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Bayer. Staatsbibliothek
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PROVAS
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HISTORIA
GENEALOG
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CASA REAL
PORTUGUEZ
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1
Bayerische
Ataatsbibliothe k
München
PROVAS
D A
HISTORIA
GENEALOGICA
D A
CASA REAL
PORTUGUEZA ,
Tiradas dos Inſtrumentos dos Archivos da Torre
do Tombo , da Sereniſſima Caſa de Bragança ,
de diverſas Cathedraes , Moſteiros , e ou
tros particulares deſte Reyno ,
POR
D. ANTONIO CAETANO DE SOUSA ,
Clerigo Regular, Deputado da Junta da Bulla da Cruzada,
Cenſor da Academia Real.
TO MO V.
LISBOA ,
Na Regia Officina SYLVIANA , e da Academia Real.
V , DCC . XLVI.
Com todas as licenças receffarias.
\
"
IN D E X
DOS
DOCUMENTOS,
Que contém o Tomo V, da Hiſtoria Genealo
gica da Caſa Real.
L I V R O VII.
Em
que ſe continuað as Provas, que nao couberað
no Tomo IV .
NuOUdmemmi. r 44.paCarta de Ayo delRey D. Afonso VI. paſada do Conde de
a, g. 1 .
Dit. Num. 44. Formulario , que se deu ao dito Ayo
pag. 2. , que se deu ao dito Ayo no anno de 1657 ,
Num . 45. Ordens , que se mandarað praticar no ſerviço delRey D. Affon
so VI. pag. 3.
Num. 46. Carta de Eſcrivað da Puridade delRey D. Afonſo V 1. paſſada
ao Conde de Caſtello- Melhor ,pag. 6.
Num. 47. Regimento do dico Officio , pag. 8.
Num . 48. Tratado do casamento delRey D. Affonso VI. com a Rainha D.
MariaFr anciſca de Saboya , pag . 10 .
Num. 49. Renuncia, que ElRey D. Affonſo VI. fez no Infante D. Pedro
seu irmao, pag. 16 .
Num . 50. Oraçao, que fez o Cardeal de Efreé , Protector de Portugal ,
na preſença do Papa, quando mandou celebrar as Exequias delRey D.
Afonso VI. pag. i7 .
Num. 51. Decreto para o Conde de Prado exercitar o Oificio de Eſribei
ro môr , quando voltar do Governo das Amnis do Minho , pag.
18.
Num . 52. Doação da Villa de Béja , por ElRey D. Joao o II. do Senhor
D. Manoel, Duque da dita Villa , pag. 18.
Num. 53. Doaçaõ del Rey D. Joaó o IV . ao Infante D. Pedro ſeu filho,
Cida Bé
Mano de de pa ja2, com o titulo de
da Duque , como a teve ElRey D.
el , & c. g. 0.
Dit. Nu m . 53. Carta porque ElRey D. João o III. fez Duque de Béja ,
do Infant D. Luiz , pag 21 .
e .
Num . 54P. Doaçao daQuinta de Quéluz , e suas pertenças , do Infante
D. edro , &c . pag. 24.
Num d,r 55.pa Cart2 a de Afintamento de Disque de Béja , do Infante D. Pe
o , g. 4 :
Num.
Num . 56. Doação do Infante D. Pedro , da Villa de Serpa, e seu Ter
mo , pag. 25
Num . 57. Alvará delRey D. Joao o IV . porque fez merce 10 Infante D.
Pedro, da dignidade de commendador môr da Ordem de Chriſto , pag. 26.
Num. 58. Bullà do Papa Pio V. em que concede os Preſtimonios à Casa
de Villa Real , pag. 26.
Num. 59. Alvará delRey D. Joao o IV . porque faz merce do Infante D.
Pedro , para que os Preftimonios , que der, seja com o Habitode Chris
to , pag. 30.
Num . 60. Alvará delRey D. Joao o IV . do Infante D. Pedro , das Lezi
rias da Golegãa , de Borba, dc. pag. 30 . 3
'
Num. 125. Bulld do Papa Benedicto XIV. em que sogeitou a Igreja de
Lisboa Oriental à Santa Igreja Patriarcal de Lisboa e lhe dá o ti.
tulo de Patriarcal Baſílica de Santa Maria , e concede o titulo de Prin
cipaes as Dignidades, e Conegos da Santa Igreja de Lisboa , pag. 283 .
Num. 126. Alvará delRey D. Joao V. em que abolio o Alvará das duas
Cidades Occidental, é Oriental , man tando ſe chame só:nente Lisboa ,
pag. 289.
Dit. Num. 126. Decreto para a Misa do Dese nbtrgo do Paço , ſobre
que tinha ceſſido a diſtinção em Lisbos , de Occidental, e Oriental,
pag. 290 .
Num. 127. Bulla do Papa Benedicto XIV . em que ſupprimio o antigo Ca
bido da Igreja de Santa Maria, pag. 291.
Num. 128. Bulla do meſino Papa, em que erigio hum Seminario Patriar
cal na Cidade de Lisboa , pag. 301 .
Num. 129. Copia das Cartas delRey D. João V.para que se celebre coin
o m.iyo culco o Myſterio da Conceiçaõ de Nosſa Senhora , pag. 310.
Num. 130. Bulla da erecç1o do Bispado do Gríó Pari, pag. 311.
Num. 131. Auto da entregado Corpo de Principe D. Pedro , pag. 314.
Num. 132. Oraçaõ do Nuncio doPapa Clemente XI. quando entregou as
faxas para ó Principe do Braſil , pag. 315. 11
LI V R O VIII .
N Um. 1. Doaçao delRoy D.Filippe II. do Senhor D. Duarte, das
Villas de Frechilha , e Villa Daniel, com o titulo de Marquez , tudo
de juro , pag. 283.
Num .2. Eſcritura dotal da Senhora D. Brites , Condeſa de Oropeza ,
com o Senhor D. Duarte , pag . 393 .
Num. 3. Breve do Papa Urbano Vill.para o Senhor D. Duarte , pag.
427.
Num. 4. Teftamento do Senhor D. Duarte , pag. 428.
Num. 5. Contrato de casamento do Senhor D. Diniz , filho do Duque de
Bragança D. Fernando II. com D. Brites de Caſtro , herdeira do Con
dado de Leiros , pag . 433 .
Num. 6. Teftamento do Senhor D. Diniz , pag. 438.
Num. 7. Caita delRey D. Affonso V. confirmada por ElRey D. Filippe II.
dá Alcaidaria , e 'rendas da Villa de Eſtremož , e das terras da Vila
la de Vouga , Deixo , Oles , Paos , e Vilarinho, pag. 450.
Num. 8. Contrato de caſamento de D. Maria de Noronha , herdeira do
Conde de Odemira , com o Senhor D. Affonſo , filho do Duque de Bra
gança , pag . 453 .
Num . 9. Carta porque o dito Senhor.D. Affonſo foy feito Conde de Faro ,
pag. 456.
Num . io. Carta de aſſentamento do dito Conde, pag. 458.
Num . 1. Bulla do Papa Paulo 11. porque relaxou o juramento a ElRey
D. Affonso V. para haver de dar Faro ao Senhor D. Affonſo ,pag. 459.
Num. 12." Alvará para o Conde de Faro poder apreſentar o Officio de Cou
del da Villa de Eſtremoz , pag. 460.
Num
Num. 13. Carta de confirmaçãő delRey D. Alfonſo V. a D. Affonso Conde
de Faro, da Doação feita por Joáő Gallego , pag. 461.
Num. 14. Carta porque ElRey do Conde de Faro , e Odemira , revogou
quaeſquer Carias, que tiveſſe paſſado em prejuizo dos ſeus privilegios ,
Pag. 462.
Num. 15. Carta dos moradores do Algarve à Camera de Lisbod , para
que se naõ dê o Senhorio de Faro a peſſoa alguma ,pag. 463.
Num. 16. Alvará de Foro de Fidalgo Cavalleiro, a D. Franciſco de Fa
ro , pag. 465.
LI V RO IX.
NuUmm. 1. Doação , que fez o Duque de Bragança D. Fernando I. e
a Duqueza D. JoannadeCaſtro, ao Senhor D. Alvaro , ſeu filho ,
dos direitos Reaes de Béja , e outras rendas , pag. 467.
Num . 2. Carta do Oficio de Chanceller môr do Reyno , ao Senhor D. Al
varo , pag. 475.
Num . 3. Doaçaõ do Duque de Bragança , que fez a ſeu irmão , o Senhor
D. Alvaro , das Villas de Cadaval , Peral , & c. pag. 476.
Num. 4. Contrato de caſamento do Senhor D. Alvaro , com D. Filippa de
Mello , herdeira do Condado de Olivença , pag. 480.
Num. 5. Carta do Senhor D.Alvaro , que eſcreveo a ElRey D. Joső o 11.
no tempo , que eſteve em Caſtella , pag. 492.
Num . 6. Alvará de licença para D. Filippa de Mello , mulher do Senhor
D. Alvaro , poder ir para ſeu marido , pag. 499;
Num. 7: Certidão do livro di Viita dosConegos da Congregação de S.
Josó Euangelift, da obrigação do seu Moſteiro de Evora , do Padroa.
do do Duque de Cadaval, tem de o nomearem na Collecta , pag. 500.
Num. 8. Contrato de caſamento de D. Maria de Menezes , com o segun
do Conde de Portalegre , D. Joao da Syiva, pag. 501.
Num. 9. Carta de aſentamento do Conde de Tentugal D. Rodrigo de Mel.
10 , pag. 507 .
Num . 10. Carta porque Eldey concedeo do dico Conde de Teniugal para
obrigar certos bens para segurança do dote da filha de D. Pedro Por
10 Carrero , pag. 508.
Num. 11. Contrato do caſamento do dico Conde de Tentugal, com D.
Leonor de Almeida , pag. 509 ;
Num. 12. Bulla do Papa Paulo Ill. porque concede ao primeiro Marquez
de Ferreira , D. Rodrigo de Mello , os Preſtimonios ,ou Beneficios Soma
plices , de certas Igrejas , o Padroado delles à fua Caſa , pag. 513.
Num. 13. Bulla do Papa Gregorio XV. em que confirmou a ditá Bulld
dos Preſtimonios concedidos à Casa de Ferreira , pag. 519.
Num. 14. Breve de muitas graç.es concedidas do primeiro Marquez de
Ferreira , e seus fucceffores , pag. 523.
Num . 15. Contrato , e tranſacção entre ó Marquez de Ferreira D. Fran
ciſcó de Mello , e feu ſobrinho D. Alvaro de Mello , pag. 531 .
Dit. Num . 15. Contrato de caſamento do segundo Marquez de Ferreira,
546.
com a Senhora D. Eugenia, filha do Duque de Bragançă, pag.Num.
1
Num. 16. Alvará da Duqueza D. Joanna , Sobre o dote de fud filha
com o Marquez de Ferreira , pag. 549.
Dit. Num. 16. Carta de Marquez de Ferreira a D. Franciſco de Mela
lo , pag . 549.
Num. 17. Carta de Conde de Tentugal de juro , e herdade , pag. 550.
Num. 18. Carta de Conde de Tentugal para o filho primogenito do Mar
quez de Ferreira , pag. 551.
Num . ig. Carta porque Elrey fez merce do Marquez de Ferreira, de
todas as Villas, e mais couſas, que tinha da Coroa , de juro , fóra da
Ley Mental , pag. 552,
Num . 20. Alvará do titulo de Marquez de Ferreira , ao Marquez D.
Franciſco de Mello , para seu filho , e neto , pag. 553;
Num . 21. Carta da Rainha D. Luiza para o Duque de Cadaval , en
que lhe dá conta da morte delRey D. Joao o IV . pag. 553.
Num. 22. Carta para o Marquez das Minas eſtar à ordem do dito Du
que , pag. 554.
Num. 23. Carta para o Conde de Gallovay eſtar à ordem do meſmo Du
que , pag . 555.
Num. 24. Alvará para o Duque de Cadaval fazer morgado de certos
bens , & c. pag. 555 .
Num . 25. Decreto para o Duque ir à Junta dos Tres Eſtados , pag.
556.
Num. 26. Contrato do casamento de Duque D. Jayme , com a Princeza
Henriqueta Julia , pag. 557.
3
LI V R O X.
Num. 1. Carta delRey D. Duarte,em
, que faz merce ao Conde de
Ourem , de lhe confirmar a doaçao do Condeſtavel, dos Reguengos de
Sacavem , &c. pag. 567.
Num. 2. Carta delRey D. Duarte, em que faz merce ao dito Conde da 1
PRO
1
1
PROVAS
DO LIVRO VII.
DA
HISTORIA
GENEALOGICA
D A
CASA REAL
PORTUGUEZA .
Continuaő as Provas do dito Livro promettidas, que nað
couberaõ no Tomo IV .
A RAYNHA,
Q Varta feira que rem , quefe contaó fete do corrente feNum . 45.
to do forte, e le ha de ſervir com os officiaes e creados An . 1660 .
de ſua caza na meſma forma , e com os meſmos regimentos com que
o fazia ElRey que Deos tem e o fizerað ſempre os Senhores Reys
deftes Reynos ſeus Avoz. Mas porque Sua Mageftade pela idade em
que ſe acha nao eſcuza ſer aſſiſtido de dia e de noute de duas pef
ſoas em quem concorraó , a qualidade , authoridade , e partes que
convem ; refolveo que em quanto nað tinha idade para eſcuzar tað
continuaCamareiro
aſſiſtencia , cinco officiaes de ſua caſa, que fað Mordomo
mor و mor , Eſribeiro mor , Repolteiro mor , Porteiro
Tom . V. A ii mor
4 Provas do Liv .VII. da Hiſtoria Genealogica
mor tomate cada hum delles por turno ſua ſemana , para o vir acom -
panhar, e que o official que tiver ſemana , durma , é aſlina no Paço
dando pela `menhâ a camiza , e veſtindo a Sua Mageftade e deſvef
tindoo à noute , e aſſiſtindolhe fem o perder de viſta , menos nas
horas de liçaó , que Sua Mageftade quer tomar mais fecretamente e
1
trainar
Gencraes das Armadas , Almeirantes , e todos os officiaes
{randes de paz , e guerra , pelos quais com fuperioridade ſe adme
niftra o governo publico , como fáó os Prezidentes de Tribunaes , 1
1
IO Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
de qualquer outro oficio , ouregimento , que neſte ſe derrogueem
todo ou em parte. Dado neſta Cidade de Lisboa aos doze dias do
mez de Março Luis Teixeira de Carvalho o fez. Anno do naſci
mento de Noſſo Senhor Jezus Chriſto de mil e ſeiſcentos ſeſſenta e
tres . Antonio de Souza de Macedo o fis eſcrever.
ELREY,
XIX .
Et enfin les dits Seigneurs Duc d'Eſtrées , et Evêque et Duc
de Laon s' obligent , et promettent au nom de Monſieur le Duc de
Vendôme , que lui , et tous ceux de fa maiſon , s'emploieront en
france , et par tout ailleurs pour tout ce qui regardera les interets
( L.S.) du Sereniſſime Roy de Portugal , comme ils feroient pour les leurs
propres , et dans toutes les occaſions qui s'en preſenteront ; Et à cet
effet le dit Sereniſime Seigneur Roy pourra tenir en francé , et prés
de Monſieur le Duc de Vendôme la perſonne qu'il jugera neceſſai
re ; Comme pareillement Monſieur de Vendômepourra tenir prés du
( L.S. ) Sereniffime Roy de Portugal telle perſonne qu' il jugera convenable.
Je Louis Matharel Conf."du Roy en ſes Con.es , et Secret.re gñal de
la Marine commis , et choifi ' à cet effet par les dits Excellens
Seig's les Duc , et Mareſchal d'Eſtrées , et Duc et Evêque de Laon , i.
ai fais écrire les preſens articles en la maiſon de l' Excellent Seig
neur Marquis de Sande, Ambaſſadeur Ext. " du Sereniſſime Roy de
( L. S.) Pertugal vers le Roy de la Grande Bretagne à Paris le vingt qua
triéme jour de Fevrier Mil fixcens ſoixante fix.
Fr.co de Mello de Thorres. Le Duc d'Eſtrées.
Marquez de Sande .
Ceſar d'Eſtrées Evêque Duc de
Laon , pair de france.
Doaçao da Villa de Béja , hoje Cidade, com todos ſeus Termos , por
ElRey D. Joað Il. ao Senhor D. Manoel , Duque de Béja.
Exá no livro 2 dos Myſticos, pag. 101 , na Torre do
Tombo .
Num. 52. DOm Toaó para graçade Deos Rey de Portugal,edos Algarves
An. 1489. quantos eſta noſſa Carta virem fazemos ſaber que eſguardando nos
aos grandes inerecimentos de D. Manoel meu muito prezado , e ama
do Primo Duque de Beja , e Vizeu , e Senhor de Covilhaá , e de
Villa Viçoza, Condeſtabré de noſſos Reynos , Governador daOr
dem , e Cavallaria do Meſtrado de Chriſto', e aſli10 grande , ejunto
con
da Caſa Real Portugueza. 19
junto devido que tem comnoſco , e o amor , e ſingullar afeiçao que
The temos por as grandes virtudes, e bondades que delle conhecer
mos , e que por eſtes reſpeitos , e a grande rezaó de o acreſſenta
mos , e lhe fazermos bem , e merce ſegundo requere a grandeza de
ſeu Eſtado querendo em alguã parte a eſto ſatisfazer como a todo
virtuozo Rey , e Princepe convem de fazer primeiramente aquelles
que tað grande, e leal , e verdadeiramente , e com tanto amor e
grande acattamento tem ſervido , e ſerve , e ao diante eſperamos fer
virâ , e aſlim por lhe fazermos graça , e merce nôs de noſſo motto
proprio, e livre vontade , certaſciencia, poderabſoluto , ſem nol
lo elle requerer , nem outrem por elle , e de prazer , e conſentimen
to do Princepe meo ſobre todos muito prezado , e amado filho , lhe
fazemos pura, e irrevogavel doaçað de juro , e herdade entre vivos
valledoura deſte dia para todo ſempre para elle e todos ſcos herdeiros
filhos , nettos e defcendentes por linha direita ſegundo forina da
Ley mental da noſſa Villa de Beja com feo Caſtello , e Fortaleza , e
com todos ſeos Termos entradas, e fahidas , recios , pacigos , mon
tes rotos , e por roinper , e com toda ſua juriſdição alta , é baixa
tributos , foros que nos
mero miſto Imperio rendas , e direitos , e tributos,
e os Reis de Portugal em ella de direito havernos e devemos da
ver aſſy, e tað compridamente como a nos pertence rezervando pa
ra nos correiçao , e alçada , e lhe damos poder que os Juizes , e Ta
balliaés ſe chamem por elle , e que elle dê por luas Cartas os tabal
liados quando vagarem , e le ao preſente algüs direitos , rendas , tri
butos , ou outras couſas faó fora da noſa mao por termos a outrem
feita merce doaçao dello , queremos , e nos praz que quando das taes
meras doaçoens'eſpirarem , e as couſas aſlim dadas ouvellem de tor
nar a nãs que o dito Duque meo Primo as haja , e cobre para sj , e
as logre , e poſſua com os outros direitos , e rendas que por eſta
doaçað lhe outorgamos , e damos , a qual merce , e doaçaö da dita
Villa de Beja com feo Caſtello , e Fortalleza , e couſas em eſta Doa
çaõ acima eſcritas lhe aflim fazemos ſem embargo de quaeſquer leys,
e ordenaçoens , grozas , oppinions de Doutores , e façanlas , e Ca
pitulos de Cortes geraes , nem eſpeciacs , cſillos , uzos , cofunie ,
que contra eſta Doaçao , ou parte della leja ) , ou contradigaó por
que tudo callamos , é annullamos , e havemos realimente por nenhum ,
é de nenhum vallor em eſte cazo quanto a eſta doaçaó , ou parte
della toca ; e porem mandamos aos noſſos Vedores da noila faze: 1
da , e Contador , e Corregedor da Comarca , que o metaš logo em
poſle da dita Villa , juriſdiçao , rendas, e direitos, e a todellos fi
dalgos , Cavalleiros , Eſcudeiros , vaſallos , moradores , e povo da
dita Villa , e feu termo que lhe obedeçaó , por cuanto nós lhe faze
mos dellas merce como dito he. Dada em a dita Villa de Beja a
vinte e finco dias do mes de Mayo Pantalliaó Dias o fes anno do
Naſcimento de noſſo Sonhor Jeſus Chriſto de mil coatrocentos ou
tenta e nove annos .
Tom . V, C ii Doação
20 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
Doaçað delRey D. Joað IV . 20 Infante D. Petro feli filho , da
Cidade de Béja , com o titulo de Duque, na forma, que ElRey
- D. Joað o II. a deliao Senhor D. Manoel ; e de toda a Caja
de Villa-Real, e de Caminha , confiſcada para a Coroa , e de.
baixo da dita doaçao, com as mefinas juriſdicções, que a Cala
de Bragança, e que o primogenito do posſuidor da Caja, aſim que
naſcer , le chame Duque de Villa -Real. Eſtá na Torre do Tome
bo , na Chancellaria do anno 1654 , pag. 99 , do livro 6.
ros com todos ſeus ternios e lemites e com todas ſuas rendas porta
gens direitos foros tributos pertenças montados rios palligos montes
fontes entradas e ſahidas matos rotos e por romper e todas e quaef
quer rendas e couzas que nas ditas Villas e ſeus termos c lemites e
terras e Concelhos tenho e de dereito me pertençam e aſſy como
todo para mim ſe arrecada e deve arrecadar e eu o ley e de derei
to deva haver e melhor ſe elle com dereito melhor o puder haver
peTuir e arrecadar reſalvando ſomente para mim as rendas das minhas
fizas que nam ham de entrar nem ſe entender neſta doaçam e ficaram
para le arrecadar para mim aſſy como agora ſe arrecadam e ao dean
te arrecadarem e com todos os Caſtellos e Alcaydarias mores das di
tas Villas e Lugares e terras e rendas e direitos delles e com todas
ſuas jurdiçoés de Civel e Crime mero mixto Imperio reſalvando pa
ra mim ſomente a Correiçam e alçada e com a dada de todos os of
ficios das ditas Villas e Lugares terras e Concelhos que forem de
minha dada e provimento tirando os da arrecadaçao das fizas e com
todos os Padroados das Igrejas das ditas Villas Lugares terras e
Concelhos que forem de meu Padroado e aprezentaçao tirando e re
ſalvando aquellas que a feitura deſta minha Doaçam ſam tomadas e
emcorporadas em Comendas da Ordem do Meſtrado de Noſſo Senhor
Jezu Chriſto porque neſtas nað havera lugar e porem das Vigairarias
e Reytorias das ditas Igrejas me praz que elle porta prover e pro
veja a quem lhe aprouver por fallecimento daquelles que as tiverem
e em qualquer outra maneira em que vagarem e os que dellas pro
ver ſe confirmaraó nellas a ſua aprezentaçam pellos Perlados das Dio
cezis em que forem ſegundo de dereito ſe deve fazer e quero e me
praz que ſe poſa chamar e chame Senhor das ditas Villas e terras e
quero ally melino e lhe outorgo que os Juizes e Taballiaēs das ditas
Villas
da Caſa Real Portugueza. 23
Villas Lugares terras e Concelhos ſe chamem por elle e que os di
tos Taballiaés pola dar e dê por ſuas Cartas por elle allinadas e
afelladas do ſeu Sello fem ſerem obrigados aquelles a que delles
prover a tirar minha confirmaçam fem embargo de minha ordenaçam
no livro ſegundo titulo prinieiro que come la como as Raynhas e If
fantes e ſomente tomarao de minha Chancellaria ſeus Regimentos e
que poſſa confirmar e confirme por ſuas Cartas os Juizes que fahirem
feitos por elleiçoēs ſegundo forma de minhas ordenaçoes e affy mer
mo lhe outorgo que feus Ouvidores poſſam conhecer e conheçam
dos agravos aſſy como delles haviam de conhecer os meus Correge
doresdas Comarcas ſe a elles follem e os deſpachem como lhe pare
cer dereito e juſtiça Outro ly lhe faço ałły doaçam e merce para en
todos os dias de ſua vida da Alcaydaria mor e Caſello e rendas del
le da minha Cidade de Tavilla todo aſſy e na maneira que agora le
arrecada e a mim pertence e melhor fe elle com dereito o melhor
puder haver arrecadar e pelluir e porem por quanto algumas das ren
das e direitos das ditas Villas e terras e Alcaydarias mores e rendas
dellas ſam agora occupadas com as peſſoas a que ſam dadas Declaro
que nam havera eſta merce e doaçam lugar naquellas couzas que a fei
tura della ſom dadas e confirmadas por mim as peſſoas que as teni
e ſomente havera effeito quando por falecimiento dellas ou em qual
quer outra maneira vagarem e entam as havera e viram a elle Porem
mando a todos meus Corregedores Juizes Juſtiças officiaes e peſloas a
que eſta minha Carta for moſtrada e o conhecimento della pertencer
que metam o dito Iffante meu Irma) e aquellas peſſoas que ellc em
ſeu nome e com ſeu poder enviar em poffe da jurdiçam das ditas Vil
las e Lugares terras e Concelhos ally como por eſta dcaçam lho ou
torgo e o leixem della uzar por ſy e por ſeus Ouvidores como nella
fe conthem e como por minhas ordenaçoés o devem e podem fazer e
aſfy meſmo lhe mando aos Juizes e officiacs das ditas Villas e Luga
res que vagando as Alcaydarias mores dellas lhe dem a poſſe com
ſuas rendas e dereitos ally como lhe pertencerem e aquellas peſſoas
que elle dellas prover e aos meus Contadores Almoxarifes e officiaes
de minha fazenda que das rendas e direitos das ditas Villas e Lugares
terras e Concelhos lhe dem a poſle vagando por aquelles que as ago
ra tem para as haver e arrecadar aſſim como por eſta doaçam lhas ou
torgo e ally das Igrejas que foreni de meu Padroado e aprezentaçam
que vagarem por aquelles que as tem no modo que dito he e la todos
em geral e a cada hum em eſpecial no que por bem de ſeus officios
The tocar mando que em todo e por todo lhe cumpraó e guardem e
façam muy inteiramente cumprir e guardar eſta minha doaçam como
nella he contheudo ſem duvida nem embargo algum que lhe a ello fe
ja poſto porque alfy he minha merce e os ditos meus Contadores fa
çam regiſtar nos livros dos meus proprios eſta doaçam para ſe faber
como aſly tenho dado todo o que dito he ao dito Iffante meu Irmao
em ſua vida e o dito Iffante meu Irmað me fez preito e menagem
pellas Fortallezas e Caſtellos das ditas Villas ſegundo foro uzo e
coſtume deftes meus Reynos a qual fica allentada no livro das me
nagens
24 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
nagens Dada em a Cidade de Coimbra a ſinco dias de Agono o
Secretario a fez Anno de Noſſo Senhor Jezu Chriſto de mil qui
nhentos e vinte e ſete.
!
Doaçao da Quinta de Queluz , e ſuas pertenças , do Infante D.
Pedro , em quanto durar a auſencia do Marquez de Caſtello
Rodrigo. Eſtá no Archivo da Torre do Tombo , Chancel
laria delRey D. Joao IV. do anno 1654 , pag . 22.
Num. 54. E U EIRey faço ſaber aos que eſte Alvarâ virem que por fazer
merce aó Infante D. Pedro ireo muito amado , e prezado filho;
An. 1654. Fey por bem darlhepara fy, e ſucceſſores de fua CazaaQuinta de
Quelús, e ſuas pertenças que foi do Marques de Caſtello Rodrigo,
e a poſſuo hoje por minha fazenda ; com declaraçaó que conſtando
que he de Morgado lla concedo em quanto durar a auzencia dos
fucceffores , e cellando ella largarà o Infante livremente o que for
demorgado ſem duvida , ou embargo algum , ou ſe comporâ com o fuc
cellor do morgado ſe o quizer fazer que ſerà ſempre intervindo evidente 1
Num . 55. D Om Joað por graça de Deos Rey de Portugal, e dos Algar
ves daquem , e dalem mar em Africa , Senhor de Guinê , e da
An . 1655 .
Conquiſta navegaçaó , comercio da Ethiopia , Arabia , Perſia , e da
India , &c. Faço ſaber aos que eſta minha Carta virem que haven
do reſpeito o ter declarado ao Infante Dom Pedro rreo muito ama
do , e prezado filho Duque de Beja ley por bem , e me praz , que
tenha , e haja de minha fazenda com o dito Tittullo de Duque fet
tecentos e fincoenta mil reis cada anno que he outro tanto como tem
os mais Duques delle Reino de Portugal os quaes comeſTarâ a ven
cer de onze de Agoſto do anno paſſado de fcifcentos fincoenta e coa
tro em diante en que lhe foi pallada a Carta do dito Tittullo de Du
que , pello que mando aos Vedores de minha fazenda lhe façað afſen
tar os ditos ſettecentos e ſincoenta mil reis nos livros della , e def
pachar
da Caſa Real Portugueza. 25
pachar do dito tempo em diante cada anno em parte donde haja del
les bom pagamento , e por firineza de tudo lhemandei dar eſta Car
ta por mim aſlinada , e lellada com o ineo Sello pendente. Joað da
Silva o fes em Lisboa a fette de Mayo de mil e feiſcentos ſincoenta
e ſinco annos. Fernao Gomes da Gama o fes eſcrever,
ELREY .
Tom. V. D Alvará
--
26 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
Alvará delRey D. Joað IV. porque faz merce da dignidade de
Commendador môr da Ordem de Chriſto , ao Infante D. Peo
dro. Eſtá na Chancellaria da dita Ordem , no livro, que
principia no anno 1054 , pag . 298.
Anoel de da Coſta firvo
Num . 57. nda
cellaria da Ordem de Chriſto certifico , que a folhas duzentas
An. 1654. e noventa e outo do livro da Chancellaria da dita Ordem que ſervio
o anno de mil e ſeiſcentos ſincoenta e coatro athe mil e feiſcentos
ſincoenta e ſinco eſtaa regiſtado hum Alvarâ paſſado ao Senhor Infan
te Dom Pedro cujo theor he o ſeguinte.
Eu ElRey como Governador , e perpetuo Adminiſtrador que
fou do Meſtrado , Cavallaria , e Ordem de Chriſto faço ſaber aos
que eſte meo Alvarâ virem , que tendo reſpeito a vagar por falleci-.
mento do Infante meo muito amado , e prezado Irma) que Deos
perdoe a dignidade de Comendador mor da Ordem de Chriſto de
que o tinha provido por Decreto de trinta de Mayo do anno de
feiſcentos e quarenta e outo , e a concorrerem na peſſoa do Infante
Dom Pedro meo muito amado , e prezado filho as meſmas razoens, e
motivos que tive para nomear ao Infante D. Duarte o nomeyo Co
mendador inor da meſma Ordem , aſlinandolhe os meſmos doze mil
cruzados que lhe limitei, e ſempre farað pela Comenda mayor , e
pelas que o Infante poſfuhia da Caza de Bragança de que ſe paſſara ,
ao Infante Portaria por onde lhe toca e o que faltar a comprimen
to dos ditos doze inil cruzados , terei lembrança de lhe fatisfazer bre
vemente nas Comendas que vagarem advertindo que as da Caza de
Bragança ham de tornar a meſma Caza deſpois dos dias do Infante
inteirandoſſe entao a dignidade de outra tanta quanthia como eſtas
importarem pelas Comendas da Provizao da Coroa, e mando â Me. 1
e Ordens paſſe logo deſpacho ao Infante de 1
que mandey paſlár o preſente Alvarâ que vallerâ como Carta poſto
que leo effeito haja de durar mais de hum anno fem embargo de (
OS
0
Alvará delRey D. Joao IV. em quefaz merce ao Infante D. Pe
f dro, para que os Ouvidores de Villa-Real poſao prover as fer
је ventias dos oficios das juſtiças,aſim como o fazem os Cor
IM
as
regedores da Comarca . Eſtá na Chancellaria do
ó
dito Rey , que principia em 1654 , pag . 147.
1
fe EMnaUEEIRey faço faber aos que eſte Alvarâ virem que por quanto Num. 61 .
Carta de Doaçao que foi paſſada da merce que fui fervido fa
ta
re zer ao Infante D. Pedro ineo muito amado , e prezado filho da Ca- An . 1656.
le
za de Villa -Real ſe nað declarou por palavras expreſſas que os Ou-.
2
vidores das terras da dita Caza proveſlem as ferventias dos officios
e
de juſtiças dellas aſſim como as podem prover os Corregedores das
Comarquas conforme a ordenaçaő , e ley do Reyno , e fomente ſe
2
refferio a dita Doaçaó , e merceao provimento que os Ouvidores das
terras da Caza de Bragança faziao das ditas lerventias conforme az
Alvarâ que foi paſladoaos Duques daquelle Eſtado enn os dous de
Outubro de ſeiſcentos e dezaſete annos , e Carta de confirmaçao pal
ſada em trinta e hum de Mayo de ſeiſcentos e trinta e outo pela
qual ſe moſtra ſer concedida a dita merce aos Duques ſomente
nað aos ſeos Ouvidores , e para que neſta materia naó pofla haver
duvida , nem interpetraçaó em contrario me praz , e hey por bem
declarar por eſte Alvarâ que nað fò os Ouvidores das terras do Eſta
do de Bragança , mas tambem os da de Villa -Real de que tenho fei
to merce ao Infante D. Pedro meo filho poſlaó prover , e provejað
as ferventias dos oficios das juſtiças della aſſim , o da maneira que o
fazem os Corregedores das Comarcas na forma da dita ordenaçao ,
e mando a todos os Deſembargadores , e mais Miniſtros , officiacs,
e peiloas a que o conhecimento diſto pertencer cumprað , e guarda
eſte Alvara inteiramente como nelle le contem o qual ſe regiſtarâ
com
32 Provas da Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
com a Doaçao acima referida que trata das ſerventias nos livros das
Camaras das terras do Eſtado de Bragança , e Caza de Villa-Real,
e nas de mais terras de que o Infantehe Donnatario para nellas ha
ver noticia do que por eſle houve por bem de declarar , e me praz
que valha , tenha força , e vigor como le foſſe Carta feita em meo
nome por mim aſſinada ſem embargo da ordenaçað em contrario. An
tonio Marques a fes em Lisboa a vinte e tres de Julho de ſeiſcen
tos ſincoenta e ſeis. Antonio Rodrigues de Figueiredo a fes eſcre
yer.
REY .
2
Alvará delRey D. Affonſo VI. em que concede , que os Ouvido
res do Ducado de Béja , e Villa-Real, paſſem Cartas de ſe.
guro em fios terras , em caſo de morte , e outros malefia
$ cios. Eſtá na Torre do Tombo , na Chancellaria do
dito Rey , pag. 55 , doliv .do anno de 1657.
Tom . V. E Alvará
34 Provas do Liv .VII. da Hiſtoria Genealogica 1
Deves
Om, Affonço
daquem ,por
e graça de Deos
dalem mar Rey dePortugal,
em Africa edosAlgar- Num
, Senhor de Guine, e da. 67.
An. 1663 .
7 Conquiſta navegaçao Comercio da Ethiopia , Arabia , Perſia , e da
1 India , & c. Faço ſaber aos que eſta minha Carta de Padrao , e Doa
) çaó virem que por parte do Procurador da fazenda do Infante D.
Pedro meo niuito amado , e prezado Irmað me foi aprezentada huma 量4
Carta de
Tom
Doaçao da Caza de Villa Real que vagou pela confiſcaſſao.
do
. V. E ii
:
36 Provas do Liv . VII. da Hiſtoria Genealogica
do Marques , e Duque de Caminha que meo Pay , e Senhor ElRey
D. Joao o quarto que eſtaa em gloria havia feito merce ao dito In
fante cujo treslado he o ſeguinte.
D. Joað por graça de Deos Rei de Portugal , e dos Algarves
daquem , e dalem mar em Africa , Senhor de Guine , &c. Faço ſa
ber aos que eſta minha Carta virem que tendo reſpeito ao que fou
obrigado como Rei , e Pai a dar ſuſtentaçao , e Caza aos filhos que
Deos por ſua divina miſericordia me conſedeo , e a que fou tambem
a acreſfentar meos deſcendentes para conſervaçao , e defenſa da Co
roa procurando vivaó em o Reino , e tenha ) ſucceſſoens em que ſe
perpetue , e dillate o mais que puder ſer o ſangue , e familia Real
em que tanto conſiſte o explendor do Reino , e a uniao com os ef
tranhos lembrandome que ſuccedi neſta Coroa por deſcendente do Se
nhor Rej D. Manoel meo Treſavou dezejando conſervar como devo
ſua memoria nað fo de Rey que ſe perpetua em mim , e meos fuccef
ſores primogenitos , mas a de Duque de Beja que foi antes de ſuc
ceder na Coroa no Infante D. Pedro meo muito amado , e prezado
filho , e ſeos deſcendentes multiplicando em meos filhos as memorias
de taố grande Principe tendo por certo do Infante que o ſaberâ imi
tar muito como deve, e que me ſaberâ ſervir a miin , e ao Principe
ineo ſobre todos muito amado , e prezado filho , e mcos ſocceffores
na Coroa deites Reinos_toda a honra , e merce que lhe fizer. Hey
por bern de o declarar Duque de Beja, e de lhe dar aquella Cidade
com toda ſua juriſdicçao crime, e civel, datas , Padroados, rendas ,
foros e tributos aſſim , e da maneira , e do modo , e forma en
>
ELREY .
para ſempre para elle as ter com a dita Caza a que andað annexos,
e os mais fucceffores a que deſpois vier , e outro ſim mando aos meos
Miniſtros de juſtiça , ou fazenda a que eſte for appretentado para o
comprimento delle , 'o cumprað , e guardem tað intejramente como
ſe nelle contem que por firmeza de tudo lho mandei por mim alli
nado , e tellado com o meo Sello pendente do qual nað pagou di
reitos novos por ſer do Infante. Luis da Silva ő fes em Lisboa a
quinze de Septembro de ſeiſcentos ſeſſenta e tres annos. Francifco
Pereira de Bitancor o fes eſcrever.
ELREY.
mais lhe fes merce do Paul de Magos que havia pouco tinha manda
do romper e todo o ſobredito de juro , e herdade na forma es
da lej
mental para a dita Sereniſima Senhora Infante , e ſeos fucceffor tal
vando o direito dos donatarios que tiveſſem nas ditas coufas que fi
caria em ſeu vigor em quanto duraſſem os termos de ſuas doaçoe ns,
c que acabados elles da maneira que os ditos bens , e juriſdiçoens, 4
1
da Caſa Real Portuguez 4. 41
ver com particullar conſideraçað o que renderia) as ditas dattas , e
prerrogativas, e precedendo eſta dilligencia ouve por bem declarar
è eſtimar o vallor das ditas Doaçoens em quinhentos mil cruzados
que a Coroa daria a dita Senhora Infanta ſuccedendo o cazo referido
advertindo por hora que como o Paul de Magos ſe rompera por con
ta do dito Senhor havia elle ſempre no dito cazo de ficar a ſua def
poziçao deſpois da deixaçao da dita Senhora Infanta como mais lar
gamente ſe contem no dito Alvarâ e que por quanto agora eſtava
tratado , e effeituado o cazamento da dita Senhora Infanta com o Se
nhor Rey da Grað Bretanha viera o cazo prevenido nas ditas Doa
çoens de tomar eſtado fora do Reyno , e eſtar o Patrimonio Real ex
hauſto com os grandes deſpendios que padeceo no tempo da dita ad
miniſtraçao dos Reys de Caftella , e com as grandes deſpezas que
tem feito na guerra por diſcurſo de tantos annos , e em ſuas Con
quiſtas, e ſe nao achar a Coroa em eſtado para remir , e ſatisfazer o
vallor e eſtimaçaó de doaçaó que o dito Senhor fes a dita Senhora
Infanta da dita Cidade de Lamego , Villa de Moura , Selleiro de
Serpa , e Paul de Magos como acima vai declarado , é ſer preciza
mente neceſſario valerſe a dita Senhora da dita eſtimaçaó para ſe com
por parte de ſeu dotte , e deſpezas precizas , e neceſarias para o
apreſto de ſua viagem ao Reyno de Inglaterra ( que felice ſeja ) e
que em reza ) difto hera neceſſario buſcarſe meyo conveniente para
a dita Senhora Infanta ſe poder valler do vallor eſtimaçao da dita Ci
dade de Lamego , Villa de Moura , e feos Selleiros , e Paul de Ma
gos , e nao havia outro mais proporcionado que vender , e treſpaſ
far á dita Senhora Infanta os tais bens , allim , e da maneira que lhe
pertenciaõ por vertude das ditas doaçõens , é alvarâ ao dito Senhor
Infante D. Pedro , o que ſendo preſente a S. Mageſtade , que Dcos
guarde ouve por bem dar licença aos ditos Senhores Infánte , c In
fanta para que por ſeos Procuradores , ou pelas peſſoas que feos po
deres tivellem pudeſſem comprar , e vender os ditos bens , terras, di
reitos , e juriſdiçoens como mais largamente conſta do Alvara de trin
ta de Agoſto deſte preſente anno que tambem ao diante hirâ tresla
dado , e que para a dita compra , e venda ſe fazer com mais legu
rança de huma, e outra parte de preſente , e ao futuro o dito Senlior
ouvera por bem de ſuprir a menoridade dos ditos Senhores Infantes
e todas as mais ſolemnidades , requeſitos por direito , e ordenaçao do
Reyno para ſe poderem comprar , e vender os bens dos menores co
mo ſe todos actualmente entrevieſlem na dita compra , e venda de
clarada no dito Alvara derrogando todas as leis que fizeſſem em con
trario havendo -as por expreflas , e declaradas para o meſmo eflcito
ſem enibargo da ordenaçað , livro ſegundo tittullo quarenta e coatro
em contrario como mellor ſe vê da poſtilla poſta nas coſtas do dito
Alvara da datta de vinte e dous de Setembro proximo paſlado. E
por quanto des o tempo em que ſe deſtinou a dita venda preceden
do as informaçoens neceſſarias ſe confcrio por muitas vezes por 1:o
mens peritos , e de experiencia , e miniſtros que tinha ) rezaố de ia
vallo
ber doTem r , e eſtimaçað da dita Cidade de Lamnego , Villa de
. V. Moura ,
42. Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
Moura , Selleiros , e Paul de Magos com todas ſuas rendas , e direi
tos , juriſdiçoens , Padroados , prerrogativas aſſim , e da maneira que
ſe referem na dita Carta patente ſe achou , e concluio , e achou ler
a eſtimaça ) , e comum preço a quantia de cento e fincoenta mil cru
zados pouco mais , ou menos , e neſte preço , e quantia eſtavaó elles
ditos Procuradores de parte , a parte ajuſtados em virtude dos pode
res de ſuas procuraçoens , e por aſſim ſer elle Lecenciado Franciſco
Lopes Henriques da procuraçao que tinha da dita Senhora Infanta
diſle que em nome da dita Senhora vendia como em effeito vendeo ,
e treſpaſſou deſte dia para todo ſempre em o Lecenciado Bento Car
dozo Ozorio como Procurador do dito Senhor Infante D. Pedro 9 e
feos herdeiros , e ſucceſſores a dita Cidade de Lamego , Villa de
Moura , Selleiros, e Paul de Magos com todas ſuas pertenças , pa
droados , juriſdiçoens , mero , e miſto imperio , dattas , direitos, fo
ros , tributos , e prerrogativas , e aſſim , e da maneira que todo vai
declarado na 'dita Carta patente , e pertencia) , e podia ) pertencer 4
natarios que ouver na dita Ilha , e mais lugares declarados neſta Doa
çað que ficarà em feo vigor cin quanto durarem os termos de ſuas
Doaçoens, e acabadas ellas de maneira que hajaó de tornar os bens,
juriſdiçoens, e o mais que pofluhirem a Coroa de meos Reynos nað
vagarað para ella , fenao para a Infanta , e ſeos ſucce{lores para as te
rem , e poſſuirem na forma defa Doaçað , e faço a Infante a Doa
çað deſta Ilha , e mais contheudas neſta Carta coin tal declaraçao que
le tomar Eſtado fora do Reyno , e por eſta rezao , ou outrà igual
mente poderoza lhe quizer a Coroa ſatisfazer o juſto vallor deſtas
Doaçoens ſerà obrigada a deſiſtir dellas , e poſto que os beneficios
da dita Ilha te proveja) como da Ordem de Chriſto pella Meza da
Conſciencia os concedo a Infante , e ſcos ſucceſſores para os prover
como Donatarios daquelles Padroados, ou do uzo delles aflim , e da
naneira que a Caza de Bragança prove alguảs Comendas da meſma
Ordem , e tendo neceffario fazer tambem eſta Doaçao dos bencficios,
c da Ilha como Meſtre, e Governador , e perpetuo Adminiſtrador
da Ordem de Noito Senhor Jeſus Chriſto o faço como tal ou de ju
ro , e herdade , ou quando niſto haja impedimento em vida de tres 1
peſſoas no melhor modo , e forma que puder ler para que tenha feo
comprido efeito para o que fendo outro ſin neceſſario fe fupplicara
a S. Sanctidade executando a doaçaó aſſim neſta parte , como em to
das as mais muito pontual, e inteiramente no melhor modo , e for
ma que convier , e quando haja contra ella , ou contra alguá parte
por pequena que ſeja tal impedimento , ou em todo , ou em parte
naó polta eſta doaça) ter comprido effcito. Hey por bem que a par
臺4
46 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
te em que o nao puder ter fe ft:pra em outra cquivallente em tal mo
do , e forma que ſempre tenlia cficito , e vallor de inerce que faço
a Infante por ella Carta a qual merce, c dcaçao lhe faço de ineo
motto proprio , certa fciencia , peder Rcal , e abſoluto no melhor
modo , e forma que de direito poſſo , e devo , e por firmeza de to
do o que dito le lle merdei dar efa Carta per mini aſlinada , e
paſlada pela minha Chancellaria , e ſellada com o Sello pendente de
minhas Armas. Dada na Cidade de Lisboa o primeiro do mes de
Novembro . Luis Teixeira de Carvallio a fes anno do naſcimento
de Noſſo Senhor Jeſus Chriſto de mil ſeiſcentos finccenta e ſeis. Pc
dro Vieira da Silva a fis eſcrever.
ELREY.
Eu ElRey faço ſaber aos que eſte Alvarâ virem que tendo rer
peito a que ElRey meo Senhor , e Pay , que fanta gloria haja com
juſta , e devida confideraçað ouve por bem fazer merce a Infanta D.
Catherinna minha muito amada , e prezada Irmaã da Doaçao da Ci
dade de Lamego , e Villa de Moura , e ſeos Selleiros , e do Paul de
Magos com ſuas rendas , e Padroados excepto as fizas, Alfandegas ,
e Biſpados tudo na forma contheuda , e declarada em a Carta paten
te da doaçað feita ao primeiro do mes de Novembro do anno de
mil e ſeiſcentos ſincoenta e ſeis para com o mais que na dita doaçað
ſe conthem ſervir em parte por dotte , e ſoftentaçao da meſma In
fante fendo tudo inferior ao neceſſario para ſeo Eſtado , e por Alva
râdo primeiro dia do mes de Novembro do dito anno fer ſervido
EIRcy meo Senhor , e Pay fazer declaraçað ſe a Infante tomaffe ef
tado fora do Reyno , ou por outra razað igualmente poderoſa ſe
coinpuzele o vallor da dita doaçao tendo conlideraçao aos rendimen
tos deſtas , e ventagens, prerrogativas della , e hora nað haver lugar
de ſe poder compor no cazo que de preſente le offerece de cazar a
Infante fora do Reyno conforme ao que no dito Alvarà fe premidi
tou , e ſer neceſſario uzar de outro meyo para acomunodar a Infante
ein a falta de ſeo dotte em o que ſe nað acha outro mais convcni
ente que dando licença ao Infante D. Pedro nieo muito ainado , e
prezado Irmao para comprar a Infante as ditas terras , direitos , e ju
riſdiçoens dellas aſlim como lhe pertencia ) , e podiað pertencer na
forma da dita Doaçao. Hoy por bem , e me praz conccder licença
ao Infante , e Infanta para por ſeos Procuradores , ou pelas peſtoas
que ſeos poderes tiverem poſlao comprar , e vender as ditas terras
que fað ſeos direitos , e juriſdiçoens intervendo em ſeu pacto , e
contractos aquellas deligencias , e ſolemnidades que para a ſubſtancia,
forma , e vallidade dellas forein neceſſarias, e efte Alvarâ ſe compri
râ como nelle le declara ſem embargo da repoſta , que ſobre iſto deo
o Procurador de minha Coroa , e valera poſto que fco efeito haja
de durar mais de hum anno ſem embargo da Ordenaçað do livro fe
gundo tittullo quarenta em contrario. Manoel do Coutto o fes em
Lisboa a trinta de Agoſto de mit e ſeiſcentos ſeſſenta e hum. Jacin
to Fagundes Bezerra o fes eſcrever.
RAINHA .
RAINHA .
fi
co
Na apoſtilla Ruim de Moura Preſidente. = Na apoſtilla pa
gou nada por ſer do ſerviço de S. Mageftade. Lisboa vinte e outo
de Setembro de ſeiſcentos ſeſſenta e hum , a mim nada por o quittar.
= D. Gaſpar Maldonado deſpelleta. = Fernando de Mattos de Car
valho. = Nam deve noves direitos por fer do ſerviço de S. Magef
ö
-
3.
3323
tade. Lisbca vinte e outo de Setembro de mil e ſeiſcentos e fer
ſenta e hum . Henrique Correa da Silva.
Diz o Procurador do Senhor Infante D. Pedro que depois de
S. Mageſtade que Deos haja fazer Doaçað a Sereniffma Senhora In
fanta D. Catherinna da Ilha da Madeira , Cidade de Lamego , Villa
de Moura com ſeos direitos , Selleiros , e Paul de Magos dejuro , do
e herdade declarou que le a dita Senhora Infante tonafle eſtado fo
ra do Reyno fe lhe ſatisfaria pela Coroa o vallor das ditas Doaçoens
que eſtimou em quinhentos inil cruzados com cuja fatisfaçaó ſeraa a
dita Senliora obrigada a deziftir dellas , e com declaraçao que ſucce
dendo eſte cazo ſempre o Paul de Magos ficara a diſpozição do di
to Senhor deſpois da dita Senhora haver feito deixaçað dellas por o
haver rompido â ſua culta
cuſta , e por a dita Senhora tomar eſtado fora
do Reyno, e os bens da Coroa eſtarein attinuados , e ſe nað pode
rem remir as ditas terras com ſeu dinheiro foi V. Mageſtade fervi
do a dar licença ao Senhor Infante D. Pedro para comprar a dita
Senhora a Cidade de Lamego , Villa de Moura , e Paul de Magos
por preço die cento e fincoenta mil cruzados termos em que nao po
de ficar o dito Paul a defpoziçao Real na forma da dita declaraçao
deſpois da deixaçað da dita Senhora por ſe nað remir com o dinhei
ro
da Caſa Real Portugueza. 49
ro da Coroa a que fở o cazo em que ella podia ter lugar , mas nað
ſendo remido com o dinheiro do dito Senhor Infante que o comprou
por mayor conveniencia do Reyno. Pede a V. Mageſtade , que para
ſe evitarem duvidas ao futuro lhe faça merce declarar que viſto o
dito Paul fer remido com o dinheiro do dito Senlior Infante prece
dendo , licença , e faculdade de V. Mageftade nao tem lugar a dita
declaraçao, e que ſem embargo della fique ſempre o dito Paul â
diſpoziçao do dito Senhor Infante , e ſeos ſucceſſores de juro , e her
dade na conformidade que a dita Senhora Infante a tinha , e poſſuya
por ſuas doaçoens , e recebera merce . Bento Cardozo Ozorio .
Deferindo a petiçaõ do Procurador do Infante D. Pedro meo
muito amado , e prezado Irmað. Hey por bem , e me praz declarar
que de mais da licença que tenho concedido na forma do Alvarâ que
fara iſſo mandei paſſar para ſe poderem celebrar os pactos da com
pra , e venda de que ſe fas mençað o Paul de Magos fique ao In
fante, e fecs ſucceſſores aſſim como pertencia , e havia de pertencer
a Infante D. Catherinna minha muito prezada, e amada Irmaã fem
embargo da clauzulla eſcrita em fua Doaçao de que tomando eſtado
a Infante fora do Reyno tornaria o dito Paul ficar a minha diſpozi
çaó por quanto a dita clauzulla fica cellando , e como ſe poſta nao
folle por ſer o dito Paul ora remido pela fazenda do meſmo Infan
te , e a cuja deſpoziçao e de feos fucceflores deve ficar , e quero
fique, Lisboa dezaſette de Novembro de ſeiſcentos e ſeſſenta e hum ,
com huă rubrica da Rainha noſſa Senhora .
A folhas coatrocentas e vinte e ſinco do livro da Receita de
Joao Froes de Aguiar Thczoureiro do dinheiro para o negocio de
Inglaterra ficó carregados ſeſſenta contos de reis que lhe entregou
o Doutor Bento CardozoOzorioProcurador do Eltado do Serenif
ſimo Senhor Infante D. Pedro preço da venda porque o dito Senhor
Infante comprou a Sereniſlima Senhora D. Catherinna Rainha da
Gram Bretanha a Cidade de Lamego , Villa de Moura , Selleiros de
Serpa , e Paul de Magos, e da dita Receita ſe paíſou eſte conheci
mento em forma feito por mim , e aſinado por ambos. Em Lisboa
dezaſleis de Dezembro de ſeiſcentos ſeílenta e hum . Joao Franciſco
Froes . E tresladados os concertey com os proprios a que me re
porto teſtemunhas que foraó preſentes Balthezar Gomes , e Rodri
go de Almeida , e Luis da Sylva officiaes do Efado de Bragança , e
eu Taballiaó dou fee ſerem eftes outrogantcs os proprios aqui con
theudos que na notta aſſinara ) com as teſtemunhas , e declararaó el
les Procuradores dos ditos Senhores Infantes que o contrato de ven
da quefe trata neſta eſcritura eſtava ja ajuſado em toda fua perfei
çað no mes de Março deſte preſente anno muito tempo antes que
le celebraſle o cazamento da dita Senhora Infante com o Senhor Rey
da Gram Bretanha , e ſe ſuſpendeo athe o preſente o reduzirſe a ef
ta eſcritura athe ſe fazer entrega dos ditos conto e fincocnta mil cru
zados preço deſta venda , e com esta declaraçað outorgað ela eſcritu >
6
SO Provas de Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
Franciſco Lopes Henriques. E Bento Cardozo Ozorio. = Rodri
go de Almeida. Luis da Silva . = Balthezar Gomes .
Luis da Silva. = Balthezar Gomes. E E eu
Antonio da Silva Canto Taballia )de nottas por ElRey noſſo Senhor
nefta Cidade de Lisboa que eſte Inſtromento de notta de Theodoro
da Coſta de Souza que neſte officio ſervio a que me reporto a fis
tresladar , concertey , lobeſcreyi , conferi , e aſſinei em razo. Lisboa
Occidental de Março trinta e hum de mil e ſettecentos e vinte e
hum. Concertado por mim Taballiað . Antonio da Silva Canto.
ouveſe quem lhe moffraſe e perturbaſe fua valia a levar ſem outro
fim a huă prizao afrontoza , e a matar cruelmente nella a Rainha mi ta
nha Máy é Senhora , cauza baſtante para padecermos mayores cafti ti
gos , e'a deſterrar deſta Corte tað grandes peſſoas , por tanto tem d
po , e para tao ruins lugares , em que receberað os damnos que faó d
notorios , ſendo mayor , impedirem por eſte modo , o remedio com V
que a Rainha queria atalhar , e atalhara com efeito , os malles ein ta
ſades qui lui ſont aſſignées par ce contract , et dix mille autres qu ’ 1
ſoit par Donation , par ſucceſſion , ou par tout autre tître que ce
puiſſe être ,parce que n'aiant point d'Enfans , tous ſes Biens pour
ront aller à fes Heritiers , à moins qu'elle n'en ordonne autrement:
au lieu que ſi elle laiſſe des Enfans, ces Biens leur appartiendront ,
e à leurs ſucceſſeurs , excepté le tiers , dont elle pourra diſpoſer ou
teſter. Et par ce moien les dits Sereniſſimes Princes , e au nom de
chacun d'eux , leurs Procureurs demeurent d'accord e contens tou
chant ce qui peut appartenir par la mort de l'un ou de l'autre au
ſurvivant , fans qu'on puiſl'e demander ni pretendre autre choſe de
part ni d'autre.
Les Pouvoirs , en vertu des quels le preſent contract s'eſt fait ,
font de la teneur ſuivante.
Don Pedro Prince de Portugal , &c. je fais e conſtituë mes
Procureurs Dom Vaſco Luis de Gama, Marquis de Niza , Comtede
Vidigueyra , Amiral des Indes , Conſeiller & Etat et Directeur des
Finances , et Dom Rodrigue de Menezes Gentilhomme de ma Cham
bre e moi Grand Ecuier : pour en mon nom e pour moi traiter , con
clure , e ligner le Traité ou contract de Mariage , Dot e Arres , en
la meilleure forme que faire ſe pourra , entre moi e la Sercnillime
Princelle Maria Françoize Elizabeth de Savoie Duchete de Nemours
e d'Aumale , en la maniere , forme , conditions , obligations et clau
( cs
56 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
ſes qu'ils trouveront à propcs. Et pour cet effet je leur donne
tout Pouvoir general et ſpecial , en la meilleure forme e maniere
que je puis : et je m'oblige d'agreér pour bon ferme , e valable
tout ce qu'ils feront a cet egard , tous l obligation de mes biens ?
commeſi le tout eût eſté fait e ſigné par moi même:En foi de quoi
j ai paſſe la preſente Procuration , ſigneé par moi e ſcelleé du ſceau
de mes armes . Donné a Lisbonne le 27. Mars 1668 .. Ecrite par
moi Pero Vieyra da Silva.
La Princeſſe Marie Françoiſe Eliſabeth de Savoie Ducheſſe de
Nemours e d'Aumale , &c. je fais e conſtituë mes Procureurs Dom
Nuno Alvares Pereira Duc de Cadaval , Marquiz de Ferreira , Com
te de Tentugal , et Dom Antoine Louiz de Menezes Marquis de
Marialva , Comte de Cantagnede : pour en mon nom conclure e fig
ner le traité , ou contract de Mariage Dot e Arres 9 en la meilleure
forme qu'il ſe pourra , entre moi, e le Sereniſſime Prince Dom Pe
dro , Prince de Portugal, en la maniere , forme , e aux conditions
obligations, e clauſes qu'ils trouveront à propos. Et pour cet ef
fect je leurs donne pouvoir general e ſpecial, e m'oblige a tenir
pour bom , ferme e valable tout ce qui ſera fait par eux à cet
égard , ſous l'obligation de tous mes Biens , e comme s'il etoit in
fait é conclu par moi même : En foi de quoy je leur ai ordonné fer
de paſſer la preſente Procuration , ſignée de ma main , e ſcelleé du ju
ſceau de mes armes. A Lisbonne le 27. Mars 1668. Ecrite par inoi Pero di
Vicyra da Silva , par l'ordre expres de la Sereniſſime Princeſſe Marie. PE
Donné en la Ville de Lisbonne le 27. jour du mois de Mars.
Louis Texera de Carvalho la dreſſée l'année de la Nativité de N.
S. J. C. 1668. Et moi Pero Vieira da Silva je l ai fait ecrire e d
swwwkkmm
fouicrire , par l'ordre e conſentement des dits Sereniſſimes Princes.
Le Marquiz de Niza. Le Marquis Duc.
Doin Rodrigue de Menezes. Le Marquiz de Marialva.
Du Mandement de leurs Alteſſes Sereniſſimes.
Dom Pedro Prince de Portugal , &c. je jure ſur les Saints
Evangiles de recevoir pour ma legitimé femme la Sereniſſime Prin
ceſſe Marie Françoiſe Eliſabeth de Savoye , Ducheſſe de Nemours e
d'Aumale , en la forme preſcrite par la Sainte Egliſe Romaine e de
ne recevoir ja mais d'autre Femme, tant qu'elle vivra. A Lisbon
ne le 27. Mars 1668. Pero Vieira da Silva a dreſſé cet ecrit. Å
ler
LE PRINCE .
fu
ex
Dado na Cidade de Lisboa aos 27 dias do mes de Março Ma 101
noel de Sequeira Leytað a fes anno do nacimentode Noſſo Senhor ve
Jelus Chrifto de 1668. E eu Pedro Vieira da Silva de concenti
PI
mento , e mandado dos Sereniſſimos Principes a fis eſcrever, e fo lo
breſcrevi. E Marques Almirante. = D. Rodrigo de Menezes. =
te
Duque. = O Marques de Marialva.
Breve
da Caſa Real Portugueza. 57
Tom . V. HI mij ,
58 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
mij, etiam fponte oblati , à quo te omnino abftinere debere mone
mus
te de præmiſlis diligenter informés , & fi per informationem
eamdem repereris quod preces veritate nitantur , ſuper quo conſcien
tiam tuam oneramus cum eiſdem , dummodo illa propter hoc rapta
non fuerit , quod impedimento publicæ honeſtatis juftitiæ hujuſmo i
di ; & Apoftolicis etiam Provincialibus , & Synodalibus Concilijs ,
editis ſpecialibus, vel generalibusConſtitutionibus , & Ordinationi
bus , cæteriſque contrarijs nequaquain obſtantibus , matrimonium in
ter ſe publice , ſervata forma Concilij Tridentini , contrahere illud
que , in facie Ecclefiæ folemniſare , ac in eo poftmodum remanere
liberè , & licitè valeant , dicta authoritate diſpenfes , prolem ſuſci
piendam exinde legitimain nunciando. Volumus autem quod fi tu ,
ſpreta monitione hujuſmodi , aliquid præmij, vel muneris , occaſione
præmifforum , exigere , aut oblatum recipere temerè præfumpferis,
excommunicationis latæ fententiæ pænam incur ras , à qua non nifi à
Summo Pontifice , vel à nobis , aut alio à Sede prædicta fpecialiter
facultaten habente , abſolutionis beneficium valeas obtinere . Datum
Pariſijs anno Incarnationis Dominicæ MDCLXVIII. xvij Kalendas
Aprilis Pontificatus ejuſdem Sanctiſſimi Domini noftri PP. anno pri
mo.
Ludovicus Cardinalis de Vendoſme Legatus. My
V mette
Inoseltesautos.,Breve de Sua Santidade;
a difpenfaçao do impedime nto publicepello qualnoscom-
honeſtatis , de que Num . 73.
An . 1669.
nelle ſe faz mençaó , artigos juſtificativos , e prova a elles dada , do
cumentos juntos , e maes certidoens juntas : Noſtra -ſe , que fendo ca
zado o Sereniſſimo Senhor Rey D. Affonto VI . de Portugal, e dos
Algarves com a Sereniſſima Senhora Princeza de Nemours Maria
Franciſca
62 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
Franciſca Izabel de Saboya , a dita Senhora ' cbrigada de ſua conſcien
cia propoz em juizo a nullidade do ditto matrimonio , que de facto dh
havia contrahido com o ditto Sereniſſinio Senhor Rey Dom Affonſo do
Ter
por cauza da impotencia perpetua , que nelle havia , para poder con
fummar o dito matrimonio , como em effeito nað lavia confummado
em diſcurſo de dezaſeis mezes , que vivcra ) , como marido , e mu
lher ; a qual cauza correu diante do Vigario Geral deſte Arcebiſpado
de Lisboa , e dos maes Juizes nomeados pello Cabido Sede Vacante,
a quem pertencia o conhecimento della conforme a Direito . Mor
tra-le , que na ditta cauza ſe procedeu athé final Sentença , na qual
ſe julgou , e declarou por nullo o ditto matrimonio contrahido entre
os dittos Senhores , por cauza da ditta impotencia perpetua do ditto
Senhor Rey D. Affonſo , para poder conſuminar o ditto matrimonio
com a ditta Sereniſſima Senhora Princeza Maria Franciſca Izabel de
Saboya. Moſtra-te , que eſta Sentença foi publicada , e notificada ju
dicialmente ao ditto Senhor Rey D. Affonſo , o qual declarou por
termo feito pello Eſcrivað dos autos , e aſſignado pello meſmo Se
nhor , que queria , que ſe cumpriſſe , nem queria appellar da ditta
Sentença. Moſtra-le , que os tres Eſtados do Reyno de Portugal , e
dos Algarves , que eſtavaó no ditto tempo juntos em Cortes , pedi
raó , e requererað ao Sereniſſimo Senhor D.Pedro , Principe de Por
tugal e Regente do Reyno , quizeſſe cazar com a Sereniſſima Se
nliora 'Princeza Maria Franciſca Izabel de Saboya para quietaçao do
Reyno , e ſegurança de ſua Real ſucceſlao ; c o meſmo requerimen
to , e petiçað fizerað à ditta Sereniſſima Princeza . Moſtra -ſe , que
em rezao do impedimento publicæ honeſtatis , que havia para o dit
to Sereniſſimo Senhor Principe D. Pedro contrahir eſte matrimonio
com a ditta Senhora Princeza , ſe recorreu ao Eminentiſſimo Senhor
Cardeal Vandoria , Legado à Latere de Sua Santidade , e da Santa Sé
Apoſtolica ao muito Chriſtianiſſimo Senhor Rey de França Luis XIV .
para que diſpenſaſſe neſte impedimento publicæ honeftatis. Moſtra-ſe,
que vindo o Breve da diſpenſaçað do ditto Senhor Eminentiſſimo
Cardeal conmettido ao Vigario , ou Official do Arcebiſpado de Lif
boa , ſe apreſentou ao Biſpo de Targa , que no ditto tempo fervia
de Provizor do ditto Arcebiſpado , o qual conforme aos poderes ,
que lhe era ) commettidos , e fazendo as dilligencias coſtumadas , diſ
penſou no ditto impedimento publicæ honeſtatis, com os dittos Senho
res Principes. Moſtra-ſe , que em virtude deſta diſpenſaçao , e com
boa fé della , ſe recebeu o Sereniſſimo Senhor Principe D. Pedro na
forma do Sagrado Concilio Tridentino com a ditta Sereniſſima Senho
ra Princeza Maria Franciſca Izabel de Saboya , e confummarao o ma
trimonio. Moſtra- ſe , que eſtando os dittos Senhores Principes em
boa fé cazados , e recebidos em face de Igreja , fazendo vida marital,
para mayor ſegurança de ſuas conſciencias, e ſe livrarem de eſcrupu
los , e quietaçao do Reyno , recorrera ) a Sua Santidade , para que
approvate , confirmaſſe , é ratificalle o ditto matrimonio , tirandolhes
todos os efcrupulos , que delle poderiao rezultar , o que Sua Santi
dade lhe fez graça conceder pello Breve junto , commettendo eſta
cauza
da Caſa Real Portugueza. 63
cauza aos Juizes nelle nomeados , e para que achando , que foy ver
dadeira aſupplica dos dittos Senhores Principes impetrantes , e fazen
do as dilligencias, e informaçoens neceſſarias para ſe informarem da
verdade della , pudeſſenı diſpenſar no ditto impedimento publicæ ho
neſtatis com os ditos Senhores Principes , e outros quaeſquer impe
dimentos , que rezultaſſem , extinguindo , e declarando por nullo o
vinculo do primeiro matrimonio contrahido entre o Sereniſlimo Se
nhor Rey D. Affonſo , e a Sereniſſima Senhora Princeza Maria Fran
ciſca Izabel de Saboya. O que tudo viſto , e conſiderado , e o maes
que dos autos , e do appenſo a elles junto conſta , authoritate Apof
tolica a nós commettida , havemos a narrativa da fupplica dos dittos
Sereniſſimos Senhores Principes impetrantes por verdadeira , e as pre
miſſas por juſtificadas ; e na forma do ditto Breve diſpenſamos com
os dittos Sereniſſimos Senhores Principes , para que poſlao ratificar 2
de
ves , daquem , dalem Mar em Africa , Senhor de'Guinê , e da Dit. n. 73 .
Conquiſta Navegaçaó , comercio de Ethiopia , Arabia , Perſia ' , e da An . 1668 .
India, & c. Faço ſaber a todos os que eſta minha carta patente de
aprovaçaó , ratificaçao , e confirmação virem , que nella Cidade de
Lisboa no Convento de Santo Eloy , em os treze dias do mez de -
1
64 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
D. MARIA ANNA DE AUSTRIA , como tutora da Real Peſſoa
de ElRey Catolico ſeu filho , e Governadora de todos ſeus Reynos,
e Senhorios , de huma parte , e da outra os Commiſſarios deputados
por mim , abaixo declarados , intervindo tambem como inediator , e
fador do dito Tratado , em nome do muito Alto , e Sereniſſimo
Principe CARLOS II . Rey da Gram Bretanha meu bom Irmað , o
Conde de Sanduick feu Embaixador Extraordinario , com poder que
para o dito effeito apreſentou, do qual dito Tratado reduzido a tre
ze artigos , e poderes o teor le o que ſe ſegue.
4
12
66 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
y " refrendada de mi Infra eſcrito Secretario de Eſtado. Dada en
Madrid a 5. de Henero de 1668.
YO LA REYNA .
E porque a boa fé, com que ſe faz eſte Tratado de Paz perpe
tua , nað permite cuidarſe em guerra para o futuro , pem em querer
cada 'huma das partes acharſe para eſte caſo com melhor partido , le
acordou em ſe reſtituirem a Portugal as Praças, que durando a guer
ra lhe tomâraó as armas de ElRey Catholico , e a ElRey Catholico
as que durando a guerra , lhe tomáraó as armas de Portugal , com to
dos ſeus termos , aſli , e da maneira , e pellos limites , e confronta
çoens que tinha ) antes da guerra , e todas as fazendas de raiz fe
reſtituira bemfeitorias
a ſeus antigos
uteis
poſſuidores , ou a ſeus herdeiros , pagando
neceſſarias poderáð
elles as , e , e nem por iſſo ſe
pedir as danificaçoens , que ſe attribuem à guerra , e ficará nas Praças
à artilharia que tinhaó , quando ſe occuparað , e os moradores , que
naó quizerem ficar , poderàó levar todo o movel , e venceráð os fru
ctos do que tiverem ſemeado , ao tempo da publicaçao da paz ; e
eſta reftituiçaõ das Praças ſe fará em termo de dous mezes , que co
meçaráó do dia da publicaçao da Paz. Declaraó porèn , que neſta
reftituiçao
70 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
reſtituiçað das Praças nað entra a Cidade de Ceuta , que ha de ficar
em poder de ElRey Catholico , pellas razoens que para iſſo ſe con
fiderirao. E ſe declara , que as fazendas que ſe poſſuirem com ou
tro titulo , que vað ſeja o da guerra , poderáð diſpor dellas ſeus
donos livremente .
AR TI GO III.
.
da Caſa Real Portugueza, 71
ARTIGO. VII.
|
72 Provas do Liv.VII. da Hiſtoria Genealogica
tugal de nað fazer nada contra , e cm prejuizo deſta paz , nem con
ſentir ſe faça directa , ou indirectamente : e ſe a caſo ſe fizer , de o
reparar ſem nenhuma dilaçað. E para obſervancia de tudo o acima
conteudo . ſe obrigao com o Sereniſimo Rey da Gram Bretanha ,
como mediator , e fiador deſta paz . E para firmeza de tudo , renun
ciao todas as leys , coſtumes , ou .ccuza que faça em contrario.
ARTIGO XII,
ARTIGO XIII.
1
74 Provas do Liv.VII. da Hiſtoria Genealogica
ceſſimus , cujus Tractatus duo Originalia , linguâ Latinâ concepta , &
in fequentem modum diſpoſita ſunt.
Tractatus Matrimonialis inter Sereniſlinium , ac Potentiffimum
Principem Dominum Petrum Secundum Regem Portugaliæ , & Al
garbioruin , citrà & ultrà Mare in Africâ , Dominum Guinex , Con
quiſitionis , Navigationis , Commercij Æthiopix , Arabiæ , Perfiæ ,
Indiæque ; Et Sereniſſimi Principis , Domini Philippi Wilhelmi Co
mitis Palatini ad Rhenum , Archithefaurarij , & Electoris Sacri Ro
mani Imperij , Ducis Bavariæ , Juliæ , Cliviæ , & Montium , Comi
tis in Veldentz , Sponhemij , Marchix , Ravensbergi, & Moerſæ ,
Domini in Ravenſtein Sereniſſimanı Principem , filiam Electoralem
Palatinam , Dominam Mariam Sophiani Eliſabetham ; per Excellena
tiſſimum , & Illuſtriſſimum Dominum Emanuelem Tellelium Silvium,
Comitem_Villarmajorium , Sacræ Regiæ Majeſtati Lufitaniæ , à San
ctioribus Status Conſilijs , totius Regni Portoriorum Præfectum , in
timæ admiſſionis Cubiculariuin , & Legatum Extraordinarium ; Et per
Illuſtriſſimum Dominum Wolffgangum Theodoricum , Sacri Romani
Imperij Comitem , ac Dominum Caſtellæ , Suæ Serenitati Electorali
Palatinæ à Secretioribus Status Conſilijs , Summum Aulæ Electoralis
Præfectum , & Burggravium in Alzeij ; Necnon Reverendiſſimum
& Perilluſtrem Dominum Joannem Ferdinandum ab Yrſch, Hæredi
tarium Dominum Caſtri Mazen , altæ memorata Electorali Serenita
ti Palatinæ à Confilijs Status Secretioribus , Supremum Cancellarium ,
Cameræ Neoburgicæ Præfidem , feudalis Curiæ , in Ducatu Neobur
gico Præpofitum , ac Dynaſtiæ Reichertzhovenfis Præfectum ; ambos
Deputatos Miniſtros Electorales , conventus & ſignatus Manhemij ,
die vigeſima fecunda menfis Maij, anno Domini millefimo fexcente 1
ſino , octuagefimo feptimo. I
In Nomine Sanctiſſimæ Trinitatis , & Beatiflimæ Mariæ Virgi d
nis , ad majorem Dei gloriam , Chriſianitatis commodum , Potentif f
fimi Regni Lufitaniæ , & Sereniſſimæ Domus Palatinæ Electoralis in
crementum. Notum ſit omnibus, quod cum Sereniſſimus , ac Poten a
tiſſimus Dominus Petrus Secundus , Dei gratiâ , Rex Portugaliæ , & n
Algarbiorum , citrà & ultrà mare in Africà , Dominus Guineæ, Con
quifitionis , Navigationis , Commercij Æthiopiæ , Arabiæ , Perſiæ , 0
Indiæque ; Regnorum fuorum confervationi , ac ſubditorum precibus 1
conſulens, fecundas nuptias contrahere decreviſſet ; Sereniſſimi Prin
cipis Domini Philippi Wilhelmi , Comitis Palatini ' ad Rhenum , Sa
cri Romani Imperij Archithefaurarij, & Electoris , Ducis Bavariæ >
tur .
Tom . V. кій Si
76 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
Si autem Potentiffimus Rex , antè Regiam Conjugem relictis
liberis deceſſerit , & Vidua Regina , in Regno reſidera recuſaverit ,
tunc illi tertia pars Dotis , & tertia pars arrhe, atque tertia pars ex
medietate bonorum , quæ fuère acquiſita , conſtante Matrimonio , &
non pertinent ad Coronam , ad liberum uſum , & propriam diſpoſi
tionem extradentur , necnon ei tertia Pars corum bonorum mobilium ,
quæ præter Dotém in Luſitaniam attulerit , vel à Sereniſſimis Paren
tibus , fratribus , ſororibus , & Agnatis , aut alijs , per teſtamentarias,
feu quaslibet inter vivos factas diſpoſitiones , aut Donationes , acce
perit, & non conſumpta fuerint , reftituentur, itaut etiam hanc ter
tiam partem omnium bonorum , in Luſitaniam allatorum , & fucceſſu
temporis , prædicto modo acquiſitorum ſecum feret ; Reliquæ verò
duæ tertiæ partes ornnium ſupradictorum bonorui manebunt in Lu
fitania , pro ſecuritate liberorum , ſed tamen Regina Vidua , eorum
omnium , integruin uſumfructum , uſque ad mortein habebit.
VI .
Sin autem Regina Vidua , in Regno Luſitaniæ refidere maluerit,
tunc illa eiſdem Statibus, redditibus, oppidis, Juriſdictionibus , Pri
vilegijs , prærogativis , & aulico apparatu , uti cæteræ Reginæ , uſque
ad mortem fruetur ; Illique integra Dos, & tertia pars arrhæ , unà
cum omnibus , & fingulis fupradictis bonis, manebunt.
VII .
Si verò Rege ſuperſtite , ipſa Regina , ſine liberis vitâ defun
eta fuerit , & de luis facultatibus non aliter diſpoſuerit ( quod in ip
fius liberâ voluntate conſiſtit ) integra Dos , cum reliquis in Lufita
niam allatis & ex fuperiùs dicta bonoruin diviſione acquiſitis , ad ejus
Hæredes , abinteftato , redibit .
VIII.
Contrà , fi Sereniſſima Regina , antè Sereniſimum Regem , re
lictis liberis deceſſerit , tunc in totam illius hæreditatem ( niſi ipſa ,
de tertiâ parte , dictæ hæreditatis ,juxtà tamen leges Juris communis
diſpoſuerit ) prædicti Regis liberi ſuccedent ; qui fi poftmodùm ante
Regem Patrem obierint , hæreditas illa integra , ad Regem eorum
Patrem fuperexiſtentem pertinebit.
IX .
Cæterùm , cum in toto Romano Imperio , jam à multis ſæcu
lis , apud Sacram Cæſaream Majeftatem , Electores, Duces , aliofque
Principes , in favorein filioruni, ac per eos in confervationem ftir
pium , ac familiarum , non tantum communiter introductum , conſue
tum , inveteratum , & per Pacta gentilitia firmum , & ftatutum fit ,
fed etiam quotidiè in praxi ſanctè obfervetur , ut Principes filiæ , in
Matrimonium , intrà vel extrà Imperium elocandæ , certam , & jura
tam Renuntiationem in fcripto , & quidem antè A &tum copulationis
præſtent, Excellentiſſimus Dominus Regius Legatus Extraordina
rius , & D. D. Electoris Miniſtri Deputati, de ejuſmodi quoque Re
nuntiatione egerunt , & fecundum morem , & conſuetudinem totius
Electoralis , & Ducalis Domus Palatinæ , inter ſe convenère , ut in
ſeparato
da Caſa Real Portugueza. 77
ſeparato Inſtrumento , extenſiori forma comprehendetur , fietque ad
tenoren Renuntiationum , quas fecerunt Sereniſſima, ac Potentiſſima
Imperatrix , & Sereniſſima Dux Aurelianenfis , ejuſque Inſtrumenti
Apographum authenticum , Domino Regio Legato Extraordinario
tradetur,
X.
Cum autem conjugale facrum maturè celebrari debeat , quo
poſſit Sereniſſima Domina Princeps , filia Electoralis Palatina , hac
æftate in Luſitaniam tranſportari ; Sereniſſimus Dominus Elector da
bit operam , ut quam primum fieri potcrit , Heidelbergæ peragatur,
& quidem eỉ magnificentia , quæ tantos Principes decet , ibique Do
minus Regius Legatus Extraordinarius pro Rege , ejuſque verbis
perinde ac ſi Rex ipſe prætens cflet , vigore ſpecialis Mandati , ip
Tam Dominam Sereniſſimam . Principem Electoralem Mariam Sophiam
Eliſabetham accipiet in legitimam Uxorem prædicii Domini Regis
Portugaliæ Petri SecundiDomini ſui, de more, & Rictu Sanctæ Ec
cleſiæ Romanæ , & fecundum Decreta Sacri Concilij Tridentini , at
que hujus celebrationis fiet Inſtrumentum teſtificatorium , quod tra
detur , Excellentiſſimo Domino. Regio Legato Extraordinario.
XI.
Prætereà , cum ad inftantiam Sereniſſimi Domini Electoris , Se
reniſſimus ac Potentiſſimus Rex Angliæ , ſex Naves bellicas, ad
tranſvectionem Sereniſſimæ Reginæ præbeat , conventum eſt , ut S2
reniflimus Dominus Elector , Sereniſſimam filiam per Rhenum , cum
decenti comitatu deducendam curet , uſque ad Roterodamum , & in
dė in prædictis Navibus Anglicis Ulyſliponem ufque , & ſemper pro
prijs expenfis, fed tantum ad Sereniſſimæ Regina , ac ejuidem pro
prij Comitatus fubfiftentiam neceſſarijs.
XII .
Atque de his omnibus , quæ in fuprà pofitis Articulis continen
tur , unanimiter convenire , atque inter ſe aſſenſi lunt Excellentiſſimus
Dominus Legatus Extraordinarius , Potentiſſimi Regis Portugaliæ
Petri Secundi Domini ſui ; Et Sereniſſimi Principis Electoris Palatini
Philippi Wilhelmi Domini Deputati Miniſtri Electorales , ſeque mu
tuò obligant , & promittunt Sacram Regiam Majeftatem , & Electo
ralem Serenitatem probaturas , & ratihabituras præfentem Tractatum
in fingulis , & univerſis, idque in folità , & confuetâ formâ facien
dum. 1
L. S.
juſtiça.
Tom . V, L A ti
82 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
A ti Rey verdadeiro de todos os Eſtados de Portugal , com as
noticias , que tenho do bem , que fazes aos meus por meu reſpeito ,
te conſidero digno da minha amizade e que eu feja agradecido.
Pela pratica , que o meu Capitað môr do mar Benacha me fez , que
fendo cativo dos Inglezes , arribou ao porto della Corte ; e chegan
do à tua preſença Real , logrou a mayor fortuna , tendo-a por eſte
reſpeito , definentindo a má, que lhe tinha ſuccedido do ſeu cativei
ro
dandolhe o reſplendor de tua Real Peſſoa huma grande alegria ,
pela affabilidade e carinho que hum eſcravo Mouro achou em
hum Monarca tað ſuperior , dandolhe huma eſmola de trinta meti
caes de ouro , offerecendolhé tudo o mais.
Eſtas finezas meu Rey , ie puzeraó em grande agradecimento,
parecendo . ? , que trazes nas tuas veas aquelle illuſtre langue do teu
anteceſſor ElRey D. Sebaſtia ) , que valendo -te delle o Xarife Muley
Amete , meu parente , por chegar à ſua preſença , empenhou Peſſoa ,
Reyno', e fazenda , em o favorecer , e aſſim o executou ; Hiſtoria
que temos nos noſſos livros pelas mayores finezas , que Reys fizeraố
no Mundo , por gente de differente Ley. Pois ElRey de Caſtella ,
o que chamou o Mundo Filippe II. o nao quiz fazer , e ſe eſcurou
de darlhe ajuda , e elle ſómente tomou a ſeu cargo húma obrigaçao
de tanto pezo , pelo nað deixar ir diſgoſtoſo ; e torno a dizer que
eſta hiſtoria de fineza eſtá por lembrança para em quanto o Mundo
for Mundo. E como te conſidero deſte meſmo animo , conheço a e
memente diſſeraó era contra a minha Ley , que nos prohibe o nað
poiſamos fazer , e quando alguns Reys meus anteceſſores o fizeraó ,
fora em caſo de neceſſidade , a pique de perder vida , ou Reyno , é
fómente neſtes termos o podemos fazer ; é como eſta neceſlidade me
nað obriga fora pôr o meu governo ein má opiniaó dos meus و, e
fenað fora eſte preceito , nao te havia de faltar pelo amor , que te
tenho. E ſe quizeres os cativos Portuguezes reſgatados todos , os
darey com vontade , e por eſte reſpeito buſquey a Joſeph Heſpa
nhol , meu cativo , por ſer homem de verdade , e rezao , de quem
faço muito caſo , e eſtácaſado com huma Portugueza , deixando dous
filhos, e huma filha neſſa Corte ; e como conheço o ſeu procedimen
to , o mando a eſſe Reyno , para aviſo de que deſejo dar reſgate aos
cativos Portuguezes ; e ſe para eſte effeito me quizeres mandar peſſoa
de authoridade, o eſtimarey , ou com aviſo inandarey eu o meu Ca
pitað do mar Benacha , e tudo o que ſe tratar com elles ſerá de mi
nha vontade.
Tenho festejado muito , que o teu poder entraſſe na Corte de
Madrid , couſa , que até agora em tempo de nenhuns Reys antecel
fores ſuccedeo ; ellas novas foraó de tanto prazer , que as feſtejey
como
--
1
86 Provas do Liv. V II da Hiſtoria Genealogica
לת
todos meus filhos , os inſtituo igualmente em ſuas legitimas ; mas be
nað he a minha tençao , que o que neſte Teftamento tenho eſpecial live
mente deixado ao Infante D. Franciſco meu filho , fe lhe inputc em DOE
ſua legitima , por ſer hurra doaçaó , que lhe faço , nað l'ó como pay, 12
mas mais ainda como Principe , e 'Rey Soberano , a quem toca fa
zer merces às peſſoas de tað alto eſtado , como 'he o dito Infante io
meu filho , por ſer tambem a dita deaçao , por obrigaçao da Corca, lha
e Reyno ; a quem pertence dar eſtado aos filhos dos Reys , e mais
quando he en utilidade do meſmo Reyno , para nelle haver Princi de
pes de fangue Real , e para iſto derrogo todas as Leys , e diſpoſi
ções , que haja em contrario , pelo mais pleno modo , que poſſo . Os
ditos Infantes meus filhos , todos ao preſente faó menores de qua
torze annos , e até terem idade competente para adminiſtrarem ſuas
I
peſſoas, e bens , quero , que eſtejao debaixo da adminiſtraçað do
Principe D. Jcao ſeu irmáő , porque ainda, que nað tenha mais, que
quinze annos, com tudo , porque no caſo de eu faltar, lhe differe a
Ley a adminiſtraçaó , e governo do Reyno , com muita mais raza )
deve ter a de ſeus irmãos, principalmente quando delle tenho por
experiencia , que por infinita bondade de Deos, ſe acha com enten
dimento , e capacidade , que excede muito ados ſeus annos; e me
ajuda muito a ter eſta confiança , ficar neſte Reyno a Sereniſſima Se
nhora Rainha da Graó Bretanha , minha irmãa , cujas altas virtudes
eſpero de Sua Mageftade ſe empreguem em ajudar ao Principe meu
filho , neſta adminiftraçað dos Infantes ſeus ſobrinhos, os quaes lhe
deixo muito encarregados, confiando , que na educaçað delles me pa
guc aquelle amor, e obſequio , que ſempre me deveo , e tambem o
que deve a eſte Reyno , em que naſceo , e ſe creou . Ao Principe
encomiendo os meus Criados , que ine tem ſervido , e muito em ef
pecial lhe lembro o Duque , é Camariſtas , que con tanto amor , fi
delidade , e acerto , me tem aſliftido , aſlím à minha Peſſoa , como
na adminiſtraçao do governo , para que os remunere , como por ſuas
qualidades , c bons ſerviços tem merecido. Mando , que tanto , que
eu falecer ſe me digao leis mil Miſſas por minha alma , e no dia de
meu falecimento , fe digao quinhentas Millas cada anno le puder
9
fer , ein Altar privilegiado. Mando , que ſe digao cinco Miſſas quo
tidianas por minha alma , e para ellas ſe depute a renda neceſſaria .
Ponha)-le a juro cincoenta mil cruzados , e do rendimento delles ſe
daraó cada anno cento e cincoenta mil reis a cinco cativos , trinta a
cada hum , para ſeu reſgate , e para caſamento de tres orfans cinco
enta mil reis a cada huma , e o reſtante ſe repartirá por Criados
pobres , começando pelos , que ſerviraó a minha meſma"Peſſoa , em
quanto viverem , c depois ſe terá tambem reſpeito a ſeus filhos. " En
comendo muito o cumprimento deſte mcu Teſtamento ao Principe D.
Joað meu filho , e à Senhora Rainha da Graó. Bretanha minha ir
máa, aos quaes nomeyo por meus Teftamenteiros, e ao Duque , e
Marquez de Alegrete encarrego a execuç?ó , do que o dito Principe,
e a Senhora Rainha ncfta inateria diſpuzcrem . O meu corpo ſerá
fepultado na Igreja de S. Vicente de Fóra , junto do Tumulo da mi
nha
da Caſa Real Portugueza. 87
nha ſobre todas muito amada , e prezada mulher D. Maria Sofia Iſa
bel , que eſtá em gloria. E porque tenho , que fazer algumas diſpo
ſições particulares , que por juſtas razoens ie nað puderað eſcrever
por hora neſte Teſtamento , as mandey eſcrever ein hum papel de fó
ra , eſcrito pela letra do Padre Sebaſtiao de Magalhaens, ineu Con
feſſor, e por mim aſinado , o qual quero , que ſe cumpra , e valha,
como parte deſte Teſtamento. Fóra do matrimonio houve huma fi
lha chamada D. Luiza , que hoje eſtá caſada com o DuqueD. Jay
me , meu muito amado ? e prezado ſobrinho , e do meu Conſelho
de Eſtado , mando ao Principe, e Infantes meus filhos, que a hon
rem , e accreſcentem em merces como pedem as obrigações do fan
gue , e as virtudes de D. Luiza ; e poſto que para o dito caſamento
foy dotada , com o que lhe dey quando a primeira vez caſou com o
Duque D.Luiz , quero , e hey por bem , que por minha morte lhe
dê o Principe huma joya digna da peſſoa , que a dá , e de quem a
recebe. Promettifazer huma Capella a S. Benedicto, na Igreja de
S. Franciſco de Xabregas , mando , que ſe faça logo , no caſo , que
eu em vida o naó mande fazer. Por evitar duvidas , que podem of
ferecerſe ſobre a fórma, com que ſe deve ſucceder na Cafa , que
inftituo para o Infante D. Franciſco, declaro , que acontecendo
que Deos nað permitta , que o Principe D. Joað faleça feni filhos ,
ou ſe extingua alinha de ſua deſcendencia, e que por eſta cauſa de
va ſucceder na Coroa o Infante D. Franciſco , ou algum feu defcen
dente , neſte caſo , ordeno , e mando , como Rey , que aſſim os bens
da Caſa do Infantado, como todos os mais, que a ella eſtiverem
vinculados , conforme eſta minha inſtituiçaó , le nao poſlao unir ,
nem incorporar na Coroa , e quero , que ſe conſervem ſempre ſepa
rados , e que parlem logo ao filho varao ſegundo genito do dito In
fante D. Franciſco meu filho , e eſta meſma ordem de ſucceder, ſe
obſervará , e hey por repetida em todos ſeus deſcendentes , que ſuc
cederem na Coroa deſtes meus Reynos. E fuccedendo tambem O
que Deos nað permitta , que o Infante D. Franciſco nieu filho fále.
ça ſem defcendentes , ou ſe extingua a ſua linha , neſte caſo , orde
o da ſua
no 2 e mando , que a ſucceſſã Caſa faça tranſito , é ſe de
volva logo ao Infante D. Antonio meu filho , e em falta delle a ſeus
defcendentes ; e quando delle os nao haja , terá intranſia neſta ſucceſ
faó o Infante D. Manoel meu filho , e em falta delle ſeus deſcenden- '
tes ; c em todos os ſucceſſores , que o forem deſta Cala , hey por
repetidas as condições , c diſpoſições declaradas neſta minha inſtitui
çao , para que na forma dellas ſe deva ſempre regular a de fucceler .
É porque os bens, de que inſtituo eſte vinculo fað da Coroa , para
que em nenhum caſo obſte a forma de ſucceder , que tenho dado
às diſpoſições da Ley Mental , hey por bem difpenfallas , e derro
gallas nos caſos deſta diſpoſiçao para ſempre , uſando para eſte fim
do meu poder Real , e abloluto. Encomendo muito aos Reys meus
ſuccellores , que tendo filhas procurem , quanto for poſſivel , caſal
las coin os fucceffores deſta Cala , para que aflim ſe conſerve , e aug
mente o eſplendor della . Ordeno , e mando , aos que ſervirem a !
peſſoa
88 Provas do Liv . VII. da Hiſtoria Genealogica
0
peſſoa do Infante D. Franciſco meu filho , ſejaó remunerados os VO
ſeus ſerviços , como feitos à Coroa ; e acs mais Criados, que a di
ante fervirem os fuccefTores deſta Caſa encomendo aos Reys meus Ti
ſucceſſores attendaó aos ſeus ſerviços , para os favorecerem , e ampa
Rei
rarem , E porque nas vocações , que tenho feito para a ſucceſlao May
do vinculo , que inftituo , faço mençao de deſcendentes , declaro
Al
que he a minha vontade , que eſtas vocações ſe haó de entender dos que
deſcendentes, que forem legitimos, naſcidos de legitimo matrimonio ; MO:
porém no caſo , que ſe extinguað todas as linhas legitimas de todos
os neus filhos , luccederáð , e tera ) intranſia neſe vinculo os defi
cendentes illegitimos , e baſtardos , que de mini procedem . E neſta
fórma hey por acabado eſte meu Teftamento , que de meu mando ef
creveo o Padre Sebaſtiao de Magalhaens , meu Confeffor , e mo fez 00
Decreto.
