado teórico verificam-se os afastamentos conforme abaixo:

Experimento Valor obtido de Valor teórico da Desvio da idealidade


Força Crítica Força Crítica

1 6,8 9,48 28,27%

2 6,4 9,48 32,49%

Diante de tal, percebe-se que os desvios de idealidade para o modelo ideal são
determinantes no cálculo desses esforços críticos, entretanto ainda se encontra de acordo com o
esperado para o experimento que seria menor que a carga teórica. Dentre os fatores que possam
apontar essas diferenças, destacam-se os seguintes:

1. Imperfeições nos apoios e carregamento


Os apoios para os quais a barra está submetida não são perfeitos, para tanto
qualquer desvio nesses apoios que permitam maior liberdade ao movimento da
barra alteram o resultado. Além disso destaca-se que o carregamento aplicado
sob a barra também não é perfeitamente axial, promovendo com isso fuga ao
modelo proposto na idealidade.
2. Carregamento externo do relógio Comparador Digital
Ao efetuar a medição do deslocamento da barra, o relógio comparador digital
também promove um carregamento externo a barra, contrariando a hipótese de
que o carregamento da barra se efetua unicamente de modo axial.
3. Imperfeições do Material aplicado
O material apresentado para análise pode não se comportar perfeitamente como
um material elástico linear devido a desgastes em ensaios mecânicos, chegando
ao regime plástico e com isso alterando as propriedades do material. Além disso
o desgaste do material com o tempo também pode promover corrosões e
comportamentos adversos, impedindo a proximidade do modelo ideal.

12
Diante de tais efeitos a equipe entende os desvios de idealidade apresentados
pelos experimentos como razoáveis e propõem experimentos posteriores para
dimensionar os efeitos de cada fator anteriormente explicitado.

13
6. Referencias

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