Tom . V. M Papel
90 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
0
bi
Papel delRey D. Pedro II. de quefaz mençað no ſeu Teſtamento ,
tirado dos manuſcritos do Duque de Cadaval. 21
Papel muy pio, e devoto ,que ElRey D. Pedro eſcreveo da ſua pro.
pria maó , de que vi huma copia na Livraria manuſcrita do
Duque de Cadaval. Eſtá no livro 19 , de papeis varios ,
pag . 574 , donde o copiey , e principia nejta forma :
Propoſitos , que com a graça de Deos proponho guardar.
a murmuraçao.
2
De me naó deſculpar , ainda que me culpem.
3. De ſer mais ſofrido , nao dizendo palavra , que ſeja de menos
paciencia , e interiormente procurarey trazer à memoria motivos , que
me enfinem a fofrer , e ter paciencia nas occaſioens.
4 De ſer mortificado no comer , nað me queixando quando nað
eſtiver bom , ſó procurarey acodir á neceſlidade , conforme os meus
an
achaques , e conforniarme quando for de meu goſto , ſem queixa ,
tes às vezes direy , que me façað algumas couſas de differente modo,
do que goſto.
5 Ter cuidado de me mortificar em tudo o que for licito , e pu
dér , com a graça Divina .
6 De niortificar nas repugnancias , fazendo o meſmo , em que a
tiver , e nao dizendo palavra , que ſeja naſcida della , e pôr para iſto
algumas conſiderações, que me refreem .
7 Nao me queixarey de aggravo , que me façao , ſenað for com
juſta cauſa , que me obrigue a iſſo , ou ao Confeſſor para pedir con
ſelho , e tambem me procurarey mortificar em me nað queixar , do
que padeço , fenaó for neceſſario , ou for mal , que me aperte , ou
perguntado , excepto ao Confeífor, a quem direy tudo.
8 De obedecer ao Confeſſor , no que me mandar , ou diſſer , ef
pecialmente nos eſcrupulos , e para iſto conſiderarey , que mo manda
Deos por boca de ſeu Miniſtro ; ſeguilloey em tudo como quem tem
vivvezes
as de Dcos na terra ; darlheey credito ao que me diz corn fé
a , crendo , que Deos me falla por elle , e aſſim em tudo conſide
rarey nelle a Chriſto , fem mais ſegurança, que neſte Senhor, e no
Confeffor , por ſer ſeu Miniſtro , e poſto pela Igreja para o ſeguir.
9. De mortificar em tudo quanto advertir , e'for lícito a vonta
de , juizo proprio , parecer a ſegurança , amor proprio , e temor , e
tudo o em que a minha vontade le empenhar com vehemencia , cor,
talla em tudo o que for juſto.
Tom. V. M ii Nao
92 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
10 Naó obrar nada com vehemencia , ainda que ſeja virtude ,
mas com ſuavidade; ܪe quando fizer petições a Deos , ſerá com me
nos palavras, e nað com a vehemencia, que coſtumo , querendo até
niſto fatisfazerme, e ſerá propondolhe minha neceſſidade, e pondo
nas ſuas mãos con confiança , eſperando delle ſó o remedio , e
que me acodirá com miſericordia , e quando propuzer alguma couſa,
ferá vendo , que nað poſto ſem ajuda de Deos , e que ſó poderey
fazer alguma couſa dandome elle graça , e lha pedirey para obrar ó
que me parecer melhor exercitar.
Eſtes tres pontos , conforme a doutrina de meu Confeſſor, hu
mildade , mortificaçao , 'e oraçað ;ܪa humildade , fazendo della actos
continuos , pois tảntos motivos tenho na miſeria , e faltas , e nao
dizendo palavra de gavo , ou ſatisfaçað , nem de ſoberba , ſenaó
quando for neceſſario acodir por meu reſpeito em cauſa juſta ; ' a mor
tificaçao , em todas as couſas, aſſim nas exteriores , como em todos
os impetos , ſentimentos , e razoens interiores , que deſdizerem da
virtude , pondo diante outros inotivos ; a oraçao , procurando nað
faltar ao tempo , que tenho deputado para ella , e trazendo ſempre
a Deos preſente, e procurando , que todos os ſentidos, e potencias
eſtejaó ajuſtadas ao ſerviço , e agrado deſte Senhor , e com as mais
conſiderações, e motivos , que tirarey , do que vir , e me ſucceder ,
e outras conſiderações de Deos , ou naſcidas do tromento interior ,
que padeço , deixando eſcrupulos, e embaraços da minha imaginaçao,
como o Padre me manda , e tomando eſtoutro caminho com grande
cuidado neſtes tres pontos , pedindo a Deos me ajude pois tao dif
ficultoſo me he , pelo que interiormente padeço.
Om Deos , e
Algarves , daquem , e dalém , Mar em Africa , Senhor de Gui Num . 83.
An . 16 74 .
né, e da Conquiſta , Navegaçao , Comercio de Ethyopia , Arabia ,
Perſia ', e da India , & c. Faço ſaber , que eu paſſey ora" hu
ma Ley por mim aſſinada, e paſſada por minha Chancellaria , da qual
o treslado he o ſeguinte.
Eu o Principe como Regente , e Governador deſtes Reynos ,
e Senhorios. Faço ſaber , aos que eſta minha Ley , eſtabelecida em
Cortes , virem , que havendo reſpeito às repetidas inſtancias , com
que a Nobreza ", Povo , e Clero deste Reyno , nas Cortes , que ſe
celebrarað neſta Cidade de Lisboa eſte preſente anno > me pedirao
quizeſſe por huma Ley fundamental dar certa forma às regencias , e
tutorias , na menoridade , ou incapacidade dos Reys ſucceſſores, pe
la perturbaça ) , que cauſava ao eſtado politico , a incerteza da peſſoa
a quem tocava , é competencia dos pertendentes , pervalecendo , as
mais das vezes , o que menos convinha ao bem do Reyno , com di
vizaó nos Grandes e ſeus parciaes , e conſecutivamente com faltas
de reſpeito , e obediencia , com que a Monarchia ſe expunha ao pe
rigo de huma total ruina , e com mais juſto receyo na preſente oc
calia ) , em que o Reyno ſe achava com a privaçao do Senhor Rey
D. Affonſo Sexto , meu irmao, pela fua perpetua infanavel incapaci
dade , e na menoridade da Infante minha ſobre todas muito amada
e prezada filha ; podendo acontecer o caſo de mayor embaraço 9 е
perturbaça ) , pela novidade delle , offerecendo juntamente os pontos,
que com toda attençao tinha) examinados , e julgavað por nocella
rios , baſtantes , e convenientes , para tirar toda a occaſiaó de duvi
da , ajuſtando-ſe ao exemplo das Leys dos Reys viſinhos, e dos mais
de Europa. Houve por bem deſcutida a materia , e importancia del
la , com os do meu Conſelho , conſiderando nað fómente a utilida
de da Ley para o focego , e tranquillidade publica , mas ainda a
anticipada aceitaçað dos Póvos , conformarme com o ſeu parecer na
maneira ſeguinte.
Que faltando o Rey Regente por morte natural , deixando fi
lho , ou filha primogenito , ſucceſſor , ou luccellora , menos de qua
torze annos , nomeando por teſtamento , ou eſcritura Tutor , ou Tu
tores , que por ſeu filho , ou filha governem a elle , ou a elles Tu
tores ,
94 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
tores , ſejað obrigados a obedecer todos os Vaſſallos deſtes Reynos,
e Senhorios , allim , e na fórma , que devia ) obedecer ao meſmo
Rey. 1
Que faltando por morte natural, privaçao de entendimento ,
ou outro impedimento legitimo , o Rey Regente , e nað nom eando
Tutor , ou Tutores , na fórına referida', ficando Rainha viuva , máy
dos ditos menores ſucceſſores do Reyno , em taes caſos ficará a Rai
nha ſendo Tutora dos ſobreditos menores , e Governadora deſtes Rey
nos e Senhorios , porque naturalmente he a que mais os deve amar,
tratar do ſeu augmento , e conſervaçao , e como a tal ſeraó obriga
dos a obedecer todos os Vaſſallos deſtes Reynos , e Senhorios , du
rante a dita tutella , e em quanto ſe naó cafar.
Que ſuccedendo o nao diſpor o Rey defunto , nem ficar Rai
nha viuva , máy do ſucceſſor , ou ſucceſſora , ou ficando faleceo , ou
caſar durante a tutella , e Regencia , em cada hum deſtes caſos en
traráo na tutella , e Regencia , os cinco Conſelheiros de Eſtado ,
mais antigos no exercicio , entrando neſte numero o Prelado , que
en tað ſe achar no Conſelho de Eſtado , ainda que ſeja mais moderno,
a reſpeito dos mais Conſelheiros , com tanto , que havendo mais,
que hum, preceda o mais antigo ; e ſuccedendo nað ſe achar Preladó
algum Conſelheiro de Eſtado actual , entrará no dito numero dos
cinco , com calidade de Conſelheiro de Eſtado , o Inquiſidor Geral,
ſendo Sagrado , e nað o ſendo , o Arcebiſpo de Lisboa , e na falta
de ambos o Arcebiſpo de Braga , ou Evora , preferindo'o mais an
tigo na dignidade ; e havendo no Conſelho de Eſtado Eccleſiaſtico , 1
1
fem ſer Biipo , ou Arcebiſpo , ſe regulará para a Regencia , e tuto
ria por ſua antiguidade com os ſeculares e naó poderáó concorrer 1
dous irmãos, aindaque ambos ſejað doConſelho de Eſtado , e mais
antigos , e ſomente entrará o que delles for anterior no exercicio
de Conſelheiro de Eſtado.
Havendo Infante unico , irmao do Rey , ou Principe defunto ,
elle , ou dos que houver , o mais velho , governará , e terá a tutella
com os Conſelheiros apontados , na forma referida , que terað vo
tos conſultivos , ſendo a deciſao do Infante , e exceptuando porém
deliberaçao de caſamento de ſucceſlor , ou fucceſſora do Reyno , paz ,
tregoa , liga , e alheaçaõ , de parte do Eſtado , porque neſtes caſos
fe Tcguirá o que ſe vencer por mais votos , e empatando , a parte a
que ſeacoſtar o Infante pela calidade.
E porque preſentemente ſe acha depoſto pelos meſmos Efa
dos , do exercicio do governo deſtes Reynos, e Senhorios , o Se
nhor Rey D. Affonſo Sexto meu irmaó , pela ſua incapacidade , e eu
Regente delles , com huma unica filha , menor de quatorze annos ,
jurada luccellora deſtes Reynos , e Senhorios , na falta do Senhor
Rey D. Affonſo , e minha , na fórma , em que eu fuy jurado ; que
rendo prover neſte caſo , é nos ſemelhantes , que ao diante ſuccede
rein , attendendo ao focego, e tranquillidade publica , concordia en
tre os Vallallos , e conſervaçao do Reyno. Ordeno , que todos os
caſos arriba providos , em ordem à tutella , e Regencia , fe entendað ,
e pra
da Caſa Real Portugueza. 95
e pratiquem na meſma forma , no caſo , em que o Principe , jurado
immediato ſucceſſor , governando
tamento
venha a falecer
a
, nomeando
dade
Tutor,
ou Tutores , por tef > ou eſcritur , na menori do ſeu
fucceſſor , ou ſucceſſora no Reyno , por quanto eſte Tutor , ou Tu
tores , governaráó com o meſmo poder , e authoridade , que os no
mcados pelos Reys , e ſerao na meſma conformidade obedecidos por
todos os Vaſſallos deſtes Reynos , e Senhorios .
Faltando nomeaçao nos tres caſos acima referidos , morte natu
ral , privaçaõ de entendimento , ou outro impedimento legitimo , fi
cando Princeza viuva , máy dos menores ſucceſſores do Reyno , em
cada hum delles ficará ſendo ſua Tutora , e Regente deſtes Reynos
e Senhorios , a Princeza , mulher do dito defunto Principe , na mef
nia conformidade , e com as condições , com que fica diſpoſto nas
Rainhas viuvas,
Faltando o Principe ſem nomear e nað ficando juntamente
Princeza viuva , máy dos ditos menores , ou falecendo , ou caſando,
durante a dita menoridade , governaráð , e terao a tutella os cinco
Conſelheiros de Eſtado mais antigos , com a fórma , e declarações
eſtabelecidas no caſo da morte dos Reys , ſem nomeaçaó , e ſem fi
car a Rainha viuva .
Havendo Infante unico , irmao, do Principe defunto , eſte , ou
dos que houver o mais velho , governará , e terá a tutella com os
Conſelheiros apontados , na fórma referida , no caſo da morte del
Rey , tendo votos conſultivos , ſendo a deciſao do Infante , excep
tuando porém a deliberaçao do caſamento do ſucceſſor , ou ſucceſſo
ra do Reyno , paz , tregoa , liga , ou alheaçað de parte do Eſta
do , porque neſtes caſos ſe fará o que ſe vencer por mais votos , e
empatando , a parte a que ſe acoſtar o voto do Infante , pela calidade
delle.
E por evitar o inconveniente , que neſte , e nos mais Reynos
viſinhos, a experiencia tem moſtrado na duraçað das tutellas , é cu
radorias ' dos Reys , e Principes , ſeguindo o exemplo do meſmo
Reyno , e dos viſinhos. Mando, e eſtabeleço , que chegando os
ſucceſſores deſtes Reynos , e Senhorios , à idade de quatorze annos
completos , ou caſando a filha ſucceſſora , antes delles , tomem logo
O governo > caflando deſde agora para entao a Regencia do Tutor ,
ou Tutores.
E os que contravierem em todo , ou em parte , a obſervancia,
e inteira obediencia deſta Ley , ſerað havidos por Reos , no crime
da Mageftade offendida em primeira cabeça , e incorreráó em todas
as penas em Direito eſtabelecidas, e applicadas ao dito crime. E
mando ao Preſidente do Deſembargo do Paço , Regedor da Caſa da
Supplicaçao , Governador da Caſa do Porto, وé aos Deſembargadores
das ditas Caſas , e a todos os Corregedores , Provedores , Juizes ,
Juſtiças , Officiaés , e peſſoas deſtes meus Reynos , e Senhorios , que
à cumpraó , e guardem , e façað inteiramente cumprir , e guardar , 1
Num . 87.1Nnocenti us
memoriam .
Epiſcopus ſervus fervorum Dei. Ad perpetuam rei
Romani Pcnntificis Paſtoralis ſolicitudo in ſupremo
An. 1678. Apoftolicæ poteßatis Solio ex Omnipotentis DeiProvidentiaconſti
tuta ad ea potiſſimum dirigitur , per quæ Salvatoris noftri Jeſu Chriſ
ti æterni Patris unigeniti fides , & gloria indies magis augetur , & mul
tiplicatur , qui ubi meſſem multam eſſe conſpexit operationum penu
riam attendens Miniſtrorum ſuorum curas varijs diei horis ad opera
mittere , non deftitit cùm & ipfe, ut homines ſalutaris vitæ coeleſtis
Patriæ cultores efficeret de ſummis cælorum ad hujus mundi infima,
& in Sacroſancta Crucis ara pro noſtra ſalute in prætium immolari
dignatus fit , cujus cùm licèt vices geramus in terris inter multiplices
curas , quæ ex Apoftolico munere nobis incumbere dignoſcimus illa
præfertim cordi noſtro eſt , ut multiplicata meſſe agri, & dominici
cultores multiplicentur quorum aſliduis operibus , & fructuoſis mi
nifterijs fructus ſpiritualis ad centeſimum uſque augeatur , & populus
Chriftianus eiſdein Rectoribus gubernetur quos Paſtor æternus ſui
operis Vicarios eſſe difpofuit , proptereà piiſſimi Patris familias par
tes favorabiliter implere exoptamus , fanè cùm in Regno Braſiliæ in
ea parte quæ Rivus Januarij appellatur inter cætera unui Oppidum
Civitas nuncupatuni Sancti Sebaſtiani Braſilienſis Dioceſis quater mil
lè circiter focularibus ccnfans Regum Portugalliæ dominio ſubje
cium , & in co una Parochialis Eccleſia ſub ejuſdem Sancti Sebaſtia
ni invocatione , in qua Miffa , & alia Divina Officia , & Ecclefiafti
ca
da Caſa Real Portugueza. IO3
ca Sacramenta adminiſtrantur aeris ſalubritate , ac populi fræquentia ,
& comercio pluribus Virorum Monaſterijs, Incolifque generis nobi
litate , litterarumque , & annorum gradibus decoratis inſigne reperia
tur quod à Civitate Sancti Salvatoris Bahiæ , uſque ad ea remotum
ſit, ut Chriſtianorum multitudo divino cooperante Spiritu Sancto
ità coalluerat , ut Epiſcopus Sancti Salvatoris Bahiæ pro tempore
exiſtens ad illud , ejuſque fines , citrà pæriculum tranſineare ac alio
rum fingulorum vultus , ut Epiſcopum decet inſpicere , aliaſque par
tes boni Paſtoris in univerſum gregem Dominicum curæ ſuæ com
miſſum exercere nequeat , & poftquàin Reges ipſi vaſtiſſimas Provin
cias , Oppida , portus, & loca in illis partibus fummis viribus , &
diuturnis , ac frequentibus bellis periculiſque feliciſſimè acquiſiverant ,
& ab hereticorum Hollandorum manibus recuperaverant , eorumque
populus divini , humanique juris eatenùs expertes opera , & miniſte
rio variorum Religioſorum , & aliorum vitæ probatæ virorum , abje
etis indè Sathanæ tenebris , ac idolatriæ , & gentillitatis , hæreſum
que erroribus ad Fidem Catholicam extrà quam nulla eft falus , &
cognitionem veri luminis quod eft Chriftus , & Sanctum Baptifinatis
lavacrum , Sanctæque Matris Eccleſiæ gremium allici curaverant dictam
Civitatem tanquam Regiam_ſuam , Proregum fuorum Sedem , illi
uſque Dioceſim ſumptuofis Dei Templis , Monaſterijs , Xenodochijs,
& facris locis , necnon Miniſtris Eccleſiaſticis locupletaverant , & or
naverant, & dilectus filius nobilis Vir Petrus Regnorum Portugalliæ ,
& Algarbiorum Princeps , & Gubernator prædictorum Regum veſti
gia , & exempla fequutusad illas Regiones plurimos verbi Dei Pre
dicatores , & alios doctrina , vitæque integritate inſignes Viros pro
fpirituali ſalute animarum , præcipua quadam folicitudine , & induf
tria aſliduè laborantes notabili impenfa fæpiùs miſerat , quorum con
cionibus, exemplis , & monitis converſos in eadem Fide inſtrui , &
confirmari ftuduerat , & à Fide abhorrentes dùm expediebat , vel fa
lutaribus armis confuderat, vel procul arcuerat , eiſque rationibus Re
ligio Chriſtiana Divina favente clemencia eis in locis fic longè latè
que propagabatur , ut ad eos adhuc debiles in Fide confirmandos , !
cis , & ſecularibus recurſum habere. Nos qui hodiè ex certis tunc
expreſlis cauſis matura ſuper hoc cùm Venerabilibus fratribus noſtris !
Sanctæ Romanæ Eccleſiæ Cardinalibus deliberatione præhabita , nec
non prædicto Principe , & Gubernatore , per ejus litteras Nobis ad
hoc humilitèr_ſupplicante , Eccleſiam Sancti Salvatoris Bahiæ eatenùs
fuffraganeam Ecclefiæ Ulixbonenſi , & dictas Civitatem , & Diæcefim ,
necnon dilectos filios earum Clerum , & populum à Provincia Ulix
bonenſi cui tunc Metropolitico jure ſuberant , ac Oppidum de Olin
da cùm certis terminis inferiùs ſpecificandis , & certis limitibus dif
tinguendi ab cadem Dioceſi Sancti Salvatoris Bahiæ , ita quod poſt
hac
104 Provas do Liv. V II.di Hiftoria Genealogica
hac inibi tres Dioeceſes eſſent perpetuò ſeggregavimus , diviſimus , &
ſeparavimus , illaque omnia à pro tempore exiſtentis Archiepiſcopi,
& Capituli , ac prædictæ Ecclefiæ Ulixbonenſis, necnon quoad legen
Diæcefanam Oppidum prædictum de Olinda cùm fuâ Dioceſi , ac
etiam Clero , & populo ab Archiepiſcopi , etiam pro tempore exif
tentis , ac Capituli , ac prædictæ Ecclefiæ Sancti Salvatoris Bahjæ ſu
perioritate, juriſdictione , poteftate, ſubjectione , viſitatione, & cor
sectionc moderni Venerabilis etiam fratris noftri Archiepiſcopi Ulix
bonenſis ad hoc accedente conſenſu prorsùs eximimus , & liberavimus ,
necnon Ecclefiam Sancti Salvatoris Bahiæ , certo tunc expreſſo modo
Paſtoris folatio deftituta in Metropolitanain , ac Sedem Epiſcopalem
in Archiepiſcopalem , Archiepiſcopaliſque , & Metropolitanæ Eccle
fiæ Sedem , & Provinciæ caput pro uno Archiepifcopo Sancti Salva
toris Bahiæ nuncupando , necnon Oppidum de Olinda prædictum in
Civitatem , ac Eccleſiam ſub invocatione Sancti Salvatoris ejuſdem
Oppidi de Olinda in Cathedralem pro uno Epiſcopo de Olinda nun 1
oram raritimam , & terram intus pro ſua Diacefi , & illius Clerum ,
Incolas habitatores , & populum pro fuis Clero , & populo conce
dimus , & aflignamus, non obftante alia feparatione , ſeu dismembra
ticre ciufdcm Provinciæ Kivi Januarij olim facta cùm ere& a fuerit
in adminiſtrationem fpiritualem à farctæ memoriæ Gregorio XIII.
Pra deceſſore nofiro per litteras datas xix. Julij , millefimo quingen
tefimo feptuagefno fexto , necrion Ecclefiæ pra dicæ Sancti Sebalia
ni , ejuſque Menſæ Epifcopali pra didæ pro ejus Dcte redditibus an
nuos duorum millium & quingentcrum cruciatorum monetæ Portu
galliæ per ipſum Petrum Principem all gnatos quam quidem ſumiran
idem Petrus Princeps de ſuis proprijs , ac pro tempore exiftentium
Regum Portugalliæ redditibus , & fpecialiter de illis , qui ex ipfa
Regione Braſiliæ percipiuntur gratiosè , & irevocabiliter ad hunc cf
fectum doravit , & obtullit, & folvere quotannis premiſit , feu pro
mitit fimiliter perpetuò applícamus , & appropriamus , & infuper Pe 1
prium inftitui, qui illos adhuc debiles in ipfa Fide confirmare , & 1
maiora Ecclefiaftica ſeminaria plantare Dominicique Ovilis ſépta
2
1
adificare , cæteraque Pontificalia omnia in illis partibus exercere pof
fit , & debeat , omninò expediret , cum præſertim in compluribus
Oppidis , & locis ejuſdein Provincia de Maragñano multæ , & diver
fæ Ecclefiæ , ac Virorum monafteria , aliaque ſacra loca fúndata , &
erella reperiantur , devotionis fiæ zelo ducłus, populiſque in illis
partibus degentibus confulere plurimum exoptaſet . Nos matura ſu
per his cum Venerabilibus fratribus noftris Sanctæ Romanæ Eccleſiæ
Cardinalibus , habita deliberatione dicto Petro Principe , & Guberna
tore
da Caſa Real Portugueza. 113
tore per ejus litteras nobis adhoc humiliter ſupplicante, Oppidum
prædictum Sancti Ludovici Epiſcopali, & civili titulo dignum judi
cantes , piiſque dicti Petri Principis votis libenter annuentes de eo
rumdeni fratrum noftrorum conſilio , & aſſenſu , deque Apoſtolicæ po
teſtatis plenitudine Oppidum Sancti Ludovici prædictum cum dicta
Provincia Maragñani , ac omnibus ſuis Caftris , Oppidis , Villis , ter
ritoriis , & diſtrictibus Eccleſiis , & perfonis, tam fecularibus , quam
Eccleſiaſticis ab ordinaria juriſdictone Epiſcopi Braſilienſis perpetuò
ſegregamus , dividimus , & feparamus , illaque omnia ,, quæ ad Le
gem Diæceſanam ab Epifcopi Braſilienſis fuperioritate , juriſdictione,
poteſtate , ſubjectione, viſitatione , & correctione prorsùs eximimus ,
& liberamus, ac Oppidum Sancti Ludovici prædictum Civitatis, il
liufque Incolas , Civium nomine , titulo , & honore decoramus, il
ludque in Civitatem quæ San & i Ludovici denominatur , & in eo
dictam Ecclefiam noftra Dominæ Victoriæ dicatain in Cathedralem Ec
cleſiam ſub invocatione ejufdem noftræ Dominæ Victoriæ pro uno
Epifcopo Sancti Ludovici nuncupando , qui illi præſit , ac Ecclefiam
ipfam , feu illius ſtructuras perficiat , & ad formam Cathedralis Ec
clefiæ redigi faciat , necnon in ea, & dicta Civitate , ac ejufdem Ec
clefiæ Diæcefi tot Dignitates , Canonicatus , & Præbendas , aliaque
Beneficia Ecclefiaftica cum cura & fine cura , quot inibi Divino
Cultui , & di&tæ Ecclefiæ ſervitio , ac Ecclefiaftici Cleri decore fibi
videbuntur convenire , de prædicti Petri Principis , & pro tempore
exiftentis Portugalliæ , & Algarbiorum Regis confilio , & affenfu , &
prævia eorum congrua dotatione ab ipſis Petro Principe , & Regibus
Portugalliæ pro tempore exiftentibus facienda , quam primum ficri
poterit , erigat , & inſituat , necnon Epiſcopalem juriſdictionem ,
auctoritatem , & poteßatem exercere , omniaque , & ſingula, quæ or
dinis quæquæ juriſdictionis , & cujuslibet alterius muneris Epifcopa
lis funt , & qiæ alii in Portugalliæ , & Algarbioruni Regnis , & do
miniis conftituti Epiſcopi in luis Eccleſiis Civitatibus , & Dioceſi
bus facere poſſunt , & debent facere liberè , & licitè poſſint, & de
beant , ac in eadem fic erecta Eccleſia Epiſcopalem Dignitatem cum
Sede , praeminentiis , honoribus , privilegiis , & facultatibus , quibus
aliæ Cathedrales Ecclefiæ hujuſmodi de jure , vel confuetudine , aut
aliàs ut!!ntur , potiuntur , & gaudent , ac uti , frui , potiri , & gau
dere poflunt , & poterant quomodolibet in futurum , necnon Epif
copali, & Capitulari Menſis , aliiſque Cathedralibus inligniis ad Om
nipotentis Dei laudem , & glorioſiſſimæ Genitricis ejus Virginis Ma
riæ , totiuſque Triumpliantis Ecclefiæ gloriam , & Fidei Catholicæ
exaltationem de fimilibus confilio , & Apoftolicæ poteftatis plenity
dine Apoſtolica alctoritate tenore præfentium perpetuo erigimus, &
inftituimus , ac eidem fic erectæ Ecclefiæ Oppidum Sarcti Ludovici
prædictum lic in Civitatem erectum pro Civitate , & alia Oppida ,
Caftra , Villas , territoria , & diftri& us dictæ Provincia de Maragna
no à capite Nortis per oram inaritimam , & terram intùs ufque ad
Arcem de Searî excluſivè pro Diæcefi , necnon Ecclefias pro Clero,
& ſeculares perſonas in Civitate , & Dioceſi hujuſmodi jro tempo
Tcm . V. P re
114 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
re degeñtes pro populo de conſilio , poteſtate , & auctoritate ſimili
bus > etiam perpetuò concedimus & aſſignamus , Civitatemque
Diceceſim , Clcrum , & populuni Epiſcopo Sancti'Ludoviciquoad
Epiſcopalern ordinariam , quo verò ad Metropolitanam juriſdictio
nem > ac ſuperioritatem eo quod à prædicta Eccleſia Sanáti Ludovi
ci longè faciliùs , atque expeditius iter ſit Ulixbonenfis , quam Bahiam
Omnium Sanctorum , habita ratione præcipuè commodioris comercii. i
nomine Domini Amen. Univerſis , & ſingulis hoc præſens pu- Num. 91 .
INNblicum tranfumpti inſtrumentum viſuris , lecturis, & auditoris pa
An . 1690 .
teat evidenter , & ſit notum , quod anno à nativitate Domini noſtri
Jeſu Chriſti milleſimo ſexcentefimo nonagefimo primo , Indictione de
cima quarta , die verò decima octava menſis Januarii Pontificatàs au
tem Sanctiffimi in Chriſto Patris , & Domini noftri Domini Alexan
dri Divina Providentia Papæ VIII. anno ejus ſecundo ego Notarius 3
infra
1
120 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
infrafcriptus vidi , legi, & diligenter inſpexi quaſdam litteras Apor
tolicas fub plumbo , ut moris eft , expeditas , fanas quidem , & in
tegras , non vitiatas , non cancellatas , nec in aliqua ſui parte ſuſpe
Clas , ſed omni prorsùs vitio , & ſuſpicione carentes, quaruin tenor
ſequitur , & eft talis videlicet. Alexander Epiſcopus ſervus fervo
rum Dei. Ad perpetuam rei memoriam . Romanus Pontifex Beati
Petri Cælefis Regni clavigeri Succeffor , Chriſtique Vicarius cuncta
mundi climata , omniumque nationum in illis degentium qualitates
conſiderat , ac ratione diſcutit , & examinat diligenter proptereà ex
officii fui debito , ſalutem omnium quærens , & appetens , ea ſuaden
tibus rationibus , & caufis perpetua deliberatione diſponit , & ordi
nat , quæ Divinæ Majeſtati grata fore conſiderat , & per quæ oves
fuæ curæ creditæ ad Dominicum ovile conducantur , eiſdem ſcilicet
æternæ falutis policito pramio , nil igitur certius , & acceptius Di
vinæ Majeftati efle cenietur , quàm Catholicæ Fidei veritas ad lau
dem , & gloriam Divini nominis in omnibus terræ partibus ſuſcipiat
incrementa. Sanè cum chariſſimus in Chrifto filius nofter Petrus
Portugalliæ , & Algarbiorum Rex illuſtris accepiſſet in parte Auſtra
li Regno Sinarum operâ , & minifterio variorum Religioſorum , &
aliorum doctrinâ infignium , & vitæ approbatorum virorum præcipuè
follicitudine , & induſtria laborantium , infinitas propemodum gentes
abjectis indè Satlianæ tenebris, ac idolatriæ , & gentilitatis , la re
fumque crroribus ad Catholicam Chrifti fidem , & Sanctæ Matris
Ecclefiæ gremium amabiliſfimum converſas reperiri, ciſque rationibus
Religio Chriſtiana in illis partibus , & Dæceſi Ecclefiæ Machao
nenſis , quæ de jure Patronatus Regum Portugalliæ ex fundatione
vel dotatione , feu privilegio Apoſtolico , cui non eft hactenus in
aliquo derogatum , fore dignoſcitur , fic longè , latèque propagata ſit,
ut Epiſcopus Machaonenlis pro tempore exiſtens ad illam , ejuſque
fines ob locorum diftantiam tranſmeare , & fingulorum vultus , ut
Epiſcopum decet , inſpicere , aliaſque partes boni Paſtoris in univer
fum exercere nequeat , Eccleſiæ illius incolæ , & habitatores proprio
nofcebantur Paſtore indigere ', qui præfentia Tua , ac Divino coope
rante Spiritu , Pontificalia omnia , ܕin illis partibus exercere poſſet , &
deberet. Cumque in ea parte adſit inter cætera unum Oppidum de
Nankim nuncupatum amplitudine , fertilitate , & comerciorum fre
quentiâ celebre', & in dicto. Oppido de Nankim una Eccleſia Beatæ
Virgini dicata , altera inibi exiſtente iraicr , & principalis , cui ejuf
dem Regis Lufitani Miſſionarii inferviunt, '&in qua Miſz , & alia
Divina Officia celebrantur , & Ecclefiaftica Sacramenta adminiſtrantur
jani pridem erecta , & fundata exiſtat cùm Sacrario ad Divinum Cul
tum ſufficienter inſtructo. Proptereàque dictum Oppidum de Nankim
à Diæcefi Machaonenſi diſmembrari , & in Civitatem , dictainque Ec
clefiam Beatæ Virginis in Cathedralem erigi , & in ca Catholicum An
tiſtitem , & Paftorem proprium inftitui, qui illos adhuc debiles in
ipſa Fide confirmare & maiora ſeminaria plantare , Dominicique
ovilis ſepta ædificare , cæteraque Pontificalia on nia in illis partibus
exercere poſſit , & debeat, omninò cxpediret , devotionis fuæ želo
ductus
da Caſa Real. Portuguega. I 21
.
(
Carta
1
da Caſa Real Portugueza. I 27
VII.
Se aceitando os favores , que nað nego ,
Reciproca em ti for a recompença ,
Acharás a ventura do focego , !
X.
Vè pois mortal ( ſem que no error te cegues
Da advertencia os reparos venturoſos )
Eftes aviſos , e à raza ) entregues
Os dictames do acerto myſterioſos ,
Conſiderando , que enganado ſegues
Do Mundo os appetites mentiroſos ,
E a imitaçao deſta advertencia minha
A fortuna a huma eterna te encaminha .
E Mto ,nome da Santiſſima Trindade , Padre , Filho , e Eſpirito San- Num. 99.
tres Peſſoas , e hum ſó Deos verdadeiro , em quem fielmen- An. 1683 .
te creyo , e em cuja Fé eſpero ſalvarme.
Eu D. Maria Franciſca Iſabel de Saboya , por graça de Deos
Rainha de Portugal, e dos Algarves , daquem , e dalein , mar em
Africa , Senhora de Guiné, da Conquiſta , e navegaçaó , comercio de
Ethyopia, Arabia, Perſia ,'e daIndia ,mulher domuitoalto, e do
muito poderoſo Senhor Rey D. Pedro ', meu Senhor , e marido , ef
tando doente neſte Lugar de Palhavía , mas em meu perfeito juizo,
e entendimento , ordeney fazer meu Teſtamento , para diſpor minhas
couſas , quanto mais convenha ao ſerviço de Deos , e ſalvaçaó de
minha alna .
Primeiramente encomendo minha alma a Deos todo poderoſo,
que a creou , e remio com ſeu precioſiſſimo Sangue , em cujos infi
nitos merecimentos eſpero , e confio , me perdoc minhas culpas , ܕe
peccados , para poder gozar da Bemaventurança ; e para eſte effeito
tomo por minha advogada , e interceſſora agloriofa ſempre Virgem
Maria Noſſa Senhora , e o Myſterio de ſua Purillima , e Immaculada
Conceiçao 2 para que como Padroeira deſte Reyno , o ſeja tambem
t
da minha alma , diante de ſua Divina Mageftade , juntamente com o
Anjo da minha guarda , e com todos os Santos da minha devoçað.
Declaro , que fou verdadeira, e fiel Catholica Romana , nàlci
da , e creada no gremio da Santa Madre Igreja , em quem creyo
bem , e verdadeiramente tudo o que ella tem , crê , e enſina , e nef
ta unica , e verdadeira Fé , na qual ſómente ha ſalvaçao, em que
ſempre vivi , e eſpero falvarme.
Tanto , que Deos for ſervido levarme para fi, quero , e orde
no , que meu corpo feia compoſto no Habito de S. Franciſco , de
que fou Terceira profeffa , e que neſta fórma , com a mais , que ſe
diſpuzer , me ſepultem .
Declaro , que fiz neſte Reyno huma Fundaçao de Religioſas
Capuchinhas da primeira Regra de S. Franciſco , cujo Convento
e Igreja , deſejey muito acabar, e fiz por iſſo o que me foy poſſi
vel, ordeno , que o dito Convento , e Igreja , na fórma da ſua ar
chitectura , fe acabem e nella ſe faça huna ſepultura , na parte ,
que for mais decente , onde quero deſcance meu corpo até o final
juizo ; e em quanto a obra fe nað acaba , ſerá depoſitado
aonde meu corpo
por minha
na Igreja do Noviciado da Companhia de Jeſu , aonde
devoçað éu , e ElRey meu Senhor mandámos fazer huma Capella da
Conceiçao de Noſſa Senhora.
Ordeno, e mando , por ultima vontade , que na dita Igreja da
Companhia
1
134 Provas do Liv. V II.da Hiftoria Genealogica
Companhia ſe me faça o dito depoſito , na parte , que ſe julgar mais
decente : eſperando , que os Noviços , que naquella Caſa ſe criað
com tanto exemplo , e virtude , terao cuidado de me encomendar a
Deos. !
Primeiramente quero , e mando , que por minha alma ſe me di
gaó , com toda a brevidade , vinte mil Miſſas , e dellas todas as que
le podérem dizer em Altares privilegiados , a que ſe dará de eſmola
o que for coſtume.
Ordeno mais , que por minha alma ſe me diga ) duas Miſſas
cotidianas , na parte onde meu corpo eſtiver ſepultado ; para as quaes
ſe applicará a renda coſtumada.
Deixo à Caſa do Noviciado da Companhia de Jeſu deſta Cida
de , cinco mil cruzados por huma vez ſómente.
· Ordeno > e mando , que na parte aonde meu corpo eſiver ſe
pultado , ſe me diga todos os annos hum Officio rezado de nove li
ções , no dia de meu falecimento.
Ordeno , e niando , que ſe caſem vinte orfáas , as mais deſam
paradas , recolhidas , e honeſtas ; e que a cada humá ſe dê duzentos
mil reis de dote : precedendo as filhas de Criados de minha Caſa , e
iſto por huma vez fómente.
Ordeno , e mando , que com toda a brevidade poſſivel ſe ref
gațem de terra de Mouros tres meninos , e cinco mulheres , daquel
las peſſoas , que tiverem muito perigo na ſua ſalvaçao , e padecellem
mais rigoroſo cativeiro , por huma vez ſómente.
Ordeno , e mando , que pelas cadeas defa Cidade , aos prezos
ſe achem
dellas, que ſe mais neceſſitados,
achem mais neceſſitados , le lhes repartað mil cruzados
de eſmola por huma vez ſómente .
Ordeno , e mando , que ao Hoſpital de Todos os Santos deſta
Cidade, le dem dous miſ cruzados de eſmola por humavez tómente.
Ordeno , c mando , que ao Provedor da Miſericordia defia Ci
dade , que ao preſente he , e ao diante for , ſe dem dous mil cruza
dos para ſe repartirem à ſua ordem, e dos Írmãos da Meſa, per peſ
ſoas pobres , honradas 2 e recolhidas , por hurra vez ſémente.
Ordeno , e mando, que à Mela dos Engeitades deſa Cidade
ſe dem de eſmola dous mil cruzados por huma vez ſémente.
Ordeno , ermando, que ao Holpital dos Terceiros de S. Fran
ciſco , da Provincia de Portugal deſta Cidade , ſe dem dous mil cru
zados de eſmola pór huma vez ſómente.
Ordeno , e inando , que aos Padres da Congregaçao do Orato
tio de S. Filippe Neri deſta Cidade , fe dem dous mil cruzados , por
huma vez ſomente , para a deſpeza das Miſſoen s.
Ordeno e mando , que na Igreja do Eſpirito Santo , da Con
gregaçao do dito Oratorio de S.Filippe Neri defta Cidade, le faça
huma Capella , em que ſe colloque a Imagem de S. Franciſco de Sa
les , dedicada ao meſmo Santo ; e ſeja com aquella decencia , que
parecer a meus Teftamenteiros.
E porque na dita Igreja do Eſpirito Santo mandava dizer todos
os dias duas Millas pelas almas de meus pays , he minha ultima von
tade,
da Caſa Real Portugueza. 135
tade, que ſe continuem ; accreſcentando mais huma Miſſa cotidiana
pela minha alma , e le diraó todas tres na meſma Capella , que fe fi
zer a S. Franciſco de Sales , para as quaes ſe dará a renda neceſaria;
e em quanto ſe nað acabar a dita Capella, ſe dira ) as ditas Miſſas nos
mais Altares da Igreja.
Ordeno , e mando , que à ordem do Padre Bartholomeu do
Quental , ſe entreguem dous mil cruzados , para que elle os repar
ta por peſſoas pobres, recolhidas , e virtuoſas , c iſto por huma
vez Cómente.
Ordeno e mando , ſe dem dous mil cruzados de eſmola para
as Miſoens da China , e Japað , e iſto por huma vez ſómente.
D. Luiza de Dornhim veyo comigo de França , ſempre expe
rimentey nella bom ſerviço ; em gratificaçao do qual , quando caſou,
lhe dey huma tença : peço muito a ElRey meu Senhor lha mande
continuar ; e porque deſejo , que ſua filha D. Maria Franciſca tome
eſtado à ſua ſatisfaçao ; quando tomar o de Religioſa , ou o de caſa
da, ſe lhe darað tres mil cruzados por huma vez lómente.
Daocurt me fervio , e porque caſou por minha ordem com ſeu
marido Manoel Daocurt: e peço a ElRey meu Senhor lhe continue
a meſma tença , que eu lhe dou ; e porque ſua filha D. Angelica af
fiftio a meu ferviço : ordeno , é mando, ſe dote para tomar eſtado
de Religiofa no Convento , que ella quizer.
Derimber me ſerve ha nuitos annos , em ſatisfaçao dos quaes ,
ordeno , e mando , ſe lhe demn tres mil cruzados , além do deſpacho,
que Sua Mageftade for fervido darlhe , e os ditos tres mil cruzados
por huma vez ſómente.
Votier me ſervio neſta doença com grande trabalho , e aſſiſten
cia ; e além do deſpacho , que Sua Mageftade for fervido darlhe ,
ordeno , e mando , le lhe dei dous mil cruzados por huma vez fó
mente .
De Mom me ſerve ha pouco tempo ; além do deſpacho , que
ElRey meu Senhor for fervido darlhe ; ordeno , e mando , ſe lhe
dem mil cruzados por huma vez ſómente.
Domingos de Aguiar mcu Porteiro da Camera , me ſervio com
muita alliſtencia , e ſatisfaçao ; por cujas razoens o recomendo muito
a Sua Mageſtado, e ordeno , e mando , ſe lhe dem mil cruzados por
huma vez fómente .
Ordeno , e mando , que a Joao Barreto meu Repoftciro , ſe
dem duzentos mil reis por huma vez fómente .
Ordeno , e mando , que a cada huma das moças de lavor , e re
trete ſe dem cem mil reis por huma vez fómente.
Declaro , que todas as minhas eſcravas deixo forras, cujos no
mes hey aqui por declarados ; e encomendo a minha filha , que co
mo forras te firva dellas , em caſo , que queiraó.
Sempre detejey , quanto coube na humana fragilidade , ſervir ,
e agradar a ElRey meu Senhor , e marido ; e porque Sua Mageſtade
he fiel , e verdadeira teſtemunha do muito , que ſempre o aniey ,
nað tenho neſta parte , que encarecer , ſó pedirlhe , que pelo reci
proco
136 Provas do Liv. VII, da Hiſtoria Genealogica >
proco amor que entre nós houve , ſe ſirva ( por me fazer merce )
9
1
da Cala Real Portugaeza. 137
E por quanto tenho mais algumas declarações , que fazer , e
diſpoſições, que nað convem eſcrever neſte Teſtamento. Declaro
e mando , que ſe eſteja em tudo por huma memoria, que mandey
eſcrever de fóra , que ſerá aſſinada pelo Duque meu Mordomo môr
a que mando ſe dê inteira fé , e ſe cumpra tudo o que nella ſe
achar, por quanto foy feita por ordem minha , e hey por bem , que
valha , como parte delte meu Teſtamento .
Todos os Criados , e Miniſtros, que aſſiſtirao a meu ſerviço , o
fizeraó com zelo , deſpeza etrabalho
, : dosquaes ſempre me dey
por bem ſervida. Sað tao grandes as peſſoas , por ſuas calidades , e
merecimentos, que me nað he neceſſario expreſſallas. Peço muito a
ElRey neu Senhor , e marido, queira lembrarſe delles com expreſſa
memoria , do bom ſerviço , qué nie fizeraó ; e porque confio da Real
grandeza de Sua Mageftade , que a todos fará as honras , e merces,
que merecem ; nað tenho que lhe encarecer mais a' grande conſolaçao,
le que nifto me dará .
1. ElRey meu Senhor ſabe muito bem o grande cuidado , e diſ
je yelo ; com que aflim neſta doença , como antes della , me tem ſervi
е co , e aſſiſtido as minhas Criadas , e aſſim fio de Sua Mageftade , que
2 a todas tenha muito na lembrança , para as amparar , e lhes fazer
zy merce ; porém para eſte effeito , e para que tambem lha faça , e ſe fir
va dellas , com a confiança , que merecem , faço eſpecial recoinenda
10 çaõ de todas à Princeza minha filha , pois ella he nielhor teſtemunha,
12 do que merecem , por as ver ſervir , e por haverem ſervido tambem
0 a ella ; para que por eſte modo nað experimentcm niinlia falta , mas
1 antes tenhað razao de encomendarem muito minha alma a Deos .
A Marqueza de Soure me tem ſervido , e a minha filha com
ue muita aſliftencia ; e porque deſejo gratificarlha , eſpero da grandeza de
e Sua Mageftade o faça , além do ſeu merecimento , por lho eu pedir,
le differindolhe ao ſeu requeriinento , que tem com Sua Mageſtade.
D. Leonor me fervio muitos annos , e ſempre com toda a fa
2S tisfaçað , imitando a ſeus paſſados no amor com que o fizerað aos
-
Senhores Reys deſte Reyno : peço muito a Sua Mageſtade , que lem
ue trando-ſe de todas eſtas razoens , lhe diffira com brevidade a huma
je petiçao , que tem nas ſuas Reaes mãos.
le D. Luiza Ignez tem ſervido a Princeza minha filha com muito
le amor , e diſvelo , encomendo muito a Sua Mageftade lhe mande fen
tar a merce , que lhe fez , em parte aonde a vença fem difficuldade,
lic e de toda outra qualquer merce , que Sua Mageftade e a dita minha 1
TO
filha fizerem à dita D. Luiza , terey grande contentamento.
Manoel Lopes da Lavre ſervio muito tempo de meu Theſou
da reiro , com boa ſatisfaçað , adiantando por muitas vezes grandes fom
ܝ-i mas de dinheiro para meu ſerviço ,ſem por iſſo levar lucros. Orde
no , e mando , que a ſua conta fé lhe ajuſte , e peço a ElRey meu
12 Senior faça a Manoel Lopes a merce , que de ſua grandeza deve ef
a
perar do bom ſerviço , que me fez.
Declaro , que tenho joyas , prata , e mais móveis , de quc mi
nha filha he herdeira , como tenho dito , encomendo muito ao Du
Tom. V. S que
I
138 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
que ponha tudo o ſobredito em arrecadaçað , e para eſte effeito to
mará as noticias , que lhe faltarem ; e fio do zelo , que ten do meu
ſerviço , que nao carece eſta materia de me deter mais nella.
Ordeno e mando , que a todos os Conventos Capuchos ,
pobres deſta Cidade , que nao tem rendas , por huma vez fómente
ſe lhes dê cein mil reis a cada hum , entrando tambem as Religioſas
do Sacramento , o das Irlandezas , o Oratorio de S. Filippe Neri , e
aos Capuchinhos Francezes ſe lhe darað duzentos mil reis por eſta
vez ſómente.
Na occaſiaó , que fuy tomar os banhos das Caldas da Rainha
me compadeci muito dos pobres , que ſe vao curar aquelle Hoſpital;
porque como nao tem rendas baſtantes , ſe lhes nað póde dar ſuſten
to neceſſario no tempo do ſeu regimento ; e por eſta razað ſahem
com os meſmos achaques , e ainda lhes ſobrevem outros mayores ; e
aſſim quero , e mando , que por tempo de dous annos , depois de
minha morte , fe difpenda de minha fazenda todo o neceſſario para
ó ſuſtento dos ditos pobres em quanto durar o tempo do ſeu regi
mento no Hoſpital. E rogo muito a ElRey meu Senhor , que im
petre Breve de Sua Santidade para ſe applicar a eſta obra pia o ren
dimento de huma Igreja de minha apreſentaçao , a que for mais ren
doſa na minha Villa de Obidos .
A ’ Sereniſſima Senhora Duqueza de Saboya minha irmãa tive
ſempre tanto amor , como pedia o eſtreito parenteſco ; e de mais a
tratey em todo o diſcurſo da ininha vida , com a veneraçao , e reſ
peito de máy. Peço muito à dita Senhora , e confiadamente eſpero
della , tenha particular memoria , e lembrança minha , para me en
comendar a Deos , como eu fizera por S. A. R. e em reconhecimen
to do feu amor lhe deixo huma joya , que já tenho apontado ao
Duque meu Mordomo môr.
Nað deixando eu outra couſa neſte Mundo , de que poſſa ter
lembrança , que as peſſoas delRey meu Senhor , e marido , e da Prin
ceza nolla ſobre todas muito amada , e prezada filha. Acho , que
nað tenho neceſlidade de lembrar a ElRey meu Senhor o affecto pa
ternal , que ella merece , e ſaberá merecer , em quanto tiver vida ;
porque eſtou certa , que Sua Mageſtade a ama , e eſtima como deve,
e lhe deſeja todos os augmentos. Debaixo da minha bençað enco
mendo muito à Princeza minha filha o amor e reſpeito , e obedien
cia , e veneraçaó , com que deve eſtar ſempre ſogeita aos mandados ,
e direcções delRey ſeu Senhor , e pay , e o quanto deve tratar de
fua vida , conſolaçað , e alivio : tendo ſempre na memoria ſer eſta
doutrina , com que a creey , e ler tambem eſta confiança , que ſem
pre tive de lia boa indole , e inclinaçaó , que eſpero ſe augimente
com os annos , para goſto delRey meu Senhor , e mayor bem deſtes
Reynos .
Declaro , que fou Padroeira das duas Provincias da Piedade , e
Soledade : ordeno , que logo , que Deos me levar ſe mandem corre
yos a toda a diligencia aos dous Conventos Capitulares , para que
fe façaó pela minha alma os fuffragios coſtumados.
O Pa
da Caſa Real Portugueza. 139
O Padre Pedro Pemorð , meu Confeſfor , me tem aſſiſtido com
grande fatisfaçao ; e além diſſo as ſuas virtudes o inculcaó tanto , que
le faz muito digno da lembrança delRey meu Senhor , e da Prince
za minha filha , e com tudo lhes recomendo muito ſua pe Toa ; e or
deno ſe lhe continue com a meſma eſmola , que eu lhe dava cada an
no para os ſeus livros.
Em caſo , que EIR ey meu Senhor haja de eſcolher Miniſtro ,
ou pelloa , de que ſe ſirva , e ajude na direcçað , e execuçað deſte
meu Teſtamento , terey grande conſolaçaó , que ſeja a peſſoa do Du
que meu Mordomo môr, pela noticia , que tem de todas as couſas ,
e negocios , que me tocaó ; e por confiar de que quein en vida me
ſervió com tanto zelo , o fará tambem depois da minha morte , ein
tudo o que pertencer a ir minha alma com mais brevidade gozar da
preſença de Deos.
Mando , que as Damas , que actualmente aſliftem a meu ſervi
ço , e ao de minha filha , tomando eſtado ſe lhes dem as joyas cof
tumadas , por minha conta , na forma, que he uſo , e coſtume.
E por eſte modo hey por acabado eſte meu Teſtamento , o
qual quero , e mando ſe cumpra , e guarde inteiramente como nelle
ſe contém , pelo melhor modo , é forma , que em direito puder ſer.
O qual Teſtamento por meu mandado eſcreveo o Doutor Sebaſtiað
de Mattos de Souſa ." E cu o dito Sebaſtiao de Mattos de Souſa o
eſcrevi , por mandado de Sua Magefiade , e o aſliney depois de o af
finar a dita Senhora . Palhavba aos vinte de Novembro de mil e feil
centos e oitenta e tres .
Declaro , que ElRey meu Senhor me diſſe , que me faria mer
ce de todas as rendas , que eu tinha em minha vida , por mais hum
anno , que ſe começará a vencer do primeiro de Janeiro , que eſtá
para entrar ; e para que as diſpoſições deſte meu Teſtamento tenhao
mais prompta , e breve execução , e poſſa minha alma gozar das mi
ſericordias de Deos , por meyo dos ſuffragios , quo nelle mando ſe
me façað : peço a ElRey meu Senhor , que das rendas , que ſobejað
da conſignaçað do Tabaco , me mande logo dar a importancia das
minhas por empreſtimo , para ſe pagar nellas pelo diſcurſo do dito
anno . E eu ſobre dito Sebaſtiao de Mattos de Souſa o fiz no dia
acima alinado .
RAINHA .
-
!
da Cala Real Portugueza. ( 147
& fancte obſerventur omnia , quæcunque in eo comprehenduntur
neque unquam permiſſuros , ut ullo modo , aut via eorum vigori , &
effectui , vel in minimo derogetur ; & igitur promittimus , nofraque
Regia fide confirmamus omnia hoc tractatu matrimoniali' ab initio ,
- uſque ad finem in cunctis , & fingulis articulis , & paragrapho com
prehenfa integrè , illibatèque executuros. In quorum omnium fidem ,
& cautionem fieri juſlimus præſentes litteras confirmationis , & rati
ficationis Regia manu noftra ſubſcripfimus , & magno Sigillo inſig
nium noſtrorum munitas. Datæ Ulyſlipone die duodecima menfis
Martii, anno Domini millefimo feptingenteſimo nono. Didacus à
Mendoça Corte -Real ſubſcripſi.
JOANNES REX .
Javalla Mageftade
Cataláas , de eſtará
tudo quan informada
to tem paſſado poloCapitað
no Exercito ,das
depoiGuardas
s que Num . 102
An. 1710 .
Volla Mageftade le retirou delle , e tambem ſaberá , que a falta de
viveres nos obrigou a ir buſcar os Armazens de Aragao , e para eſte
effeito pareceo conveniente , que fizeſſemos a noſſa retirada cubertos
dos dous Rios , Tejo , e Taguna , o que executámos felizmente até
as viſinhanças de Cifuentes , a pezar das muitas tentativas , que o
inimigo fez neſta marcha para atacar a noſſa Retaguarda , favorecen
do-os os Paizanos de Caſtella , que tomava) as armas para ſe lança
rem ſobre as noſſas Tropas , e para pilharem a noſſa Bagagem , mas
tudo lhe enibaraçamos com aquella precauçað , que era pollivel.
A eſtaçað já adiantada , 'e a meſma neceſſidade de viveres , e de
forragem para as Tropas , nos obrigou a inarchar em columnas por
differentes caminhos. As Tropas Inglezas ſuppondo achar mais al
gumas proviſoens em Biruhega para poder ſuſſiſtir , tomaraó aquelle
caminho , e fizeraó alto o dia oito , neſte meſmo dia os ſurprendeo,
e atacou o inimigo com todo o ſeu Exercito , e os fez recolher nó
1
Lugar , poſtou as ſuas batarias , e começou a bater as muralhas.
Antes , que eu tiveſſe noticia deſte accidente , tinha mandado
ordem a todos os outros Córpos , que marchava) ſeparados , para
que ſe vieſſem juntar comigo , prevendo o grande riſco , que le po 1.
!
148 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
o Exercito toda a noite de oito , e o dia ſeguinte , para ver ſe os po
dia livrar delle.
Chegámos a dez a huma legoa de Biruhega , quaſi de noite ;
e para darfinal aos Inglezes , de que eu os hia Toccorrer , fiz atirar
toda
mados
a noiteBatalha.
varios tiros de canhaó , e aos inimigos os achámos for
em
As Tropas , que eſtavað ſitiadas em Biruhega , conſtavað de oi
to Batalhoens , e oito Eſquadroens ; pareceome que nao devia aban
donar hum Corpo tað conſideravel , e que eſta era huma forçoſa ra
zaõ de me arriſcar a hum combate , ainda que o Exercito inimigo
foſſe ſuperior ao meu , e me excedeſſe muito em Cavallaria , e que
o terreno por ſer plano , e deſcoberto , nos nað foſſe ventajoſo ; mas
naquelle aperto naó era já tempo de me poder retirar , e aſſim tra
tey de formar o Exercito , poſtando o lado eſquerdo junto a hum
barranco de difficil acceſſo ; e como o direito ine ficava expoſto com
a larga planicie , procurey cubrillo com alguns Batalhoens. Poftey a
Cavallaria na Retaguarda da primeira , e da ſegunda linha , forman
do quatro linhas por eſta parte , ܕe a preça era tanta , que nao ſey
como houve tempo para acabar eſta diſpoſiçað. Entre tanto jogava
a artilharia de huma , e outra parte inceſſantemente , fazendo em am
bas baſtante eſtrago.
Começou o inimigo o ſeu ataque com boa ordem , e com vi
gor , ganhando em algumas partes o flanco do noſſo lado direito ;
mas refazendo-ſe as noſſas Tropas , ſuſtentaraó por aquella parte o
grande impeto dos inimigos , ao meſino tempo puzerað eftes em der
rota o noſſo lado eſquerdo , e ganharaó a noſſa Retaguarda , o que
vendo o Sargento mòr de Batalha Monſieur de Contrecour, acodio
com preça com tres EſquadroensPortuguezes , e tres Batalhoens da
ſegunda linha , que ſe lhe juntara ) , a ſaber : hum de Griſoens, hum
Portuguez de ' Bulhoens , e o Regimento de Report , e avançou
tað a propofito , e com talimpeto aos inimigos , que deu lugar a que
o noſſo lado eſquerdo ſe refizeſſe, e por ambos os lados fe pozeſſe
o inimigo em derrota ; e aſſim pela ſua direita , como pela eſquerda
os fomos ſeguindo , e dorrotando mais de meya legoa , tomandolhe
todo o trem da ſua artilharia , muitas Bandeiras , e Eſtandartes. A
mortandade foy grande , e mais de ſeis mil inimigos ficarað mortos
no campo da Batalha.
As noſſas Tropas nao ſe detiveraó em fazer prizioneiros , mas
inais , que ao
vida inais
mataraộ tudo o que encontravaó , nem ſe deu a vida
General , o Marquez de Thouy , a alguns Brigadeiros , e Subalternos,
e a hum pequeno numero de Soldados .
O Exercito dos inimigos ſe compunha de trinta e dous Bata
Ihoens , e oitenta Efquadroens , a ſaber : vinte Batalhoens formados
das reliquias , que ficarað da Batalha de Caragoça , e doze, que ti
nhao chegado da Eſtremadura , e quarenta e quatro Eſquadroens for
mados tambem das reliquias dos ſetenta , que tinhao na meſma Bata
Iha , e de trintae ſeis ; que vieraš da Eſtremadura.
O noſſo Exercito coinpunha-ſe de vinte e nove Eſquadroens ,
e vin :
da Caſa Real Portuguez4 . 149
e vinte e ſete Batalhoens , a faber : quatro Eſquadroens Imperiaes ,
dous Heſpanhoes , hum Aragonez , dez Portuguezes , feis Hollande
zes , e ſeis Palatinos. A Infantaria conſiſtia em quatorze Batalhoens
Imperiaes, cinco Heſpanhoes , dous Portuguezes , dous Inglezes,
dous Hollandezes , e dous Palatinos. Todos eſtes Córpos eſtavaó
tað enfraquecidos , como ſe pode ſuppor no fim de huma Campa
nha tao trabalhoſa , e no mez de Dezembro . Além diſto a noſſa Ca
vallaria do lado eſquerdo , e ſete Batalhoens , deſappareceraó de for
te , que eu me vi reduzido a combater ſomente coin vinte Bata
lhoens e dezaſeis Eſquadroens , que vinha a ſer hum contra tres.
Deos foy ſervido inſpirar tal valor , e tal conduta aos Officiaes , e
Soldados, que a pezar do grande numero , e da ſuperioridade dos
inimigos, os derrotarað , os pozerað em fogida , e fizeraó acções ,
que parecerað ſobrenaturaes. Todos ſe diſtinguira ) , mas mais parti
cularmente os Meſtres de Campo Generaes Baraó de Wezel o
Conde de Atalaya , D. Antonio de Villaruel; os Sargentos móres
de Batalha o Conde de Eck , o Conde de Hamiltou , e D. Pedro
de Almeida. Todos eſtes Generaes obrara) com ſummo valor , e
derað moſtras da fua grande prudencia , e capacidade , e forað os uni
cos , que obraraó em toda a acçao ; porque logo no primeiro ataque
perdemos aos Generaes Bellaſtel , Frankenberg, Copi , e S. Amant.
O combate foy tað fanguinolento , que por differentes vezes
combaterað os Batalhoens , e Eſquadroens ſeparados , e por fi ſó fa
zendo os ſeus Comandantes as funções de Generaes , atacando , e
derrotando aos inimigos por todas as partes por onde os acome
tiao.
Eu pareceme, que nað exaggerey dizendo , que no Campo fi
carað mortos ſeis mil inimigos , vendo-ſe , que eſta acçao durou def
de as tres horas da tarde até ſer já noite fechada , e bem eſcura , e
que obrigámos aos inimigos a huma precipitada fuga.
Quando ganhámos a lua artilharia a voltamos contra elles, e fi
cámos outro dia no meſmo lugar até onde os tinhamos ſegui
do .
Depois da acçað ſoube pelos prizioneiros , e deſertores , que os
Inglezes , que eſtavað em Biruhega tinhao capitulado huma hora an
tes da noſſa chegada , ficando prizioneiros deguerra ; e como huma
parte das Tropas do noſſo lado eſquerdo fogiſſé ſem ſaber para onde,
porque até agora nað tive mais noticia , ſena) que ſem parar toma
raó o caminho de Aragao ; e o reſto das Tropas em tempo tað ri
goroſo ſe achaſſem taó fatigadas , lem paó , e lem nenhum genero de
viveres , por todos eſtes motivos me vi obrigado a retirar no meſmo
dia de onze, para chegar mais depreſſa aos Armazens de Aragao.
Alguns Eſquadroens dos inimigos quando pozeraó em deſor
dem o noſſo lado eſquerdoſe lançarað ſobre a noſſa bagage , e a pi
lharaó ao que os ajudaraó baſtantemente os Paizanos.
Além de todas as circunſtancias , que concorrerað neſta occalia ), 1
4
150 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
zir , nem a noſſa , nem a artilharia dos inimigos , e nað tive mais re
medio , que mandar queimar os reparos , e as rodas.
Ena he, Senhor , a exacta relaçaó ', que a brevidade do tempo
me permitte fazer a Volfa Mageftade, &c.
CARLOS
Carta
da Caſa Real Portugueza. 151
AreS difficuldades , que cauſa o eſtado das couſas de Europame Num . 104
noticia , que Voſfa Mageftade me participada ſua exaltaçað ao Thro- An. 1712.
no , e Coroa Imperial : aſim o deſejava o grande amor , que profeſ
ſo á Real Peſſoa de Voſſa Mageſtade , nað perdendo tempo nein oc
caſiaó em ordenar aos Miniſtros deſte Reyno , empregaſſem todo o
ſeu cuidado no ſerviço , e intereſſe de Voſfa Mageftade, correſpon
dendo muy igualmente à obrigaçað , que reconheço nos vinculos de
parenteſco, amiſade , e alliança , que hoje reciprocamente ſe acha en
tre a Coroa de Voſſa Mageſtade , e a minha ." E eſpero da bondade
de Deos contará Voffa Mageftade , e a ſua Imperial Coroa , tantas
fortunas , e augmentos , como merecem as ſingulares virtudes , que
reſplandecem na Real Peſſoa de Voffa Mageftade , ſendo mais feliz
principio , o que já logra o Imperio Romano, Rogo a Voſſa Ma
geſtade muy encarecidamente conheça , que eu , e eſtes meus Reynos
contribuiremos com tudo o que fòr poſlivel , para que ſe ſigað no
preſente Congreſſo as comodidades , e ſeguranças da cauſa commua
pois eu a tenho ajudado com incanſavel trabalho , à cuſta de tanto
lange de meus Vallallos , e de tantas incomodidades deſte Reyno ,
como eſpero conheça Voffa Mageftade , para ſe intereſſar na ſua con
ſervaçao ; e peço a Voffa Mageftade ine dê occaſioens de o compra
zer , porque o terey por grande fortuna nað me faltando com os
empregos de ſeu agrado , como lhe merece a minha boa vontade.
Deos guarde
Abril
a Real Peſſoa de Voſla Mageſtade como deſejo. Lisboa
26 de de 1712 .
Bom Irmao , e Primo de Voſſa Mageſtade
JOAO.
1
CLEMENS PAPA XI.
C Hariſſime in Chriſto Fili nofter, falutein , &c. Non,meno accer-Num .107
tati , che uniformi ſono li riſcontri , che da molte parti ricivia
mo della forinidabile Armata Navale , che dalli Turchi ſi prepara per
la futura Campagna , ad effetto non ſolo di tentar di nuovo l' cf
pugnazione della Piazza di Corfù , che non riuſci loro nella pallata 1
generolo impegno , che Ella ne preſe con tanta ſua gloria nell'anno 1
ſcorſo , come per il notofervorofiflimo zelo , con cuila Macſtå Vor 1
Tom . V. U ii Breve
1
156 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
Breve do Papa Clemente XI. para ElRey D. Joað o V. pedindo
lhe ſoccorro contra os Turcos. Anda na dita Collecçao ,
pag . 2115 .
Breve
da Caſa Real Portugueza. I57
Breve
158 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
Breve do Papa Clemente XI. em que rende a ElRey D. Joað as
graças pela Armada, que the mandou ein foccorro da Igreja.
Anda na referida Collecçaó , pag . 2244 .
A R G U M E N T U M.
Breve
da Caſa Real Portugueza. 159
IN NOMINE DOMINI A ME N.
1
164 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
perpetuo ad formam tantum prædi&ti Indulti eidem Summo Capella
no Sacellano maiori nuncupato per Nos , ut præfertur conceſiſubji
cias , ac unam Sanctæ Mariæ cujus etiam una cum inſertis octingen
torum & quadraginta , & alteram Parochiales Eccleſias Sancti Salvato
ris de Odemira , Elborenſis Diæceſis , cujus etiam una cum inſertis
fexcentorum & quadraginta Ducatorum auri de Camera reſpective
fructus , redditus , & proventus , fecundum communem eſtimationem
valorem annuum , ut afferitur non excedunt, & quæ ſicut accepimus
de Jurepatronatus prædicti Joannis Regis ex fundatione , vel dota
tione , aut privilegio Apoſtolico cui non eft hactenus in aliquo de
rogatum fore dignoſcuntur ad præſens à pluribus annis per obitum
illarum ultimorum poſſeſſorum extra Romanam Curiam defunctorum
vacantes , illarumque titulum collativum ftatum , eſſentiam , & deno
minationem de conſenſu ejuſdem Joannis Regis eâdem auctoritate
noſtra etiam perpetuo ſupprimas , & extinguas , ita quod ille ex
nunc , collative effe definant , & uti tales in titulum collativum qua
vis auctoritate conferri , ſeu de illis diſponi quovis modo amplius ne
queat , & fi illas deinceps conferri , aut impetrari , vel alias deillis
diſponi contigerit collationes , proviſiones , & quævis aliæ diſpoſitio
nes de illis quovis modo faciendæ nullæ , & invalidæ exiſtant , nulli
que ſuffragentur , nec cuiquam colloratum titulum poſſidendi tribuant,
necnon dictas Parochiales Ecclefias fic ſupprimendas , & extinguen
das , illarumque , necnon prædictæ Regiæ Capellæ in Collegiatam
Eccleſiam infignem , وut præfertur erigendæ reſpective futuros reddi
tus , & proventus , jura , obventiones , bona , proprietates , aliaque
emolumenta , quæcumque in quibuslibet' rebus confiftentia , & unde
quaque provenientia , ac ad Parochiales Eccleſias prædictas , & Re
giam Capellam hujufinodi in Collegiatam Eccleſiam , ut præfertur
erigendam ſpectantia , & pertinentia infrafcriptis tamen legibus , &
conditionibus appoſitis Menſæ Capitulari dictæ Collegiatæ Eccleſiæ ,
ut præfertur_erigendæ illis videlicet Parochialium Eccleſiarum prædi
ctarum pro Decanatus , aliarumque quinque Dignitatum erigendarum
hujuſmodi dote , illafque pro tempore obtinentium congrua fubften
tatione , onerumque eis incumbentium ſupportatione applicandis , ita
quod liceat Decano Cantori maiori nuncupando Archipresbytero ,
Årchidiacono , Theſaurariomaiori etiam nuncupando , & Scholaſtico
prædictis ejuſdem Menſæ Capitularis nomine corporalem , realem , &
actualem poſſeſſionem bonorum , juriuni , & pertinentiarum , ac an
nexorum , quorumcunque ad Parochiales Eccleſias prædictas , ut pre
fertur ſpectantium , & pertinentium libere apprehendere, & appre
henfam perpetuo retinere , illorumque omnium , & fingulorum fru
ctus , redditus , & proventus , jura , obventiones , & emolumenta ,
quæcumque percipere , exigere , levare , ac in dictæ Menfæ Capitu
laris , ac Decanatum , aliaſque quinque Dignitates prædictas pro tem
pore obtinentium communes ulus , utilitatem , & neceſſitatem falvis
tantum infrafcriptis convertere Direccſani loci , vel quorumvis aliorun.
licentia deſuper minime requiſita dicta auctoritate noftra etiam per
petuo unias , annectes, & incorpores , necnon in unaquaquechialibus
ex Paro
da Caſa Real Portugueza. 16's
chialibus Eccleſiis ſupprimendis , & extinguendis , ac ut præfertur
uniendis prædictis unain perpetuam Vicariam ad præſentationem dicti
Joannis Regis , ejuſque in dicto Regno fuccefforum Regum prædi
etorum conferendam pro duobus Presbyteris futuris Parochialium Ec
cleſiarum , ut præfertur ſupprimendarum , & extinguendarum , ac uni
endarum hujuſmodi Vicariis perpetuis à dicto Joanne Rege , ejuſque
in dicto Regno ſucceſſoribus Regibus prædictis præſentandis , ac per
Ordinarium loci examinandis , & approbandis, qui apud Parochiales
Eccleſias , ut præfertur ſupprimendas , & extinguendas , ac uniendas
hujulinodi continuo perfonaliter reſidere , ac omnia , & fingula Offi
cia , munia , & onera Parochialia eiſdem Parochialibus Ecclefiis , ut
præfertur ſupprimendis , & extinguendis , ac uniendis , & earum cui
libet quomodolibet incumbentia ſubire , & adimplere reſpective de
beant , & teneantur etiam perpetuo erigas , & inſtituas , illiſque , ut
præfertur erigendis , & inftituendis pro illarum congrua 9 & compe
tenti dote , eafque pro tempore obtinentium congrua fubftentatione
ex Parochialium Ecclefiaruin ſupprimendarum , & extinguendarum ,
ac uniendarum hujuſmodi fructibus, redditibus ,' & proventibus ſupra
dictis Collegiatæ Eccleſiæ , fic ut præfertur erigendæ , illiufque Men
ſæ Capitulari parte , ut præfertur applicandis , & appropriandis ra
tam centum & triginta trium Ducatorum auri hujufmodi ducentas
& ſexaginta fex Patacchas , vulgò Regales de ocho nuncupatas , mo
nctæ Portugalliæ conſtituentium fingulis Vicariis prefactis quotannis
per Capitulum , & Dignitates dictæ Collegiatæ Eccleſiæ , ut præfer
tur erigendæ perſolvendan) , & per Vicarios præfactos præter emo
lumenta inſerta ex funeralibus , & aliis finilibusprovenientia perci
piendam , exigendain , & levandam , ac in cujuslibet eorum refpecti
ve ulus , & utilitatem convertendam ctiam perpetuo applices , & ap
propries ita tantum , quod dictarum Parochialium Ecclefiarum , ut
præfertur ſupprimendaruin , & extinguendarum , ac uniendarum fru
dus redditus , & proventus , ante præſentis gratiæ concellionem ,
& uſque ad diem executionis earumdein præfentium decurſi in para
mentorum , & ornamentorum Eccleſiaſticorum , Sacrarumque Suppel
lectilium emptionem , feu illorum , & illarum farcionem , ac pro fa
brica , aliiſque neceſſitatibus , & indigentiis dictæ Collegiatæ Eccle
fiæ , ut præfertur erigendæ erogari debeant decurrendi vero ex dicta
rum Parochialium Eccleſiarum , ut præfertur ſupprimendarum , & ex
tinguendarum , ac reſpective uniendarum inter Dignitates , ac illi ex
infraſcriptis laicalibus bonis inter Canonicos, & Beneficiatos , necnon
illi ex dictæ Regiæ Capellæ in Collegiatam inſignem Ecclefiam ,
etiam ut præfertur erigendæ bonis reſpective provenientes deductis
fupradicta congrua centum & triginta trium Ducatorum pro qualibet
ex ſupradictis Vicariis fimiliter , ut præfertur erigendis , illiſque pa
riter , ut præfertur aflignanda , aliiſque dictæ Capellæ Regiæ in Col
legiatam Ecclefiam inſignem , ut præfertur erigendæ , ejulque Sacrif
tiæ oneribus , & expenfis neceſſariis , & opportunis inter Manſiona 11
Y Bulla
Tom . V.
170 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
Bulla Aurea do Papa Clemente XI. da erecçað da Santa Igreja
Patriarcal de Lisboa. Eſtá impreſa no Bullario Romano do anno
de 1727 , tom . 8 , pag. 172 ; e no que ſe imprimio em Roma do
Papa Clemente XÍ . no anno de 1723 , a pag. 229, e ſe impri,
mio em Roma no anno de 1716 , e anda na Collecçao, que fez o
Marquez de Fontes , entno Embaixador na Curia , e na de Franc
fort impreſa em 1729 , Conſtituiçaõ 86 , pag. 478.
CLEMENS EPISCOPUS
SERVUS SERVORUM DEI.
1
Præbendarum , quas & quos etiain obtinentes illius Capitulum fimili
ter conſtituant , necnon eodem numero Beneficiorum conftituatur
quorum tamen Canonicatuum tres in Pænitentiarium , Theologalem ,
& Doctoralem reſpective Canonicatus per ipſum Joannem Regem
deſignandi erunt , fervatis tamen in præſentatione, collatione , & inf
titutione Canonicatuum Poenitentiarii , Theologalis , & Doctoralis
hujuſmodi , tam circa ætatem , quàm circa idoneitatem , aliaſque qua 1
quo Rei reperti fuerint, vel in actu fugæ , vel in fragranti crimine , 4
hujuſmodi commiſli. ?
Decreto
da Caſa Real Portugueza. 187
Decreto, porque ElRey D. Joað o V. concedeo ao Patriarca
de Lisboa todas as honras , que nos ſeus Reynos permitte
aos Cardeaes.
Om
DOS
ve
Joað por graça de Deos Rey de Portugal, e dos Algar- Num. 114
s , daquem , č dalem , mar em Africa , Senhor de Guiné ; e
da Conquiſta , Navegaçaó , Commercio da Ethyopia , Arabia , Perſia ,
e da India , &c. Faço ſaber ,aos que eſtaminha Carta de Doaçaó
virem , que pelas meſmas cauſas , que me inovera ) a fazer merce ao
Patriarca D. Thomás de Almeida , de duzentos e vinte marcos de
ouro , para elle e todos os ſeus ſucceſſores no Patriarcado , por Doa
çaó feita em Carta minha da data deſta , paſſada pela Secretaria de
Eſtado : Hey por bem fazer pura , firme, e irrevogavel Doaçao pa
ra ſempre ao meſmo Patriarca 9 e todos os feus fucceffores no Pa
triarcado , da Liziria da Foz de Almonda , que vagou para a Coroa,
por falecimento da Condeſſa de Vianna , ſem embargo do Decreto de
vinte e tres de Outubro de 1715 , que hey por revogado , pelo
qual a havia mandado incorporar na conſignaçað Real , para ſe ap
plicar o ſeu rendimento às minhas Cavalheriças , como o mando de
clarar ao Conſelho da Fazenda , e Junta da Caſa de Bragança ; por 1
que quero , que eſta minha Doaçað com as meſmas condições , clau
fulas , e derogações expreſſada , na que fica acima referi ,tenha
força , e vigor para ſempre ; e s por firmeza de tudo o quda
e dito he
mandey dar eſta Carta por mim aſlinada , pallada pela Chancellaria l,
e fe
190 Provas do
do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
e ſellada com o Sello pendente de minhas Armas , e nað pagará di
reito algum , porque aſſim o hey por bem. Dada neſta Cidade de
Lisboa Occidental , ao primeiro dia do mez de Abril , Mathias Ri
beiro da Coſta a fez , anno do Naſcimento de Noſſo Senhor Jelu
Chriſto de 1719. Diogo de Mendoza Corte -Real a fobreſcrevi.
ELREY .
1
ſempre gozaraó , e tiverað os antigos Eſcrivaens da meſma Camera ;
e cada hun dos ditos dous Senados, pelo modo ſobredito , fará re
preſentaçao em cada huma das ditas Cidades divididas governando
nellas , e iſto pela ordem , e fórma ſeguinte : a ſaber o Preſidente ,
>
3
196 Provas do Liv. V II.da Hiſtoria Genealogica
Alvará das prerogativas concedidas ao Deab , e Conegos da Igre.
ja Patriarcal de Lisboa.
U EIRey faço ſaber , aos que eſte Alvará virem , que tendo ref
Num .117 peito a 'haver Sua Santidade , e
Ap. 1716. abiſpadoem
inſigne
dous ,erigindo em Cathedral Metropolitana Patriarcal ,
Collegiada da minha Real Capella , concedendo às Digni
dades e Conegos da nova Cathedral, os privilegios , graças , e
1
preeminencias , que ſe declaraó no motu proprio , que expedio o mef
mo Santo Padre ; e deſejando eu conceder ao referido Cabido as
honras , e merces, de que o julgo digno , hey por bem , e me praz,
que daqui em diante as Dignidades , e Conegos , em quanto o forem
da dita Sé , aſſim os que de preſente ſao , como os que a diante fo
rem , gozein de todas as honras , preeminencias , prerogativas, au
REY .
Decreto
da Caſa Real Portaguežia. 197
CLEMENS EPISCOPUS
SER V US SERVORUM DE I.
v -Num . 119
ritas eſt , & Deus pacis , humilitati noftræ nullo licèt' merito An. 1717
rum noftrorum fuffragio commiſſa poſtulat , ut inter graviſſimas , mul
tipliceſque Apoftolicæ ſervitutis curas , quibus his præfertim luctuo
ſis temporibus undique præmiinur , in eam peculiari ſolicitudine in
cunibamus , qua dubiis , & controverſiis , quæ inter Chriſti fideles
quoslibet , præſertim verò Eccleſiaſticas perſonas ob novarum Eccle
fiarum erectiones in futurum oriri poſſe formidantur , obviam ire ftu
deamus , ut Perſonæ ipfæ Eccleſiaſticæ , quæ in fortem Domini ſunt
vocatæ divinis ejus obſequiis commodius deſerviant in ſanctitate , &
juſtitiâ coram ipſo , eique remotis controverſiarum impedimentis tran
quilliori fpiritu reddant abundantèr fructus ſuos , proindeque ut du
bietates , & controverſiæ hujuſmodi penitùs , & omninò evellantur ,
nullaque occaſio dubitandi in poſterùm præbeatur, ea quæ pro exe
quutione literaruin Apoſtolicarum ſuper erectione novarum Eccleſia
rum hujuſmodi, præfertim verò Patriarchalium à Judicibus exequuto
ribu s 11
1
198 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
ribus earumdem literarum fa & a fuiſſe dignofcuntur , perpetuâ robo
ris firmitate roborare , eiſque Apoftolici Præſidii firmitatem adjicere,
efficacemque operam circà eorum conſervationem , & ſubſiſtentiam li
bentèr adhibere , necnon aliqua , quæ dubietatem involvunt , aut
controverfias movere poſſunt , declarare , extendere , feu ampliare con
ſuevimus , ut Orthodoxi Reges , quorum intuitu erectiones præfatæ
factæ fuerunt, & hujuſmodi literæ emanarunt , eorumque Fideles
ſubditi conceſſionibus , privilegiis , & indultis eis concellis , fecuriùs
in Domino gaudentes , in Pacis , & tranquillitatis dulcedine conqui
eſcant, & in eorum affuetâ erga Sedem Apoftolicam devotione fer
ventiùs perſeverent; Aliàs fiquidem Nos probè fcientes chariſſimum
in Chriſto Filium noftrum JOANNEM Portugalliæ , & Algarbiorum
Regem illuſtreni à pluribus Annis pio deſiderio ductum habendi in
ejus Palatio Regio Ulixbonenſi unam Cathedralem Ecclefiam ſum
moperè exoptafle , ut ſecularis , & inſignis Collegiata Eccleſia in eo
dem Palatio aliàs á Nobis erecta , & inftituta in Cathedralein Eccle
fiam erigeretur , ac proindè Cívitas , & Diæceſis Ulixbonenſis in
duas partes dividerentur, & in eis duo Archiepiſcopatus conſtitue
rentur 2 ut Nofmetipfos gratos , & beneficios exhiberemus ergà præ
dictumJOANNEM Regem , qui nuper pari pietate , & liberalitate ,
filiali affectu , ac želo defenfionis Fidei ductus, exeniplo ſuorum Præ
deceſſorum Reguin gloriofillimi Nominis in defendendâ , promoven
dâque Catholicà Fide , nec incommodis , nes expenſis quantùmvis
maximis parcendo , validiſſimum auxiliuin quamplurium bellicarum ,
munitiſſimarumque Navium contrà Turcas, qui Inſulam Corcyræ op
pugnare inoliebantur , quàm citiſſimè tranſmiſerat : Motu proprio
noltro non ad alicujus Nobis ſuper hoc oblatæ petitionis inftantiam ,
fed ex certâ fcientiâ , ac maturâ deliberatione noftris , deque Apofto
licæ Poteſtatis plenitudine Civitatem , & Diąceſim Úlixbonen.præ
fatas in duas partes diviſimus , ac unam tàm Civitatis, quàm Dice
ceſis diviſaruni hujufmodi partem verſus Orientem antiquo Archi
epiſcopatui Ulixbonenfi reliquimus , alteram verò partern verſus Oc
cidentem novo Archiepiſcopatui tunc per Nos erigendo aflignaviinus,
itaut in pofterùm perpetuis futuris temporibus pro tempore exiftens
Archiepifcopus Ulixbonenſis , qui medietatem Civitatis , necnon me
dietatem Dioceſis Ulixbonen : verſus.Orientem habuifTet, Archiepif
copus Ulixbon . Orientalis ; futurus verò , ac pro tempore exiſtens
Archiepiſcopus Ulixbonen. qui medietatem Civitatis , & medietatem
Diæcelis Ulixbonen. verſus Occidentem pariformitèr habuiſſet , Ar
chiepiſcopus Ulixbonen . Occidentalis reſpectivè nuncupari deberet ,
aſſignatis unicuique parti Civitatis , & Dioceſis Ulixbonenſis diviſa
rum hujuſmodi Terminis , & Confinibus ; in parte verò Civitatis , &
parte Dioceſis Ulixbonen. verſus Occidentem novum Archiepiſcopa
tum Ulixbonen . Occidentalem pro uno , vero , & futuro Archiepif
copo Ulixbonen. Occidentali ad nominationem di&ti JOANNIS Re
gis , ejufque in Portugalliæ , & Algarbiorum Regnis fuccefforum Re
girm pro tempore , exiftentium eidem Archiepifcopatui Ulixbonen.
Occidentali Apoftolicâ auctoritate præficiendo , qui in nullo penitùs
alteri
da Cala Real Portuguez 4. 199
alteri Archiepiſcopo Ulixbonen. Orientali , aliiſque quibuſcumque Ar
chiepiſcopis , Prælatis, & fuperioribus quocumque nomine nuncupa
tis ſubje &tus exifteret , ſed ab eis , eorumque juriſdictione , & fupe
rioritate penitùs , & omninò exemptus , ac dumtaxat Sedi Apoſtolicæ
immediatè fubjeétus remaneret , ereximus, & inftituimus , dictamque
ſecularem , & infignem Collegiatam Eccleſiam aliàs ſub invocatione
Divi Thomæ Apoſtoli in prædicto Palatio Regio exiftentem in ve
ram Archiepiſcopalem , & Metropolitanam Eccleſiam Ulixbonen. Oc
cidentalem ſub invocatione Affumptionis Beatiſſimæ Virginis Mariæ
pariformitèr ereximus , & inftituimus , ac nomine Archiepiſcopali , &
Metropolitano Ulixbonen. Occidentali inſignivimus , & decoravimus :
ac voluimus , quòd ipfa Collegiata Eccleſia , quæ ex ſex Dignitati
bus , octodecini Canonicatibus , totidemque Præbendis , quas , &
quos obtinentes illius Capitulum conſtituebant , necnon ex duodecim
perpetuis Beneficiis Eccleſiaſticis conſtituebatur , in Cathedralem ere
cta eodem numero Dignitatum , Canonicatuum , & Præbendarum ,
quas , & quos etiam obtinentes illius Capitulum fimilitèr conſtitue
rent , necnon eodem numero Beneficiorum conftitueretur; quorum ta
men Canonicatuum Tres in Pænitentiarium , Theologalem , & Do
ctoralem reſpective Canonicatus peripſum JOANNEM Regem de
fignari deberent , fervatis tamen in præſentatione , collatione و, & inf
titutione Canonicatuum Pænitentiarii , Theologalis, & Doctoralis
hujuſmodi tàm circa ætatem , quàm circà idoneitatem , aliaſque qua
litates Concilii Tridentini Decretis : Cùnque dicta Cathedralis Ec
cleſia Ulixbonen. Occidentalis olim Collegiata ad hujuſmodi ſublimi
tatem , honorificamque excellentiam fublimata exiſteret, dictuſque
JOANNES Rex in eâ Dignitates , & Canonicos habere , qui certis
& peculiaribus qualitatibus pollerent , ad hoc ut ad altiores Dignita
tes, & Cathedralium Eccleſiaruin regimina promoveri , ſeu præfenta
ri pollent , fummoperèdelideraret ,eidem JOANNI Regi, ut non
nullos ex dignitates , & Canonicatus , & Præbendas hujuſmodi , ac
Beneficia prædicta tunc obtinentibus pro eâ vice tantùm ab eis remo
vere , ܕalioſque in eorum locum fubrogare , dummodò tamen priùs in
demnitati eorum, quific remoti fuiffent faltem æquivalentèrconful
tum fuiſſet , liberè, & licitè poſſet , & valeret , & fic remoti à Dig
nitatibus , aut Canonicatibus, & Præbendis , feu Beneficiis hujufmo
di quavis ratione , & ſub quovis prætextu , etiam triennalis poſlef
fionis juvari non poffent , nec remotioni hujuſmodi contradicere , &
ſe opponere valerent , ac pro remotis Apoftolicâ auctoritate habere
voluimus , & mandavimus , Motu pari conceſſimus , & indulfimus.
Archiepiſcopo autem Ulixbonen . Orientali pro tempore exiſtenti
auctoritatem , juriſdictionem , & ſuperioritatem in Clerum , & Po
pulum, in Caſtra , Oppida , Villas , Territoria , Diſtrictus , Eccle
ſias , & Perſonas tàm feculares , quàm Ecclefiafticas exiſentes , &
exiſtentia in medietate Civitatis , & medietate Diæcefis Ulixbonen.
verſus Orientem habere deberet , & eas liberè , & licitè exercere va
leret , ac Loca , & Perſone hujuſmodi ejus juriſdictioni , fubjcctioni,
viſitationi , & corre tioni ſemper ſubjecta remanere , citrà tamen præ
judicium
:
quibus frui debebit, uti præfatus Sacellanus maior , & præcisè ultra
Juriſdictionem fpiritualem , & temporalem , quæ ei competere debe
bit ſuper Familiaribus Regiis , aliiſque Perfonis juxtâ formam , &
tenorem Privilegiorum eidem Sacellano maiori aliàs conceſſorum ubi
cumque Domicilia habentibus , ſeu habituris , etiam ipſe juriſdictio
nem 9 & auctoritatem in Clerum , Populum , Caftra , Oppida , Vil
las , Territoria , Diſtrictus , Eccleſias , & Perſonas tàm icculares
quam Eccleſiaſticas, & Regulares exiſtentes , & exiftentia in medie
tate Civitatis
tatis , & medietate Dioeceſis Ulixbonen . hujufinodi verſus
Occidentem ci , ut præfertur , allignatis habere deberet , ac eas libe
rè , & licitè exercere valeret , ac Loca , & Perfonæ hujuſmodi ejus
1 ſubjectioni , viſitationi , & correctioni ſemper , & perpetuò ſubjecta
remanerent 2 citrà tamen præjudicium Perſonarum , leu Locorum,
beant fieri , ne aliquis dolus , aut fraus fubrepat. Sextò quòd Pro
ceſſiones publicæ , quæ fieri ſolent , aut in pofterùm fient, haud pof
fint limites excedere proprii Archiepifcopatus , & alterius ingredi Ter
ritorium , abfque expreſsâ licentiâ illius Ordinarii. Septimò quod Mi
niſtri judiciales , & 'Officiales unius Archiepiſcopatus non poſſint in
trà alterius ambitum , aut Territorium deferre inſignia , quæ aliquam
juriſdictionem denotent , nec per fe ipfos facere exequutiones , aut
aliquem in Carcerem mittere ,quàmvis aliàs fibi ſubjectum , fed jux
tâ ſtyluin , & praxim Regni literis præcatoriis utendum eft , caſus ta
men excipitur , vel fugæ , vel fragrantis delicti , in quo utriuſque
partis Miniſtri poterunt capere delinquentem , quem deferent ad Mi
niftrum illius Dioecefis , in qua fuerit captus , ut hic vel in illum
animadvertat , fi jure ipfi fpectat, vel ad competentem Judicem re
mittat puniendum . Oétavò quòd Literæ Apoftolicæ , fivè juftitiam ,
fiyè gratiam continentes directæ pro illarum exequutione ad Archi
epiſcopos, feu Officiales hujuſce Civitatis Ulyſliponenſis , fi Orienta
lem , aut Occidentalem non exprimant, remiſſæ , ac directæ cenfean
tur ad Ordinarium illius Perſonæ , fi materia perſonalis fit , aut rei ,
fi realis, cujusnegocium agitur. Nonò quòd onines caufæ ,& lites,
quæ nunc temporis controvertuntur, & adhuc ſub Judice ſunt in eo
dem judicio , & apud eoſdem Miniſtros terminentur , apud quos
fuipferant principium , quamvis aliàs ad Tribunal noviter erigendum
ſpectare deberent aliquo ex Capite ; pro exequutione tamen harum
fententiarum remittendæ erunt literæ præcatoriæ ad Miniftros, in quo
rum Territorio commorabuntur perfonæ , vel erunt fitæ res , in qui
bus exequutio erit facienda. Decimo quòd novus Archiepiſcopus
Ulyffiponenſis Occidentalis poterit de novo eligere , & creare pro
fuo arbitrio omnes , & ſingulos Officiales , & Miniftros , quos in di
Etâ Civitate hucuſque creari mos erat , vel etiam poterit confirmare
pro ſuo libito quos creatos invenerit , caſu tamen , quo antiqui Offi
ciales deponantur , ſeu munere fuo priventur , non propterea judicia
litèr contradicent , nec fatisfactionein aliquam exigent , niſi fortè abla
ta Officia empta fuiſſent, tunc enim ad Archiepiſcopum fpectabit co
gere Officiales, quos denuo elegerit , ut antiquis caveant & ad nos
7
facti exequutio fpectabit. Undecimò quòd fi contigerit aliquos re
periri
da Caſa Real Portugueza. 2II
4 ramus , illatque, & illa pro non factis haberi volumus, & mandamus,
e ac perpetuum filentium ſuper præmiſſis omnibus , & fingulis imponi
1 mus : Verùm quia in dictis noftris literis , in prædictâ formâ noſtri
Motus proprii , ut præfertur , expeditis , nonnulla expreffa fuerunt,
quæ dubietatem aliquam involvere poffent , nè ex hujuſmodi expreſ
11. fione, & dubietate controverfiæ , & diffentiones inter pro tempore
exiſtentes Patriarcham Ulixbonenſem Occidentalem , & Archiepifco
110 pum Ulixbonenſem Orientalem ; necnon Capitulum , & Canonicos
If Patriarchalis , & Archiepiſcopalis reſpectivèEccleſiarum Ulixbonen.
01 Occidentalis , & Orientalis oriri valeant , infraſcripta decernimus, &
pe noftræ mentis , & intentionis eſſe declaramus. Primò videlicet , quòd
quamvis in prædictis noftris literis juriſdictioni pro tempore exilten
31 tis Patriarchæ Ulixbonen . Occidentalis Parochialis Eccleſia Sancti Sa
alis turnini vulgò de Fanhoas, filialis infraſcriptæ Parochialis Ecclefiæ
cil Sancti Antonii de Tojal , aliæ verò Parochiales Eccleſiæ Sancti Ju
31 liani de Tojal , & Sancti Antonii etiam de Tojal , attentâ lineâ di
70 viſoriâ , in prædictis noftris literis demandatâ ; juriſdictioni pro tem
is , pore exil entis Archiepiſcopi Ulixbonen . Orientalis ſubjectæ relpe
ate ctivè remanſerint , attamen quià , ut accepimus , prædictæ Parochia
음
Tom . V. Ee rio
218 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
rio aſſignatis , comprehendantur etiam bona , fructus ,redditus , &
proventus, quæ in medietate Civitatis , & medietate Dioecefis Ulix
bonenſis Occidentalis reperiuntur , etiamſi priùs antiquæ menfæ Ar
chiepifcopali Ulixbonenfi per quaſcumque literas Apoſtolicas , aut vi
gore Legatorum , Donationum و, Contractuum , ultimarum volunta
tum , aut aliàs quovis modo , & quavis de cauſa unita , annexa , ſeu
aſſignata extitiffent. Tertiò quod exactiones reddituum eiſdem Capi
tulo , & Canonicis præfatæ Ecclefiæ Ulixbonenſis Orientalis fpectan
tium , & in medietate Civitatis , & medietate Diceceſis Ulixbonenſis
Occidentalis exiftentium , inibique exigendorum fieri debeant hoc mo
do videlicet , quod. Capitulum , & Canonici Archiepiſcopalis Eccle
fiæ Ulixbonenſis Orientalis deprecari debeant modernum , & pro tem
pore exiſtentem Patriarcham Ulixbonenſen Occidentalem , ad hoc ut
ifte à fuis Miniſtris, & Officialibus exactiones hujuſmodi adimplere
faciat , & omne id , quod ab eis vigore Mandati Patriarchæ Ulixbo
nenſis Occidentalis pro temporeexiſtentis exactum fuerit Capitulo ,
& Canonicis Ecclefiæ Ulixbonenſis Orientalis hujuſmodi , five eorum
legitimo Procuratori , & non alteri conſignare teneantur , idem ta
men ſervari debeat reſpectu reddituum Capitulo , & Canonicis Patris
archalis Ecclefiæ UlixbonenfisOccidentalis fpectantium , & in medie
tate Civitatis , & Diceceſis Ulixbonenſis Orientalis exiſtentium , ini
bique fimilitèr exigendorum . Quartò , quòd Capitulum , & Cano
nici Eccleſiæ Archiepiſcopalis Ulixbonenſis Orientalis, qui ex Indul
to Apoftolico , ut afferitur , felicis recordationis Clementis Papæ VI.
Prædeceſſoris noftri , aut conſuetudine , quamvis immemorabili , cel
ſantibus tamen reſervationibus, & affectionibus Apoftolicis , præſen
tare , feu noniinare conſueverant nonnullos Presbyteros , vel in per
petuum , vel ad tempus pro Regimine , & Curâ nonnulíarum Eccle
fiarum Parochialium , quæ ad præfens cxiſtunt in parte Civitatis , ſeu
Diæceſis Ulixbonenſis Occidentalis , occurrente di &tarum Parochia
lium Eccleſiarum vacatione , Presbyteros prædictos pro illarum Re
gimine , & Curæ exercitio , ceſſantibus tamen reſervationibus , & af
fectionibus prædictis , pro tempore exiſtenti Patriarchæ Ulixbonen
fi Occidentali etiam in perpetuum , vel ad tempus præſentare , feu
nominare , & illi , qui fic præſentati , ſeu nominati fuerint ab eodem
pro tempore exiſtente Patriarcha Ulisbonenfi Occidentali ad formam
Juriſcollationem, ſeu inſtitutionem reportare reſpectivè debeant, &
teneant. Quintò , quod Indultum conceſſum in prædictis noſtris li
teris pro tempore obtincntibus Dignitates , ac Canonicatus , & Be
neficia in una parte Civitatis , vel Diæcefis fi habitaverint in aliâ par
te Civitatis , vel Diæceſis, ut , fcilicet, reputari debeant præſentes
in loco Dignitatum , Canonicatuum , & Beneficioruni obtentorum ,
durare debeat ad Vitam tantum Dignitates , Canonicatus , & Benefi
cia hujuſmodi pro tempore obtinentium , adeò ut ſi iſti habitaverint
in parte Civitatis , vel Diæcefis Ulixbonenfis Occidentalis , inibique
diem clauferint extremum , Capitulum , & Canonici Archiepiſcopalis
Eccleſiæ Ulixbonenfis Orientalis , aut quicumque alii non poſſint in
parte Civitatis, vel Diæcefis Ulixbonenlis Occidentalis hujuſmodi In
ventaria
da Caſa Real Portugueza. 219
&
lix ventaria conficere , hæreditates adire , aut aliquem alium Actum Ju
Ar
riſdictionis exercere, fed hujufmodi Actus de Mandato pro tempore
exiftentis Patriarchæ Ulixbonenſis Occidentalis , & per Miniſtros , &
Officiales Curiæ Patriarchalis ad hoc Deputatos omninò confici de
nita:
leu
beantjuxtâ ftylum Regni Portugalliæ , idemque ſervari debeat reſpe
2012
čtu Actorum faciendorum in parte Civitatis , vel Dioeceſis Ulixho
nenſis Orientalis. Sextò , quòd Indultum Præcedentiæ conceſſum Ca
tan:
pitulo , & Canonicis Ecclefiæ Patriarchalis Ulixbonenſis Occidentalis
nlis ſuper omnia Capitula , omneſque Dignitates , & Canonicos quarum
710 cumque Eccleſiarum totius Regni Portugalliæ fit , eſſe intelligatur ſu
=: per quafcumque Perſonas , etiam quavis Abbatiali , Priorali , Archi
presbyterali , aut alio quocumque nomine nuncupatas Ecclefiafticâ
ut
ere
Dignitate præditas prædictarum Eccleſiarum Regni Portugalliæ ,
necnon , quod Dignitates , & Canonici Ecclefiæ Patriarchalis Ülixbo
Do nenſis Occidentalis , non folum Capitularitèr uniti , & congregati ,
LO, ſed etiam feparatim , & ut finguli præcedere debeant omnia quæcum
que alia Capitula quarumcumque Eccleſiarum Regni Portugalliæ
earumque Dignitates , & Canonicos non folùm ut ſingulos , ſed etiam
ENT capitularitèr unitos , & congregatos , etiam in eorum Eccleſiis , ac
die inſuper omnes , & quofcumque Abbates , ſeu Priores Regulares 'tri
地 ennales , qui in prædi&to Portugalliæ Regno vocantur Abbates , ſeu
10 Priores Generales , necnon , Priores etiam trium Ordinum Milita
ul rium , fcilicet , Domini noftri Jeſu Chriſti , Sancti Jacobi , & Sancti
11. Benedicti de Avis , vulgò Priores Mores , ac ſimiliter Procuratores
z Epiſcoporum abſentium , ac Capitula Primatialium , Archiepiſcopa
lium , & Epiſcopalium Ecclefiarum vacantium tàm in Synodis Pro
vincialibus, quàm in quibuſcumque aliis Actibus , & Functionibus in
cle eo Regno peragendis , ac denique quafcumque alio quovis nomine H
11
opus fuerit, ac quoties pro parte pro tempore exiftentium Patriar 1
ref
ti
Bulla de ampliaçaõ das graças a favor do Cabido da Santa Igreja
用。 Patriarcal, impreſa no anno de 1727 , no tom . oitavo do Bulla .
is, rio Romano, pag. 183 ; e no impreſſo em Roma anno de 1723 , a
nas pag. 242 , e impreſa em Roma em 1717 , e na dita Collecçað.
10
tis
E no impreſjo em Francfort em 1729 , a pag. 508 , Confitui.
be
çaõ 89.
mus
TO
CLEMENS EPISCOPUS
ali SERVUS SER V O R UM DEI.
ሮR.
Ad perpetuam rei memoriam .
ܕܪ
Neffabili Divinæ Majeſtatis providentia in ſupremo Apoftolicæ Num . 120
19
IDignitatis culmine conſtituti , tanquam de excelfo monte ad irri A 1717 •
guum Militantis Ecclefiæ agrum noftræ conſiderationis aciem , more n.
vigilis , & operofi Paftoris jugiter convertimus, & circa ea , per quæ
lis Ecclefiæ præſertim Patriarchali Dignitate inſignitæ , & in conſpicuis
Civitatibus erectæ , ſublimioribus privilegiis , ac maioribus præroga
tivis decorari valeant , peculiari ſolicitudine intendimus , prout, ea
rundem Civitatum qualitatibus , rerumque , & temporum circunſtan
23
tiis debite penfatis , ad Divini cultus incrementum, ipſarumque Eccle
ſiarum honorificentiam & Miniftrorum Eccleſiaſticorum decorem
1
conſpicimus in Domino ſalubriter expedire. Cùm itaque Nos nuper
ex juftis , & rationalibus cauſis adducti , & quemadniodum chariſlimi,
ܙܐ
in Chrifto Filii noftri Joannis Portugalliæ , & Algarbiorum Regis il
luftris conftantis Fidei, & finceræ devotionis affectus jure promereba
0
tur , ejuſque pia , & laudabilia vota efflagitabant, Civitatem , & Dio
ܙ
ceſim Ulixbonen . in duas partes diviſerimus , ac unam tam Civitatis
quàm Dioecefis hujuſmodi partem verſus Orientem antiquo Archicpit
copatui Ulysbonen. Orientali nuncupando relinquerimus, in altera
vero
224 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
verò parte verſus Occidentem , Patriarchalein Eccleſiam Ulixbonen.
Occidentalem nuncupandam , erexerimus , ipfiufque Patriarchalis Ec
clefiæ Ulixbonen. Occidentalis Patriarchæ, ac Dignitatibus , & Cano
nicis pro tempore exiſtentibus pro maiori ejufdem Patriarchalis Ec
cleſiæ majeſtate , dictorumque Dignitatum , & Canonicorum honori
ficentiâ plura hucuſque privilegia , & indulta tam quoad habitum ,
quàm quoad præcedentiam , aliaſque prærogativas concellerimus ,
prout in noftris literis in formâ noftri Motus proprii deſuper expe
ditis, pleniùs continetur. Cumque ficut accepimus , Patriarchalis
Eccleita prædicta fic à Nobis , ut præfertur , erecta , & fingulari ip
fius Joannis Regis dilectione , & Regiâ planè munificentiâ pluribus,
ac pretioſis Supellectilibus Sacris pro Eccleſiaſticis functionibus de
center obeundis , opulenter ornata , & undique ad fingularem excel
lentiam fublimata exiſtat, ipfeque Joannes Rex præcipuis , ac inde
feflis ftudiis Patriarchalem Eccleliam præfatam præclari amoris , ac rez
ligiofæ pietatis fignificationibus profequi in dies non prætermittat,
& ad elegantiorem ſtructuræ majeftatem exornare , piaque opera pro
pediein inibi augerc , Sacrarumque cæremoniarum uſum , & Divina
rum laudum cantum ad perfectiorem ſublimitatem elevare intendat :
Nos æternæ Divinæ bonitatis Majeſtati , quod tam piâ , tamque præ
clara operofæ Religionis ftudia ad Chriftianæ pietatis augmentum ,
& maiorem Divini Nominis gloriam à follicitâ dicti Joannis Regis
pietate Eccleſiaſticis functionibus jugiter intenti , promanaverint , ea
que quàm magnificenter , & fumptuosè adaucta fuerint , gratias agen
tes , ac volentes, quantùm in Domino poſſumus , majori did?æ Pa
triarchalis Eccleſixe decoris incremento confulere, necnon Dignitates,
& Canonicos, ac Beneficiatos , & Capellanos ejufdem Patriarchalis
Eccleſiæ amplioris gratiæ favore , & excellentioris honoris titulo ſu
blimare, colque à quibuſvis excommuaicationis , ſuſpenſionis , & in
terdicti, aliiſque Ecclefiafticis ſententiis , cenſuris , & poenis à jure ,
vel ab homine quâvis occaſione , vel causâ latis , fi quibus quomodo
libet innodati exiſtunt , ad effectum præfentium tantùın conſequen
dum , harum ſerie abſolventes , & abiolutos fore cenſentes, firmis ,
& illæſis remanentibus omnibus , & fingulis privilegiis , indultis , gra
tiis , & prærogativis , alias à Nobis eidem Patriarchali Eccleſixe , il
liuíque Dignitatibus , & Canonicis prædi&tis jam , ut præfertur, con
cellis , Motu proprio , non ad alicujus Nobis fuper hoc oblatæ peti
tionis inſtantiam , fed ex certâ fcientiâ , ac maturâ deliberationenol
tris , deque Apoſtolicæ poteſtatis plenitudine ſex Dignitatibus , &
octodecim Canonicis prædictie Patriarchalis Ecclefiæ , nunc, & pro
tempore exiſtentibus , quibus nuper , ut ipſi hyemali Cappam mag
nam rubeam cum pellibus arinellinis , æſtivo verò temporibus Moz
zettain fimiliter rubeam geftare , & deferre valerent , conceſlimus, &
indulſimus , ut ipfi in poſterùm perpetuis futuris ternporibus, etiam
Subtanam , feu Veltem talarem rubeam : Duodecim verò ejufdem Pa
triarchalis Eccleſiæ Beneficiatis , fimiliter nunc , & pro tempore exif
tentibus quibus aliàs , antequam Ecclefia prædicta in Patriarchalem
Ecclefiam " lic à Nobis erecta fuiſſet , ut etiam ipfi hyemali Cappam
magnam
da Caſa Real Portuguezd. 225
nu1.
Ez
magnam violaceam cum pellibus cinericiis ; æſtivo autem temporibus
loco pellium cum fodere ſerico violacei coloris , etiam geftare , &
LINO deferre poffent , fimiliter conceſſimus , & indulfimus, ut ipſi quoque
5 E: etiam perpetuis futuris temporibus hyeme camdem Cappam magnam
nori. violaceam cum pellibus tanien armellinis , æftate vero , vel eamdem
Eum , Cappam magnam , vel Mozzettam , etiam violaceam cum fodere ſe
TIUS, rico rubei coloris; Capellanis autem amovibilibus , qui ad præfens
numerum triginta duorum non excedunt , etiamſi numerus hujuſmodi
halis in ſervitio dictæ Patriarchalis Ecclefiæ , arbitrio pro tempore exiſten
lif tis Patriarchæ Ulyxbonen. creverit , vel decreverit , ut etiam ipfi Ca
US pellani amovibiles Cappam magnam violaccam cum pellibus armelli
de nis hyemali , alivo verò temporibus vel eamdem Cappam magnam ,
tel vel Mozzettam , ctiam violaceam cum ſimili fodere ſerico ejuſdem co
ndte loris rubei, tam in Choro , quàm extra illum , ac etianı in Proceſ
212 fionibus , omnibuſque aliis actibus Capitularibus , tam publicis , quàm
tas, privatis , ac etiain'in præfentiâ quorumcumque Archiepiſcoporum , &
pro Epiſcoporum , ac pro tempore exiſtentis Patriarchæ Ulyxbonen . ac
12. Noſtrorum, & Sedis Apoftolicæ Nunciorum , necnon Venerabilium
Fratrum Noftrorum Sanctæ Romanæ Ecclefiæ Cardinalium , etiam de
7122 Latere Legatorum , & aliorum quorumcumque quâvis auctoritate , &
umi, poteſtate fungentium , ac honore , & præeminentiâ fulgentium , ref
eglio pectivè geſtare , & deferre , illiſque uti liberè , & licitè poſſint , &
ed valeant , tenore præſentium perpetuò concedimus , & indulgemus ; ac
1:21 Dignitates , & Canonicos , necnon Beneficiatos , '& Capellanos ejuf
P: dem Patriarchalis Ecclefiæ , nunc , & pro tempore exiſtentes ſuper
tos geſtatione , & delactione Veſtium , Capparum , & Mozzettarum hu
lis juſmodi per quæcumque Capitula quarumcumque aliarum Ecclefiarum
11
Epiſcopalium , Archiepiſcopalium , vel Primatialium , & quaſvis Per
Jonas , quâvisauctoritate , dignitate, & præeminentiâ præditas , quo
vis prætextu , colore , vel ingenio publicè , vel occultè , directe,
So
vel indirectè impediri , moleftari , inquietari , vel perturbare nullate
20
nus poſle , neque debere ; præſentes quoque ſemper , & perpetuo va
is,
lidas , & efficaces eſſe , & fore , ſuoſque plenarios , & integros effe
Etus ſortiri , & obtinere , ac ab omnibus , & fingulis , ad quos quo
il
modolibet nunc ſpectat , & ſpectabit in futurum , firmiter , & invio
labiliter obfervari debere , ac nullo unquam tempore ex quocumque
-11
+
capite , vel qualibet causâ , quantumvis legitimâ , & juridicâ, etiam
f
ex eo , quod Capitula Cathedralium , & Collegiatarum Ecclefiarum
&
quarumlibet , earumque Dignitates , & Canonici , vel quilibet alii
10
cujufcumque dignitatis , gradus , conditionis , & præemincntiæ fint, 1.
rel quòd illis per quaſcumque literas Apoftolicas, etiam motu ſimili pro
ites tempore conceitas , quafcumque etiam derogatoriarum derogatorias in
it, ſe continentes , derogari non poſſit , neque cenfeatur eis derogatum , 1
& quibus omnibus , & fingulis , etiamſi de illis, eorumque totis tenori
bus
1
Tom. V. If ii
.
Bulla do Papa Innocencio XIII. dus quartas partes das rendas dos
Arcebiſpados, e Biſpados, dos Reynos de Portugal, e Algar.
v es , e outras rendas Eccleſiaſticas, applicadas à Santa
Igreja Patriarcal.
INNOCENTIUS EPISCOPUS
SERVUS SERVORUM DE I.
Ad perpetuam rei memoriam .
Ationi congruit , & ,
Num . 121 R ni Pontificis gratiâ proceſſerunt , licèt ejus fuperveniente obitu
An. 1721. Literæ Apoſtolicæ deſuper confectæ non fuerint, fuun fortiantur
effectum . Proinde Nos ad Beati Petri Sedem , meritis licèt impari
bus , Divina diſpoſitione vocati ad ea propenſis ftudiis intendimus ,
per quæ univerfæ Orbis Eccleſiæ præſertim Patriarchali titulo deco
ratæ , ac Perſonæ in illis Divinis obfequiis jugiter inſiſtentes congruis
facultatibus pro earum honorificâ , & decentimanutentione , onerum
que eis incumbentium ſublevamine communiri valeant , ac in his Pal
toralis officii noſtri partes etiam per Penfionum perpetuarum reſerva
tiones ac fructuum Eccleſiaſticorum applicationes, maximè dum id
Orthodoxi Reges expofcunt , favorabiliter interponimus , hocque con
cilio
da Caſa Real Portugueza. 229
27
cilio accepto nuper Chariſſimum 'in Chriſto Filium noftrum Joan
0, nem Portugalliæ , & Algarbiorum Regem Patriarchalis Eccleſiæ Vlix
ul
bonenſis Occidentalis perpetuam firmitatem , illiuſque Dignitatum ,
Canonicorum , & Beneficiatorum congruam , & honorificentem , ac
ce alliduis laboribus conſentaneam inanutentionem decernere piis affe
& Aibus exoptare : Nos providam præfati Regis intentionem plurimum
2 in Domino commendantes , fimulque propenſionem grati animi noftri
1 erga ipſum Joannem Regem ob plura peculiaria obſequia Nobis , &
huic Sanctæ Sedi ſemper impenfa , propter quæ , & cognovimus , &
1 vidimus , quam dignum ſuorum Prædeceſſorum Regum non minùs
virtutis , & Chriſtianæ pietatis , quam temporalium ftatuum , & Reg.
norum hæredem fciverit fe præbere , hoc novo teſtimonio pateface
re , ejufdemque Patriarchalis Eccleſiæ Dignitatum , Canonicorum , &&
} Beneficiatorum utilitatem , & coinmoda , quantum in Domino poſlu
13 mus , libenti animo promovere volentes , ad hoc etiam , ut in eâdem
Patriarchali Eccleſià Divina Officia , & Écclefiafticæ functiones juxta
piiſſimum dicti Joannis Regis deſiderium folemniori pompâ , cultu 9
2
per digniores fanguine , pietate , & doctrinâ præferendos eíſe decre
verat , eofque , & eorum in Dignitatibus , ac Canonicatibus , & Præ
US
96
& incertis in pecuniâ , vel fructibus , aut quibuslibet rebus conſiſten
tibus, & ad prædictas infraſcriptas novem Dignitates , & prædictos
da
infraſcriptos viginti octo Canonicatus , & Præbendas , illoſque , &
icia illas pro tempore obtinentes quocumque titulo etiam unionum , do
10
nationum , oblationum , contractùs etiam oneroſi , aut legatorum , ſeu
aliâ quavis causâ , vel in re , tunc , feu etiam de novo in futurum
ſpectantibus , & infimul ad fex mille noningentos ſexaginta quatuor
Ducatos auri hujuſmodi annuatim , ut fimiliter acceperat , aſcendenti,
bus ducatos bis mille ſexcentos feptem : videlicet ex Cantoratus , qui
ad centum quinquaginta quatuor , tertiam partem eorum , videlicet
quinquaginta unum ; ex Thefaurariæ maioris nuncupatæ , qui etiam
ad centum quinquaginta quatuor tertiam partem eorum , videlicet
quinquaginta unum ; ex Scholaftriæ reſpectiveDignitatum , qui fimili
ter
232 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
ter ad centum quinquaginta quatuor , tertiam partem eorum , videli
cet quinquaginta unum ; ac ex quindecim Canonicatuum , & Praben
darum fæcularis , & forfan inſignis Collegiatæ Eccleſiæ Sanctæ Mariæ
de Alcaçova Oppidi de Sanctarein Ulixbonenfis Orientalis Diæcelis,
quæ , & qui, ficut etiam acceperat , de Jurepatronatus præfati Joan
nis Regis ex fundatione , vel dotatione , feu Privilegio Apoſtolico ,
cui non erat eatenus in aliquo derogatum , exiſtebant, & qui , vide.
licet cujuslibet eoruni , ad centum quinquaginta quatuor , & infimul
bis mille trecentos dećem , tertiam partem uniuſcujuſque eorum , vi
delicet , quinquaginta unum , pro quolibet , & infimul ſeptingentos
fexaginta quinque ; ac cx Prioratus, qui ad trecentos octoginta ,
quatuor nonas partes corum , videlicet centum fexaginta novem ; &
ex Archipresbyteratus , qui ad centum quadraginta duos , quartam
partem eorum , videlicet triginta quinque ; & ex Thcfaurariæ etiam
reſpective Dignitatum , qui ad quadringentos , quatuor nonas partes
eorum , videlicet centum feptuaginta octo ; ac ex trium Canonica
tuum , & Prabendarum etiam fæcularis , & forfan infignis Collegiatæ
Eccleſiæ Oppidi de Barcellos Bracharenſis Diæceſis , qui videlicet
cujuslibet eorum ad centum triginta feptem , & infimul quadringen
tos undecim , quartam partem eorum , videlicet , triginta quinque pro
quolibet, & infimul centuin quinque ; necnon ex Prioratus , qui ad
quingentos viginti duos , quatuor nonas partes eorum , videlicet du
contos triginia duos ; ex Cantoratus , qui ad trecentos quadraginta
*ſeptem, quatuor nonas partes eorum , videlicet centum quinquaginta
quatuor ; ' ex Theſaurariæ etiam reſpective Dignitatum , qui ad du
centos fexaginta quatuor nonas partes eorum , videlicet, centum
fexdecim ; ac ex decem Canonicatuum , & Pra bendarum partes ſæ
cularis , & forian inſignis Collegiatæ Eccleſiæ Sanctæ Mariæ de Ou
rem Leirienſis Diæcefis, qui , & quæ , ficut etiam acceperat, de
Jurepatronatus Bragantiæ Domus ex fundatione , vel dotatione, feu
privilegio Apoftolico , cui pariter non erat eatenus in aliquo dero
gatum , exiftere dignoſcebantur, reſpectivè fructibus , redditibus, &
proventibus , qui , videlicet cujuslibet eorum ad centum ſeptuaginta
fres ducatos auri hujuſırodi , ut pariter acceperat , annuatiin reſpe.
Etivè afcendebant , & infimul mille feptingentos triginta ducatos auri
fimiles confituebant , duas quintas partes , videlicet feptuaginta pro
quolibet, & infimul leptingentos ducatosaurihujuſmodi etiam reſpe
Ativè diſinembravit, & feparavit ; ac Sanctæ Mariæ Oppidi de Obi
des Ulixbonenfis Occidentalis Dioecefis, cujus quadringentorum quin
quaginta octo , ſuper quibus Penfio annua antiqua nonaginta unius
ducatorum auri hujuſmodi cum dimidio alterius ducatis paris dictæ
Patriarchali Ecclcfia de tempcre , quo ipſa erat ſimplex Capella Re
gia , Apoßolicâ auctoritate , ut etiam acceperat, reſervata extiterat ,
& tunc reperiebatur , quam per hujuſmodi gratiam extinctam , & cum
fructibus infra applicandis conſolidatan remanere voluit , ac Sancti
Mametis Loci de Lindoſo , cujus biſcentum triginta quatuor , ac San
Eti Jacobi Loci de Anha , cujus quadringentorum octodecim , ac San
ctæ Mariæ Oppidi de Chaves Bracharenſis Diæcefis , forfan habitua
lem
da Caſa Real Portuguez4. 2 33
lem tantùm , nullatenus verò ad ualem curam animarum habentes Ec
be
012
cleſias , ſeu Capellas , aut reſpective in eis , vel aliis Oppidorum , &
thie
reſpective Locorum Ulixbonenſis Occidentalis , & Bracharenſis Dice
celum hujuſmodi reſpectivè Eccleſiis totidem perpetua fimplicia Be
neficia Eccleſiaſtica , Prioratus , ſeu Abbatias etiam relpective nuncu
patas , ſeu nuncupata , ad , vel ſub Sanctæ Mariæ , ac Sancti Mame
tis , & SanctiJacobi , necnon Sanctæ Mariæ hujuſmodi reſpective Al
į
taria , ſeu reſpective invocationibus , cujus quingentorum quinquagin
NG
ta trium ducatorum auri fimilium reſpectivè fructus , redditus , &
proventus fecundum æftimationem prædictam valorem annuum , ut fi
militer acceperat , non excedebant, & quarum , feu quorum primò ,
& fecundò dictæ , ſeu primò , & fecundo dicla ctiam de Jurepatro
natus dicti Joannis Regis , reliquæ , feu reliqua verò duæ Ecclefiæ ,
feu Capellæ , aut Beneficia hujuſmodi etiam de Jurepatronatus dile
Ai Filii Joſephi Braſiliæ Principis , & Bragantiæ Ducis prædicti Jo
annis Regis filii legitimi , & naturalis ex fundatione , vel dotatione , !
: 201
ginta , fex , & Sancti Salvatoris da Infcila , cujus quadraginta , ac
Sanctæ Mariæ de Moçaõ , cujus etiam quadraginta , ac Sancti Mar
pro tini de Bornes, cujus quinquaginta ſeptem , ac Sanctæ Mariæ de Ali
jó , Rectoriarum reipective nuncupatarum Bracharenſis Dioecefis , cu
06 jus etiam quinquaginta feptem , ac Sancti Petri de Farinha Podra ,
juin cujus triginta unius , ac de Villanova de Cea , cujus quadraginta fex ,
& Sanctæ Mariæ Magne nuncupate de Loriga , cujus triginta nevem ,
ܐ ac Sancti Andreæ do Ervedal Vicariarum reſpectivè nuncupatarum
HA cujus ſexaginta novem , ac Sanctæ Mariæ de Vinhỏ , cujus o & ogin .
lis 2
Jat
238 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
lis Eccleſiæ teneri , & obligatos exiſtere voluit , & decrevit , ac ut
quartas partes fructuum ex Patriarchali , Archiepiſcopalibus , & Epil
copalibus Ecclefiis prædictis , necnon quotas partes fructuum , reddi
tuum , & proventuum ex novem Dignitatibus, & vigintiocto Ca
nonicátibus, & Præbendis Collegiatarum Ecclefiarum prædi&tarum
diſinembratas , & feparatas Capitulum dictæ Patriarchalis Ecclefiæ il i
las , ficut præfertur , diſmernbratas , & reſpective applicatas , liberas,
immunes , & exemptas ab omni decimâ, quartâ , mediâ , & quavis
aliâ fructuun parte , ſubſidio etiam charitativo , & excuſato , & quo
cumque alio tam ordinario , quàm extraordinario onere , cogitabili,
vel inexcogitabili , etiam reali, perpetuo , vel ad tempus , quomodo
libet nuncupato , etiam pro fabrica di&tarum Cathedralium , & Col:
legiatarum Eccleſiarum , & quâvis etiam Apoftolicâ , Regia , vel or
dinariâ , auctoritate , & ex quâcumque etiam urgenti, urgentiſſima ,
& de neceſſitate exprimendâ causâ , etiam pro Seminario Puerorum
Eccleſiaſtico , manutentioneclaſſis Triremium , reparatione , & fabri
câ Baſilicæ Principis Apoftolorum de Urbe , Cruciatâ San &tâ , &
expeditione contra Turcas , ac alios Orthodoxæ Fidei hoftes , etiam
ad Imperatoris , Regum ; Reginarum , etiam Portugalliæ , & Algar
biorum Regnorum prædictorum , necnon Ducum , Rerum publica
rum , & aliorum quorumcumque Principum inftantiam , intuitum ; &
contemplationem , ac pro eorum , & Sedis Apoftolicæ neceſſitatibus ,
aut aliis Canonicè , vel de facto impoſitis, vel pro tempore impo
nendis , vel illis quomodolibet inhærentibus , ac etiam Penfionis per
petuæ vigore Literarum Apoſtolicarum , vel in favorem Tribunalis
Sancti Officii contra hæreticam pravitatem , vel alterius cujuslibet pii
Loci , vel reſpective Capellæ Ducalis Oppidi de Villa-Viçoſa, vel
aliàs quomodolibet reſervatæ , quæ omnia ipfi pro tempore exiſtentes
Patriarcha , Archiepiſcopi , & Epiſcopi, ac novem Dignitates , & vi
ginti octo Canonicatus , & Præbendas Collegiatarum Ecclefiarum hu
jufmodi pro tempore obtinentes , ſolvere tenerentur , etiamfi in im
poſitionibus hujulmodi caveretur expreſsè , quod Penſionarii , feu Re
fervatarii partis fructuum prædictarum Cathedralium , ac novem Dig
nitatum , & viginti octo Canonicatuum , & Præbendarum Collegiata
rum Ecclefiarum hujuſmodi pro ratâ Penſionum , reſervationum , &
applicationum ſuarum quantumvis exemptarum contribuere teneren
tur , ac aliàs in omnibus , & per omnia liberas , immunes, & exemp
tas ut præferabatur , Capitulum dictæ Patriarchalis Eccleſiæ per ſe,
5
tuit , & indulſit ; ita tamen ut inter fructus , redditus , & proventus
tam antiquos , quàm de novo ſuperadditos , ac tam Dignitatibus , &
Ct Canonicis , quam Beneficiatis præfatis reſpective applicatos , & aſſig
STED natos ea ſemper in futurum ſervaretur divifio , & feparatio , ut nec
2 Patriarchalis , Archiepiſcopalium , & Epiſcopalium Ecclefiarum hujuſ
modi quartæ partes fructuum , reddituum , & proventuum , necnon
LAVA duæ tertiæ partes prædictæ fructuum , reddituuin , & proventum ex
novem Dignitatibus, & viginti octo Canonicatibus , & Præbendis
Collegiatarum Ecclefiarum hujuſmodi ſic , ut præfertur , ſeparatæ ,
No & relpectivè dictæ Patriarchalis Ecclefiæ Dignitatibus , & Canonicis
colo præfatis unâ cum antiquâ dote applicatæ in Beneficiatorum congruas,
nec è contra fructus , redditus , & proventus ex quatuor Eccleſiis ,
ſeu Capellis , aut quatuor Beneficiis Tuppreſlis provenientes , & cum
reliquâ ex diétis novem Dignitatibus , & viginti octo Canonicatibus,
& Præbendis Collegiatarum Ecclefiarum hujuſmodi , fimiliter dedu
7. età tertiâ parte fructuum , reddituum , & proventum , duodecim
Beneficiatis dictæ Patriarchalis Ecclefiæ , ut etiam præferebatur, ap
plicati , & allignati , unâ cum antiquâ dote in Dignitatum , & Cano
nicorum dotis augmentum , ullo unquam tempore , aut quacumque
JA, ܀ de causâ , etiam ratione juris accrefcendi erogari poſſent, fed una
atibus, quæque ex dictis portionibus fructuum , reddituum , & proventium
Dignitatibus , ac Canonicatibus, & Præbendis , & Beneficiis præfa
tis , ut præ ferebatur , applicata , & aſſignata abſque ulla permixtione
adıniniftraretur , ac ab alterâ femper diviſa , & ſeparata reſpectivè , &
taxativè , applicata eflet , & eflè cenferetur. Caſu verò quo aliqua
losa ex dicis fex Dignitatibus ܕ, aut aliquis ex octodecim Canonicatibus 3
quate
sere ,
2040 Provas do Liv. V ll. da Hiſtoria Genealogica 1
quatenus ipfi , vel duo corum per fe, vel alios etiam , quâvis diffi
cultate occurrente , & à præfato Clemente Prædeceſſore non prævisâ,
quæ effectum Literarum Apoftolicarum tunc defuper conficiendarum
ninimè retardare valeret , eaſdem Literas Apoſtolicas tunc deſuper
conficiendas , tam quoad diſmembrationem , & applicationem quarta
rum partium præfatorum fructuum naturalium , induſtrialium , & ci
vilium Patriarchalis, Archiepiſcopalium , & Epiſcopaliuni Ecclefiarum
hujuſmodi, quàm quoad diſmenibrationem , & reipectivè applicatio
nem quotarum partium fru &tuum , reddituum , & proventuum ex no
vem Dignitatibus , & viginti octo Canonicatibus , & Præbendis Ec
cleſiarum Collegiatarum hujuſmodi, ac quoad reliqua omnia à dicto
Clemente Prædeceſſore , ut præferebatur , conceſſa , & expreſſa debi
tæ exequutioni demandari facerent, ac ubi , & quando opus foret ,
ac quoties ad inſtantiam pro tempore exiſtentium Capituli , Dignita
tum , & Canonicorum di &tæ Patriarchalis Eccleſiæ Úlixbonenſis Oc
cidentalis conjunctim , vel diviſim forent requiſiti , folemniter publi
cantes , illiſque in præmiffis efficacis defenfionis præſidio alliftentes
facerent Apoſtolicâ auctoritate omnia , & fingula præmilla fuum de
bitum ſortiri effectum , ac ab omnibus , & quibufcumque Perſonis fir
miter , & inviolabiliter obfervari , & adimpleri , non permittentes
modernos , & pro tempore exiſtentes Capitulum , Dignitates , & Ca
nonicos diktz Patriarchalis Ecclefiæ Ulixbonenfis' Occidentalis à quo
quam ſuper omnibus , & fingulis eis à præfato Clemente Prædeceſſo
re , ut præferebatur, concellis quomodolibet moleſtari, perturbari,
aut inquietari, contradictores quoslibet , & rebeiles per fententias,
cenſuras, & poenas Ecclefiafticas , aliaque opportuna juris , & facti
remedia , appellatione poftpofitâ compeſcendo , invocato 'etiam ad
hoc , ſi opus foret , auxilio brachii fæcularis , & infuper ipie Cle
mens Prædeceffor Judicibus præfatis , & eorum cuilibet , quoſcurrique
omnium , & fingulorum prædictorum ab ipfo Clemente Prædecellore,
ut præferebatur , conceſſorum effectum impedientes , ſeu pro tempo
re exiſtentes , Capitulum , Dignitates , & Canonicos præfatos fuper
eifdem præmiſlis molefantes , perturbantes , eiſque quoviſmodo con
tradicentes , etiam , per Edictum publicum , conftito ſummarie de
non tuto acceſſu , citandi, illifque , ac quibus, & quoties inhiben
dum foret , etiam per fimile Edictum quoad Patriarcham , Archiepif
copos , & Epifcopos ſub Interdicti ingreſſus Ecclefiæ , quò verò ad
alios inferiores fub excommunicationis , ac etiam pecuniariis , necnon
privationis Beneficiorum , & Officiorun ſæcularium , & Ecclefiaftico
rum corum arbitrio imponendis , moderandis , & applicandis poenis
inhibendi , ac eos , quos cenſuras , & poenas prædi&tas incurriſſe
conſtaret , eas incurrille, ſervatâ formâ Concilii Tridentini , deciaran
di, ac cenſuras, & pænas ipfas etiam iteratis vicibus aggravandi ,
reaggravandi, & interdicendi plenam , & liberam Motu pari, dictâ
auctoritate conceſſit facultatem . Denique pro faciliori earundem Li
terarum tunc deſuper conficiendaruin exequutione , & effectu Motû ſi
1
mili decrevit , & declaravit , quòd in eventum , in quem pro tempo
re exiſtentes Patriarcha , Archiepiſcopi, & Epiſcopi ; necnon Colle
giatarum
da Caſa Real Portugueza. 241
1:
Tom. V. Hh ii earum
244 Provas do Liv . V II.da Hiſtoria Genealogica
earum fructuum , reddituum , & proventuum hujuſmodi per eundem
Clementem Prædeceſſorem , ut præferebatur , factam , nullo modo
prætendere valeant. Voluit etiam , quod gratiæ in præſentatibus
elargitæ in Præbendarum , ac Beneficiorum díctæ Patriarchalis Eccle
fiæ dotis augmentum nullatenus locum habere valerent , niſi priùs
aliæ etiam tunc confectæ Literæ ſuper ſervitio dictæ PatriarchalisEc
cleſiæ ab ipſis Dignitatibus , Canonicis , & Beneficiatis executioni
demandarentur. Ne autem de diſmembratione , feparatione , ſuppref
fione , extinctione , unione , annexione , applicatione , mandato, con
ceſſione , Decreto , derogatione , & voluntate præfatis , pro eo , quod
fuper illis dicti Clementis Prædecefforis , ejus ſuperveniente obitu ,
Literæ Apoſtolicæ confectæ non fuerint, valeat , quomodolibet hæfi
tari , ac pro tempore exiſtentes Dignitates , Canonici , & Beneficia
ti dictae Patriarchalis Eccleſiæ illarum fruftentur effectu , Volumus ,
& fimiliter Apoftolicâ auctoritate decernimus, quod diſmembratio ,
feparatio , ſuppreſſio , extinctio , unio , annexió , applicatio , manda
tuin , conceſio , Decretum , derogatio , & voluntasClementis Pre
deceíforis hujuſmodi , perinde à dictâ die Quinto Kalendas Octobris
fuum fortiantur effectum , ac fi ſuper illis ipſius Clementis Prædecef
foris Literæ fub ejuſdem diei datâ confectæ fuiſſent , prout fuperiùs
enarratur ; quodque præſentes Literæ ad probandum plenè feparatio
nem , ſuppreſlionem , applicationem , mandatum , conceſſionem , fta
tutum , Decretum , derogationem , & voluntatein Clementis Præde
ceſſoris hujuſmodi , ubique fufficiant , nec ad id probationis alterius
adminiculum requiratur : Nulli ergo oinnino hominum liceat hanc pa
ginam noftræ voluntatis , & Decreti infringere , vel ei auſu temera
rio contraire. Siquis autem hoc attentare præſumpſerit indignationem
Omnipotentis Dei , ac Beatorum Petri , & Pauli Apoftolorum ejus
ſe noverit incurſurum . Datum Romæ apud Sanctum Petrum anno
Incarnationis Dominicæ milleſimo feptingenteſimo vigeſimo primo :
Quinto decimo Kalendas Junii , Pontificatus noftri anno primo.
ukis jure , vel ab homine , quâvis occafione , vel causâ latis , liquibus
an dhe quomodolibet innodati exiſtant , ad effectum præfentium tantùm con
2b 4:12 fequendum harum ſerie abſolventes , & ablolutos fore cenfentes;
Glucose necnon prædicti Clementis Prædeceſſoris Literas ab Innocentio Præ
decellore prædi& to in dictâ formâ expeditas , earumque totum & in
nibas, tegrum tenorem præſentibus pro expreſlis , ac de verbo ad verbum 1
11
248 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
& ſingulis earum reſpectivè fructibus, redditibus , & proventibusna
turalibus , induſtrialibus , & civilibus , ex cenfibus , laudemiis , con
tributionibus prædialibus, vulgò Pitanças , aliiſque obventionibus ,
necnon ex juriſdictione etiam temporali , & ex Cancellariæ , ac lu
ctuoſarum proventibus provenientibus , cæteriſque emolumentis qui
buſcumque ad Patriarchalem Ulixbonenſem Occidentalem , ac Archi
epiſcopales , & Epiſcopales Eccleſias prædictas quocunique titulo
erian unionis , donationis , contractus , cujuslibet etiam onerofi , aut
legati &etiam perſonalis nuncupati , vel aliâ quâvis causâ , feu jure ,
nunc , pro tempore etiam de novo in futurum reſpectivè fpectan
tibus , loco quartæ partæ earumcujuslibet reſpective frucluum , red
dituum , & proventuum à pradicto Clemente Prædeceffore ab eis ref
pective dilnembratæ , ejuſdemque Patriarchalis Ecclefiæ Ulixbonen
fis Occidentalis Dignitatibus , ac Canonicatibus, & Præbendis appli
catæ infimul ad triginta tres mille centum triginta feptem ducatos
auri de Camera hujufmodi, ut prefertur, aſcendentis , tertiam eo
rundem reſpeclive fructuum , reddituum , & proventuum naturalium,
induſtrialiuin , & civilium , ex cenfibus , laudemiis , contributionibus
prædialibus , vulgò Pitanças , aliiſque obventionibus, necnon ex ju
riſdictione etiain temporali , & ex Cancellariæ , ac luctuofarum pro
ventibus provenientiuin , cæterorumque emolumentorum quorumcum
que ad Patriarchalem Ulixbonenſem Occidentalem , ac Archiepiſco
pales , & Epifcopales Eccleſias prædictas quocumque titulo etiam
unionis, donationis , contractus cujuslibet etiam oneroſi , aut legati
etiam perfonalis nuncupati , vel aliâ quâvis causâ , feu jure, nunc,
& pro tenpore , etiam denovo in futurum reſpective ſpectantium
partem infimul ad quadraginta quatuor mille centum octoginta octo
ducatos auri hujuſniodi annuatim nunc , ut etiam accepimus , afcen
dentem , & quoad Ecclelias prædictas , quæ Pafloris folatio ad præ
ſens deſtitutæ exiſtunt , à die datæ earundem præfentium quoad il
las vero , quæ luo reſpective Pafiore viduatæ non reperiuntur , ex
nunc pro tunc, & cum primùm illas , & earum quamlibet eodem Paſ
toris folatio deftitui contigerit ; necnon ex Decanatu poft Pontifica
lem maiore , cujus mille ducentorum nonaginta novem ; necnon ex
Cantorata
cujus quingentorum nonaginta quatuor ; & ex uno de
Braga , cujus leptingentorum quinquaginta fex ; ac ex altero Archi
diaconatibus de Vermoin reſpectivè nuncupatis, cujus ducentorumm
triginta ſeptem ; ac ex Thefaurariatu maiori nuncupato , cujus alioru
feptingentorum quadraginta ſeptem ; ac ex Scholaftriâ reſpective Dig
nitatibus , cujus octingentorum ſeptuaginta fex , & julii unius ; nec
non ex uno & unânâ , quem , & quam Antonius Magalhaens , ac
quorum quadringentorum quinquaginta novem ; necnon ex alio , &
aliâ , quem , & quam Simon Barboſa , ac quorum quadringentorum
nonaginta octo ; ac ex alio , & aliâ , quem , & quam Ignatiusde
Araujo , àc quorum quadringentorum quadraginta ſeptem ; ac ex alio,
& aliâ , quem , & quam Emmanuel Pereira de Araujo , ac quorum
octingentorum triginta unius ; ac ex alio , & aliâ , quem , & quam
Antonius Ribeiro de Macedo , ac quorum quingentorum quadraginta
trium ;
4 da Cafe Real Portugueza. 249
cibus trium ; ac ex reliquo Canonicatibus, & reliquâ Præbendis Eccleſiae
is . com Bracharenſis , quem , & quam Gonzalus Antonius de Souſa , aut aliàs
onibus., forfan reſpectivè nominati, & , ſeu cognominati Clerici , ſeu Presby
teri dilecti etiam filii , vel eorum , aut alicujus eorum forfan Succef
nuis que fores , ſeu Succeſſor , ad præfens reſpectivè obtinent , ac quorum
acara quadringentorum octoginta ; necnon ex Decanatu etiam poft Pontifi
ne tik calem maiore , cujus mille fexcentorum ; ac ex Scholaſtriâ fimiliter
rodi. reſpectivè Dignitatibus , cujus octingentorum quinquaginta octo ;
necnon ex undecim Canonicatibus, & , non tamen Doctorali , & Ma
giſtrali reſpectivè nuncupatis , Præbendis Ecclefiæ Elborenfis , quo
11,745 rum , & quarum inſimul novem mille quadringentorum triginta octo ;
ac ex quinque Canonicatibus , cum dimidiâ Præbenda , feu dimidiis
Canonicatibus , & dimidiis Præbendis ejuſdem Eccleſiæ Elborenſis
etiam ex illo , & illâ , cujus alterâ dimidia fructuum pars Tribunali
Sacræ Inquiſitionis perpetuò applicata reperitur , ac quorum , & qua
rum inſimul bis mille centum quadraginta quinque; necnon ex Deca
una natu ſimiliter poft Pontificalem majore , cujus lexcentorum octoginta
vucni ſeptem : necnon ex Theſaurariatu maiori nuncupato Ecclefiæ Colim
brienſis , cujus octingentoruin quinquaginta octo ; necnon ex Deca
natu , poft Pontificalem maiore , cujus noningentorum triginta ; ac ex
TUNATE Cantoratu , cujus quingentorum nonaginta quatuor ; ac ex uno de
CHATA
Baculo , feu de Valdigem , cujus ſeptingentorum ſexaginta quinque ;
lo
ac ex altero Archidiaconatibus de Coa ,reſpectivè nuncupatis Eccle
ut lepote
fiæ Lainacenſis , cujus quadringentorum triginta quinque ; necnon ex
Decanatu etiam poft Pontificalem maiore , cujus mille trecentorum
triginta duorum ; necnon ex Cantoratu , cujus fexcentorum feptua
ito ang ginta duorum ; necnon ex Scholaftriâ , cujus fexcentorum feptuagin
ta duorum ; necnon ex Archidiaconatu etiam de Baculo , ſeu de Mei
nedo nuncupato , cujus octingentorum ſeptuaginta ; necnon ex Archi
adfra presbyteratu , Eccleſiæ Portugallenfis , cujus fexcentorum ſexaginta
za il
trium ; necnon ex Theſaurariatu maiori nuncupato , cujus quingento
ruin nonaginta unius , & juliorum novemn cum dimidio ; necnon cx
Tom Pa?l uno da Guarda , cujus ducentorum triginta unius ; necnon ex alio de
T
Selorico , cujus ducentorum quinquaginta octo ; necnon ex reliquo
MON Archidiaconatibus de Covilháa relpectivè nuncupatis Ecclefiæ Ægita
od nienfis , nullam , vel modicam tantùm reſidentiam , requirentibus , cu
Archi jus aliorum ducentorum triginta unius ; necnon ex Cantoratu , cujus
corum
TOILE
ſeptingentorum quatuordecim , & juliorum quinque monetæ Roma 3
næ ; ac ex Scholaftriâ , cujus quadringentorum viginti novem ; nec
èDig non ex Archidiaconatu etiam de Baculo nuncupato Ecclefiæ Viſerfis'
, Id ፡ Dignitatibus , inibi reſpective, non tanien poft Pontificalem maiori.'
bus, exiſtentibus و, ac quorum , & quarum aliquibus ex Dignitatibus ,
lio, & ac Canonicatibus , & Præbendis , ac Canonicatibus cum dimidiâ Præ
TTORE bendâ , ſeu dimidiis Canonicatibus , & dimidiis Prabcndis sradialis
in ce nonnullæ Parochiales Ecclefiæ , & , ſeu illarum fructus perpetuò uni
tæ , annexx , & incorporatæ , & , feu uniti, annexi , & incorporati,
VOMIT reſpectivè reperiuntur , ac cujus , & prædictorum , & forſan aliorum
1U21
Q A illis reſpectivè annexorum ducentorum triginta unius ducatorum auri
de
TEM Tom . V. li
Jumi ;
250 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
de Camera hujuſmodi reſpectivè fructus , redditus , & proventus ſe
cundum communem æſtimationem valorem annuum , ut ſimiliter acce
pimus , non excedunt ; quique omnes inſimul annuam ſummain trigin
ta trium millium quadringentorum fex dụcatorum auri fimiliuni, & ju
liorum quindecim monetæ præfatæ cum dimidio alterius julii ſimilis ,
ut pariter accepimus, conftituunt, totidem fingulas Dignitatum , ac
Canonicatuum , & Præbendarum , necnon Canonicatuum cum dimidiâ
Præbendâ , ſeu dimidiorum Canonicatuum , & dimidiarum Præbenda
rum , ac eoruin & carum cujuslibet reſpectivè fructuum , reddituum ,
& proventuum præfatorum , etiam ex diſtributionibus quotidianis ,
decimis , & aliis quibuſcumque proventibus , etiam ratione eis , &
eorum cuilibet præfatorum , & aliorum forfan reſpective annexorum ,
necnon bonis , proprietatibus , juribus , cenſibus, laudemiis , contri
butionibus , prædialibus,
obventionibus vulgo quibuſcumque
, & emolumentis Pitanças, cæterifque
certis proventibus ,
& incertis in
pecuniâ , vel fructibus , aut quibuslibet aliis rebus quomodolibet con
fiftentibus provenientium , & ad Dignitates , ac Canonicatus, & Præ
bendas , necnon Canonicatus cum dimidiâ Præbendâ , ſeu dimidios Ca
nonicatus , & dimidias Præbendas , illoſque , & illas pro tempore ob
tinentes quocumque titulo etiam unionum , donationum , oblationum,
luctuofarum , contractus cujuslibet etiam oneroſi , aut legatorum ctiam
perſonalium nuncupatorum , ſeu aliâ quâvis causâ , vel jure , nunc, &
pro tempore , & , ſeu etiam de novo , aut in futurum fpectantium ,
reſpectivè tertias partes , quæ inſimul annuam fummam undecim mil
lium centum triginta ſex ducatorum auri fimilium , & juliorum unde
cim conftituunt ; necnon ex uno de Oliveira , cujus mille nonaginta
quatuor , illorum medietatem , videlicet quingentos quadragintafep
tem , ac ex altero Archidiaconatibus de Regoa reſpectivè nuncupatis
præfatæ Eccleſiæ Portugallenſis inibi reſpective Dignitatibus, non ta
men poft Pontificalem inaioribus , exiſtentibus , quibus pariter , ut
etiam accepimus , nonnullæ Parochiales Ecclefiæ , & , ſeu illarum fru
Etus perpetuò reſpective unitæ , annexe & incorporatæ , & ſeu uni
ti , annexi , & incorporati reperiuntur , ac cujus bis mille centum no
naginta duorum ducatorum auri partium reſpectivè fructus , redditus,
& proventus ſecundum æſtimationem præfatam valorem annuum , ut
pariter accepimus , non excedunt , tres ex quatuor eorundem fru
&uum , reddituum , & proventuum ex eis etiam , ut præfertur, pro
venientium , & ad eosſimiliter quocumque titulo, aut quâlibet ex
præfertur , fpectantium , & , ſeu uni
causâ nunc , & in futurum , utora
torum , annexorum , & incorp torum præfatorum partes , videlicet
mille fexcentos quadraginta quatuor ducatos auri pares ; ac inſuper
unius de Barroſo , cujus quingentorum duorum ; ac alterius Sanctæ
Chriſtinæ , cujus mille ducentorum quadraginta fex , & juliorum ſep
tem nionetæ cum dimidio alterius julii fimilis ; necnon alterius.de
Fonte-Arcada , cujus mille centum ſexaginta quinque , & juliorum
duodecim monetæ præfatæ , cum dimidio alterius julii fimilis ; necnon
alterius de Labruge , cujus quingentorum quatuordecim , & juliorum
quinque monetæ præfatæ ; necnon alterius de Neiva , cujus quadrin
gentorum ;
da Caſa Real Portugueza. 251
us for
acte:
gentorum ; necnon alterius de Villanova de Cerveira , cujus trecen
trigin torum triginta unius , & juliorum feptem monetæ præfatæcum dimi
dio alterius julii fimilis in præfatâ Bracharenfi ; necnon alterius etiam
& ܘܐܐ de Baculo , cujus quadringentorum viginti octo , &juliorum decem
umils monetæ præfatæ ; ac alterius da Sexta , in prædiétâ Elborenſi , cujus
dimidi quadringentorum quinquaginta feptem , & juliorum feptem monetæ
hunds
prædictæ cum dimidio alterius julii paris ; ac reliqui Archidiacona
tuum Sancti Petri de France reſpectivè nuncupatorum , cujus quin
ITUUT,
janis, gentorum feptuaginta unius , & juliorum feptem monetæ prædictæ
cum dimidio alterius julii ſimilis in prædicta Viſenſi ; ac Thefauraria
tus maioris nuncupati in eâdem Lamacenſi reſpective Eccleſiis refpe
Ativè Dignitatum , non tamen poft Pontificalem maiorum , nullamque,
vel modicam tantùm reſidentiam requirentium , quarum aliquibus
etiam nonnullæ Parochiales Eccleſiæ , & , feu illarum fructus fimili
ETAS HA ter unitæ , annexæ , & incorporatæ , & , ſeu uniti , annexi , & incor,
& Peas
porati reſpectivè exiſtunt, ac cujus quingentoruin quatuordecim du
os C
catorum auri parium , & juliorum octo monetæ prædictæ reſpective
reb
fructus,redditus ,
valorem annuum & proventus ſecundum æſtimationem prædictam
ut fimiliter accepimus, non excedunt , omnes , &
10002 ſingulos eorum , ac cujuslibet eorum fructus , redditus , & proventus
prædictos , etiam , ut præfertur , ex decimis , & aliis quibuſcumque
IN, & proventibus , etiam ratione prædictorum , & forſan aliorum eis , &
eorum cuilibet reſpectivè annexorum , necnon bonis , proprietatibus ,
m2 juribus', cenſibus , laudemiis , contributionibus , prædialibus , vulgo
Pitanças , cæteriſque proventibus , obventionibus, & emolumentis
aglig quibufcumque certis , & incertis provenientes , ac in pecuniâ , vel
fructibus , aut quibuslibet aliis rebus quomodolibet conſiſtentes , &
upati ad ultimò dictas decem Dignitates, ac illas pro tempore obtinentes
won t quocumque titulo , etiam unionum , donationum , oblationum , lu
1, ul &uofarum , contractus cujuslibet etiam onerofi , aut legatorum etiam
]!fl perſonalium nuncupatorum , feu alià quavis causà , vel jure , nunc ,
iuni & pro tempore , & , feu etiam de novo , aut in futurum fpcctantes, 1
TO
Dignitates , ac Canonicatus , & Præbendas , necnon Canonicatus
( ex cum dimidi, Pra bendâ, ſeudimridics Canonicatus, & dimidias.Præ 1
bendas hujuſmodi , quæ , & qui acłu nunc vacant , quo verò ad il
lider las , & illos, quæ , & qui minimè vacant de præſenti , ex nunc, pro
una ut ex tunc , & è contra , ac cùm primum omnes , & ſingulas Digni
mele tates , ac omnes , & fingulos Canonicatus , & Præbendas , necnon
Canonicatus cum dimidiâ Præbendâ , ſeu dimidios Canonicatus , & 1
-laque bus cum dimidii Præbendî, ſeu dimidiis Canonicatibus , & dimidiis
Præbendis , præfatis à Nobis per præſentes , ut præfertur , diſmem
renda bratorum , ſeparatorum , & fejunétorum reſpetivè fructuum , reddi
polo tuum , & proventium præfatorum reſpectivè partes reſpective non
excedant , in ejuſdem Patriarchalis Eccleſiæ Ulixbonenfis Occidenta
I 16
arum lis fabrice utilitatem , & indigentias , necnon Miniſtrorum eidem Pa
triarchali Ecclefiæ Ulixbonenſi Occidentali punc , & pro tempore in
jado ſervientium ſubſtentationem convertendas , & à fingulis Dignitatibus,
300
& Canonicis dictæ Patriarchalis Ecclefiæ Ulixbonenſis Occidentalis fin
& die gulis annis perpetuo perfolvendas , infra tempus Joanni Regi , ac
Olive Patriarcliæ præfatis beneviſum , ftatuere poſſit , & valeat ; ita quod li
folet.
ceat nunc , & pro tempore exiſtentibus ejufdem Patriarchalis Eccle
fiæ Ulixbonenſis Occidentalis Dignitatibus , & Canonicis , & eorum
cuilibet per ſe , vel Procuratores , Actores , Exactores , vel Æcono
mos ſuos eoruin reſpectivè nomine corporalem , actualem , & civilem
omnium , & fingulorum fructuum , reddituum , & proventuum à no
cas bis per præſentes , ut_præfertur ,' diſmembratorum , ſeparatorum , &
ſejunctorum , quoad Ecclefiarum , videlicet Dignitatum , Canonica 1
Tom . V. Kk cidentalis
258 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
cidentalis applicati , & appropriati pro æquali ratâ inter fructus cer
tos , ſive groſſos ad unamquamque , & unumquemque ex dictis
Dignitatibus , ac Canonicatibus , & Præbendis ejuſdem Patriarchalis
Eccleſiæ Ulixbonenſis Occidentalis ſpectantes annumerentur , ita quod
fic annumerati , ſi ſuper dictis Dignitatibus , ac Canonicatibus , &
Præbendis dictæ Patriarchalis Eccleſiæ Ulixbonenſis Occidentalis , il
larumque , & illorum proviſionibus Literas Apoftolicas expediri con
tingat , ejufdem Patriarchalis Eccleſiæ Ulixbonenſis Occidentalis ,
Dignitatis poft Pontificalem maioris , videlicet fructus , redditus , &
proventus certi , qui aliàs juxta Taxam in præfatis ejuſdem Clemen
tis Prædecefforis ab Innocentio etiam Prædeceffore noſtro præfato
deſuper in formâ præfatâ expeditis Literis conſtitutam fummain mil
le quingentorum quinquaginta trium , computatis verò diftributioni
bus quotidiannis mille ſeptingentorum ſeptuaginta ſeptem non exce
debant , deinceps bis mille feptingentorum quinquaginta trium , coin
putatis verò diſtributionibus præfatis bis mille noningentorum ſeptua
ginta octo ; cujuslibet verò ex aliis quinque Dignitatibus , & octode
cim Canonicatibus , & Præbendis dictæ Patriarchalis Eccleſiæ Ulix
bonenſis Occidentalis , reſpectivè fructus certi , qui juxta eandem ta
xam etiam fummam mille quingentorurn viginti octo , computatis ve
rò diſtributionibus quotidiannis mille feptingentorum octo ducato
rum auri parium fimiliter non excedebant , deinceps bis mille feptin
gentorum viginti octo , computatis verò diſtributionibus præfatis bis
mille nonningentorum octo ducatorum auri fimilium eorum reſpective
valorem annuum non excedere reſpectivè exprimantur , & exprimi
debeant eadem auctoritate decernimus , & ftatuimus : Quò verò ad
fructuum , reddituum , & proventuum prædictorum diſpolitionem , &
uſum , tam in diviſione reddituum , quàm in vacatione Dignitatum ,
ac Canonicatuum , & Præbendarum dictæ Patriarchalis Ecclefiæ Ulix
bonenfis Occidentalis faciendam , five faciendum , idem fervetur or
do , qui à dicto Clemente Prædeceſſore in prædictis Literis in di&ta
formå expeditis præſcriptus fuit. Ac denium Patriarchæ Ulixbonen
fi Occidentali pro tempore exiſtenti præfato ad augendum in dictâ
Patriarchali Eccleſiâ Ulixbonenſi Occidentali Divini ſervitii cultum 9
ut ipſe cum paribus conſilio , & conſenſu ejuſdem Joannis Regis no
vum aliquod Beneficium Ecclefiafticum , feu aliqua nova Beneficia
Ecclefiaftica , feu novum Canonicatum , & novam Præbendam , feu
novos Canonicatus, & novas Præbendas pro Clerico , feu Clericis ,
aut Presbytero , ſeu Presbyteris idoneo , ſeu idoneis , novo futuró .
Beneficiato , feu novis futuris in dictâ Patriarchali Ecclefiâ Ulixbo
nenſi Occidentali Beneficiatis , feu novo futuro Canonico , aut novis
futuris dicte Patriarchalis Ecclefiæ Ulixbonenfis Occidentalis Cano
nicis à prædicto Joanne Rege , ut infra reſpective præſentando , ſeu
præſentandis , qui omnibus , & fingulis privilegiis , indultis , gratiis ,
exemptionibus , libertatibus, immunitatibus , & facultatibus ,quibus
alii dictæ Patriarchalis Ecclefiæ Ulixbonenfis Occidentalis Canonici,
& Beneficiati reſpective utuntur , fruuntur , potiuntur , & gaudent ,
reſpectivè etiam uti, frui, potiri, & gaudere poflint, & valcant ,
ex
da Caſa Real Portugueza. 259
ters ex redditibus ejuſdem Patriarchalis Ecclefiæ Viixbonenſis Occidenta
tis
alis
lis utilitatem , illiuſque Miniſtrorum fubftentationem tam à prædicto
blod
Clemente Prædeceſſore per fupra relatas Literas in dictâ formâ ex
peditas , quàm per præſentes à Nobis , ut præfertur , aſſignatis , &
& applicatis ,ex illis videlicet , quos congruis ejuſdem Patriarchalis Ec
ila clelix Ulixbonenſis Occidentalis fabricæ præfatæ manutentioni , ac
011 Miniſtrorum eidem Patriarchali Ecclefiæ Ulixbonenfi Occidentali in
18
fervientium ſubſtentationi præfatis fupereffe contigerit , perpetuò eri
& gere , & inftituere , eiſque fic erectis , & inftitutis pro illorum ref
1 pectivè dote , ac illa , & illos pro tempore reſpectivè obtinentium
0 congruâ fubftentatione , redditus in uſum fabricæ , aliarumque dictæ
12 Patriarchalis Ecclefiæ Ulixbonenſis Occ dentalis indigentiarum , ac Mi
niftrorum eidem Patriarchali Eccleſiæ Ulixbonenfi Occidentali inter
ces vientium fubftentationem , ut præfertur , applicatos , & appropria
Din
tos præfatos , illos videlicet , ܕqui , ut præfertur , ſuperfuerint, per
petuo applicare, & appropriare , necnon Beneficio , feu Beneficiis ,
des aut Canonicatui , & Pra bendæ , ſeu Canonicatibus , & Præbendis ab
Tirs eo , ut præfertur, erigendo , feu erigendis , in actu ejus , feu eorum
erectionis hujuſmodi , onera fervitii in dictâ Patriarchali Ecclefia
res Ulixbonenſi Occidentali , vel extra illam ab eo , ſeu ab eis præftandi
ato præſcribere , & imponere , necnon privilegia , indulta , gratias ,
tin cxemptiones , libertates , immunitates , facultateſque præfata , ac præ
lis fatas etiam illa , vel illas , quæ de jure Canonicatibus , & Præbendis,
Tive necnon Beneficiis dictæ Patriarchalis Ecclefiæ Ulixbonenfis Occiden
Tim talis competere , & ineſſe dignofcuntur , ei , vel eis fimiliter in actu 1
ad erectionis præfatæ limitare liberè , & licitè poſſit , & valeat , eâdem '
& Apostolicâ auctoritate fimiliter perpetuò concedimus , & indulgemus.
om , Infuper eidem Joanni, & pro tempore exiſtenti Portugalliæ , & Al 1
1
260 Provas do Liv. V II. da Hiſtoria Genealogica
amiſlionem , privationem , Religionis ingreſſum , matrimonii contra
cum , aut aliàs quomodocumque , & qualitercumque , fimul , vel
fuccellivè , etiam apud Sedem Apoftolicam vacare contigerit , in illo ,
ſeu illis per Ordinarium Loci ad præſentationem dicti Joannis , &
pro tempore exiftentis Portugalliæ , & Algarbiorum Regis inſtituen
dam , feu inſtituendas , Motu fimili pariter perpetuò reſervamus
concedimus , & allignamus : Necnon Jufpatronatus , & præſentandi ,
ac nominandi hujuſmodi verè Regium exiftere , eidemque Joanni , ac
Portugalliæ , & Algarbiorum Regi pro tempore exiſtenti præfato
non ex privilegio , fed ex verâ primævâ , reali , actuali , plenâ , inte
grâ, & omnimoda fundatione , & perpetuâ dotatione competere , &
ad Joannem , & pro tempore exiſtentem Portugalliæ , & Algarbiorum
Regem prædictum pertinere , illudque vim , effecum , naturam ,
ſubitantiam , eſſentiam , qualitatem , validitatem , & roboris firmita
tem Juriſpatronatus Regii hujuſmodi obtinere, ac uti tale ſub qua
cumque derogatione etiam cum quibuſvis prægnantiſſimis , & efficacif
ſimis clauſulis , & Decretis , etiam cum clauſula , quorum tenores ,
&c. in quâcumque difpofitione , etiam per viam Conftitutionis, legis,
regulæ Cancellariæ noftræ , aut aliàs quomodocumque factâ , nulla
tenus comprehendi , nec illi ullo unquam tempore , ſub quocumque
prætextu , & ex quacumque causâ quantunivis urgenti , urgentiſſimâ,
& legitimâ per Nos , feu quoſcumque alios Romanos Pontifices ſuc
ceflores noſtros pro tempore exiſtentes , vel Sedem eandem , aut il
lius Legatos etiam de latere , etiam Motu , fcientiâ , & poteftatis
plenitudine fimilibus , ſeu cujuſvis intuitu , & contemplatione per
quaſcumque Literas Apoftolicas etiam in formâ Brevis , quafvis etiam
derogatoriarum derogatorias , ac fortiores , & infolitas 'clauſulas, nec
non irritantia , & alia Decreta quæcumque in ſe continentes , deroga
ri, aut derogatum cenſeri poſſe , neque debere, & in contrarium fa
ctas derogationes , necnon quaſcumque collationes , proviſiones , info
titutiones , vel alias difpofitiones de Beneficio , feu Beneficiis , aut
Canonicatú , & Præbendâ , feu Canonicatibus , & Prabendis à Patri
archâ Ulixbonenſi Occidentali pro tempore exiſtente pra fato fic , ut
præfertur, erigendo , ſeu erigendis , & tunc erecto , feu erectis pro
tempore quoquomodo reſpectivè vacaturo , ſeu vacaturis, abſque præ
fati Joannis , & pro tempore exiſtentis Portugalliæ , & Algarbiorum
Regis conſenſu , feu præſentatione , aut nominatione reſpe & ivè fa
Stas , proceſſuſque deſuper habendos , & inde , tunc ſecuta , & ſe
quenda quæcunque nulla , & invalida , nulliuſque roboris , vel 010
nienti fore , & eſſe , ac pro nullis , & infectis habenda, nec jus , vel
--
ܕܪ
2262 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
tam in primò dictis ejuſdem Clementis Prædecefforis Literis , quàm
in eiſdem præfentibus quomodolibet reſpectivè conceflis , & imparti
tis , perinde ac fi inſimul, non autem ſeparatim , conceſa , & impar
tita fuiſſent , eaque tam in primò dictis Clementis Prædeceſſoris hu
juſmodi, quam in eifdem præfentibus reſpective Literis totaliter in
ſerta , ac fpecialiter expreſſa fuiſſent , æque , ac pariformiter uti,
frui , & gaudere liberè , & licitè poflint, & valeant , dictâ Apoftoli
câ auctoritate , Motuque pari , earundem tenore præſentium concedi
mus , & indulgemus. * Ut autem tam præfentes Noftræ , quàm primð
dictæ ejuſdem Clementis Prædecefloris in formâ prædicta expeditæ
reſpective Literæ , omniaque , & fingula in eis reſpective contenta
quæ unum , eundenique di &tæ Patriarchalis Ecclefiæ Ulixbonenſis Oc
cidentalis decorem , illiuſque Capituli , ac Dignitatum , & Canoni
corum favorem refpiciunt, debitæ , paratæque executioni, omnimo
daque demandentur obfervantiæ , Motu , ſcientiâ , & poteftatis pleni
tudine fimilibus dilectis etiam Filiis noftro , & Sedis Apoftolicæ Nun
cio in Portugalliæ , & Algarbiorum Regnis nunc , & pro tempore
commoranti, necnon duobus dignioribus , & antiquioribus Miniſtris ,
non tamen Regularibus, Tribunalis Inquiſitionis Regnorum prædicto
rum nunc & pro tempore exiſtentibus in locum dilectorum pariter
Filiorum Inquiſitoris Generalis , ac Auditoris , feu Judicis Eccleſiaf
tici Patronatus Regii , quibus unâ cum Nuncio prædicto à dicto Cle
inente Prædeceffore primò dictarum Literarum in prædictâ formâ ex
F
peditarum executio demandata , & commiffa fuit , per præſentes com
mitimus , & mandamus: Quatenus ipfi, vel duo , aut unus eorum per
le , vel alium , feu alios , etiam quâvis difficultate occurrente , & à
prædicto Clemente Prædeceſſore , ac à Nobis non prævisâ , quæ effe
aum tam primò dictarum ejufdem Clementis Prædecefforis in dictâ
forinâ expeditarum , quàm noftrarum præſentium reſpective Litera
rum minimè retardare valeat , eaſdem primò dictas præfati Clementis
Prædecefforis , ac præſentes noftras reſpective Literas, tum quoad
quartarum partium prædictorum fructuum , reddituum, & proven
tuum naturalium , induſtrialium , & civilium Patriarchalis, Archiepif
copalium , & Epiſcopalium , necnon quotarum partium fructuum ,
reddituum , & proventuum ex Dignitatibus, ac Canonicatibus , &
Præbendis Collegiatarum reſpective Ecclefiarum præfatarum , quàm
qucad tertiarum partium prædictorum frutuum , reddituum , & pro
ventuum naturalium induftrialium , & civilium 'earundem Patriarcha
lis , Archiepiſcopalium , & Epiſcopalium Ecclefiarum , necnon quo
tarum partium fructuum , reddituum , & proventuum à Dignitatibus,
necnon Canonicatibus , & Præbendis , ac Canonicatibus cum dimidiâ
Præbendâ , ſeu dimidiis Canonicatibus, & dimidiis Præbendis , nec
non omnium , & ſingulorum fructuuni, reddituum , & proventuum
ultimò dictarum decem Dignitatum , reſpective diſmen:brationes , &
applicationes , aliaque omnia , & fingula à prædicto Clemente Præ
deceffore per primò dictas in formâ præfatâ expeditas Literas , & à
Nobis per præſentes reſpective conceffa , & expreſſa debitæ executio
ni demandari faciant , ac ubi , & quando opus fuerit , ac quoties pro
parte ,
da Caſa Real Portugueza. 263
im
ti.
parte , & ad inſtantiam pro tempore exiſtentium Capituli, Dignita
tum , & Canonicorum dictæ Patriarchalis Eccleſiæ Ulixbonenſis Oc
cidentalis conjunctim , vel diviſim fuerint requiſiti folemniter publi
cantes , eiſque in præmiſſis efficacis defenfionis præfidio aſſiſtentes, fa
in ciant Apoftolicâ auctoritate omnia , & fingula præmiſſa , necnon in
li
primò dictis Clementis Prædecefforis prædiéti in di &tâ formâ expedi
tis 'Literis contenta , & expreſſa quæcumque , quatenus eiſdem præ
. fentibus non adverſentur, quum debitum fortirieffectum , ac ab om
10
nibus , & quibuſcumque Perſonis firmiter , & inviolabiliter obſervari,
HP & adimpleri ; non permittentes modernos , & pro tempore exiſten
tes Capitulum , Dignitates , & Canonicos dictæ Patriarchalis Eccle
fiæ Ulixbonenſis Occidentalis à quoquam fuper omnibus , & fingulis
1 eis à prædicto Clemente Prædeceſſore per primð dictas Literas in
0 dictâ formâ expeditas , & à Nobis per præſentes reſpective conceſlis
ni quomodolibet moleſtari, perturbari', aut inquietari: Contradictores
un. quoslibet , & rebelles per ſententias , cenſuras , & poenas Eccleſiaſti
ore cas , aliaque opportuna juris , & facti remedia , appellatione poftpo
ſita compefcendo , invocato , etiam ad hoc , li opus fuerit , auxilio
ใน brachii ſæcularis ; & inſuper Judicibus prædictis , & ecruin cuilibet,
iter quoſcumque omnium , & finguloruin præmiſſorum , necnon à Cle
iata mente Prædeceſſore prædicto per primò diftas in formâ præfatî ex
Clo peditas Literas concellorum effectum impedientes , feu pro tempore
exiſtentes Capitulum , Dignitates, & Canonicos prædi&tos ſuper eiſ
Com dem præmillis , necnon ab eodem Clemente Prædeceſſore , ut præfer
tur concellis moleftantes , perturbantes , eiſque quovis modo con
per
tradicentes etiam per edictum publicum , conſtito ſummariè de non
effe tuto acceſſu , citandi , illiſque , ac quibus , & quoties inhibendum
ܐܐܬ fuerit , etiam per edictum quoad Patriarcham , Archiepiſcopos, &
Prae Epifcopos ſub interdi & i ingreflus Eccleſiæ , quò verò ad alios infe
tis riores fub excommunicationis , ac etiam pecuniariis , necnon priva
แน่ tionis Beneficiorum , & oíficiorum fæcularium , & Eccleſiaſticorum
en eorum arbitrio imponendis , moderandis , & applicandis poenis inhi
bile bendi, ac eos , quos cenfuras , & pænas prædictas incurrifle conſti
II, terit , eas incurriilc fervatâ formâ Concilii Tridentini declarandi, ac
& cenſuras , & panas ipſas etiam iteratis vicibus aggravandi , reaggra
m vandi, & interdicendi plenam , & liberani Motu pari dictâ auctorita
te concedimus facultatem. Denique pro faciliori tain earundem difti
Clenientis Prædleceſſoris in prædictâ formâ expeditarum , quam nof
0 trarum præfentium reſpective Literarum executione, & effectu , Mo
IS, tu , ſcientiâ , & poteftate plenitudine paribus decernimus , & decla
dià ramus , quod in eventum , in quem pro tempore exiſtentes Patriar 1
0
judicio , vel extra audiri valeant , nifi prius facto depoſito juxta lumn
fty
19
264 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
lum Regni Portugalliæ illius quantitatis, quæ ab eis controverti
vellet , quodque in exactionibus faciendis ab hujuſmodi Debitoribus
procedi debeat viâ executivâ , ut in debitis Regalibus , ac fummariè,
& fine ſtrepitu , & figurâ judicii , ac folâ facti veritate inſpectâ. Vo
lumus ulteriùs , & cảdem auctoritate decernimus, quòd Executores
præfati pro tempore exiſtentes fimul , vel ſeparatim in cauſis concer
nentibus liquidationem , exactionem , & folutionem quartarum , &
tertiarum aliarumque quotarum partium diſmembratarum, & reſpecti
vè applicatarum præfatarum femper fint Judices privativi, & juriſdi.
etione fuâ uti valeant contra quafcumque perſonas , & tam Archi
epiſcopali, & Epiſcopali , quam aliâ quâcumque dignitate præditas ,
etiamli perſonæ hujuſmodi gaudeant privilegiis , aut indultis, ut in
earum cauſis conveniri nequeant , nifi in corum foro , & coram cer
to eorum Judice, quæ privilegia, quoad caufas liquidationis , ex
actionis , & folutionis hujufmodi locum habere non debere declara
mus ; imò ea ad hunc effectum revocamus , & quatenus opus fit , pri
vilegiis , & indultis hujuſinodi quâvis etiam Apoftolicâ auctoritate
eis fortán conceſſis ſpecialiter , & exprefsè derogamus ; itaut ſuper
caufis prafatis in nullo alio Tribunali, praterquam coram Judicibus
prædictis pro tempore exiſtentibus litigari poſſit. Præſentes quoque
femper , & perpetuò validas , & efficaces efle, & fore , fuoſque ple
narios , & integros cffe &tus fortiri , & obtinere debere , ac nullo un
quam tempore , ex quocumque capite , vel ex qualibet causâ quan
tumvis legitima, & juridicâ , piâ privilegiatâ , ac ſpeciali norà dignâ,
etiam ex eo quòd Dignitates , Canonici , ac Beneficiati dictæ Patri
archalis Ulixbonenfis Occidentalis , ac pro tempore exiſtentes Pairi
archa Ulixbonenſis Occidentalis , Archiepifcopi, & Epifcopi Portu
gallize , & Algarbiorum Regnoruin , necnon Dignitates , ac Canoni
catus , & Præbendas , necnon Canonicatus cum dimidiá Præbondå ,
ſeu dimidios Canonicatus , & dimidias Præbendas , præfatos nunc
& pro tempore obtinentes , feu quicumque alii , cujuſcumque digni
tatis , gradus , conditionis , & præeminentiæ fint , in præinillis , & cir
ca ea quomodolibet , & ex quâvis causâ , ratione , aélione , vel occa
fione jus , vel intere le habentes , aut quomodolibet habere præten
dentes illis non conſenſerint , aut ad illa vocati , & auditi non fue
rint, & caufæ propter quas eædem emanaverint, alducte , verifica
tzt, & juſtificatæ non fuerint , de ſubreptionis , vei obreptionis , aut
nullitatis, feu invaliditatis vitio , vel intentionis noftræ , aut jus , vel
intereſſe habentium conſenſus , aut quolibet alio quantunivis magno ,
ſubſtantiali, inexcogitato , & inexcogitabili , ac ſpecificam , & indivi
duam mentionem , ac expreſſionem requirente defeciu , ſive etiam ex
eo quòd in præinillis , eorumque aliquo folemnitates , & quævis alia
ſervanda , & adimplenda fervata , & adimpleta non fuerint, aut ex
quocumque alio capite à jure , vel facto , aut ftatuto , vel confuetudi
ne aliqua reſultante, feu etiam enormis' , enormiſlimæ , totaliſque l.e
fionis , aut quocumque alio colore , prætextu , ratione, etiam in cor
pore juris clausâ , occafione , aliave causâ , etiam quantumvis jufta ,
rationabili , legitimâ , juridicâ , piâ , privilegiatâ , etiam tali , q!! æ ad
effectum
da Caſa Real. Portagüeza. 265
-ferti effectum validitatis præmiſſorum neceffariò exprimenda foret , aut
cibus quòd de voluntate noftra hujuſmodi , & aliis luperiùs exprcſlis nulli
arie, bi appareret , feu aliàs probari poſſet, notari , inpugnari , invalida
Va ri , retractari , in jus , vel controverſiam revocari , aut ad terminos
cores juris reduci , vel adverſus illas reftitutionis in integrum , aperitionis
cer oris, reductionis ad viam , & terminos juris , aut quodcumque juris,
& facti, gratiæ , vel juſtitiæ remedium impetrari , feu quomodolibet
2.Ni. etiam Motu , & poteßatis plenitudine fimilibus concello , aut impe
fdi. trato , vel emanato , uti , ſeu ſe juvare in judicio , vel extra , porto,
-hi. neque eaſdem præſentes ſub quibufvis fimilium , vel diſſimilium gra 1
S
tiarum revocationibus , ſuſpenſionibus , limitationibus , modificationi
in bus , derogationibus , aliiſque contrariis difpofitionibus etiam per Nos,
cer
& fucceffores noſtros Romanos Pontifices pro tempore exiſtentes ,
ex
& Sedem Apoftolicam præfatam , etiam Motu pari , ac ex certâ fci
lara entiâ , etiam Conſiſtorialiter , & quibuſvis de caufis , ac ſub quibuf
prlo
cumque verborum tenoribus , & formis , ac cum quibuſvis claufulis ,
itate
& Decretis , etiamſi de eiſdem præfentibus , eorumque toto tenore 9
ac data ſpecialis mentio fieret , pro tempore faciendis , & conceden
upel dis , comprehendi , ſed ſemper ab illis excipi , & , quoties illæ ema
cibus nabunt > toties in priſtinum , ac eum , in quo antea quomodolibet
00012 erant ,
ple
ftatum reftitutas , repofitas , & plenariè reintegratas , ac de
0 07
novo etiam fub quâcumque poſteriori datâ quandocumque eligenda
conceſlas eſſe , & fore , ficque , & non aliàs in præmiſſis omnibus , &
fingulis per quoſcumque Judices Ordinarios , vel Delegatos, ctiam
cauſarum Palatii Apoftolici Auditores , ac ejuſdem Sanctæ Romanæ
Ecclefiæ Cardinales, etiam de Latere Legatos , Vice-Legatos , di
PAUTA cteque Sedis Nuncios , & alios quoſcumque quâvis auctoritate , po
teſtate , officio , & dignitate fungentes , ac prærogativâ , privilegio ,
"3001 præeminentia , & honore fulgentes , ſublata eis , & corum cuilibet
, quâvis aliter judicandi , & interpretandi facultate , & auctoritate in
hie, quocumque Judicio , & in quâcumque inſtanciâ judicari, & definiri
GI debere ; & fi ſecus ſuper his à quoquam quâvis auctoritate , ſcienter,
cir vel ignoranter contigerit attentari , irritum, & inane decernimus.
Non obſtantibus noftris , & Cancellariæ Apoſtolicæ de præftando con
ten ſenſu , de jure quaſito non tollendo , de exprimendo vero annuo va
fue lore , ac de unionibus , aliiſque in contrarium præmiſforum quomodo
Ca. libet cditis , vel edendis regulis , ac Lateranenſis Concilii noviflimè
allt celebrati uniones, ſeu applicationes perpetuas , nonniſi in certis ca
vel fibus , fieri prohibentis , ac diſmembrationes perpetuas fuper Patriar
110 , chalium , Archiepiſcopalium , & Epiſcopalium menfarum fructibus,
1117 redditibus, & proventibus, nonniſi exceſſionis , aut aliâ rationabili
causâ , quæ in Conſiſtorio noftro jufta , & honefta habita fuerit , ac
2/12 certis aliis modo , & formâ in dicto Concilio expreſſis , refervari fi
ter militer prohibentis ; necnon quoad prafatam Executorum deputatio
nem recolendæ memoriz Bonifacii PP. VIII. ſimiliter Prædecefforis
noſtri , aliiſque quibuſvis in contrarium præmiſforum , etiam in Syno
OT
dalibus , Univerłalibus, & Provincialibus Conciliis editis , vel eden
1,
dis , ſpecialibus , vel generalibus Conſtitutionibus, & Ordinationibus .
Tom. V. LI Apoſta
ad
.
266 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
Apoftolicis, ac Patriarchalis Ulixbonenſis Occidentalis , ac Archiepif
copalium , & Epifcopalium Eccleſiarum præfatarum etiam juramento,
confirmatione Apoftolicâ , vel quâvis firmitate alia reſpectivè robora
tis Statutis, eorundemque Statutorum reformationibus, & novis edi
tionibus , stylis , ulibus , & conſuetudinibus etiam immorabilibus ,
diſpoſitionibus , & ultimis voluntatibus in contrarium corundem præ
miſſorum quibuſcumque, privilegiis etiam ex fundatione competenti
bus à Nobis , feu à quibuſcumque Romanis Pontificibus Prædeceffo
ribus noftris reſpective concellis , necnon indultis , & Literis Apofto
licis , illis , earumque ſuperioribus , & Perſonis , ac Locis quibuſcum
que etiam ſpeciali, ſpecifica , expreſſa , & individua mentione dignis,
ſub quibuſcumque tenoribus , & formis , ac cum quibuſvis etiam de
rogatoriarum derogatoriis , aliiſque efficacioribus , efficaciſſimis , & in
folitis clauſulis , irritantibuſque, & aliisDecretis in genere , vel in
fpecie , etiam Motu pari , ac etiam Conſiſtorialiter , aut aliàs quomo
dolibet , etiam iteratis vicibus , in contrarium præmiſſorum conceſlis,
approbatis , confirmatis , & innovatis ; etiamſi in eis caveatur expref
sè , quòd illis per quafcumque Literas Apoſtolicas etiam Motu fini
li, deque pari Apoſtolicæ poteftatis plenitudine pro tempore concef
ſas , quaſcumque etiam derogatoriarum derogatorias clauſulas in fe
continentes, illis derogari non poſſit , neque cenſeatur eis derogatum;
quibus omnibus, & fingulis , etiamſi de illis, eorumque totis tenori
bus ſpecialis , ſpecifica , expreſſa , & individua mentio facienda , aut
aliqua alia exquiſita forma ad hoc fervanda foret , eorum tenores eiſ
dem præfentibus , perinde , ac fi de verbo ad verbum , nihil penitus
omiſo , hîc inſerti forent, pro plenè , & fufficienter expreſſis , &
inſertis habentes , illis aliàs ' in ſuo robore permanſuris , ad præmiſto
rum omnium , & fingulorum validiffimum effectum hac vice dumtaxat
latiffimè, & pleniffimè, ac ſufficienter , necnon ſpecialiter , & expref
sè Motu fimili derogamus, cæterifque contrariis quibuſcunque. Vo
lumus autem > quod pro tempore , promovendi ad Patriarchalem
Ulixbonenfem Occidentalem , ac Archiepiſcopales , & Epifcopales Ec
clefias prædidas in expeditione Literarum Apoftolicarum ſuper pro
motione de eoruin Perfonis ad eafdem Patriarchalem Ulixbonenfem
Occidentalem , ac Archiepiſcopales , & Epiſcopales Ecclefias Apofto
licâ auctoritate prædictâ faciendâ reductionem taxæ , feu communis
propter dilmembrationem tertiæ partis earum fructuum , reddituum ,
& proventuum prædictorum , per Nos , ut præfertur , factam nullo
modo prætendere valeant ; perinde ac fi diſmembratio , feparatio , ac.
ſejunctio , necnon applicatio , & appropriatio hujuſmodi factæ non
fuiflent. ' Volumus præterea , quod omnium , & fingulorum fiu
& tuum , reddituum , & proventuum deſuper expreſſorum prædictorum
tertia , dimidia , ac tres ex quatuor reſpective partes , à Nobis per
præſentes, ut præfertur, diſmembratæ , & applicatæ prædictæ in co
sundem fructuum fpecie , eorumque eventuali quantitate , etiamſi
quantitas hujuſmodi maior, vel minor fuerit quantitate illâ , quæ præ
fentibus expreifa reperitur , perſolvi debeant: Nulli ergo omnino
hominum liceat hanc paginam noftræ abfolutionis , approbationis ,
confirma
1
da Caſa Real Portugueza. 267
hiepii. confirmationis , innovationis , ſeparationis , diſmembrationis , fejun
tierto, Etionis , exemptionis , liberationis, applicationis , appropriationis ,
obora
conceflionis , indului , reſervationis , aſignationis , ſanationis, reinte
is edi. grationis , revalidationis , commiſſionis , mandati , declarationis , fta
libus, tuti , decreti , derogationis , & voluntatis infringere , vel ei auſu te
1 LIX merario contraire : Siquis autem hoc attentare præſumpſerit , indigna
tenti: tioner Omnipotentis Dei , ac Beatorum Petri , & Pauli Apoſtolo
celo rum ejus fe noverit incurſurum . Datum Romæ apud Sanctam Ma
fo riam Maiorem , anno Incarnationis Dominicæ millefimo feptingente
fimo trigeſimo ſeptimo , ſexto Idus Februarii Pontificatus noftri an
nis, no octavo.
de Loco – Bullæ Aurex .
in
dier
illa
refpe & ivè nuncupatas Bracharenſis , acad aliam Sancti Petri de Fari .
nha
ſpeo
270 Provas do Liv .VII. da Hiſtoria Genealogica
nha Podre , ac de Villa -Nova de Cea , ac ad aliam Sanctæ Mariæ
Magnæ nuncupatæ de Loriga , ac ad aliam Sancti Andreæ do Ervedal
Vicarias reſpectivè nuncupatas', ac ad aliam Sanctæ Mariæ de Vinho,
& de Mangoalde , necnon ad reliquas Parochiales Eccleſias Prioratus
reſpective nuncupatas Sancti Vincentii de Villafranca Colimbrienfis
reſpective Diæcefis , quæ de ſimili Jurepatronatus dicti Joannis Re
gis ex fundatione, vel dotatione , aut ex privilegio Apoſtolico , cui
non erat eatenus in aliquo derogatum , exiſtere dignofcebantur, nec
non jus conferendi , feu pro fe retinendi Commendam Sancti Michae
lis de Tres Minas Militiæ Domini noftri Jefu Chrifti , cujus Militiæ
dictus Joannes Rex Gubernator , & perpetuus Adminiſtrator exiſtit,
dictæque Comnendæ bona conceſſerat, & alignaverat, conceſſionem ,
& aflignationem hujuſmodi idem Clemens Prædeceſſor , dictâ ejus
auctoritate confirmaverit, & approbaverit , dictumque Joannem Ře
gem dicta Militiæ Gubernatorem, & Adminiſtratorem à juramento
per eum præftito de non alienando bona dictæ Militiæ dictâ ejus
Apoítolicâ auctoritate ad præmiſſorum dumtaxat effectum abſolverit,
& liberaverit , aliaque circa diſmembrationem , applicationem prædi
etas , earumque debitum effecium ſortiendum providè diſpoſuerit,
conceſſerit , & indulſorit , prout in Literis ab ejuſdem recordationis
Innocentio PP. XIII. fimiliter Prædeceffore noftro in formâ Rationi
congruit , fub Datum videlicet apud Sanctum Petrum anno Incarna
tionis Dominicæ millefimo feptingentefimo vigeſimo primo , quinto
deciino Kalendas Junii Pontificatus fui anno primo deſuper expeditis
plenius continetur. Cumque , ficut etiam accepimus , prædicta Villa
Viçoſa non Elvenſis, prout in Literis prædictis per errorem expref
ſum fuit , ſed E.lborenſis Dioecefis exiftat ; nonnulliſque Beneficiis in
Collegiatis Ecclefiis præfatis reſpectivè exiftentibus actualis , vel ea ,
quæ per Vicarios perpetuos exerceri ſolet curâ , nullâ de curâ hujuſ
modi " in eiſdem Literis factâ mentione , immincat animarum ; dictul
que Joannes Rex non jus aliis conferendi præfatam Commendam , fed
iſlam , illiuſque bona pro ſe. dumtaxat retinendi dicto Joſepho Prin
cipi , & Duci , Domuſque Bragantinæ præfatæ ſucceſſoribus perpetuò
conceſſerit , & aſſignaverit : Nos propterea , nè de dicti Clementis
Prædecefforis intentionis defectu Literas præfatas in dictâ formâ expe
ditas notari aliquando contingat , & ea , quæ à prædicto Clemente
Prædeceſſore ad maiorem Divini "Nominis gloriam , maioremque Di
vini ſervitii decorem vigili , providoque ftudio facta dignofcuntur,
eorum debitum effeétum fortiri cupientes , ac dilectos Filios nioder
nos Dignitates , ac Capitulum , & Canonicos , necnon Beneficiatos
dictæ Patriarchalis Ecclefiæ Ulixbonenſis Occidentalis , & eorum
quemlibet , à quibuſvis excommunicationis , fufpenfionis , & interdi
&ti , aliiſque Ecclefiafticis fententiis , cenſuris, & poenis à jure , vel
ab homine quavis occafione, vel causâ tati , ſiquibus quoniodoli
bet innodati" exiſtant , ad effectum præfentium dumtaxat conſequen
dum harum ſerie abſolventes , & abfolutos fore cenſentes ; necnon
Literarum ejuſdem Clementis Prædecefforis defuper in dictà formâ
expeditarum totum , & integrum tenorem , ac fi de verbo ad ver
bum
da Caſa Real Portugueza. 271
2
al
bum nihil penitus omiſſo præſentibus noftris Literis inſertus foret ,
pro expreſſo habentes , Motu fimili , deque Apoftolicæ poteſtatis ple
39
IS
nitudine noftris , præfati Clementis Prædeceſſoris in dictâ formâ , ut
præfertur , expeditas Literas præfatas cum omnibus , & fingulis om
is nium , & fingulorum reſpectivè fructuum , reddituum , & proven .
e
tuum præfatorum reſpective diſmembrationibus, ſeparationibus , illo
rumque reſpective quantitatum applicationibus , appropriationibus ,
divifionibus, ac ſolitionibus Dignitates , ac Canonicatus, & Præben
das in dictá Patriarchali Eccleſiâ Ulixbonenfi Occidentali reſpective
e
obtinentibus , ut præfertur , faciendis ; necnon dictarum Ecclefiarum ,
ſeu Capellarum , aut Beneficiorum hujuſmodi ſuppreſſione , & extin
ctione , necnon unione, annexione , & incorporatione ejufdem Patri
archalis Ecclefiæ Ulixbonenſis Occidentalis Beneficíis in eorum dotis
augmentum , earundem Eccleſiarum , ſeu Capellarum , aut Beneficio
0
rum hujuſniodi reſpectivè fructuum , reddituum , & proventuum ap
LIS plicatione , illorunque diviſione , ac folutione Clericis , ſeu Presby
teris Beneficia in dictâ Patriarchali Eccleſiâ Ulixbonenfi Occidentali
pro tempore obtincntibus , aliiſque dictæ Patriarchalis Ecclefiæ Ulix
bonenfis Occidentalis uſibus applicatione , & appropriatione ; nec
EMS non dictæ Commendæ , aliorumque bonorum ad dicti Joannis Regis
011 Coronam ſpectantium concellione à præfato Joanne Rege ad conſu
12 lendum ejuſdem Joſephi Principis , ' & Ducis , præfatæque Domus
30 Bragantinæ indemnitati pro cellione Juriſpatronatus, quod eidem Joſe
118 pho Principi , & Duci , dictæque Domui Bragantinæ , ut præfertur,
Hl2 quomodolibet competebat , ad diſmembrationis , ſeparationis , ſup
preſſionis, unionis , applicationis , & appropriationis præfatarum ef
11 fe&tum , ut præfertur , faitâ femper validas , & efficaces exiſtere ,
2ܕ fuoſque plenarios, & 'integros effectus fortiri, & obtinere, perinde
1. ac ſi in eifdem Clementis Prædeceſſoris in formâ præfatâ expeditis
ile Literis , quòd Villa-Viçoſa præfata non Elvenfis , ſed Elborenfis Dice
ceſis exiſtit , quodque nonnullis ex Beneficiis in Collegiatis Eccleſiis
præfatis exiſtentibus actualis, vel ea , quæ per Vicarios perpetuos
exerceri folet , cura imminet animarum , expreſſum , & quoad prefa
0.8e
13
tempore exiſtenti Bragantinæ Domus præfatæ Poſſeſſori , ſeu Adini
niſtratori , ut ipfe ejufdemque Bragantinæ Domus Poffeſſor , feu Ad 1
US. 1
ef
Bulla porque o Papa Eugenio IV . concedeo a ElRey D. Affon ,
el ſe obſervaſe o rito da Igreja
jo V. que na jua Real Capella
0 Romana.
TO
ara BULLA EUGENII IV.
re
tix
Quod in Capella Regia Hore Canonicæ , Miſſe , & alia Divina Of
TO
rel
ficia juxta morem Romane Ecclefiæ célebrentur.
bol.
de Ugenius Epiſcopus fervus fervorum Dei chariflimo in Chriſto Num. 123
els,
filio Alphonſo Portugalliæ , & Algarbii Regi illuſtri falutem
andi & Apoſtolicam benedictionem . Meruit tuæ nobilitatis, atque devo
tionis finceritas, ut te paterno confoventes affectu , precibus tuis
quantum cum Deo poflumus , annuamus . Cum itaque , ficut tua no
2013 bis nuper exhibita petitio continebat , in dicendis Horis Canonicis
Ture morem Romanæ Eccleſiæ in Capella tua obſervari ſpeciali devotione
lis
deſideres , nos tuis in hac parte ſupplicationibus inclinati , ut per
Capellanos , & Cantores tuos pro tempore exiſtentes , Heras Cano
22
nicas , necnon Millas , & alia Divina Officia , juxta rituni ſupradictum
0 .
in dicta Capella celebrari facere poflis , iplique Capellani , & Can
de
tores , ut præmititur , pro tempore exiſtentes , Horas , necnon Mif
ul
ſas , & Oficia hujuſmodi juxta morem hujuſmodi dicere valeant , nec
teneantur , fi voluerint ad morein , vel ordinem alium ſuper his ob
۱ fervandum : devotioni tuæ necnon Capellanis , & Cantoribus eif
10
& dem auctoritate Apoſtolica tenore præfentium de ſpeciali gratia in
dulgemus. Nulli ergo omnino hominum liceat hanc paginam noftræ
, concellionis infringere ; fiquis autem hoc attentare præſumpſerit , in
ja
je
dignationem Omnipotentis Dei , & Beatorum Petri , & Pauli Apof
tolorum ejus , ſe novcrit incurſurum . Datum Florentiæ anno Incar
ΤΟ
10
nationis Dominicæ millefimo quadringentcfimo trigeſimo nono : unde
cimo Kalendas O & tobris Pontificatus noftri anno nono .
ie,
ci
rie
7
9
114
re Ton. V. Mm Bulla
274 Provas do Liv.VII. da Hiſfiria Genealogica
Bulla do Papa Clemente X I. em que unio ao Real Padroado, o pro
vimento de todas as Dignidades, Conezias , e todos os mais
Beneficios da Cathedral de Lisboa Oriental.
CLEMENS EPISCOPUS
SERVUS SERVORUM DEI.
Ad perpetuam rei memoriam .
Ircunſpecta Sedis Apoftolicæ ſolicitudo Chriſtianorum Principum,
quos ad exhibenda Catholicæ Ecclefiæ , eidemque Sedi eximia
An. 1737• fervitia promptos ,alacreſquedignovit, pietatem liberalitatis , & gra
titudinis fuæ teftimoniis fovere nunquam diftitit. Sane cum charif
fimus in Chriſto Filius Noſter Joannes lioc nomine Quintus Portu
galliæ , & ܕAlgarbiorum Rex Illuftris præclaris maiorum ſuorum vef
tigiis inhærens copioſo piorum operariorum cætui ad amplificandam
in longinquis regionibus agri Doniinici meſſem , verbumque Dei ſe
minandum indefeſla vigilantia , & Regia liberalitate temporalia vitæ
fubſidia quotannis ſubminiſtrare conſueverit , Divinique cultus aſſi
duum Propagatorem ſe agere ſemper ſtuduerit , necnon ejuſdem Apof
tolicæ Sedis opportunitatibus , ut primum notas habuit paratiſimo
obſequio , & auxilio , ut Fideliſlimum decet Principem , non fine
gravi ſuo , ſuorumque ſubditorum incommodo præſto eſſe ſategerit ;
Nos tantis ejufdem Joannis Regis meritis Paternæ noftræ confidera
tionis lance penſatis , ut ſervitiorum præfatorum , Apoftolicæque li
beralitatis viciſſim præſtata munera mutui inter fe monumentum , &
stimulus amoris exiftant, eidemque Joanni Regi , ejuſque in dialis
Regnis ſucceſſoribus uberiorem , qua piis , & benemerentibus Eccle
fiafticis perfonis gratificari queant, facultatem ſubminiſtrare cupien
tes , Motu proprio , & ex certa fcientia , meraque liberalitate noftris,
deque Apostolicæ poteftatis plenitudine , eidem Joanni , & pro tem
pore exiſtenti Portugalliæ , & Algarbiorum Regi Juſpatronatus , &
præſentandi , ac nominandi ad omnes , & fingulas infraſcriptas Dig
nitates , omneſque , & ſingulos infraſcriptos Canonicatus, & Praben
das , necnon Capellaniain infrafcriptam , ac dimidios Canonicatus,
& dimidias Præbendas, necnon Quartanarias Eccleſiæ Ulixbonenſis
Orientalis ; ad Decanatum videlicet , qui poft Pontificalem maior ,
ac cujus mille , & quinque Ducatorum auri" de Camera , & juliorum
undecim monetæ Romanæ ; & ܪquadraginta fex ducatorum auri ſimi
lium , & juliorum trium monetæ præfatæ ; ad Archidiaconatum de
Lisbca juncupatum , qui tertia , ac cujus octingentorum , & fexagin
ta quinque ducatorum auri fimilium , & juliorum duodecim monetæ
præfatæ cum dimidic alterius julii fimilis ; & ad Thefaurariatum ma
jorem , qui quarta , ac cujus aliorum fexcentorum , & quadraginta
quinque ducatorum auri de Camera hujuſmodi , & juliorum duode cim
1
de Caſa Real Portugueza . 275
cim monetæ præfatæ cuin dimidio alterius julii fimilis ; & ad Archi
- О рr.. diaconatum de Sanctarem reſpectivè nuncupatum , qui quinta , ac cu
mais jus quingentorum , & feptuaginta unius ducatorum auri de Camera
hujut'modi , & juliorum feptem monetæ præfatæ cum dimidio alterius
julii ſimilis ; & ad Scholaftriam , quæ fexta , ac cujus quadringento
rum , & viginti duorum ducatorum auri de Camera hujuſmodi &
juliorum quinque monetæ præfatæ ; & ad Archidiaconatum della Ter
za Sedia nuncupatum , qui feptima, ac cujus fexcentorum , & quin
quaginta octo ducatorum auriſimilium , & juliorum quinque monetæ
præfatæ ; & ad Archipresbyteratum , qui octava inibi reſpective Dig
nitates exiſtunt , ac cujus quingentorum , & ſeptuaginta novem duca
torum auri fimilium , & juliorum feptem monetæ præfatæ , cum di
midio alterius julii ſimilis ; necnon ad unum , & unam tertii à De
eximia cani , quorum fexcentorum , & decem , & octo ducatorum auri ſimi ,
lium , & juliorum quinque monetæ præfatæ ; ac ad alium , & aliam
charif quart i ab ejuſdem Decani, quorum quingentorum , & ſeptuaginta no
Portu vem ducatorum auri ſimilium , & juliorum feptem monetæ præfatæ
cum dimidio alterius julii ſimilis ; ac ad alium , & aliam quarti à
Cantoris , quorum quingentorum , & octoginta unius ducatorum au
De ri fimilium , & juliorum duodecim monetæ præfatæ cum dimidio al
terius julii ſimilis ; ac ad alium , & aliam quinti à Decani præſati ,
quorum feptingentorum , & viginti quinque ducatorum auri fimilium ,
i dook & juliorum duodecim monetæ præfatæ cum dimidio alterius julii ſi
acilico milis ; ac ad alium , & aliam fexti à Decani præfati , ܕquorum quin
gentorum , & nonaginta quinque ducatorum auri hujuſmodi , & ju
Liorum feptem monctæ præfatæ cum dimidio altcrius julii fimilis ; ac
nfiter ad alium , & aliam fexti ab ejuſdem Cantoris ,quorum ſexcentorum ,
que viginti duorum ducatorum auri fimilium , & juliorum quindecim mo
notæ præfatæ ; ac ad alium , & aliam Magiſtralem nuncupatam fepti
diclis mi à Cantoris præfati, qui dum illi pro tempore vacant Clerico ,
Eccles
ſcu Presbytero in Theologia Magiſtro , vel forfan Licentiato ab Uni
lifier
verſitate fiudii generalis Colimbrienſis in concurſu deſuper habendo
approbando , & nominando , & ab eodem Joanne, & pro tempore
ucfris, exiſtente Portugalliæ , & Algarbiorum Rege præſentando ordinaria
ten
auctoritate conferri conſueverunt, & debent , & de quibus pro tem
,& pore proviſi novani corum proviſionem à Sede Apoftolica impetrare ,
ben & jura Cameræ Apoftolicæ , & aliis propterea debita perſolvere te
nentur , ac quorum fexcentorum viginti octo ducatorum auri ſimilium ,
atus, & juliorum decem monetæ præfatæ ; ac ad alium , & aliam octavi á
zenlis
aior,
præfati Decanı , quorum fexcentorum octo ducatorum auri ſimilium ;
ac ad alium , & aliam octavi à dicti Cantoris , quorum ſexcentorum
Orum
quadraginta ſex ducatorum auri ſimilium , & juliorum quinque mone
77 ܕܐܬ tæ præfatæ ; ac ad alium , & aliam Doctoralem nuncupatam noni ab
ejuſdem Decani , qui pro tempore quoque vacantes Clerico , feu 1
a to
præfatun Dilecto Filio Nobili Viro Thoma de Lima & Vaſconcel
los Vicecomite de Villanova de Cerveira moderno præfatæ Domus
cupati
retuó Poliellore , & Adminiſtratore, modernoque unico præfatz Capellanix ,
illique annexorum Canonicatus , & Præbendæ præfatorum Patrono
Do ut accepimus annuente , & attenta infraſcripta , ut infra facienda , &
ser decernenda compenfationc , ac approbandi , nominandique quod ad
blico Univerſitatem præfatam , & exigendi dimidiam Prabendam , feu di
Ca midios fructus , redditus , & proventus præfatos quod ad dictum In
a pro quiſitionis Tribunal , necnon conferendi , & providendi reſpective
jus quod ad modernos , & reſpective pro tempore exiſtentes Archi
7 20 epiſcopum , Capitulum , & Canonicos præfatos ex quacumque cauſa
anta etiam public utilitatis , aut aliàs quomodolibet reſpectivè fpeciat ,
& pertinet , & de conſenſu ejufdem Joannis Regis quoad ca in qui
Prix bus , & ad quæ jus aliquod eidem Joanni Regi competere poteft , &
quatenus opus fit, Apoſtolica auctoritate per pra fentes perpetuò ex
ris, tinguimus , & abroganus ; cum primum Dignitates , necnon Canoni
mi catus ,
278 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
catus , & Præbendas , ac Capellaniam hujuſmodi , dimidioſque Ca
nonicatus , & dimidias Præbendas , ac Quartanarias præfatas quibul
vis modis, & ex quorumcumque ctiam noftrorum , & Romani Ponti
ficis pro tempore exiftentis , teu cujufvis Sanctæ Romanæ Ecclefiæ
Cardinalis familiarium , & continuorum commenſalium , feu Romanæ
Curiæ noftræ Officialium , aut aliàs quomodolibet reſervationem in
ducentibus perſonis , feu per liberas etiam ex caufa permutationis re
fignationes , jurium ceſſiones , de illis in dicta Curia , vel extra eam
etiam in noſtris , & Romani Pontificis pro tempore exiftentis mani
bus quomodolibet factas , vel admillas, aut aſſecutionem alterius Be
neficii Eccleſiaſtici quavis auctoritate collati , feu illas , & illos pro
tempore obtinentium deceflum etiam apud Sedem Apoftolicam præfa
tain decedentium , vel quamvis aliam dimiſſionem و, amiffionem , pri
vationem Religionis ingreffum , & Matrimonii contra & um ad Cathe
dralium Eccleſiarum , vel Monaſteriorum etiam Conſiſtorialium , ſeu
quamcunque aliam promotionem , aut quomodolibet , & qualitercum
que etiam apud Sedem præfatam pro tempore vacare contigerit ,
etiamfi tempore datæ præfentium vacent , perſonas idoneas , ut præ
fertur ( non tamen quoad Capellaniam , eique annexos Canonicatum ,
& Præbendam præfatos juxta dicti Joannis Epiſcopi fundationem præ
fatam debite qualificatas ) à pro tempore exiſtente Archiepiſcopo Ulix
bonenti Orientali præfato approbandas , ita quod perfonarum hujuf
modi in cis inſtitutio ad cundem Archiepifcopum pro tempore exif
tentem privative , extincto jure ſimultaneo qued cum eodem Archi
epiſcopo Capitulum dictæ Ecclefiæ Ulixbonenfis Orientalis , ut præ
fertur exercebat , in pofteruin fpeciet , & pertineat ; cuin hoc tamen
quod dictus Joannes Rex , ne Vicecomes præfatus pro Jurepatrona
tus , & præſentandi hujulinodi ad præfatam Capellaniam cum ei an
nexis Canonicatu , & Præbenda de Mafra nuncupatis pra fatis , red
ditibufque , & juribus ad eoſdem pertinent bus à nobis per prxfen
tes , ut præfertur abrogato , & extincto aliquod detrimentum patia
tur , prout ex æqua fuæ Regiæ liberalitatis ratione teneri vult , Tho
me Vicecomitipræfato uti dictæ Domus Poſſeſſori , & Adminiſtrato
ri pro ejus à Nobis , ut præfertur abrogato , & extincto jure , ad il
lud ei compenfandum , aliud Juſpatronatus , & præſentandi ad alios
Canonicatos , & Præbendas aliarum Cathedralium , & Collegiatarum
Ecclefiarum , feu alia Beneficia Ecclefiaftica , quod ad Joannem , &
pro tempore exiſtentem Regein præfatum , vel etiam ad aliquam , feu
aliquas ex Commendis Ordinum Militiarium in Portugalliæ Regnis
exiſtentium , & quorum Joannes , & pro tempore exiftens Rex præ
fatus Gubernator , perpetuuſque Adminiſtrator exiſtit , vel ipfas Com
mendas , ſeu alios Ecclefiafticos , aut fæculares annuos redditus , bo
na , jura , vel honores , qui , vel quæ ad Joannis , & pro tempore
exiſtentis Regis præfati Julpatronatus , feu ad illius Regiæ Corona
liberam diſpofitionem ſpectant, & pertinent , & quibus Thomas Vi
cecomes praefatus , ejuſque ſucceſſores , ad quos dictum Juſpatrona
tus pro temp fpectare debuiſſet, perfrui , & gaudere , vel refpe
ativè eos , ore
& ea in proprios uſus convertere liberè , & licitè valeant,
juxta
da Caſa Real Portugueza. 279
Ca. juxta rationabilem , & congruam inter dictum Joannem Regem , ac
ul Thomam Vicecomitem præfatum ftatuendam compenſationem , non
retardatâ tamen in reliquis earundem præfentium executione , quæ il
chia
lico nullo deſuper habito proceſſu debitæ , promptæque executioni
in
demandari debeant , prout Nos ex nunc pro demandatis haberi volu
re
mus , non obftantibus ad effectum præmiſſorum quibuſvis contrariis
dictorum Ordinum etiam juramento , aut confirmatione Apoftolica ,
am
ni
vel quavis firmitate alia roboratis , ftatutis , privilegiis , indultis , &
e.
Conſtitutionibus etiam Apoftolicis ad eoſdem Ordines ſpectantibus ,
TO
cedat , alignet , feu conferat , & pro eo quod dictus Joannes Rex
Ordinum præfatorum Gubernator , & perpetuus Adminiſtrator , ut
præfertur exiſtit , ad hoc ut ipfe aliquam ex dictorum Ordinum
e
Commendis , feu aliqua bona eidem Thomæ Vicecomiti , ut præfer
el
tur cedere , aſſignare , feu conferre valcat , eumdem Joannem Re
gem , & Gubernatorem , perpetuumque Adminiſtratorem à quocum
que de non alienandis tam ejuſdem Regiæ Coronæ , quam Ordinum
ty præfatorum reſpective bonis , aut aliàs quomodolibet ab co reſpecti
*
m
vè preſtito , juramento , voto , fen obligatione quacumque ad præ
millorum effectum Apoftolica auctoritate prafata abſolvimus , & li
beramus , ac ex nunc abfolutum , & liberatum effe volumus , & de
IN 1
11
claramus; & quoad approbandi , nominandique ad Canonicatum , &
Magiſtralem , ac Canonicatum , & Doctoralem reſpectivè nuncupatas
hi
Præbendas , quod Univerſitati præfatæ , necnon percipiendi , & exi
gendi dimidiam Præbendam , ſeu dimidios fructus , redditus , & pro
X
ventus præfatos reſpektive jus , quod Tribunali præfato ante cjuſdein
juris abrogationem , & extinctionem à Nobis per præſentes , ut præ
fertur factas reipective competebat , corum reſpectivè juris hujuſmo
EIT
di compenſatio , prout æquu , rationique confonum fuerit , provida
to que ratio polulaverit, in poſterum flatietur , Apoſtolica autoritate
earumdem tenore pra ſentium perpetuo reſervamus, concedimus, &
aflignamus. Necnon Juſpatronatus , & præſentandi , ac nominandi bu
juſmodi verè Regium exiftere , ac cidem Joanni, & pro tempore exif
no tenti Portugalliæ , & Algarbiorum Regi pra fato non ex privilegio
Apoftolico , fed ex vera primava , reali , adłuali, plena , integra , &
OS omnimoda fundatione , ac perpetua dotatione competere , & ad Jo
1
annem , & pro tempore exiftentem Portugalliæ , & 'Algarbioruin Re
gem præfatum pertinere , illudque vim , effectum , naturam , qualita
1 tem , & validitatem Juriſpatronatus Rcgii hujuſmodi obtinere , ac
S uti tale ſub quacumque derogatione Juriſpatronatus ex privilegio
- Apoſtolico , vel confuetudine , aut præſcriptione acquiſiti , etiam cum
quibuſvis prægnantiſlimis, & efficaciſfimis verbis , clauſulis , ac etian
irritantibus , & aliis fortioribus Decretis , etiam cum claufula ( ?! 07*1 !132
tenores , & c. in quacumque diſpoſitione , etiam per viam Conftit
tionis , Legis , noftræque , & Cancellariæ Apoſtolicæ Regulæ , etinni
per Nos , & fucceffores noftros Romanos Pontifices etiam Motu ,
fcientia , & poteſtatis plenitudine fimilibus ctiain Confiftorialiter
pro tempore quomodocumque facta , concella , emanata , nullatenus
comprehendi , nec illi ullo unquam tempore , etiam ratione cujuſvis
litis 1
230 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
litis pendentiæ , vel vacationis apud Sedem præfatam , etiam ex cau
ſa permutationis , vel devolutionis , feu alio quocumque prætextu ,
ac ex quacumque caufa quantumvis urgenti , & legitima per Nos, feu
Romanos Pontifices fucceffores noſtros pro tempore exiſtentes , vel
Sedem præfatam , aut illius etiam de Latere Legatos etiam Motu ,
ſciencia , & potestatis plenitudine ſimilibus , feu cujuſvis intuitu , &
contemplatione per quaſcumque Literas Apoſtolicas , & quafcumque
etiain derogatoriarum derogatorias , ac fortiores , & infolitas clauſu
las , necnon irritantia , & alia Decreta quæcumque in ſe continentes
derogari poíle, neque debere , aut derogatum cenferi , necnon oni
nes & quafcuinque collationes , proviſiones , Commendas , alias dif
politiones de ominibus , & fingulis Dignitatibus , ac Canonicatibus ,
& Præbendis necnon Capellania præfata , ac dimidiis Canonicatibus,
dimidiiſque Præbendis , ac Quartanariis præfatæ Eccleſiæ Ulixbonen
ſis Orientalis contra earumdem præſentium tenorem ܕ & aliàs quàm
ad pra fentationem Joannis , & pro tempore exiftentis Portugalliæ
& Algarbiorum Regis præfati , feu de illius conſenſu , & in eis in
titutiones ad præfentationem hujuſmodi aliàs quàm per pro tempore
exiſtenter Archiepiſcopum Ulixbonenſem Orientalem , ad quem ut
præfertur jus inſtituendi privativè pertinere , & fpectare debeat, etiam
apud Sedem præfatam pro tempore vacantibus quibuſvis perfonis fub
quibufvis verborum expreffionibus pro tempore factas, ſeu faciendas,
proceffuſque defuper habitos , ſeu habendes , ac inde pro tempore
1cquenda quæcumque nulla , & invalida , nulliuſque roboris , vel mo
menti fore , & efle , ac pro nullis , & infeclis haberi, & cenſeri , nec
jus, aut coloratum titulum poſſidendi cuiquam tribuere , nec per il
la acquiri poffe ; necnon veteris juris reſpective conferendi , inftituen
di , approbandi , nominandi , ac præſentandi, & percipiendi , ac exi
gendi abrogationem , & extinctionem à Nobis , ut præfertur factas
validas , & efficaces fore , & elle , ſuoſque plenarios, & integros etfie
etus fortiri , nec eas fub quibufcumque contrariis , aut fimilibus , vel
diſtmilibus ſpecialibus , aut generalibus refervationibus cum quibuſvis
reſtrictivis , ac etiam earumdem derogatoriarum derogatoris claufulis
& ar
irritantibus etiam vim contractus inducentibus, aut fortioribus ,
Atioribus Decretis , aut alias quomodolibet pro tempore concedendis
etiam cum præfata clauſula quorum tenores , & c. editis , vel edendis
nullatenus comprehenfas eſſe , & fore , minuſque comprehendi poffe ,
aut debere , ſed ſemper ab illis exceptas , & exclufas eſſe , & cenferi,
ac plenum ſemper validiſſimumque fui effectum ſortiri debere ; necnon
omnia , & ſingula præmiſſa , ac eafdem noftras præſentes nullo unquam
tempore de ſubreptionis , vel obreptionis , aut nullitatis vitio , ſeu
intentionis noftræ , vel alio quovis defecłu , 'etiain ex eo quod caufæ
propter quas eadem præmiſſa facta fuerunt coram Ordinario loci ,
etiam tanquam Sedis Apoftolicæ delegato examinatæ , verificatæ , &
ab eo approbatæ , necnon Archiepiſcopus , ac Capitulum , & Cano
nici , præfatæ Ecclefiæ Ulixbonenſis Orientalis, dictafque Dignitates,
ac Canonicatus , & Præbendas , necnon Capellaniam præfatam , dimi
dicſque Canonicatus , & dimidias Præbendas , ac. Quartanarias nunc
reſpe
da Caſa Real Portugueza. 281
X COU
extu ,
reſpective obtinentes , necnon alii quicumque in præmiſſis quodcum
que jus , vel intereſſe habentes , vel habere prætendentes ad id vo
s , leu cati , & auditi non fuerint , nec eorum deſuper expreſſum reſpective
, red conſenſum præftiterint , ſeu ex quavis alia cauſa , & quocumque alio
lotu, prætextu quæſito colore , vel ingenio notari , inipugnari , invalidari ,
u, & retractari ad viam , & terininos juris reduci , feu in jus , vel contro
mque verſiam revocari , aut adverſus illa , & illas quodcumque juris , vel
aulu facti , aut gratiæ remedium impetrari poſſe , nec ſub quibuſvis ſimi
entes lium , vel diſſimilium gratiarum revocationibus , ſuſpenſionibus, limi
onl tationibus , derogationibus , aut aliis contrariis diſpoſitionibus per
dit Nos , & quoſcumque Romanos Pontifices ſucceſſores noftros , ac
-US , etiam Sedem præfatam pro tempore faciendis comprehendi poſſe , vel
deb ere , ſed ſemper ab' illis excipi, & quoties illæ emanabunt , to
bus
Onen ties in priſtinum , & cum in quo antea quomodolibet erant ftatum
quàm reſtituta repofita , & plenariè reintegrata ܕ, ac reſtitutas repoſitas , &
allia, plenariè reintegratas , ac de novo etiam ſub quacumque poſteriori da
$ In ta per dictum Joannem , & pro tempore exiſtentem Portugalliæ , &
Tipore Algarbiorum Regem quandocumque eligenda , conceſla valida , & ef
cm ut ficacia , ac concellas validas , & efficaces fore , & eſſe , fuoſque ple
ctiam narios , & integros effectus Tortiri, & obtinere ; ſicque noftræ men
is tub tis , & intentionis fuiſſe , & elle , & ita in omnibus , & fingulis præ
andas miſlis ab omnibus cenferi , & ita per quoſcumque Judices Ordinarios,
I pore vel Delegatos quavis auctoritate fungentes , etiam cauſarum Palatii
elmo noftri Auditores , ac Sanctæ Romanæ Eccleſiæ Cardinales , etiam de
11 Па" Latere Legatos , Vice-Legatos , dictæ Sedis Nuntios , ſublata eis , &
Ter il eorum cuilibet quavis aliter judicandi , definiendi , & , interpretandi
dituen debere , & quidquid fecus fuper his à quoquam quavis auctoritate
3 217 fcienter', vel ignoranter contigerit attentari irritum , & inane decerni
achas mus , ftatuimus , & mandamus. Quo circa Dilectis Filiis noftro , &
eth dicté Sedis Nuntio in præfatis Regnis , nunc , & pro tempore com
orel moranti , necnon duobus , dignioribus , & antiquioribus miniſtris
ulus non tamen Regularibus , Tribunalis Inquiſitionis Regnorum hujuf
modi nunc , & pro tempore exiſtentibus Motu fimili per Apoftolica
fcripta committimus , & mandamus quatenus ipfi , vel duo , aut unus
endis eorum per ſe , vel alium , ſeu alios præſentes noftras Literas , & in
nidis cis contenta quæcumque , ubi , & quando opus fuerit , & quoties pro
fie , parte dicti Joannis , & pro tempore exiftentis Portugalliæ , & Algar
Ceri, biorum Regis , feu illius miniſtrorum fuerint requiſiti , folemniter
non
publicantes , eiſque in præmiſſis efficacis defenfionis auxilio afliſtentes
Uam
faciant auctoritate noftra eaſdem præſentes , & in eis cortenta hujuf
feu
modi ab omnibus , ad quos ſpectat , & pro tempore fpcclabit firmiter
quiz obfervari, contradictores quoslibet , & rebelles per ſententias , cen
oci,
ſuras , & pænas Ecclefiafticas , aliaque, opportuna juris , & fac?i re
media appellatione poftpofita compefcendo, ac legitimis fuper hoc of
1
pe
282. Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
de exprimendo vero annuo valore , & de non concedendis gratiis ad
inſtar , necnon præfata dictæ Capellaniæ , aliiſque omnium , & fingu
lorun Dignitatum , Canonicatuum , & Præbendarum , dimidiorumque
Canonicatuum , & dimidiarum Præbendarum , ac Quartaniarum hujuf
modi reſpectivè fundationibus , & quoad præfatam Judicuin executo
rum deputationem felicis recordationis Bonifacii Papæ Octavi fimili
.
ter Prædecefforis noftri de una , & in Concilio generali edita de
duabus Dictis , dummodo ultra ' duas Dictas quis vigore præſen
tium , ad Judicium non trahatur , aliiſque Apoftolicis etianı in gene
ralibus Provincialibus , & Synodalibus Conciliis editis , ſpecialibus,
vel generalibus Conſtitutionibus ; & Ordinationibus , di&tæque Eccle
fiæ Ülixbonenſis Orientalis , & Ordinum Militarium præfatorum etiam
juramento , confirmatione Apoſtolica , vel quavis firmitate alia robo
ratis , ftatutis . aut conſuetudinibus etiam im memorabilibus , privile
giis , quoque indultis , & Literis Apoftolicis Archiepiſcopo, necnon
Capitulo ,' & Canonicis dictæ Eccleſiæ Ulixbonenſis Orientalis , aut
Ordinibus præfatis , aut eorum , vel aliis ſuperioribus , ac quibuſvis
aliis perſonis fub quibuſcumque tenoribus , & formis etiam Motu pa
riter , & Conſiſtorialiter etiam in Dignitatum , ac Canonicatuum , &
Præbendarum , necnon præfata ejuſdem Capellaniæ , ac dimidiorum ,
Canonicatuum , & dimidiarum Præbendarum , ac Quartanariarum hu
juſmodi fundationibus , necnon Univerſitati, Vicecomiti , & Tribunali
præfatis reſpectivè quomodolibet conceſſis , approbatis , & innovatis;
quibus omnibus , & ſingulis , aliiſque quæ eiſdem præfentibus quo
modolibet obeffe poffent , etiamfi de illis , eorumque totis tenoribus
ſpecialis , ſpecifica , expreſſa , & individua , ac de verbo ad verbum
non autem per clauſulas generales idem importantes mentio , ſeu quæ
vis alia expreſſio habenda , aut aliqua alia exquiſita forma ad hoc ſer
vanda foret , tenores hujufinodi etiam veriores , totoſque , & inte
gros etiam præfentibus pro expreſſis inſertis , ac de verbo ad verbum
regiftratis habentes , illis aliàs in ſuo robore permanſuris , ad effe
ctum earumdem præfentium , omniumque , & fingulorum præfatorum
validitatis hac vice dumtaxat Motu , fcientia , & poteftatis plenitudi
ne paribus ſpecialiter , & expreſſe harum ſerie derogamus , cæterif
que contrariis quibuſcumque. Nulli ergo omnino hominum liceat
hanc paginam noftræ extinétionis , abrogationis , abſolutionis , libera
tionis , declarationis , reſervationis, conceſſionis , aſſignationis , De
creti , ftatuti , commiſſionis , mandati , derogationis , & voluntatis
Infringere , vel ei auſu temerario contraire. Siquis autem hoc atten
tare præſumpſerit , indignationem Omnipotentis Dei , ac Beatorum
Petri, & Pauli Apoſtolorum ejus fe noverit incurſúrum . Datuin
Romæ apud Sanctam Mariam Maiorem , anno Incarnationis Domini
cx millefimo feptingenteſimo trigefimo feptimo, octavo Idus Martii,
Pontificatus noftri anno octavo .
Bulla
da Caſa Real Portugueza. 283
ECUE
02
Eulia do Para Benedicto XIV. em que unio a Igreja Metropolita
f na de Lisboa Oriental ao Patriarcado, e lhe dá o titulo de Patriar
11to cal Baſilica de Santa Maria , e concede o titulo de Principaes
às Dignidades, e Conegos da Santa Igreja de Lisboa.
de
Len
ne
BENEDICTUS EPISCOPUS
US ,
SERVUS SERVORUM DEI.
le
ma Ad perpetuam rei memoriam .
O
ile Alvatoris noftri Mater Beatiſſima Virgo Maria , ubi primùm intrà Num. 125
701 S feſtivos fuæ in Cælum Aſſumptionis dies ſupremum Catholicæ An . 1740 .
aut Ec clef Culm virtno
Sancti iæaffiante en
n miconùnſscerepentè ,, pr
quob imme
àmè No , Spiritus
ute ndimus biresntinestell igenduin
12 monſtravit , illuc humilitatem noftram ſuâ apud Altiſſimum intercef
& fione elatam fuiffe , ut exinde in omnem terram dirigeremus noſtræ
conſiderationis intuitum , quid Eccleſiarum omnium Unigeniti Filii
hu ſui ſanguine fundatarum ſtatui , ac rationibus maximè conveniret , di
nali ligenter inſpecturi ; ſub tantis aufpiciis univerfas Orbis Eccleſias ala
DES cri animo perluftrantes ingenti gaudio perfuſi fuimus , ubi Patriar
TUO chalem Ecclefiam Ulixbonenfem Occidentalem ſub invocatione Ar
bus ſumptionis ejufdem Beatiſſimæ Virginis Mariæ quamplurimis verè
præcipuis , ſpecialibuſque honoribus , & prærogativis inlignitam coni
peximus : Ubi vero Eccleſiam Ulixbonenfem Orientalem jam diu ſuo
2
1
284 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
deceſſoris ſub Datum Romæ apud Sanctam Mariam Maiorem anno
Incarnationis Dominicæ milleſimo feptingentefimo fexto decimo fep
timo Idus Novembris Pontificatus fui anno fexto decimo lub Bullâ
Aureâ deſuper expeditis literis pleniùs , & fufiùs continetur.
$ . 2 Et fubinde piæ memoriæ Clemens PP. XII. fimiliter Præ
deceſſor ' nofter providè conſiderans prædictæ Ecclefiæ Ulixbonenſis
Occidentalis Patriarcham pro tempore exiſtentem iis inſigniis , ac præ
rogativis ab Apoftolicâ Sede elargitis potiri , ut inter Eccleſiaſticos
Præfules , & Antiſtites plurimùm excelleret , unde meritò in S. R. E.
Cardinalium Ordinem effet adſcribendus , id circo de nonnulloruni
cjuſdem S. R. E. Cardinalium conſilio , Charillino in Chriſto Filio
Noftro Joanne hoc nomine Quinto Portugalliæ , & Algarbiorum Re
ge Illuſtri id ipſum deſiderante , Motu proprio ſuâ perpetuò vali
tura Conſtitutione , concellit , indulſit, ſtatuit , atque decrevit, ut
ubi in Conſiſtorio prædictæ Patriarchali Ecclefiæ Ulixbonenſi Occi
dentali pro tempore vacanti de ejus Patriarchâ Apoſtolica auctoritate
proviſum fuerit ; electus Patriarcha hujufmodi in ampliſſimum præ
dictæ S. R. E. Cardinalium Senatum in altero immediatè fequenti
Conſiſtorio per laudabilem illam Sedis Apoftolicæ erga Orthodoxas
Nationes in aſſumendis ipſius S. R. E. Cardinalibus providentiam ,
& indulgentiam fub certis modo , & forma , ac lege, & conditioni:
bus habendam cooptetur , prout in Literis Apoftolicis ſecundo dicti
Clementis PrædecefToris ſub Datum Romæ apud Sanctam Mariam Ma
iorem anno Incarnationis Dominicæ millefimo feptingentefimo trige
ſimo ſeptimo fexto decimo Kalendas Januarii Pontificatus ſui anno
octavo , ſub fimili Bullâ Aureâ deſuper expeditis etiam pleniùs , &
diffuſiùs continetur.
9. 3. Cum verò quatuor ſupra viginti annorum experientiâ fenſim
innotuerit quamplura incommoda , quæ ex diviſione prædictâ quoti
die oriuntur , non obſtantibus prædictarum primo dieti Clementis
Prædecefforis Literarum diſpoſitionibus , & Decretis , fatis vitari non
poſle , eo præfertim quod Reos , & Dyſcolos coercere ipſa diverſi
Territorii vicinitas frequenter impediat , cùm ex unâ ad aliam Civita
tis partem facili migratione judicii ſeveritati ſe ſubtrahant ; hujuſmo
di perturbationum falutare reniedium viſum fuit , quod , & ipſum
Joannem Regem pariter ſentire comperimus , utArchiepiſcopalis Ec
clefiæ Ulixbonenſis Orientalis prædicta Patriarchali Ecclefiæ Ulixbo
nenfi Occidentali prædiétæ , quarum utraque de Jurcpatronatus ejuf
dem Joannis Regis ex fundatione , vel dotatione , feu Privilegio
Apoftolico , cui non eſt hactenus in aliquo derogatum , exiſtunt , cum
omnimodâ ſubjectione perpetuò uniatur , & incorporetur,
S. 4. Nos igitur in præmillis ex injuncti Nobis Apoſtolici mune
ris debito proſpicere volentes , ad Omnipotentis Dei landem , & in
ejuſdem Glorioſiſſimæ Dei Genetricis Mariæ honorem , firmis , & il
lxfis remanentibus omnibus , & fingulis privilegiis, indultis , gratiis,
prærogativis , ac præeminentiis fuper omnes etiam Primatiales , Ar
chiepiſcopales , & Epiſcopales Eccleſias , omniaque Capitula Regni
Portugalliæ aliàs à Prædeceſoribus noſtris Romanis Pontificibusdietæ
præ
1
da Caſa Real Portugueza. 285
n anno
to iep
dictæ Patriarchali Ecclefiæ Ulixbonenſi Occidentali , illiuſque Patriar
b Bull chæ , Capitulo , Dignitatibus , Canonicis , cæteriſque Miniſtris plu
ries , & lucceſſive conceſſis, quæ per infrafcriptam unionem in Ca
er Prize pitulum , & Canonicos infra dicendæ Ecclefiæ Sanctæ Mariæ pro tem
bonenfis
pore exiſtentes nullo unquam tempore transfuſa fint, vel eſte cenſe
antur , communicatione quâcumque ſemper , & omnino exclusâ , Mo
20 pfa
afticos
tu proprio , & ex certâ fcientiâ , ac maturâ deliberatione noftris, de
R.E.
que Apoftolicæ poteftatis plenitudine Ulixbonenfi tam Occidentali ,
lcrum
quàm Orientali denominatione, Archiepiſcopalique dignitate abroga
tâ , & extinctâ , ac Civitatum , Diæcefum , & Provinciarum Ulixbo
Filio
nenfium partibus diviſis prædictis ut prius in unum reunitis , & con
Re ſolidatis ; itaut ex utraque Ecclefiâ hujuſmodi Patriarchalis Eccleſia ,
vali quam deinceps Lisbonenfem appellari volumus , conſtituta remaneat ,
it , ut & in folâ Patriarchali hactenus. Ulixbonenfi Occidentali nuncupata
Occi. Eccleſiâ , qui pro tempore fuerint ejufdem Eccleſiæ Patriarchæ Se
Oritate dem fixam habere, & pofTeſlionem capere debeant , ac ex utriuſque
n pria. Ecclefiæ hujuſmodi' Menlis , earumque fructibus , redditibus , & pro
2quenti ventibus una tantùm Patriarchalis Menſa coaleſcat , ac iifdem fru
00039 etibus , redditibus , proventibus, & pertinentiis quibuſcumque (ex
ntiam, cepto Archiepiſcopali Palatio , ipſiuſque adjacentiis , quod , & quas
itinni in uſum , & commoda unius Seminarii puerorum Patriarchalis per alias
odech noſtras Literas erigendi , & inftituendi ex nunc deftinamus , ſeggre
gainus , & reſervamus ) Venerabilis Frater Noſter Thomas Sanctæ Ro
11:00x Ecclefie Presbyter Cardinalis Patriarcha Lisbonenfis , ejuſque
2000 ſucceſſores uti , frui , potiri , & gaudere liberè , & licitè poliit , &
us, & poilint , & in utriufque Ecclefiæ hujuſmodi Clerum , & populum
plenam , & omnimodam juriſdictionem , & fuperioritatem exercere
fenfin ac in hujuſmodi exercitio unum , & eundem Officialem Patriarche
quoti Lisbonenſis nuncupandum , pro tempore conſtituere , & deputare ,
entis uyumque itidem , idemque Tribunal , ac unam , eamdemque Cancel
11081 lariam Patriarchæ Lisbonenſis nuncupandum , & nuncupandam delu
verdi per eſformare , ac fuper omnes , & lingulas utrique Ecclefiæ prædi
vita Etæ olim reſpective afignatas fuffraganeas Eccleſias jus Metropoliti
imo cum ſibi vindicare , & cxercere , omnibuſque , & fingulis conceffioni
bus , indultis , & privilegiis à Prædecefforibns noftris Romanis Pon
EC tificibus , tam Patriarchæ Ulixbonenfi Occidentali , quàm Archiepiſco
bo po Ulixbonenſi Orientali antea reſpective elargitis itidem gaudere ,
Jul aliaque etiam per unum , & eundem Officialem prædictum exequi ,
gio quæ fibi de jure , uſu , vel conſuetudine ratione unionis fpectare , &
Cum pertinere poterunt , plenè ,& liberè valeat , & debeat , ac valeant, &
debeant ; Patriarchali Eccleſiæ Lisbonenfi prædictæ Orientalem ante
Une hac nuncupatam Eccleſiam prædictam , cujus fructus , redditus , &
sin
proventus ut accepimus , ad mille florenos auri in Libris Cameræ
il Apoſtolicæ taxati reperiuntur , de prædicti Joannis Regis confenfu
is ,
perpetuo unimus , & incorporamus ; ac candem hucuſque Orientalem
Aro
nuncupatam Eccleſiam onini , & quocumque Cathedralitatis , ac Me
zni
tropolis jure , ac prærogativả ab eâdem Eccleſiâ abdicato , & abdica
ta , ejuſque Capitulo , & Canonicis quâlibet quofcum:que actus juriſ
dictionales
TE
: 35 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
dictionales exercendi facultate , & auctoritate , tam Sede Patriarchali
plenâ , quàm vacante , penitus interdictâ , & ablatâ , San &tæ Mariæ
invocatione inſignitam, & Patriarchali quoque , fed honorario tantùm
nomine decoratai manere volumus , & reſpective concedimus.
S. 5. Necnon omnia , & ſingula 'munia , & officia olim Curiæ Ec
cleſiaſticæ Archiepifcopalis Ecclefiæ Ulixbonenſis Orientalis nuncupa
tx , gratiota videlicet ſupprimendi , de aliisverò tituloonerofo , feu
præſtiti ſervitii intuitu acquiſitis , & reſpective conceſſis , prout ra
tio , & æquitas fuadebunt , opportunè diſponendi , & providendi di
clo' Thomæ Cardinali Patriarchæ , vel ejus ſucceſſoribus facultatem
concedimus, & reſpectivè curam imponimus.
S. 6 Unionem præterea prædictam , ac omnia ſuperius ordinata
illico , & abfque ullâ poſſeſſionis adipiſcendæ folemnitate ſuos inte
gros , & plenarios effectus fortiri , & obtinere debere , itaut vigore
præfentium , earumque notificationis à prædicto Thoma Cardinale Pa
triarcha , vel ejus ſucceſſore Capitulo , & Canonicis Archiepiſcopalis
olim Ecclefiæ Ulixbonenſis Orientalis , faciendæ ipfe Thomas Cardi
nalis Patriarcha , vel ejus ſucceſſor in poſſeſſionem tam juriſdictionis,
quàm omnium , prædictorum ejuſdem Ecclefiæ fructuuin , reddituum ,
& proventuum , ac jurium , & pertinentiarum Apoftolicâ auctoritaté
immiílus eſſe cenfeatur eo ipfo , & exinde pro legitimo poffeffore
le gerere valeat , & debeat , intentionis , & voluntatis noftræ fore,
& elle decernimus , & declaramus.
8. 7 De cætero circa Dignitatum , & Canonicatuum , ac Præben
darum , necnon dimidiorum Canonicatuum , & dimidiarum Præben
darum , ac Quartanariarum dictæ Eccleſiæ Sanctæ Mariæ futurum fta
tum , ac in ipsâ Eccleſiâ novam Miniſtrorum erectionem , & inftitu
tionem , Chorique ſervitium , ac alia ad regimen ipfius Ecclefiæ per
tinentia , quod opportunum viſum fuerit , per aliam noftram Conſti
tutionem poftmodum ordinare, & decernere nobis proponimus.
S. 8 Ut autem ordo Hierarchicus in Patriarchalis Eccleſiæ Lisbo
nenfis maieſtate ampliùs eluceſcat , attendentes quod præfatas ipſius
Patriarchalis Eccleſiæ ſex Dignitates , & præfatos octodecim Canoni
catus , & Prabendas pro tempore obtinentes , ac Capitulum ejuſdem
Patriarchalis Ecclefiæ conftituentes tam præftantibus privilegiis , in
dultis , & prærogativis à PrædecefToribus noftris Romanis Pontifici
bus decorari, reperiuntur , præterquam quod inter Magnates prædi
Oi Portugalliæ Regni connumerentur ut eos aliquo fpeciali nomine,
& titulo ab aliis in eâdem Patriarchali Ecclefiâ intervientibus diſcer
ni tationi apprimè congruum videatur ; volumus , & mandamus , ut
viginti quatuor hujufinodi , falvis , & illafis remanentibus ommibus ,
& fingulis eis , vel ad cos fub nomine Dignitatum , & Canonicorum
Patriarchalis Ecclefiæ Ulixbonenſis Occidentalis , aut fæcularis , & in
fignis Collcgiatx Ecclefiae præfatæ , etiam de tenipore quo fuit fim
plex Capella Regia , ab hac Sancta Sede , vel à prædicto Joanne Re
ge , feu ab ejus Prædeceſſoribus Regibus concellis indultis , praemi
nentiis , & gratiis , aut pertinentibus juribus , & exemptionibus qui
bufcumque , ſimili Dignitatum , & Canonicorum nomine relicto , Pa
triarchalis
da Caſa Real Portuguez4. 287
chali triarchalis Eccleſiæ Lisbonenſis Principales deinceps nuncupentur , eo
Pariz
rumque ſucceſſores ſub non alio quam Principalatus hujuſmodi titulo
collativo , & denominatione in eâdem Patriarchali Eccleſiâ perpetuis
futuris temporibus inſtituantur.
e Ec
upa.
$ . 9 Decernentes præſentes ſemper , & perpetuò validas , & effi
ley
caces exiſtere , & fore , fuofque plenarios , & integros effectus ſorti
ri , & obtinere debere , ac nullo unquam tempore ex quocumque ca
di
pite , vel quâlibet causâ , quantumvislegitima, & juridicâ , etiam ex
em
eo , quod quicumque cujulcumque Dignitatis ; gradus , conditionis
& præeminentiæ fint in præmiſlis , & circa ea quomodolibet ex qua
vis causâ , ratione , actione , vel occaſione , jus , vel intereſſe habeni
es
tes , aut habere prætendentes , illis non conſenſerint , aut ad id vo
ore
cati , & auditi , & caufæ propter quas eædem præſentes hujuſmodi
emanaverint adductæ , verificatæ , & juſtificate non fuerint , de
Pa
alis
ſubreptionis , vel obreptionis , aut nullitatis , ſeu invaliditatis vitio 3
di
ſeu intentionis noftræ , aut jus , vel intereſſe habentium conſenſus 2
WI
0
EresUpeEIRey
ito a faço ſaber aos que eſte Alvará virem , que por haver Num. 126
ter o Santo Padre Benedicto XIV . ora na Igreja de An. 1741 .
vis Deos Preſidente , por juſtas razoensوا, que lhe foraó preſentes , unido,
com meu Real conſentimento , por ſua Bulla de Motu proprio de
пе. 13 de Dezembro do anno proximo paſlado , as duas Cidades , e ter 1
identir
da Caſa Real Portugueza, 293
tento
ſexta , & Archidiaconatum della terza Sedia reſpective nuncupatos ,
qui ſeptima , ac Archipresbyteratum , qui octava , inibi Dignitates
IEC
exiſtunt , necnon quatuor prædictosdimidios Canonicatus, ac dimi
dias Præbendas , ac prædictas duodecim Quartanarias , necnon prædi
ctam Capellaniam maiorein nuncupatam Capellæ Sancti Sebaſtiani ,
quoſdan præviâ iplius Capellaniæ à Canonicatu , & Præbendâ de Mafra nun
Oreal
Davana cupatis , diſinembratione , & ſeparatione , illarumque, & illorum ref
croaliz
pectivè' titulum collativum , ellentiam , & denominatione , ex nunc ,
diaco quoad prædictas Dignitates, & prædiétos dimidios Canonicatus , ac
dimidias Præbendas , & Quartanarias , ac Capellaniam maiorem altu
us all vacantes , quo verò ad illas , & illos actu nunc minimè vacantes , ex
ghia
nunc pro tunc , & poftquam à prædicto Joanne Rege , ut infra , il
las , & illos obtinentium indemnitati conſultum fuerit , perpetuò ſup
primimus , & extinguimus.
10.220 S. 5 Ac in eâdem Eccleſiâ Sanctæ Mariæ octo alios Canonicatus,
oratus, totidemque Præbendas pro octo Canonicis , ac viginti Beneficia , pro
lame viginti Beneficiatis , & reliqua octodecim perpetua fimplicia Benefi
uare cia Ecclefiaftica , Clericatus reſpectivè nuncupanda pro octodecim
OL'S CI
Clericis Beneficiatis reſpectivè nuncupandis, qui apud dictam Eccle
& 2017 fiam perfonaliter reſidere , debitaque , & ipſis ut infra injungenda fer
in ea vitia , & obſequia præſtare , ac unâ cum aliis viginti Canonicis , ut
infra ſubrogandis juxta modum , & formam deſuper Capitulo , & Ca
nonicis , cæteriſque Miniftris ejuſdem Eccleſiæ Sanctæ Mariæ à præ
dicto Thoma Cardinale Patriarcha , ejuſque fuccefforibus cum confi
udar, lio , & conenſu ejufdem Joannis Regis de novo præfcribendum , &
Turid præfcribendam , ( quo circa dictæ Eccleſiæ Sanctæ Mariæ uſus, con
huich Tuetudines, & ftatuta quæcumque etiam juramento , vel quâvis etiam 1
TIC, tur , illis tantùm prædicto Patriarchæ cum confilio , & conſenſu ejuf
to dem Joannis Regis quocumque tempore bene viſis gaudere , habitum
12 verò Choralem in aliqua ex Cathedralibus dicti Regni deferri ſoli
101
tum , ac arbitrio ejuſdem Patriarchæ eligendum geftare debeant , per
petuò erigimus , & inſtituimus.
UX S. 6 Pro congruâ verò fubftentatione , وac dote perpetuâ étorum
prædi
294 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
ctorum viginti octo Canonicorum , viginti Beneficiatorum , ac octo
deciin Clericorum Beneficiatorum , Maſſam Capitularem prædictam ,
ac ex illâ quinque , Decanatus videlicet , Cantoratus , Theſaurariatus
Maioris , & Archidiaconatus dellaterza Sedia reſpectivè nuncupato
rum , ac Archipresbyteratus , ut præfertur , fuppreflarum , ac extin
ctarum Dignitatum prædictarum , ac viginti exiftentium Canonica
tuum prædictorum , ( ſub conditione compenſationis illos nunc obti
nentibus , ut infra præftandæ , & faciendæ , necnon duarum fuper qui
bus quatuor dimidii Canonicatus , & trium fuper quibus duodecim
Quartanariæ , ut præfertur , fuppreſſi , & extincti , ac fuppreffæ , &
extinctæ , fundati , & fundatæ fuerunt , reſpectivè Præbendarum om
nes , & ſingulos fructus , redditus , & proventus cum prædictis fru
Aibus , & proprietatibus aliquibus ex dictis Præbendis peculiariter
annexis , ac cum præfatis adoptionem domibus in unum Corpus red
dituum , ( quod à perionis pro tempore exiſtenti Patriarchae Lisbo
nenfi bene viſis , & ad nutum amovibilibus juxta regulas ab eodeni
præfcribendas regi, & adminiftrari debeat ) redactos , ac infimul octo
decim mille ſeptingentos quadraginta fex ducatos auri de Camera ſe
cundum communem æſtimationem annuatim , ut accepimus , conftitu
entes , quod ad quadringentorum , & quadraginta quatuor pro quoli &
be
Fulla do Seminario Patriarcal, erigido na Cidade de Lisboa.
[?
BENEDICTUS EPISCOPUS
SERVUS SERVORUM DEI.
Ad2 perpetuam rei memoriam .
Ivini Præceptoris ad Apoſtolos verba Sinite parvulos venire ad Num . I 28
ܶܐ ܕ nos expreſsè Apoftolici An . 1741 .
partem in Chriftianorum puerorum inſtitutione curandâ , & dirigen
1 dâ conſiſtere , quò morum 2 & doctrinæ puritate imbuti ante Divi
1 num conſpectum præfentari digni efficiantur.
S. I Hujus inemores præcepti , cum nuper Archiepiſcopalein
12 quondam Ecclefiam Ulixbonenfem Orientalem nuncupatam Patriar
chali Ecclefiæ Lisbonenſi unire decreverimus volentes , ut Eccleſia
unita hujuſmodi fub invocatione Sanctæ Mariæ dcioceps nuncupare
tur , Venerabiliſque Frater Nofter Thomas Sanctæ Romanæ Ecclefiæ
1
1
da Caſa Real Portugueza. 303
is dus
i estaba dicto Seminario integraliter , quacumque interruptione , vel deſuetu
COM dine non obſtante , perſolvi debeant ) aliàs ſecundo dicto Seminario
boari concellis , & feu ad ejus uſum , & commodum acquiſitis , unitis , ap
natulien plicatis , & appropriatis ad Seminarium primo diétum transferentes ,
ctx fru & in eodem unicuique ex alumnis ſecundo dicti Seminarii ædes in
s mille uſum primo dicto Seminario , magis proficuum Patriarchæ Lisbonen
, fica ſi pro tempore beneviſum cedant , & convertantur , eidem primo di
10 d cto Seminario perpetuò unimus , & incorporamus.
aula S. 5 Deinde pro hujuſmodi Seminario dote perpetuâ , ac illius
1 &
Alumnorum , Præceptoruin , aliorumque Miniſtrorum , neceſaria , &
10 Congruâ fubftentatione annuam ſunmam ex prædictis fuppreſſis , &
2030
extinctis Decanatui , & Cantoratui omnibus, & fingulis extra maſſam
Capitularem præfatam annexis fructibus , redditibus, & proventibus
ac ex omnibus , & ſingulis prædictoruin , & prædi &tarum , ac pariter
extinctorum , & ſuppreſſorum , ac extinctarum , & ſuppreſſarum de
Inftitu Lisboa, & Sanctarem reſpectivè nuncupatorum Archidiaconatuum ,
aina la ac Scholaſtriæ , & Capellaniæ Maioris nuncupatæ fructibus , redditi
bus , & proventibus procedentem ( ſupportatis tamen , per idem Se
coplar minarium omnibus , & fingulis oneribus realibus aliàs præfatas quin
tio hu
TATUD
que Dignitates obtinentibus ratione fructuum , reddituum , & proven
tuum hujuſmodi , ac Capellano Maiori nuncupato didæ Capellæ San 1
Eti Sebaſtiani , Canonico videlicet de Mafra nuncupato ratione fru
ut, led Etuum , reddituum , & proventuum ejufdem Capellaniæ incumbenti
remai bus ) ut prafertur , reſervatam , & feparatam , ac reſpectivè difinem
onkin
-201012
bratam , & bis mille noningentos ſexaginta unum ducatos auri præfa
tos conſtituentem eidem primo dicto Seminario etiam perpetuò ap
afata plicamus , & appropriamus.
S. 6 Ac inſuper unam Sanctæ Mariæ de Sambade Bracharen. cu
jus quingentorum octoginta , una verò cum incertis quingentoruin
nonaginta feptem , ac aliam Sancti Pelagii de Bempoſta Colimbrien.
pro cujus quadringentorum viginti duorum , una verò cum incertis qua
dringentoruin ſexaginta quinque, ac aliam Sancti Michaelis de Rebor
recie doza , cujus trecentorum ſexaginta octo , una verò cum incertis qua
s an dringentorum , & duorum , ac reliquas Parochiales Eccleſias , Abba
,& tias , ſeu Prioratus reſpectivè nuncupatas Sancti Petri de Abregain
Locorum Portugallen, reſpectivè Diæcelum , quæ de Jurepatronatus 1
1
'ca
da Caſa Real Portugueza. 309
- , aut er ſuppreſſionibus perpetuis , conceſſionibus , diſmembrationibus , & ap
confuets
plicationibus de quibufcumque fructibus', & bonis Ecclefiafticis , ac
lifquela alia per quam decrevimus , & declaravimus noftræ intentionis fore
n in coi
vis jufta,
quod deinceps per quamcumque ſignaturam , feu concellionem , aut
gratiam , vel Literas Apoftolicas pro commiſſionibus , feu mandatis ,
QUX ad
Orct,
aut declarationibus in quibuſvis cauſis , etian Motu proprio , & ex
lis nulli
certâ fcientiâ , ac etiam ante motam litem à Nobis emanaverint , vel
invalida
de mandato noftro faciendas nulli jus ſibi quæſitum quomodolibet tol
latur , ac aliis noftris , & Cancellariæ prælatæ in contrarium præmif
erminos
itions
forum quomodolibet editis , vel edendis regulis , necnon felicis re
cordationis Bonifacii Papæ VIII. Prædecefforis noftri , ac Lateranen
umque fis , & aliorum etiam generaliuin , & ultimò celebratoruni Concilio
mieli rum uniones , ſeu applicationes perpetuas , nifi in caſibus à jure per
miſlis , fieri prohibentium , ac quibuſvis aliis Apoftolicis etiam in Sy
ra pofte nodalibus , Provincialibus, Univerſalibuſque Conciliis editis , vel eden
Um gra dis ſpecialibus , vel generalibus Conſtitutionibus , & Ordinationibus ,
fpoftic dictæque Ecclefiæ Sanctæ Mariæ , ac fecundo dicti Seminarii etiam
Apotho juramento , confirmatione, Apoſtolicâ , vel quâvis firmitate aliâ ref
tizmper pectivè roboratis ftatutis , eorumque reformationibus , & novis addi
Optim tionibus , ſtylis , uſibus , & conſuetudinibus, etiam inimeniorabilibus,
bet ile diſpoſitionibus , vel ultimis voluntatibus in contrarium eorumden
o cart præmiſſorum , quibuſcumque privilegiis , etiam ex fundatione compe
cubuit. tentibus à quibuſcumque Romanis Pontificibus Prædecefforibus noftris
Tacikicks, concellis , necnon Indultis , & Literis Apoftolicis illis , eorumque ſu
He ta perioribus , & perſonis quibuſcumque , etiam ſpeciali , ſpecificâ , ex
sumire preſsâ , & individuâ mentione dignis ſub quibufcumque tenoribus
edlent & formis , ac cum quibufvis etiam derogatoriarum derogatoriis ,aliif
totis que efficacioribus , efficaciſfimis , & infolitis clauſulis , irritantibuſque,
um ref. & aliis Decretis in genere , vel in fpecie , etiam Motu pari , ac ,
zlub Conſiſtorialiter , aut aliàs quomodolibet etiam iteratis vicibus in ' con
trarium præmiſſorum conceſlis, approbatis , confirmatis , & innovatis.
5 per S. 17. Quibus omnibus , & fingulis , etiamfi de illis , eorumque
an Pa totis tenoribus ſpecialis , ſpecifica e, xpreſſa , & individua , ac de ver
C. bo ad verbum , non autem per clauſulas generales idem jinportantes
Sals mentio , ſeu quævis alia expreſſio habenda , aut aliqua alia exquiſita
io ,
forma ad hoc fervanda foret, etiamſi in eis caveatur expreſse , quod
illis nullatenus , aut nonniſi lub certis modo , & formâ derogari pof
,&
udi fit , tenores hujuſmodi , ac fi de verbo ad verbum nihil penitùs omif
judi fo , & formâ in illis traditâ obſervatâ inſerti forent , præſentibus pro
lle plenè , & ſufficienter expreſlis , & infertis habentes , illis aliàs in ſuo
anter
robore permanſuris , ad præmifforum omnium validiflimum effectuin ,
hac vice dumtaxat latiſſimè , & pleniſſimè, & fufficienter , necnon
fpecialiter , & exprefsè Motú , fcientiâ , & poteftatis plenitudine fi
ene
milibus haruin ferie derogamus , cæteriſque contrariis quibuſcumque.
ali S. 18 Volumus autem quod Seminarium Patriarchale przdictum
alio ratione prædictæ applicationis bis mille noningentorum ſexaginta
HIB
unius ducatorum auri de Camera hujuſmodi , necnon ratione unionis
Ti prædictarum Parochialium Eccleſiarum , illarumque fructuum , tu
reddi 1
um ,
To.
1
310 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
tuum , & proventuum applicationis eidem Seminario Patriarchali, ut
præfertur , relpectivè factarum ad ullam ex nunc annatæ , & fubinde
perpetuis futuris temporibus quindenioruin quibuſvis officialibus de
annatâ , & quindenniis hujuſmodi participantibus faciendam ſolutio
nem nullo . unquam tempore , nulloque inodo teneatur. 2 eximentes
propterea , & liberantes ex nunc , & in pofterum perpetuis futuris
temporibus in omnibus , & per omnia Seminarium Patriarchale præ
dictum ab annatæ , & quindenioruin hujuſmodi etiam minimâ reſpe
Etive ſolutione , itaut ſuper præfentibus quidquam ratione applicatio
nis , & unionis prædictarum peti , vel petendi minimè poflit ex gra
tiâ ſpeciali , quæ nullo unquam tempore allegari poſſit in exemplun .
S. 19 Nulli ergo omnino hominum liceat hanc paginam noftri
Motus proprii , ſuppreſſionis, extinctionis , erectionis , inſtitutionis
applicationis , appropriationis , translationis , incorporationis , aſſigna
tionis , conceſſionis , Decreti , indulti , commiſſionis, inandati , ac de
rogationis infringere, vel ei auſu temerario contraire. Siquis autem
hoc attentare præſumpſerit, indignationem Onnipotentis Dei , ac
Beatorum Petri , & Pauli Apoſtolorum ejus ſe novcrit incurſurum.
Datum Romæ apud Sanctam Mariam Maiorem , anno Incarna
tionis Dominicæ millefimo feptingentefimo quadrageſimo primo , duo
decimo Kalendas Auguſti Pontificatus noftri anno primo.
Loco + Bullæ Aurex.
icne
312 Provas do Liv. V II.da Hiſtoria Genealogica
tenemur , ut omnia prava , & afpera ſint in directa , & vias planas
opportunum providentiæ noftræ accedat auxilium , necnon ſitientes
populi dum illuc accedunt ex Fontibus fic noviter extructis ſalutares
beatæ perennitatis hauriant aquas , & præfertim cùm id laudabilis
Chriſtianorum Principum expofcit Religio fanè attendentes Nos ,
quod in ampliſſima Maragnani Provincia , quæ in Regione Braſiliæ
per loca aſperitate itinerum invia , & flumina tranſitu periculofa lon
giſlimė, latiſſimèque protenditur única Cathedralis Eccleſia Sancti Lu
dovici de Maragnano nuncupata reperiatur , ac quod Luſitanorum
æque in illas partes aſſiduè confluentium , atque Incolarum numerus ,
qui Catholicam Religionem amplectuntur ità indies augeatur , ut
únius Epiſcopi cura ob locorum diftantiam , necnon difficilimum de
uno ad alia acceſſum Paftoralis Officii debito exequendo , & tam latæ
Diæceſis adminiſtrationi impar omninò fit , itaut illius Provinciæ po
puli , fique præfertim qui Præfecturam de Gran Parâ nuncupatam
incolunt , ac præfata Cathedrali Eccleſia longè diftantem proprii
Epiſcopi vilitatione , Sacramenti Confirmationis adminiſtratione , aliif
que Epiſcopalibus auxiliis penitùs deftituantur , ideo aliis quoque ac
cedentibus cauſis , in Congregatione Venerabilium Fratrum noſtrorum
Sanctæ Romanæ Ecclefiæ Cardinalium rebus Conſiſtorialibus præpofi
ta perpenfis ad pias , & enixas Chariſſimi in Chrifto filii noftri Jo
annis Portugalliæ , & Algarbiorum Regis illuſtris præces , necnon ac
cedente conſenſu Venerabilis Fratris moderni Epiſcopi Sancti Ludo
vici de Maragnano præfati de Venerabiliunı Fratrum noſtrorum ejuf
dem Sanctæ Romanæ Ecclefiæ Cardinalium confilio oppidum Beatæ
Mariæ de Belem nuncupatum cùm eidem annexis locis, atque adje
centibus Inſulis , necnon omnibus ſuis Caftris , Villis , Territoriis , &
Diſtri &tibus , Ecclefiis , & perſonis tam fæcularibus , quam Eccleſiaſti
cis ab Ordinaria juriſdictione Epiſcopi Sancti Ludovici de Maragna
no perpetuò dividimus , ſeparamus ,& diſmembramus , illaque om
nia , ac Clerum , & populum quoad legem Dioceſanam ab Epiſcopi
Sancti Ludovici de Maragnano præfati ſuperioritate , juriſdictione ,
poteſtate , ſubjectione , viſitatione , & correctione prorſus etiam per
petuò eximimus, & liberamus , ac Oppidum Beatæ Mariæ de Belem
de. Parâ præfatum Civitatis , illiuſque Incolas Civium nomine , titu
lo , & honore pariter perpetuò decoranius , illudque in Civitatem ,
quæ Beatæ Mariæ de Belem de Parâ denominetur , & in eo Eccleſiam
Beatæ Mariæ Gratiarum pro uno Epiſcopo Beate Mariæ de Belem
de Parâ nuncupando qui illi præfit , ac Ecclefiam ipfam ad formam
Cathedralis Ecclefiæ redigi faciat , necnon in ea , & dicta Civitate ,
ac ejuſdem Ecclefiæ Diæceſi tot Dignitates , Canonicatus , & Præ
bendas , aliaque Bencficia Ecclefiaftica cum curâ , & fine curâ quot
inibi Divino cultui , & dictæ Ecclefiæ ſervitio , ac Ecclefiaftic Cleri
decori ſibi videbuntur convenire de præfati Joannis , & pro tei mpore
exiſtentium Portugalliæ , & Algarbiorum Regum Confilio , & allen
ſu , & prævia eorum congruâ dotatione ab iplis Joanne , & pro tem
1
pore exiſtentibus Portugalliæ , & Algarbiorum Regibus pro tempore
facienda quam primum fieri poterit , erigat , & inftituat , necnon
Epiſco
da Caſa Real Portugueza. 313
Epiſcopalem juriſdictionem , auctoritatem , & poteſtatem exercere ,
omniaque , & fingula , quæ Ordinis quæque juriſdictionis , cujusli
bet alterius muneris Epiſcopalis ſunt , & quæ alii in Portugallia , &
Algarbiorum Regnis , & Dominiis conſtituti Epiſcopi in fuis Eccle
fiis , Civitatibus , & Diæcefibus facere poſſunt , & debent, facere li
bere , & licitè pollit, & debeat, ac in eadem líc ærecta Eccleſia Epif
copalem Dignitatem cum Sede , præeminentiis , honoribus , privile
giis , & facultatibus quibus aliæ Cathedrales Eccleſiæ hujufmodi de
jure , vel conſuetudine , aut aliàs utuntur, fruuntur , potiuntur, &
gaudent, ac uti , frui , potiri , & gaudere poſſunt , & poterunt quo
modolibet in futurum necnon Epiſcopali , & Capitulari Menſis , aliif
que Cathedralibus inſigniis ad Omnipotentis Dei laudem , & glorio
fillimæ Genitricis ejus Virginis Marize , totiuſque Triumphantis Ec
cleſiæ gloriam , & Fidei Catholicæ exaltationein de ſimili conſilio
Apoſtolica auctoritate ſimiliter perpetuò erigimus, & inftituimus , ac
eidem fic ærectæ ccleſiæ Oppidum Beatæ Mariæ de Belem de Parâ
præfatum ſic in Civitatem & rectam - pro Civitate , & alia Oppida ,
Caſtra, Villas , Territoria , atque adjacentes Inſulas , & Diitrictus
Præfecturæ de Parâ præfatæ à reliqua parte Diæceſis Sancti Ludovi
ci de Maragnano à qua lodic prafeturam prafatam , ut præfertur ,
diviſimus , ufque ad oram maritimam , & vattiſlimam Americæ Regio
nem excluſivė pro Diæceſi , necnon Ecclefiafticas pro Clero , & fæcu
lares perſonas in Civitate ; & Dioccfi hujuimodi pro tempore degen
tes pro populo de pari eorumdem Fratrum Conſilio auctoritate præ
fata ', etiam perpetuò concedimus , & alignamus , Civitatemque ,
Dioceſim , Cleruin , & populum hujufinodi Epifcopo Beatæ Mariæ
de Belem de Parâ quoad Epifcopalem Ordinariam , quo verò ad Me
tropoliticam juriſdictionem , & fuperioritatem Archiepiſcopo Ulixbo
nenli Orientali de dictorum Fratrum Confilio pariter perpetuo ſubji
cimus , necnon Menfae Epiſcopali Beatæ Mariæ de Belem de Parâ hu
juſmodi pro ejus dotte , redditus annuos valoris fcutorum mille mo
netæ Romanæ per ipſum Joannem Regem aſſignandorum , quam qui
dem ſummam idem Joannes Rex de ſuis propriis , & pro tempore
1 exiſtentiumn Portugalliæ , & Algarbioruin Regum redditibus , & fpe
cialiter de eis , quæ ex ea Regione percipientur , gratiosè, & irrevo
cabiliter donavit , & obtulit , ac ſolvere quotannis promiſit , ſeu pro
mitit , ſimiliter perpetuò applicamus , & appropriamus , & inſuper
1 Joanni Regi , ejuſque ſuccelloribus Portugalliæ , & Algarbiorum Re
1 gibus Juſpatronatus , & præſentandi infra annum perſonam idoneam ad
dictam Eccleſiam Beatæ Mariæ de Belem de Parâ Nobis , & pro tem .
pore exiſtenti Romano Pontifici in ejuſdem Eccleſiæ Beatæ Mariæ de
Belem de Pará Epiſcopum , & Paftorem ad præſentionem hujufino
i di, & non aliàs præficiendum , ad maiorem verò poft Pontificalem ,
? & Principales , & alias Dignitates , Canonicatus , & Præbendas
necnon Beneficia erigenda , & per dictum Joannem , & pro tempore
exiſtentes Portugalliæ , & Algarbiorum Reges hujufinodi congruè
2 dotanda tam ab eorum primævå erectione , poftquam ærecta , & do
0 tata fuerint , quam ex tunc deinceps quoties illa quibuſvis modis , &
Tom . V. Rr ex
314 Provas do Livro VII. da Hiſtoria Genealogica
ex quoruincumque perſonis , etiam apud Sedem Apoftolicam vacare
: contingerit Epiſcopo Beatæ Mariæ de Belem de Parà pro tempore
exiſtenti præfato ſimiliter per eum ad præſentationem præfati Joan
nis , & pro tempore exiftentium Portugalliæ , & Algarbiorum Re
gum factam infra terminum à jure præfixum in ipſis Dignitatibus,
Canoniçatibus , & Præbendis , ac Beneficiis inſtituendis eadem aucto
ritate etiam perpetuò reſervamus, & concedimus ; ac Jufpatronatus
& præſentandi hujufinodi præfató Joanni , & pro tempore exiſtenti
bus Portugalliæ , & Algarbiorum Regibus ex merè fundationibus,
& dotationibus competere , illique etiam per Sedem eandem , etiam
Conſiſtorialiter , quacunque ratione derogari non poffe , nec deroga
tum cenſeri , nifi ipfius Joannis , & pro tempore exiſtentium Regum
præfatorum ad id exprellus accedat aſſenſus , & fi aliter quoviſmodo
derogetur , derogationes hujuſmodi cùm indė ſequutis nullius roboris
efficaciæ , '& momenti fore , ſicque , & non aliter per quoſcumque
Judices Ordinarios , & delegatos , etiam Cauſarum Palatii Apoſtoli
ci Auditores , ac ejuſdem Sanctæ Romanæ Ecclefiæ Cardinales , etian
de Latere Legatos , & Sedis Apoſtolicæ præfatæ Nuncios , alioſvè
quoslibet quavis auctoritate fungentes ſublata eis , & eorum cuilibet
aliter judicandi, definiendi , & interpretandi forma , facultate , & au
doritate judicari , & definiri debere , & quidquid fecus ſuper his à
quoquam quavis auctoritate fcienters , vel ignorante r contigerit at
tentari irritum , & inane decernimu > obſtantibus Lateranenſis
non
Concilii noviſſimè celebrati ab Ecclefiis membra diſtingui, & dividi
prohibentis , ac noftra ,& Cancellariæ Apoftolicæ Regula de non tol
lendo jure quæfito , aliiſque Conſtitutionibus, & Ordinationibus Apof
tolicis quibus omnibus , & fingulis illis alias in ſuo robore perman
furis hac vice duntaxat ſpecialiter , & expreſsè harum ſerie deroga
mus , cæteriſque contrariis quibuſcumque. Nulli ergo omninò homi
num liceat hanc paginam noftræ diviſionis, ſeparationis , diſmembra
tionis , exemptionis , liberationis, decorationis, erectionis, inſtitutio
nis , conceffionis , aſſignationis , ſubjectionis , applicationis , appro
priationis, reſervationis , conceſſionis, Decreti , & derogationis in
fringere , vel ei auſu temerario contraire , fiquis autem hoc attentare
præſumpſerit, indignationem Omnipotentis Dei , ac Beatorum Petri ,
& Pauli Apoſtolorum ejus fe noverit incurſurum. Datum Romæ
apud Sanctain Mariam Maiorem , anno Incarnationis Dominicæ mil
lefimo feptingentefimo decimo nono , quarto Nonas Martii , Pontifia
catus noftri anno vigefimo. Loco K Plumbi. A. Giorgettus.
tre
11
316 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
cium fterili tantummodo verborum ſono præteriri videatur , hoc Pu
blicum., qua te Sanctiſſimus Dominus Noſter intima charitate comple
Ctitur , ab eo pignus excipies. Mirum profecto extimari poteft, dex
tram tuam Sceptris , Armiſque natam , exigua hac faſcia donari i Om
nem tamen admirationis caufam expellat quiſque, neceffe eft , cum la
tentem ipſius valorem attentè conſideraverit. Talem etenim Apofto
lica Benedictione munita , ab eo , per quem Reges regnant in bellis
hæc armatura virtutem eſt aſſecuta , ut ea ſolum fretus , Princeps Se
reniſſime , tot per te patriæ , avitæque gloriæ triumphos , arbitror,
eſſe acceſſuros , ut nullum hucuſque. Regiam hanc Aulam fperare
fas fit , Principem ſortitum eſſe feliciorem. Hæc tibi toto ſui cordis
affectu Sanctiſſimus Dominus Noſter amantiſſime auſpicatur. Hæc tibi
Catholicæ Ecclefiæ communia vota præcantur , utque publicis ref
pondeat effectus deſideriis , Pontificiam Benedictioneni Regiæ tuæ
celſitudini in aufpicium perpetuæ felicitatis venerabundus impertior 2
ineque tanto auctum honore , fortunatiſſimum dico .
ARTI
318 Provas do Liv.VII. da Hiftoria Genealogica
ARTICULO I.
ARTICULO X.
Sus Mageſtades Catholica , y Portugueſa , ſuplicarin a nueſtro
muy Santo Padre el Papa con el Tratado, que te harà en virtud de
efios Articulos , ſe ſirva aprobarle, y darle lu Bendicion Apoſtolica ;
y alli miſmo aprobar las Capitulaciones , y las ratificaciones , que hu
vieren hecho las referidas Mageſtades , y que liarà la referida Serenif
fima Señora Infanta , como tambien los actos , y juramentos , que ſe
hicieren para ſu cumplimiento , inſertandolos en ſus letras de apro
bacion , دy de bendición.
ARTICULO XI.
Y en nombre del muy alto , muy excelente , y muy poderoſo
Principe Don Phelipe Quinto Rey de Eſpaña , y como tu Niiniſtro ,
Cominiſario , Actor , y Mandatario de la una parte , y en nombre del
muy alto , muy excelente , y muy poderoſo Principe Don Juan Quiri
to Rey de Portugal , y del muy alto , y muy poderoſo Principe del
Braſil Don Joſeph , y como ſu Embaxador Extraordinario Plenipo
tenciario , y Procurador de la otra ; nos obligamos los mencionados
Miniſtros de Sus Mageſtades , en virtud de nueſtros reſpectivos ple
nos poderes , y prometemos en fé , y palabra de Sus Magclades,
que los preſentes Articulos ſeran enteramente obſervados de una , y
de otra parte , cumplidos , y exccutados ſin falta , ò diminuicion al
guna , y que ſerà el preſente Tratado por Sus Magelades ratificado,
y dentro de quince dias , ò mas preſto li fuere poſibie , ſeran trocadas
las ratificaciones en buena , y debida fórma.
En fé de lo qual los dichos Miniſtros Plenipotenciarios , firma
mos de nueſtra propia mano dos Exemplares de eſte Tratado , y les
Tom . V. Ss hizimos
322 Provas do Liv . VII. da Hiſtoria Genealogica
hizimos poner los Sellos de nueſtras Armas. Fecho en Madrid a
tres de Septiembre de mil fetecientos y veinte y ſiete = El Marques
de la Paz El Marques de Abrantes.
(L. S. ) ( L. S. )
Plenipotencia de la Mageſtad del Rey Catholico .
Don Phelipe por la gracia de Dios Rey de Caſtilla , de Leon ,
de Aragon , de las dos Sicilias , de Hieruſalem , de Navarra , de
Granada , de Toledo , de Valencia , de Galicia , de Mallorca , de Se
villa , de Cerdeña , de Cordova , de Corcega , de Murcia , de Jaen,
de los Algarves , de Algecira , de Gibraltar , de las Islas de Cana
ria , de las Indias Orientales , y Occidentales', Islas , y Tierra firme
del Mar Oceano , Archiduque de Auſtria , Duque de Borgoña , de
Bravante , y Milan , Conde de Abſpurg , de Flandes , Tirol , y Bar
zelona , Señor de Vizcaya , y de Molina , & c. Por quanto ſiendo
tan combeniente al ſervicio de Dios , exaltacion de la Fé , y bien de
la Chriſtiandad , permanezca entre el muy alto , y muy poderoſo
Principe Don Juan Rey de Portugal , Nos , y nueſtros fucceffores ,
la hermandad , y buena correſpondencia , que tanto importa a los
dos Reynos ; y conſiderando por el mas oportuno medio para aſegu
rar ella importancia , el de eſtrechar mas و, y mas los vinculos de lan
gre , y parenteſco , ſe ha combenido , y ajuſtado por Articulos Pre
liminares , que ſe han firmado por los Commiſſarios nombrados a
eſte fin por Mi , y por el muy alto , y muy poderoſo Principe Don
Juan Rey de Portugal, el caſamiento del Sereniſſimo Principe del
Braſil Don Joſeph , hijo del mencionado muy alto , y muy podero
1o Principe Don Juan Rey de Portugal con la Sereniflima Infanta
Doña Maria Anna Victoria , mia muy chara , y muy amada hija pa
ra que con la Bendicion de Dios, y de nueſtro muy Santo Padre
Benedicto Dezimotercio , que actualmente preſide en ſu Santa Igle
fia , ſe deſpoſen , y cafen ſegun , y como lo diſpone la Santa Igleſia
Romana ; y reſpecto de haverſe de lazer , y de firmar en mi Corte
de Madrid con el Marques de Abrantes Embaxador Extraordinario
nombrado a eſte efectopor el muy alto , y muy poderoſo Principe
Don Juan Rey de Portugal , el contrato del referido matrinionio ,
con las folemnidades , y lucimiento , que ſe pratîca en ſemejantes ca
fos , con los pactos, y condiciones yà acordadas ; por eſtas razones ,
y por la particular confianza , y ſatisfacion , que tengo de vos Don
Juan Baptiſta de Orendayn , Marques de la Paz , de mi Conſejo , y
primer Secretario de Estado , y del Deſpacho: Hê reſuelto norabraros
por mi Miniſtro Commiſſario , para que podais hazer , y frmar en mi
Corte de Madrid , como queda dicho , con el referido Marques de
Abrantes Embaxador Extraordinario de S. Magefad Portugueſa el
contrato del referido matrimonio del expreſado Sereniſſimo Principe
del Braſil con la mencionada Şeresiiſſima Infanta mi hija , con las fo
lemnidades acoſtumbradas , y con los pactos , y condiciones yà acor
dadas .
da Caſa Real Portugue4
z . 323
dadas . Por tanto por la preſente os doy poder , y facultad , tan
cumplido , y baſtante como ſe requiere , de certa ciencia , y delibera
da voluntad , para que por mi , y en mi nombre , l'epreſentando mi
Perſona , ( como yo propio lo podria hazer fiendo preſente ) capitu
leis , combengais , aſenteis ,y firmeis lo tocante al referidó contra
to , y capitulos matrimoniales haſta concluirlos enteramente , para
que os doy poder , y facultad amplia , y abſoluta , fin limitacion al
guna , aſli para todo lo que a eſte intento combenga ܕ, y fuere nece
1 ſario executar , eſtipular , aſegurar , y obligar por mi parte , como
para admitir , y aceptar todas las condiciones , pactos , obligaciones ,
eſcrituras , y inſtrumentos , que fueren neceſarios hazer por la del
muy alto , y muy poderoſo Principe Don Juan Rey de Portugal,
tanto en razon de la dote , arras , legados, y mandas , como en los
demas puntos concernientes al dicho cazainiento ; obligandome , co
: mo me obligo , al cumplimiento de lo que en cada una de eſtas co
ſas , y todas juntas , concertàreis , capitulàreis , y admitiereis , o exe
cutàreis , que para eſte efecto os hago , crio , y conſtituyo mi Actor,
: Mandatario , y Commiſario , con libre, general, y pleniſſimo poder,
y facultad , para que hagais', y podais hazer en razon de eſto , todo
lo que yo milino podria hazer', aun que ſean tales las coſas , que re
quieran eſpecial, y expreſſa mencion de ellas ; y prometo en mi pa
labra Real , que tendrê por grato , firme , y valedero , y aprobarê ,
y ratificare, îi fuere neceſario , y tendré por bueno lo que hiciereis,
tratàreis ,, y prometiereis , concluyereis , y firmareis, y que no irë , $
YO EL REY.
1
324 Provas do Liv. V II. da Hiſtoria Genealogica
e fidelidade do Marquez de Abrantes , e de Fontes , Conde de Pe
naguiać , D. Rodrigo Annes de Sá Almeida e Menezes , meu mui
to amado , e prezado ſobrinho , do meu Conſelho , Gentil-homem
de minha Camera , Alcaide môr , Capitað môr , e Governador das
Armas da Cidade do Porto , e ſeu Deſtricto , e das Fortalezas de S.
Joao da Foz do Douro , e Noſſa Senhora das Neves em Leça de
Matoſinhos , Senhor das Villas de Abrantes , e do Sardoal , é dos
Concelhos de Sever , Penaguia ) , e Godim , da Honra do Sobrado ,
de Villa -Nova da Gaya de Matoſinhos , e Bouças , de Gondomar , é
de Aguiar de Souſa , Commendador das Commendas de Santiago de
Caffem , e S. Pedro de Faro , na Ordem de Santiago , e de Santa
Maria de Maſcarenhas , S. Pedro de Macedo , e S. Joað de Abrantes
na Ordem de Chriſto , e meu Embaixador Extraordinario , e Pleni
potenciario , lhe concedo , e otorgo meu inteiro , e comprido poder,
livre , e baſtante , ſegundo melhor , e mais compridamente lhe devó
conceder , e otorgar , e em tal caſoʻſe requer , e o conſtituo , e faço
meu Procurador geral , e eſpecial , para que por mim , e em meu no
me ,e do Principe meu fillo , repreſentando a minha propria Peſſoa,
e a do Principe , como Eu , e elle o podiamos fazer , ſe preſentes
follemos , polia tratar , e ajuſtar o Tratado Matrimonial'do dito Prin
cipe , com a fobredita Sereniſſima Infante , na fórma dos Prelimina
res , que ſe achao ajuſtados pelos meus Plenipotenciarios , e por mim
ratificados em treze de Outubro do anno mil ſetecentos vinte e
cinco , com quaefquer Procuradores , ou Commiſſarios nomeados pe
lo nuy alto , e muito poderoſo Principe D. Filippe Quinto Rey Ca
tholico , que moſtrarem ſeus poderes , e procuraçao em fórmra baf
tantes , para o fobredito effeito , Eu , e o meſmo Principe guardare
mos , e compriremos , رtudo o que pelo fobredito Marquez , meu Ple
nipotenciario , for capitulado , e aſſentado , com as condições, pa.
cos , obrigações , e firmezas, que por elle forem acordadas ,e ajuſ
todas'; porque para tudo Eu , e o Principe lhe concedemos , e otor,
gamos todo o comprido poder , mandado geral , e eſpecial, com li
vre , e geral adminiſtração , e por eſta preſente prometto em fé , e
palavra de Rey , de guardar , e com effeito cumprir tudo o que pe
lo dito meu Énbaixador Extraordinario , e Plenipotenciario , e Pro
curador , ſobre o dito caſamento for tratado, capitulado, otorgado ,
allentado e firmado de qualquer natureza , qualidade, e jirportan
cia , وque ſeja , e tudo haverey por firme, e valioſo em todo o tem
po , na forma da obrigaçao deſtes poderes : E por firmeza de tudo
mandey fazer eſta preſente Carta , e poder geral , e eſpecial por mim
allinada , e fellada com o Sello grande de niinlas'Arras. Dada na Ci
dade de Lisboa Occidental aos ſeis dias do mez de Agoſto do anno
do Naſcimento de Noſſo Senhor Jeſu Chriſto de mil fetecentos vinte
e lote.
ELREY.
YO EL REY.
(L.S. )
Juan Baptiſta de Orendayn.
,
de Aragon , de las dos Sicilias , de Hicrufalem , de Navarra , . Num .134
An . 1727
Granada , de Toledo , de Valencia , de Galicia , de Mallorca , de Se
villa , de Cerdeña , de Cordova , de Corcega , de Murcia , de Jaen ,
de los Algarves , de Algecira , de Gibraltar , de las Islas de Canaria,
de las Indias Orientales , y Occidentales , Islas , y tierra firme dei
Mar Oceano , Archiduque de Auſtria , Duque de Borgoña, de Bra
bante , y Milan , Conde de Abſpurg , de Flandes , Tirol, y Barce
lona , Señor de Vizcaya , y de Molina , &c. Por quanto haviendo-ſe
ajuſtado , combenido , y firmado en la Corte de Lixboa , el dia pri
mero del prezente mes de Octubre , por los Picnipotenciarios nom
brados por Mi , y por el Sereniſſimo , y muy poderoſo Rey de Per
tugal Don Juan , el Tratado Matrimonial para el caſamiento , que
deve efectuarſe , entre el Sereniſſimo Principe de Aſturias , Don Fer
nando , mimuy chara , y muy amado hijo , y la Sereniſsima Infanta
de Portugal, Dona Maria , hija del referido Sereniſlimo Rey de Por
tugal del tenor ſeguiente. 1
Tratado Matrimonial acordado entre el Embaxador Extraordi
nario del Rey de Eſpaña Don Carlos Ambroſio Spinola de la Cerda,
Díarcues de los Balbales , Gentilhombre de Camera de S. M. y Don
Domingo Capeccatro Marques de Capecelatro , Embaxador Ordina !
rio de la miſma Mageſtad , y ſus Plenipotenciarios , y el Commiſario
del Rey de Portugal Don Diego de Mendoza y Cortereal, de tir
Conſejo , y Secretario de Eſtado , de las Alercedes , Expediente, y
Aſignatura ,
326 Provas do Liv . VII. da Hiſtoria Genealogica
Aſignatura , para el caſamiento , que deve efectuarſe entre el niuy al.
to , y muy poderoſo Principe de Aſturias Don Fernando , hijo pri
mogenito del muy alto , muy excelente, y muy poderoſo Principe
Don Phelipe Quinto , por la gracia de Dios Rey de Eſpaña , y de
la muy alta , muy excelente, y muy poderoſa Princeſa Dona Maria
Luiſa Gabriela de Saboya , yå defunta, ſu primera eſpoſa , y com
pañera ; y la muy alta , y muy poderoſa Princeſa Doña Maria Infan
ta de Portugal, hija del muy alto , muy excelente , y muy podero
fo ' Principe Don Juan Quinto , por la gracia de Dios Rey de Por
tugal, y de la inuy alta , muy excelente , y muy poderoſa Princeſa
Dona Maria Anna de Auſtria , tambien por la gracia de Dios Reyna
de Portugal ; ſegun los plenos poderes , que han recivido los dichos Mi
niftros de la Mageftad del Rey Catholico , y de la Mageſtad delRey de
Portugal , cuyas copias ſe inſertaràn al pie de eſte prezente Tratado,
Én ' nombre de la Santiſſima Trinidad , Padre , Hijo , y Spirito
Santo un folo Dios verdadero : a ſu honor , y gloria , y por el
bien reciproco de los pueblos ſubditos , y Vafallos, de uno, y otro
Reyno. Sea notorio a todos aquellos, que las prezentes letras de
acuerdo de matrimonio vieren , que havicndo-ſe firmado en el Real
fitio de San Ildefonſo , a los ſiete dias del mes de OAubre del año
del Nacimiento de Nueſtro Señor Jeſu Chriſto de mil ſetecientos y
veinte y cinco , por el Marques de Grimaldo , Miniſtro , y Plenipo
tenciario de la Mageftad del Rey Catholico , y por Joſeph de Acu
ña Brochado , y Antonio Guedes Pereyra , Miniſtros , y Plenipoten
ciarios de la Mageſtad del Rey de Portugal , los Articulos Prelimi
nares para el tratrimonio , que ſe deve efe &tuar , del muy alto , y
muy poderoſo Principe de Aſturias Don Fernando , hijo primogeni
to del , muy alto , muy excelente , y muy poderoso Principe Don
Phelipe Quinto , por la gracia de Dios Rey de Eſpaña , y de la muy
alta , muy excelente , y muy poderoſa Princeſa Doña Maria Luiſa
Gabriela de Saboya , yà defunta , ſu primera eſpoſa , y compañera;
y la muy alta ,, y muy poderoſa Princeſa Doña Mária , Infinta de
Portugal , hija del muy alto , muy excelente, y muy poderoſo Prin
cipe Don Juan Quinto , por la gracia de Dios Rey de Portugal , y
de la muy alta , muy excelente, y muy poderoſa Princeſa Doña Ma
ria Anna de Auſtria , tambien por la gracia de Dios Reyna de Por
tugal, cuyos Articulos fueron ratificados en el miłnio Real ſitio de
San Ildefonſo , a catorce de Octubre del miſmo año de mil ſetecien
tos y veinte y ciuco , por la Magellad del Rey de Eſpaña , y por la
Mageſtad de Rey de Portugal en la Corte de Lixboa Occidental,
a los trece del miſino mes de Octubre del dicho año de mil fetecien
tos y veinte y cinco .
Y por quanto nós, como Miniſtros , y Plenipotenciarios , aho
ra eſpecialmente deputados , debemos reducir los diclios Articulos a
un Tratado formal , en virtud de los plenos poderes reirectivos , que
por Sus Mageſtales nos fueron concedidos , ſolo para eſte fin , havi
enilolos viſto , y esaminado , y hallandolos en buena , y debida fórnia
combenimos lo ſeguiente .
ARTI
da Caſa Real Portugueza. 327
ARTICULO I.
ARTI
da Caſa Real Portugueza. 329
ARTICULO VI.
La Mageſtad del Rey Catholico aſignarà , y conſtituirà a la
Sereniſſima Señora Infanta Dona Maria , para ſus arras , veinte mil
excudos de oro del Sol al año , que ſeran aſignados ſobre rentas , y
tierras, de las quales tendrà la juriſdiccion , y el lugar principal el
Titulo de Ducado , de fuerte , que flas dichas rentas , y tierra lle
guen haſta la dicha ſumma de veinte inil excudos de oro del Sol ca 1
El Marques de Capecclatro .
(L. S. ) Ple
da Caſa Real Portugueza. 331
Num .138 garves , daquem , dalem , mar em Africa , Senhor de; Guiné, e
An . 1682. da Conquiſta navegaçaó , e Commercio de Ethyopia , Arabia , Perſia,
da India , &c. ſucceſſor , Regente, e Governador deftes Reynos , é
Senhorios : faço faber aos que eſta minha Carta de doaçað virem ,
que entre os Capitulos do tratado , que celebrey com o Sereniſſimo
Duque de Saboya , meu bom irmao , para haver de caſar com a Se
renillima Infanta minha ſobre todas muito amada , e prezada filha ,
foy hum delles , que lhe daria huma das Caſas dos Eſtados de Bra
gança, ou do Infantado, qual S. A. quizeſſe , e por ter entendido ,
que elegerá a de Bragança,conſiderando , que a dita Caia pertence
direitamente aos Principcs ſucceſſores do Reyno , como reſolveo em
ſua vida a petiçaõ de Cortes ElRey meu Senhor', e pay , que fanta
gloria haja , e por eſta razao a tiveraó por ſemelhante doaçao ,os Prin
cipes D. " Theodofio , e D. Affonſo , meus irmãos; e, por eu ter a ad
miniſtraçað , e Regencia do Reyno , e 'e!tar jurada por ſucceſſora
delle a dita Infanta minha ſobre todas muito amada , e prezada filha,
e aflım ficar tendo o meſmo direito , que os fobreditos Principes ti
verzo , e fer juſo , e conveniente , que tað alto Principe tenha nef
te . Reyno Erado , pois tanto em augmento , e utilidade delle deixa
a aflif'encia dos ſeus proprios , para vir morar neſte Reyno , em que
a dita Infanta , no caſo de me nað dar Deos NoTo Senhor filho va
raó legitimo , ha de vir a ſucceder ; por eſtes , e outros juſtos ref
peitos The faço pura doaçao da dita Caſa do Eſtado de Bragança ,
para a ter , e lograr do dia de S. Joao deſte preſente anno , ejunta
mente com o Sereniſſuno Duque de Saboya , meu bom irinaó , feu fu
turo
da Caſa Real Portugueza. 343
turo marido , com todas as terras, datas , juriſdicções , Padroados,
e mais preeminencias , que eu a tinha , e a tiverað os ditos Princió
pes meus irmãos , em quanto ſucceſſor da Coroa. E outro ſi de to
das as rendas da meſma Caſa , na fórma , que declarey por meus De.
cretos , que ſe expediraó para o Conſelho da Fazenda , e Junta dos
Tres Eſtados , e para a do Eſtado de Bragança , com tal declaraçao ,
que ſendo Deos ſervido de me dar filho varað legitimo , como dito
he , ficará ceſſando eſta doaçaó , e ſe guardará neſte caſo o que no
dito tratado fe capitulou : como tambem ſe guardará no caſo de ſe
apartar o dito matrimonio fem deſcendencia , o que Deos nað per
mitta ; e encomendo muito à Infanta , e ao Sereniſſimo Duque , ſeu
futuro marido , a confervaçao dos Miniſtros , Officiaes , e Criados
da dita Caſa , é obſervancia das prerogativas , uſos , e coſtumes del
la , e de todas as merces , que por mim , e pelos Senhores Reys ,
Principes , e Duques meus predeceſſores , até aqui feitas , porque 1
com eſta clauſula The faço eſta doaça) : pelo que mando a todos os
Tribunaes , Miniſtros , é Officiaes de Juſtiça deſte Reyno , e aos da
Junta, e terras do dito Eſtado , e a todas as mais peſſoas a que toca, 1
tenha) a dita Infanta minha ſobre todas amada , e prezada filha, do
dito dia em diante , e ao Duque de Saboya , meu bom irmao , logo
que neſte Reyno recebidos forem , na forma do Sagrado Concilio
Tridentino , por Duques de Bragança , e Senhores daquelle Eſtado ,
e como taes os reconheçað , aflim , e da maneira , que reconhecidos
forað todos , e quaeſquer dos Senhores delle , porgae tal he minha
merce , a qual lhe faço de meu motu proprio , poder Real , e abſo
luto , como Principe Regente , e Governador deſtes Reynos ; e man
do que ſe cumpra fem embargo de quaeſquer Ordenações و, Leys ,
Capitulos de Cortes , ou outras diſpofições , ainda que ſeja daquel
las, de que ſe devia fazer eſpecial derogação , porque todas hey a
eſte fin por derogadas, como ſe expreſſas , e declaradas foſſem : co
mo tambem revogo , e hey por revogadas , em virtude deſta meſma
doaçaó , todas as qué tenho feito à dita Infanta antecedentes a eſta ,
eſpecialmente a dorendimento do direito novo daChancellaria , por
ter cellado a cauſa della no regiſto , da qual mando pôr as verbas ne
ceſſarias. Dada na Cidade de Lisboa aos 20 dias do mez de Junho.
Ayres Monteiro a fcz. Anno do Naſcimento de Noſſo Senhor Jeſu
Chriſto de 1682. O Bilpo Fr. Manoel Pereira a fez eſcrever.
PRINCIPE .
do concederma.
Peço muito encarecidamente a ElRey meu Senhor pelo grande
amor , que ſempre lhe tive , como tambem pelo que eu em Sua Ma
geftade experimentey , me faça merce, e honra , de querer ſer meu
Teſtamenteiro , e eſpero da grande Chriſtandade de Sua Mageftade,
hum breve , e infallivel cumprimento , de tudo o que me toca , mc
nos a quantia de cincoenta mil cruzados , que he ſervido concederme
para eu teſtar.
Declaro , que nað ſey ſe tenho algumas dividas , o Duque o
poderá laber. Ordeno , e mando , que pontualmente ſe ſatisfaça tu
do o que conſtar por papeis correntes, ou o dito Duque declarar.
Nað me pareceo neceſſario diſpor neſie teftamento ſobre ſuffra
gios de corpo preſente , nem tambem ordenar a fórma do funeral,
porque a primeira parte deixo à grande piedade de Sua Mageſtade ,
e a legunda, pertence ao antigo ufo , e coſtume deſte Reyno.
Mando , que por minha alma ſe digao dez mil Milás , com a
mayor brevidade, que for poſſivel , por elmola de toſtaó , e ſe repar
tiráó por Clerigos , e Communidades , de quem ſe faça confiança ,
que nao faltaráo .
Ordeno , que aos prezos das cadeas deſta Cidade , e Corte , ſe
repartaó quatrocentos mil reis , por ordem do Padre Pomero , meu
Confeſſor , o qual procurará , que ſejao os mais neceſſitados , e que
com a eſmola , que ſe lhe fizer poſlao pagar o que devem , e lahir
da prizao.
Entregarſehaó dous mil cruzados ao Provedor , e Eſcrivao da
Meſa da Santa Miſericordia della Cidade , para que elles ſómente ,
ſem mais Irmãos da Meſa , os diſtribuað por peſſoas, allim homens
como mulheres , de boa vida , principalmente daquellas , que mais le
envergonha ) de pedir eſmola , e que por iſſo padecem mais neceíſi
dade.
Mando , que ſe dem oitocentos mil reis ao Hoſpital Rcal def
ta Cidade , para ſe empregarem em roupa para as cainas dos enfer
nios .
A’ Meſa dos Engeitados deixo quatrocentos mil reis para ſe
diſpenderem com a creaçað delles. H
14195 U
De
352 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
De vinte contos , que faó cincoenta mil cruzados , de que Sua Alte
za podia teftar , abatidos quatorze contos cento e noventa e cinco
mil reis , fica ) cinco contos e oitocentos e cinco mil reis , que he o
remanecente dos legados , que Sua Mageſtade , como Teftamenteiro ,
póde repartir , na forma das verbas do teſtamento , que a dianté vaố
tresladadas , ein que Sua Alteza declarou a ſua ultima vontade.,
Ultima verba do teftamento.
E por quanto
nað alcançaó'a todosdos
quantia eſtescincoenta
legados mil
, aſſim pios como
cruzados profanos,
, de que ElRey
meu Senhor , e pay , me fez merce para teſtar , mando , que todo o
reſto , que faltar até a dita quantia , ſe diſpenda em obras pias.
Convem a ſaber ; em eſmolas de Criados pobres , reſgate de cativos
caſamentos de orfans , e eſmolas de Conventos pobres , entre os
quaes quero , que entrem o de S. Roque deſta Cidade , ó Oratorio
de S. Filippe Neri , a Madre de Deos , e as Flamengas de Alcantara ,
e a diſtribuiçao deſtas eſmolas , e eſcolha das peſſoas , deixo no arbi
i
trio delRey meu Senhor , e pay.
Declarações , que fez Sua Alteza , depois do teſtamento , a reſpeito dos 3
Que folgaria Sua Alteza , que das eſinolas , que Sua Mageſta
de repartir , de a Maria de Jeſus alguma para ſer Freira.
Que dos dotes , que te derem ſe dê hum à Moça de Retrete.
Mendo de Foyos Pereira.
Tom. V Yy Alvard
11
354 Provas do Liv .VII. da Hiſtoria Genealogica
Alvará del Rey D. Pedro II. em que faz merce , como Governa
dor , e perpetuo Adminiſtrador da Ordem de Chriſto, ao Infun
te D. Franciſco , da Commenda mayor da Ega , da de Dor
nes , e Caſtello -Branco , da dita Ordein . Ejtá na Se
cretaria do meſmo Meſtrado.
. U EIRey como Governador , e perpetuo Adminiſtrador , que I
14
An. 1693.
fou do Meſtrado , Cavallaria , e Ordem , de Noſſo Senhor Jeſu
Chriſto. Façoſaber,'que euhey porbemfazer merce ao InfanteD.
Franciſco , meu muito amado , e prezado filho , da Commenda mayor
da Ega , e das de Dornes , e Caſtello -Branco , que eſtað vagas , e faó
da meſma Ordem , e mando , que dellas ſe lhe parlem os deſpachos
neceſſarios , de que lhe mandey paſſar o preſente Alvará , que lhe fa
rey cumprir , e guardar, e valerá como Carta , poſto que ſeu effeito
haja de durar mais de hum anno , fem embargo de qualquer Provi
ſao , ou Regimento em contrario , e ſe cumprirá ſendo paſſado pela
Chancellaria da Ordem . Antonio de Oliveira o fez em Lisboa aos 2
de Março de 1693. Antonio de Souſa de Carvalho o fez eſcrever.
REY.
Num.142 D Om Pedro , &c. Faço ſaber aos que eſta minha Carta de padrað
viren , que tendo conſideraçao à impoſſibilidade, com que ſe
An. 1695. acha o Reyno , para dar eſtado ao Infante D. Franciſco , meu mui
to amado , e prezado filho , a que ſou obrigado por direito natural,
e pedir a boa razaó , que eſta le comeſſe a formar , com anticipada
providencia , para que quando chegar o tempo tenha, fem grande op
preſſað do Reyno, e meus Vallallos , competente Caſadeſua gran
deza , e eſtado. Hey por bem , e me praz , que le aſſentem trinta
mil cruzados ao dito Infante D. Franciſco , meu muito amado , e
prezado filho , a labor : vinte na Alfandega deſta Cidade , e dez na
do Porto , que começará a vencer a ſua antiguidade , de 23 de Ju
nho deſte anno de mil ſeiſcentos noventa e cinco em diante que The
fiz eſta merce , pelo que mando aos Védores de minha fazenda lhes
façað a Tentar nos livros della , os ditos trinta mil cruzados , a levar
em cada hum anno , nas folhas do aſſentamento da Alfandega deſta
Cidade , e da do Porto , para nellas lhe ferem pagos , com antiguida
de dos ditos 23 de Junho deſte anno preſente , como dito he ; e
nað pagou novos direitos, por eu aſlin niandar , como conſtou por
certidao
da Caſa Real Portugueza. 355
certidaó dos Officiaes dos novos direitos , que foy rota ao aſſinar def
ta minha Carta de padraó, que por firmeza de tudo lhe mandey dar
por mim aſſinada , e ſellada coni : o Sello pendente , e no regiſto do
Decreto , por virtude do qual le paſſou eſte padrao , fe porá a verba
do contheudo nella.. Joao de Almeida a fez em Lisboa a vinte e dous
de Agoſto de mil feilcentos noventa e cinco. Tambem nað ha de pa
gar direitos velhos deſta merce , por eu aſſim o ordenar , por Decre
e
to de vinte e tres de Junho deſte anno. Martim Teixeira de Carva
lho a fez eſcrever.
1
ELREY.
1
O Marquez de Alegrete = Joao de Roxas e Azevedo. E
Pagou nada e aos Offciaes quinhentos e quatorze reis. Lif
boa trcs de Setembro de mil ſeiſcentos noventa e cinco, D. Fran
ciſco Maldonado.
1
Doaçað
'da Caſa Real Portugueza. 357
Doaçao delRey D. Pedro ao Infante D. Franciſco , das Lefirias
de Montalvao, Morroceira , e dos quintos das Villas de Póvos , e
Caſtanheira , e Senhorios das ditas Villas'; da de Cheliros , e ſeus
Padroados , e Mouchao do Eſplendia). Eſtá na Torre do Tom ,
bo , na Chancellaria do dito Rey , no livro , que principia ein
1703 , pag. 150 verf.
Ona Catharina por graça de Deos RainhadeInglaterra , Eſco- Num. 144
. .
te deſtes Reynos , e Senhorios , por iinpedimento de meu irmao 0
Senhor Rey D. Pedro , &c. Faço ſaber aos que eſta minha Carta vis
rem , que por parte do Infante D. Franciſco , meu muito amado , e
muito prezado ſobrinho , me foy apreſentado hum Decreto do dito
Senhor Rey neurmaó , cujo theor he o ſeguinte. Tendo conſide
raçað a que como Rey , e pay , ſou obrigado a dar ſuſtentaçao , e
3 Cåſa, aos filhos , que Deos por ſua miſericordia me concedeo , e ac
creſcentar meus deſcendentes , para conſervaçao , e defenſa da Coroa ,
procurando que vivao no Reyno , e tenhað nelle Caſas , e estado
3 competente à ſua grandeza , é muitos ſucceſſores 7 em que mais ſe
per petue, e dilate o langue Real , en que tanto conſiſte o explen
dor do Revno , e a uniao com os eſtranlios ; e attendendo a que o
Infante D. Franciſco , meu muito amado , e prezado filho , me fabe
.. rá ſervir o, e merecer ,o a mim , e ao Principe , me u ſobre todos mui
to amad e 'prezad filho , e a meus ſucceſſores na Coroa deſte
Reyno , toda a merce , e honra , que lhe fizer ; hey por bem de lhe
fazer doaçað , como por eſte Decreto lhe faço , das Lefirias de Mon
talvaó , Morraceira , e dos quintos das Villas de Póvos , e Caſtanhei
ra , e Senhorios das ditas Villas , e da de Cheleiros , é dos Padroa
dos , de todas as Igrejas , de que tinha doaçað , e eſtava de poſle a
Condeſſa da Caſtanheira D. Anna de Ataide ; por cujo falecimento
eftes , e outros bens vagarao para a Coroa , e todos , como ſe de ca
da hum delles fizera elpecial mençaó , lou ſervido , que ſe compre
120
hendað neſta doaçað , e do meſmo modo lhe faço merce , e doaçao
IS de Mouchaó , chamado do Eſplendiaó , com o que lhe tiver accreſci
)
do , e novamente lhes accreſcer , o qual vagou para a Coroa , por fa
10. lcciniento de Martha Maria Della ; e eſta doaçao lhe faço dos ditos
bens , e rendimentos , que dellas eſtiverem vencidos , de juro , e her
lt'
dade', para ſempre , e coin a meſma natureza , condições , juriſdic
ções , e prerogativas, com que ElRey meu Senhor , e pay , que fan
ta gloria haja , me fez doaçao da Caſa do Infantado , por Carta de
padrao feita em onze de Agoſto de mil e ſeiſcentos cincoenta e qua
tro , as quaes hey aqui por expreſſas , e declaradas , como parte inte
grante , é eſſencial deſta doaçað , de que ſe nað pagaráð novos direi
tos , nem velhos , na Chancellaria , pelo ter aſlim reſolvido , e ha
ver por bem ; e mando , que pelas partes a que tocað , ſe lhe paſſem
os deſpachos neceſſarios. " Lisboa ſeis de Junho de mil e ſetecentos
e cin
358 Provas do Liv . VII. da Hiſtoria Genealogica
e cinco , com rubrica de Sua Mageftade. Pedindome o dito Infantę
meu ſobrinho , como Regente , que fou deſte Reyno , lhe mandaſſe
paſſar Carta de padrao deſta doaçað , ná fórma do eſtylo , para que
ella tenha toda a legalidade , e firmeza neceſſaria ; e eſtimando eu
muito particularmente
a reſoluçao delRey meu irmað , accreſcentar a
Cafa, e eſtado do Infante , como pede o grande amor , e affeiçao ,
que lhe tenho , lhe mandey paſſar eſta Carta de doaçaó , de todos os
ditos bens contheudos no Decreto acima incorporado , com todos os
Padroados , juriſdicções , prerogativas , e privilegios nelle declarados,
a qual vay aſſinada por mim , é ſerá pallada pela Chancellaria , e
ſellada com o Sello pendente das Armas Reaes deſte Reyno ; e nao
pagou novos direitos , nem pagará direitos velhos , pelos nað dever,
como ſe diſpoem no Decreto acima inferto. Dado na Cidade de Lil
boa aos vinte e oito do mez de Julho. Antonio Rodrigues da Col
ta a fez anno do Naſcimento de Noſſo Senhor Jeſu Chriſto de mil
e ſetecentos e cinco. D. Thomás de Almeida o Tobeſcreveo.
A RAINHA .
deſte , ?
360 Provas do Liv. V II.da Hiſtoria Genealogica
deſte', às Juntas dos Tres Eſtados , e Caſa de Bragança ; diſpenſando
como Rey na Ley , que prohibe a hypotheca , ou alheaçaõ dos bens
da Coroa ; e o dinheiro procedido da venda deſtes juros, ſe ha de
entregar a Alexandre da Coſta Pinheiro , Theſoureiro das deſpezas
extraordinarias do Exercito , e com conhecimento em fórma de lua
receita , aſſinado por elle , ſe paſſaráð padroens as partes , conforme
as entregas , que lhe tiveren feito ; e para que venha à noticia de
todos eſta minha reſoluçað , ſe publicará por Editaes neſta Cidade ,
e Comarcas do Reyno ,'expedindo -ſe para eſte effeito as ordens ne
ceſſarias para os Provedores della : o Conſelho da Fazenda o tenha
allim entendido , e neſta conformidade o faça executar. Lisboa oito
de Janeiro de mil e ſetecentos e quatro.
REY .
1
Bartholomeu de Souſa Mexia , do meu Conſelho , e meu Se
cretario da Aſſinatura , ordene a Franciſco Ferreira Nobre , Theſou
reiro do Inventario dos bens , que ficara ) da Rainha da Gráa Breta
nha , minha muito amada irmáa , que eſtá em gloria , que todo o di
nheiro , que reſtar de ſeu recebimento , depois de ſatisfeitos os lega
dos , é mais encargos do teftamento , ſe entregue a Miguel Diogo
da Gama , Theſoureiro môr dos Tres Eſtados , para compra de juro,
dos que mandey vender para as deſpezas da guerra , e o que reſultar
della compra hey por bem fe applique para a conſervaçao da Capel
la dos Paços da Bempoſta , de que ſe tirará padrað neſta conformis
dade. Alcantara vinte e cinco de Fevereiro de mil e ſetecentos e feis ,
ELREY.
ELREY
livro quarto , titulo dez , que prohibe a ce Tað das couſas litigioſas,
para que ſem embargo della tenha feu devido effeito eſta doaçao
cellaó de direito ; e por firmeza de tudo o que dito he ,lhe mandey
dar eſta Carta por mim aſſinada , pafada pela Charicellaria , e ſellada
com o Sello pendente de minhas Armas ; e nao pagou novos direi
tos , nem pagará direitos velhos , pelos nao dever. Dada neſta Ci
dade de Lisboa aos 10 dias do mez de Fevereiro. Jorge Monteiro
Bravo à fez , anno do Naſcimento de Noito Senhor Jeſu Chriſto de
1708. Diogo de Mendoça Corte-Real a fiz eſcrever.
ELREY .
Doaçao
da Caſa Real Portugueza. 369
Sale
nem
Doaçaõ de huma tença de 9oU reis, ao Infante D.Franciſco ,de
juro , e herdade , no Almoxarifado de Cintra . Ellá na Chan.
mil cellaria , no livro , que principia anno 1706 , pog . 37. ,
a do Eliado do Infant
nhecimento do dito Procurador da FazendAaa ado,
mando
Tom . V.
1
1
370 Provas de Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
mando aos Contadores de minha Caſa levem em conta ao dito Exe
cutor , o que The aſſim pagar cada anno 9 e aos Védores de ininha fa
zenda lhe façaó aſſentar nos livros della eſtes noventa mil reis de ju
ro e deſpachar cada anno na folha do meu aſſentamento do meſmo
Almoxarifado de Cintra , para nelle lhe ſerem pagos , como dito he,
por quanto o aſſento , que dos ditos noventa mil reis de juro eſta
vað no livro deminha fazenda em nome da dita D. Anna de A taide
e Caſtro , que foy Condeſſa da Caſtanheira , e aſſim o regiſto da ul
tima poſtilla do padrað delles dos livros da Chancellaria ,que já ef
tavao na Torre do Tombo , fe riſcaraó , e pozerać nelle verbas do
contheudo neſta , como ſe vio por certidoens dos Officiaes a que
pertencia) as taes verbas , as quaes certidoens ſe romperaó ao aſſinar
deſta poſtilla , que hey por bem valha como Carta feita em meu no
me ſem embargo da Ordenaçao em contrario e nao pague novos
direitos , nem pagará direitos velhos , pelos nað dever , como ſe dil
poem no Decreto inſerto , na Carta de doaçað referida. Miguel de
Abreu e Freitas , o fez em Lisboa a quatro de Abril de mil e fete
centos e ſete. Jeronymo da Nobrega de Azevedo.
ſentar nos livros della eftes cento e quatorze mil e oitocentos reis
de de juro , e deſpachar cada anno na folha do meu aſſentamento do
Ele meſmo Almoxarifado de Cintra , para nelle lhe ſerem pagos , como
dito he ; por quanto o aſſento , que dos ditos cento e quatorze mil
ins e oitocentos reis de juro eſtava no livro de minha fazenda em nome
REI da dira D. Anna de Ataide e Caſtro , que foy Condeila da Caſtanhei
ra و
e aſſim o regiſto da ultima poſtilla do padrao delles dos livros
FR da Chancellaria , que já eſtavaň na Torre do Tombo , ſe riſcara ) , e
la, pozera) nelles verbas do contheudo neſta , como ſe vio por certi
de doeus dos Officiaes a que pertencia pôr as tacs verbas , as quaes cer
10 tidoens ſe romperað ao affinar deſta poftilla , que hey por bem valha ,
como Carta feita em meu nome ſem embargo da Ordenaçao em
contrario ; e nao pagou novos direitos n
, em pagará direitos velhos,
pelos nao dever , como ſe diſpoem no Decreto inſerto , na Carta de
doaçað referida. Miguel de Abreu de Freitas o fez cm Lisboa a
11.
quatro de Abril de mil e ſetecentos e fete. Sebaſtiao da Gama Lo
bo o fiz eſcrever.
ELREY.
les
10. O Conde da Caſtanheira = Joað de Andrade Leitað. =
to
Pagou nada por ſer do Senhor Infante D. Franciſco , e aos Of
his ficiaes mil e cento e vinte reis. Lisboa doze de Mayo de mil e fe
tecentos e ſete. Jeronymo da Nobrega de Azevedo.
- Tom . V. Aaa ii Alvará
ܕ
372 Provas do Liv. V II.da Hiftoria Genealogica
ta
Alvará delRey D. Pedro 11. em quefaz merce à Caſa do Infan da
n
tado de 458U750 reis de tença , na Alfandega do Porto
9
Eſtá na Torre do Tombo , no livro dos Oficios, e merces
do dito Rey , que principia em 1684 , pag . 142.
Dit.n.147 E! Encyfaçoifaber aos que elte Alvarávirem , queeu fiz mer 1
An. 1685. filha, de ſeis contos cento e cincoenta mil reis ein cada hum anno , t.
qué lhe fiz doaçao ; e porque as rendas da dita Caſa , pelos encar C
gos , que tem , naó baſtavaó para prefazer o dito computo de cem
mil cruzados , ficarað tambem pertencendo à Infanta os dez mil cru
zados , que pelo padrað referido de cinco de Mayo de ſeiſce ntos oi
tenta é hum tem na Alfandega do Porto ficando extinctos os tres
contos de reis , que por elle , e outro ſim tinha no rendimento do
tabaco , da addiçao , e padrao de ſeis contos cento e cincoenta mil
reis , lhe ficava pertencendo dous contos novecentos oitenta e dous
mil ſeiſcentos oitenta e cinco reis , e os tres contos cento ſeſſenta e
ſete mil duzentos e vinte e oito reis , que reſtað , mandey ſe entre
gaſſem ao Theſoureiro do novo direito da Chancellaria , para os co
brar cada anno , em quanto duraſſe o encargo de ſe pagar à Infanta,
pelo tal direito novo , as quantias , que faltaſſem para fe prefazerem
cada anno os ditos cem mil cruzados, e por quanto ultimamente fiz
merce à Infanta das Commendas mayor da Ega , a de Dornes ,e a de
Caſtellobranco , que lograva a Caſa do Infantado , na quantia de qua
tro contos e cincoenta e oito mil ſetecentos e cincoenta reis , com
declaraçao , que eſta meſma quantia ſe diminuiſſe das tenças referidas
para a cobrar a Caſado Infantado , em ſatisfaçað , do que rendiaóas
ditas Commendas, aſſim , e da maneira , que à tinha , e vencia a In
fanta , com a meſina antiguidade, e clauſula , de fe haver pelo ren
dimento dos direitos novos da Chancellaria , por todo o tempo , que
nað tiver cabimento na dita Alfandega > como mandey declarar ao
Conſelho da minha fazenda , por Decreto de vinte de junho de feiſ
centos oitenta e quatro , e fe contém ein outro eſcrito de treze do
meſmo mez , e anno , que mandey à Junta , e Caſa do Infantado , e
1
ſe aprelentou no dito Conſelho , que tudo houve viſta o Procurador
de ininha fazenda , hey por bem , e me praz , que a Caſa do Infan
tado tenha em cada hum anno quatrocentos cincoenta e oito mil ſe
tecentos
da Caſa Real Portugueza. 373
tecentos e cincoenta reis , que he o que rendiaõ as ditas Commen
das , de que fiz merce à Infanta , os quaes lhe ſerað pagos no rendi
mento da Alfandega da Cidade do Porto , diminuindo-ſe das tenças,
que nella tem a Infanta , para que ſe cobre com a meſma antiguida
de e clauſula de ſe haver pelo rendimento dos direitos novos da
Chancellaria , por todo o tempo , que nað tiver cabimento na dita
Alfandega , pelo que mando aos Védores de minha fazenda lhe fa
çað allentar nos livros della os ditos quatrocentos e cincoenta e oito
mil fetecentos e cincoenta reis , e levar cada anno na folha do aſſen
tamento da Alfandega do Porto , para ſerem pagos à Caſa do Infan
tado como dito he , e conſtandolhe primeiro por certidoens nas
coſtas deſte , de como nos aſſentos das ditas tenças , e nos proprios
padroens da Infanta , em ſeus regiſtos , nos livros de minha Chancel
faria , e fazenda , ſe pozerað verbas do contheudo neſte Alvará , e
outra tal verba ſe porá no regiſto do dito Decreto de vinte de Junho
de ſeiſcentos oitenta e quatro , com que ſe cumprirá inteiramente,
e valerá como Carta , poſto que ſeu effeito haja de durar mais de
hum anno , fem embargo da Ordenaçað ein contrario. Franciſco Pe-.
reira a fez em Lisboa a vinte e oitode Julho de ſeiſcentos oitenta e
cinco annos. Martim Teixeira de Carvalho o fez eſcrever.
REY.
para lhe pagar todos os annos o juro , com que ella ha de ſatisfazer P
as peſſoas, que o comprarem ; e outro ſim poderá a Caſa do Infan t
tado , todas as vezes , que tiver cabedal , dar à Caſa de Bragança o 1
que baſtar para o diſtrato do dito juro em todo , a cada huma das
peſſoas , que o comprarem , com declaraçaó , que havendo algumas ,
que agora de preſente queira ) comprar na dita Caſa do Infantado 2
antes que na de Bragança , lhe concedo para iſſo licença , em tal (
Em
da Caſa Real Portugueza. 375
Em virtude do qual , e do Decreto , que ſobre eſte particular
mandey à Caſa de Bragança , cuja copia he a ſeguinte. Pelo Decre
to cuja copia ſerá com efte , verá a Junta da Caſa de Bragança o que
tenho ordenado ſobre a compra do Reguengo de Vallada , e venda
dos juros, que para ſe haverem os ceni mil cruzados , que cuſta , ſe
haó de tomar ; e porque o Theſoureiro Bento da Cunha Malheiro
ha de buſcar , e contratar com as peſſoas , que comprarem o dito ju
ro , lhe mandará paſſar a Junta o deſpacho neceſſario , e ao Procura
dor da Fazenda Alvará para celebrar as Efcrituras , com declaraçao ,
que o dito juro ſerá ao menos de cinco por cento , à condiçaõ de re
tro , na forma ordinaria , e as clauſulas coſtumadas ; e havendo algu
mas peſſoas , que o queira) a quatro e meyo por cento , terað a pre
rogativa de ſerem as ultimas a que ſe diſtrate. A Junta o tenha af
fim entendido , e o mande dar à execuçao na parte , que lhe toca.
Ein Lisboa a quatorze de Junho de mil e ſeiſcentos oitenta e oito.
A rubrica de Sua Mageſtade. E por quanto o Theſoureiro da dita
Caſa de Bragança , Bento da Cunha Malheiro , no dito Decreto no
meado buſcou , e contratou com as peſſoas ſeguintes , para a cada
huma dellas vender ſobre as dizimas doPeſcado deſta Cidade, per
tencente à Caſa de Bragança , a quantia do juro , que a cada huma
dellas abaixo vay declarado , a ſaber : A Sylverio da Sylva da Fonſe
ca , hum conto de reis , a quatro e meyo por cento , cujo principal
importou vinte e dous contos duzentos e vinte e dous mil duzentos
e vinte reis ; a Joſeph Franciſco , vinte mil reis , a quatro e meyo
por cento , que importou quatrocentos e quarenta e quatro mil qua
trocentos e cincoenta reis ; ao Padre Antonio da Galla , quinze mil
reis , a cinco por cento , que importou em trezentos mil reis ;; a D.
Cecilia Maria de Menezes e Sylva , duzentos quarenta e tres mil reis,
a quatro e meyo por cento , que importa cinco contos e quatrocen
tos mil reis ; ao Padre Manoel da Sylva , quinze milreis , a cinco por
cento , que importou trezentos mil reis ; ao Padre Antonio de Atai
de , doze mil e quinhentos reis , a cinco por cento , que importou
duzentos e cincoenta mil reis ; ao Padre Bartholomeu de Quental ,
quinze mil reis , a cinco por cento , que importou trezentos mil reis;
à Antonio Lobó da Cunha , oitenta mil reis , a quatro e meyo poi
cento , que importou hum conto ſetecentos ſetenta e ſete mil e oito
centos reis ; a D. Luiz Balthafar da Sylveira , quarenta e quatro mil
e cem reis, a quatro e meyo por cento , que importou novecentos e
oitenta mil reis em que ſe ajuſta a quantia de irinta e dous contos
duzentos ſetenta e quatro mil quatrocentos e ſetenta reis , que im
porta o principal deſtes juros , pelos cinco e quatro e meyo por cen
to ,
em cada huma deftas addições declarado ; e para ſe celebrarein
e outorgarem as Eſcrituras do dito juro , para com o ſeu principal
ir o dito Theſoureiro Bento da Cunha, ſatisfazendo os cem mil cruza
dos , preço da venda do dito Reguengo de Vallada , mandey pallar
Alvará de poder pela Junta da Caſa do Infantado , ao Deſembarga
dor Bento Teixeira de Saldanha , Procurador da Fazenda delle , para
outorga nas ditas Eſcrituras , e ſe obrigar pela fazenda da metina Ca
ſa
376 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
ſa do Infantado , aos que ſe venderem na Caſa de Bragança , até a
quantia dos ditos cem mil cruzados , como ſe declarava no dito Alva
rá, cujo theor he o ſeguinte. Eu ElRey como Senhor da Cala , e
Eſtado do Infantado , faço ſaber aos que eſte Alvará virem, que eu
fuy ſervido reſolver , que ſe tomaſſe para o dito Efado o Reguengo
deVallada , que eſtava incorporado na Coroa , e mandey vender com
pacto de retro aberto , e ſem limitaçao de tempo , para as neceſſida
des preſentes do Reyno , em preço de cem mil cruzados , os quaes
fe haó de tomar a juro na dita Caſa do Infantado , ou na de Bra
gança , conforme mais convier a cada huma das partes , com deciara
çaó , que vendendo ſe na Caſa de Bragança todo , cu parte delle , lhe TE
ficará a Caſa do Infantado obrigada em toda a ſua fazenda , eſpecial
mente a do Reguengo , até pagar os intereſſes , e juros, com que a
de Bragança ha de contribuir as partes , e outro ſim a diftratar à ſua f
cuſta o dito juro , todas as vezes , que para iſſo houver cabedal ; e
por quanto Sylverio da Sylva da Fonſeca , tem já entregue vinte e
dous contos duzentos e vinte e dous mil duzentos e vinte reis , que d
he o principal de hum conto de reis a quatro e meyo por cento , B
que tem contratado comprar na dizima do Peſcado deſta Cidade de da
Lisboa , pertencentes à Caſa de Bragança , com a clauſula , de que ji
nað fómente as rendas della , mas tambem as da do Infantado , e as
ça
do meſmo Reguengo , lhes fiquem obrigadas. Hey por bem dar po to
der ao Deſembargador Bento Teixeira de Saldanha , Procurador da fc
Fazenda da dita Caſa do Infantado , nað fómente para outorgar nas do
Eſcrituras da venda dos juros , que os que as partes nella quizerem
comprar , mas tambem para ſe obrigar nos que ſe venderein até a
F
dita quantia de cem mil cruzados, na dita Caſa de Bragança , pelos 1
bens da do Infantado , na fórma referida , e outro fim para outorgar
1
na do dito Sylverio da Sylva , como acima ſe declara terem tratado, 1
e com clauſula , que por comprar a quatro e meyo por cento , naó (
ſeja obrigado a diftratar ſenað ein ultimo lugar , nos que ſe diftrata t
rem na dita quantia de cem mil cruzados , que agora le toniaõ , e a. (
meſma clauſula ſe irá pondo aos que no meſmo preço os quizerem .
(
aceitar conforme o tempo , porque as partes forem comprando ,, e o
C
que pelo dito Deſembargador neſta materia for feito , hey deſde logo.
por lirme, e valiofo , e mando , que ſe cumpra inteiramente para o ſi
C
qual lhe deu todos os poderes, que em direito forem neceſarios pa
ra mayor firmeza , e ſegurança do dito contrato , e eſte nað paſſará jí
pela Chancellaria. Franciſco Rebello a fez em Lisboa aos vinte e
tres de Junho de mil e ſeiſcentos oitenta e oito. Manoel Palha Lei 1
taó a fez eſcrever.
REY. 1
porque confie lhe fica carregado em receita a quantia , que cada peſ
ica receber , que ſe incorporará na Eſcritura , com declaraçað , que o
tal juro ſerá ao menos de cinco por cento , e condiçaõ de retro , na
férira ordinaria , e com as clauſulas cof urradas, e todas as mais ,
que lle parecerem convenientes , e neceſſarias para ſegurança das par
tes ; e liavendo peſſoas , que o queira ) aceitar a quatro e meyo por
cento , tcraó a prerogativa de terem as ultimas a que ſe diſtratein
quando ſe tratar do deſempenho deſta quantia , que agora ſe vende,
conforme a ordem , com que as partes o forem dando , obrigando à
ſatisfaçað delle todas as rendas da dita Caſa, e de Bragança , e em
cfpecial hypotheca o rendimento do Almoxarifado , em que o dito
juro foy contratado , e ao Eſtado de Bragança ficará obrigada toda a
fazenda da Caſa do Infantado , e em eſpecial o dito Reguengo , af
fim para lhe contribuir todos os annos com os redditos , que ſe pa
garem às partes , coiro para fazer à fua cuſta os diftratos deſta impor
tancia , e o que pelo dito André Lopes de Oliveira neſte caſo for
feito na fórma deite Alvará , havcrey por bem , firme , e valioſo ,
porque para iſſo lhe dou inteiro , c cumprido poder , mandado geral,
e eipecial. Antonio Coelho de Carvalho o fez en Lisboa aos vinte
e cinco de Junho de mil e ſeiſcentos oitenta e oito. Manoel de Sal
dapha Tavares o fez eſcrever.
REY.
Tom . V. Bbb E por
378 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
E por me repreſentar o dito Procurador da Fazenda do Eſtado
de Bragança , por ſua petiçao , que por eſtarem feitas as ditas ven
das , e os padroens pallados dos juros nelles declarados , aſſentados
nos Almoxarifados das ditas dizimas , que para ſegurança da fazenda
da meſma Caſa , na forma de minhas ordens ſe devia cobrar outra
tanta quantia cada anno do Theſoureiro da Caſa do Infantado , por
onde ſe cobra o rendimento do Reguengo de Vallada , o qual ſe
comprou com o principal deſtes juros, para com elle ficar ſatisfeita a
meſma Caſa de Bragança , da obrigaçað delles , a que a do Infantado
eſtá primeiro obrigada ", para o que era neceſſariopaſſaſſe padrað da
dita quantia à Cala de Bragança , ſobre os bens da do Infantado , e
que o feu Theſoureiro a entregue cada anno ao da Caſa de Bragan
ça , ou Almoxarife das ditas dizimas , e ſe pagarem os ditos juros ,
que haó de ir na folha daquelle Almoxarifado , aos quaes ficaráð ſem
pre obrigadas todas as rendas da Caſa do Infantado , e o rendimento
do meſmo Reguengo , para com o dito padrað ſe fazer aſſentamento 1
bi
2
O
tos , de que ſe faz mençaó , que tudo com eſta me foy apreſentado,
e repoſta do Procurador da Fazenda , da Caſa , e Eſtado do Infanta
.
do , a quem foy dado viſta. Hey por bem , é me praz de lhe man
dar parlar a preſente Carta de padrað , pela qual pertencem à dita
Caſa de Bragança , os ditos hum conto quatrocentos cincoenta e 110
ve mil ſeiſcentos reis de juro , em cada hum anno , com pacto , e con t
ELREY.
Num . 149 Guarda môr da Torre do Tombo mandará lançar nos livros do P
Regiſto della , a declaraçao , que fiz de minha letra , e final, em
An. 1695. o primeiro de Março de 1679 , para que em todo o tempoconſtafle, L
que D. Luiza , que mandava crear em Caſa de Franciſco Correa de L
Lacerda , era minha muito amada , e prezada filha , como tambem a
certidaó do Duque , meu muito amado e prezadó ſobrinho , e de
Franciſco Correa de Lacerda , meu Secretario de Eſtado , que a ef
creveo ', e a do Prior da Igreja Parochial de S. Nicolao Domingos do d
Valle , que a bautizou , ambas reconhecidas pelo Tabelliaó Domin te
gos de Barros , e a Eſcritura de dote , que ſe fez no caſamento da li
meſma minha muito amada , e prezada filha D. Luiza , com o Duque a
D. Luiz Ambroſio de Mello , meu muito amado , é prezado ſobri he
nho , para que em todo o tempo conſe como ſempre a conheci , e а
eftimey por minha filha , deſde o feu naſcimento , e que como tal a d.
mandey crear ; e fique eſte irrefragavel , e perpetuo teſtemunho da na
A declaraçao Origi. Declaro , que houve huma filha de mulher donzella e limpa>
nal eſtá no Archivo de ſangue , à qual ordeney charaffem D. Luiza , e a inandey crear
do Duque , em hum
livro , que temo em caſa de Franciſco Correa de Lacerda , quero , que em todo o tem
que pertence à filia- po conſte , que a referida he minha filha , e a effe fim fiz eſta decla {
1:
382 Provas do Liv. VII. da Hiſtoria Genealogica
qual eſtá na Torre do Tombo , com os ſobreditos papeis , &c. e foy
paſſada em Lisboa a 13 de Outubro de 1695 .
O dito Miguel Carvalho Maſcarenhas , foy Freire profeſſo da
Ordem de Santiago , onde ſendo lidas , e approvadas as luas Inqui
rições , eſtá no fim da Inquiriçaó de genere eſta verba ſeguinte : Forað
lidas em Capitulo , nao houve duvida , e as achara ) correntes. Con
vento 31 de Outubro de 1692.
PROVAS
383
For
PRO VAS
26
2012
DO LIVRO VIII.
DA
HISTORIA
GENEALOGICA
D A
1
CASA REAL
PORTUGUEZA.
1
aveis de aver para que los tengais de mi en cada un año por juro de
heredad para vos y para vueſtros herederos , y ſucceſſores por via de
mayoradgo , conforme a lo contenido en el dicho mi Albala que fu
ſo vá incorporado con los llamamientos y ſegun que en el fe contie
ne para fiempre ja mas ſituados en las rentas de las Alcavalas , de ci
Tom . V. Сcc ertas
386 Provas do Liv. VIII. da Hiſtoria Genealogica
ertas Villas y Lugares que ſon en las merindades de Caſtro Xeris y
Cerrato , y Monfon , y Carrion y del Partido de la Villa de Carrion
y ſu Alfoz y en ciertas rentas de las Alcavalas de la Villa de Saagun
donde los quereis tomar y ſituar en eſta manera en las Alcavalas de
ciertas Villas y Lugares de la dicha merindad de Caſtro Xeris duzien
tos y treinta inil maravedis , en eſta manera , en las Alcavalas delan
tadilla ciento y treinta mil maravedis , y en las Alcavalas de Voba
dilla del camino cien mil maravedis que ſon los dichos duzientos y
treinta mil maravedis y en las Alcavalas de ciertas Villas y Lugares
de la dicha merindad de Cerrato , duzientos y quarenta mil marave
dis en eſta manera , en las Alcavalas de Torquemada ciento y qua
renta mil maravedis , en las Alcavalas de Tertoles cinquenta mil ma
ravedis , en las Alcavalas de Villa Viudas cinquenta mil maravedis ,
que ſon los dichos duzientos y quarenta mil maravedis , y en las Al
cavalas de ciertas Villas y Lugares de la dicha merindad de Monçon
duzientos y cinquenta mil maravedis , en eſta manera , en las Alca
valas de Tamara cien mil maravedis , en las Alcavalas Deſpinoſa de
Villa Gonçalo cinquenta mil maravedis , en las Alcavalas de Villa
Serracino treinta mil maravedis en las Alcavalas de Villa Marcilla
treinta mil maravedis , en las Alcavalas de Villa Herreros quarenta
mil maravedis , que ſon los dichos duzientos y cinquenta mil mara
vedis , y en las Alcavalas de ciertas Villas y Lugares de la dicha me
rindad de Carreon duzientos y dies mil maravedis en eſta manera ,
en las Alcavalas de Ciſneros cien mil maravedis , en las Alcavalas de
Vobadilla de Rio Seco cinquenta mil maravedis , en las Alcavalas de
ſon los dichos du
Cerbatos de la Cueva ſeſſenta mil maravedis que de
zientos y dies mil maravedis , y en las Alcavalas ciertas Villas у
Lugares del partido de la dicha Villa de Carrion y ſu Alfoz duzien
tos y treinta mil maravedis en eſta manera : en las Alcavalas de
Carrion treinta mil maravedis , en las Alcavalas de Baillo treinta mil
maravedis , en las Alcavalas de Rebenga treinta mil maravedis , en
las Alcavalas de Guardo treinta mil maravedis, en las Alcavalas de
Villa Muera y Villolvido como anda en renta treinta mil maravedis
en las Alcavalas de Calcada treinta mil maravedis , en las Alcavalas
de Villa Nueba de los Nabos dies mil maravedis , en las Alcavalas de
Villa Nueva del Rio veinte mil maravedis , en las Alcavalas de Vil
la Moronta dies mil maravedis , en las Alcavalas de San Mames dies
mil maravedis que ſon los dichos duzientos y treinta mil maravedis,
y en ciertas rentas de las Alcavalas de la dicha Villa de Saagun du
zientos mil maravedis en eſta manera : en el Alcavala de la Carne cin
quenta mil maravedis , en el Alcavala del Vino cinquenta mil mara
vedis , en el Alcavala de las Heredades cinquenta mil maravedis , en
el Alcavala del Peſcado cinquenta mil maravedis que ſon los dichos
duzientos mil maravedis. Y cumplidos los dichos un quento y tre
zientos y ſeſſenta mil maravedis , para que los arrendadores y fieles
y cogedores de las dichas rentas , y las otras perſonas que las cobra
ren os los paguen el año venidero de mil quinientos y noventa y
tres deſde primero de Henero del por los tercios del y dende en a
delante
da Caſa Real Portugueza. 387
delante por los tercios de cada un año para ſiempre ja mas o haſta
que ſe quite el dicho juro como dicho es , y ſi algunos años no cu
pieren los dichos un quento y trezientos y feſlenta mil maravedis en
las Alcavalas de las dichas Villas y Lugares y rentas fuſo declaradas
que mis arrendadores y Recaudadores mayores teſoreros y Recepto
res que fueren de las rentas de las Alcavalas de las dichas merindades
de Caſtro Xeris y Cerrato , y Monſon , y Carrion y de las dichas
Villas de Carrion Saagun y ſus tierras y partidos y alfoz os paguen
de ſu cargo por mayor lo que no cupiere en las dichas rentas los
años que no cupiere cada uno lo que entra en ſu partido ; y porque
por mis libros de mercedes de Juro de Heredad parece que eſta en
ellos alentado el dicho mi Albala que ſuſo vá incorporado y que el
Original queda en poder de mis contadores de mercedes , y que por
lo en el contenido no le os deſconto el dieſmo que pertenece a la
chancilleria que yo avia de aver conforme a la Ordenança yo el ſo
bre dicho Rey don Phelipe tubelo por bien y confirmo y apruevo
el dicho mi Albala que ſuío vá incorporado y todo lo en el conteni
do y tengo por bien y es mi merced que Vos el dicho Don Duarte
mi ſobrino marques de frechilla tengais de mi en cada un año los di
chos un quento trezientos y feſlenta mil maravedis que por virtud del
aveis de aver por juro de heredad para vos y para vueſtros herederos
y ſucceſſores por via de niayoradgo conforme a lo contenido en el
dicho mi Albala que ſuſo incorporado vá con los llamamientos ſe
gun que en el ſe contiene para ſiempre ja mas ſituados en las Alcava
las de las dichas Villas y Lugares y rentas fuſo declarados y con los
vinculos y gravamenes llamamientos y condiciones ſegun y de la ma
nera que en el dicho mi Albala ſuſo incorporado y en eſta mi Car .
inte y quatro del dicho , y otros dies mil maravedis para deſde pri
mero de Agoſto del dicho año y cinquenta y dos mil y quinientos
maravedis para deſde ſiete del dicho y ciento y cinquenta mil mara
vedis para deſde quatro de Septiembre y dies y ſiete mil quatrocien
tos y quarenta y ocho maravedis para deſde nueve de hebrero delle
preſente año de mil y ſeiſcientos y quatro y los ochenta y quatro niil i
1
maravedis reſtantes para deſde quatorze del dicho Hebrero. Y ago
ra por parte de don Duarte marques de frechilla me ha ſido hecha
relacion que tiene por una ini Carta de privillegio de treze de otu
bre
392 Provas do Liv . VIII. da Hiſtoria Genealogica
bre del año paſſado de mil quinientos y noventa y dos un quento
trezientos y felfenta mil maravedis de Juro perpetuo los duzientos y
treinta mil maravedis en la merindad de Caſtro Xeris y duzientos y
cinquenta mil maravedis en las de Monſon , duzientos y dies mil ma
ravedis en la de Carrion , duzientos y treinta mil maravedis en las
del partido de la dicha Villa de Carrion y ſu Alfoz , y duzientos
mil maravedis en el partido de Saagun , y los duzientos y quarenta
mil maravedis reſtantes en ella merindad de Cerrato por mayor y
por menor en eſta manera : en las Alcavalas de Torquemada ciento
y quarenta mil maravedis , en las Alcavalas de Tortoles cinquenta mil
maravedis , en las Alcavalas de Villa Viudas los cinquenta mil mara
vedis reſtantes , a cumplimento de los dichos duzientos y quarenta
mil maravedis los quales dexavan de caber en la dicha merindad por
averſſe adjudicado al dicho Duque conforme a la dicha recompenſa
los lugares que a delante yran declarados con todas ſus rentas en ef
ta manera : Hermedes Royvela , torre , Sandino tortoles , tordeheles ,
tordepadre , atento a lo qual ya que ſean deſempeñado y conſumi
do en mis libros los dichos trezientos y ſeſlenta y un mil quatroei
entos y quarenta y ocho maravedis de juros de a quatorze mil el mil
lar de los mas antiguos ſituados en la dicha merindad para que los
de mas ſituados quedaflen en los lugares , y antelaciones, que tienen
me fuplico fuelle ſervido de mandarle dar mi Carta para que de aqui
a delante ſe les pagualen los corridos y corrieſſen de los dichos du
zientos y quarenta mil maravedis del dicho vueſtro cargo como antes
ſe hazia no embargante que los cinquenta mil maravedis eſten ſituados
en la Villa de Tortoles que toca a la dicha recompenſa o como la
mi merced fueſe lo qual viſto por el preſidente y los del dicho mi
Conſejo de hazienda y contadoria mayor della , y que por mis libros
de Relaciones parece lo fuſo dicho y que por la quenta que bizie
ron mis Contadores de Relaciones parece que conforme a los dichos
dias que ſe deſempeñaron los dichos Juros de a quatorze viene a ſer
dia fixo deſde quando an de quedar fituados todos los Juros deſta
dicha merindad como antes elavan deſde nueve del mes de Otubre
del año paſlado de mil y ſeiſcientos y tres incluſible fue acordado ſe
Jieſte eſta mi Carta , y yo tubelo por bien y os inando a vos el di
cho franciſco de Ciſneros liorri que luego que con ella feays reque
rido deis y pagueis al dicho Don Duarte marques de frechilla o à
quien fu poder huviere cinquenta y cinco mil y duzientos y treinta
y dos maravedis que monta la rata ' delde el dicho dia nueve del mes
de Otubre de mil y ſeiſcientos y tres baſta fin de deziembre del de
los dichos duzientos y quarenta mil maravedis que anſy miſmo man
do a otra qualquier perſona que fuere mi Thezorero receptor de eſfa .
dicha merindad deſte preſente año de mil y ſeiſcientos y quatro en a
delante paguen al dicho don Duarte marques de frechilla o a quien
ſu poder oviere lo que corriere de los dichos duzientos y quarenta
mil maravedis a los plazos contenidos y declarados en la dicha mi
Carta de privillegio guardandole en la paga la antelacion del dicho
dia treze de otubre de mil y quinientos y noventa y dos no embar
tegan
1
da Caſa Real Portuguez 4. 393
gante que ſe ayan facado de la dicha merindad los dichos lugares
que tocaron a la dicha recompenſla , y que eſten en quenta mil ma
ravedis dellos ſituados en la Villa de Tortoles por quanto caven ente
ramente como dicho queda que con Cartas de pago del dicho Don
Duarte o de quien el dicho lu poder huviere y los de mas recaudos
necellarios y eſta mi Carta haviendo tomado la razon della Pedro
luis de Torregroſſa Contador del libro de Caxa de mi hazienda у los
de mercedes o fu treslado fignado de ſcrivano le os recebiran y paſſa
ran en quenta en las que dieredes de vueſtros cargos los maravedis
que como dicho es pagaredes dada en Valladolid a dies у ocho dias
del mes de março de mil ſeiſcientos y quatro años va teſtado que
conforme a los dichos dias , y dos. Mayordomo Don Juan de Acu
ña , Juan Paſcual , Criſtoval de Ipenarrieta , Gaſpar de Souſa , en ve
inte y quatro dias del mes de mayo de mil y teiſcientos y quatro años
toine la razon pedro luis de torregroſa tomaron razon los Contadores
de mercedes de ſu mageſtad en Valladolid a ſeis de Abril de mil y
ſeiſcientos y quatro años Juan Ruiz de Contreras Antonio de Carava
jal Ber.ine de Sardata Donn. " deypen.“
E pretente
virgen fancta Maria ſeñora nueſtra. Notorio (ca a todos los que
1
Scritura de capitulacion matrimonial vieren , y oyeren y An . 595 .
la
entendieren como ante mi el preſente Eſcrivano y teſtigos de yuto ei
criptos parecieron los Señores Don Gomes de Avila marques de Ve
lada Ayo e niayordomo mayor del Principe nueſtro Señor , y de la
ſeñora ynfanta , y de la otra don Rodrigo de Alencaſtre mayordomo
de Sus Altezas , y dixeron que por quanto ſe ha tratado , y plati
cado que el Señor don Duarte marques de frechilla hijo ligitimo del
Duque de Vergança , y de la ſeñora doña Catalina cale con la ſeño
ra doña Beatriz de Toledo hija ligitima primogenita de los Señores 1
1
402 Provas do Liv . VIII. da Hiſtoria Genealogica
ra el 'dicho caſo que ſucceda heredar y ſuceder el dicho ſeñor' don
Duarte en la caſa del dicho ſeñor Duque ſu hermano , deſde luego ,
y para el augmento de los dichos cinco mil ducados de arras ſe ade
Jacar la dicha facultad a pedimiento del dicho ſeñor don Duarte con
las clauſulas vinculos y firmezas que fueren neceſlarias , y con todas
las de mas que para firmeza deſte dicho capitulo , y proinella de arras
fueren pedidas y ordenadas por los letrados del dicho ſeñor conde
de Oropeſa.
6 Yten el dicho ſeñor don Rodrigo de Alencaſtre en nombre del
dicho ſeñor don Duarte ſe obliga, y le obliga a que en caſſo que
los dichos cien mil ducados de la dicha dote ſe le paguen a los di
chos ſeñores doña Beatris y don Duarte que ade ſer teniendo hijo
varon ligitimo el dicho ſeñor conde fi los dichos cien mil ducados ſe
le pagaren en dineros ò en juros a razon de a veinte en eſte caſo el
dicho ſeñor don Duarte adequedar obligado , y fe ade obligar a la
paga y reſtituicion de la dicha dote , y cien mil ducados a pagarlos
en dinero de contado , ò en la eſpecie y genero de paga que oviere
ſido la que ſe entregó, y hizo al dicho ſeñor don Duarte por mane
ra que ſi fueren dineros los reſtituyra en dineros , y ſi juros en juros.
para mayor ſeguridad de la dicha ſeñora doña Beatriz , y de la
paga y reſtituicion de la dicha dote el dicho ſeñor don Duarte que
da obligado a ſacar facultad real aſli para qualeſquiera bienes que al
preſente tuviere de mayoraſgo como para en caſo que el dicho ſeñor
don Duarte tuviere otros qualeſquiera bienes de mas de los que al
preſente tiene porque todos ellos , y los que a delante tuviere por
qualquier via y forma que ſea todos ellos an de quedar obligados a
la dicha paga y reftituicion de la dicha dote para que dellos ſe pue
da cobrar bien aſli como ſi fueſſen bienes libres , y no de mayoral
go fobre lo qual ſe an de deſpachar y ſacar las dichas facultades a
fatisfacion del dicho ſeñor conde de Oropeſa y como por ſu ſeño
ria , y ſus letrados fuere pedido , y ordenado declarandofe como ſe
declara que en caſo que los dichos cien mil ducados del dicho dote
queden ſituados, y impueſtos ſobre el dicho mayoraſgo a razon de a
veinte , en eſte caſo el dicho ſeñor don Duarte por quanto no ade
recibir ni recibe la ſuerte principal de la dicha dote , no queda obli
gado a la paga della , fino en caſo que la reciba en jurcs , ò en di
neros como dicho es , y en tal caſo ade dar por libre al mayorafgo
de la dicha obligacion .
7 Yten ſe declara aſlienta y concierta que en caſo que el dicho
ſeñor conde de Oropeſa no oviere hijo varon , y oviere una , ò mu
chas hijas por lo qual la dicha ſeñora doña Beatriz como la primo
genita , y mayor avra de ſucceder en la caſa , eſtado , y mayorafgo
del dicho ſeñor conde , y conforme a derechó eſta obligada a dotar
a las dichas fus liermanas que fueren para en eſte caſo ſe declara y
concierta , que a la mayor de las hijas que tuviere el dicho ſeñor
conde ſe le ade dar y ſeñalar de dote fefcnta mil ducados , y a cada
una de las de mas que tuviere quarenta mil ducados , inipueſtos con
facultad real ſobre el mayorafgo del dicho ſeñor conde , la qual cha
di
da Caſa Real Portugueza. 403
cha facultad deſde luego ſe ade ſacar de conſentimiento de todas las
partes para que el dicho mayoralgo quede obligado a la dicha paga ,
y el diclo ſeñor conde deſde luego aceta la dicha facultad , y la
obligacion que por eſte capitulo haze el dicho ſeñor Don Duarte y
en lu nombre el dicho ſeñor don Rodrigo para que como padre y
ligitimo adminiſtrador que ſera de las dichas ſus hijas les quede ad
querido derecho irrevocable , con tal declaracion que los dichos ſeño
res don Duarte y doña Beatriz y los que por tiempo fueren ſuccef
fores , y poſſeedores del dicho 'mayoralgo queden y an de quedar
obligados a redimir y extinguir la ſuerte principal de las dichas do
tes ſeñalandoſe rentas particulares del dicho eſtado , en cantidad
en
, y
ſuma de ocho mil ducados de renta al año de que ſe pa gu
paguen las dis
chas dotes para que quede libre del dicho mayoraſgo ſegun y como
mas en particular fuere pedido y ordenado por el dicho leñor conde
1
comerçando a correr la paga de los dichos ocho 'mil ducados defile
que el dicho Conde falleciere y no antes.
8 Yten fe declara capitula y aflienta , y concierta que ſi el dicho
ſeñor conde de Oropeſa muriere antes que la dicha ſeñora condeſa
ſu niuger fin dexar hijo varon , o en caſo que murieſe el dicho le
ñor conde dexando el dicho hijo varon , y el tal hijo murielle , y
faltaſſe deſpues de los dichos dias y vida del dicho ſeñor conde, y
en qualquiera de los dichos dos caſos ſobrevivieſte y quedale viva la
dicha ſeñora Condeſa en el dicho caſſo a la dicha ieñora Condeía
fuera de ſu dote arras y multiplicado , y de todo lo de mas que en
qualquier manera le puede pertenecer los dichos ſeñores don Duar
te y doña Beatris fe an de obligar , y quedan obligados ,y deſde
luego ci dicho ſeñor Don Rodrigo , cbliga al dicho ſeñor Don Du
arte a que dara y pagara en cada un año de los que vivielle la dichia
feñora condefa dos mil ducados de renta , y mil y quinientas fane
gas de trigo , y quinientas de cevada pagado todo por los tercios
del año , y en caſo que la dicha ſeñora condeſa le quicra retirar a
algun lugar , y no reſidir con los dichos ſeñores fus hijos defde lue
go ſe le teñala a las villas de belvis , o Xarandilla con ſu juridicio :1
qual dellas eſcogiere ſu ſeñoria , para que la que aſſi eſcogiere , y fe
nalare la tenga por los dichos dias de la dichia ſu vida con las caſas
y xardines , y lo de mas que cviere en el dicho lugar , y para que
la dicha ſeñora condeſa con mayor ſeguridad pueda cobrar los dichos
dos mil ducados , y mil y quinientas fanegas de trigo y quinientas
de cevada deſde luego el dicho ſeñor conde ade ſeñalar las rentas
que por bien tuviere para que dellas aya las dichas ſumas y cantida
des de trigo y cevada la dichia ſeñora condeſa y deſde luego los di
chos ſeñores doña Beatris y don Duarte an de otorgar en favor de 1
la dichia ſeñora Condeſa los poderes en caufa propria , y de mas ef 1
nes neceſarias , y porque podria ſer morir la dicha ſeñora doña bea 3
para remedio de eſte caſo , y eſcuſar toda duda , y para que tenga
cumplido , y conſumado cffefto efe dicho capitulo , y por ningun lu
cello pueda ceſar el dicho ſeñor don Rodrigo obliga al dicho feñor
don Duarte a que dentro de quatro meſſes como le otorgare eſta di
cha capitulacion , y fuere por el ratificada facara facultad de ſu ma
geſtad, y de los ſeñores de ſu conſejo de Camara en aprobacion def
te dicho capitulo , y con derogacion de las leyes que puedan ympe
dir ſu eſfeclo como fue renordenado por los dichos ſeñores condes
o por las perſonas y letrados a quien ſus ſeñorias lo cometieren .
14 Yten ſe declara affienta capitula , y concierta que por quanto
muriendo el dicho feñor conde fin hijo varon ligitimo la dichia teño
ra doña Beatris ade ſucceder como ſu hija primogenita mayor en fu
caſa eſtado y mayoraſgo la qual dicha caſa tiene las Arnas de los li
najes de Toledo Monroy y Ayala , y tiene por apellido los dichos
nombres todo lo qual los ſeñores que por tiempo an ſido de la dicha
caſa de Oropeſa , anſi lo an conſervado , y guardado , el dicho ſeñor
don Duarte le obliga a que trayra las dichas Armas, y uſara y le nom
brara de los titulos , y apellidos de las caſas y mayoraſgos del dicho
ſeñor conde trayendo el dicho nombre y ariras , y uſando de todo
ello , y poniendolo ſiempre en el mas preheminente y mejor lugar ,
conio lo hiziera ſi fuera hijo varon del dicho ſeñor Cónde de tal ma
niera que en el dicho ſeñor don Duarte ſe conſerve el dicho nombre
y armas ſegun y como lo a eſtado en todos los poffeedores del dicho
mayoraf
408 Provas do Liv. VII . da Hiſtoria Genealogica
mayoraſgo por quanto eſte dicho matrimonio ſe effectua debaxo def.
ta dicha condicion , teniendola por caula final del dicho matrimonio,
y para mayor ſeguridad de eſte dicho capitulo el dicho ſeñor don
Duarte fe obliga a hazer , y que hara pleito omenaje de aſli lo tener
guardar y cumplir , y aver por firme ſin que en ningun tiempo por
ninguna ocaſion contravendra tacita ni expreſamente a lo fufo dicho
antes ade quedar obligado en tal manera al cumplimiento dello que
qualquiera deudo , o pariente o Varallo de la dicha cala de Oropeta
le ade poder compeler al cumplimiento de todo ello , y deſde luego
a qualquiera de las dichas perſonas por eſta dicha capitulacion fe les
da poder ligitimno baſtante para que aſſi lo pueda pedir , y demandar
contra el dicho ſeñor don Duarte , y contra el que fuere poſſeedor
de la dicha caſa para que ſean compelidos a la obſervancia , y guar
da del dicho nombre y armas , y a la perſona que ali lo pidiere y
demandare deſde luego de conſentimiento de las partes , le le da no
ſolo el dicho poder para lo dicho ſino tambien por ſu propria autho
ridad pueda cobrar de los bienes del dicho mayoralgo tanta parte
quanta baftare para ſeguir , y proſeguir el dicho plcito , con que la
tal perſona fea creyda por lu fimples juramento , o palabra de lo
que dixere que aſſi a menetter para el dicho effectó , y teguir el di
cho pleito , y de mas de lo ſufo dicho ſi a caſo lo que no ſe puede
creer ni penſar el dicho ſetor don Duarte , ò otro qualquier ſuccef
for en el dicho mayorafgo , y eſtado contraviniere a lo luſo dicho
deſde luego ale quedar , y queda privado y excluto de los frutos del
dicho mayoraigo , y de otro qualquier aprovechamiento de la dicha
cata , y en tal caſo ade permanecer para mayor augmento de la dicha
cala , ò ſe avra de convertir en los efectos, y colas que fuerc ſena
la :lo declarado , y ordenado por el dicho teñor Conde y ſobre todo
para mayor firmeza , y ſeguridad defte dicho capitulo y para que to
do lo en el diſpueſto ſe guarde inviolablemente y no ſe pueda contra
venir en manera alguna ſe ade ſacar facultad de ſu mageſtad en que
apruebe confirmie y ratifique , y en callo necellario revalide eſte di
cho capitulo , para que aſi como aora eſta conſervado el appellido , y
armas de la dicha caſa de oropela aſli ſe guarde y conſerve en los
tiempos venideros.
15 Y ten ſe aflienta capitula y concierta que por quanto el Rey
nueſtro ſeñor a promulgado ley , y pragmatica eſpecial en el Reyno
de portugal por la qual eſpecialmente ſe a prohibido que ninguna ca
ſa del dicho Reyno de portugal le pueda juntar con otra aun que
1 ſea deſte Reyno de la cantidad referida en la dicha ley como mas en
particular della conſta cuyo tenor letra a letra ſegun y como ſe orde
no promulgo y publico es efe que ſe ſigue.
En la Villa de Madrid a ſeis dias del mes de otubre de mil у
quinientos y noventa y cinco años ante el ſeñor Doctor Ortiz teni
ente de Corregidor en eſta dicha Villa y ſu tierra por ſu Mageſtad
parecio preſente Roque dias procurador del Numero delta Villa en
nombre del ſeñor don liodrigo de Alencaſtre mayordomo del princi
pe nueſtro ſeñor, y dixo que en ciertas eſcripturas que el dicho fu
parte
da Caſa Real Portugueza. 409
parte otorgo en nombre del ſeñor don Duarte marques de frechilla
Teñor de Villaramiel que fueron ſus capitulaciones con el ſeñor don
Gomez de avila Marques de Velada ayo y mayordomo mayor del
Principe nueſtro ſeñor en nombre y en virtud del poder que tuvo
del ſeñor don Juan garcialvares de Toledo conde de Oropeſa y de
leytofa , y doña luiſa pimentel ſu muger en nombre de la dicha ſe
ñora doña Beatris de Toledo ſu hija ligitima las quales ſe otorgaron ,
y en las dichas capitulaciones van ynſertas entre otras coſas eſta ley
eſcripta en Portugues de que aſli miſmo haze preſentacion. Por tan
to para el dicho effecto pidio al dicho ſeñor teniente la mande tra
duzir , y darle della los traslados neceſſarios, y pidio juſticia.
Y viſta por el dicho ſeñor teniente la dicha ley , y que eſta fa
na no rota ni canzelada ni en parte ſoſpechoſa , y eſcrita en la di
cha lengua Portugueſa , mando que para el dicho effecto ſe entregue
a Thomas gracian Dantiſco ſcrivano y traductor en eſta corte que
traduze en ellas las eſcripturas del Rey nueſtro ſeñor , y de ſus con
ſejos , y tribunales para que la traduſga , y fecho ſe traiga a ſu mer
ced para la veer y proveer juſticia. Ante mi Rodrigo de Vera.
En cumplimiento de lo qual yo el dicho Thomas Gracian dan
tiſco eſcrivano , y traductor ſúro dicho fize traduzir , y traduxe la
dicha ley de Portugues en caſtellano que es del tenor ſiguiente.
SEÑOR.
Dize Fernando de Matos canonigo en la igleſia mayor de eſta
ciudad , y agente del Duque de Bragança en ella corte que a el le
es neceſſario para un negocio de mucha importancia el traslado en
modo que haga fee de la ley que agora ſu mageſtad, mando hazer y
publicar ſobre ſe no ayuntar las catas de los mayorafgos por cafami
entos pide a Vueſtra Mageſtad le mande dar el dicho traslado auten
tico , y recibirá merced . !
guir , y en caſo que ellos no guſten de ſalirſe les acudira en ſus cal .
1
las con la mitad de lo que tuvieren en la del dicho ſeñor Conde ,
lo qual ſea y ſe entienda con todos los dichos criados que tuvieren
dies años de ſervicio al tiempo de la muerte del dicho ſeñor Conde,
y con los de mas que el dexare declarados aun que no lleguen a los
dichos dies años. Yten aſſi miſmo obliga el dicho ſeñor Don Rodri
go al diclio ſeñor don Duarte a que de mas de lo fuſo dicho , em
pleara en cada un año dies mil ducados de las rentas de la caſa de
Oropeſa para acrecentamiento della y eſto en juros a razon de ian ve
te ,
1
1
416 Provas do Liv. VIII. da Hiſtoria Genealogica
inte , ootra renta ſi la oviere de mayor beneficio para el dicho ma
yoraſgo la qual ade quedar unida , y incorporada al dicho mayoralgo
con los milínos vinculos, y condiciones del dicho mayoraſgo y para
en calo que en los dichos empleos , ò en alguna parte dellos, ò de
las demascoſas en todo , ò en parte contenidas en eſte capituloovie
re deſcuido para firmeza y ſeguridad defte dicho capitulo , y de los
dichos empleos en los dichos caſos que heredando el dicho ſeñor don
Duarte la caſa de Vergança , y no reſidiendo en la caſa de Oropeſa
como eſta dicho y para que en todo tiempo ſean ciertos, y ſeguros,
y ſe guarden y cumplan con effecto los dichos empleos en los dichos
caſos ſe aſſienta y capitula , y el dicho ſeñor don Rodrigo de Alen
caſtre obliga al dicho ſeñor don Duarte , a que de los bienes del di
cho mayoralgo caſſa y eſtado de Oropeſſa para quando vengan los di
chos caſos de heredar la caſa de Vergança , y no reſidir en la de Oro
peſſa pueda ſeñalar el dicho ſeñor Conde deſde luego para entonces
la parte de renta que fuere neceſaria de los eſtados deoropeſſa para
los dichos empleos , la qual dicha renta deſde luego como fuere re
ñalada por el dicho ſeñor Conde ade quedar , y queda conſinada , y
deſde agora para entonces de conſentimiento de las partes ſe conſig
na , para que ſe convierta en los dichos empleos y coſas con que la
tal conſignacion , y ſeñalamiento de rentas no exceda de la parte que
fuere neceſaria para hazer la dicha ſuma de los dichos empleos , y
coſa y para que la dicha renta en los dichos caſos de heredar la caſa
de Vergança y no reſidir en la de Oropeſa ſe puede convertir en los
dichos effectos el dicho ſeñor conde ade tener facultad , y para eſte
capitulo le queda reſervado poder ligitimo para poder ſeñalar la per
fona , ò depoſitario que quiſiere el qual adminiſtre beneficie y arrien
de las dichas rentas , y por razon deſte trabaxo folicitud y cuidado
lleve y ſe le den en cada un año cien ducados de ſalario haſta tan
to que te cumpla en todo lo contenido en eſte dicho capitulo , de
tal manera que las dichas rentas por ninguna via penſada ò no pen
fada directa ni indirectamente venidos los dichos caſos no an de
po
der entrar en poder del dicho leñor don Duarte , fino ſolamente en
poder del tal adminiſtrador , o depoſitario , para que el tal depoſita
rio cumpla los empleos conthenidos en eſte dicho capitulo , y ſi ne
cellario es deſde luego para quando el tal caſo fucceda el dicho ſeñor
don Duarte , y el dicho ſeñor don Rodrigo en ſu nombre expropria
y aparta de ſi las dichas rentas , y qualquier ſeñorio uſofrucło y apro
vechamiento , que reſpecto dellas le pueda pertenecer por razon del
dicho matrimonio con la dicha ſeñora doña Beatriz , y para mayor fir
meza de eſte dicho capitulo el dicho ſeñor don Duarte por fi folo
o juntamente con la dicha ſeñora doña Beatris hara y haran todas ,
y qualeſquier eſcripturas que por parte del dicho ſeñor conde fueren
pedidas y ordenadas para que todo lo ſufo dicho tenga cumplido ef
fecto , quedando deſde luego declarado que la paga del dicho ſalario
del dicho depoſitario ſea por quenta del dicho ſeñor don Duarte , y
en razon deſto y de lo contenido en eſte capitulo le pediran y obten
dran las facultades reales con los vinculos , y firmnezas neceſſarias pa
ra
1
da Caſa Real Portagueza. 417
2
0
ra que todo lo ſuſo dicho en los dichos caſos tenga cumplido effe
自
cto como dicho es , y por quanto las dichas obligaciones y los di
chos empleos dependen de los dichos dos caſos y ſolamente ſon
para quando fucceda heredar el dicho ſeñor don Duarte la caſa de
Vergança que es el primero y el ſegundo de no reſidir en los dichos
OS
eſtados de Oropeſa , y deleytoſſa ſe declara ; y yo el dicho Marques
de Velada en nombre del dicho ſeñor conde afli lo declaro , que lo
contenido en eſte capitulo ade quedar ſin effecto , y el dicho ſeñor
don Duarte libre de la dicha obligacion por el año que reſidiere en
los dichos eſtados de Oropeſa y deleytola ſiendo todo el año , o la
initad del , porque en eſte caſo el dicho ſeñor conde de Oropeſa to
do lo ſuſo dicho lo remite a voluntad del dicho ſeñor don Duarte , y
doña Beatriz ſu hija fiando de ſus ſeñorias que teniendo preſentes las
neceſſidades de los dichos eſtados ſeran ellos mucho mas beneficiados
que con quanto para amparo dellos ſe les pudiera pedir , excetuando
deſta dicha reſidencia la obligacion hecha en favor de los dichos cria
dos , y el derecho que por eſte dicho capitulo les queda adquirido
para que ſe les pague los dichos falarios como de ſulo ſe refiere los
quales reſidiendo, o no reſidiendo los dichos ſeñores don Duarte , y
doña beatriz fiempre , y en todo tiempo durante los dias de ſu vida
lo an de aver y llevar con tal condicion , y modo , y no ſin ella que
fi las haziendas de los dichos eſtados preſentes , o auſentes los dichos
ſeñores don Duarte y doña Beatriz recibieren menoſcabo , ò daño en
todo , o en parte , por aquella que padecieren el dicho menoſcabo ,
o daño , ade quedar el dicho ſeñor don Duarte , y lus bienes eſpe
cialınente obligados de tal manera que en todo tiempo ſe conſerve у
augmente el dicho eſtado , y no venga en diminucion por las razo
nes dichas.
1
1 con el conſejo del dicho Reyno tan ſolamente , aun que el dicho le 1
ñor don Duarte eftê en eſte Reyno de Caſtilla aya de uſar , y puedia
) uſar de los titulos armas y appellidos tocantes a la caſa de Vergança
coino bien viſto le fuere , y para todo lo que toca al trato de ncgo
1 cios y correſpondencia en eſtos reynos de Caſtilla aun que reſida en el 1
dicho Reyno de Portugal , ò en otra qualquier parte o Reyno ade
vſar de los titulos apellidos y armas de la Cala de Oropeſa ſin nict
clarlas con otras ningunas, y lo miſmo que eſta referido reipecto del
dicho ſeñor don Duarte en eſte dicho capitulo fe entienda que ſe ade
guardar teniendo el dicho ſeñor don Duarte del dicho matrimonio
Tom . V. Ggg In
1
418 Provas do Liv. VIII. da Hiſtoria Genealogica
un hijo tan ſolamente , porque ſiendo en tal caſo neceſſaria y forço
ſa la union de las dichas caſas en un poſſeedor lo miſmo que ſe di
ze reſpecto del dicho ſeñor don Duarte ſe entienda repetir , y guar
darſe en el tal unico ſucceſſor , ò en los de mas ſucceſſores en quien
ſe continuare la dicha union porque ſiempre que viniere el caſo de
ſer una perſona ſola poſſeedor de las dichas caſas , ſe ade guardar en
quanto tocare al dicho nombre , y armas la forma y orden referida ,
y en los de mas caſos que fuera deſtos dichos Reynos el dicho fe
ñor don duarte ò el tal ſucceſſor que viniere a ſer unico ſe tratare ,
y comunicare eſcriviendo en Portugues , y tratandoſe conforme al di
cho uſo del dicho Reyno de Portugal podra uſar de los nombres y
appellidos , y armas de la caſa de Vergança , y eſcriviendo en Caſtel
lano , y tratandoſe como Caſtellano , ſe ade tratar con los titulos
nombres apellidos , y armas de la dicha Caſa de Oropeſa , y ſi para
el cumplimiento deſte dicho capitulo oviere en el mayoraſgo, y caf
ſa de Vergança algunas clauſulas que lo impidan deſde agora el di
cho ſeñordon Rodrigo de Alencaſtre en nombre del dicho ſeñor don
Duarte queda obligado , y obliga al dicho ſeñor don Duarte a que
facara facultad real en la forma mas neceſſaria y conviniente para que
con inſercion deſte dicho capitulo ſe apruebe y ratifique todo lo en
el conthenido , y ſe diſpenſe y abrogue qualquiera clauſula que aya ,
o pueda aver que impida el effecto de lo ſulo dicho.
18 Yten ſe aſlienta capitula y concierta que en caſo que deſpues
de heredada la dicha caſa de Vergança por el dicho ſeñor don Du
arte tuviere un folo hijo , o hija el qual por ſer unico ade ſucceder
en las dichas callas por falta de perſona con quien las divida , y por
eſte caſo aya de ſer tal ſucceſſor , y aſli miſmo ſuccediendo el tal hi
jo en las dichas caſas , y no reſidiendo en el eſtado de Oropeſa ſe
diſpone y queda concertado que el empleo de dies mil ducados que
ade hazer en cada un año el dicho ſeñor don Duarte , no reſidiendo
de las proprias rentas de Oropeſa y deleytoſa en eſte caſo aya de lle
gar a quinze mil ducados los quales ſe ayan de emplear en cada un
año Tegun y, por la forma que eſta dicho diſpueſto , y ordenado en
quanto al dicho ſeñor don Duarte quedando unido , y incorporado
el dicho mayoraſgo con los vinculos, y condiciones del como eſta
diſpueſto reſpecto de los dichos diez mil ducados continuandoſe tam
bien la limoſna , ſalarios de letrados , y criados , y applicado a la fa
brica de las caſas jardines , y de mas edificios del dicho mayorafgo
porque todo lo diſpueſto en el dicho capitulo en la miſma cantidad ,
y forma que alli ſe refiere fe a por expreſſado en eſte con la miſma
declaracion que ſi el tal hijo , o hija unico reſidiere todo el año , o
a lo menos la mitad del por el tal año que aſli reſidiere en la forma
ſuſo dicha quede libre de la dicha obligacion exceptando della lo que
toca a los dichos ſalarios de criados porque como eſta dicho en el ca
pitulo precedente , eſtos reſidiendo , o no refidiendo fe an de pagar
a los dichos criados legun y como y en la forma que de fuſo ſe refie
re la qual le ha de eſtender y entender , y averſe por repetida en ca
ſo que la junta de las dichas dos caſas llegue a Nieto , o Nieta , ò a
otro
da Caſa Real Portugueza. 419
otro deſcendiente porque en eſte tal ſe ade continuar la miſma obliga
cion de empleos , y lo de mas referido en eſte capitulo ſin que ſe en
T.
tienda ſer perſonal la diſpuſicion del ni averſe reſtringido a ciertos
grados ſino que ſe ha de tener y juzgar por real y perpetua todo el
dicho tiempo que durare la dicha union y no ſe hiziere la dicha di
1 viſion por falta de ſucceſſores , y para mayor ſeguridad , y ſaneamien
i to y entero cumplimiento deſte capitulo 'el dicho ſeñor don Duarte
ſe obliga por ſi, y en nombre de ſus ſucceſſores que no pedira ni
alcançara facultad de ſu mageſtad en que diſpenſe con eſe dicho .ca
pitulo , y ſi ſe le concediere de officio no uſara della , y aun que ſe
V le mande que uſe della hara todas las replicas y ſupplicas convenien
1 tes para que eſte dicho capitulo tenga conſumado effecto , y ſi toda
S via de hecho fuere concedida la dicha facultad para en eſte caſo , y
a para mayor ſaneamiento y corroboracion deſte dicho capitulo la dicha
obligacion de los dichos empleos ſe ade traſpaſſar , y deſde luego ,
yo el dicho marques de Velada en nombre del dicho ſeñor conde de
Oropeſla , y yo el dicho don Rodrigo de Alencaſtre en nombre del
dicho ſeñor don Duarte cedemos, y traſpaſſamos todo el cumplimien
to deſte dicho capitulo , y la utilidad del y las dichas cantidades ſe
gun y como van expreſſadas en eſte dicho capitulo , y deſde luego
para quando el dicho caſſo ſucceda hazemos gracia y donacion , pu
ra perfecta irrevocable , que el derecho llania entre viyos en favor
de la caſſa , y convento de nueſtra Señora de Guadalupe para que la
aya y tenga por proprios bienes ſuyos , y ſea viſto llegarſe el plazo
deſta dicha donacion , y poder uſar del dicho derecho , y cobrança
1
luego como conſte que ſea deſpachado la dicha facultad , y deſde ein
tonces traiga eſta eſcriptura y capitulo della ſin otra diligencia averi
E guacion ni liquidacion aparejada execucion para que deide luego ſe
pueda executar y cobrar firmemente con tal carga obligacion y con
dicion , y no fin ella que el dicho prior y convento por ſi , ni con
orden del general de la dicha orden , ni de otro ſuperior que ſea no
puedan tomar medio ni compuſicion ninguna tacita ni expreſſa en to
do ni en parte por razon de utilidad ni de concierto , ni de eſcuſar
gaſtos de pleitos ni con otra ocaſion ninguna que ſea ò ſer pueda ,
porque en tanto an de poder uſar deſta dicha donacion , celion , o
traſpaſo en quanto ſe cumpliere eſta dicha condicion de que por todo
rigor de derecho lleven y cobren y tengan para ſi enteramente la di
cha cantidad en el caſo referido , y ſialli no lo hizieren , y den tro
de un año no movieren el dicho pleito , y lo proſiguieren con buena
fee para que ſe haga la dicha cobrança por el mismo caſo , y deſde
agora para entonces en nombre de las dichas nueſtras partes las ex
cluimos de la dicha donacion y derecho el qual traſpaſamos con los
vinculos у firniezas , y en la forma referida al monaſterio de Señor
San Lorenzo el Real del Eſcurial , y en defecto de no acetarlo ò
1
no cumplir lo miſmo hera obligado a cumplir el dicho convento de
Nueſtra Señora de Guadalupe en eſte caſo para el miſmo derecho y
accion en la forma referida a la compañia del nombre de Jefus , y a
lu general al qual , ò a la perſona que el ſoſtituyere hazemos otra tal
Tom . V. Ggg ii dona .
420 Provas do Liv.VIII. da Hiſtoria Genealogica
donacion , y damos poder en cauſſa propria para que lo pida ayay
cobre para el collegio que de la dicha compañia ay en la Villa de
Oropeſa , y no para otro algun collegio , ni caſſa de la dicha Com
pañia lo qual ſea para augmento , y dotacion del dicho collegio , a
todos los quales , y a cada una de las perſonas intereſſadas en eſta di
cha donacion , y capitulo , encargamos la conciencia en nombre de
las partes para el cumplimiento de todo lo en el contenido con la
buena fee que de ſemejantes perſonas ſe confia fin que aora ni en nin
gun tiempo ſe pueda dezir que todo lo fuſo dicho ſe puſo por pe
na ad terrorem , porque declaramos que la voluntad de las partes es,
que todo lo fuſo dicho , y cada coſa y parte dello le guarde cumpla
y execute a la letra como en eſte capitulo ſe contienefin darle otro
ningun ſentido que el que reſulta de las palabras llanas ; y porque eſ
te dicho capitulo no ſe pueda defraudar en todo ni en parte antes
para que nias enteramente ſe cumpla , el dicho ſeñor Conde de Oro
peſa ade quedar con libre poder , y ligitima authoridad , para que en
iu teſtamento , o fuera del, o por otro qualquier acto que bien vif
to le fuere pueda ampliar y mudar las dichas ſoſtituciones y forma
de perſonas que lo ayan de pedir para que le ſiga mejor cumplimen
to deſte dicho capitulo añadiendo , o augmentando lo ſufo dicho con
la forma condiciones y limitaciones que quiſiere y bien viſto le fuere
y para ello no obſte la clauſula infra eſcripta en que ſe limita ſe ha
gan las eſcripturas dentro de un año porque en quanto a eſta parte
ade quedar al dicho ſeñor Conde eſta libertad por todo el tiempo de
ſu vida.
19 Yten ſe alienta capitula y concierta que ſi la dicha Caſa de
Oropeſa viniere a ſuceder en hija y no en varon el dicho Don Ro
drigo de Alencaſtre en nombre del dicho ſeñor don duarte le obliga,
y queda deſde luego, obligado a que ſiendo la dicha hija de hedad
de dies y ſeis años dentro dellos la caſara con perſona qual conven
ga , y acudira a la tal hija con los dies mil ducados arriba dichos con
tal cargo , y obligacion que la tal hija , y el dicho fu marido ayan
de hazer , y hagan reſidencia hordinaria en los dichos eſtados de Oro
peſa como dicho es , y porque podrian offrecerſe algunas cauſas juf
tas que agora de preſente no pueden ſer anteviſtas ni prevenidas por
donde no convinieſle effectuar el dicho matrimonio , y fuelle mas jur
to ſuſpenderle , en eſte caſo , el dicho ſeñor Marques de Velada en
nombre del dicho ſeñor Conde capitula aſienta y dize que aun que
el dicho teñor conde pudiera remitir a otras perſonas el examen y
approbacion de ſemejantes cauſas , toda via fiando de las partes del
dicho ſeñor don duarte , y de la dicha ſeñora doña Beatriz como de
ſus hijos les encarga , y an de quedar obligados , y deſde luego el di
cho ſeñor don Rodrigo obliga al dicho feñor don Duarte a que ſin
otros reſpectos proprios ſino folo conſiderando el beneficio del caſo,
y lo que mas convenga a la dicha caſa de Oropella ſe hordenara , y
diſpondra , y hara lo que fuere mas endereçado al ſervicio de Nuel
tro Señor y a la conſervacion , y intento del dicho ſeñor Conde , y
de ſu caſa y Vallallos en todo lo qual encarga la conciencia a los di
chos
da Cala Real Portugueza. 42 1
chos ſeñores don Duarte y doña Beatriz , que ſin cauſas juftas , y ta
les que peſen mas las conveniencias de ſuſpender el dicho caſainien
. to que de executarle al tiempo ſufo dicho de ninguna otra manera lo
2
puedan differir ni diffieran bolviendo a encargar a los dichos ſeñores
don duarte y doña Beatriz la reſidencia en el dicho eſtado con lo
qual ceſara lo diſpueſto en eſte capitulo.
20 Yten ſe aſlienta capitula , y concierta , que por quanto como
] conſta de los capitulos a tras referidos, y del efecto fuerça y pro
mulgacion de la dicha ley de Portugal que habla ſobre la diviſion de
las dichas caſas , la dicha caſa de Oropeſa aſli por la dicha*ley como
1 por eſta dicha capitulacion ade ſer , y es , y ade quedar , y queda
incompatible con la dicha caſa de Vergança en un poffeedor , y para
que no la pueda tener gozar ni poſleer ni retener en teniendo con ,
3 quien hazer la dicha diviſion conforme a lo qual y en execucion , y
cumplimiento de la dicha diviſion , y para que en ningun tiempo en
razon de lo ſuſo dicho pueda aver ocaſion de pleito ſe declara deſ
de agora para quando el caſo ſuccediere , y alli lo prometen y allien
tan los dichos ſeñores marques y don Rodrigo de Alencaſtre y que
para mayor firmeza, y corroboracion de lo contenido en la dicha ley,
y en eſtos dichos capitulos ſe facara facultad Real de Su Mageſtad
por ambas a dos coronas de Caſtilla y Portogal , y por los conſejos
dellas a cuyo cargo eſta el deſpacho de ſemejantes cauſas para que la
dicha ley ,' y diviſion fe guarde cumpla y execute dando elecion al
hijo primogenito mayor para que conforme a la dicha ley , elija de
las dichas dos caſſas la que mas quiſiere , y la otra quede para el ſe
gundo hijo el qual ſea avido como primogenito verdadero della , ſin
que deſpues de hecha la tal eleccion ſe pueda revocar , ni por cauſa
de menorhedad , ܕni alegando fuerça miedo leſion inorme, o inormiſ
fima , ni otro ningun remedio , ni accion ni excepcion porque todo
. ello queda derogado, para que mas prompta y executivamente ſe
conſiga la dicha diviſion las quales dichas faculdades ſe an de pedir 1
y ſacar como fuere ordenado por el dicho ſeñor Conde ſin que ſe ex
ceda de lo conthenido en eſte dicho capitulo.
21
Yten ſe allienta capitula y concierta que en caſo que el dicho
ſeñor don Duarte antes de hazerle la dicha diviſion oviere heredado ,
ſuccediere en la caſa de Vergança y gofare de la caſa de Oropeſa en
eſte dicho caſo el dicho ſeñor don Rodrigo de alencaſtre obliga al
! dicho ſeñor don Duarte en virtud del dicho poder a que pondra da
rą y pagara para beneficio , y augmento del dicho mayorafgo de la di
cha caſa de Oropeſla quinientos ducados de renta en cada un año a
razon de a veinte mil el millar empleados en juros , rentas o cenſos
deſte valor por manera que haga en el año dies mil ducados de em
pleo para el augmento de la propriedad del dicho mayoraſgo quedan
do el dicho empleo unido , y incorporado en el diclio mayorafgo I
con los vinculos gravamenes y condiciones que eſtan los de nas bie 1
1
-
da Caſa Real Portugueza. 425
reſada por eſtos dichos capitulos pueda pretender derecho , y dezir
que le tiene en quanto moſtrare por fi la voluntad del dicho ſeñor
conde porque ſi ſú ſeñoria lo mudare , alterare , o quitare en todo è
en parte fe ade juzgar por tan quitado alterado , y mudado como fi
nunca ni en ningun tiempo ſe oviera tratado ni' ſe oviera adquirido
ſemejante derecho porque
voluntad
todo ello ade depender
dicho ſeñor Conde
de la perſeverancia
manera revoca
de la del de tal que la
cion ò voluntad ſe aya en qualquiera de los dichos caſos los ade re
vocar in totum como fi nunca oviera ſido , y como fi nunca ſe ovie
ran hecho ſin que ſe pueda dezir que el dicho contrato fue obligato
rio , y reciproco y que aſſi no ſe pudo revocar , ni menos que la
ſuſtancia del contrato no ſe puede conferir en voluntad libre del con
trayente o que por la dicha voluntad no fue juſta ni de buen arbi
trio porque todas eſtas dichas razones , y otras qualeſquier que ſean
• ſer puedan por eſte dicho capitulo , y contrato quedan derogadas
deprovadas y revocadas, y todo el ſer de las dichas obligaciones re
feridas en los dichos capitulos de conſentimiento de partes, y en for
ma valida queda reſervado , y remitido a la voluntad del dicho ſeñor
Conde, y lo que ſu ſeñoria declarare, ordenare y quiſiere cerca de
la dicha moderacion , o derogacion ade ſer firme y valido , bien aſli
como ſi deſde el principio ello ſolo fuera dicho , y expreſſado en eſta
dicha capitulacion, porque deſde agora para quando el dicho ſeñor
conde haga la tal moderacion , o derogacion ſe ade tener por expref
ſa repetida , y incorporada en eſtos dichos capitulos porque de con
ſentimiento de partes deſde luego para entonces ſe aceta para que el
la valga , y ſe cumpla guarde y execute , y debaxo deſta condicion
y prelupueſto , y forma y modo y no fin ellos ſea viſto otorgarle er
ta dicha eſcriptura de capitulacion , y todas las de mas que en exe
cucion y con ocaſion della ſe otorgaren , y hizieren , y la miſma con
dicion ſea viſto por via y forma de regla univerſal averſe por inſerta
y incorporada en todas y qualeſquier facultades que en execucion de
las dichas eſcripturas ſe pidieren , y ſacaren , y en virtud dellas le hi
zieren otras efcripturas , y lo miſmo en todos los juramentos pleitos
1
omenajes que ſe hizieren porque la fuerça y obligacion de todo lo
ſuſo dicho ade quedar ſujeto y reducido a la moderacion y deroga
cion que el dicho ſeñor Conde hiziere y ordenarc.
27 Yten ſe aílienta capitula y concierta , y el dicho ſeñor don
Rodrigo de alencaſtre ſe obliga en nombre del dicho ſeñor don Dul
arte a que ſacara facultad real de ſu mageſtad por la qual inxiriendo
todo el tenor de eſtos dichos capitulos en forma eſpecial y letra a le
tra y de palabra a palabra como en ellos, y en cada uno dellos ſe
contiene por la dicha facultad todos los dichos capitulos ſe confirmen
ratifiquen , y apprueben , mandando que ſe cumplan guarden , y exe
cutea legun y como en ellos , y en cada uno dellos le contiene y ex
pecifica y diſpone lo qual ſe hará con las clauſulas vinculos у firme
zas neceíTarias , y que en ſemejantes caſos ſe acoſtumbran poner , y
las de mas que fueren pedidas , y demandadas y ſc ordenaren por el
dicho feñor Conde lo qual lea y ſe entienda
Hhh
fín que por eita facul
dicha
Tom . V.
426 Provas do Liv. VIII.da Hiſtoria Genealogica
faculdad general de aprobacion , y confirmacion de los dichos capitu
los el dicho ſeñor don Duarte quede relevado de las de mas faculta
des eſpeciales y particulares que en los de mas capitulos de ſuſo refe
ridos ſe contienen porque eſta dicha facultad folo ade ſer para mayor
confirmacion aprobacion y ratificacion de todo lo conthenido en eſta
dicha capitulacion en general y particular , y para que todo lo en el
la diſpueſto ſe cumpla guarde y execute como dicho es.
Y para que todo lo contenido en los dichos capitulos mejor
ſea guardado , y cumplido los dichos ſeñores Marques de Velada y
don Rodrigo de Alencaſtre obligaron a los dichos ſus partes cada uno
dellos a la ſuya que en todo tiempo , y en todo acontecimiento
guardaran cumpliran , pagaran y avran por firme todo lo que queda
dicho y declarado cada una de las dichas partes lo que le toca , y
contra ello ni contra coſa alguna ni parte dello no iran ni vendran
en ningun tiempo , por ningun caſo mayor , ò menor que les com
peta, o competer pueda , y fi contra ello , o contra qualquier parte
dello fueren o vinieren , o reclamaren de ello no ſean oydos , ni ad
mitidos en Juizio ni fuera del antes ſiempre compelidos a obſervar
guardar y cumplir todo lo que queda dicho para cuyo cumplimiento
obligaron a los dichos ſus partes a todos ſus bienes juros , y rentas
derechos y acciones quantos al preſente tienen , y de aqui a delante
tuvieren para la execucion y cumplimiento de todo lo que dicho es ,
en los dichos nombres dieron poder y facultad a todas las juſticias y
Juezes del Rey nueſtro ſeñor de qualeſquier partes Reynos , у ſeno.
rios que ſean ante quien eſta eſcriptura de capitulacion matrimonial
pareſčiere y de lo en ella conthenido , y qualquier coſa y parte dello
fuere pedido cumplimiento de juſticia a cuyo fuero , y juridicion los
metieron , y por eſpecial ſumiſlion , y, expreſſa los ſometieron con
todos ſus bienes y rentas a los ſeñores del conſejo real de juſticia del
Rey nueſtro ſeñor , y a los ſeñores preſidente y oydores de ſus rea
les audiencias , y chancillerias de Valladolid , y granada , y alcaldes
del crimen della', y alcaldes de la caſa y corte de ſu Mageſtad , y al
corregidor y ſu lugarteniente que es ó fuere de la Villa de Madrid
y a cada uno , y qualquiera dellos in folidum por quien conſintieron
que los dichos ſus partes ſean convenidos, y juzgados por to conte
nido en los dichos capitulos matrimoniales y qualquier parte dellos ,
aun que al tiempo de ſerlo no ſean hallados en ſu diſtrito fuero y ju
ridicion bien como ſi en el bivieſſen y moraſſen renunciando como
renunciaron el proprio fuero juridi ionºv domicilio de los dichos ſus
partes , y la ley ſi convenerit de juriſdictione omnium Judicum , y las
pregmaticas que hablan cerca de las fumiſliones , y renunciaciones de
fuero , y confintieron que los dichos ſus partes ſean compelidos por
todo rigor de derecho y via executiva a guardar y cumplir lo que a
cada uno dellos toca de todo lo que queda dicho , y declarado bien
aſi como ſi aſli fuera julgado , y fentenciado por ſentencia diffinitiva,
dada por Jues competente paſada en authoridad de cofa juzgada de
que no ovieſſe lugar appelacion , ni fupplicacion , ni otro recurſodnie
remedio alguno ſobre lo qual renunciaron todas las leyes fueros у
rechos
da Caſa Real Portugueza. 427
rechos pragmaticas fanciones privilegios uſos , y coſtumbres que aya
avido , o aya en contrario para que ſin embargo de todo ello aya cum
plido efecto lo que queda dicho , y en eſpecial renunciaron la ley , o
direcho que dize que general renunciacion deleyes fecha non vala en
teſtimonio de lo qual otorgaron la preſente eſcriptura de capitulacion
matrimonial en la inanera que dicha es , y en la mas baſtante , y cum
plida forma que de derecho ſe requiere en el monaſterio de ſan lo
renço el Real eſtando en el el Rey don Philippe nueſtro ſeñor , a
dos dias del mes de Octubre de mil y quinientos y noventa y cin
co años ſiendo preſentes por teſtigos el ſeñor don xpóval de mora
comendador mayor de Alcantara , y del conſejo de eſtado de ſu ma
geſtad ſumiller mayor de corpus del Principe nueſtro ſeñor y el ſe
ñor don fernando de Toledo , y el ſeñor don Juan de ydiaque co
mendador mayor de leon y del conſejo de eſtado de ſu mageſtad ,
eſtantes al preſente en el dicho ſan lorenço el Real , y los dichos
ſeñores otorgantes que yo el preſente eſcrivano doy fee que conoſco
lo firmaron de ſus nombres , el marques de Velada don Rodrigo de
alencaſtre paſſo ante mi Rodrigo de Vera.
flecte, fili,
Auguſti nobilisvir
generis falutemapud
claritudinem , &omnes
Apoftolicam
nationes Benedictionem
teftantur non ANum. 3.
minus illuſtria ftemata , & triumphales imagines , quam virtutes rega n. 16 27
li pectore dignæ . Quare orbis parens Roma, quæ gentilitiæ Bragan
tiorum Principum gloriæ jam pridem favet nunc nobilitatem eximiis
laudibus exornat , quæ Regii fanguinis fplendorem propriis meritis
merifice augere dicitur luculentum hujuſmodi laudum tuarum teſtem
in Urbe habes dilectum filium noftrum Cardinalem Barberinum : Is
enim aſſerit te in Hiſpania cæteris proceribus habuiſſe ejus pietatis
exemplum , qua in Apoſtolico Legato Pontificia authoritas colidebit.
Ingenis folatium , quod humanitatis tuæ officia nobis pepererunt , his
Litteris declarare volumus , & memori pectore ſemper ſervabimus,
Noftræ autem caritatis magnitudinem beneficiis potius , quam verbis
cupimus ſignificare nobilitati tuæ , cui coeleſtiumgratiarum ubertatem
precamur , & Apoftolicam Benedictionem peramanter impertimur.
Datum Romæ apud Sanctum Petrum ſub annulo Piſcatoris die 3. Ja
nuarii 1627. Pontificatus noſtri anno quarto.
Joannes Ciampolus.
Tom. V. Hhh ii Tefta
428 Provas do Liv. VIII.da Hiſtoria Genealogica
Teſtamento do Senhor D. Duarte , Marquez de Frechilha. Co
pia authentica .
T!
432 Provas do Liv. V III.da Hiſtoria Genealogica
ciones y ſalarios y de mas deſto ſe les ſatisfagan ſus trabajos y no es
mi yntencion queſta clauſula derogue en nadaa la que arriva trata de
dejar raciones y ſalarios a mis criados.
A Diego Botello de matos y a bernardo de Caraballo y a Pe
dro mendes mis criados dejo cien ducados de renta cada año en ſu
vida a cada uno.
Yten mando mas al licenciado Juan mendes y a el licenciado
Antonio paes Viegas a cada uno otros cien ducados de renta en ca
da un año de mas delas capellanias dichas : y al licenciado franciſco
Rodrigues freyre deju otros cien ducados de renta en ſus vidas.
Y porque tengo algunos papeles de ſecreto en poder del licen
ciado Antonio paes mando que no ſe pidan y toda mi hacienda y
vienes de qualquiera calidad que ſea mando que ſe entregue luego a
mis teſtamentarios fuſo dichos para que conforme a lo que les pare
ciere diſpongan della para efeto del cumplimiento deſta mi manda ;
y anli ſe le entregaran todos y qualeſquiera papeles que ſe hallaren
en mis eſcritorios o en qualquiera parte porque fio dellos mucho у
anſi lo he fiado ſiempre conociendolos por eſpiriencia.
Su Mageſtad mne ha hecho merced por carta ſuya o conſulta
que ſe allara en las ſecretarias de portugal de una capitania en el
braſil , y de una tierra ques un falado en el limite de ſancta eyria ter
mino de lisboa : ſoſtituyo a el ſeñor Don Duarte mi ſobrino en eſtos
derechos y ſuplico a Su Mageſtad le mande continuar la merced que
ine avia començado a hacer ; y tambien lo ſuplico anſi a el ſeñor
Conde Duque , y confirmo una donacion que hecho dada por mi a
el licenciado Juan mendes de una parte de aquella tierra del falado y
le doy todas las firmeças veceſſarias y porque como tengo dicho y
buelvo a decir eſta es mi ultima boluntad , quiero que como tal bal
ga en qualquiera manera que pueda ſer y fueron teſtigos que bieron
leer eſte mi teſtamento en mi preſencia y oyendolo yo y ſiendo con
tento de todo y abiendo alguna dubda en la ynterpretacion deſte mi
teſtamento la declarara el oydor Gonzalo de folla y anſi mando que
ſe eſte por lo que el dijere como ſi yo lo declarara porque con el
comunique eſte mi teſtamento y todas mis coſſas en ſalud y aora.
Ba eſcrito eſte teſtamento en cinco medios pliegos y en parte
deſte : y declaro que quiero que lo que de ſuſo ba relatado en favor
del licenciado Antonio paes y de ſu hermano Juan mendes ſe cumpla
como lo de mas porque todo fe lo mande hazer a el dicho licencia
do y quiero que todo ſe cumpla: y eſta declaracion mande hacer An
tonio de fora de ſu letra para que no aya dubda , y reſcrito el dicho
teftamento por la del dicho licenciado.
Mando mas a Juan de a Coſta mi Repoftero de plata cinquenta
ducados por una vez , y reboco y anulo todos y qualeſquiera teſta
mentos mandas y cobdicilios que antes deſte aya fecho que ſolo eſte
quiero que balga por mi teſtamento y cobdicilio y por mi ultima bo
luntad.
Otro ſi mando otros cinquenta ducados por una vez a Domin
go fernandes mi cochero mayor : en teſtimonio de lo qual otorgue
efte
da Cala Real Portuguez4. 433
eſte mi teſtamento en eſta Villa de Madrid eſtando en mi juycio me
moria y entendimiento natural a veynte y ſiete del mes de Mayo de
inil у ſeiſcientos y veynte y ſiete años ſiendo preſentes por teſtigos
Antonio de ſoſſa Juan de acuña gregorio ſuares pantaleon de almey
da Paulo de araujo eſtevan çagalo Juan Rivero portugueſſes eſtantes
en eſta Villa de Madrid quetodos fueron preſentes y oyeron leer ef
te dicho teſtamento del ſeñor otorgante a quien yo dicho eſcrivano
doy fe conoſco lo firmo de ſu nombre en el Regiſtro deſta Carta.
DON DUARTE .
OAſento queſe tomou por meu mandado com D.Rodrigo Hen- Num. 5 .
niz de Portugal meu ſobrinho com B. Beatris de Caſtro , filha do An. 1501 .
Conde de Lemos he o ſeguinte.
Primeiramente que o dito D. Diniz caze e confirma matrimo
nio com a dita D. Beatriz de Caſtro ſegundo manda a madre fanta
Igreja e que ſe de em cazamento ao dito D. Diniz , com a dita D.
Beatriz as Villas de Sarria , e Caſtro, e Outeiro de ElRey , com
ſuas terras Vaſſallos e Fortalezas , e jurdiçaõ civel e criminal rendas ,
e preitos , e direitos , e outras couzas que lhe pertençao os quaes
feito o dito cazamento , e conſumado niatrimonio entre elles , ſe llie
de e entregue logo ao dito Conde para que as tenha e leve as ren
das preitos , e direitos , deſte prezente anno , por librança e dende
em diante , em cada hum anno , para toda ſua vida , ſem ſacar para
ello livramento algum , e que feito o dito eſponſouro , entre os ditos
D. Diniz , e D. Beatriz , a dita Fortaleza de Sarria ſe entregue logo
ao Comendador Pedro Nunes de Guſmaó , para que a tenha em ter
cearia , e feito o cazamento e conſumado o matrimonio entre ellos ,
Toni. V. lii a en
434 Provas do Liv .VIII. da Hiſtoria Genealogica
a entregue ao dito Conde , para o afim fazer e comprir , para preito ,
e omenagem .
Item que ſe eu ou meus herdeiros quizermos darlhe aqui memn
brança , para as ditas terras e Fortalezas r, endas preitos e direitos ,
e jurdiçao , e Vaſſalos , em o Reyno de Galiza , que quada e quan
do o dermos, as ditas Villas terras e Fortalezas , Vaſalos e jurdiçao
e preitos , e direitos , ſe torne a nii, e a meus herdeiros.
Diſpois dos dias do dito Conde , as ditas Villas de Sarria , e
Caftro , e Outeiro de ElRey , com ſuas terras , e Fortalezas , e Val
ſallos é jurdiçao e rendas , e preitos, e direitos , e outras couzas
que lhe pertencem , e pertencem a fazao, fiquem com o dito D. Di
niz e com ſeus herdeiros ligitimos, de ligitimno matrimonio nacidos,
e deſcendentes delle , e da dita D. Beatriz , com equivalencia , que
por ello . lhe foi dado.
E que para mais ſeguridade do ſuſo dito o Conde entregue e
ponha logo em poder do dito Pedro Nunes de Guſmaa ) a ſua For
taleza de Molle , e Fortaleza de Caſtro , e Outeiro de Rey ſe entre
gue ao dito D. Diniz , ao tempo que a Fortaleza de Sarria ſe entre
gar ao dito Conde , e o dito Pedro Nunes tenha a Fortaleza de Mol
le , para que nað ſe comprindo , o que aqui vai capitulado , e aſen
tado , ou qualquer couza dello , por parte do dito Conde , e o di
to Pedro Nunes , ſe entregue logo a dita Fortaleza de Molle , ao di
to D. Diniz , ou a ſeus herdeiros ou a mi , ou a meus herdeiros ,
ſem ficar dello outra couza em contrario a outros deſcendentes ligiti
mos ſegundo dito he. E avendo entregado o dito Pedro Nunes a
dita Fortaleza como dito he, toda via o dito Conde fique obrigado
a teer guardar e comprir todo o aqui contheudo , ou pague a tença
da Fortaleza de Molle.
E que ſe o dito Conde over fruito varað ligitimo , de ligitimo
matrimonio nacido , que haja de herdar ſua Caza o dito Conde en
tregue logo ao dito D. Diniz a dita Fortaleza de Sarria , e a elle ſe
lhe entregue a dita Fortaleza de Molle.
E
que ſe o dito matrimonio diſolver entre os ditos D. Diniz e
D. Beatriz , por morte do dito D. Diniz , ſem ficar delles filho ou fi
lha , o outros deſcendentes ligitimos , de ligitimo matrimonio naci
dos , o dito Conde dê , e entregue a mi, e a meus herdeiros a dira
Fortaleza de Sarria , e a elle le lhe entregue a dita Fortaleza de
Molle e gozem para ſeus dias das ditas Villas de Sarria , e Caſtro ,
e Outeiro de ElRey , com ſuas terras Vaſſallos e rendas , e jurdiçao.
E que por quanto o dito diz teer direito as ditas Villas de Sar
ria e Caſtro e Outeiro delRey , que feito o dito cazamento ſe com
prometa por minha parte no dito Conde , em mãos e poder de duas
boas peſloas de conciencia , para que dentro de hum anno , deſpois
que as ditas peſſoas forein nomeadas, detriminem entre nos a juſtiça,
é ſe triminarem em meu favor , todo o capitulado e contheudo fica
em ſua força e vigor ; e ſe detriminarem em favor do dito Conde ,
goze dello ſegundo o theor e forma da ſentença , que ſobre iſto de
rem por as quaes peſtoas , eu aja de mandar , que aceptem o poder
para
da Caſa Real Portugueza. 435
to, para detriminarem , e que todo o aqui capitulado ſe entenda , fican
do ſalvo o direito do dito Conde .
III E que feito o dito cazamento e conſumado o dito matrimonio,
entre os ditos D. Diniz , e D. Beatriz , eu faço merce ao dito D. Di.
niz de hum conto de maravedis de renda , perpetua cada anno , pa
-20 ra ſempre ja mais , no Reyno de Galiza , e nas ſuas comarcas , ſobre
Vaſalos , ou em juro o qual eu aja de comprir , dentro de outo an
ệ
el
nos primeiros ſeguintes, des o dia que o dito cazamento ſe fizer ,
para ſeguridad do qual' , ele pedir logo o privilegio do dito hun
conto de renda de juro , e o poeer em poder do dito Pedro Nunes
de Guſmaó , para que o tenha em ſi dentro dos ditos annos , athe
ſe cumprir o dito hum conto de maravedis de renda , ſegundo dito
2
he , que o dito Pedro Nunes entregue o dito privilegio ao dito D.
Ĉ
Diniz , para que dende em diante goze do dito privilegio.
E que le o dito matrimonio ſe diſolver entre os ditos D. Di
niz e D. Beatriz , por morte de qualquer delles , ou em outra ma
neira , ſem ficar delles filho ou filha , ou outros decendentes ligiti
mos , 'e de ligitimo matrimonio nacidos , em tal cazo as ditas Villas
de Sarria , e Caſtro , e Outeiro de Rey, com ſuas terras e Vaſſalos e
jurdiçao , preitos e direitos , e com todos os que lhes pertence , ou
a equivalencia para ellas tiver dado , o dito hum conto de maravedis
de renda , ou a parte delle , que ſe over comprido , ſe torne a mi ,
ou a meus herdeiros, gozando o dito Conde por ſua vida das ditas
Villas jurdiçao e rendas , e Vaffalos como dito he.
Ě que ſe o dito D. Diniz herdar a Caza do Duque ſeu Irniat ,
que eu nað ſeja obrigada a comprir o dito hum conto de maravedis
de renda , nem couza algua delle , ſalvo que fique a minha vontade
de lhe fazer a merce , que quizer , e ſe algua couza do dito hum
conto ſe over coinprido , ſe torne a mi, ou a meus herdeiros.
E que ſe o dito D. Diniz herdar a Caza do Duque feu Irmaó,
e a dita D. Beatriz a Caza de Lemos , o filho ſegundo delles ditos
D. Diniz , e D.Beatriz , herde a Caza de Lemos , e ſenað ouverem
filho varað ligitimo ſegundo , herde a dita Caza ſua primeira filha
ou filho varaó , e ſe o nað over dos ditos D. Diniz e D. Beatriz ,
herde a dita Caza ſua filha ſegunda , e que para ello eu aja de con
ceder a faculdade que for miſter , para que afim ſe faça por eſta vez,
ficando para em diante maioraſgo da dita Caza de Lemos , e vincu
los delle , em ſua força e vigor , o qual filho ou filha dos ditos D.
Diniz , e D. Beatriz , que herdarem a dita Caza de Lemos , herdem
aſi meſmo todas , e quaeſquer termos em qualqueș maneira over fei
to o dito D. Diniz , em meus Reynos e Senhorios , e tome as armas ,
e apellido da dita Caza de Lemos, e que lhe dando a dita D. Bea
triz a dita Caza de Lemos , o dito D. Diniz traga as armas da dita
Caza a mao eſquerda das ſuas.
E que ſe o dito Conde over filho varaó da Condeſſa D. Tareja
ſua mulher que aja de herdar ſua Caza , em tal cazo o dito Conde
aja de dar em dote , e cazamento a dita D. Beatriz fua filha feis con
1
tos de ir aravedis , os quaes ſeja obrigado a pagar em oito annos pri
Tom. V. lii ii meiros
436 Provas do Liv. VIII. da Hiſtoria Genealogica
meiros ſeguintes , des o dia que o tal filho nacer , e ſe a dita Con
della ſua mulher morrer ein vida do dito Conde , e o dito Conde
ſe cazar aja de dar em dote e em cazamento ao dito D. Diniz , com
a dita D. Beatriz ſua filha dez contos de maravedis , pagados em os
ditos outo annos , e para pago delles , ao tempo que o dito caza
mento ſe fizer و, obrigue, e hipoteque as ſuas Villas de Meliza , e Of
pontes de Garcia Rodrigues , e Molheenda e terras , com todo o a
elles pertencente , e outros bens baſtantes, e que os ditos D. Diniz,
e D. Beatriz , gozem para fi das rendas preitos , direitos dellos , é
fenað valerem cada anno duzentos mil inaravedis , que o dito Conde
ſeja obrigado a lhos comprar , e ſe mais valerem , ſejað para o dito
D. Diniz , e D. Beatriz , e que ſe o filho que o dito Conde ouver,
e que ha de erdar ſua Caza ſegundo dito he , morrer em vida do di
to Conde, o dito dote ou que della ſe over pagado da dita hipote
ca , ſe torne ao dito Conde e fique para o dito D. Diniz , e D. Bea
triz o que athe ali ouverem levado , e ſe deverem das ditas rendas
da dita hipoteca , afi meſmo ſe torne a entregar a dita Fortaleza de
Sarria .
E que o dito Conde naó ſeja obrigado em dar em ſua vida aos
ditos D. ' Diniz , e D. Beatriz , alem do ſuſo dito couza alguá de
ſeus bens e fazenda.
E que o dito D. Diniz dara a dita D. Beatriz as arras que ſe
decrarar para lhes pagar lhe dê a
ao tempo do dito cazamento , ee para
ſeguridade que for meſter.
E que ſe ao dito Conde nað ficar filho varaó de ligitimo ma
trimonio nacido , e ficar delle outra filha ou filhas ligitimas os ditos
D. Diniz e D. Beatriz , fejao obrigados a dar a cada hua dellas di
tas filhas hum conto de maravedis para ſeu cazamento.
E outro ſi que ſe o dito Conde inorrer antes que a dita Con
della ſua mulher , e os ditos D. Diniz , e D. Beatriz herdarem fua
Caza, ſejao obrigados a dar a dita Condella cada anno por ſua vida,
para ſeu mantimento , nað le cazando , trezentos e cincoenta mil ma
ravedis , no milhor parado do Condado de Lemos.
E que ſe o dito Conde cazar , e over preito ou concordia , e
em outra qualquer maneira , outros alguns bens , alem dos que ago
ra tem , quando quer , e aſim over , e ficarem em ſua vida aos ditos
D. Diniz e D. Beatriz ametade da renda dello ; e ſe over dous ſe
nhorios, e jurdiçoens de Villas lhe dem hum delles, qual o dito
Conde quizer , com o ſenhorio , e Vallallos e jurdiçao e rendas , e
outras couzas que lhe pertençao , e fe em aquello ſe montar ameta
de da renda , do que aſi ouver facado , ſeja obrigado o dito Conde a
lhes comprir ametade em dinheiro , cada huni anno , e lhe finalar don
de os aja , contraendo a donde lhos ſinalar , nað tenha jurdiçao , nem
ſenhorio , e ſenað ouver ſenað hum lugar em tal cazo ſeja obriga
do o dito Conde de lhe dar ametade da renda , e nao mais , e que
eſto no ſe entenda das ditas Villas de Sarria , Caſtro , e Outeiro de
Rey com ſuas terras ; e o que afim lhes der ſeja para elles, e ſeus
deſcendentes ligitimos , e de ligitimo matrimonio nacidos , é ſe a di
ta
da Caſa Real Portugueza. 437
Ol
ta D. Brites falecer ſem deixar filho ou filha , ou outros deſcenden
de tes ligitimos , e de ligitimo matrimonio nacidos , que os taes bens le
tornem a dita Caza de Lemos depois dos dias de D. Diniz , o qual
aja de gozar por ſua vida dos ditos lugares e fortalezas , que do di
to Conde ouver herdado da dita ametade , e das rendas e preitos e
개 direitos de Vaſſalos , e jurdiçaõ delles.
a
E que o dito Conde jure em forma de direito , e faça preito
2 omenagem de ter guardar , e comprir todo ho em eſta capitulaçao
contheudo , cada couza , e parte dela.
E que outrogando o dito Conde eſta capitulaçao como nela ſe
0 contem ante Notairo , e firmandoa , e ſelandoa com o ſeu fello , em
maneira que faça fe , le lhe otroguem todas as provizoens , e para
comprimento do ſuro dito ou mandar ver o poder do dito D. Di
niz para fe delpozar com a dita D. Beatriz , feito o dito deſpozorio
dende a hum anno 2 primeiro ſeguinte , ſe cazarem e conſumarem
matrimonio como manda a Madre fanta Igreja.
Do qual todo o que dito he outorguei a prezente capitulaçao
ante Gaſpar de Grizio meu Secretario e a firmei de meu nome, e a
mandei ſellar de meu fello , que foy otorgada na Cidade de Granada,
a trinta dias do ines de Setembro de mil e quinhentos e hum annos.
EU A RAYNHA.
11
438 Provas do Liv. VIII. da Hiſtoria Genealogica
Alvers Deguſia Proviſor , e Meſtre E ſchola de Ourenſe, e o dito
Lopo Ozorio , e Pedro Paſigna , e Heronimo Devaldaura , e Joao de
Grey Regedor da Cidade de Lugo mordomo do dito Conde, e eu
o dito Alvaro Pires de Lugo , Eſcriva ) e Notairo publico ſobre di
to e Secretario do dito Conde de Lemos , ܕe a todo o que fuſo di
to he , e a cada huă couza , e parte dello , eu com os ditos teſtigos
prezente fui ao outorgamento do dito aſento , e capitulaçom da Ray
nha noſſa Senhora que de ſuſo vai encorporada original , o qual fica
em poder do dito Conde , e o dito juramento e preito e oinenagem
que de fuſo faz mençaó , é o dito treslado concertei com o dito Ori
ginal propio e ſegundo todo ante mi paſſou , de mandamento e ou
torgamento do dito Conde que aqui firmou ſeu nome , e mandou ſel
lar com o ſeu ſello , bem e fielmente o fiz , hum por outro , a eſtas
duas folhas e meia de papel , de meio prego , com eſta em que vai
meu final , e fiz a qui o name acoſtumado , em teſtemunho de verdade
Alvaro Pires Notairo.
do , e nað lhe deſcontem para em pagua dello nenhuma couſa dos tre
zentos mil reis que afy ouver gozado de todos os annos paſſados po
rem deſcomteſelhe para em pagua das ditas arras , e dote todas as jo
yas de ouro e prata que eu lhe tenho dado , ou der daqui a diante.
Mando que ſe por ventura ſe morrer algum de meus filhos ,
ou filhas fem erdeiro toda a parte de ſua erançaque afy lhe pertencer
no dito comto de juro ſe torne , e bolva , e junte por via de mayo
rafguo com a Caſa de Lemos com tanto que o que erdar a Caſa de
Lemos ſeja meu filho , ou deſta molher.
Se
da Caſa Real Portugueza. 443
Se a caſo algum dos ditos meus filhos , ou filhas quiſerem ven
der a dita parte que aſy lhes vier por eramça no dito comto de ju
ro diguo que ho nao poſſa vender a outro algum , ou em outra par
te ſalvo ao erdeiro da Caſa de Lemos , a qual dita parte como o di
to erdeiro da Caſa de Lemos ha comprar ſe junte loguo com todo o
de mais que o dito erdeiro da dita Caſa de Leinos tera no dito
comto de juro ao mayorafguo da dita Caſa de Lemos , e iſto ſe cm
!
temda da maneira do Capitulo amtes deſte que he que ha de ſer o
mayorafguo da Caſa de Lemos meu filho , ou deſemdente por ſe em
corporar , e juntar a dita erança , e vemda ao dito mayorafguo.
Mando que ſe avalie a Caſa de Ourenle e toda a parte que cou
ber a cada hum de meus filhos , ou filhas lha pague D. Fernando ,
ou o filho que erdar a Caſa de Lemos , e ſe fique com toda a dita 1
Caſa .
1
Mando a meus Compridores que todas as peſſoas que direita
mente moſtrarem ſerlhes em alguma obrigaçao , ou carreguo lhes ſa
tisfaçað , e deſcarreguem minha conciencia ſobre o qual lhe enicarre
guo as fuas, e mando que ſe venda de meus bens inovees todos os
que meus Compridores virem que faó neceſſarios para comprirem mi
nhas mandas , e obras pias .
Comſiderando o ſerviço que me haó feito meus Criados , e fo
bre ello querendo deſcarreguar minha conciencia , ou ſatisfazerlo del
lo mando primeiramente a meu Ayo Joao Mendez.
Nomeyo por Tytores de meus filhos, e filhas a D. Briatiz de
Cafiro minha molher, e juntamente com ella Joao Mendez meu Ayo
com tanto que ſe a dita D. Briatiz de Caſtro fe cazar que a dita Ty
toria fique emteiramente ao dito Joao Mendez , e lhe emcarreguo
que tenha muito carreguo de ſuas peſſoas , e bens.
Continuos.
Pajes.
Franciſco de Scobar que ha honze annos que me ſerve, 100 ducados.
Ao Sotello que ha nove annos que me ſerve , 100 ducados , e
hum veſtido o melhor que tiver.
A Diego deLemos que ha que me ſerve ſeis annos , 100 ducados.
A Pedro Annes que ha que me ſerve ſeis annos , 40 ducados.
A Feyjoo , 40 ducados.
A Louſadiſta que ha que me ſerve cinco annos , 40 ducados..
A Arido , 40 ducados.
A Sancho Lopez que ha tres annos que me ſerve , 40 ducados.
A Ayres Conde que ha que meſerve tres annos , 40 ducados.
A Duarte Vaz , 40 ducados.
A Sancho Vale que ha que me ſerve quatro annos , 40 ducados.
A Febus de Novoa , 40 ducados.
A Angerino Guita que ha que me ſerve quatro annos , 40 ducados.
A Valcarariſta que ha que me ſerve , 40 ducados.
A Guſmao , 40 ducados.
Alexandre de Moura que ha que me ſerve tres annos , 40 ducados.
A Feyjoo que emtrou agora , 40 ducados.
A Martim Alvers que ha que me lerve ſeis annos , vinte e fin
co mil reis por o tempo que me ſervio.
A Ornadilho que ha que me ſerve dous annos , 40 ducados..
Moços deſpora.
A Joað Vaz que ha que me ſerve homze annos , 40 ducados.
Affonſo Lourenço que ha que me ſerve oito annos, 40 ducados.
A Alvaro Martins que ha que me ſerve dez annos, 40 ducados.
A Pedro de Ulhoa que ha que me ſerve cinco annos, 40 ducados.
Antonio que ha que me ſerve cinco annos , 40 ducados.
A Biſcainho que ha que me ſerve cinco annos , 40 ducados.
A Joao Belinho , 40 ducados.
A Pedro Vaſques que ha que me ſerve quatro annos , 40 ducados.
A Vaſco Rodrigues que ha que me ſerve dous annos, 40 ducados.
A Diogo Affonſo , 40 ducados.
A Vaz , 40 ducados.
A Louſada , 40 ducados.
A Pedro Rodrigues , 40 ducados.
Fernam Paz moço da azemola , 40 ducados.
Molheres minhas Criadas.
A Briatiz Pirez dez mil reis com o de ſua filha.
1
1
|
da Caſa Real Portugueza. 449
va , e queria comprir em todo a vomtade do dito Senhor D. Deniz,
que ella avia aceptado, e aceptava ha dita tutella como Madre dos
0 ditos ſeus filhospera fazer nella ho que de direito develſe,efoſſe
C hobrigada, porem que pedia , e pedio ao dito Senhor Juiz que lhe
fizelle fazer as ſolenidades que de direito ſe requeriam , e que ella
eſtava preſtes, e aparelhada de as fazer , e loguo ho dito Senhor Juiz
diſſe que ouvia , é que eſtava preſtes , e aparelhado de fazer ho que
1 do direito deveſſe, e diſſe ha a dita Senhora Donna Briatiz de Car
tro que renunciaſlé ho Valeriano , e as ſecundas nuncias , c fizeſſe ho
1 que o direito em tal cazo deſpunha , e logo a dita Senhora Donna
2 Briatiz diſle , que era contente , e que lhe aprazia , e que prometia,
e prometeo , e le obrigava , e obrigou de nom ſe cazar a ſegunda
vez ſem que primeiramente pediffe Titor, ou Curador pera os ditos
ſeus filhos legundo a callidade de ſuas peſſoas , e aſlimeſmo diſſe que
hobriguava , e obrigou com ſua peſſoa , e bees moveis , e de raiz avi
dos e por aver de dar boa comta com pagua aos ditos ſeus filhos
da dita adminiſtraçao , e tutella vindo ho tempo de o prover , e 'pa
ra eſte effeito femdo certa , e certificada por injm ho dito eſcrivaao
do fauvor , e ajuda que as leys dos Emperadores Valyano , e Juftil
liano e a coſtytuiçam nova dada as molheres pera que nom fe pof
ſam hobriguar por outros , e pera que os contrauctos, e auctos que 1
ine , e illo meſmo das minhas terras de riba de Vouğua , ſ. dos Jul
gados
1
da Cala Real Portugueza. 451
gados Deixo e Dees , e Paos , e Villarinho com todolos outros lu
TO guares , e Reguemguos , que hy tenho , afy como as hora de mim
O, tras o Conde de Guimarãis com todos ſeus termos , e rendas , e di
3! reitos , foros, e tributos , jurdiçaõ civel , e crime , mero , inixto im
1. perio , e padroados de Igrejas que eu nas ditas terras hey , e de di
reito aver , e com poder de poer tabaliáis , das quaes terras, e ren
das elle poſſa tomar poſſe corporal real , e actual e as peſſoir e con
tinuar fem outra authoridade minha nem de juſtiça , e iſto lhe faço
M por elle ſer em idade , e diſpoſiçað para ello , e por bem , e grande
mente e como homem de feu eſtado , e daquelles donde deſcende po.
der , e ſervir elRey meu Senhor , é o principe ſeu filho , e a feus
ſucceſſores; a qual doaçað lhe faço , com condiçao que as ditas cou
1 zas que lhe aly dou numca poſlao ſer partidas nem emlheadas em
outra parte nem ſe apenhem ſem deſcontar , e iſſo meſmo que fale
cendo o dito D. Afonſo ſem filhos ou filhas , ou deſcendentes lidi
mos , e leigos , que entað ſe tornem as ditas couſas aquelle que for
Duque de Bragança e com eſta declaraçaó , que falecendo o dito
dom Afonſo ſem filhos ou filhas , ou deſcendentes lidimos , e leigos
5 como dito he ein minha vida , o que Deos nom mande que as terras
de Riba de Vougua ſe tornem ao dito dom fernando Conde de Gui
maráis meu muito amado filho , e as aya aſy , e pela maneira que as
outras couzas de que lhe agora faço doaçað , e a alcaidaria e rendas
de eſtremos ſe tornem a mim ; e tambem que dipois por tempo fa
lecendo todos os que do di'o D. Afonſo deſcenderem que eſtas cou
zas haó de herdar que todo inteiramente ſe torne aquelle que for Du
que de Braguança , e iſſo meſmo que aqueecendo o que Deos nao
mande , que o que a dita ſucceſſað tever a perca por algum cazo ,
que ella otorſy torne logo ao outro ſeguinte em grao que as ditas
couzas herdaria , ſe o poſſuidor naturalmente faleceffe , e eſta doaçao
lhe faço ſem embargo de quaeſquer leys e direitos civeis , e canoni
1
cos , groſas e opinioēs de Doctores, e ordenaçoes do Reyno , que
em contrario ſeya) , e peço por merce a elRey meu Senhor que aſy
o queira comfirmar , e por certidaó dello mandei dar eſta minha Car
ta ao dito D. Afonſo de doaçao aſinada por mim , e pela dita Du
queza minha mulher , e pelos ditos meusfilhos e aſellada dos noſſos
ſellos, e tambem afinada pela dita D. Izabel , mulher do dito D.
Joað meu filho , e afellada do ſeu ſello ; dante em Villa - Viçoza dous
dias do mez de Janeiro , o Bacharel a fez anno de noſſo Senhor Jezu
Chriſto de mil e quatrocentos e ſeſenta e ſinco annos , Ainda que ef
ta declaraçao nað foile neceſſaria , porem por tirar duvidas que po
deriaó ſobrevir as rendas de eſtrenios , ſe entendem reguemguos de
pað , e vinho , azeite , e alenhas , e reguemguos de ortas , e foros ,
e tributos dos Judeus , e mouros , e tabaliaēs, e portagem , e geral
mente todallas outras rendas que hi hey. Pedindonos o dito Dom
Afonſo que lha confirmaſſemos noin ſomente por ella ſer tal que ex
cede a cantidade do direito , e deve ſer inſinuada , mas ainda por ſer
de couzas da Corua do Reyno , que fem noſſo expreſſo conſentimen
to , e comfirmaçao ſe nað podia fazer que por direito valleſle, e noso
Tom . V. Lll ii vend
1
452 Provas do Liv. V III.da Hiftoria Genealogica
vendo ſeu requerimento conhecendo ſeus muitos e eſtremados ſerviços
que delle recebemos e eſperamos ao diante e grandemente receber , e
eſguardando iſſo meſmo o devido tam cheguado que comnofco tem a
nos praz , e por tirarmos duvidas que ſe recrecer poderiaó deſtas pa
lavras em eſta doaçað poftas. S. e pera todos ſeus deſcendentes lidi
mos , e leiguos , conformandonos com a vontade do dito Duque , em
eſte modo , que o filho major Baraó lidimo e leiguo , a ſua morte ſuc
ceda toda eſta herança in folido , e aſy dehy em diante todos ſeus 1
1
da Caſa Real Portugueza. 453
OS
ē
In Conde ſeu avo , e a ſeus deſcendentes os lugares Deixo , e Re
4
queixo , Paos , e Oeês deſpois das mortes do dito Alvoro de Souza,
e Diogo Lopes de Souza ſeu filho como mais largamente conſtava da
dita sentença que me prezentou , ouveſſe por bem de lhe mandar em
nome delle Conde pallar Carta dos ditos luguares por quanto a nað
tiveraó os ditos Condes D. Sancho , e D. Afonſo ſeu pai , e avo ,
(
AS
por falecerem primeiro que o dito Diogo Lopes de Souza , por cuja
morte ouveraó de ſucceder os ditos luguares comforme a dita ſenten
10
ça , por bem da qual eſtava elle Conde ja em poſle delles, comfor
J.
me a huă provizað do Senhor Rey D. Henrrique meu tio que fanta
gloria aja , porque ouve por bem que a Condeça donna Villante de
Caſtro , ſua máj podeſſe tomar poſle dos ditos luguares como tutora
e adminiſtradora que hera delle Conde ſeu filho menor , tanto que
vaguaíle por morte do dito Dioguo Lopes de Souza , e viſto feu re
querimiento , e a carta neſta tresladada papeis e a dita ſentença que
comella me prezentou porque ſe moſtra pertencere os ditos lugua
res Deixo , e Requeixo , Paos , e Oeēs a elle Condme D. Sancho de
noronha , e aver de ſucceder nelles por morte do dito Dioguo Lopes
de Souza por bem da dita ſentença comforme a qual e a dita provi
zao do Senhor Rey D. Henrrique , eſta ja em poſle delles , tenho
por bem , e lhe comfirmo a dita Cárta neſta tresladada , e hey por
comfirmada e mando que ſe cumpra e guarde a elle Conde , ea ſeus
deſcendentes , aly , e da maneira que nella e na dita ſentença ſe con
them ; e por firmeza de todo lhe mandei dar eſta minha Čarta por
prim afinadla , e tellada com meu fello de chumbo pendente , dada na
Cidade de Lisboa aos oito dias do mez de março , Duarte Caldeira a
fez anno do nacimento de Noſſo Senhor Jezu Chriſto de mil e qui
nhientos e noventa e ſeis annos .
1
Bullado Papa Paulo II. porque relaxou o juramento a E /Rey D.
Affonſo V. parahaver de dar Faro aoSenhorD. Affonſo, filho
do Duque de Bragança D. Fernando 1. Original eſtá no
Archivo da dita Caſa , donde a copiey.
Aulus Epiſcopus Servus Servorum Dei. Cariſſimo in Chriſto fi- Num. II .
lio noſtro Alfonſo Regi Portugalliæ Illuſtri; ſalutem , & apofto
licam benedictionem . Petiſi à nobis per litteras tuas alias , & nunc An . 1471.
1
etiam inftantius Regia tua Majeſtas petit, ut abſolutionein juramen
ti cujuſdam , quod Opidanis de Faron in privilegio inſertum feceras
tibi concedemus , in quo ſub hac verborum forma, videlicet juramus,
& promittimus fub noſtra Regia fide illis pollicebaris , ſola tua me
ra liberalitate inductus , vel temporis conditione ſuadente ne unquam
dominium illius Opidi alicui dares , quod cum nunc dilecto filio Al
fonſo Nepoti tuo Comiti ejuſdem loci , filio Ducis Bargantiæ , prop
ter magnas , ut ais , & legitimas cauſas dederis , conſcientiæ ſcrupu
lo movebaris ; Nos itaquecum ex tuis litteris ſepe numero intellege
rimus ſtrictiſſimum ſanguinis vinculum , quo tibi dictus Alfonſus Co
mes de Faron conjunctus eft, fciamuſque Majeftatem tuam pro Ma
giſtratu de Avis , magna in Regno tuo dignitate in ejus favorem fe
pe , & multum nobis ſupplicaſſe, & te hoc illi Opidum , & inſignia
ta Comitatus in recompenſam quandam non adepti illius Magiſtratus, ut
aſſeris ejus vita durante , donaville , cujus etiam poſſeſſionem tuis juſſis
conſequutus eft , quam firmain eſte , & nunquam retrocedere bono
Chat exemplo omnium ſubditorum tuorum , & quieti , ac compoſitæ tran
21 quilitati tuorum Regnorum convenit', inducti ad hoc precibus tuæ
Majeftatis , & Principis heredis filij tui , nec minus ejus preſentia&,
Tom . V. Mmm ii
460 Provas do Liv. V III. da Hiſtoria Genealogica
& meritis maximis , tam fuis , quam patris ſui, & ſuorum omnium,
quæ tu etiam fingularia ſemper fuille , & elle tam erga ftatum tuz
celſitudinis , quamerga fidem catholicam aſſeveras , ut dicto Alfonſo
Comiti de Faron in ſua dignitate , & honore liberales reddamur , &
ſcrupulo aninæ tuæ condigna medicina fuccurramus, وharum tenore te
ab omni promiſſionis , & juramenti vinculo quod per privilegium
ipſis Opidanis de Faron datuni, aut per ſupradictum niodum jurandi
incurrere potuiſti libere , ferie preſentium abſolvimus , & à quocun
que alio onere conſcientiæ tuæ , quod à tali promiſſione , juramento ,
vel privilegio oriri poſſet relevamus , quod tametſi alias jam per noſ
tra duo brevia feciffe meminimus , tamen quia forſan propter locorum
diſtantiam illa ad te quoquomodo poſſent non perveniſe hoc denuo
ad Majeſtatem tuam amplius , & uberius mittimus , ut te ab omnibus
ſupradictis confcientiæ ſcrupulis noveris liberatum , commendandum
etiam celſitudini tuæ maxime dictum Alfonſum Comitem de Faron , &
omnem ejus ftatum , atque honorem non fecus , quam Majeftas tua
nobis commendatum eſſe ſuis litteris voluit. Datum Romæ apud"
Sanctum Petrum ; Anno Incarnationis Dominicæ milleſimo quadringen
teſimo feptuageſimo pridie Idus Junii Pontificatus noftri Anno fexto.
Smolfus.
Loco Sigilli .
I
.
Carta de confirmaçao delRey D. Affonſo V. ao Senhor D. Affon
5
Jo , Conde de Faraão , de perfilhaçaó , e doaçao, a elle feita ,
. por Joao Gallego , morador em Villa-Viçoſa. Ejá no
liv. 2. dos Myſticos , pag. 39 , verſ.
D Dom que perante nos foi aprezentado huin publicoeſtromento de Num . 13.
perfilhaçam que parecia ſer feito e aſlinado por Ruy Dias dado por An . 1478.
noſlo Alvara por Eſcrivaó a Ruy Varella Taballiao das notas em a
1
noſſa Villa de Eſtremoz aos tres dias do miez de Novembro da pre
zente Era de ſetenta e oito em o qual ſe continha antre as outras
couzas que Joao Gallego morador em Villa-Viçoza diſlera que vendo
elle e confirando como nam tinha padre nem madre nem filho nem
filha nem netos nem netas nem aſcendentes nem deſcendentes que os
ſeus bens per direito deveſſem herdar ſalvo quem elle quizeſe de ſeu
prazer e livre vontade e ſem nenhuma prema que lhe ſobre ello feita 1
foſſe diſſera que elle tomava e recebia e perfilhava por ſeu filho adou
tivo Dom Affonſo Conde de Faram meu bem amado ſobrinho que
de prezente eſtava em todos ſeus bens como ſe foſte nado de ſeus lom
į bos e como ſe foſſe de legitimo matrimonio de ſua molher recebida
porque lhe aprazia de o elle ally perfilhar por ſeu filho doutivo co
mo dito he por afly nam ter padre nem inadre nem filho nem filha ,
nem neto nem neta como dito he que ſeus bens per direito devellem
de herdar e prometera e jurura poendo a maó ſobre os Evangelhos
de o en algum tempo nain contradizer nem outra perfilhaçað fazer
e que aſly como elle perfilhara e perfilhava por ſeu filho herdeiro em
ſeus bens affy nos pedia por merce que lhe confirmaſemos o dito
perfilhamento rezervando elle dito Joao Gallego feu pay, a terça par I
te dos ditos bens para ſe deſpenderem por ſua alma depois deſua 1
norte com condiçao que elle Conde ſeu filho pague em dinheiro
quanto montar em a terça dos ditos bens a quem elle leixar que a
delpenda por ſua alma poi ſe nam fazer partilha em os ditos bens e
porem lhe outorgava o dito eſtormento de perfilhamento ſegundo que
todo eſto e outras muitas couzas melhor e mais compridamente era / 11
개
contheudas e aprezentado afly o dito e tormento de perfilhamento co
》
mo dito he o dito Conde nos pedio por merce que lho confirmaf 1
1
ſemos e aprovaſſemos per noſſa Carta ally e pella guiza que nelle ſe
conti
08
462 Provas do Liv. VIII, da Hiſtoria Genealogica
continha e lho ouveſemos por bom e firme e valliozo e nos vendo
o que nos elle dito Conde aſly dizia e pedia e querendolhe fazer
graça e merce ſem embargo de ſe ſobre o dito perfilhamento nam fa
zer outra deligencia ſegundo eſtillo e noſſa ordenaçao. Temos por
bem e confirmamoslha e ratheficamoslhe e aprovamošlhe o dito perfi
lhamento em todo aſſy e pella guiza que feito he e no dito eſtor
mento de perfilhamento he contheudo é porem mandamos a todollos
Corregedores Juizes juſtiças officiaes e peſſoas de nollos Regnos e a
quaeſquer outros a que deſto o conhecimento pertencer por qualquer
guiza que ſeja a que eſta Carta for moſtrada que lha cumprað e guar
dem e façam cumprir e guardar em todo ally e pella guiza que em
ella he contheudo com entendimento que eſto nom faça perjuizo a
alguns herdeiros ſe os hy haja e a outras alguas peſſoas que algum
direito hajam em os ditos bens e em_teſtimunho deſto lhe inandamos
dar eſta noſſa Carta. Dada en a noſſa Villa de Eſtremoz treze dias
do mez de Novembro. ElRey o mandou per Diogo da Fonſeca
Joað de Villa Real a fez Anno de mil quatrocentos ſetenta e oito
to
IS
Carta dos moradores do Algarve à Camera de Lisboa , em que lhe
pedem os ajudem para naðſe dar o Senhorio de Faro a peſſoa
ef alguma.
1
Uito honrados Senhores amigos Juizes , e Regedores da muy Num. 15 .
11
2
M nobre , e ſempre leal Cidade de Lisboa , os fidalgos, Cavallei An . 1454 .
ros , Eſcudeiros , e povo do Reino do Algarve , vos emviamos o
1
bem , que para nós queriamos , bem creemos , que ſabeis, que os
tempos paſſados pellos Senhores deſte Reino andarem em divizao a
Rainha , e Ifante , Dom Pedro , que Deos aja deraó , o Officio de
Adiantado , e alçada de juſtiça deſte Reino do Algarve ao Conde Dom
Sancho , e por nos nað parecer juſto , nem ferviço de Deos , nem
delRey noſſo Senhor , nem bem de nos outros, e ſer Officio novo ,
que nunca neſte Reino ouve , nos trabalhamos com armas a irmos
em peſſoa a contrariar o dito Conde naó tomar poſſe do tal Officio
aa Villa de Loulê , onde chegou para pubricar ſua Carta , como de
feito contrariamos , e eſcrevemos logo ſobre ello aos ditos Senhores,
os quaes por ſua inerce naó quizeraó fazer o ſemelhante agravo , pon
dolhes nòs ante elles os empedimentos de nosmales , e mortes , que
do tal officio ſe poderia recrecer em todo eſte Reino do Algarve 9
e agora por aficados, e novos requerimentos , que o dito Conde fes
a ElRey noſſo Senhor em a Cidade de Cepta lhe tornou a dar
confirmar o dito oficio de Adiantado , e regimento da juſtiça , nao
pondo ante fi os muitos , e grandes ſerviços, com muitas façanhas
dinas de memoria , que noſſos Padres , e Avós , e aquelles de quem
2
procedemos fizerað aos Reis paſſados , que Deos aja, e nòs naðme
nos o ſervimos , e temos vontade de o ſervir quando nos requerido
$
for, e os males , e empedimentos , que diſto ao prezente , e ao di
ante ſe pode ſeguir , querendo elle tirar a juſtiça de ſua maó , e a dar
2
a leu Vafallo , e fazer ora novamente Rey em eſte Reino do Algar
ve , que he abaixamento de ſua Coroa Real 9 e comvemlhe , e he
]
neceſſario , que o ſegundo nome , que tem de ſe chamar Rey do Al
garve , que o tire , poes outro Rey quer fazer , metendo-nos em fo
geiçaõ de cautividade , a qual nos ficarâ fempre a filhos , e a Netos
de nòs defcendentes , fazendo-nos iſto ſem ter nenhuma neceſſidade
3 de nos em tal cativeiro pôr , e por comprazer ao dito Conde , quer
perder a nôs, por nos meter em confuzao , e por ſerto mayor ne
ceſlidade , o Rey vituriozo de grandes virtudes EIR ey Dom Joao ſeu
Avo , de fazer Adiantamento , e tirar a juſtiça de fi , que nao ElRey
noſſo Senhor, porque tinha ſeis filhos , e nenhum delles quiz meter
em eſte Reino do Algarve , conhecendo elle tanto da dita terra , que
) nað avia miſter outro pumareiro , ſenað elle , e nos outros , que o
prantamos , e criamos , e lân por eſſe Reino os andou agazalhando ,
ſem
464 Provas do Liv. VIII. da Hiſtoria Genealogica
ſem em nós querer fazer tal nojo , que dor mortal a nos , naó que
rendo conhecer noſſa lealdade , e os grandes ſerviços , que temos fei
to , que em ſeu Reino nað tinha , nem tem gente , que mais preſtes
ſeja a feu ſerviço tantos por tantos , nem que lhe maes rendaó , que
nổs , e porque ſabemos , que nos conheceis por taes , bein cremos ,
que nos tempos das guerras , onde neceſſidade muy grande avia nó
Reino a môr parte dellas por Caftella , fomos ſempre comvoſco por
a vos ſer Coroa de lealdade , poſto que ElRey com toda a Caza de
Caſtella nos enviava prometer por ſuas Cartas liberdades, e franque
zas , aſfaz jurando , e prometendo , que ſempre foſſemos da Coroa do
Reino , que de nos outro tributo nem renda nao queria , ſena ) as
portagens , ſegundo bem cremos , que fois diſto em perfeito conheci
mento e que por elle lhe deſſemos Tavila , e por ſer em nós emxer
tada a 'dita lealdade, e natureza a nôs cometida, o naó quizemos fa
zer , nem nunca Deos tal mandalle , e ainda nao conſentio como por
eſte novo Officio , que novamente deu , abre eſtrada aos outros Se
nhores lhe empedirem outras correiçoens deſtes Reinos , e fazer del
les Adiantamentos , o que pouco cumpria a eſte pobre Portugal , e
aſſim o dito Senhor abre caminho de ficar ſem juſtiça, e lhe ſer ti
rada , e por aqui ſerâ cauza , e azo em algum tempo fé fazer Caſtel
la , porque os conſelhos , e os povos della nað ſerað em ſeu ſer , e
porque honrados Senhores , e amigos nòs nað fomos de tal naçað ,
nao podemos conſentir outro Senhor , ſena ) ElRey noſſo Senhor, e
deſto ſe podem ſeguir mortes , e outros muitos grandes males ſe tal
Adiantamento da dita juſtiça , o dito Senhor a eſte Reino nos envia,
o qual antes queriamos peftenenſa antre nos , que nao elle por ſer ja
noſſo imigo , como de feito he pello que de ſufo declarado temos ,
e ainda fer novo Officio , e o dito Senhor nos querer tirar da liber
dade , e da ſua Coroa Real, e nos ineter em ſua fobjeiçao de cati
veiro , vos rogamos , e pedimos como Irmaons , que de ſempre fo
mos em amor , que ajaes de nôs doo , e tende comnoſco compaixað
como Irmaons , que ora novamente entraó em cativeiro , e nos aju
deis a bradar , e cramar de tanto mal , e ſem rezao quanto nos El
Rey noſſo Senhor quer fazer ſem cauza tomando comnoſco dô , .
triſteza e aficado a pezar , e emvieis por comtemplaçaó noſfa duas
boas pelloas do dito Senhor Rey com Carta voſſa , e lhe recontai o
grande mal, e deſtruiçao , que nos quer fazer ſobre lealdade , e mui.
to ſetviço ſeu , ſegundo lhe melhor vos ſabereis mandar dizer , o que
ſeja recomendado as voſſas boas, e virtuozas diſcricoens em breve
as enviai â Cidade Devora, onde acharað des fidalgos, e grandes pel
ſoas das melhores deſte Reino , que ao dito Senhor emviamos bra
dar , e cramar da ſem razao que nos faz , e ſe iſto correger nað qui
zer ſede Irmaons , que em todas noſſas vidas , e de noſſos filhos tra
remos doð pello cativeiro ein que nos ElRey mete , e nos nos ſocor
remos a vôs por ſerdes Cabeça , e madre dos povos deſte Reino , e
Irmaons voſſos pello qual nos ajudareis a requerer noſſa liberdade, e
aquillo , que he ſerviço do dito Senhor , e de ho aſſim fazerdes vos
ſeremos muito obrigados, o Senhor Deos por ſua merce acrecente
voſlas
da Cala Real Portugueza. 465
que voſſas vidas , e eſtados a ſeu ſanto ſerviço : eſcrita em a Villa Dalbo
tel
feira , onde os ditos Conſelhos forað juntos por ſeus Procuradores a
Ales
29. de Janeiro de 1454. allellada com o fello de Silves , Tavira , AL
quz
bofeira , Faro.
1
dalguo com mil reis de moradia cada mez , e hum alqueire e meyo 1
cudeiro , pera que daqui em diante tenha , é aja ſete mil duzentos e
cinquoenta reis de moradia cada mez de Cavalleiro , e hum alqueire
e meyo de cevada por dia pagua ſegundo Ordenança. Mandovos ,
que façaes aſſentar o dito Dom Franciſco de Faro no livro da Maí
tricola dos moradores de minha Caza no titolo dos Fidalgos Caval
leiros com a dita moradia , e cevada , riſcando- ſe primeiro o aſſento
Deſcudeiro , que no dito livro tem . e poendo-ſe em ambos os ditos
aſſentos as verbas declaradas no Regimento , que ſobre iſſo he feito,
e o Eſcrivað da Matricola paſſarà ſua Certidað nas coſtas defte Alva
râ , em que declare a quantas laudas do dito livro fica o dito aſſento ,
e eſte lhe ſerà tornado para o elle ter pera ſua guarda , Ferna) Ve
lho o fez em Lixboa aos xx. de Setembro de mil e quinhentos e ſef
lenta e outo .
|
O CARDEAL INFANTE .
HISTORIA
GENEALOGICA
1 D A
CASA REAL
1
PORTUGUEZA.
Doaçao,, que fez o Duque de Bragança D. Fernando I. ca Duque
za D. Joanna de Caſtro , ſua mulher ,ao Senhor D. Alvaro
Jeu filho , dos direitos Ř eaes de Béja , e outras rendas.
Authentica eſtá no Cartorio da Sereniſſima Caſa 1
1
1
que venha de femea mais velha , e ſendo todos baroês como dito he
entao venha a femea maes velha , e leiga , que deſcenda de baraó
ſe ahy ouver , e nom avendo hy quem deſcemda do barað venha à
mais velba , que deſcemda da femea , aſly que quando hy nað ouver
baroēs , nem femeas deſemdentes do dito D. Alvaro , entao ſe torne
eſta foceſſað à dita Caſa de Bragança , e porein de noſſa certa cien
cia , poder abſoluto.com eſta declaraçao comfirmamos , e aprova
inos ,
ide
470 Provas do Liv. IX. da Hiſtoria Genealogica
mos , e louvamos و, e retificamos a dita doaçao como nella he com
teudo , e noſſa autoridade Real em elle amtreponios , e queremos ,
e mandamos, que ſeja firme, e valha para ſempre fuprindo em ella
todo defeito , é de ſolenidade , que o dereito requere para valer , e
mais firme fér , nað embargante direito canonico , e civil , grofas , c
opinioês', e ditos de Doutores façanhas , e ley deſpanha , ordenaçoes
do Reyno , que em comtrario deſto ſejaó e , nao embargante a lei
mental , que dis , que terras da Coroa do Reyno nað venha ) a fe
meas a qual en eſte caſo nos praz expreſſamente derrogar , os quaes
direitos todos aqui avemos por expreſamente revogados, é caſados ,
: heritados , anullados , e anichilados poſto que taes ſejaó , que em fy
tenhaó clauſulas derrogatorias aos futuros 'reſpeitos, ou a taes ſejað
de que ſe deva de verbo a verbo fazer expreffa mençað porque noſſa
merce, e vontade he de os avermos aqui todos por expreſſos , e as
clauſulas delles aniquiladas , e anullar , caſar , heritar, derrogar , em
quanto eſta noſa doaçao , é comfirmaçao , embargað a nað valler, ou
a menos valer em parte , ou em todo porque aſſy he noſſa merce, e
vontade. E porem mandamos dar ao dito D. Alvaro meu muito ama
do ſobrinho eſta noſſa Carta de doaçað , e comfirmaçao , aſſinada por
nos , e aſfellada do noſſo ſello de chumbo , e al nað façades. Dada
em a noita Cidade devora a quatro dias do mes de Janeiro Joao Car
reiro a fes anno do nacimento de noſſo Senhor Jeſu Chriſto de mil e
quatrocemtos ſetenta annos. Pedindonos o dito D. Alvaro meu Pri
mo por merce , que lha comfirmaſſemos , e ouveſſemos por confirma
da a dita Carta aſſy coino nella hera comteudo , c viſto por nos ſeu
requerimento , e querendolhe faſer graça , e merce temos por bem , e
lha comfirmainos e avemos por comfirmada aſly , e na maneira , que
ſe nella contem 9 e ſe meſter fas, e viſto o devido que comnoſco tem
o dito D. Alvaro meu Primo, é aos muitos ſerviços , que elle , e os
donde elle deſemde à Coroa de noſſos Reynos fiſeraó , e aſfy aos que
delle ao diante eſperamos receber com outros bons reſpeitos , que
nos a ello movem , e querendolhe faſer graça , e merce de noſſo mo
to proprio , certa ' ſciencia , livre vontade , poder Real , e abſoluto
lhe damos , doamos, e fazemos pura , e irrevogavel doaçao , e mer
ce deſte dia para todo ſempre para elle , e todos ſeus herdeiros, e ſo
ceſſores , e deſcemdemtes de todo o em a dita Carta comteudo pela
guiſa , é maneira que em ella fas mençað , e porcm mandamos aos
Vedores de noſſa fazenda , e ao noflo Corregedor da Comarqua, Jui
ſes
prir, ,juſtiças , Contadores
e guardar eſta Carta, Almoxarifes , que, doaçað
de comfirmaçað tenhao ,, ee merce
façað ,com
affy
como por nos he mandado , dado , e comfirmado ſem embargo de
quaeſquer direitos civeis , canonicos, e de quaeſquer leis , groſas, e
Ordenaçoes , foros , coſtumes , façanhas , opinioés de Doutores d, ee
Capitullos de Cortes, Cartas , ſem tenças geraes , ou expeciaes,
treminaçoēs , qué comtra iſto ſejaó as quaes aqui havemos todas por
expreſſas, é decraradas, expecialmente renunciadas poſto que em fi
ajaý alguā" claufula , ou clauſulas derogatorias, porque em quanto
comtra iſto 'forem as avemos por revogadas , e anulladas, e de nenhum
vigor,
da Caſa Real Portuguega. 471
vigor , e queremos , que eſta noſſa Carta valha , e tenha effeito , ally
como nella he comteudo , metendo logo de poſſe ao dito D. Alvaro
1 meu Primo de todo o que dito he como por nos he mandado , e por
1
eſta damos lugar , e autoridade ao dito D. Alvaro , que elle por ſy ,
e ſeus officiaes tome , e poſſa mandar tornar a poſſe das ditas couſas
comteudas na dita Carta , e cada hua dellas , a qual queremos , e
mandamos , que valha , e tenha , e aja vigor , e effeito aſſy como ſe
por autoridade de noſſa juſtiça foſſe feito por quanto aſſy he noſſa
merce, e havemos por bem , é o ſentimos por noſſo ſerviço , e por
firmeza dello , e ſua guarda lhe mandamos dar eſta noſſa Carta aſſina
da por nos e aſellada com o noſſo ſello de chumbo dada em Villa
.
Franca de Xira a treze dias dagoſto Vicente Carneiro a fes anno do
nacimiento de noſſo Senhor Jeſu Chriſto , de mil equatrocentos no
venta e ſeis annos . E bem ally nos moſtrou outra Carta , que de nos
tinha da judaria dalcacer do ſal em ſua vida , e porque nos ſentindo
affy ospor ſerviço de Deos , e noſſo , e bem de noſſos Reynos , orde
nam ,e mandamos que em elles nað ouveſſein Judeus , nem niou
ros , a nos prouve de dar , e ſatisfazer por noſſa Carta as peſſoas ,
que de nos tenha ) as judarias , é mourarias outro tanto quanto ellas
remdiaó , e por quanto o dito D. Alvaro meu muito amado , e pre
zado Primo nos pedio , que lhe deſlemos fatisfaffaó das judarias , e 1
mourarias , que de nos tinha , temos por bem , e queremos que des
o primeiro dia de Janeiro do anno que vein de mil e quinhentos
em diante elle tenha , e aja de nos para elle , e para todos ſeus her
deiros , e ſoceſſores em ſatisfalfaó das ditas judarias , e mourarias be
ja ; e campo Dourique que elle tenha de juro os quaes ſe achou que
rendiao , . a judarià de Beja ſetenta mil reis , e as judarias do Cam
po Dourique fefemta mil reis , e a penſaó de dez taballiaēs da dita
judaria de Beja dous mil e cento e ſeſemta reis , e a mouraria de Be.
B ja doze mil reis , que faó todos cento e quarenta e quatro mil e
l cento e ſefemta reis. A dizima nova do peſcado meudo de fetuval
K como ſe recadar em ramo por ſy , em dezanove mil e ſeiſcentus e
noventa e dous reis ; e a dizima nova de Caſcaes em trinta e hum
1 mil e novecentos e nove reis ; e a dizima nova do Porto em cinquo.
enta e oito mil e quinhentos e cinquoenta e tres reis , e ametade da
dizima nova dazurara que eſtá pofta toda em feſemta mil reis , e mais
tres niil e novecentos e noventa e quatro reis que havera para com :
primento dos ditos cento e quarenta e quatro mil e cento e ſeremta
reis na outra metade da dita dizima nova dazurara , a qual metade da
dita dizima dazurara averá em ſua vida , em fatisfállað da dita juda
ria dalcacer que elle tinha em vida , e vallia dezaſete mil e quinhen
tos reis , e dezoito mil e quinhentos e dezaſeis reis, que ha daver
em parte de pago da judaria dolivença que foi avaliada em cinquoen
ta mil reis em ſua vida , e de ſua mulher porque o maes ouve por
Carta geral , e has ſifas. dolivença com que ſe enche a copia da dita
dizima , e per ſeu falecimento ficará a nos a dita metade da dita di
zima dazurara , pella qual metade elle , e ſeus herdeiros averað os di
교
como
of,
472 Provas do Liv. IX . da Hiſtoria Genealogica
como em cima dito he , pagos aos quarteis por encheo , ſem quebrar
e mais averá na dita metade da dita dizima , D. Felipa ſua mulhe,
em ſua vida os ditos oito mil e ſeiſcentos e ſeis reis que ſe lhe daố
em parte da ſatisfaſſað da judaria dolivença , que elles ambos tein em
ſua vida pagos aos quarteis emcheo , e ſem quebra , das quaes dizi
mas lhe fazemos pura , e inrevogavel doaçað amtre vivos valedoura ,
f. das ditas dizimas novas , peſcado meudo de fețuval , e das dizimas
novas de Caſcaes , e do Porto , e da metade da dizima nova dazu
rara , com tres mile novecemtos e novemta e quatro reis que ha da
ver na outra metade , para elle , e para todos ſeus herdeiros , e fob
ceſſores em ſatisfaſſam das ditas judarias , e mouraria de Beja , e Cam
po Dourique , e da outra metade da dizima nova dazurara em ſua
vida , é por ſeu ,falecimento os ditos oito mil e quinhentos e ſeis reis
em vida da dita D. Felipa ſua molher pelo modo , e maneira , e fa
culdades, que elle tinha , e avia as ditas judarias , ę mouraria a qual
doaçað das ditas dizimas lhe aſly fazemos com todas as rendas , fo
ros , tributos com que ſe ellas atequi para nos tiraraó , e arrecadaraó,
e com todo o que a nos , e à Coroa de noſſos Reynos pertemce
com todas liberdades , franqueſas , ilençoês , e faculdades com que as
nos poſſuimos , e aviamos , e queremos, e mandamos , que elle por
fy , e por ſeus officiaes mande arrecadar , e receber , e arendar , e
aver como lhe prouver , o qual todo ally queremos , e mandamos ,
que ſe cumpra , ſem embargo de quaeſquer leis , crdenaçoes , groſas,
façanhas , openioês de Doutores, Cartas ſentenças , Capitullos deCor
tes que comtra eſto ſejao , porque em quanto comtra eſto forem os
havemos por revogados , e anullados, e de nenhum vigor , e iſſo mef
mo ſem embargo da ordenaçaó , que hora novamente fizemos, que
podemos tomar as dizimas dos peſcados a quaeſquer peſſoas a que as
deſſemos damdolhe outros dereitos Reaes ; porque queremos , e nos
praz , que a dita ordenaçað ſe nað entenda no dito D. Alvaro meu
Primo , e porem mandamos aos Vedores de noſſa fazenda , e a todol
los outros noſſos officiaes , juizes , e juſtiças a que eſta noſſa Carta
for moſtrada , e o conhecimento della pertencer , que a façam com
prir , e guardar como nella he comteudo , e metao em poſſe ao dito
D. Alvaro meu Primo das ditas dizimas como neſta doaçað he com
teudo , e nos por a preſente o avemos por metido em poſle dellas ;
e por firmeza dello lhe mandamos dar eſta noſla Cartapor nos aſſina
da, e aſTellada do noſſo fello de chumbo dada em a Villa dalcacer a
quinzedias de Setembro Vicente Carvalho a fes anno do nacimento
de noſſo Senhor Jeſu Chriſto de mil e quatrocemtos e noventa e no
ve , e eu Joao da Fonſeca eſcrivað da fazenda do dito Senhor a fis
eſcrever , e aqui ſobeſcrevi. E quanto he a dizima nova do peſcado
meudo , avellaha affy , e pela maneira , que ſe ate ora para nos arre
cadou ſem ahy poder entrar outro peſcado falvo o meudo como ſem
pre andou em ramo, e dizemdome o dito D. Rodrigo que por quan
to hora por fallecimento do dito Dom Alvaro ſeupadre cuja alma
Deos aja as ditas dizimnas ficaraó a elle por foceſſað direita , e bem
da dita doaçað nos pedia , que nos lhecomfirmaſſemos a dita co renda
mo
bra da Caſa Real Portugueg . 473
a
como nella he comteudo , e viſto por nos ſeu difer , e pedir , e
Cao querendolhe faſer graça , é inerce temos por bem , e lhe comfirma
mos , e avemos por comfirmada a dita Carta aſly', e taó comprida
lizi mente como ſe nella contem , e queremos por eſta , e mandamos
que ho dito Dom Rodrigo aja , e poſſua , e mande arrecadar para fý
MAS as ditas dizimas na forma , e maneira , que as avia o dito D. Alvaro
17! ſeu Padre , e melhor ſe com dereito as melhor poder aver pela dita
renda. Outro fy nos praz queremos, e mandamos , que a dita D.
Ob Felipa ſua madre aja por eſta meſma Carta os ditos oito mil e ſeif
21 centos e ſeis reis , em parte da ſatisfaſſam da judaria dolivença pella
lua outra metade da dita dizima dazurara em ſua vida como a cima he
ei comteudo , e por ella os aja , e mande arrecadar como fazia atequi
f4 por a dita Carta do dito Dom Alvaro ſeu marido , e quanto ao que
da dita metade da dita dizima dazurara ſobeja , tirados della os ditos
oito mil e ſeiſcemtos e ſeis reis da dita Dona Felipa, e aſly os tres
1 mil e novecemtos e novemta e quatro reis que por ella o dito Dom
Rodrigo ha daver de juro como foi dado ao dito ſeu padre , ea ci
na dito he , que hora por ſeu falecimento fica a nos por ſer fomen
te em ſua vida , avendo nos reſpeito ao devido que com o dito Dom
Rodrigo temos , e aos muitos ſerviços que o dito Dom Alvaro , e
4 aquelles de que deſcemde tem feito aos Reys paſſados , e a nos , e
a eſtes Reynos , e aos que do dito Dom Rodrigo ao diante eſpera
inos receber , querendolhe por ello faſer graça , e merce , temos por
bem , e nos praz que elle tenha , e aja de nos todo o que aſſy re
manece da dita metade da dita dizima tirados os ditos oito mil e ſeif
cemtos e ſeis reis de ſua Madre , e os tres mil e novecemtos e noven
ta e quatro reis ſeus, e eſto em ſua vida na forma que hos de nos
tinha , e avia o dito Dom Alvaro ſeu Pay , e por falecimento do di
1 to Dom Rodrigo ficará a nos , e a noſſos herdeiros na maneira , que
hora ficou por falecimento do dito Dom Alvaro , e porem manda
mos
aos Vedores de noſſa fazenda , Comtadores , e Almoxarifes 9
juizes , e juſtiças , e peſſoas outras a que eſta noffa Carta for mor
trada , e o conhecimento della pertencer , que a façað afly inteira
mente comprir , e guardar , en todo , e por todo com todas aquel
las clauſullas , e comdiçoes , que nella mandamos , e acima he com
teudo , e inetað logo o dito Dom Rodrigo em poſſe das ditas dizi
mas como eſtava o dito Dom Alvaro ſeu Padre , e o leixem todo 1
nolla Cidade de Lixboa aos dez dias do mes de Março Lopo Fer
nandes a fes anno do nacimiento de noſſo Senhor Jeſu Chriſto de mil 1
vemos por muito certo , que o dito D. Alvaro ſe aja em todo o’que
ao dito Officio e fieldade dele pertence aſim bem e virtuozamente ,
noſſ.o V.ſerviſlo ſeja compridamente gu
que o To arda , e ao povodirei
Ooo iido
ſeu
m
476 Provas do Liv . IX . da Hiſtoria Genealogica
direito , e porem encomendamos e mandamos ao Principe meu ſobre
todos muito amado e prezado Filho , que o aja daqui em diante por
intitulado em o dito Officio , e lhe leixe fazer livremente delle , e
em elle todo aquelo que lhe pertence , e deve fazer , e mandamos a
todas as Juſtiças dos ditos noſſos Regnos de Portugal e dos Algarves,
&c. que aſim cumprað e guardem ſeus mandados , como os noſſos
propios ſem mingoamento algum , por certidom defto e ſua ſeguran
ça , mandamos paſſar eſta noſſa Carta , per nos aſignada e aſellada do
noſſo ſello dada em a noſſa Cidade de Touro a onze dias de Agoſto
Affonſo Garces a fez de mil quatrocentos ſetenta e cinco .
ques e pagar deveriam a miin depois de ſua morte e elle dito Dom
Alvaro poſſa ententar effeitoalmente os ditos remedios de o deman
dar e per ſua authoridade Tem outra alguma de juſtiça a poſle e aſy 1
P
po forem ſob penna de minha maldiçam e porque hajam a minha
bençaó e de feus avoz e de Deos que em maneira alguma nam vam
contra eſta Carta de doaçam antes aguardem e façanı guardar e com
prir inteiramente e em cazo que nam eſpero que ao dito Dom Alva
ro ou a teus herdeiros for movida conthenda de feito ou de dereito
ſobre eſtas couzas ou cada huma dellas des agora para ein todo tem
po por meus filhos e ſuceſſores com conſentimento expreço da Du
0 queza minha molher prometo dar e pagar por meus bens patrimo
108 niaes ao dito Dom Alvaro e teus herdeiros e ſuceſſores ſete inil cru
zados
8
478 Provas do Liv. IX. da Hiſtoria Genealogica
zados douro da ley e pezo que hora fam dos quaes des agora para
o dito cazo e tempo lhe faço doaçam como dito he em paga com
pencafam ſatisfaçað das ditas terras e couzas com todas perdas e
cuſtas e damnos e menoſcabos que o dito Dom Alvaro e ſeus her
deiros vindouros por ello fizerem e receberem ſob obrigaçam de to
dos meus bens patrimoniaes e moves e de rais prezentes e vindoiros
que para ello obrigo eſpecialmente ipoteco e para a dita ſatisfaçað
aparto e aſigno des agora e eſpecialmente obrigo o genezim de Lil
boa e bem aſſy o porque eſta empenhado e a quinta ininha de Covi
Ihấa e os bens que eu tenho na minha Villa de Chaves que forað
da Condeça Dona Guiomar e per a dita ſatisfaçam e comprimento de
boa paga do dito Dom Alvaro ou de ſeus herdeiros a que tal conde
naçam for movida ou eſta dita doaçam contradiſer para o que e tam
bem em ſeu caſo lhe dou e excedo as auçoēs remedios ſobre ditos al
ſy e tam compridamente como a elle dito Dom Alvaro ou ſeus her
deiros for compridouro e eu hey aqui por ſupridas e expreças e de
claradas quaeſquer clauzullas e cautellas e bem ally todo fallecimento
de ſolemnidade que de feito ou de dereito neceſſario ſeja para eſta
doaçam firme ſer e mais valler e renuncio expreçamente todallas leys
opinioens foros façanhas Capitulos ordenaçoes e outras quaeſquer de
terninaçoês que em contrairo ſejam as quaes hey aqui por expreças
e nomeadas einviolavelmente renunciadas e todo o que dito he pro
metemos eu e a dita Duqueza minha molher por nos e por noſſos
herdeiros e ſuceſſores bens moveis e de rais e ſob a dita obrigaçam
de ter e comprir e fazer comprir em todo o tempo ſem mingoamen
to algum o que todo o dito prezente aceitou coino dito he finalmen
te por mor corroboraçam e firmeza das couzas ſobre ditas e de cada
huma dellas peço por merce a ElRey meu Senhor que dê a todo el
to ſeu conſentimento placito e authoridade e confirmaçam em forma
para o tal cazo e auto principal compridoira e aprovando e rathefi
cando as couzas ſobre ditas e cada huma dellas e em teftimunho de
verdade mandey ſer feita efta Carta por mim aſſinada e aſellada do
meu ſelloe bem aſſy fobſcrita e aſſinada pellas ditas Senhoras Duque
zas e aſellada dos ſeus ſellos para o dito Dom Alvaro e ſeus ſucceſ
ſores. Feita em a Cidade de Lisboa vinte dias do mez de Novembro
Diogo Pires eſcrivað da Camara do dito Senhor a fez Anno do naſci
mento de noſſo Senhor Jezu Chriſto de mil quatrocentos ſetenta e oi
to annos. Pedindonos o dito Dom Alvaro meu primo por merce que
lhe confirmaſemos e houveſſemos por confirmada a dita Carta aſſy
como nella hera contheudo e viſto por nos ſeu requerimento e que
rendolhe fazer graça e merce. Temos por bem e lha confirmamos e
havenios por confirmada aſſy e na maneira que fe nella conthem e ſe
meſter faz viſto o divido que o dito Dom Alvaro meu primo com
noſco ha e os muitos ſerviços que elle e os donde elle deſcende a
Coroa dos noſſos Regnos fizeraõ e affy aos que ao deante delle ef
peramos receber com outros bons reſpeitos que nos a ello movem e
querendolhe fazer graça e merce de noſſo proprio moto certa fciencia
livre vontade poder Real e abſoluto lhe damos doamos e fazemos pu
ra
da Caſa Real Portugueza. 479
ra e irrevogavel doaçam e merce deſte dia para todo ſempre para el
le e todos ſeus herdeiros ſucceſſores e deſcendentes de todo o em a
dita Carta contheudo pella guiza e maneira que em ella faz mençað.
Porem mandamos aos Vedores da noſſa fazenda e ao noſſo Correge
dor da Comarca Juizes Juſtiças Contadores e Almoxarifes que tenhao
e façam comprir eſta noſſa Carta de confirmaçam doaçao e merce af
fy como por nos he mandado doado e confirmado ſem embargo de
direitos Civeis e Canonicos de quaeſquer leys glozas ordenaçoés fo
ros coſtumes e façanhas e opinioens de Doutores e Capitulos de Cor
tes Cartas fentenças geraes ou eſpeciaes determinaçoes que contra if
to ſejað as quaes todas aqui havemos por expreças e declaradas e ef
pecialmente renunciadas poſto que em ſy haja alguma clauzulla ou
clauzullas derogatorias porque em quanto contra eſto forem as have
mos por revogadas e anulladas e de nenhum vigor e queremos que
eſta noſſa Carta valha e tenha aſly como nella he contheudo meten
do logo de poſſe ao dito Dom Alvaro meu primo de todo o que di
to lie como per nos he mandado e por eſta damos lugar e authori
dade ao dito Dom Alvaro que elle per ſy e ſeus officiaes tome e por
ſa mandar tomar a poſſe das ditas couzas contheudas na dita Carta
e cada huma dellas a qual queremos e mandamos que valha e haja e
tenha vigor e effeito ally como ſe per authoridade de noſſa juſtiça
foſſe feita porque aſſy he' noſſa merce e o havemos por bem e o ſen
timos por noſſo ſerviço e por firmeza dello e ſua ſegurança lhe man
damos dar eſta noſſa Carta aſinada por nos e afellada do noſſo ſello
de chumbo. Dada em a Villa de Torres Vedras a vinte tres dias de
Agoſto. Pero Lopes a fez Anno do naſciniento de noſſo Senhor Jezu
Chriſto de mil quatrocentos noventa e ſeis. A qual confirmaçao doa
çam e merce que lhe aſly fazemos na maneira ſobre dita pellas re
zoēs em ſima declaradas e diſſe porque Dom James Duque de Bra
gança e de Guimaraệs meu muito prezado e amado ſobrinho nos ef
creveo ſobrello huma Carta aſſinada por elle e por Dom Deniz ſeu
Irmao outro ſy meu muito amado ſobrinho da qual o theor tal he.
Muito alto e muy poderozo Senhor por eſta certhefico a Voffa Alte
za que eu fom contente e me praz que Voſſa Alteza confirme a Dom
Alvaro meu tio huma doaçam que tem do Duque meu Senhor e pa
dre que ſanta gloria haja aſſinada per elle e pella Duqueza minha Se
nhora das terras do Cadaval e Peral e porque a mim praz que elle
B& 9
ella lhe foi outorgada beijarey as mãos de Voſſa Alteza por lho aſſy
outorgar e mandar confirmar e por ſer difto certo aſſiney eſto na
Atouguia da Ballea a vinte dous dias de Agoſto de mil quatrocentos
noventa e ſeis. Pedindonos o dito Condepor merce que por quan :
petite to elle hera o filho baram mais velho do dito Dom Alvaro lhe qui
zeſemos confirmar a dita Carta ally como nella he contheudo e viſ
ܬ to por nos ſeu dizer e pedir ſer juſto e querendolhe fazer graça e
即 叫叫。
merce lhe confirmamos aſfy a dita Carta para elle e todos ſeus herdei
ros e ſuceſſores afly e na maneira que fenella conthem. Porem man
damos aos Vedores de noſſa fazenda Corregedores Juizes e Juſtiças a
que
480 Provas do Liv. IX . da Hiſtoria Genealogica
que eſta for moſtrada que leixem o dito Conde per ſy e ſeus offi
ciaes haver e continuar a poſſe das ditas terras e rendas e direitos e
uzar de toda jurdiçam aſly como athequi ſe uzou com todollos privi
legios e liberdades com que ſe para nos recadariam porque ally he
noſſa merce . Dada em a noſſa Villa de Almeirim a tres dias do mez
de Março . Antonio Paes a fez anno do naſcimento de noſſo Senhor
Jezu Chriſto de mil quinhentos e dezaſeis.
1
Om , &c. A noſſa
m . 4.
Nu1479 thoridade , confirmaçao , aprovaçao, e ratheficaçað virem . ,Faze
An . . mos ſaberque por parte de Dom Rodrigo de Mello Conde de Oli
vença e Capitaó por nós da noſſa Cidade de Tanger em Africa , e
da Condeça ſua molher , e de Dom Alvaro meu muito amado e pre
zado Sobrinho nos foi aprezentado hua eſcritura de dotte e cazamen
to em a qual fað conteudos certos Capitulos acordados , e afirmados
entre o ditto Dom Alvaro por ſeu procurador e o ditto Conde e
Condeça de Olivença ſobre o contrauto de cazamento de Dona Fe
lipa ſua filha em a qual eſcritura antre outras couzas o ditto Conde
e Condeça anos cometeraó , e nos pedirao por merce que por a dit
ta capitulaçað em o ditto contrauto contheuda haver firme effeito ,
e ſer cautellada e aſlentada em forma de direito como a elles com
prira e ao ditto Dom Alvaro , e aa dita fua filha cometeſſemos a or
denança , e aſſento do dito contrauto que aſfy lhes cumpria ſer feito
a dous Letrados que o bem fizellem ; é nos por lhe fazermos graça
e merce aceptamos o ditto carrego, e confiando da bondade e dit
criçao e leteradura do Doutor Joað Teixeira , e do Doutor Joað Del
vas e concirando que o fariaó bem e como ao cazo pertencia lho
cometemos da qual eſcritura e poder a nós dado he o que ſe ao di
ante ſegue. Saybaó quantos eſte publico eſtromento de fe firinidioem
e certeza virem que no anno de Noſſo Senhor Jezu Chriſto de mil
quatrocentos ſetenta e nove annos dezouto dias do mes de Setembro
na Cidade de Tanger dentro no Caſtello nos Paços honde pouza o
muy nobre Senhor Dom Rodrigo de Mello Conde de Olivença Ca
pitað e Governador da ditta Cidade eſtando hy o ditto Senhor de
prezente , e a mui virtuoza Senhora Condeça Dona Izabel de Mene
zes fua molher tendo hy conſigo os dittos Senhores aSenhoraDona
1
Felipa ſua filha e eſtando iſſo meſmo de prezente o honrado Fernaó
de Lemos Cavaleiro do Senhor Conde de Faro Procurador do Illuf
tre Senhor Dom Alvaro filho do Duque de Bragança que Deos haja
ſegundo logo moſtrou por huma ſuficiente procuraçað do ditto Se
nhor Dóm Alvaro conſtituinte a elle Fernaó de Lemos feita e outor
gada,
da Cala Real Portugueza. 481
gada, da qual o theor de verbo a verbo he eſte que ſe a diante ſegue.
Saybáo os que eſta prezente procuraçað yirem que aos outo dias do
11
inez de Janeiro do anno de mil quatrocentosſetenta e nove em a
its Cidade de Evora dentro em os Paços honde hora pouza o Senhor
Dom Alvaro filho do Duque , & c. em prezença de mim notairo ge
Line ral , e das teſtemunhas ao diante eſcritas, eſtando hy o ditto Senhor
logo por elle foi ditto que por quanto elle tinha ordenado com a
graça de Deos cazar com a Senhora Dona Felipa filha do Senhor
Conde de Olivença e da Senhora Condeça Dona Izabel ſua molher ,
e por quanto era compridouro e neceſſario a elles fazerem primeiro
ſeu contrato de cazamento dotte e arras , e bem aſſy em ſeu nome a
ditta Senhora ſer recebida ſegundo que a tal auto , وe a taes e tað
grandes peſſoas convem , e por elles aſſy ſerem auzentes e alongados
e nom poderem per fy antre prezentes fazer o que elle ditto Senhor
Don Alvaro tinha determinado de enviar à noſſa Cidade de Tanger
o honrado Fernaó de Lemos Cavaleiro para as dittas couzas trautar
praticar concrodir e finalmente acabar , e por tanto logo por o ditto
Senhor D. Alvaro foi ditto que elle confiando de entender bondade
e diſcriçao do dito Fernaó de Lemos , ello dito Senhor para ello fa
zia conltituhia e ordenava por ſeu procurador lidimo abondozo ſufi.
ciente , e abaſtante no melhor modo e forma que o direito em tal
cazo otorga para por elle , e em ſeu nome com os dittos Conde e
Condeça e bem ally com a ditta Senhora ſua filha trautar , aſſentar ,
fazer , e celebrar o ditto contrauto de cazamento dote e arras na me
lhor forma modo e maneira que ao ditto Procurador parecer ao dito
auto convinhavel e da parte dos dittos Senhores requerido for e
com elles acordar e bem aſſy para o depois do ditto contrauto feito
e acabado a ditta Senhora Dona Felipa em nome do ditto Senhor
Dom Alvaro receber em forma da Santa Igreja por ſua molher e
eſpoza per as palavras e forma da Santa Igreja. Mais ahinda lhe dá
poder que elle em ſeu nome poſſa eſpecialmente fobſtabelecer outro
procurador ou procuradores para a dita Senhora em ſeu nome ſer re
cebida em forina da Santa Igreja e palavras coſtumadas , como o dito
Fernaó de Lemos ſeu Procurador fezer e elle per ſy ſe em peſſoa
prezente foſſe , e deſde agora para em todo o tempo ha por firme
e valiozo todo o que por o dito ſeu procurador for feito e acabado
capitulado contratado , e prometeo de nunca em algum tempo contra
ello hir em parte nem em todo em juizo nem fora delle fob obriga
çaó de todos ſeos bens moveis e de rais que para ello obrigou e ef
pecialmente para ello ipotecou , e em teſtemunho de verdade man
dou ſer feito ao ditto ſeu procurador eſte in ſtromento de procuraçao
e mandado teſteinunhas que prezentes foraó Martim Ayres e Diogo
Correa eſcudeiros do ditto Senhor Dom Alvaro , e outros , e eu Dio
go Rodrigues notario geral por ElRey noſſo Senhor em todos ſeos
Reynos e Senhorios que eſte inſtromento de Procuraçom eſcrevy , e
aqui meu final fis que tal he e lida e moſtrada aſfy a ditta Procura
çom em prezença de mim Alvaro Carvalho eſcudeiro delRey noſſo
7 Ŝenhor publico notario geral por ſua Real authoridade em todo eſte
Tom . V. Ppp Reyno
482 Provas do Liv. IX . da Hiſtoria Genealogica
Reyno do Algarve em Africa , e teſtimunhas abaixo nomeadas logo
per o ditto Senhor Conde foi ditto que por mandado de ElRey e
do Princepe feos Senhores antre o ditto Senhor Dom Alvaro hera
trautado e concordado cazamento com a ditta Dona Felipa ſua filha
por certos capitulos e condiçoēs que ſe abaixo dirao afinados por el
le ditto Senhor Conde dos quaes o ditto Senhor Dom Alvaro fora
e hera contente ſegundo por ſuas Cartas lhe eſcrevera e ſegundo por
o ditto ſeu procurador enviara dizer , e que por quanto dos dittos
Capitulos convinha ſer feita eſcritura de contrauto dotte e arras do 1
doar com merce tantos agravos que ſeria ) largos de contar , emperoo
por moſtrar mais claramente a rezao que tenho he forçado que diga
alguns delles, porque todos ſera muito V. S. fabe bem como vos co
mecei a ſervir de pequeno , e ſempre me cheguei mais a volo lervi
çı , e a vos que a nenhum outro fazendovos muitos ſerviços aſſina
dos alem dos que a voſo pay fiz , os quaes eſculo de dizer porque
diſto quero deixar ocargo aos outros queo ſabem , e V. S. que mos
tambem lembrou o dia que prendeſtes o Duque meu Irmaó , e como
quer que de pequeno me ſempre dixeſtes que todo me conhecieis, e
me avieis de ſatisfazer muy bem , moſtrandome muitas vezes que me
tinheis mais afeiçao que a nenhum outro rogando a Deos que vos
trouxelle a tempo para aliino moſtrar por obra; tanto que foltes ho
mem ,
da Caſa Real Portugueza. 495
mem , e em tempo de mo pagar logo começaſtes de vos aver comigo
todo ao reves do que ate entao tinheis moſtrado , e parecendovos
que devieis de aver vergonha de me nao pagar a obrigaçao que me
tinheis, me dixeſtes em Coimbra que me querieis dar duas Villas
voſſas que tinheis entre douro , e minho e depois demas terdes pro
nietidas tornaſteſvos a eſcuſar de cumprir comigo dizendo que a vole
ſo pay nað aprazia iſſo fendo certo que o dito voſlo pay me fez mo
res merces que aquella en que ſe moſtra que nað foi por ſua culpa,
mas pela voſſa.
O porque depois me comecei da chegar a ElRey voſſo pay , e
ſervilo , ElRey por ſe achar de mim por bem ſervido me começou.
de amoſtrar boa vontade , vos tomaſtes diſto taó grande nojo que o
naó podieis ſofrer , e tendoine ElRey prometido a Villa de Portale
gre quando vos foftes , onde vós vos mais ſerviſtes de mimi do que
ainda dantes vos tinheis ſervido : ſobre tudo nao quiſeſtes conſentir
que voſſo pay ine deſſe a dita Villa moſtrandolhe que o fazieis por
eſtar no eſtremo, e nao fiardes de mim e concertafres com voſſo
pay que a Villa de Caſtel Rodrigo que ma tambem tinha dada ma
tiraſſe , e a delle a Joaó Dilhoa.
É como quer que entaó porque ſe partio V. S. para Portugal,
e por aquillo que me eſtorvaſtes vos foi neceſſario dizer a voſſo pay
que otorgarieis qualquer outra couza , dizendovos logo voſſo pay ,
que me queria dar torres novas e Alvejazere como de feito deu , e
vos porem como ſoubeſtes que voſſo pay mas tinha dadas a requeri
miento de quem me queria mal deterininaſtes logo de o nað conſen
tir , e ainda a alguās peſſoas dixeſtes que o nað avieis de conſentir ,
porque era torres novas grande fortaleza , e eſtava junto com outras
do Duque , e vos timieis de nos , e depois que eu vim a V. S. me
5 cometeſtes que deixaſe toda via a dita Villa moſtrandome que vos mo
ſatisfarieis , é como quer que eu muito o ſentiſſe porque ſabia como
o fazieis , e a forma que avieis de ter em me fatisfazerdes outorguei
de fazer o que me mandaſtes ; e porque eſtavamos de caminho para
a Corte delRey voſſo pay ficamos para la nos concertarmos , e que
! entre tanto eſtiveſſe tudo quedo , e ainda que entao V. S. moſtraſſe
que eſtimava em grande ſerviço polo eu afyem voſſas maós logo co
mo eu parti antes de ine terdes fatisfeito , foſtes dar hum privilegio
0 a Villa perque a ſeguraveis de nað ſe dar a mim.
E depois de V.S. ter iſto aſli feito parecendovos que me ti
은은
ne은
.
confirmaçam viren . Fazemos ſaber que por parte de Dom Joam
da Sylva de Menezes Conde de Portallegre Senhor de Çelorico Gou An.
Num150.8.
5.
vea e Sam Romaó Vallazim e Villa Cova , & c. e de Dona Fellippa
de Mello molher de Dom Alvaro noſſo muito amado e prezado pri
-mo que Deos haja e de Dona Maria de Menezes ſua filha nos foi
aprezentado hum contrato de cazamento dote e arras'antre os ſobre
ditos feito e concertado e per elles firmado e aſſinado do qual o theor
tal he como ſe ao deante ſegue. Em nome de Deos amen . Cuybam
quantos eſte eſtormento de contrato de cazamento dote arras virem
que no anno do naſcimento de noſſo Senhor Jezu Chriſto de niil qui
nhentos e ſinco onze dias do mez de Julho na Cidade de Lisboa nas
cazas da Senhora Dona Felippa de Mello molher do Senhor Dom Al
varo que ſanta gloria haja eſtando ahy prezente a dita Senhora Do
na Fellippa e outro fy eſtando hy o Senhor Dom Joao da Sylva e
de Menezes Conde de Portalegre, & c. Logo por ella Senhora foi
dito que em prezença de mim Bras Affonſo Taballiam publico e das
Teſtimunhas a deante eſcritas que aprazendo a noſſo Senhor Deos ellas
tinham tratado cazainento com authoridade prazer e conſentimento
delRey noſſo Senhor delle dito Senhor Conde haver de cazar com a
Senhora Dona Maria de Menezes filha do dito Senhor Dom Alvaro
que Deos tem e da dita Senhora Dona Fellippa aqual outro fy a
eſto prezente eſtava e por quanto o dito contrato ſe fez com certas
. clauzulas pautos e convenças foi ordenado porque ao depois nom ve
nha em duvida ſe poer todo em eſcrito como foi concertado para
em todo tempo ſe haver dello comprida noticia e emformaçam . Pri.
meiramente foi acordado antre as ditas partes que os ditos Senhores
Conde e Dona Maria hajam de cazar e cazemper pallavras de pre
zente ſegundo forma e ordenança da Santa Madre Igreja. Item diſſe
a dita Senhora Dona Fellippa e declarou que a dita Senhora Dona
Maria ſua filha tem para ſeu dotte fincoenta mil dobras de vallia de
cento e vinte reaes dobra ſegundo ordenança em que montam ſeis con
tos de reis dos quaes tem quatro contos e duzentos e oitenta mil reis
de ſua legitima e rendas e tem feis contos e vinte mil reis para com
primentode todo o que montaó em ſeis mil dobras de que lhe El
Rey noſſo Senhor faz merce para ajuda de ſeu cazamento e aſſy ſam
Wh os ditos ſeis contos de reis os quaes a dita Senhora Dona Fellippa ſe
obrigou de pagar ao dito Senhor Conde per eſta guiza convem a ſaber
lhe dara dous contos de reis neſta maneira convem a ſaber dous ter
ços delles em ouro e prata e joyas e outro terço em tapeçarias e em
xoval e eſcravos e eſcravas e corregiinentos de caza e veſtidos da per
foa
502 Provas do Liv. IX. da Hiſtoria Genealogica
ſoa da dita Senhora os quaes dous contos lhe aſſy pagara ao tempo
que os ditos Senhores tomarem ſua caza que ſera Deos prazendo pel
lo mez de Janeiro do anno de quinhentos e ſete e lhe dara o hum
conto de reaes que tem delRey de Caſtella em dinheiro ao dito tem
po da tomada de ſua caza ſe ella Senhora Dona Fellippa athe entam
o tiver arecadado e nam o tendo the entað arecadado lhe dara hum
privilegio que tem em vida da dita Senhora Dona Maria ſua filhada
conthia de cenro e vinte e ſinco mil maravedis em cada hum anno
ſituados pello dito privilegio nas Villas de therena e de Gradalcanal
o qual privilegio a Raynha de Caſtella que tanta gloria haja leixou
a dita Senhora Dona Maria em fatisfaçani do dito hum conto e dan
dolhe o dito privilegio ficara ella dita Senhora Dona Fellippa dezobri
gada do dito conto. Item lhe dara hum conto e ſeſſenta e ſeis mil
quinhentos e ſeſſenta reis en bens de rais e renda em eſta Cidade de
Lisboa e em Evora e Santarem e em teus termos nos preços em que
eſtam avalliados nas partilhas feitas antre a dita Senhora Dona Maria
e ſeus Irmãos os quaes bens lhe aſſinara e entregara ao tempo da to
mada de ſua caza com condiçam que ſe do dia que a dita Senhora
Dona Maria tomar ſua caza athe tres annos primeiros ſeguintes o
Senhor Conde de Tentugal ſeu Irmað lhe quizer pagar osditos hum
conto e ſeſſenta e ſeis mil quinhentos eſeſſenta reis em dinheiro em
tal cazo todollos ditos bens e rendas deſta eſtimaçam fiquem livre
mente ao dito Senhor Conde de Tentugal e paſſados os ditos tresan.
nos , e nam tendo pago o dito Senhor Conde de Tentugal ao dito
Senhor Conde de Portalegre os ditos hum conto e ſeſſenta e ſeis mil
quinhentos e ſeſſenta reis em tal cazo ficara a eſcolha na dita Senho
ra Dona Maria querer tomar c haver os ditos bens e rendas na dita
avalliaçao dos ditos hum conto ſeſſenta e ſeis mil quinhentos e ſeſſen
ta reis ou haver antes o dito dinheiro e leixar os ditos bens e eſta
eſcolha declara a dita Senhora Dona Maria dentro de hum anno del
pois que os ditos tres annos forem paſſados e querendo ella antes o
dito dinheiro em tal cazo o dito Senhor Conde de Tentugal Dom
Rodrigo de Mello que a eſto prezente eſtava ſe obrigou de lhe pagar
logo inteiramente e mais ſe obrigou o dito Senhor Conde de Tentu
gal de pagar ao dito Senhor Conde de Portalegre hum conto de reis
que deve a dita Senhora Dona Maria fua Irmåa de refeiçað da dita
ſua legitima do dia que tomarem ſua caza a hum anno primeiro fe
guinte ſob penna do dobro e para todo eſto elle dito Senhor Con
haver
de de Tentugal obrigou logo todos ſeus bens havidos e por
moveis e de rais. Item lhe dara a dita Senhora Dona Felippa asdi 1
tas ſeis mil dobras que a dita ſua filha tem delRey as quaes lhe dara
em dezembargos do dito Senhor quando os de Sua Alteza houver e
ally falleceo para comprimento dos ditos ſeis contos do dito dote du
zentos e treze mil quatrocentos e quarenta reis os quaes a dita Se
nhora Dona Felippa pagara em dinheiro do dia que tomarem ſua ca
za a hum anno e diſle a dita Senhora Dona Fellippa que por quanto
o inventario da herança do dito Senhor Dom Alvaro nom he ahinda
acabado e poderia ſe haver alguma quebra na dica legitima da dita ce
nhora
da Caſa Real Portugueza. SO3
nhora Dona Maria ſua filha que ella Senhora Dona Felippa ſe nom
obriga a dita quebra athe quantia de quinhentos mil reis mais aos ſin
co contos e meo que fiquam ſe obrigava de os comprir e pagar pel
lo modo atras declarado obrigando para ello todos ſeus bens havi
dos e por haver moveis e de rais ao dito Senhor Conde de Portale
gre diſſe que por honra da peſſoa da dita Senhora Dona Maria ſua
fotura molher lhe aprazia lhe dar como deffeito dava em arras dous
79 contos de reis que vallem hum terço dos ditos ſeis contos do dote
nad e crecendo mais o dito dote ally creceram as ditas arras ao dito reſ
301
peito da terça parte e aſly deminuindo o dito dote deminuira as di
E21 tas arras ao dito reſpeito as quaes arras ella vencera e havera ſe for
ori cazo que o dito Senhor Conde teu marido falleça da vida deſte mun
mil do primeiro que ella quer lhe delle fiquem filhos quer nom e iſſo
ed meſmo as havera em qualquer cazo que Deos nom mande que o di
to matrimonio ſeja ſeparado ou apartado em vida delles ainbos ſem
çulpa della Senhora Dona Maria . Item foi mais acordado antre as di
ma
tas partes que em cazo que o dito Senhor Conde de Portalegre fal
leça primeiro que a dita Senhora Dona Maria hora hy haja filhos ou
50
nom e em cazo que em vida dambos o dito matrimonio ſeja ſepara
do ſem culpa della que neſtes dous cazos e em cada hum delles ella
Senhora Dona Maria havera todo o dito ſeu dote e arras e mais ha.
vera ainetade de todo o acquerido e multiplicado de todos ſeus bens
patrimoniaes que ſe acquerirem por qualquer titullo e modo que ſe
jao depois que o matrimonio antre elles for conſumado tirando fo
mente o que cada hum delles ditos Senhores Conde e Dona Maria
fuccederem e herdarem e houverem das Senhoras ſuas mãys porque
یا cada hum havera para fy em folido todo o que aſſy de ſua máy her
dar e houver e todo o al que for acquerido partiram pello meyo e
fallecendo ella Senhora Dona Maria primeiro que o dito Senhor Con
de ſeu marido que em tal cazo os herdeiros della Senhora Dona Ma
ria haveraó o dito dote e ametade do dito acquerido e multiplicado
e nam haveram arras e ajuntaram e ſe aſſentaram que em cazo que o
dito Senhor Conde falleça da vida deſte mundo primeiro que a dita
Senhora fua molher ou ſendo o dito matrimonio ſeparado e aparta
AEm do em vida dambos pello modo atras declarado em taes cazos e ca
na da hum delles a dita Senhora Dona Maria havera por camara callada
ہی کی finco mil dobras da dita vallia as quaes havera nas couzas moveis que
salio le ella quizer e mais havera todollos veſtidos de ſua peſſoa que houver
201Cor Item em cazo que o dito do
for barn
deſpois do matrimonio ſer conſumado.
te e arras e finco mil dobras por cainara caſſada e veſtidos hajam de
vir a ella Senhora Dona Maria ou a ſeus herdeiros ou a quem quer
T
ان،
que os per direito haja daver per vigor deſte contrato em tal cazo o
house dito Senhor Conde ou ſeus herdeiros pagaram todo o que montar no
er dito dote e arras e finco mil dobras dentro de hum anno primeiro
od
ſeguinte contando des o dia que o dito matrimonio antre elles for
ſeparado em vida ou por morte em deante ſob penna doutro tanto de
7
Orr1ta0
*
i penna e intereſe e a dita penna ſera para quem houver o dito dote
feQ :2 e arras e veſtidos e finco mil dobras e por mais ſegurança do dito do
s te
La din
ahora
504 Provas do Liv. IX . da Hiſtoria Genealogica
te e arras e das ditas finco mil dobras e pennas diſſe o dito Senhor
Conde de Portalegre que obrigava como de feito obrigou e embuti
cou para ello o ſeu reguengo da Vallada e todos outros ſeus bens
patrimoniaes e de rais havidos e por haver a reſtituiçam e paga de
todo oſufo dito e lhe apraz e outorga que en qualquer cazo que
ella ou ſeus herdeiros hajam daver o dito dote e arras e finco mil
dobras ſem outra authoridade de juſtiça nem figura de juizo poſſam
logo tomar e tomem poſſe real autual do dito reguengo , e bens pa
trimoniaes e nao poſſam ella nem ſeus herdeiros fer dezapoderados
nem tirados da dita poſſe athe inteiramente com effeito ſer pagos e
ſatisfeitos do dito dote e arras e ſinco mil dobras e pennas ſe em el
las encorrido tiverem e as rendas que receberem do dito reguengo e
bens ſeram deſcontados do principal ou pennas como for dereito nom
tolhendo per aqui de fazer execuçam pella dita divida em quaeſquer
outras couzas que hy houver do dito Senhor Conde per honde ſe
poſſam fazer ahinda que ſejam couzas da Coroa do Reyno as quaes
elle Senhor Conde para eſto obriga e ypoteca fazendoſſe priineiro
execuçam ally do. principal como das pennas nos bens patrimoniaes
moveis e de rais e o que ſe per os ditos bens patrimoniaes nom po
der haver fe havera pellas rendas das terras e bens da Coroa e aſſen
tamento e nom ſe vendera renda alguma nem fe arendara dante mað
nein ſe vendera alguni jurdiçao e as fobreditas couzas e cada huma
dellas como ditas é apontadas e declaradas fam os ditos Senhores Do
na Fellippa Conde de Portalegre e cada hum por ſua parte aprova
ram e louvaram e ratheficaram por firmes ratas e aprovadas e prome
teram de as ter e manter e comprir e non vir contra ellas em parte
nem em todo ſob penna que a parte que contra eſto for em parte ou
em todo pagaram em nome de penna intereſe dous mil cruzados dou
ro a parte tente e aguardante a qual penna pagada ou nao toda via
eſte contrato ſeja firme em ſeu vigor e para ſegurança de todas as
ditas couzas ou cada huma dellas obrigaram alem do que ja affima ef
ta obrigado expresamente todos ſeus bens moveis e de rais atras de
clarados da Coroa do Regno e rendas della havidas e por haver e
por mayor firmeza deſte contrato logo o dito Senhor Conde de Por
talegre amoſtrou hum Alvara de ÉIRey noſſo Senhor ſob aſſinado
por Sua Alteza de que o theor he eſte que ſe ſegue. Nos ElRey
dar
fazemos ſaber a quantos eſte noſſo Alvara virem que a nos praz
poder e authoridade como de feito por eſta prezente danos ao Con
de de Portalegre &c. para poder fazer contrato com Dona Felippa
do cazamento de ſua filha Dona Maria poſto que ſeja menor de hida
de poſto que nom ſeja mancipada porque para o dito cazo a have
mos por mayor e mancipada e lhe damos poder e authoridade para
poder fazer o dito contracto com todalas clauzullas e condições e
obrigações que elle quizer e poſta obrigar ſeus bens a dote e arras
da dità Dona Maria e a todo o mais que lhe der e prometer e iſſo
meſmo lhe damos poder eauthoridade para poder jurar o dito con
tracto' ſein embargo de noſſa ordenaçam em contrario e damos licen
ça ao Taballiam que for eſcolhido para fazer o dito contrauto que o
faҫа
da Caſa Real Portugaeza. sos
hor faça com o dito juramento e para firmeza do que dito he mandamos
paſlar eſte por nos aſſinado. Feito em Lisboa a onze dias de Julho
bens Affonſo Mexia o fez Anno de mil quinhentos e ſinco. = REY. =
a de E por virtude do qual Alvarı elle Senhor Conde fez hora e afir
mou e houve por feito e afirmado eſte dito contrato e ſe obrigou de
mil o manter e conprir com todo e por todo como nelle he contheudo
ſob a dita obrigaçam e penna e ahinda por mais abaſtança jurou logo
Spa aos Santos Evangelhos corporalmente tangidos perante mim dito Ta
cados balliam e Teſtimunhas abaixo nomeadas de comprir e manter o dito
Fose contracto inteiramente como ſe nelle conthem e de nunca hir contra
nele elle em modo algum e por mayor firmeza do dito dote e arras e ſin
EO E co mil dobras a Senhora Condeça de Portalegre madre do dito Se
om nhor Conde obrigou ſua terça e todos outros ſeus bens moveis e de
quer rais havidos e por haver ſegundo ao pé deſte contracto fara ſua obri
de la gaçam e em Tcítimunho detto aſſy o outorgaram e mandaram ſer fei
tos ſenhos eſtormentos e dous para cada parte de lhe comprirem Tef
timunhas que prezentes forað o Bacharel Joan Cotrim Corregedor
设 da Corte do dito Senhor e o Lecenciado Alvaro Annes Cidadao da
1 dita Cidade e Joaó de Revoreda Contador da Caza delRey noſſo Se
nhor e deſpois deſto em doze dias do dito mez de Julho do dito
anno de quinhentos e finco na dita Cidade nas cazas da dita Senho
ra Dona Maria Dayalla Condeça de Portalegre eſtando hy a dita
Do
Condeça perante mim Taballiam lhe foi amoſtrado e lido eſte contra
Eto de cazamento atras eſcrito e por ella foi dito que lhe prazia co
mo de feito aprouve e para mayor ſegurança do dito dote e arras
e das ditas ſinco mil dobras da Camara calladas de obirigar conio de
feito por eſte eſtromento obrigam eſpecialmente toda ſua terça e to
ก
dos outros ſeus bens havidos c por haver moveis e de rais para que
fc for cazo que ao tempo da ſeparaçao do dito matrimonio aſty por.
morte como em vida a dita Senhora Dona Maria ou ſeus herdeiros
nie
nom acharem bens patrimoniaes e fazenda do dito Senhor Conde por
honde hajain todo ſeu dote e arras no cazo que as hy ha daver e as
ſinco mil dobras de Camara caffadas que em tal cazo hajao todo o
TEMP
que della fallecer pellos bens e terça della Senhora Condeça que ella
co
Senhora por todo eſto expreçamente para todo obrigou e 'emboticou
como dito he e por inayor cautella ella Senhora Condeça renunciou
her logo para eſto o benefcio da ley do Valeriano perante o honrado Ba
dar
charel Joam Cotrim Corregedor da Corte dos feitos Civeis delRey
200 noilo Senhor que hy prezente eſtava o qual pella dita Senhora ſer
Tipp tal peſſoa veo a ſua caza eſpecialmente para eſte negocio e declarou
hila a dita Senhora Condeça a dita ley do Valleriano como hera feita em
hares favor das molheres e mandava que qualquer obrigaçam que em algu
211 ma molher ſe obrigace por outrem que nom valleſſe ſalvo ſe perante
8
o Juis renunciaſe a dita ley e ella Senhora Condeça ſabendo e enten
2/1
dendo o privilegio e liberdade que lhe pella dita ley hera concedido
el diſſe que nom queria della gouvir nem uzar em eſta parte e que a
M
2.CO renunciava como logo de feito renunciou perante o dito Corregedor
e quis e lhe aprouve toda via ficar obrigada pello dito Senhor Conde
Tom . V. Sss ſeu
mango
506 Provas do Liv. IX . da Hiſtoria Genealogica
ſeu filho pello modo e maneira que atras faz mençað ſem embargo da
dita ley e doutras quaeſquer leys e ordenaçoes edireitos Civeis e
Canonicos de que contra o contheudo neſte contracto ſe poſſa ajudar
e por Certidao deſto mandou eſcrever eſta ſo obrigaçam e renuncia
çað ao pé deſte contracto para ſer emcorporada com elle. Teſtimu
nhas que prezentes forað o dito Corregedor e meſtre Felippe merca
dor e Henrique Fernandes e Barbanel outro fy mercador moradores
na dita Cidade e eu Bras Affonſo publico Taballiaó por authoridade
de ElRey noſſo Senhor na dita Cidade e ſeu termo que eſte eſtormen
to de minha nota por ineu Eſcrivam fiz tirar e ſóbſcrevi e concer
tey e vay eſcrito em ſeis folhas com eſta e fica reſcado honde dizia
dicta reaes e fica antrelinhado honde diz e mil conto ficaram hajað e
por verdade o aſſiney aqui do pubrico final. Pedindonos os ſobreditos
Dona Felippa e Conde de Portalegre que lho confirmaſemos e hou.
veſſemos por confirmado e aprovatemos eſte contracto de dote e ca
zamento e arras e renunciaçao e contratamento com todallas clauzullas
pautos convenças e condiçoēs eſtipullaçoes e juramentos em o dito
contracto contheudas e ſuprimos o dito contrato qualquer ſolemnida
de honde foſſe de dereitoque contra o dito contrato em algum tem
po ſe podelle alegar o qual contracto viſto por nos todo lido e exa
minado e entendido e por quanto o concerto e contracto antre as di
tas partes foi feito com noſſa authoridade e todallas couzas nelle con
theudas ſe fizeram com noſſo prazer e conſentimento e para todo pri
meiro demos licença e nos em peſſoa entendemos em todo ſentindo aſ
ly, por ſerviço de Deos e noſſo pellos muitos grandes ſerviços que
delles recebemos e ao deante eſperamos receber por eſta prezente au
thorizamos o dito contrato com todallas clauzullas pactos convenças
e condiçoēs e juramentos nelle contheudos de noſſo moto proprio e
certa fciencia é livre vontade e poder Real e abſoluto aprovamos e
confirmamos ratheficamos e abonamos com eſte entendimento que o
reguengo de Valladano contracto declarado ſera ſomente obrigado ao
dote da dita Dona Maria pella maneira no contrato declarado e as ar
ras nom porque as havera a dita Dona Maria ou ſeus herdeiros em
cazo que per direito as hajam daver pellos bens patrimoniaes do di
to Conde e da dita Condeça ſua mãy e as finco mil dobras que lhe
deu pella Camara caſada e ſe pagas as ditas arras e finco mil dobras
aſlima declaradas ſobejarem mais bens patrimoniaes do dito Conde e
Condeça ſua mãy havera a dita Dona Maria per elles ſeu dote e to
do o que ficar por pagar a que os ditos bens patrimoniaes nom abal
tarem havera pello reguengo da Vallada na maneira atras declarado
e ally havemos por firmes todallas clauzullas e condiçoes e convenções
e cada huma dellas no dito contrauto contheudas fem embargo da ley
mental e de todallas outras leys e direitos Civeis e Canonicos gro
zas e oppinioens de Doutores ordenaçoēs Cartas Sentenças determi
naçoēs e Capitulos de Cortes geraes e eſpeciaes que em contrario
deite contracto e confirmaçao e aprovaçam delle ſejao e ao deante fo
rem por quanto todo aqui havemos por expreſſo e eſpecialmente re,
nunciado caſſado e anullado e de nenhum vigor e força quanto he ao
dito
da Caſa Real Portugueza. 507
da dito contracto e confirmaçam delle nað valler ou menos valler em
e parte ou em todo afly como ſe todo aſſentado e nomeado declarado
Ba| foſſe ſoprindo todo fallecimento de menoridade ou outra qualquer
couza de feito ou de dereito que neceſſario ſeja para o dito contra
eto cazamento dote e arras renunciaçao prometimento firme ſer mais
valler ratheficado confirmado e louvado o dito contrato havendo - o por
firme no melhor modo e forma que ſer poſſa e per pallavra declarar
ſe poſta aſſy e pella guiza modo e maneira que ſe em elle conthein
e nos praz de fazer comprir e guardar em todo tempo fem mingoa
mento algum e queremos que o Notario que o fez que 'nom haja
. penna alguma contheuda em noſſas ordenaçoes por fazer aſſy o dito
e contractoconfirmado por juramento dos ſobreditos por quanto nos de
mos licença para iſſo e em teftimunho de tudo mandamos fazer eſta
Carta por nos aſſinada do noſſo ſello a qual mandamos que em todo
valha e ſe cumpra e guarde inteiramente como en ella he contheu
do. Dada em à noſſa Cidade de Lisboa a doze dias do mez de Ju
lho Affonſo Mexia a fez de mil e quinhentos e finco e honde diz
que fallecendo o dito Conde que allem de ſe arecadar e haver o di
to dote por parte de Dona Maria ou ſeus herdeiros por ſeus bens
moveis e de rais e pellas novidades do reguengo de Vallada nam to
lhe de ſe fazer execuçam em quaeſquer outros bens da Coroa do
Regno e allentamento que de nos tem e nam poſla vender nem aren
dar dante maó nem nenhuma couza delles e declaramos que iſto ſe
entenda fomente no rendimento das ditas rendas athe o teinpo que
o dito Conde fallecer para no dito rendimento ſomente ſe fazer a
execuçam para reſtituiçam do dito dote e dy por deante ficaram to
3 dallas ditas rendas livres e dezeinbargadas aos herdeiros do dito Con
de por quanto de todallas rendas que de nos tem da Coroa do Reg
ệ no ſomente ſe obrigao ao dito dote e o reguengo de Vallada pella
1 maneira condiçoēs em fima declaradas.
publicum
quod Nos Tranſumpti
HENRICUS , &c.Inſtrumentuin vifuri, Presbyter
Sanctæ Pudentianæ Cardina,
lecturi& audituri An. 1541. .
lis Caetanus S. R. E. Camerarius ad inſtantiam Illuftrillimi Domini
Roderici Marchionis de Ferreira in Regno Portugalliæ principalis
omnes , & fingulos ſua communiter , vel diviſim quomodolibet inter
eſſe putantes ex adverſo principales eorumque Procuratores fiqui fint
!
in Romana Curia ad videndum fumptum litterarum Apoſtolicarum
felicis recordationis Pauli Papæ III. dilinembrationis , & ſeparationis
! duarum partium ex tribus partibus omnium & finguloruin fructuum
reddituum & proventuum Beatæ Mariæ de Tentuguel & Sanctæ Ma
riæ Magdalenæ , ac Sancti Michaelis montis majoris veteris , & ejuf
: dein Beatæ Mariæ Villæ novæ Danços , necnon San &tæ Catherinæ
1 Danobra , & Sancti Andrex de Fereyra , ac Sancti Mathei de Santa
rem & ejuſdem Beatæ Mariæ de Villa Ruiva Colibrien . Viſen .
Ulixbonen . & Elboren. reſpective dioc. parochialium Eccleſiaruin de
quibus di&tus Illuſtris , & nobilis D. Rodericus unicus Patronus exiſ .
tit ac erectionis & inſtitutionis in fingulis Eccleſijs prædi&tis ſingulo
3 rum ſeu ſingularum preſtimoniorum ſeu preſtimonialium portionum
aut beneficiorum Eccleſiaſticorum hujuſmodi illiſque pro eorum ſeu
to
earum dotibus duarum partium diſmembratarum & ſeparatarum cujuf
ja
libet Eccleſiarum hujuſmodi reſervationis conceſlionis & afſignationis
apoſtolica auctoritate ad perpetuam rei memoriam factæ ac aliorum
in eodem fumpto expreſſorum alias per dictum Illuſtrem D. Roderi
cum obtentorum claulum & ſigillatum more Romanæ Curiæ aperiri
& clauſulas ceteratas in eodem ſumpto contentas juxta ejuſdem Ro
manæ Curiæ ftilum extendi & publicari ac in publicam Tranſumpti
formam redigi mandari auctoritatemque noftrain pariter & decretum
judiciale deſuper interponi vel dicendum & caufani fiquam haberent
rationabilem quare premiſla fieri non debeant allegandum per unum
ex Sanctiſſimi Domini noftri Papæ Curſoribus & per affixionem ad
valuas Cameræ Apoſtolicæ & in avi campi floris ut moris eft , & fieri
gik Tom . V. Ttt con
ช
514 Provas do Liv . IX. da Hiſtoria Genealogica
conſuevit citari fecimus , & mandavimus ad diem & horam infradictas
quibus advenientibus comparuit in judicio coram nobis M. Dominus
Åntonius Gomes Clericus gratus Elven . di&ti Illuſtr. D. Roderi.
ci in hac parte Procurator & eorundem citatorum non comparentium
contumacia accuſata & in eorum contumaciam dictum fumptum ita
clauſum & ſigillatum facto realiter exhibuit & preſentavit illudque
aperiri & clauſulas ceteratas in ipſo appoſitas extendi & tranfumptari
ac in publicam Tranſumpti formam redigi inandari noftramque aucto
ritatem pariter & decretum deſuper interponi debita cum inſtantia
poftulavit Nos igitur Henricus Cardinalis Camerarius prædi&us hu
juſmodi juftis precibus moti dietis citatis non comparentibus merito
id exigente juſtitia contumacibus reputatis & in eorum contumaciam
dictum fumptum aperiri & clauſulas ceteratas in eo appoſitas juxta
ftilum Romanæ Curiæ extendi & in hujuſmodi publicam Tranſumpti
formam redigi mandavimus & fecimus cujus quidem ſumpti tenor eſt
qui ſequiturvidelicet PAULUS Epiſcopus fervus fervorumDei Ad
Perpetuam rei Memoriam. Ad Sacram Beati Petri ſedem meritis licet
imparibus divina diſpoſitione vocati de ſtatu Eccleſiarum quarumlibet
ſalubriter dirigendo attentius cogitamus & ut in illis divinus cultus
cum populi devotione & animarum falute augeatur & juxta illarum
facultates perſonæ Domino famulantes provide deputentur operarias
manus libenter adhibemus aliiſque deſuper diſponimus prout pia per
fonarum preſertim generis claritate fulgentium ac nobis & Sedi apoſ
tolicæ devotarum vota espoſcunt & id in Domino conſpicimus falu
briter expedire fane pro parte Dilecti filij Nobilis Viri Roderici mo
derni Marchionis de Fereira in Regno Portugalliæ nobis nuper ex
hibita petitio continebat quod cum ipſe Beatæ Mariæ de Tentuguel
& Sanctæ Mariæ Magdalenæ ac Sancti Michaelis montis majoris vete
ris & ejuſdem Beatæ Mariæ Villæ novæ Danços necnon Sanctæ Ca
therinæ danobra , & Sancti Andreu de Fareyra , ac Sancti Matheide
Santarein & ejuſdem Beatæ Mariæ de Villá Ruiva Colimbrien. Vi
fen. Ulixbonen. & Elboren . reſpective dioc. Parochialium Eccleſiarum
unicus Patronus ac in pacifica poffeffione feu quaſi Juris preſentandi
perſonas idoneas ad dictas Ecclefias dum pro tempore vacant exiſtat
ipfarumque Eccleſiarum fructus redditus & proventus benedicente Do
mino adeo uberes & abundantes funt feu ita excreverint ut ex fru
& tibus redditibus & proventibus fingularum Eccleſiarum hujufmodi
duo Clerici manuteneri & fuftentaricommode poflint dictus Roderi
cus Marchio cupit duas partes ex tribus partibus omnium , & fingu
lorum fructuum reddituum & proventuum fingularum Eccleſiarum hu
jufmodi ab illis diſmembrari & feparari ac ut in fingulis Eccleſijs præ
dictis divinus cultus & Miniftrorum ecclefiafticorum numerus augeatur
in eiſdem fingulis Ecclefijs fingula ſeu fingulas preſtimonia ſeu preſti
moniales portiones aut fimplicia beneficia ecclefiaftica erigi & inftitui
illiſque pro eorum ſeu earum dote duas diſmembrandas & feparandas
partes hujuſmodi applicari & appropriari Quare pro parte ejuſdem
Roderici Marchionis aſſerentis fruélus redditus & proventus earundem
Ecclefiarum infimul octingentoruin ducatorum auri de camera fecun
m du
da Caſa Real Portugueza. 515
US
dum cominunem extimationem ac taxationem tertiarum per dietam Se
dem claræ memoriæ Emanueli Regi Portugalliæ conceſſarum valorem
annuum non excedere ſeque etiam Comitem de Tentuguel in eodem
3
Regno exiſtere nobis fuit humiliter ſupplicatum ut duas partes fru
3
etuum reddituum & proventuum fingularum Ecclefiarum hujuſmodi
.
ab illis diſmembrare & feparare ac in fingulis Eccleſijs prædi&is ſin
gula feu ſingulas Preſtimonia ſeu Preſtimoniales Portiones aut perpe.
tua fimplicia beneficia eccleſiaſtica erigere & inftituere ac illis pro eo
rum feu earum dotibus duas diſmembratas & ſeparatas partes hujuſ
modi perpetuo applicare & appropriare ac aliis in premiſlis opportu
ne providere de benignitate apoftolica dignaremur Nos igitur qui di
vini cultus augmentum acbeneficiorum eccleſiaſticorum propagationem
ſinceris defideramus affectibus pium deſiderium Roderici Marchionis
hujuſmodi in Domino commendantes Ipſumque Rodericum Marchio
nem à quibuſvis excommunicationis fufpenfionis & interdicti alijſquc
ecclefiafticis fententijs cenſuris & penis à jure vel ab homine quavis
occafione vel cauſa latis fiquibus quomodolibet innodatus exiſtit ad
effectum preſentium dumtaxat conſequendum harum ferie abſolventes
& abſolutum fore cenſentes hujuſmodi ſupplicationibus inclinati à fin
gulis Ecclcfijs prædictis cum primum illas per decefTum vel fi dile
Ctorum filiorum modernorum illarum Rectorum ad hoc accefTerit al
ſenſus etiam per ceſſum ſeu quamvis aliam dimiſſionem earundem
Rectorum vel alias quoviſmodo & ex cujuſcunque perſona etiam apud
Sedem eandem fimul vel ſucceſſive vacaverint etiamfi actu nunc va
cent duas partes ex tribus partibus omnium , & finguloruin fructuum
reddituum & proventuum fingularuin Ecclefiarum hujuſmodi reliqua
illorum tertia parte cum omnibus & ſingulis oblationibus offertorijs
& anniverſarijs etiam paffalibus nuncupatis ac cura animarum dilecto
rum filiorum illarum Parochianorum necnon ſervitio & Epiſcopali
nuncupato ſeu quocunque alio onere earundem Eccleſiarum illarum
Rectoribus pro tempore exiſtentibus remanentibus apoſtolica auctori
tate tenore preſentium ex certa noſtra ſcientia perpetuo ſeparamus &
diſmembramus ac in fingulis Eccleſijs prædictis fingula feu fingulas
preſtimonia ſeu preſtimoniales portiones aut beneficia eccleſiaſtica hu
Ito juſmodi auctoritate & tenore prædictis erigiinus & inſtituimus illiſque
pro eorum ſeu earum dotibus duas partes diſmembratas , & ſeparatas
cujuslibet Eccleſiarum hujuſmodi Ita quod decendentibus , vel ut
prefertur cedentibus dictis Rectoribus feu Ecclefijs ipſis ut premitti
tur vacantibus liceat preftimonia feu portiones aut beneficia hujufmo
di pro tempore obtinentibus per ſe vel alium feu alios corporalem
pofleſſionem ſeu quaſi duarum partium fructuum reddituum & pro
ventuum hujuſmodi propria auctoritate libere apprehendere & perpe
tuo retinere Rectorum prædictorum ac dioceſani loci licentia fuper
hoc minime requifita perpetuo reſpective applicamus & appropriamus
Necnon Roderico Marchioni ac illius heredibus & ſucceiloribus qui
buícunq !le Juſpatronatus fingulorum ſeu fingularum Preſtimoniorum
feu Portionum aut beneficiorum hujufinodi & preſentandi perfonam
feu perſonas ſeculares etiam in minoribus ordinibus confitutam feu
Tom. V. Ttt ii conſti
516 Provas do Liv. IX. da Hiſtoria Genealogica
conftitutas aut fufficienti ad id facultate ſuffültas cujuſvis Ordinis Re
gulares ad fingula ſeu fingulas Preſtimonia ſeu Portiones aut benefi
cia hujuſmodi tam hac prisna vice quam quotiens deinceps illa feu il
las quibuſvis modis & ex quorumcumque perſonis etiam apud Sedem
eandem vacare contigerit auctoritate & tenore ac fcientia premiſſis re
fervamus concedimus & aſſignamus Decernentes Julpatronatus & pre
ſentandi perſonas ut prefertur idoneas ad preſtimonia feu portiones
aut beneficia hujufmodi Roderico Marchioni ac heredibus & fuccef
foribus prædictis competere modo & forma quibus eidem Roderico
Marchioni ad dictas Ecclefias competit & hactenus competijt Non
obſtantibus Turonen. Concilij & quibufvis alijs conſtitutionibus &
ordinationibus apoſtolicis ceteriſque contrarijs quibufcumque. Nulli
ergo omnino hominum liceat hanc paginam noftræ abſolutionis ſepa
rationis diſmembrationis erectionis inftitutionis reſervationis conftitu
tionis aſſignationis & decreti infringere vel ei auſu temerario contrai
re Siquis autem hoc attentare preſumpſerit indignationem Omnipo
tentis Dei ac Beatorum Petri & Pauli Apoſtolorum ejus fe noverit
incurſurum Datum Romæ apud Sanctum Petrum Anno Incarnationis
Dominicæ Millefimo quingenteſinio quadragefimo primo Quarto No
nas Decembris Pontificatus noftri Anno octavo PAULUS Epiſcopus
ſervus fervorum Dei Venerabilibus fratribus Archiepiſcopo Ulixbo
nen . & feltren. ac Lamacen. Epifcopis falutem & apoftolicam bene
dictionem Hodie à nobis emanarunt litteræ tenoris fubfequentis
PAULUS Epiſcopus ſervus fervoruin Dei Ad Perpetuam Rei Memo
riain Ad Sacram Beati Petri ſedem meritis licet imparibus divina dif
pofitione vocati de ſtatu Eccleſiarum quarumlibet falubriter dirigendo
attentius cogitamus & ut in illis divinus cultus cum populi devotione
& animarum falute augeatur & juxta illarum facultates perſonæ Do
mino famulantes proinde deputentur operarias manus libenter adhi
bemus aliaſque deſuper diſponimus prout pia perſonarum preſertim
generis claritate fulgentium ac nobis & Sedi Apoftolicæ devotarum
vota expofcunt & id in Domino confpicimus falubriter expedire fane
pro parte dilecti Filij nobilis Viri Roderici moderni Marchionis de
Fereira in Regno Portugalliæ nobis nuper exhibita petitio continebat
Quod cum ipfe Beatæ Mariæ de Tentuguel & Sanctæ Mariæ Magda
lenæ ac Sancti Michaelis montis majoris veteris & ejuſdem Beatæ Ma
riæ Villæ novæ Danços necnon Sanctæ Catherinæ Danobra , & San
eti Andreæ de Fareyra ac Sancti Mathei de Santarem & ejufdem Bea 1
tæ Mariæ de Villa Ruiva Colimbrien . Viſen. Ulixbonen. & Elboren.
reſpective dioc. Parochialium Ecclefiarum unicus Patronus ac in pa
cifica poſſeſſione ſeu quafi Juris preſentandi perſonas idoneas ad di
ctas Eccleſias dum pro tempore vacant exiftat ipfarumque Ecclefiarum
fructus redditus & proventus benedicente Domino adeo uberes &
abundantes funt ſeu ita excreverint ut ex fructibus redditibus & pro
ventibus fingularum Ecclefiarum hujuſmodi duo Clerici manuteneri
& fuftentari commode poſſint dictus Rodericus Marchio cupit duas
partes ex tribus partibus omnium & fingulorum fructuum reddituum
& proventuum ſingularum Ecclefiarum hujufinodi ab illis diſmembra
ri
-
-
da Caſa Real Portagueza. S17
ri & ſeparari ac ut in fingulis Eccleſijs prædictis divinus cultus & Mi
niſtrorum Eccleſiaſticorum numerus augeatur & in eiſdem fingulis Ec
cleſijs fingula ſeu fingulas preſtimonia ſeu preſtimoniales portiones aut
1
fimplicia beneficia eccleſiaſtica erigi & inſtitui illiſque pro eorum ſeu
earum dote duas diſmembrandas & ſeparandas partes hujuſinodi ap
plicari & appropriari. Quare pro parte ejuſdem Roderici Marchio
nis aſſerentis fructus redditus & proventus earundem Eccleſiarum in
ſimul octingentorum ducatorum auri de camera ſecundum communem
extiinationein ac taxationem tertiarum per dictam ſedem claræ me
inoriæ Emanueli Regi Portugalliæ conceſſarum valorem annuum non
excedere ſeque etiam Comitem de Tentuguel in eodem Regno exif
tere nobis fuit humiliter fupplicatum ut duas partes fructuum reddi
tuum & proventuum fingularum Eccleſiarum hujuſinodi ab illis dif
membrare & feparare ac in fingulis Ecclefijs prædi&tis ſingula ſeu fin
gulas preſtimonia ſeu preſtimoniales portiones aut perpetua fimpli
cia beneficia eccleſiaſtica erigere & inftituere ac illis pro eorum ſeu
earum dotibus duas diſmembratas & ſeparatas partes hujuſmodi per
petuo applicare & appropriare ac aliis in premiſlis opportune provi
dere de benignitate apoſtolica dignaremur Nos igitur qui divini cul
tus augmentum ac beneficioruin Eccleſiaſticorum propagationem fin
ceris deſideramus affectibus pium defiderium Roderici Marchionis hu
juſmodi in Domino commendantes Ipſumque Rodericum Marchionem
à quibuſvis excommunicationis ſuſpenſionis & interdicti alijſque ec
clefiafticis fententijs cenſuris & penis à jure vel ab homine quavis oc
caſione vel cauſa latis ſiquibus quomodolibet innodatus exiſtit ad ef
1 fectum preſentium duntaxat conſequendum harum ſerie abſolventes &
abſolutum fore cenſentes hujuſmodi ſupplicationibus inclinati à fingu
lis Eccleſijs prædictis cum primum illas per deceſſum vel fi dilecto
rum filiorum modernorum illarum Rectorum ad hoc acceſſerit allen
ſus etiain per ceſſum feu quamvis aliam dimiſſionem earundem Re
Ctorum vel alias quovis modo & ex cujuſcunque perſona etiam apud
ſedem eandem funul vel ſucceſſive vacaverint etiamfi actu nunc va
DI
sil cent Duas partes ex tribus partibus omnium & fingulorum fructuum
reddituum & proventuum ſingularum Eccleſiarum hujuſmodi reliqua
illorum tertia parte cum omnibus & fingulis oblationibus offertorijs
lla & anniverſarijs etiam paffalibus nuncupatis ac cura animarum dilecto
rum filiorum illarum Parochianorum necnon fervitio & Epiſcopali
Det
nuncupato ſeu quocunque alio onere earundem Ecclefiarum illarum
OIL
Rectoribus pro tempore exiftentibus remanentibus apoſtolica auctori
tate tenore preſentium ex certa noftra ſcientia perpetuo ſeparamus &
diſmeinbramus ac in fingulis Ecclefijs prefatis fingula ſeu fingulas pref
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timonia ſeu preſtimoniales portiones aut beneficia eccleſiaſtica hujuf
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modi auctoritate & tenore prædictis erigimus & inftituimus illiſque
pro eorum feu earum dotibus duas partes diſmembratas , & ſeparatas
cujuslibet Eccleſiarum hujuſmodi Ita quod decendentibus vel ut pre
fertur cedentibus di &tis Řectoribus feu Ecclefijs ipſis ut premittitur
hao
ALVE
vacantibus liceat Preſtimonia ſeu Pertiores aut feneficia hujuſmodi
pro tempore obtinentibus per fe vel alium feu alios corporalem pof
uhan ſellionem
518 Provas do Liv. IX. da Hiſtoria Genealogica
ſeſſionem ſeu quaſi duarum partium fructuum reddituum & proven
tuum hujuſmodi propria auctoritate libere apprehendere & perpetuo
retinere Rectorum prædi&torum ac dioceſani loci licentia ſuper hoc
minime requiſita perpetuo reſpective applicamus & appropriamus nec
non Roderico Marchioni ac illius heredibus & ſucceſſoribus quibuf
cunque Juſpatronatus fingulorum ſeu fingularum preſtimoniorum feu
portionum aut beneficiorum hujuſmodi & preſentandi perſonam ſeu
perſonas ſeculares etiam in minoribus ordinibus conſtitutam feu conf
titutas aut ſufficienti ad id facultate ſuffultas cujuſvis ordinis Regu
lares ad ſingula feu ſingulas preſtimonia ſeu portiones aut benefici a
hujuſmodi tam hac prima vice quain quotiens deinceps illa feu illas
quibufvis modis & ex quorumcunque perſonis etiam apud fedem ean
dem vacare contigerit auctoritate , & tenore ac fcientia premiſſis re
ſervamus concedimus & aflignamus Decernentes Juſpatronatus & pre
fentandi perſonas ut prefertur idoneas ad preftimonia ſeu portiones
aut beneficia hujuſmodi Roderico Marchioni ac heredibus & fuccef
foribus preſentis competere modo & forma quibus eidem Roderico
Marchioni ad dictas Eccleſias competit & hactenus competijt Non ob
ftantibus Turonen. Concilij & quibuſvis alijs conſtitutionibus & or
dinationibus apoftolicis ceteriſque contrarijs quibuſcunque. Nulli er
go omnino hominum liceat hanc paginam noftræ abfolutionis ſepara
tionis diſinembrationis erectionis inſtitutionis applicationis appropria
tionis reſervationis conceſſionis aſſignationis & decreti infringere , vel
ei auſu temerario contraire Siquis autem hoc attentare preſumpſerit
indignationem Omnipotentis Dei ac Beatorum Petri & Pauli Apofto
lorum ejus ſe noverit incurſurum Datuin Romæ apud Sanctum Pe
trum Anno Incarnationis Dominicæ Milleſimo Quingentefimo quadra
gefimo primo Quarto Nonas Decembris Pontificatus noftri Anno octa
vo. Quo circa fraternitati veſtræ per Apoftolica ſcripta mandamus
quatenus Vos vel duo aut unus veſtrum per vos vel alium feu alios
litteras prædictas & in eis contenta quecunque ubi & quando opus
fuerit ac quotiens pro parte Roderici Marchionis illiuſque heredum
& ſucceſſorum prædictorum ac Preſtimonia ſeu Portiones aut Benefi
cia hujuſmodi pro tempore obtinentium ſeu alicujus corundem deſu:
per fueritis requiſiti folemniter publicantes eiſque in preiniſlis effica
cis defenſionis preſidio aſſiſtentes faciatis auctoritate noſtra litteras
prædictas & in eis contenta quæcunque firmiter obfervari ac fingulos
quos illi concernunt illis pacifice gaudere Non permittentes eos de
ſuper per quoſcunque quomodolibet indebite moleftari contradictores
auctoritate noſtra prædicta appellatione poſtpoſita compefcendo ac le
gitimis ſuper his habendis ſervatis proceſlibus fententias cenfuras &
penas prædictas etiam iteratis vicibus aggravando invocato etiam ad
hoc ſi opus fuerit auxilio brachij fecularis Non obftantibus omnibus
fupradictis ſeu fi aliquibus communiter vel divifim ab cadeni fit fede
indultum quod interdici ſuſpendi vel excommunicari non poflint per
litteras apoftolicas non facientes plenam & exprellam ac de verbo ad
1
verbuin de indulto hujufmodi nientionem Datum Romæ apud San 1
unum
526 Provas do Liv. IX. da Hiſtoria Genealogica
unum , vel duo altaria , feu in aliquo Oratorio , vel pro his veftrum ,
& illarum orationibus , ſeu divinis inibi audiendis deputata , vel de
tputanda in loco ubi té , & illas pro tempore refidere contigerit viſi
ando quas , yel quæ tu , vel illæ eligendas , vel eligenda duxeris , 1
C62
da Caſa Real Portagaeża. 535
Ica fa
ezai Contrato , e tranſacçao entre o Marçuez de Ferreira D. Franciſ
co de Mello , e ſua mulher a Senhora D. Eugenia , com D. Al
varo de Mello , feu ſobrinho, ſobre a herança da Caſa de D.
ܐis Rodrigo, 1. Marquez de Ferreira. Authentico eſtá no Car.
torio da Sereniſima Caſa de Bragança , donde o tirey.
ht
M Nome de Deos Amen . Saiba) quantos eſte eſtormento de Num. IS
Ta Ecom
comcerto , tranſacçao , e amiguavel compoſiçað virem , que no
anno do nacimento de Noſſo Senhor JESU Chriſto de mil quinhen- An. 1553.
elle tos cincoenta e tres , aos dezaſete dias do mes de Novembro na Ci
ide dade de Lixboa nas cazas do Senhor Pero Dalcaçova Carneiro do
Conſelho delRey noſſo Senhor , e ſeu Secretario eſtamdo hy prefem
te o Senhor D. Franciſco de Mello filho do Senhor Marques de
Ferreira que fancta gloria aja de huma parte em ſeu nome , e como
Procurador da Senhora D. Eugenia , ſua molher cuja procuraçao bal
tante pera ho caſo de que a diante faz mençað offereceo de que o
trellado hiraa a diamte ; e da outra parte ho Senhor D. Alvaro de
1 Mello filho do Senhor D. Alvaro de Mello fillo primogenito que foy
do dito Senhor Marques , e a Senhora D. Maria de Vilhena ſua Máy
como ſua Tutor , e Curador , e ally a Senhora D. Maria Dalcaçova
molher do dito Senhor D. Alvaro , logo por elles Senhores foy di
M to que depois do falecimento do dito Marques de Ferreira Pay , e
Avo delles partes teveraó demanda ally acerqua do ſequeſtro dos
morgaados , terras , e rendas que ficaraó por falecimento do dito
99 Marques como acerqua da ſucceſſað , e herança dos ditos morgaados,
terras , e rendas de que todo elle D. Alvaro tinha dado libello com
tra elle D. Framciſco , e dezia lhe pertemcer toda a ſucceſlao da Ca
za do dito Marques , por ſer filho do dito D. Alvaro de Mello filho
2
priniogenito do dito Marques, e que repreſentava a peſſoa do di
to ſeu Pay , e elle dito D. Framciſco dezia , que era o filho mais ve
ir
lho que ficara ao tempo do faleciinento do dito Marques , e que am
dando ally as ditas duvidas , e demandas amtre elles , olhando, o
grande divedo que amtre fy tem , e o muito tempo que as ditas de
mandas podia ) durar, e todo fim dellas fer imcerto , e duvidoſo , e
Le por tirar muitos imcomviniemtes que le das ditas demandas podiao
ce a ſeguir , e por bem de amor , paaz , e concordia, falaram em ſe com
11. certar e por amtre elles aver deferemça no dito comcerto , pedirao
2
are. por merce a ElRey noſſo Senhor que lhes fizelle merce de mandar
rint
emtemder em os comcordar , e determinar o que a S. Alteza bem
pareceſſe , e o dito Senhor por lhes fazer merce entendeo niſſo , e
os comcertou por ſua deteriniñaçaó per elle allinada , de que o teor
de verbó a verbo he o ſeguinte. Manda ElRey noſſo Senhor viſto
como D. Franciſco de Mello , e D. Maria de Villena como Máy ,
e Tutor de D. Alvaro de Mello ſobrinho do dito D. Frainciſco pe
diraó a S. Alteza que lhes fizeſſe merce de emteinder , e os comcor
dar , e determinar o que lhe bem pareceſe na defferença em que ora
. V.
Tom Xxx ii eſao
CS
532 Provas do Liv. IX. da Hiſtoria Genealogica
eſtað no comcerto que ſe amtre elles tracta ſobre a duvida , e deman
da que amtre elles era movida acerqua da ſucceſlao , e eramça dos
morgaados, terras , e remdas que ficaraó por morte de D. Rodrigo
de Mello Marques de Ferreira , Pay do dito Dom Framciſco de Mel
lo , e Avo do dito D. Alvaro de Mello , por o dito D. Alvaro ſeu
filho mais velho de D. Alvaro de Mello ja fallecido filho mais velho
do dito D. Rodrigo de Mello Marques de Ferreira que ho dito D.
Alvaro de Mello Neto do dito Marques de Ferreira aja da eram ça ,
e ſucceſſaó dos morgaados , terras , e rendas que ficarað do ditó
Marques feu Avo , as couzas ſeguintes. Das rendas que as taes cou
fas remderem da pubricaçao deſta determinaçað em diamte ff. a Vit
la da Rega e a Villa de Codeſeiro , e ho Concelho de Carapito , ſee
a alcaidaria nior da Villa de Vilar mayor , e os bens da beira que
chama) o minhocal da Ribeira , e o minhocal de cima , e ho carva
lhal meao em termo da Villa de Celorico , da quimtaam da gaiteira ,
e as leziras de tavora , e as abitureiras em terino da Villa de Santa
rem , e ho reguengo de Toês com todas as mais couſas que o dito D.
Franciſco tever nas ditas Villas , comcelho , e couzas acima ditas, e
na maneira em que as tever , e que lo que eſtas couſas ein cadahum
anno menos remderem de oitocemtos mil reis dee o dito D. Fram
ciſco de Mello ao dito D. Alvaro ſeu ſobrinho em temça de juro
pera que da pubricaçao deſta determinaçao em diamte elle D. Álva
to aja os ditos oitocemtos mil reis de renda em cada huú anno aſſy
pelló que remderen as ditas terras , e bens como pella temça de ju
ro que lhe mais der , e ally dee mais o dito D. Framciſco de Mello
ao dito D. Alvaro ſeu ſobrinho jumtamente com as ſobreditas cou
e dinheiro o di
fas dez mil cruzados em dinheiro , as quaes couſas ,dito
to D. Framciſco de Mello he comtemte de dar ao Dom Alvaro
como parece pello ſeu aſſignado jumto ao auto atras eſcripto , e vil
to
como pelo muito paremteſco , e raza) que amtre os ditos D.
Framciſco , e D. Alvaro ſeu ſobrinho ha he couſa muito juſta aver
amtre elles neſte caſo comcerto , e aſſy porver muito bem a ambas as
partes pera ſe excufarem demandas , deſpelas , e outros incomvinien
tes que ſe poderiao ſeguir ſe a cauſa ſe ouvelle de determinar por
demanda , e como o dito D. Franciſco por eſtar em poſſe de toda a
heramça , e ſucceſſað que ficou per morte do Marques feu Pay tinha
reza ) de mais arecear à femtemça , que neſte caſo ſe ouvelle de dar,
e de mais ſentir ho em que a tal fentença comtra elle foſle , ha S.
Alteza por bem , e manda que a alem do que acima he dito , que
D. Alvaro de Mello aja daver da dita ſucceſſo do Marques feu Avo,
e lhe D. Framciſco de Mello ha de dar dee mais ho dito D. Fram
ciſco ao dito D. Alvaro ſeu ſobrinho as cazas , e moyos e toda a
outra mais fazenda , que ora o dito D. Framcifco de Mello tem no
morgado de Sanctárem , que inſtituirað o Marques ſeu Pay femdo
l
Comde de Temtugue , e D.Lianor Dalmeyda Comdella de' Temtu
guel, ſua molher , Máy do dito D. Franciſco femdo ella viva ao tal
tempo , e das couzas acima ditas as que forem da Coroa averaa , e
teraa o dito D. Alvaro ally , c da maneira que as ouvera de erdar , e
fucce
11
da Caſa Real Portuguega. 533
ſucceder D. Alvaro de Mello ſeu Pay ſe fora vivo ao tempo da
a les
morte do dito Marques de Ferreira pollas doaçoens que o dito Mar
diga ques dellas tinha , e ſegumdo forma dellas e das ordenaçoens do
M
OLE
Regno, e das couſas acima ditas , as que forem dos morgados pa
release
trimoniaes ally dos que ficaraó do Márques de Ferreira como do
Comdeſſa ſua mo
morgado de Sanctarem que o dito Marques ,, ee ateraa
-D. lherºinſtituiraðhodito D. Alvaro asaveraa em morgaado
pera ſy , e ſeus ſucceſſores comforme aas inſtituiçoens dos ditos mor
gaados ſein ſer obrigado a emcargo algum dos comtheudos nas ditas
inſtituiçoens porque os taes emcargos ficara ) com o dito D. Framcif
12
co de Mello, o qual ſeraa obrigado a dar pera os ditos morgaados
tamta fazemda de raiz que remda em cada huum anno outro tamto
ܢܐ como ora remdem os bens dos ditos morgaados que ſe delles tiraó , e
TO
daó ao dito D. Alvaro , a qual fazenda que o dito D. Framciſco affy
ha de dar aos ditos morgaados ficaraa vinculada a elles , com as obri
gaçoens , e emcargos que tinhaó os bens dos ditos morgaados que ſe
ora delles tirao e ficaó ao dito D. Alvaro , e deſta meſma maneira
feraa o dito D. Framciſco obrigado a dar pera o morgaado deSancta
rem que lhe ficou do Marques ſeu Pay , e da Comdella ſua Máy fa
zenda de raiz que remda ein cada huum anno outro tamto como val
de remda a fazenda do dito morgado que le ora delle tira , e ſe daa
ao dito D. Alvaro , a qual fazenda ficaraa vimculada ao dito mor gaa
do , e obrigada aos emcargos delle ally como acima he dito , que fi
que a fazenda que o dito D. Framciſco ha de dar pera os morgaados
patrimoniaes, que ficaraó per morte do dito Marques de Ferreira ſeu
Pay lein a fazenda do dito morgaado de Sanctarem , que o dito , e
D. ' Alvaro ha de aver_ficar obrigada a emcargo alguum do dito mor
gaado e o dito D. Framciſco Teraa obrigado a dar aos ditos inor
راد gaados a ſatisfaçaó acima dita demtro de dous annos que ſe começa
D raó do dia da pubricaçao deſta determinaçað em diamte , e a extima
çaó , de liquidaçað que ſe haade fazer do que em cada huum anno
vallem de remda as couſas acima ditas que haó de ficar ao dito D.
Alvaro pera ſe ſaber o que lhe D. Framciſco mais haade dar em tem
ça de juro para lhe fazer comprimento de oitocemtos mil reis de
remda ſe faraa per maſſa dos quatro annos paſſados, de quaremta e
nove , cincoenta , e cincoenta e hum e cimcoemta e dous , e com
forme a eſta determinaçao de S. Alteza ſe faraa amtre o dito D.
has Framciſco de Mello com outorga , e conſentimento de D. Eugenia
ſua molher , e o dito D. Alvaro feu ſobrinho , com auctoridade de
CU AT
D. Maria de Vilhena ſua Máy , e Tutor huum comtracto de tranſac
27
çaó com ' ſupprimento da ydade do dito D. Alvaro , e com todas as
clauſulas, derogaçoens, e declaraçoens neceſſarias pera o dito co tra
Eto ſer pera ſempre fine, e valioſo , e fë lhe daraó para o meſmo
efeito as proviſoens de S. Alteza que forem neceffarias , no qual com
tracto ſeraa trelladada eſta determinaçao de S. Alteza , e feito , e aca
bado ally amtre elles o dito comtracto de tranfacçað o dito D. Fram
ciſco de Mello emtregaraa logo ao dito Dom Alvaro todas as doa
e çoens de ſcripturas que tiver , e forem necellarias ao dito D. Alva
car ro
534 Provas do Liv. IX . da Hiſtoria Genealogica
ro para lhe aver de ſer feitas as doaçoens das couſas da Coroa , que
para ben deſta determinaçað ha de aver ; e aſſy lhe emtregaraa o
trellado em pubrica forma das inſtituiçoens dos morgaados , e de
quaeſquer eſcripturas que a elles pertemcerem , e ao dito D. Alvaro
forem neceſſarias pera Tegurança da parte da fazenda que elle dos di
tos morgaados, ha de aver , e ſe lhe averem de fazer as proviſoens
que The forem neceſſarias, é ally meſmo lhe emtregaraa logo o dito
D. Franciſco os dez mil cruzados que lhe ha de dar , e dentro de
dous meſes ſe faraa a liquidaçao davalia das remdas das couſas que
haó de ficar a D. Alvaro pera ſe ſaber a comtia da terça de juro
que lhe D. Framciſco de Mello ha de dar para comprimento dos oi
tocemtos mil reis e tamto que a dita liquidaçaó for feita , daraa o di
to D. Franciſco ao dito D. Alvaro a temça que ſe achar que The
mais deve de dar pera ſer feito padra) della ao dito D. Alvaro , e
teindo D. Framciſco fatisfeito ao acima dito ſe lhe faraó doaçoens
1 em forma per ſucceſlao das mais couſas da Coroa que ficarað do
Marques ſeu Pay ally de juro como em vida tegundo per bem de
ſuas doaçoens , e proviſoens lhe pertemcerem , e lhe ſeraa alevanta
do o ſocreſto que lhe he poſto nas remdas das couſas que ſe lhe
mandaraó ſocreftar , e lhe ſeraa entregue o dito rendimento como o
ouvera dạver , ſe o dito focreſto lhe noin fora feito , e em caula huuấ
das doaçoens , e das couſas da Coroa , e das proviſoens que tocarem
aos morgaados que ſe ouverem de fazer ally ao dito D. Framciſco
como ao dito D. Alvaro hiraa trelladado o dito contracto , e tranf
acçaó , que ſe ámtre elles ha de fazer , e manda S. Alteza que ſe fa
çaó dous alvaras de huum theor com o trellado deſta fua determina
çaó , e que ſe dê huum a D. Franciſco de Mello , e outro a Dom
Alvaro de Mello , em Lixboa a vimte e quatro de Março de mil e
quinhentos e cimcoenta e tres. A qual determinaçao parecia fer eſ
cripta por Manoel da Coſta eſcripvaó da Camera delRey noſſo Se.
nhor , é aſſignada por S. Alteza . E viſta eſta determinação de S. Al
teza per elles partes , e que S. Alteza mandava que a extimaçaó, e
liquidaçao que le avia de fazer do que valió de remua as coutas aci
mà ditas que aviaó de ficar ao dito D. Alvaro ſe fezelle por maila
dos quatro annos paſſados elle D. Alvaro teve duvida ſobre a maſla
ſer dos ditos quatro annos ſomente , e ſobre ello apontaraó peramte
S. Alteza de ſua juſtiça , e S. Alteza por tirar a dita duvida , e ou
tras as tirou pella determinaçað ſeguinte. Manda ElRey noſſo Se
nhor viſta a duvida , e differença que amtre D. Alvaro de Mello , e
D. Framciſco de Mello ſeu Tio ha ſobre os annos de que ſe avia de
fazer maſla do remdimento das rendas que per bem da determinaçao
de S. Alteza fica ) com o dito D. Alvaro aa comta dos oitocemtos
mil reis de renda que cada anno ha de aver ; e viſtas as comthias de
claradas nos eſcriptos, aqui offerecidos porque as ditas remdas foraó
aremdadas , é o que as partes ſobre yſło alegaraó , e paara que acer
qua da liquidaçao do remdimento das ditas remdas nom aja mais du
vida a'ntre as ditas partes que o dito D. Alvaro aja as ditas rendas,
e conthia de quinhentos e quaremta mil reis de renda em cada huú
anno ,
1
da Caſa Real Portugueza. 535
- que anno , e os dozemtos e ſeſſenta mil reis que falecem pera compri
mento dos ditos oitocemtos mil reis lhe daraa o dito D. Franciſco
ed
ha
em temça de juro como S. Alteza pella dita determinaçao tem inan
dado em Lixboa a vimte e tres dias de O &tubro de mil e quinhem
tos e cimcoemta e tres , a qual determinaçao outro fy parecia ſer ef
CO
criptapelo dito Manoel da Coſta eſcripvao da Camara delRey noſſo
Senhor, e aſſignada per S. Alteza. E viſtas as ditas determinaçoens
do ditó Senhor dixeraó elles partes que as acceptavaó , e aviaó por
boas afly , e da maneira que nellas le conthem , e per via de com
Un certo e tranſacçao erað comtemtes de eſtar por todo o comtheudo
01 nas ditas determinaçoens dizendo logo elle dito Senhor D. Franciſco
em ſeu nome , e da dita Senhora Ď. Eugenia ſua molher que doje
pera ſempre por bem deſta tranſacçað , edas ditas determinaçoens
e era comtemte , e lhe apraz que ho dito Senhor D. Alvaro feu fobri
nho aja da heramça , e ſucceſſað des ditos morgaados , terras , e rem
das que ficarað do dito Marquesas couſas ſeguintes, é as remdas que 1
1
file que o dito D. Alvaro avia daver da heramça , e ſucceſlao dos ditos
Tom . V. Yуу morgaados,
te
538 Provas do Liv. IX. da Hiſtoria Genealogica
morgaados , terras , e remdas que ficarað do dito Marques ſeu Avo,
e que todo ho mais ficaſſe ao dito D. Framciſco de Mello ſegundo
mais inteiramente le contem em ſua determinaçað por mym affignada 1
que mandey que ſe trelladaſſe no comtracto de tranſacçað que ſe faria
amtre o dito D. Framciſco de Mello com outorga , e comſentimento
de D. Eugenia ſuamolher, e o dito D. Alvaro leu ſobrinho com au
ctoridade da dita D. Maria de Vilhena , ſua Máy , e Tutor , e com
ſupplimento de idade do dito D. Alvaro , e com todas as clauſulas,
derogaçoens , e declaraçoens neceſſarias pera o dito comtracio fer
ſempre firme, e valioſo , e que eu lhe mandaria dar pera o dito ef
fecto as proviſoens que foſſem neceſſarias , a qual determinaçað foi
feita a vimte e quatro dias do mes de Março deſte anno preſente de
quinhentos e cincoenta e tres , e porque o dito D. Franciſco de Mel
lo , e D. Maria de Vilhena , é D. Alvaro me inviarað dizer que pe
ra o dito comtracto de tranſacçao que ſe affy amtre elles aade fazer
ſer firine , e valioſo pera ſempre era neceſſario eu ſupprir a ydade do
dito D. Alvaro , e o fazer mayor de vinte e cinco annos, e da licem
ça que jurem todas as partes o dito comtracto , e que contra elle ;
nem couſa alguúa do nelle contheudo noin poſſað nunca hir , nem
pedir reſtituiçao nem dizer em que faó enganados aquem , nem
aalem dametade do juſto preço ,eque poſtao renunciar aordenaçað
do quarto livro dametade do juſto preço, e todalas leis, e direitos ,
que permitem ſe reſtituirem os menores e mayores que lao Jeſos em
2
Tabaliaó que
quer juramento poſla fazer o dito comtracto de tranſacçað com o
dito lem embargo da ordenaçao do quarto livro titulo ter
ceiro que nenhuum faça comtracto , nem deſtrato em que ponha ju
ramento , ou boa fee , e das penas delle , e quero de minha certa Ici
encia poder Real , e abſoluto , que as ditas partes , nem alguma del
las , nem ſeus ſucceſſores nao poſſa ) comtra couſa alguma do nelle
comteudo , fer ouvidos em juizo , nem fora delle , porque deſde ago
ra pera emtað lhes denego as auçoens, porque minha vontade he
que o dito comtracto em todo ſe cumpra imteiramente ſem embargo
de todalas leys , ordenaçoens , uſos , e coſtumes , e yftilos em contra
rio ainda que tenha ) clauſulas derogatorias , e le requeira que dellas ,
e do theor dellas ſe faça expreſſa mençaó , e feni embargo da ley
mental , e de todos , e de cada hum dos Capitolos della que em
contrario diſto leja, ainda que tenha) clauſulas derogatorias de que
ſe aja de fazer expreſla mençao porque todo ey por quebrado , e de
rogado pera que eſte alvaraa , e comtracto de tranſacçao que ſe am
tre elles ha de fazer valha o mais efficazmente que poſſa ſer , e co
mo nelle for comtiudo poſto que das ditas leys , e ordenaçoens , uſos,
e coſtumes , eſtilos , e couſas fobreditas que em comtrario deſte al.
varaa e do dito comtracto ſejað , e do theor , e ſuſtancia dellas ſe
ouvelle de fazer expreſſa mençað , e ſem embargo da ordenaçao do
ſegundo livro , titolo quaremta e nove que diz que ſe nom emtem
da fer derogada ordenaçaó alguuă per mim ſe da luftamcia della nom
fizer expreſſa inençaó , e pera mais firmeza eu comfirmarey o dito
comtracło com todalas mais clauſulas neceſſarias , e ainda que o nom
coinfirme ſeraa valioſo aſſy , e da maneira , e com as clauſulas que
aintre elles partes foremn aſſemtadas , e aqui ſao theudas , e ey por
bem que eſte alvaraa valha , e tenha força , e vigor como ſe foſſe
Carta feita em meu nome per mim allignada , e pasſada per minha
Chancellaria ſem embargo da ordenaçao do ſegundo livro , titolo vim
te que diz que as couſas cujo effecto ouver de durar mais de huum
anno paſſem por Cartas , e parando per alvaras nom valha) , e vale
rua outro ( y poſto que nom ſeja paſlada pella Chamcelaria ſem em
bargo da ordenaçaó que manda que os meus alvaras que nom forem
Toin. V. Yуу іі palla
540 Provas do Liv. IX. da Hiſtoria Genealogica
paſſados pella Chamcellaria ſe noin guardem ; Jorge da Coſta o fez
em Lixboa à quatro dias de Julho de mil quinhentos e cincoemta e
tres , Manoel da Coſta o fez eſcrever.
REY .
1
da Caſa Real Portugueza. 545
mes de Novembro do dito anno de mil quinhentos cincoenta e tres
na dita Cidade de Lixboa , e Cazas do dito Senhor Dom Framciſco
de Mello eſtando ſua Senhoria hy preſemte logo per mim Tabalia )
lhe foy moſtrado , e lido de verbo ad verbum eſte eſtromento de
comcerto , ee tranſacçað atras eſcripto , e viſto , e ouvido por ello di
xe que em ſeu proprio nome , e da dita Senhora Donna Eugenia fua
molher como ſeu Procurador que he por virtude da dita procuraçao
atras treladada acceptava como de feito acceptou o dito comcerto
e tranſacçao , e outorgou , e comſentio nelle com todas as clauſulas,
condiçoens , penas obrigaçoens , e renunciaçoens aſſy , e pella manei
ra que com elle Senhor D. Framciſco em ſeu nome , e da dita Se
nhora D. Eugenia fua molher hia continuado , e jurou logo hy per
virtude do dito alvara peramte mim Tabalia ) , e teſtemunhas abaixo
nomeadas em ſeu nome proprio , e conio Procurador que aſly he da
dita Senhora D. Eugenia ſua molher per virtude da dita procuraçað
dercita em hum livro
aos Sanctos Evangelhos em que pos a ſua nað prometeo
de rezar que os tinha , e pelo dito juramento de elle , e a
Senhora D. Eugenia fua molher comprirem , e mantherem o di
ditaconcerto
to > e tranſacçað , e de nunca em tempo alguum hirem ,
nem virem comtra elle em parte , nem em todo por ſy , nem por ou
trem , ein juizo , nem fora delle de feito , nem de dereito por modo
alguum que ſeja , nein pedirem relaxaçao do dito juramento ao San
cto Padre , nem a quem ſeu poder tenha , ou tever , nei uſarem da
dita relaxaca ) poſto que comcedida lhes ſeja ſem a elles pedirem ,
ally fez o dito juramento de comprirem , e manterem o dito comcer
to ', e tranſacçao com todas as outras mais claufulas , e declaraçoens
qué nelles comtem , ally , c pella maneira que com elle Senhor Dom
!
Framciſco em ſeu nome , e da dita Senhora D. Eugenia ſua molher
hia continuado, e obrigou todos ſeus bens , e rendas avidas , e por
aver , e da dita Senhora D. Eugenia ſua molher por virtude da dita
procuraçað a comprir , e manther o dito comcerto , e tranſacçao , e
em teſtemunho de verdade aſfy o outorgou , e mandou ſer feito eſte
termo de outorga , conſentimento acceptaçaó , e juramento , e incor
poralo ao dito eftormento de comcerto , e tranſacçao atras eſcripto ,
e aos eſtormentos que da nota delle ſe parlarem , e prometeo a inim
Tabalia) , como a peſſoa pubrica , ftipulamte , c acceptamte , em 10
me dos ditos Senhores D. Alvaro , e D. Maria Dalcaçova ſua mo
lher , e de quaeſquer outras peſſoas a que eſto toque , e pertemca ,
ou polla ao diamte tocar , e pertemcer por qualquer modo a ello
abfemtes de ho aſſy comprirem , e mantherem elle Senhor Doin Fram
ciſco , e a dita Senhora Donna Eugenia ſua molher , e ſeus herdei
ros 9 e ſucceſſores , teſtemunhas que preſemtes forað o Licenciado
Manuel Rodrigues Procurador da Corte , e Caza da ſuppricaçao , e
Antonio de Moroz Prior da Igreja de Temtuguel , e Capella ) do
dito Senlior D. Franciſco , e Franciſco Fernandes outro fy feu Ca
pellað ; e eu Anrique Nunes pubrico Tabalia ) por EIR ey noſlo Se
nhor na dita Cidade de Lixboa , e ſeus termos que eſte eſtormento
! ein minhas notas tomey , e dellas ho fiz treladar per licença de Sua
Tom. V. Zzz Altes
546 Provas do Liv. IX. da Hiſtoria Genealogica
Alteza que pera ello tenho , e ho concertey , e fobſcripvi, e de meu
pubrico ſignal ho aſſigney que tal he = com os riſcados' deziaó , ,
e os corregidos que dizem que .. treladadas tre
ladada em que non aja duvida e vay eſte eftormento eſcripto em
vinte e quatro folhas com eſta que todas vað contadas , e numeradas
per mim de ininha propria letra.
Carta
552 Proðds do Liv. IX. da Hiſtoria Genealogica
Cartaem que ElReyfaz merce ao Marquez de Ferreira de todas
as Villas , e mais couſas , que tinha da Coroa , em ſua vida, de
lhas dar de juro huma vez fóra da Ley Mental ; e as que tiver
de juro tiradas duas vezesdaLey Mental, e outras merces. EJ
tá no liv . 26 delRey D. Filippe II. pag. 183.
Om Fellippe, & c. Faço ſaber aos que eſta minha Carta virem
Num . 19. que havendo reſpeito aos ſerviços que o Marques de Ferreira
An . 1610. Dom Franciſco de Mello e o Conde de Tentugal Dom Nuno Alva
res Pereira ſeu filho fizeram a ElRey meu Senhor e pay que fanta
gloria haja e aos Reys deſtes Reynos ſeus anteceſſores e aſfy aos que
eſpero me faça Dom Franciſco de Mello Conde de Tentugal meu
muito amado fobrinho filho do dito Conde Dom Nuno Alvares e ao
muito devido que comigo tem e aos grandes merecimentos e callida
des de ſua peſſoa e daquelles de quem elle deſcende e a cazar com
Dona Maria de Moſcozo filha dos Condes de Altamira e ao dito ca
zamento ſe tratar por meu mandado e por folgar de por todos eſtes
reſpeitos lhe fazer merce tendo por certo que ſempreme fabera me
recer e ſervir toda a que lhe fizer comforme a ſua obrigaçaoimitan
do ſeus anteceſſores cuja memoria me he muy prezente. Hey por
bem de lhe fazer merce que as Villas e mais couzas que tem da Co
roa em ſua vida as haja de juro e herdade para elle e os ſucceſſores
de ſua Caza por huma vez fora da ley mental e as couzas que tem
de juro lhe faço merce de tirar por duas vezes fora da ley mental e
aflý lhe faço merce que os ſeus Ouvidores poſſað devatlar em todas
ſuas terras nos lugares em que nam entraó Corregedores comdecla
raçao que os taes Ouvidores feram letrados e theram lido no Dezem
bargo do Paço e eſtaram nelle aprovados para meu ſerviço e feram
limpos de raça e tambem lhe faço merce que poſſaprover 'os officios
de luas terras conforme as doações que tem e affy lhe faço merce que
quando os proprietarios dos ditos officios os renunciarem livremente
em minhas mãos depois de lhe eſtarem aceitadas as renunciações os
poſſaó prover elle Conde e ſeus ſucceſſores e affy lhe faço merce que
elles e os poſſuidores e ſucceſſores de ſua Caza poſſam cobrar ſuas
dividas via executiva como ſe cobram as que ſe devem a minha fa
zenda com declaraçao que nas eſcrituras e arendamentos que ſe fize.
rem ſe declarara que tem eſte privilegio e que hain de uzar delle e
mando a todos meus Dezembargadores Corregedores Ouvidores Jui
zes Juſtiças officiaes e peſſoas a que eſta Carta ou o treslado della em
1 publica forma for moſtrado e o conhecimento pertencer que pella di
ta maneira lha cumpraó e guardem em todo e façam inteiramente com
prir e guardar como nella ſe conthem e ſera regiſtada nos livros das
Provedorias em cujas Comarcas as ditas ſuas terras eſtiverein e das
Camaras dos Lugares dellas de que nas coſtas ſe paſſarað certidoens
como he coſtume para ſe ſaber que tenho feito merce ao Conde D.
Franciſco das couzas ſobreditas e eſta propria ſe lhe tornara para ſua
guarda
i
da Caſa Real Portugueza. 553
ndan guarda a qual por firmeza diſſo lhe mandey dar por mim aſſinada e
aſellada do meu fello de chumbo pendente. Alberto de Abreu a fez
em Lisboa a vinte ſeis de Marco Anno do naſcimento de noſſo Se
nhor Jezu Chriſto de mil ſeiſcentos e dez e eſtas merces faço ao di
to Conde Dom Franciſco alem das mais que lhe tambem fiz por el
tes ineſinos reſpeitos. Pedro de Seixas a fez eſcrever.
carapuça que caya ſobre o hombro , manteo ſein goma', e iſto por
dous mezes no fim dos quaes ſe ha de abrir ocapuz, e uzar de cha
peo. Ha de durar eſte luto hum anno , e paſſado elle ſe ha de ali
viar , e trazer aliviado por outro. S. Mageftade fez Teftamento , e
diſpos do governo dos ſeus Reynos , na forma , que V. Excellencia
entendera dos Capitulos , que tratain deſta materia , que a Rainha
noſſa Senhora mandara reineter a V. Excellencia , para que lhe ſeja
prezente a rezoluçao , que tomou. Deos guarde a V. Excellencia
muitos annos do Paço 6 de Novembro de 1656. Pedro Vieira da
Silva.
REY .
Carta
da Caſa Real Portagaega. 555
Carta para o Conde de Gallovay , para eſtur à ordem do Duque
de Cadaval.
Onde de Gallovay. Eu ElRey vos envio muito ſaudar. Tenho Num. 23 .
C nomeado a D. Nuno Alvares Pereira , Duque do Cadaval , meu An. 1707
para Governador do Exercito ,
muito amado , e prezado ſobrinho ,
que mandey formar na Provincia da Beira , como poſto de Meſtre
de Campo General , junto à minha peſſoa , que na ſua o reputo por
igual ao de Capitað General ; e porque póde ſucceder , que o Exer
cito , que tenho neſſe Reyno de Valença , governado pelo Marquez
das Minas , do meu Conſelho de Eſtado, e Guerra , ſe junte , e una
com o da Beira , tereis entendido , que o Duque neſte caſo ha de
governar ambos , ficando o Marquez , e vós à ſua ordem , ou ſeja
em terras deſte Reyno , ou do de Caſtella. Eſcrita a 6 de Mayo de
1707.
REY,
50 REY.
PRO
567
PR O V AS
DO LIVRO X.
DA
HISTORIA
ſen
om
ine
GENEALOGICA
D A
ho
pada
he
CASA REAL
PORTUGUEZA.
M
Carta delRey D. Duarte , em que faz merce ao Conde de Ourem,
de lhe confirmar a doaçað do Condeſtavel , dos Reguengos de
Sacavem , Camarate , Catejal, Unhos , Friellas , e da
Ribeira do Sal, c *c.
st
ES, Om Eduarte per graça de Deos Rey de Portugal , e do Num. I.
Algarve , e Senhor de Ceita. A quantos eſta Carta vis
rem fazemos ſaber , que o Conde de Ourem meu ſobri- An. 1422.
D nho nos moſtrou hua Carta de D. Nuno Alvares Perei
ra Condeſtable ſeu Avo , da qual o theor he eſte que ſe
ſegue. A quantos eſta Carta de doaçað virem o Condeſtable vos fa
ço ſaber que por quanto a Deos prouve de me dar tres nettos filhos
do Conde D. Afonſo , e da Condeſſa D. Breatiz Pereira minha filha
cuja Alma Deos hajaff. D. Affonſo que he o mayor barað , e D.
Fernando , e D. Iſabel aos quaes de direito pertencia a herança de
quaeſquer bens patrimoniais que eu ouvelle depois de minha morte ,
e porque todallas terras , rendas , e bens , ou a mayor parte dellas que
eu ey , e forao da Coroa do Reyno de que me Deos , e meu Senhor
ElRey há feita merce pelos ſerviços que a Deos prouve de lhe eu
fazer , e porque ElRey meu Senhor me há feita merce per ſua Car
ta que me fobre ello mandou dar que eu poſſa fazer doaçað , e doa
ções de todallas terras , quintas , rendas , e direitos de que me elle há
feita merce a quaeſquer peſſoas que a mim prouver que as haja pela
guiſa que lhes eu dellas fezer doaçaó , e as eu delle ey ſegundo mais
compridamente na dita Carta hé contheudo , por vertude da qual
Carta
568 Provas do Liv. X. da Hiſtoria Genealogica
Carta eu das ditas terras , quintas , rendas , e direitos poſſo fazer as
ditas doações a quem me aprouver, e muito mais com rezað o pof
ſo , e devo fazer aos ditos meus nettos. Porem conſirando o grande I
Num.2. DoarmeEduale
An. 14330
perlede Cei
garve , e Senhor rachatde
ta. DeosaRey de Portugual.doaçaó
A quantos eſta Sendo Atvi
rem fazemos ſaber que nós de noſſo moto propio , certa ſciencia , li
vre vontade , e poder abſolluto fazemos merce pura , e livre doaçað
que nunca poſſa ſer revoguada ao Conde de Ourem meu ſobrinho
pera elle , e todos ſeus herdeiros , e ſucceſſores da aguoa de Alviel
la , e ſuas prayas des a Igreja de S. Vicente de Caſevel até onde ſe
mete no Tejo , em a quoal augoa agora nað faó feitas moendas , nem
outros arteficios pera em ellas os mandar fazer de qualquer guila que
em ella podem ſer feitos , e quando lheprouver , dos quaes quere
mos , e outorguamos que a nós , e a noſſos fucceffores nao façað fo
ro راou cenſo algum pera ſempre ; e que o dito Conde per eſta Car
ta per fi , ou por ſeu Procurador ſem outra authoridade poſſa tomar
poffe da dita augoa , e prayas della em parte , ou em todo per quaef
quer finaes , oudeinoftrações que a elle prouverem و,e filhada aſli a
e ,
e rendas delles elle dito Conde , ou ſeus ſucceſſores poſſað fazer doa
çað , e venda , e permudaçao , é todo o que lhes prouver aſli como
de ſua couſa propia per qualquer outro titulo , guançada , e per ef
ta noſſa Carta tiramos de nós todo o direito , titulo propriedade , au
çað , e poſſe qu e nós em a dita augoa , e prayas della havemos , e
os treſ mu da mo s em o dito Conde enveſtindo em elle o direito , e
poſſe ſobredit , e mandainos a quaeſquer noſſos Veadores da fazen
a
da , e Almoxarifes a que eſto pertencer que hora fað , ou ao diante
forem , e a todas noſſas juſtiças que lhe ſeixen tomar a poſſe da di
ta augoa , e prayas , e haver livremente as rendas , e direitos de to
do o que dito he ſem outro em ba rgo que lhe a ello ponhaó , e eſta
ao
doaç quer em os , e ou to rg ua mo s que ſeja firme , e elavel pera ſem
pre nað embarguando quaeſquer decretos, leis , direitos, foros , cof-,
tumes , e ordenações que a ello poſlao contradizer em parte , ou 'em
todo , e ſe pera mayor firmeza della doaçað em ella compriað ferem
poſtas algúas claufullas, ou outras coufas ſerem declaradas, nós de
noſſo ja dito poder abſoluto as havemos aqui por ſufficientemente
expreffas, dante em Sanctarem a vinte cinquo dias de Novembro El
Rey o mandou , Ruy Galvað a fez era do nacimento de noſſo Se
nhor Jeſus Chriſto de mil quoatrocentos trinta e tres annos.
Carta
da Caſa Real Portugueža. 571
li
Om Duartepo'a graça de Deos, Rey dePortugal, e do Algart Num. 3 .
Doen
virem fazemos ſaberque o Conde Dourem nieu ſobrinho nos mof An. 1433 .
trou cartas de privilegios , e liberdades que o mui virtuofo , e de
el grandes virtudesElRey meu Senhor , e padre da mui glorioſa memo
ent ria , cuja alma Deos haja fez ao Condeſtabre ſeu Avô com as clau
que ſulas , e condiçóes em os ditos privilegios conteudas; as quaes Car
tas , e privilegios ſom eſtas que le ſeguem : Primeirainente huă Carta
do dito Senhor Rey aſlinada por elle , e ſellada do ſeu Sello de
chumbo porque tem por bem , e manda que os ſeus Corregedores ,
e Ouvidores" , e fobjuizes nom conheçaõ das appellações , e aggra
vos das terras do dito Condeſtabre fem irem primeiro perante elle,
a ou perante ſeus Ouvidores , que foi feita no Porto x6 dias de Feve
US reiro por Afonſo Coudo , era de Ceſar de mil iiij xx6. E outra Car
03 ta do dito Senhor Rey paſſada , e aſſinada por Martiin da Maya ſeu
10
vaſſallo e Veedor de ſua fazenda por quanto hi nom era Gonfalo
enland Pires feu companheiro , e affellada do ſeu Sello pendente, porque
fez merce ao dito Condeſtabre que os ſeus Almoxarifes poífao conhe
cer dos feitos de que conhecem os do dito Senhor Rey , e dem em
elles livramento , feita em Evora xiij de Fevereiro por Joao Baſques
era de Ceſar de mil iiij xxix. E outra Carta do dito Senhor Rey
Dit
pallada , e aſſinada per Alvaro Pires , Conigo de Lisboa , Juis dos
ſeus feitos non ſendo hi os Veedores de ſua fazenda alTellada de ſeu
die
to
Sello pendente , porque tem por bem , e manda que nenhum judeur
elita
nom feja eſcuſado de pagar no ſerviço Real falvo alguns ditos por
cm
prazimento do dito Condeſtabre , feita em Santarem xxó de Agoſto
ol
per Alvaro Gonſalves , era de Ceſar de mil iiijxxx6. E outra Car
ta do dito Senhor Rey paliada , e aſſinada por Joað Afonſo de Alan
quer ſeu vaſſallo , e veedor de ſua fazenda , e aſſellada do ſeu Sello
le
pendente , perque lhe dá poder que os ſeus facadores poffaó penho
rar , e conſtranger , vender , e rematar os bens dos que lhe develo
res forem como por as dividas do dito Senhor Rey , feita ein Santa
c% rem xxbiij de Agoſto por Bertolameu Gomes era de Ceſar de mil
$ iiij xxxxvi. E demandounos de merce o dito Conde Dourem meu
fobrinho que lhe deſſemos a ello noſſa copfirmaçon. E por quanto
a razom de ſeus merecimentos , e o devido grande da natureza que
comnoſco há nos movein a lhe firmar , e reformar todolos ditos pri
vilegios , graças , merces e liberdades , de noſſa certa fciencia , pro
prio motu , Real autoridade , poderio abſoluto lhe outorgamos , e
confirmamos todalas ditas liberdades , graças , e merces , e com toda
las clauſu las , e condições conteudas em as ditas Cartas , e privilegios
Tom . V. Сccc ii que
572 Provas do Liv. X. da Hiſtoria Genealogica
que forað dados , e outorgados ao dito Condeſtabre ſeu Avô por o
dito Rey meu Senhor , e meu padre cuja alma Deos haja. Porem
mandamos a todolos noſſos Ouvidores ſobjuizes, e Corregedores,
juſtiças , Veedores da fazenda , Contadores , Almoxarifes , e quaeſquer
outros Officiaes preſentes , e aos que deſpois forem a que eſto per
tencer que nom embarguem nem conſintao embargar aodito Conde
Dourem daver as ditas graças , e merces, privilegios, e liberdades ſo
breditos , e uſar dellos" por fi , e por ſeus Officiaes ſegundo ſe con
tem em as ditas Cartas , e privilegios , mas antes lhas guardem , e
façað todos bem guardar ſem outro algum embargo que a ello po
nhao. E em teſtemunho defto lhe mandamos dar eſta noſſa Carta af
ſinada por nos , e aſſellada do noſſo Sello de chumbo. Dante em
Santarem xx6 de Novembro. ElRey o mandou Ruy Galvom a fez
era do nacimento de noſſo Senhor Jeſu Chriſto de mil iiij xxxiij annos.
Carta
da Caſa Real Portugueza, $ 73
i poro
Pora Carta delRey D. Duarte , para que ſeguarde aoConde de Ourem
gedores o artigo das Cortes de Santarem , como nella ſe contém . ES
taelique tá no Cartorio da Caſa de Bragança , donde a tirey.
lto per
Con:
li com
DeOm Eduarte polla graça deADeoquantos de Por
s Rey eſta tug , e do Algar. Num .
Carta alvirem fazemos
s.
A 1434
dem , faber que o Conde de Barcellos meu Irmao 9 e o Conde Dourem , e n .
lop o Conde d'arrayollos meus ſobrinhos nos diſſeraó , que quando ora
sta 2 nos fizemos Cortes em Santarem , mandamos que nenhuns nao poder
еев ſem privilegiar alguás peſſoas em ſuas terras , ſalvo a Rainha , e os
Iffantes meus Irmaos, e a elles , e que lhes era dito que depois man
DROS daramos, que ſe nao entendeffe efto falvo aa dita Senhora Rainha , e
aos Iffantes meus Irmaos , e que nos pediaó por merce , que ſem em
barguo da Carta do dito mandado fe entendeſſe , aſi a elles como nas
ditas Cortes foi detreminado ; e nos vendo o que nos aſi pediaó , e
no diziao , e querendolhe fazer graça , è merce , avemos por bem, e
mandamos , que lhe ſeja goardado o dito artigo , aſi, e pela guiſa ,
fube
que lhes foi otorgado nas Cortes que fizemos em Santarem ſem em
barguo da dita Carta , e mandado , e eſto ſe nað entenda , nos que
nos eſpecialmente mandarinos fazer , ou que pertencer a noſſo ſervi
ço , ca em eſto nao queremos, que outrem aja poder de privilegiar ,
fenao ſolamente nos , e ein teſtemunho deſto lhe niandamos dar a ca
da huin ſua Carta aſſinada por nos , e allellada do noſſo Sello , e ef
cy ta he para o dito Conde Dourem . Dante em Obidos xij dias de Se
tembro Affonſo Cotrim a fez era do nacimento de Noſſo Senhor Jeſu
ltre Chriſto de mil iiij xxxiiij annos , e ſe eſta Carta nað for ſellada man
damos que nað valha.
205
CAT
Diario da jornada , que fez o Conde de Ourem ao Concilio de Ba
si,
filéa. Eſá nos manuſcritos da Livraria do Sereniſimo Senhor
在 Infante D. Antonio , donde o tirey.
A
Como o Conde Dourem foy ao Concilio de Bafiléa , e o que paſſou
Tl no caminho , e aſſim ao Papa.
to
61
Os onze
Lixb dias
oa pe por andar de Janeirodormir
ra fora da terra ,
partioa o Conde Dourem de Num. 6.
fete legoas , eſteve hi hum dia , que foi Dominguo , e ao outro dia
foi dormir a Alcoentre , que fom quatro legoas, e ao outro dia foi
dormir â Corruquel , que faó cinquo legoas , e ao outro dia foi dor
mir a Leyrea , que ſao cinco legoas , e ao outro dia , que foi dia de
Sancta Maria de Fevereiro , e foi o primeiro dia do dito mes , e ao
outro dia foi dormir a Pombal , que faó cinquo legoas , e ao outro
dia foi dormir a Penela , que fom quatro legoas , e eſteve hi , ao ou
tro
$ 74 Provas do Liv.X. da Hiſtoria Genealogica
tro dia , que foi Domingo com ho Iffante Dom Pedro , e ao outro
dia foi dormir a Aloufáa , que ſaă tres legoas , e ao outro dia foi a
Granol, que fam quatro legoas , e ao outro dia foi a Gouvea , que
ſam ciinquo legoas , e ao outro dia foi a Cidade da Guarda, que ſaam
cimquo legoas , e eſteve hi ao outro dia , que foi Sabado , e ao Do.
mingo , e ha ſegunda feira foi ao Sabugual , que fam cimquo legoas,
e effeve hi , ao outro dia foi a Alfayates , que ſam tres legoas , e ao
outro dia foi a Fonteguinaldo , e que he o primeiro Lugar de Cal
tella , que ſaã tres legoas, e ao outro dia foi a Cidad Rodrigo , que
ſom quatro legoas , e ao outro dia foi a Tamames , que fam fete le
goas , e eſteve hi , o outro dia, que foi Domingo, e ao outro dia foi
a Fonte Robré , que faá ſeis legoas , e ao outro dia , que foi dia den
truido foi a Salvaterra , que fam duas legoas, e ao outro dia foi a
Bonilha , que ſom cinco legoas , e ao outro dia a Villa Touro , que
ſam duas legoas , e ao outro dia foi a Cidade de Avilla , que fom
fete legoas eſteve hi, ao outro dia , que foi Sabado , e ho Domingo,
e a ſegunda feira foi a ell Varoco , que ſom cinco legoas, e ao ou
tro dia foi a ell Cadahallo , que ſam ſete legoas , e ao outro dia foi
a Eſcalona , que ſam tres legoas , e neſte lugar tem o Condeſtable de
Caſtella huns muy fermoſos Paços e ao outro dia foi dormir a To
rijos, que fom quatro legoas , e ao outro dia foi a Cidade de Tole
do , que fanı cinquo legoas , eſteve hi , ho outro dia , que foi Saba
do é o Dominguo , eſta Cidade he muy grande , e beni rica , e vay
o Tejo por veira della , e a ſegunda feira foi â Épes , que ſom ſeis
legoas, e ao outro dia , que foi terça feira foi a Ocanha , que fom
duas legoas, e o Conde eſteve hi quarta feira , e di ſe partio o Con
de pera Caza DelRey de Caſtella , que eſtava em Alcala, que fom
doze legoas , levou certas emcavalgaduras comligo , e a caſa ficou ahi
aquelle dia , e ao outro dia , que foi quinta feira , e a feſta feira foi .
dormir a caſa de Sancta Cruz , que faá cinquo legoas , e ao outro
dia foi a outras , que ſam cinquo legoas , e eſteve hi ao outro dia ,
que foi Domingo , e a ſegunda feira , que forom omze dias de Mar
ço chegou o Conde a eſte lugar, honde eſtava a ſua Caza , e eſteve
ħi o dito dia , e a terça feira foi dormir a Vilarejo , que fom quatro
legoas , e eſteve hi ao outro dia , e eſte luguar he'huma Aldea pe
quena ,mas he das melhores de Caſtella , nem de melhores camas ,
e ao outro dia foi dormir a Caſtinho de Garcia menhoz , que fom
cimquo legoas , eſteve hi ho outro dia , que foi feſta feira , e o Sa
bado , e Domimguo , e a ſegunda feira foi dormir a Larcom , que
ſom cinquo legoas , e eſte lugar hemuito forte , e nom pode nenhum
lugar fer maes forte , do que elle he , leva hum Rio , que ho cerca,
de redor , e ao outro dia foi a Cueſta , que foom cinco legoas , e ao
outro dia foi jantar dahi quatro legoas e mea a hum lugar, que cha
mað os Moinhos , e hi nom inoram maes de tres fogos, que eſtam
naquelles moinhos , e tem hi pam, e vinho , e carnes , e peſcados
pera vender pera que foi por aquelle caminho , e o Conde mandou
alli ficar os cavallos , e foi dahi dormir quatro legoas e mea a lui
lugar , que chamaó Qutiell , e ally andou o Conde neſte dia nove le
goas ,
da Cala Real Portugueza. 575
goas , e ao outro dia forom os cavallos dormir ao ſobredito , onde
12
eſtava o Conde , e ao outro dia forom todos juntos, ff. o Conde, e
172 Biſpo do Porto , e os Doutores , e deram a andar , é antes , que cher
Da
galiem a hum lugar , que chamaó Requena, que ſom duas legoas ,
aguardaram os dianteiros ataa , que forom todos juntos , que aſſim era
Chase ja ordenado , e meterað todalas azemelas do Conde , é do Biſpo , e
20
Cal.
dos Doutores na metade dos de cavallo , e aſlım paſſaram pera eſta Vil
la de Requena , e eſto foi feito , e ordenado porque eſte he o der
radeiro de Caſtella , e porque eſta no eſtremo haa mui inâs gentes ,
qua poucos paſſam por eſte lugar , que nom ſejam roubados , e a hí
fa tal coſtume ; que todo homein , que per hi paſſar ha de paguar de
den
quanto levar , o dizimo a ElRey , e aſli ali ha muy grande renda , e
porque o Conde levava enta de ſalvo conduto DelRey de Caſtella ,
jue por ello nom pagou nada , mas indo o Conde ja fora da Villa , vie
fon rom apos o Conde os que tinham arrendada aquella renda , e dille
ngon ramlhe , que lhe pediam por merce , que em ſua conciencia , e da
quelles Senhores , que hiam em ſua companhia , que lhes deſſe hum
ha Eftormento , ou hum Alvara aſſinado per ſua mað de todas aquellas
is couzas , que por alli paſſaram pera o amoſtrarem a feu Senhor ElRey,
To que Tho deſcontaſle na renda quando lha pagaſſem , e o Conde lho
ole deu , e aſli paſſou o Conde por eſte lugar , e deu a andar ate che
abang guar ao primeiro lugar Daragaó , que chamaí Setagoas, que ſom don
de o Conde partio quatro legoas , e o Conde acordou ali dormir
e hi nom avia maes de ſeis cazas povoadas , porque foi todo queima
im do dos Catelaaós , e o Conde ouve conſelho com ho Biſpo , e dif
ſeramlhe , que era bem de irem dormir dahi duas legoas , a hum lu
0.11 gar , que chamão Boinho , e aſli o fezerom dos cavallos do Conde ,
ahi ficarom hi , e o Conde , e o Biſpo derom a andar ſeu caminho , é
toi neſtediachoveo muybein , e quando chegaram ao lugar , hera acer
TO ca de Sol poſto , e os do lugar quando os em huin outeiro derom a
1, acampaar do Caſtello , e o Caſtello he tað forte , que como alçaſſem
var huma porta de pao , que he feita per engenho , defenderſea per tem
TE po perlonguado , que ho nom poderam filhar , ſalvo ſe o esfaiinarem .
to Outro ſi ao pee daquelle Caſtello jaz o arrabalde, que aſſim he muy
DA forte , que quando ho hoinem entra a elle , e vam hum muy grande
, pedaço hum homem atras doutro , e iſto he porque ho caminho he
taó eſtreito , e tam fraguoſo , que nom podem ir doutra maneira , e
as ruas , que o fuſo dito tem , alfy fað eſtreitas, que beſtas carregua
das nem homens a cavallo nom podem ir , ſalvo hum ante outro
2
11 e as beſtas carreguadas nom podem por alli andar , ſalvo deſcarregua
das , e na metade do lugar eſta hum pequeno de chao , em que eſtam
0 huns Paços, em que ho Conde pouſou , e naquelle Caſtello eſtam dous
Gentishomens. Outro fi quando o Conde chegou a porta do Caf
tello eſtavam a porta do ſobredito homens , e muitos mouros arma
3
dos com adarguas , e lanças nas maons , e perguntaram , que Senhor
era aquelle , que alli vinha , elles lhe diſſerað , que era hum Conde,
e hum Biſpo de Portugal , e que hiam pera honde eſtava o Papa, e
que o Conde lhes enviava pedir , e roguar de lhe daren ally por
aquella
576 Provas do Liv. X. da Hiſtoria Genealogica
aquella noite pouſadas por ſeus dinheiros, e elles diſſerom , que lhes
prazia de boa inente, e alli aguardarom o Comde , ate que chegou ,
è como chegou fizeram ſuas miſuras , e o Conde a elles , e elles dif
ſeram ao Conde, que eſtavað alli per mandado de ſeu Senhor , El
Rey , que guardavam aquelle Calello por feiçom de guerra , que
aviam com os Catelaons , porem , que elles lhe pediaó por merce ,
que lhes ſeguraſle o Caſtello , e ó lugar e
, o Conde lhos ſegurou ,
e entam mandaram aos Mouros , que ſe foſſem pera ſuas cazasو, e que
fizeſſem boð gaſalhado aquellesGentishomens , e elles loguo manda
ram hum ſeu homem , que os foſſe beē apouſentar , e loguo ho ho.
mem foi com o Apouſentador do Conde , e foi-os muy bem apouſen
tar todos e em eſte lugar nom podiam achar mantimento , porque
eſtavam deſpercibidos , e loguo os Gentishomens do Caſtello manda
ram hum preſente ao Conde de paó , e empadas , e vinho , em eſte
kuguar viverom ate duzentos Mouros , e o Alcayde , que hi eſtaa : e
o outro dia foi o Conde dormir a hún lugar , que chama) Chiba ,
eſte luguar tem hum Caſtello , que eſta em hum alto , he cercado fo
bre ſi , e tem huũ arrabalde , que he dahi hum tiro de beſta , e neſte
arrabalde , e o Caſtello moraram ate dozentos mouros , e chriſtaons
1
nenhum , falvantes o Alcayde , que he chriſta ) , e o Conde pouſou
em hum eſtao , que eſtava fora do Caſtello , porque nað avia dentro
eſtao nenhum ; ho Alcayde mandou dar as pouſadas aos Gentishomens,
e a outra gente de pê no arrabalde ; o Biſpo , porque alli nom ca
bia , foi dormir dahi tres legoas, e o Conde eſteve neſte lugar hum
dia , que foi Domingo , a ſegunda feira ſeguinte depois de jantar foi
dormir o Conde , e o Biſpo , e os Doutores , que ſe ajuntarom to
dos no caminho .
ſe forom dormir a Cidade de Valença , que ſom
cinco legoas , e vierom receber o Conde muitos cavallos , e fidalgos,
e Gentishomens da dita Cidade a huma legoa , e vinhaá em cima de:
1 muy boốs cavallos , e ſeriam por todos ata trezentos, ou quatrocen .
tos de cavallo , e tres troinbetas coin elles , e aſli levaram o Conde
dentro a Cidade muy honradamente , levando-os pelas melhores ruas .
da Cidade , e aſli forom com elle ataa pouſada onde o Conde pou
fou , que era na praça , e a terça feira ſeguinte veyo o Barle , e os
jurados com os melhores de fuſo dita , onde poufava o Conde, e ca
valgou co Conde , e elles foromlhe inoſtrar os Paços DelRey , que
eſta fora da Cidade ; eſtes Paços ſam muito fermoſos com boas cama
1
ras bem repartidas , e tem dentro muy boas ortas , ff. huma Capella
DelRey muito fermoſa com ſua orta , e tem dentro laranjeiras, e
murta , que eſtað antremetidas , ff. a murta com as larangeiras, e hu
mas polas outras , que he huma couſa muito ferinoſa de ver , e em
eſtes Paços andað lebens , e tres cervos , e tres hemas muito grandes.
: 11 Outro li neſte dia moſtrarom ao Conde huns Paços , que eram de
hum Coniguo muito fermoſos , e a quarta feira vierom os fobreditos
onde o Conde poulava , e foromlhe moſtrar o Orto DelRey , que he
dentro na dita cidade, a que chamad Terecena.,º qual he muyfer
moſo , e della he toda ladrilhada , e dentro eſtað duas Capellas , e
dous preguatoiros , ff. hun pera ElRey ouvir miſſa , e outro pera a
pregaçam ,
a
da Caſa Real Portagaeza. 577
que lhes
pregaçam , e pera a Rainha, e outras Capellas pera ouvirem miſaa
chegou, outras gentes de comum , e huma Craſta , e outros edificios , coino
elles dif de Seê , e eſta era de larangeiras , e de murta tudo cheo darredor ,
nhor , El e de fúndo dellas nað dava o Sol, poſto que o fezeſſe , e em eſte
211a , que Jogar mandarom aquelles Cavalleiros Gentishomens , e Regedores da
er merce, dita Cidade vir muitos confeitos, e pomadas , e outras fruitas dou
ſegurou, tras maneiras e muito boð vinho grego , e malvaſia, e branco , e
as , e que vermelho , e bebeo o Conde , e todolos Senhores , e depoes ,que
manda todos beberoin , e vierom eſtes ſobreditos com o Conde a eſte Vir
ho ho gel folgar , e tomar prazer. Outro ſi a copa , que ali eſtava armada
Epouſen tinha vinte e tres copos , e dez picheis , e doze bacios, e outras con
porque feitas, e iſto aſli acabado , cavalgou o Conde , e os fobreditos com
manda elle , e trouxeraono a ſua pouſada muy honradamente , e alli vinha
em elte 1 hum cavallo murzello , que era Ciziliano muito fermoſo وe muito
eſtaa :€ fazedor , que deziam aquelles Gentishomens do Conde ,que de boo
Chiba, cavallo nom podia melhorar , e em eſta Cidade teve o Conde o Do
ercado lo minguo de Ramos , em ella eſteve o Conde outo dias , e a ſegunda
, e nelle feira partio pera Barcelona , que fam quarenta e outo‘legoas , e foi
chritzons dormir a hum lugar , que chama) Monvedro , e ao outro dia foi dor
le poulou mir a Cabanas , e o outro dia foi dorinir á Sam Mateu , que foi
ia dentro Velpora de Endoenças atee depoes daa pregaçao eſtivemos ahi , que
ishomens fomos įdormir a hum lugar , que chama) Vilacomia , e ao outro dia
Dom - fomos dormir a Cidade de Tortoſa , que foi Veſpora de Paſcoa, e
agar hum per beira deſta Cidade vay hum Rio , que chamao Ebro , e tem hu
altar toi ma ponte feita de barcas perque pallað , e per ella paſſou o Conde
carom to e em eſte lugar paſſou , e vimos dez , ou doze mulheres Joves muy
que lom bem guarnecidas , fl. ſeis , ou ſere dellas , e traziam veſtido ſenhas
fidalgos, cheyas douro muy fermoſas, e mais ſenhas oppas deſcarlata vermelha
cima de empenadas de mártas, e de fundo ſuas cotas de velludo verde , e
atrocen outras joyas muitas , e as outras ſeis , ou fete mulheres andavam vef
Conde tidas doutras veſtiduras inuito fermoſas , e muy ricas , e eſtas mulhe
ses (U2 res eram mais de gentis , que de fermoſas. Outro fi' eſta Cidade he
ide polo muy bem aſſentada em hum valle a pee de huma ſerra , e em eſta Ci
2, 408 dade tirou ho Conde o doo , que trazia , e veſtio por dia de Paſcoa
., a
hum ſayo. azul, muy bein farpado , e humas calças brosladas , que
, que nom parecia dellas fio nenhuni, e a ſegunda feira ſeguinte partio, o
cama Conde, e deu a andar ſeu caminho , e foi dormir a hum lugar , que
apella chamað a Fonte de Pilho , e ao outro dia foi dormir a hum lugar,
que chama ) Cambulhe , e ao outro dia foi dormir a Cidade de Tara
ras ,
ehu. gona, eſta Cidade de Taragona he Arcebiſpado , e temno hum Car
CA
deal, que eſtava na dita Cidade , e o Conde , e Biſpo com elle foi
rand e
s falar ao Cardeal , que pouſava apaar da See , e ho Cardeal tomou o
m i t Conde polla maó , e allentou -o apaar de ſi , e o Biſpo doutra parte ,
ra
sreditoe
s e o Conde eſtava na mitade , e eſtavain em hum eſtrado , em hum
que
l l baanco , que eſtava cuberto demuy fermoſos panos , e acabo de pou
co veyo vinho , e fruita , e confeitos, e bebeo o Conde , e o Biſpo,
e depois os Gentishomens, e outra gente meuda, e eſto acabado eſ
pedió-le o Conde do Cardeal , e foi yer a See , que eſtava hi jun
peras Tom. V. Dodd to ,
39 |
578 Provas do Liv. X. da Hiſtoria Genealogica
to , e eſta See he pequena , que he ally como a de Lisboa , mas he
muy fermoſa, e eſta Cidade eſta muy bem aſſentada , e tem dahy a
huả meya legoa o porto do maar.
E ao outro dia foi dormir o Conde a hum luguar , que chamað
.
e ao outro dia foi dormir a hum lugar , que chamam Mara
tuzell, e hi eſteve tres dias , e eſte lugar jaz em hum valle , e jaz
muy bem aſſentado , e per beira delle vay hum muy boð Rio, que
o paſſam por ponte , e tem darredor muy bom caminho , e deſte lu
gar foi ho Conde a Santa Maria de Monſarrado , que ſom dalli tres
legoas , foi dormir , eſte Moſteiro eſta aflentado em pequeno de chað,
que de huma parte fað tudo ſerras muy altas como as da Rabida , é
da outra parte he hum valle muy alto por homde vay hum Rio ,
que nom podem de fundo vir pera efte Moſteiro , ſenam per a Ra
ſaios , porque eſta Cofta he muy alta , outro
outro fi oo caminho
caminho per onde
o ca minho foi pera eſte Moſteiro he huma couza muy eſpantoſa de
ver , ee eſto
eſto porque he muito fragoſo , que quem o nom vir, namo
podera crer , como elle he. Outro ſi eſte Moſteiro he huma couſa
muy notavel , e muy fermoſa de ver , fl. ho corpo da Igreja he muy
fermoſo e cheo de muitos millagres , que faz em cada hum dia , e
tem quatrocentas e dezaſeis allampadas de prata , e outra muita pra
ta doutra condiçam , que aſſi em breve nom podiam dar conto , com
outras joyas , que eſtam no dito corpo da Igreja. Outro fi tem ef
trebarias , em que cabem trezentos cavallos , e aly lhe daó cevada , e
palha por ſeus dinheiros : e aos homens de comer , e beber , afli de
carne , como de peſcado, em ſeus dias , polo que ſejam bem trezen
tas , ou quatrocentas peſſoas, e darvosháo camas a cada hum em que
conta , que for , e le auem quiſerdes dormir na Igreja , darvoshao
huma almadra člha , e huú cabeçal, c huna manta , e eſo a quantos
forem em Romaria , e cito afi acabado por comer , rem por beber,
e nam vos demandavam dinheiro nenhum , ſalvo conciercia hingeis a
dita Igreja , omde eſaa huma pia fechada , e alli lançaredes do volto
dinheiro , o que vos aprouver , e se o nein tiverdes , hivos voſſo ca
minho emboora , que vos nom diram nada. Outro li por ſerdes cer
tificados deſte Moſteiro de como he toő , e caranho le , lalei, que
ja nelle poufou ElRey Caraçaā , e EIRey de Navarra , é a Rainha,
e hi dorniirom . Outro fi defe ha hum tiro de hefta em cima , em
huma pena eſta hum Caſtellinho pequeno , e nelle eftava hum frade
onrado com huns tres frades , e per eſta ſerra eſtaam doze Irritas
em que ellam Irmitaons, e quando homem vay pera eſte Caſtello ,
vay por antre duas rochas , que tem huns paos , que atraveſſam de
huă parte pera a outra , e cordas perque ſe apegaa, e pera que ſo
bem a eſte Caſtello. Outro fi o Conde dormio huma noite neſte Mof
teiro , que foi huma Veſpora de Domingo , e ao Domingo ouvio ſua
miſſa , e foi jantar , e como jantou mandou loguo ſellar a ſua faca ,
e outras belas certas pera irem ver aquelle Caſtello , e as Irmidas ,
que eſtam na dita ſerra , e logo o Conde cavalgou , e foi darredor
da ſerra per huni caminho , que eram duas- legoas , a primeira Irmida,
e em eſta Irmida eſtava hum Irmitaó , que era Portugues, e eſta foi a
primeira
1
1
ra
da Caſa Real Portugueza. 579
1 , mas he primeira Irmi la honde o Conde chegou e ho Irmitað cheguava en
em dahya tam no dito Moſteiro , que fora la ouvir milla, e por ſua raçam , е
o Conde delcavalgou , e foi ver a dita Irmida , que eſtava ao pee de
gue chama huma muy alta penha , c tinha ahi huma . ' e o Conde pergun
mam Mara tou ao Irmitam , qu e annos avia , que alli eſtava , e elle diſſe , que
alle , eja ann
avia vinte ose inais diſelhe o fobredito , ſe fora deſpois á
Rio , que Portugal , elle diſſe , que li', e que eſtivera com Frey, Mendo em Se
e delle lu tuvel dous annos , e iſto acabado vio , que aquella delleitaçain nom
-dalli tres The covynha , e pedio licença , e tornou -ſe a fobredita Irmida , e que
de chaó. aſi queria fazer ſua vida ate que prouveſſe ao Senhor Deos. Outro
Rabida, ſi perguntou o Conde quantas Irmijas eſtavam naquella ſerra , e elle
cum Rio, dille , que eram muitas , mas que nom eram povoadas , ſomente do
per a Rab ze e que as outras eram defpovoadas, porque , que quando os Ir
o per onde mitaens eſtavað em ellas faziamlhe os emigos muito deſprazer , e tra
pantoſa de tavam -nos muy mal , e tambem eſtes outros aſſim dizem , que lhe fa
Vir , namo zem algumas vezes nojo , e o Conde lhe perguntou ſe lhe viera ja
huma could alguma couſa daquillo , elle diſſe , que eſtando elle huma ora naquel
Teja be 15 la Orta , que vio eſtar em hum cabo da Orta hum cabram , e cuidou ,
hum dia, e que era algum cabrað bravo , dos que andað naquella montanha, nam
a muita ? aa outra mençað ſenam a cabras , e cabroens, e alguns porcos muy
conto,com poucos , e foi pera onde elle eſtava , e o cabram quando vio , que
to fi ten ei ſe elle hia pera elle , foi-ſe pera huma peña , que hi eſtava , e faltou
ó cerade e em baixo , e arrebentou loguo , e lançou muy grande fumo, e fedor
ber, : Ade
por tal guiſa , que eu fiquei hum pouco torvado, e dantes , nem de
bere trezer pois nunca vio nenhuma couſa , que lhe fizeſle nojo , e eſto aſli aca
hum em que
bado amoſtrou ao Conde outras Irmidas, e o caminho por honde fof
darroshan ſe pera ellas > e foi o Conde loguo ver duas Irmidass , que el am
0a ql'antos
acerca della , e huma dellas chamam Santa Caterina , e eſta Irmida
per before eſta na metade de hum penedo , que foi cavado com picoens, e alli
tem dentro huma Orta , que cita em terra poſtiça , e mais tem den
3 do rolfo tro no penedo hum poço, que foi feito com picoens , e pella peña
s veloc
tem feitos regueiros , que vem pera ho dito poço , porque quando
ferdes cer
chove vem agoa pera elle , e alli tem agoa de hum inverno pera 01:
tro , e aſli ho fazem os outros Irmitaons , que nom teni fonte , eer
labei, que ta Írmida com outras algumas da dita montanhaa fam inuy notavel
a Rainh,a couſa de ver ; outro ſi , todas tem Oratorios , e altares , onde os Ir
na frade mitaens fazem ſuas oraçoens, e aſly andou o Conde vendo eſtas Ir
Imitas
midas. per logares de beſta , e lugares de pee , ate que chegou ao
Caſtello , que eſta acinia do dito Moſteiro , e paſſou per huma pon
aftello, te de páo , que atraveſſa de huma peña pera a outra peña , e neſte
ellam de Caftello eſtað os fobreditos , que qua detras fazem mençaó , e tem
que la
eſteMol
dentro ſua cozinha , e paar della huina caza , em que tem ſeu manti
mento , e paar della hui dormitorio , em que dormem , e por camas
purio pelicas , e outras , que trazem veſtidas , que cobrem , e de huma par
fun fiy. te do Caſtello eſta huma Irmida , em que eſta hum Irmita) , que era
Irmidis, hum homem muy comprido' , é de boa cara , e diziam , que fora
Carredor hum grande homem , e que era bom fidalgo. Outro fi neſta monta
Irmita nha nos dilleram , que jazia hum Irmitao , que era Alemam , e jazia
La foi a Tom. V. Dould ii em
primeira
580 Provas do Liv. X. da Hiſtoria Genealogica
em huma lapa , que era em hum boſco , e que avia bem corenta an
nos , que alli jazia , que nunca dali fahia fora , ſalvo algumas vezes
certas , que hia por ſeu mantimento ao dito Moſteiro , e que tinha
os cabellos da cabeça , e da barba , que lhe davam pella cinta , e as
unhas das maons , é dos pees , que eram muy compridas, e eſte er
mitía nam vio ninguem da companhia do Conde , e inais diziam ,
que fora hum grande homem dos grandes de ſua terra , e que elle
viera de ſua terra com ſuas gentes , e que andara qua por eſtes nof
ſos Reinos , e que chegara alli aquelle Moeſteiro , e que eſtivera ally
hum tempo, e dalli ſe partio pera fua terra , e acabo de tempo per
longuado chegou ally ſoo com hum abito veſtido , dizendo ,que na
quellas Irmidas , que eſtao naquella montanha queria fazer ſua vida ,
ate que ho Senhor Deos quiſeſſe , e diſſerom , que como elle fora em
ſua terra و, que loguo ſe trabalhou de partir ſuas riquezas com ſeos
criados , é Igrejas , e Moſteiros , e pera outras partes , e como teve
eſto acabado partió -le per tal guiſa , que nom teve ninguem poder de
o faber , ſalvo certas peſſoas , que ſabiam parte de ſeu ſegredo , e af
ſi ſe partio eſte Alema) , e deixou a vida deſte mundo , e a dellei
taçam dellepor ſervir a Deos , e deſpois, que o Conde andou ven
do o dito Caftello , tornou - ſe per onde entrara , e mandou as beſtas,
que hy eſtavam , que as tornaliem darredor per onde vierom , e elle
veo- ſe per derredor pella eſtrada a fundo , que dece pera o dito Mof
teiro e como foi no Moſteiro fez huma orçam , e cavalgou , e
veo -ſe dormir ao dito lugar , honde leivara ſua caza , e a ſegunda fei
ra ſeguinte partio pera Barcelona , que ſam tres legoas , e foi la dor
mir ,e o Biſpo , e os Doutores todos juntos , e veoos receber o Ar
cebiſpo de .
que eſtava em hum Caſtello , que chama) Sam
Booy
ho
, e trazia quatorze Eſcudeiros em cima de bons cavallos , e oito
mens de pee , todos armados , ff. os Eſcudeiros armados em bran
co , e lanças de correr , e os de pee , pl. cs cinco traziam folhas, e lan
ças de Xerez , e os tres traziam beſtas daço , e folhas , e ſuas eſpa
das na cinta : eo Arcebiſpo vinha em cima de hum boom troto , mui
to fermoſo , e trazia veſtidas humas folhas por Roxete , e na cabeça
hum ſombreiro de beveres e afli veyo fallando hum pedaço com ho
Conde , entonces lhe diſſe o Conde , que ſe tornaſſe pera o ſeu Caf
tello , elle veyo ainda hum pouco com ho Conde , e dali fe tornou
pera o dito Caſtello , elle andava alli armado porque tinha tregoas
antre elle , e Dom Joað de Pardos por tres meſes , e eſte Dom Joao
he dos melhores , e mais fidalgos de Catalunha , e Daraguam , e mais
aparentado de boos fidalgos , e o dito Arcebiſpo o temia muy pou
co , e mais por abaſtança , que ſe chegavam Gentishomens , é boos
cavalleiros de Barcelona pera elle. Outro fi , como ſe o Arcebiſpo
tornou , deu o Conde andar caminho da Cidade , e vierom-no rece
ber ao dito caminho , fl. o Governador , e o Bailhe, e Cavalleiros ,
e Gentishomens da dita Cidade.
Aqui torna a fallar como o Conde entrou em Barcellona , ff.en
trou o Conde na dita Cidade com os ſobreditos , que eram cento e
cincoenta de cavallo por todos , e ſe mais , nao menos eſtes eram da
Cida
logica da Caſa Real Portugueza. 581
n corenta at:
lgumas rez Cidade , e levarom -no o Conde com muy grande honra ate omde
pouſava , e como o Conde alli foi , fezerom ſuas meſuras ao Conde,
, e que tinha e o Conde a elles , e aly ſe foi cada hum pera fua pouſada , e neſta
a cinta , es Cidade eſteve o Conde ſeis fomanas. Eſta Cidade he muy rica en
is , e eſte en findamente , e muy abaſtada de todalas couſas , ff. de panos tambem de
inais diziam, coor como de linho , e doutras muitas mercadorias e de nuito
2 , e queelle paó , trigo , e cevada , e de muitos vinhos , e fruitas , as carnes nom
por ellos not
ſom tantas , como as ha noutras Cidades , e aſli ſom muito caras.
eſtivera alls Outro ſi os peſcados aſſi fom poucos a refeiçam , de como he a Ci
tempo per dade , e por ter porto de mar , como o tem outras Cidades., mas
do , quena vemlhe muitos peſcados , e boós de Portugal, e outras mercadorias
er ſua vida. muitas , que lhe vem doutros Reinos , e muy boo caminho , o que
elle fora en tem darredor. Outro ſi eſta Cidade tein muitos , e. nobres Paços , e
Zas com feos muy nobres caſarias , e a gente deſta Cidade fom muy bem veſtidos
e como ter eftremadamente as molheres, que andam muy bem guarnidas de boós
uem poder de panos empenados , e dellas ſom muy molheres de prol , e neſta Ci
egredo, ei dade eſtava huma molher , que era de linhajem , e era muito molher
, e a delle
I,
de prol, e muito fermoſa , que eram della inuitos Gentishomens na
e anderen morados , e mais , que era muy bem rica , e pouſava na praçaa deSan
Jou as beftas. ta Anna , que era apaa donde pouſava o Conde , e avia nome , a Caf
crom , el telhana , eſtaa Cidade he de muy gram juſtiça , ff. de laadroens , e
20 ditoNaf dos que matam por couſa , que ſeja , ſe o colhem , na maó , nam The
cavalgou, e quitað a morte por peita , nem por roguo , que ajan por elle , que
a ſegunda fase loguo nom feja enforcado , e mais ſe hum homem matar outro , ou
e loha de molher , e mate-os a treiçam , alli a porta do inorto ho enforcam , e
receber o A
hi eſta hum dia com ſua noite , e mais nao .
Outro ſi eſtando o Conde neſta Cidade aos doze dias do mes de
chamaó Sam
allos, coito Mayo , chegou a Rainha , e ſua Irmãa, a molher do Iffante D. An
Jos em bran rique a eſta Cidade , e o Conde ha foi receber com ho Biſpo do Por
Olhes,elan to , e com os Doutores , e com todolos ſeos , eo Conde levava vef
eluas eſpa
tido hum ſayo de çatim avellutado forrado de martas , e humas cal
trọtô, mu
ças brosladas de figuras de cardos , que fio nenhum nam parecia del
las 2 e hum capelo muy bem chapado , e foi em cima de ſua faca ,
e na caban
que era muy bem fermoſa , e levava muy bons guarnimentos, e foi
10 com o Conde aſli da Cidade huma meya legoa , ate que chegou onde vi
o len Calle
k nha a Rainha , e a Iffante , e quando ho Conde chegou a Rainha ,
Métomo
ella vinha toda abafada do roftro, que nom parecia delle nada , e vi
u tregoas
uha abafada com huma enxeravia, ella quando vio o Conde junto
Dom Joaso Comſiguo , deſcobrio o roſtro , e o Conde fezihe huma muy grande
1, e mai
MUY por
meſura , é ella outra ao Conde, e diſſelhe , que ſe foſſe pera ſua Ir
e boor
máa , que vinha hï detras , elle foi logo para ella , e a Iffante quan
, cebino
9 do o vio junto comſigo o Conde , fezeram ſuas meſuras , e reveren
Ar cias , e vierom ambos fallando per eſpaço , que lhe veyo ella a fal
m -no rar lar nas terras e lugares de Portugal , que lhe parecerom bem , eſpi-.
avalleira cialmente nas terras do Conde Darrayolos , ate que veyo a fallar nas
moças de Borba , e de Villa -Viçoſa , que lhe parecerom bem , porque
ງnc,ento e cantavam, e bailavam muy beni, e quando chegaram acerca da por
m ta da Cidade , aguardou a Rainha ſua Irmãa , e forom ambas apaar,
seram de е о
Cita
$ 82 Provas do Liv. X. da Hiſtoria Genealogica
e o Conde ante ellas , e traziam xiij Donzellas , e antre ellas nom
vinha nenhum de cavallo , ſalvo os Moços da Eſtribeira, e ante a
Rainha vinham dous Regedores da dita Cidade , que vinham fallan
do com ellaa , e outros nenhuns nað , e quando alguns Cavalleiros ,
e Gentishomens cheguavam a ella , e lhe beijavam a maó , loguo cś
mandava a diante , e Conigos , nem Creligos nom lhe queria dar a
maó , nem aos Regedores da dita Cidade nom lhes deu a maó,a bei
jar , porque diziain , que ella lhes mandara fazer algumas couſas
que elles o nam fizeram alſi como ella mandara , e por eſta razam ef
tava aſſi anojada delles. Outro ſi a Rainha trazia veſtidos panos pre
tos e vinha em cinia de huma mula , muy fermola , e a Irmáa em
cima doutra tam fermoſa , e aſli trouxerom a Rainha fimpreſmente
per eſta Cidadé ate os ſeos Paços , e os da Cidade que a forom rece
ber , ſeriam ate trezentos de cavallo , todos muy bem guarnecidos, e
boós cavallos , elles que eram Gentishomens , e Cavalleiros , e como
forom a porta do Paço , loguo ſe deceo o Conde , e foi com a Rai
nha , e com a Iffante aos Paços , e a cabo de huma mea ora ſahio o
Conde 9 e cavalgou , e foi- ſe pera ſua caſa , e a cabo de dous dias
foi o Conde fallar a Rainha , è a Iffante , e entrou pola porta , e a
Raiuha eſtava aſſentada ein hum eſtrado , e como o ella vio entrar
pola camara , levantou -ſe em pee, e o Conde lhe fez huma muy gran
de meſura , 'e ella outra ao Conde , e fello allentar acabo de li em
huma almofada muito fermoſa , e eſtiverom aſſentados per eſpaço de
duas oras fallando , e iſto acabado , levantou -ſe o Conde pera yr fallar
a Iffante , e a Rainha ſe levantou em pee , e o Conde lhe fez ſua
meſura , e foi o Conde fallar a Iffante em huma camara , que eſta
va apaar da camara da Rainha , e a Iffante vio o Conde entrar , le
de
vantou-ſe em pee , e fizeram ſuas meſuras, e fello aſſentar acabo er.
ſi, e ella ſe aſſentou primeiro , que elle , e eſtiverom fallando per
paço de tres oras , e iſto acabado eſpedio -ſe o Conde , e veyo-ſe pe
ra ſua pouſada , e aſſi ſe eſpedio o Conde da Rainha , e da Iffante.
Outro fi a huma quinta feira , que forom xxiiij dias do dito
nes , ſe meteo o Conde na Guale com o Biſpo , e com os Douto
res , e o Conde mandou ao Biſpo , e aos Doutores , e aos ſeos Gen
tishomens , ff. que o Biſpo nam levaſſe mais de cinco peſſoas , e aos
Dortores nam mais de ſenho peſſoas , que os ſerviſſem , e o Conde
levcu comſiguo tres Officiaes, e mais nam , e no dito dia , que ſe o
Conde meteo na Gale , jentou primeiro , e como jantou cavalgou , e
elle , e o Biſpo , e os Doutores , e forom -ſe a Ribeira , e os bateis
eſtavam ja preſtes , e deſcavalgarom , e meterom -ſe nos bateis , e fo
rom-ſe a Guale, e ao outro dia ſeguinte partio a Guale pera co
lib.' pera aver hi de tomar ſua mercadoria.
Outro fi outros Eſcudeiros do Conde , e Officiaes, e outra gen
te , e os cavallos , e outros Eſcudeiros do Biſpo , e dos Doutores ,
e os cavallos do Biſpo leixou o Conde ordenado', que ſe foſſem to
dos à nao , que eſtam em Sam Fileu , que ſam de Barcelona quatorze
legoas , e logo no dito' dia fe partirom os ſobreditos , ff. os Ėrcudei
ros, e Officiaes , e noços deftribeira, e varreletes , e cavallos do Con
d
e.
gica da Caſa Real Portuguez 4. $ 83
re ellas non
de e os do Biſpo ſe partirom depois dous dias , e forom os do Con
a, e antea
inham falli de dormir quatro legoas da dita Cidade a hum lugar , que chamam a
Cavalleiros, Roca , e ao outro dia forom dormir a hum lugar , quechamao Efter
ó, leguo a
niğ . que fom cinquo legoas , e ao outro dia a Sam Fileu , que ſam cin
co legoas , e eſe lugar eſta aſſentado em huma praya , junto com ho
queria dar : mar , que he muy boo porto , onde jazem naos, e carracas , e dar
a mao a bebe
redor nom tem terras de paó , falvo humas poucas de vinhas que
mas contas,
la razamel.
todo o al ſam charnecas , e dahi a meya legoa , e legoa ha aldeas
donde lhe već os mantimentos , e eſte luguar he muy bem murado de
es panos pro forte muro , c tem darredor do muro , a de fora huma alcaçova muy
a Irmãa em alta , que nom podem paſſar , neni entrar ao dito loguar , ſalvo per
impreſmente pontes de pao , e dezia) , que em huma ora encheria aquellaa alcaço
a forom rece va dagoa , por tal guiſa , que era a villa muy forte pera ſe defender,
uarnecidos, e e eſto fazem porque ſe temē dos Coflairos do mar , que nunca ſayem
ros , e como
oi com a Rua
daquella Coſta , e daquelle porto , e ſempre ſe velam tambem de dia,
2 ora fabios
como de noite , e nella villaa morarami ata dozentos e ſetenta frgos,
e ally eſtivemos ſete dias , e eſte lugar nom tem ſenam hum Moſtei
de dous dis ro da Ordem de Sam Bento , no qual ouvem ſuas miſſas , e a elle
bla porta, es pagam os dizimos , e eſte Moſteiro deziam , que rendia dous mil flow
ella vio entrar rins pera o Abbade , e pera o Convento. Outro ſi o primeiro dia de
oma mur af Junho partio a dita nao deſte luguar pera aver porto Piſano que
cabo dela fom cento e vinte e cinco legoas por mar , e no dito dia pola me
per elpan de nhấa fomos ouvir huma miſta , que diſle o Abbade de Taaó , que era
pera ITAL Capitam da dita nao , e diſſe-á no dito Moſteiro , e a niilla acaabada
de lhe tez luz mandou ho dito Capitað aos trombetas , que foſſem loguo tanger po
ra , q ueeliz la villa pera ſe averem de recolher as gentes a dita nao , e logno fo
le entrar, la rom todos juntos na pouſada omde pouſava o Capitam , ff. cs ſobre
otar awon ditos , que o Conde mandou de Barcellona , e outros , que hi eſta
llandoper el vam , que vieram de Lixboa na nao , e eram por todos cento e vinte
e verole pe e quatro peſſoas , ſt. per os do Conde , e do Biſpo , e dos Doutores,
e da Irante e da dita nao , é deſtes eram oitenta homens pera armas , e os outros
dias do dito eram gente meuda , e outro ſi o Capitaó como vio , que eram alli
1 os Douton todos , mandou as trombetas , e as charanellas , que tangeſlem pera
$ 1208 Gen ſe yrem todos a nao , e aſli forom tangendo com muy grande prazer
eloas, 20d0e8
ate dentro na dita rao , e aſli deram ſuas vellas com ho vento de via
co Con gem , e acabo de quatro cras chegamos a huma carraqua , que diziam ,
que é o que era a que prendeo ElRey Daragam , ſendo ella em poder dos
vaslgouate,en Jenoeſes , a quein foi depois tomada pellos Catellaens. Eſta carraqua
o b era muy grande , e muy temeroſa , e era armada do comum de Bar
eis, e fo cellona pera fazerem guerra aos fobreditos , cuja fora a dita carraqua ,
c alli andava darmada , e trazia trezentos homens darmas , e vinhaá
pera co em ella dous Cavalleiros , e dous Gentishomens do Conſelho de Bar
en cellona. Outro fi quando nos cheguamos perto da dita carraqua ,
nutrag
a
Doutor ,
ella ſe vinlia a nos dereita , que parecia ', que queria daar polla noſ
ſa nao , e o Meſtre dille ao noſo Capitaó , e acompanhaa , eſta car
follemr1ie0 raqua , que aſſi ſe vem a nos nom nos quer fazer boa companhia ,
Qirato e
Elem vejamos ſe nos podemos ſair della abollynas , ea nao era bea dorça,
do Car
e alli nos faimos della hum bom pedaço , e ella atras nos , e nos yn.
do
584 Provas do Liv. X. da Hiſtoria Genealogica
do aſſi com pouco vento lançou ella o ſeu batel foraa , e chegaram
a noſſa nao , e pojaram dentro , e o noſſo Capitað os recebeo com
muita corteſia , e elles diſlerað ao noſſo Capitaú , que lhe mandava 1
dizer o Capitao da ſua carraqua , que foſſe loguo laa , que lhe queria
fallar huma couſa , que era ſeu proveito, e o noſſo ouve loguo conſe
lho com ho Meſtre , e com outras peſſoas certas , e acordaram , que
era bem de mandar em ella tres Eſcudeiros , e logo ſe partirom , e
como forom dentro da carraqua fallarom ao Capitað della , e ouve
rom ſuas rezoens per tal guiſa , que os nom leixou vir , é o noſſo
Capitam , e o Meſtre vendo , que 'elles tardavam , e que avia tempo,
que laa eram , e nom vinham , ouve conſelho com ho Meſtre , e com
outros , e acordarom , que era bem dir laa o dito Capitað , é o Mef
tre , e outras algúas certas peſſoas , e aſli ſe forom a carraqua, elles
forom muy bem recebidosdo Capitað , e dos Cavalleiros da fobredi
ta , ſegundo elles depois diſſerom , e ouvcrom todos ſeu conſelho ,
dizendo o Capita ) , e os outros ſobreditos contra o noſſo Capitað ,
e contra o Meſtre , que era bem de a noſſa nao aver conſerva , é
companhia com a ſua carraqua , e todos percalços , que Deos deſſe a
cada huma , que foſſe tudo partido irmammente de permeyo , e eſto
porque naquella Coſta andavam fuſtas darmada , que melhor ſeriam
duas vellas de conſervaa , que huma , e o noſſo Capitað com o Meſ
tre , e com os outros ouveroin logo ſeu conſelho , e outorgarom ,'0
que diſſerom os ſobreditos, e aſſi lho prometerom , é yſto a cabado,
éſpidirom -ſe , e vierom -ſe pera as naos.
Outro ſi antes , que o batel da carraqua vieſſe a noſſa nao , re
quereraó aquelles Eſcudeiros , e gente manceba ao noſſo Capitað ,
que pois lhe aquella carraqua aſli fazia aquella ſobrançaria , que nos
leixaſle ir a ella pera vermos quem tinha dentes pera pelejar; e que
tinhainos ally muitas armas , e beftas com que bem podiamos defen
der noſſos corpos, e nos traziamos trinta arneſes do Conde, e vinte
e ſeis beftas daço , e a nao trazia dez , ou doze arneſes , e ſolhas, e
beſtas , e mais traziamos ainda cotas do Conde , e o Capitam nom
quiz , que ſe armaſſem , e os que eſtavam armados , que ſe deſarmal
fem , e aſli o diſſe , e requereo da parte do Conde , que nom tomaſ
ſem armas pera aquelle f . .
que ſe algum nojo, ou perda vielſe
a nao , que o Conde a livraria , e elles quando virom aquillo nom
curarom de fe fazerem preſtes, e aſſi paſſou eſta mingoa pello Capi.
taó , e aſli andou a noſſa nao , e à carraqua todo eſte dia , e neſta noi
te ſeguinte ouvemos muy grain tormenta de vento de levante , que
tornanos por detras dezaſeis legoas a hum porto , que chamaó Pal
mos , que ſom de Sam Fileu duas legoas , e alli lançaram ancora 2 e
a carraqua tambem , eſtivemos ataa o outro dia , que foi Domingo ,
e deſpois de jentar tornou tempo de viagem , e logo allevantamos not
ſas ancoras , e demos vellas , e a carraqua támbem , e demos a andar
nolla rota todos de conſerva , todo eſte dia , e noite , e a ſegunda
feira ſeguinte , que eram quatro dias do dito mes , a dita carraqua re
partio de nos deſcontra terra pera tomar porto , que era no cabo de
e nos por lhe niantermos verdade, e companhia fomos em
pos
1
gica da Cala Real Portagaeza. 585
, e chegara pos ella penſado , que quizelle ella tornar ao maar , e depois , que
recebeo com
The mandare
nos vimos , que ſe ella metia de todo em todo polo porto ouve o
noſſo Capitað conſelho com o Meſtre , e com a companha da dita
que lhe queria nao , que viſta a deligencia , que nos fizemos a dita carraqua , e ella
- loguo conto noin quer tornar ao maar , que era bem de ſeguirmos noſſa rota e
ordaram , que aſli o fizemos, e tornamos logo noſſa viagem com vento amoroſo to
partirom, e do dia , e noite , e em outros dias , que eram cinco dias do dito mes,
ella , e cure oras de prima , ſendo nos atraves do Reino de Proença vimos jazer
T, e o noſſo huma nao fobre ancora apar das Ilhas Deiras, vendo como nos yamos
avia tempo pera ella demandar terra pera onde ella jazia , foi logo muy preſies,
eftre, e con e levantou ſuas ancoras , e deu as ſuas vellas, e nos quando vimos ,
aó, e o Me! que ella foi tam alynha preſtes , e nos penſamos , وque ſe vinha preſ
arraqua, ellai tes anos ,e logo forom muy preſtes todaa gente da nao , fl. os que
os da fobred eram pera armas forom logo armados do pee ate a cabeça de boos
ieu conſelho, arneſes, e os outros com cotas, e beftas daço , e de pao , o noſſo
Coffo Capitaó Capitaó nom catando com requerir ao oficio clerical , e por daar boa
r conlerva , conta da gente , e nao a ſeu Senhor , o Conde tirou logo ſuas vel
- Deos delle: tiduras acoſtumadas , e veſtio hum arnes , e armou -le muy beé , e aſli
mero, e albo o diſſe a todos geralmente , e todos foroin logo muy preſtes com muy
melhor lerim gram prazer cuidando , que aviam de pelejar , e a dita nao ſe foi ca
o como MB minho de Barcellona com muy gram medo , que ouve de nos , e que
outorgarom, 1 noin podiamos chegar a ella ſalvo tornando por detras , nam curanios
ylto acahab della , e tornamos a noſſa rota , e naquellaa noite ſeguinte ouvemos
muy gráa tormenta , e fortuna de vento contrairo de levante , que
noTa 120, per força nos fez tornar atras as ylhas Deiras , onde a dita nao , que
holfo Capizá. fogio , jazia , e eſtivemos ahi em hum porto huma quinta feira , que
foi dia de Corpo de Deos , e foroni alguns fora a terra , que cra
Farie,aja que nos onde jazia a nao hum tiro de pedra para catarem agoa doce , e nom
pel ;eque
Jumy de acharam agoa nenhuma , ſenaó lenha , e arvoredos , e ao outro dia
onde, e vinte partimos dalli com vento de viagem , e como fomos fora do porto
, e foalhma,s e achamos no mar tempo contrairo , e fomos tomar hum porto , que
Capit non chamaí Portogaay , que he no Reino de Proença , em o qual sperto
3 lẻ đearn
eſtava huma caza , em que morava hum lavrador , e hi tomamo agca
nom forma doce , e feno , que lhe comprarom pera os cavallos , que vinhao na
porta viele dita nao , ſl. os do Conde eram vinte e nove , e os do Bilpo outo ,
aguillo nom
e aſli eram por todos trinta e ſete cavalles , é em cutro dia ſeguin
te partimos delle porto , e nos fora do dito perto achamos no maar
pello Capi muy gram fortuna de levante , e quiſeramos tornar ao dito perto , e
e neſta noi
Tante , que nom o podemos mais cobrar , e tornamos por detras hura legoa e
hamaó Pal
meya a hum porto muy bom , e muy largo , onde efava Cidade pe
quena muy boa , que he do porto mea legoa , a que chamam Friull,
ancora ,
que he no dito Reino de Proença , e ca Cidade eſa muy bem al
Domionsgo, lentada , e como lançamos amcora ſairam huns dous , ou tres fcra ,
Intam hot
e forom a dita Cidade , e os da Cidade ſe temiam de nos penſando ,
DIOS 2 A que eramos Catellaens com quem aviam gucrra , e nos afli nos teiria
ea ſeguundia mos delles , e nos ouvemos ſegurança do Baile da dita Cidade , que
q
Carro foſſemos a Cidade por mantimentos , e per eſta guiſa ſomos a Cida
no alet de humas dez , ou doze peſſoas , dizendo nos , que eramos Gualegos,
s
fomo a Tom . V. Eeee e ef
pres
1
rença.vinham pera a deſcercar , que erani bem ſete mil homens , e alli 1
de Alaltro eſteve o Conde ſete dias , he hum lugar pequeno muy bem
cercado , e eſta em elle hum muy boð Oſpital, em queo Conde pou
ſou , e tem muy boas caſas , e camaras , e huma falla pequena , e huũ
eirado , e a quinta feira , que forom oyto dias do mes de Julho foi
o Conde dormir a Florença, que ſom duas legoas , e o Biſpo , e os
Doutores todos juntos , e o Conde levava veltido hum ſayo de bro
cado , e hum capello chapado , e levava tres pagens em cima de bons
cavallos, e levavam veſtido ſenhos ſayos de velludo , e borcado, e
hum delles levava huma lança , em que ouvera de hír o Eſtandarte,
e porque o vento era grande , e forçoſo nom o eſtenderom , e mais
levavam dous trombetas , e tres charamellas , que forom tangendo
polla villa ate honde o Conde pouſou , e afli entrou o Conde honra
damente em Florença , e foi poufarem huns Paços , que ſom do
1 Marques de Ferrara , que eſtað apaar do eſtao , que chamaó o eſtao
da Coroa , e os fidalgos pouſavao neſte eſtao , é ſuas beſtas , e lo
guo os da Cidade ſe trabalharom , ܕe mandaran huin prezente ao Con
de , f. de ceva da , e tochas , e brandoens , galinhas , e capoens, e
patos , e muitos confeitos , e eſta fobredita eſta aſſentada em hum
valle , e a ſua cerca he muy grande , mas deziam , que mayor era a
de Lixboa , e vay per meyo da dita Cidade hum rio. Outro ſi a Sé
deſta Cidade he muy ferinoſa, e muy largua , e comprida , e tein hu
ma Capella ſobre ſi , que he muy alta ſobre a dita See , e de lá pa.
rece toda a Cidade , e ſeu terino , e .o termo he muy povoado de.
mui
da Cala Real Portuguega. 591
ada muitos Caſtellos : eſta Capella he toda a de fora de pedra marmore ,
e jaſpe , e a Sé he aſfi feita , e maes tem huma eſcadaa , que vay a
del
todo cima , que tem 466. degraos , e apaar deſta Seê eſta huma tor
re muito alta , e bem fermoſa , e nella eltað os finos da See , e apaar
TUS della huma Capella de Sao Joao , e he dahobada , e a porta princi
pal eſta os dous eſtaos tað groſſos como ſenhos maſtros de naos, e
110
quando homem eſta apar delles ve todalas caſas, que eftam darredor,
e a gente , que paſſa de huma parte pera a outra , alli como eſpelhos,
eos e as portas , ff. as principaes ſom darame , e naquella Capella eſta hu
Flo ma pia muito fermoſa , e he toda de pedra jaſpe, e marmore , e em
ali ella bautizao os filhos dos mais honrados da Cidade, e outros nenhuns
0, naó , e eſtes eſteos darame vieram de Jeruſalem , que os trouxe Pila
Na quando teve os ſobreditos em eſta Cidade eſtao dous muy nobres Of
Fra pitaes , ff. hum de molheres , e outro de homens , e as molheres ,
ܕ, ܐ que jazem em elle ſom doentes, e moças orfaás, é ally lhe dao to
dalas couſas , que hani meſter a cuſta da Cidade 9 e naes dous Fiſi
COS e dous ſulirgiaens, que nom fazem em todolos dias do mundo
211 ſenam penſar dellas , e no fobredito tem ſua cozinha em que lhe fa
Of zem de comer , e huma Capella , em que lhe dizem cada dia miſſa
e eſtas molheres , que alli jazem ſeram ata cento e cincoenta , e tem
doze molheres , que as fervem , ff. que lhe fazem as camas e toda
2
las outras couſas , que ham meſter , e as moças orfans , que alli ja
zem depois , que fai caſadeiras caſam -nas, e dellas poem ao officio ,
Big e depois , que ſabem o officio caſam -nas , eſto todo à cuſta da "ſobre
dita . o outro Ofpital dos homens aſſi tem todalas couſas perfeita
771
mente , e ſe mais nam menos eſtes homens ſom delles feridos , e del
les doentes , e dez homens , que os ſervem , e duas molheres , que
i lh e lavam ſuas roupas , e aquelles homens ſhes fazem as unhas das
maons , e dos pês , e como lhe lavam os pês fazem a Cruz nelles , e
101
OS beijam -nos. Outro fi quando ſe peſſoa fina no fuſo dito vem os me
TO.
lhores da Cidade com muitas tochas , e cirios , onde jaz o finado , e
Ons
levam-no com muy grande omrra a cova , e mandamlhe dizer muitas
ܬܕ
miflas cantadas , e rezadas , e enterram -nos em humaCrafta , que eſ
ta apar da Capella , que eſta dentro no ſuſo dito Oſpital , é o adro
1.215 onde enterram eſtas peſſoas , he ſanto , que antre de quatro dias fom
10 comeſos , e darredor deſta Craſta he toda chea de oſſada daquelles,
2
que alli enterraó , que ha hi mais de dozentas mil cabeças de homens,
do
e de molheres , e os que ſe finað nefte Eſpital vam aſſoltos de cul
120
pa , e pena , é ſe ſe eſto nom fezeſſe em eſta Cidade , ſaber , que
lo
Deos a deſtroiria , porque ſe faz em ella huma muy maa couſa con
01
tra natureza , que he ſumytigua , em eſta Cidade havera ate 6i, ou
bii peſſoas , que guarnecem eſte Eſprital. Outro fi neſta Cidade ha
bem gentis niolheres ,e bem guarnidas ; outro fi na Capella ſobredi
ta eſtao todolos Caſtellos da comarqua da Cidade dependurados , e
13
as carnecerias , que tem ſom muy grandes , e muy limpas , e talham
nellas muitas , e boas carnes.
10 Aos vinte e dous dias do mes de Julho partio o Senhor Con
22
de deſta Cidade pera Bolonhaa , omde eltava o Papa , que ſom deza
ilove
LII
592 Provas do Liv. X. da Hiſtoria Genealogica
nove legoas , que foi dormir a hum lugar , que chainam Sam Pedro ,
e ao outro dia foi dormir a Belonrras , que ſom tres legoas , e ao ou
tro dia foi dormir a Belonha , que fom tres legoas com os Biſpos ,
e com os Doutores , e eram per todas cento e vinte e cinco peſſoas
de cavallo , e o Conde levava veſtido hum ſayo de brocado , e hum
capello chapado , e maes levava tres pages veſtidos de ſenhos fayos
brocados de ſete marcos de prata cada ſayo , e em cima de bons ca
vallos e com bons guarnimentos , e vieram receber o Conde a huma
legoa Biſpos , e Arcebiſpos , e outros muitos Prellados , e Gentisho
mens, que eſtavam na Corte do Papa , e forom -ſe com elle ate a ſua
poulada muy honradamente , e o Conde eſteve alli tres dias , que nom
foi fallar ao Papa , e aos quatro dias lhe foi fallar , e foi com elle os
ſuſo ditos, que hiam por Embaixadores , e mais o Biſpo de Viſeu ,
e o Adayaố de Braga , e outros , e o Conde levava huma oppa brc
cada empenada de finas martas , que lhe dava pollos pees , e todolos
ſeos muy bem veſtidos dos milhores veſtidos , que cada hum tinha ,
e deſcavalgarain a porta do Paço do Papa , e paſſaram cimco camaras
onde o Papa eſtava em huma camera , e eſtava aſſentado em huma
cadeira , e os Cardeaes darredor em bancos cubertos com bons panos,
bem fermoſos, e os Cardeaes eram eſtes, que le aqui ſeguem , ff. hó
Cardeal de Ruam , e o Cardeal Camaralengo , e o Cardeal de San
ta Cruz , e o Cardeal de Sam Marco , e o de Chipre , e o de Co
luna , e outros , que eram per todos dez , e mingoava hi o Cardeal
Dingraterra , e o de Taragona , que he hem Caceluña , e outros , e o .
Conde com os ſuío ditos fizerom ſuas mezuras muy grandes , e lhe
beijaram a face , e a maó , ff. primeiramente o Conde , e depois os
Bilpos , e os Doutores , e mais nanı, e eſto acabado allentaram -ſe em
juelhos ante o Papa , e alli pos Vaſco Fernandes o Doutor toda a
embaixada , que o Conde levava do muy nobre , e excellente Rey de
Portugal toda em latim per mandado do Conde , e a propoſiçao foi
eſta , queſe a diante ſegue. O noſſo muy omildoſo , e begnino fi
lho Rey de Portugal , e do Algarve , e Senhor de Cepta envia beijar
yoſla face , maons > e pees , e encomendar a voſſa Santillima Santida
de por quanto foi mandado o voſſo muy omildoſo filho mandalle a
ſua embaixada ao contelho geral , e quis vir primeiramente a Voffa
Santidade fazer ſua umildaçam por quanto foi Sam Pedro poſto em
pelloa de Deos , e o Papa em peſſoa de Sam Pedro , e de Sam Pau
io , ' e elle era cabeça , e mandava ate a ſua Santiſlima Santidade, e
que ante , que ao conſelho geral , que a ſua Santiſſima Santidade man.
dalle fazer ao ſeu begnino filho Rey fobredito, e que lhe enviava
encomendar ſeos Irmaons Ecclefiafticos, e Cavalleiros, e povo meudo
em ſua Santidade , e logo pollo Papa foi dada ſua repoſta , que nom
quis , que a outrem diſſeſſe , ſenam elle , e difTe , que elles foſſem
bem vindos , que elle os recebia ein nome de Sain Pedro , e o ſeu
omildoro Chrifað Rey de Portugal , que elle o tem em ſua encomen
da , e todolos do ſeu Reino , e o Senhor , e a embaixada foſſem muy
bem vindos, e depois a embaixada aſſi dada , e a reporta tambem fo
rom os gentishomens , e beijaromlhe a maó , e o pe dereito , e como
acaba
da Caſa Real Portugueza. $ 93
dro, acabarom foi a outra gente meuda , e beijaram o pé ſomente , e nos
301
abſolveo de culpa , e pena , e do Inferno , e purguatorio , e eſto aca
bado veo-le o Conde com os ſobreditos pera ſuas pouſadas, e depois
hum
foi o Conde com os ſuſo ditos fallar aos Cardeaes a ſuas pouſadas,
e a cabo de dias foi o Conde fallar ao Papa aſli com os ſuſo ditos ,
e mais deziam per a Corte do Papa , que dantes , nem deſpois , que
avia gram tempo , que nom fora Rey nenhum , nem Senhor, que lhe
tam omildoſamente mandaſſe ſua embaixada , nem viera alli tamanho
ho
Senhor como elle , nem tam bem corregido , e aſſi tinha eſta nomea
ܐܐ da pola Corte. Outro fi a propoſiçam , que fez o fuſo dito Vaſco
non Fernandes foi muito nomeada , e mais vierom alguns letrados ao Bil
20 po de Viſeu , a lhe mandar a prepoſiçam pera averem o trellado del
eu , la. Outro ſi' eſta Cidade eſta aſſentada muy bem em terra cham e
Dice muy bem cercada de bom muro , e bem forte , e boas portas, e bem
ols fechadas, e tem boas torres muito fortes, e a cada porta eſtaó dez,
nha, ou en
doze pelloas darmas , que as guardam , e nenhum omem nom po
de trar , nem ſair , ſí o que entra ſabeē, que homem he , ou don
de vem , ou pera onde vai , e for homem de peê , e trouxer eſpada,
1909 ou lançá , trara na ponta da lança hum cambarco , e a eſpada levará
Tho atada a cruz com as cintas per tal guiſa , que a nom poſla tirar , e
11 le levar beſta levalaa deſempolgada , empero , que o nom fazem , fal
EC vo aos da Cidade , e ſe o‘ally nom fezerein averam pena de juſtiça
da Cidade , e eſto he porque o Papa hogera a guerra com o Duque
5,11 de Milla) , porque os mais da Cidade tem co o Duque mais , que co
o Papa , por tanto fez o Papa eſta ordenaçam na fuſo dita . Outro
ſi eſtao neſta Cidade tres torres muy fermoſas , e muy altas , e huma
dellas chamam a torre da guarda , que a vein a dez legoas ,e deziam ,
que aquella era a mais alta torre, que avia em Italia, e eſta Cidade
tem muy bom termo de paó , é de vinhos , e per hum cabo deſta
i toi Cidade vai hum rio dentro , que vai ter a Veneza , que ſom trinta
Ho fa legoas, e eſtaó em elle muitos moinhos , e mais humas cazas , em que
belix eſta huma rodaa em que fiam teda , que tem mais de duas mil deba
meiden doiras , e mais de dez mil fuſos , que huns nom fazể ſenam torcer و
ailea e outros a fiar, e outros a dobar , e como quebra algum fio , loguo
Toda entendem , e iſto todo per arteficio dagoa , eſta rodaa he daltura , que
30m
do peê ata cima tem quatro ſobrados , e em hunia caſa doutro caboo
Pau eſta hunia ſerra , que ſerra os paos por groſſos , que sejam , e doutra
parte eſta outra caſa em que moem todalas eſpecias , e a fundo deſta
2, 2
inali
caſa eſta outra , em que moem eſpadas , e alimpaó armas , e todo ſe
faz per engenho dagoa , e eſto era hunia couſa fermoſa de ver , e dia
Mr
zia) , que o Meſtre , que iſto fezera , que era ja finado , e que enten
를
dia , que em toda Italia nam avia tal Meſtre como eile.
Aos dezaſeis dias do mes Dagoſto , que foi dia de Santa Maria,
통
foi o Papa dizer miſſa a huma Igreja, que chamam Sam Patronio , e
eſta Igreja eſta na praça junto aos Paços do Papa , a porta da Igreja
ſera quanto hum homem poſſa lançar huma pedra , e delle eſpaço ſu
ſo dito tudo eram homens darmias , que fizeram hurra rua per onde
hia o Papa pera a dita Igreja deſtes homens darmas ſeram ate cen
09
Toin . V. FEIF to
594 Provas do Liv. X. da Hiſtoria Genealogica
to e trinta , e outras peſſoas nenhumas nom leixavami entrar antre ſi,
porque ſe teniiam dalgumas peſſoas de fazerem alguma traiçam ao
Papa , e eſto aſli ordenado fayo o Papa com Cardeais , e Arcebiſpos,
e outra muita clerezia , e paſſou por antre aquelles homens darmas,
e afli entrou na Igreja , e começou de dizer miſſa em Pontifical, e
deulhe agoa as maons hum Doutor de Caſtella , que eſtava hi por
Embaixador , e quando veyo a offerta deulha o Doutor Diogo Affon
ſo , que vinha com o Conde, e quando quiz allevantar o Corpo de
Deos, deulha hum Embaixador de Veneza , e depois , que conſumio
deulhe a agoa , e o vinho hum Embaixador do Duque de Millao , e
aſli foi ſua miſſa acabada , e os cantores que tinha eram mui boos , e
concordavað todos, e eſto acabado vcyo -ſe o Papa pera ſeos Paços
com os ſufo ditos, e huma Cruz ante elle , e o Papa levava huma
Capa douro veſtida , e da parte direita levavam-no o Cardeal de Chi
pre, e da outra parte ſeu ſobrinho , que aſli he Cardeal , e Cámara
lenguo , e a fralda lhe levava hum Embaixador de Millao , e aſſiveyo
o Papa pera ſeus Paços per antre os homens armados , e dous homens
de cavallo , que faziam praça , e logar per onde o Papa foſſe, e aſſi
foi guardado , ate que foi nos ſuſo ditos. Outro fi quando o Papa
eſtava na miſſa em Pontifical poſeromlhe na cabeça huina Mitra , que
deziam , que valia ſete mil dobras , e a quantos eſtiverom a miſſa
lançou o Papa a bençaó , e deulhes quinhentos dias de perdaó.
E depois diſto aos dezaſeis dias do mes de Setembro forom
feitos per toda a Cidade muy grandes relampados , que alumiavam
alli como ſe foſſe dia per tanto , que cuidavam os que eſto viam , que
era fogo , que caya dos ceos 2 e fabei , que tangerom os finos per
toda a Cidade, e toda a gente avia muy gram pavor , mas eſto nom
durou muito , que loguo nom vieſſe agoa , e per virtude de Deos ,
e dos finos , logo ceſtou aquella tormenta , e foi ſignificaçam de hum
final , que foi em outro dia ſeguinte , o qual final foi , que ſe a di
ante ſegue : Vierom novas ao Papa', e à Cidade , que ho Conde
Franciſco, que eſtava da Cidade tres legoas , e que prendera eo Gpoa
teſtade , e Petri Joam Paulos , que eram Capitaens do Papa 9
tamelada , ſeu parceiro , que tambem era Capitan , que hiam todos
com muita gente darinas buſcar o Conde Franciſco , pera o prende
rem , e trazerem ao Papa preſo , e ſabei , que o Papa o mandava
prender por lhe tomar humas terras , que lhe elle dera , que diziam ,
que eram da Igreja , e mais diziam , que o queria mandar matar,por
que lhe queria obedecer , e dar as terras , que lhe elle dera de juro,
e de erdade , e ſaber , que o Papa lhe devia bem duzentos mil du
cados , e efto era de ſoldo , que avia daver delle polo defender do
Duque de Millaó com quem avia guerra , e eſto fazia o Papa por lhe
nain dar o foldo , que lhe devia , e polo tirar da ſua honra , e fa
bei , que ſempre lhe foi obediente , ſegundo dizia a gente per a Ci
dadoe eſt
, aie ndpot mais po ſe rrof rar,, ell
quee ma
Ìhendera diz
obedieao defaque prefen
de a eft ade , er Capitaens ou er nte Pap , que
nom temeſſe delle nenhuma coula , que elle obedeceria ſempre a el
le , e que eſtava preſtes pera lhe obedecer fe elle quitetle , e que
ſempre
da Caſa Real Portugueza. 595
ntre ſempre fora , e era ſeu amigo , e que em elle prendendo eſtes ſuſo
330 ditos , que lho nom tiveſſe a mal , que elle queria ſegurar ſua vida,
bilpen e que lhe pedia , e roguava , que elle perdeſle ſaudade ao poteſtade ,
2733 que elle entendia de o nandar cedo com embaixada a Deos Padre ,
ical. mas que Deos Padre , mas que dos outros , que lhos enviaria ſe elles
hi pera la quiſeſſein ir , e fabei , que ao poteſtade mandou dar bem feis,
Afor ou ſete trautos de corda , que lhe contafle a verdade da traiçarn , qué
PO lhe quizera fazer , e do que lhe a poteſtade diſſe nom foi decrara
nium do , nem o ſouberom , e aſli eſtava ao tempo , que o Conde partio
Jaó. deſta Cidade , e os outros , foi certo , que lhé diſle o Conde Fran
ós , 1 ciſquo , que ſe foſlem emboora pera onde lhes aprouveſſe , e ſabei ,
Paco que alguns deziam pola Cidade, que diſſeram elles , que queriam
hum andar com elle , e ſabei , que o Conde quando os tomou , que af
Ch ſentou comſiguo a ſua meſa Petri Joao Paulos, e Guatamnelada , ſeu
parceiro , e ao poteftade derom de comer com outros muito mais fo
menos 9 é outros diſſerom , que comera com os rapazes por o deſonra
rem , dizendolhe o fuſo dito ſabes bem tu tredor , que nom as miſ
ter outra honra ſenam eſta , que eu te tirei duas vezes da forca , eni
que tu eſtavas com o baraço no peſcoço , que mandava poer Micer
Pichiline , Capitaŭ do Duque de Millað , meu ſogro , e por eſte bem ,
que teu fiz me trazias tal traiçam , e pera me fazeres perder ninha
5
vida , mas tu ſabe de certo , que o que tu querias fazer a inim , illo
quero eu fazer a ti.
Ora leixa o Conde de fallar defto , e torna ao Papa , que ou
ve gram medo do Conde Franciſco , e em como mandou chamar o
Conde Dourem , que hi eſtava na ſua Corte com embaixada delRey
de Portugal com muy gram preſſa .
Det
Diz o conto , que o Papa temendo -ſe muito do Conde Franciſ
ehur co , que lhe faria alguin nojo , e que lhe poderia entrar pola Cida
de , é que lha poderia filhar, é eſto ſenam porque entendia , que a
gente da Cidade o ajudaria , porque lhe queria gram bem , nom toda
OM
a Cidade, mas gram parte della feriam em ſua ajuda , fe ſe elle tre
el
mentes quiſelle ,e ſabei , que ſe o Conde Franciſco ó quizera fazer,
que elle o fizera , mas nam The quis fazer nojo nenhum , e elle te
mendo -ſe deſte furo dito mandou chamar o muy nobre e diſcreto
ت
7ประ
Dom Affonſo , Conde Dourem , Neto do muy nobre Rey D. Joao ,
Rey , que foi de Portugal , e Neto do muy nobre Conde D. Nuno
zian
Alvares Pereira , que ora he ſanto , ſegundo acha ) polos grandes mil
lagres , que Deos por elle faz alli onde elle jaz no Moſteiro de San
ta Maria do Carmo em Lixboa , ſobrinho do muy nobre Rey Dom
Eduarte , o qual Senhor Conde Dourem , vendo , que o Papa aſli o
Jerz mandava chamar , logo como filho obediente ſem outra detença ca
Or
valgou co Biſpo do Porto , e co o de Viſeu , e os Doutores , e ſa
bendo , do que o Papa co‘elle fallou , que o nom ſouberoin , ſalvo
36
ܢ
܀
Diz aqui o conto , que o muy nobre Senhor lhe mandou dos
ſeus bem trinta homens muy bem armados com muy boas cotas, e
beltas daço , e ſuas eſpadas cintas, e ſabede, que as cotas eram de
toda boca , é o Biſpo do Porto , é o Biſpo de Viſeu lhe mandaram
dez homens muy bem corregidos com ſuas eſpadas cintas , e ſenhos
arcos de frechas , e aſli , que forom por todos quorenta homens muy
bem corregidos , e aſli dormimos aquella noite nos Paços do Papa ,
e eſtiverom por mayor guarda , que era ate a Camara do Papa, e 1
elles quando nos virom vierom -ſe pera nos dizendo , que noin que 1
riam eſtar ſenam conoſco , porque eramos Portugueſes , e que eramos
ſeus Irmaons , e aſli nos chamaó , e alli eſtiveinos toda aquella noite
todos.
Ora leixa o conto de fallar de como ho Senhor Conde man
dou os ſeus homens guardar o corpo do Senhor Papa , e torna ao
auto , que fez o Doutor Diogo Affonſo em Bollonha em huma Igre
ja , que chainam Sam Patronio , que he junto com os Paços do Papa.
Sabei , que aos treze dias do mes de Setembro fez o muy ino
bre , e diſcreto Doutor Diogo Affonſo , que vinha em companhia do
muy nobre Senhor Conde Dourem com embaixada do muy nobre Se
nhor Rey de Portugal hum auto muito ſolepne de Concruſoens , as
quaes forom em Lex , e em Decretaes , e em outras artes liberaes ,
-ē ſabei, que em aquelle dia a tarde foi poſto em huma muy alta , e
nobre cadeira , e ſeu livro ante ſi, ſegundo he coſtume dos eſcolla
res , e Lentes , e eſtavam acerca da cadeira muitos bancos cubertos de
muy nobres bancaes pera averem de ſentar Arcebiſpos , e Biſpos,, ?
outros Prellados , e peſſoas a elles iguais , e ſabede', que forom ahi
muitos , e mui nobres , e bem entendidos eſcollares , e Doutores aa
maravilha , ſegundo dizia pela Corte do Papa , ſabede , que eſtando
*
elle nå cadeira vjerom effes Biſpos, que ſe ao diante ſeguem , que
!
eram os mais letrados , que o Papa trazia , ſegundo , que ſe dezia
pola Corte do Papa , que per nome eram chamados Ambianeſes, e
outro
da Caſa Real Portugueza. 597
Die trz
2012
outro Eſpelanteres, e acerca deſtes hum Embaixador de França , e
diſſe o Biſpo de Viſeu , e outros muitos Doutores , e Prellados ao
, po ſuſo dito , ' que fallaſſe hum pouco mais alto , e começaram todos a
ito oulhar , que era o que arguya o fobredito , e o Doutor des que os vio
ques todos eſtar aſſentados , começou per feu latim de parlar , que ainda
nhum
mun
que foſſe hum Anjo Angelical , que dos Ceos as gentes o latim viel
bat:
ſe decrarar , non poderia parecer milhor , e des que o Doutor acabou
2 MUT
de prepoer’ſeos argoimentos o Biſpo Jaquelles , que mais cerca del
les leya , que era o mais entendido , e de mayor nobreza , e começou
a c0g
de dizer ſub reverencia muy nobre Doutor, eu quero desfazer os vof
sala ſos argumentos , e pollos em pouco valor, e logo começou darguir
muy fortemente, que a todos parecia , que debetar o Doutor , e der
anda baratar , e em cima todas rezoens ouve -le de callar , e o Doutor co
pou meçou contra o Biſpo darguir em tanto , que fez ſuas rezoens boas,
e conclufoens muy verdadeiras , e quando o Biſpo eſto vio começou
zu de embruſcar , e nom lhe ſoube mais reſponder , e ficou alli vencido
em aquelle luguar , e quando veyo o outro ho outro Biſpo , que eſ
tava acerca daquelle iſto vio começou per ſeu latim muy alto de ar
guir , que as gentes ſe maravilhavam mais daquelle , que do outro ,
e des que começou ſeus argumentos a fazer o ouve muy bem deſcui
tar , ate que ouve de acabar luas rezoens, des que acabou o Doutor
Pagi começou de muy paſamente o ſeu de fallar, que as rezcens do Bif
po ficaram em muy pouco ſobre o que forom poftas , e fabede , que
depois deftes Biſpos veyo hum Embaixador de ElRey de França , e
começou de arguir por ſeu latim , que parecia , que era Roulinól,
que no Mayo bem canta , e eſte eſteve por eſpaço de huma hora com
ho Doutor em argumentos, e iſto fazia elle pollo abater , e por cui
dar , que nom ſoubeſſe elle reſumir todo o que elle alli lhe ouveſſe
de recontar , e ſabede , que tanto ouve darguir , ates que ouve de
Tian callar > e que canſavam ja , e quando o Doutor vio , que mais nom
220 podia arguir , diſſe o Doutor muy umildofaniemte, prazavos Senho
leta res de me averdes deſcuitar. Sabede , que eſte muy , e diſcreto Ban
Pas rom muy mal trouxe ſeus arguimentos a concluſaó , é alli trouxe , e
7 começou dargoir , que nom avia homem no mundo, que tomaſſe pra
it. zer do ſeu bom razoar , e ſabede , que aquelle Embaixador aſli ficou
es vencido em aquelle lugar و, e ſabei , que outros muitos Doutores e9
vierem , e iſto todo pollo amor de Deos , e tem eſtufas muy boas ,
e bem quentes pera todos , e fabede , que muita gente paſſa por
aquella montanha , que fenom achaffem alli aquelle Moſteiro , e aquel
las eſtufas aſli quentes , como eſtaó , que niorreria muita gente , e de
al
ventura feria o que eſcapaſſe quando muito neva وe ſabei, que
guns quando chegaó a elte Moſteiro vem ja tam entanguidos de frio
nas beitas , que ſe nom podem decer , e antes os decem ,e levam -nos
a eſtufa , é alli aquecem , e taes paſſaó por eſta montanha , que lhe
caein os dedos das maons, e dos pees com frio , e eſto he certo , e
ja ſe aqueceo , que acharaó hi homens mortos , porque quando faz
vento , cae a neve das peñas , e vem -ſe polla Coſta abaixo , e faz
hum novelo tamanho como huma cuba , e quantos acerta , tantos ma
ta , e ainda , que ſe queiram guardar nom podem , e iſo he porque
nunca a vein lenam des que he junto com elles , e delles nom ſe po.
dem guardar , porque nam tem pera onde, porque he a neve tað al
ta , que ſe ſe meteſſem em ella nom poderiam lahir della ; e o cami
nho 'he dancho como dum covado , e neſta ſerra ha tres legoas , ff.
huria legoa e meya per ſobida , e outro tanto per decida , e eſte ca
minho com eſte Moſteiro fez Anibal , que ordenou em eſta monta
nha. Outro fi o Conde chegou a eſte Moſteiro , e eſteve hi hum
pedaço e os ſuſo ditos davam de comer , e de'beber, ff. a cada
hum , em que cantidade hera , que elles tem alli aves , e vaca , car
neiros, e marrans , c outras carnes , e depois , que alli'forom acerca
todos juntos naquelle Moſteiro onde eſtava o Conde , deu logo a an
dar o Conde feu caminho polla montanha abaixo , é diſle aquelles ,
que hiam junto com elle , e que era bem de ſe decerem , porque era
o caminho muy fraguoſo , e delles ſe deceraó, e delles nað , os que
ſe decerom tanibem a ſubida , como a decida delles levavam arneſes,
e alli andavam por aquella neve , que era huma muy gram pena ab
, ea
tr
da Caſa Real Portugueza. 603
de la trabalho , e aſli paſſaram eſta montanha , e como forom em todo fun
do da montanha cavalgaram , e os que hiam a pee , e tornaram -ſe as
01 td guias , que hiam com o Conde pera ſuas cazas. Outro fi nelle cami
nho defta montanha eſtaó Cruzes de pao , porque quando a neve he
muita tem tapado todo o caminho , e per aquellas Cruzes fabem per
onde vai o caminho , e neſte dia foi o Conde dormir a hum luguar,
0,18 que chamaó o Burgo de Sam Rumi , que ſam ſete legoas , e ao ou
2 tomt tro dia foi dormir a hum lugar , que chamaó Martinel, que ſom tres
rela, legoas , e ao outro dia foi dormir a hum luguar , que chamaó San
2208 delocim , que ſom tres legoas , en eſte luguar jaz Sam Martinho , e
font ao outro dia foi dormir a hum lugar , que chama) Nives , que ſam
ſete legoas , e achamos no caminho huma villa nova , que ſe começa
Co hum laguo, em que ha fete legoas em ancho , e dezaſete em longo ,
hahe e he muy bem povoado de huma parte como da outra de villas , co
mo de caſtellos , e duas Cidades muy boas , a hỏa chamaó Louía , e
Tgl. a outra Ginebra , e todos eſtes luguares ſom do Duque de Saboya , e
ao outro dia foi ho Conde dormir a ſuſo dita Cidade Louſa , que
be ſom duas legoas , e os ditos Biſpos , e Doutores com elle , e quando
chegaron acerca da Cidade começarain as trombetas , c charamellas de
tanger , que alli o tinha jа o Conde ordenado , e hiam tamjendo an
tele , e todos aquelles , que levavam lanças levavað -as alçadas polas
+
em ſuas coxas , e vierom ao caminho receber ao Conde os Gentif
homens daquella Cidade , e alli entrou nella muy onrradamente.
QUES
Neſta Cidade eſteve o Conde huin dia , que foi Dominguo , e
a ſegunda feira depois de jantar cavalgou , e foi fallar ao Duque de
Saboya , que eſtava dahi quatro legoas, e foi a cavallo ate o lago ,
o
que aqui faz mençam ſuſo dito , que ſera da Cidade acerca de huma
legoa e meya , e alli eſta hun luguar pequeno , que noraram em el
le ate dezaſeis , ou vinte peiloas , eſte luguar he porto daquelle la
go , que eſtam em elle barcas , que paſſam de huma parte pera a ou
tra , e dalli hia quatro legoas por eſte laguo ha outra parte , onde
eſtava o Duque , e o Conde quando chegou a eſte porto tinha ja
hy barcas preites pera pallar , porque tinha la ja dantes mandado hum
3:?!
ſeu Arauto a caza do Duque com o recado em como elle avia dir
fallar ao fuſo dito , e entam deſcavalgou , e meteo -le na barqua com
todolos ſeus fidalgos, e Eſcudeiros da ſua caza e alguns Oficiaes
ter
certos , e os Gencishomens nam levavam mais , ſenam cada hum ſeu
mont
homem pera os ſervir , e a outra gente ficou na ſuſo dita com toda
a fraſca , e beſtas , e aſfi ſe meteo o Conde na barca , e mandou tor
nar as beſtas pera a ſobredita quando chegou da outra parte onde er
tava o Duque , que era do porto hum tiro de beſta , e antes , que
chegualſe aos Paços , vierom-no receber Cavalleiros , e Gentishomens,
que hi eſtavam com o Duque , e forom -le com elle ata dentro , é
quando cheguamos a primeira porta do Paço , eſtava nella hum Por
teiro , que a guardava , e diffe a todos aquelles , que levavaó eſpadas,
que as pouſaſem , porque nom era coſtume de as levarem dentro , é
o Conde aſli o mandou , entonces o levaram a huma Camara terrea,
que era ladrilhada , eſtiverom hi hum pouco fallando , e em tanto
Tom . V. Gggg ii vierom
604 Prowis do Liv. X. da Hiſtoria Genealogica
vierom Cavalleiros , e Gentishomens para fallarem , e eſtarem com o
Duque , e forom -le pera o Duque , e depois , que o Conde ali ef
teve fallando , levarom -no pera cima a huina falla aonde eſtava hunia
muy grain fogueira , e bancos pera ſer , e hi eſteve o Conde fallando
per eſpaço de hum quarto dora com efies Cavalleiros , c Gentisho
mens , e entam layo o Duque de huma Camara , e outros Cavallei
ros com elles veſtidos com ſuas chamarras pardas todos aſli como o
Duque , e o Conde quando o vio fair , foi pera elle , e fizeram ſuas
miſuras huum ao outro , e deram ſuas maons , e o Duque deu a
mað aquelles fidalgos , qué hjam com o Conde , e eſtiverom fallando
hum pouco em pee, e entam fez o Duque aſſentar o Conde em huum
banco acerca da fogueira , e eſtiverom fallando , ff. fallava o Arauto
do Conde antrambos, porque fe nom entendiam , porque o Conde
nom ſabia fallar a ſua lingoajem , nem o Duque a do Conde , e por
illo fallava eſte Arauto antrambos, e elles eſtando aſſi fallando , che
gou- ſe hum Cavalleiro , que fora com o Conde da Louia , e diſſe ao
Duque , Senhor o Conde ſabe fallar bom latim , e entao começou o
Conde de fallar latim com o Duque , e perguntoulhe o Duque por
ElRey Dom Joað , e por o Corde Nuno Alvares , quanto avia , que
morrerom , e perguntou per ElRey Dom Eduarte, e por ſeos Ir
maons 9 e que tam velhos eram , e ſe eſtava ) todos em paaz , e ef
tando elles aſli fallando cheguaram dous ſeus filhos , e o mayor del
les he Princepe , e he cazado com a filha DelRey de Chipre , e tem
hum filho , que era aquelle tempo , que ſe eſto aqui eſcreveo de dous
annos > e he cazado com a filha DelRey de França , que afli era de
idade de tres annos 9 e o Princepe a tinha jаa hi com ſeu filho, e
que eſtavam ordenadas per eſta guiſa ; quando entram polla porta da
See, loguo vem dar da (uſo dita , eſtavam ellas per eſta guiſa, que
aqui faz mençam : a cadeira do Papa , e do Emperador eſtavam na
entrada da oulia , e a dos Reys eſtavaó das ilharguas a veira das pa
redes , ſt. quatro de huma parte , e quatro da outra , e a parte derei
ta eſtavam eſtas , que ſe ſeguein, ff. a cadeira DelRey de França em
cabeceira da contra a do Emperador , e da outra parte em dereito
della eſtava a cadeira DelRey Dingraterra em cabeceira de contra a
do Papa , de paar deſta eſtava a cadeira DelRey de Portugal, e da
outra parte a cadeira DelRey de Caſtella junto com a de França , e
junto com eſta a cadeira DelRey Daraguam , e da outra parte em de
reito della a cadeira DelRey de Napoles , junto com a de Portugual,
e junto com ella a DelRey de Navarra , é da outra parte a cadeira
DelRey de Chipre , junto com a de Napoles , e aſſi eſtavam eſtas
cadeiras ordenadas e quando vierem os Ein'aixadores dos outros
Reys am deſtar a ſo eſtes junto com eſtes. Outro fi o Embaixador
DelRey Dingraterra como ſe partio do Concilio , loguo o Embaixa
dor DelRey de Caſtella comprou a cadeira DeRey Dingraterra ao
Concilio e deulhe por ella trinta mil florins , e eſto nom fezerom
os Caſtelaons , ſalvo com enveja , que ouverom da cadeira DelRey
Dingraterra , porque eſtava da outra parte em cabeceira , porque he
mayor honra , e por elles percalçarem eſta honra , e mais por ſerem
acinia da cadeira DelRey de Portugual, que ha tinham abaixo de ſi,
por iſſo compraram eſta cadeira , mas como o Embaixador DelRey
Dingraterra tornar ao Concilio , loguoa elle tomara , aimda que lhe
pez , porque per dereito he ſua , e affi deziam no Concilio , que lo
guo'lhe feria entregue ca o Concilio nam lha vendeo , ſalvo por ſe
manter , lhe derom muito dinheiro por ella , que ſe o alli
e porque Ile
nom fizerain , noin ſe poderia manter o fuſo dito. Outro fi o Con
de daquellas tres vezes , que foi ao Concilio , ff. a primeira vez le
vou veſtido huma Oppa brocada deſtado , e a ſegunda vez levou hum
ſayo franzido chapado , que tinha trinta marcos de prata , e a tercei
ra vez levou hum ſayo chapado , que tinha outros trinta marcos de
prata , e todolos feos veſtidos com mylhores ſayos, que cada hum ti
nha , e a quarta vez levou hum mantou chapado com hum jubað
brocadoo .
he muy
Outro ſi eſta Cidade eſtaa aſſentada em terra chaã , he boa
Cidade muy beem farta de pað , e de vinho , e de carnes , e peſca
do , e de todalas outras couſas , e boom mercado , e neſta Cidade vi
hum dia fete carretas carreguadas de ovos , e oyto carreguadas de
раб e per meyo deſta Cidade vay hum rio , que chamam Rim , e
9
ma com eſte Biſpo de Conca , ff. avera deſta era de 437. annos dez,
ou dezaſeis annos , que eſtando eſte Biſpo de Ingraterra em Roma.
vierom a diſputar , e a argumentos por tanto , que veyo o Biſpo In
gres contra eſte Biſpo Caſtelhano , e deulhe duas bofetadas muy
grandes , que lhe forom mor deſomra , que o que elle fez quando ele
le , e outro Biſpo de Burgos , e Joað da Silva , e os outros france
zes como ja dito he derribaram o outro Biſpo Ingres da cadeira ,
que eſtava hi ſoo. Outro fi quando o Biſpo lagres deu as bofetadas
ha eſte fobredito forom hi juntos muitos Caſtelhanos , e outras jen 1
Aos vinte e oito dias Dabril forom neſta Seê juntos todolos Em
baixadores , que eſtavam no Concilio , porque ſe ouvera de fazer nef
nek te dia o Concilio , e devulgar onde ſe avia de fazer , porque elles
ho tinhaa ja legitimado o dito Concilio , que ſe fizeſſe em Avinham , e
fora o Papa inandou dous Embaixadores , huum Avinhã , e o outro a ef
te Concilio , como nos ja dito he , é os francezes , e os caſtelhanos ,
e hum Arcebiſpo Daragaó , e outros Embaixadores do Duque de Mil
m ho laó , que eſtavam neſte Concilio por Embaixadores , e hum Biſpo , e
NE hum Protonotario , que eſtavam no dito Concilio , todos tres por Em
Rca baixadores por ſeu Senhor ElRey , efte Arcebiſpo era cabeça da em
oli baixada , elle tinha cos francezes , e com os Caſtelhanos , cos outros
dous tinham com o Papa , e porque eſte Arcebiſpo era cabeça da em
nuo baixada era a voz de ſeu Reino , eram eſtas quatro vozes juntas , .
eſpicialmente a voz de frança , porque eram neſte Concilio muitos
ndani Doutores e Bachareis , e Prellados , e Abbades Bentos , e alguns
teni Arcebiſpos, e Biſpos , e hum Cardeal, e dous Patriarcas , que todos
ſaam francezes , e por eſto fom muitas vozes , e mais tem por ajuda
a vooz Daragao , e de Caſtella , e eſtes ſobreditos quando virom a
II
embaixada do Papa , peroulhemuito com ella , porque as ſuas vonta
des eram , e fam , que ſe fizeſſe o Concilio em Avinham , porque he
em frança pera lhe ſer todo outorgado o que demandaſſe , e por da
muy
rem proveito ao Reino , e mais porque o Papaalli non entendia de
7.2 %- vir , que lhes contradiſſeſte , o que elles pediſſem , e porque o ſeu
Os cele deſejo he, que deſpoſeſfem éſte Papa de ſua homra pera fazerem Pa
pa eſte ſeu Cardeal pera lhes outorgar todalas couſas, que elles pe
diſſem , e por o terem de ſob o pee, e ſerem Senhores dos Embai
xadores de Portugal , e de Ingraterra , que ſam ſeos imigos por eſto
ordenam , e envolver eſte Concilio , que ſe nom podem ouvir com
elles. Outro ſi eſtes outros dous Cardeaes , e todolos outros Embai
xadores dos outros Reinos obedecerom ao mandado do Papa , e mais
tiveranı- ſe a rezam , que diziam aquelles Embaixadores do Emperador
de Grecia , que era eſtar dizendo , que elles nom queriam , nem ou
aber torgavam , que ſe fezeſſe o dito Concilio em Avinhaá , pois que o
Papa bi nom entendia de vir , e mais , que elles nam vieram de ſua
mp3 terra pera obedecer ao Concilio , ſalvo ao mandado do Papa, e poes,
que elles nam obedeciam ao mandado do Papa , nem queriam fazer
up Concilio onde elle podeſſe vir , elles nom queriam hir a Avinham ,
THE e mais , que os Embaixadores , que elles enviavam a Grecia pera tra
zerem o Ėmperador ſeu Senhor , que elles hiam laa de balde , porque
o Emperador nunca viera ao Concilio , ſalvo ſe for o Papa a elle.
Ra
616 Provas do Liv. X. da Hiſtoria Genealogica
Razam porque os do Concilio nam querem , que o Papa ve
nha a elle , e nam obedecem a feu mandado , e ſom de comtra elle
per tal guiſa, que andam pera o deſpoer de Papa , e pois , que elles
nam eram dacordo com o Papa vem o Papa com elles , e mais o
Concilio , e todolos Chriſtaons ſe deviam reger per mandado do Pa
pa , pois que he Cabeça da Igreja , e porque Deos deu o poder a
Sain Pedro , e a Saá Paulo , que o que ellesaſſolveſſem na terra, fof
ſe ſalvo no Ceo , e o que elles leguaſſem na terra , foſſe legado no
Ceo , o Papa tem eſte poder , que lhe foi outorgado , e por eſto nom
queriam obedecer ſenam ao mandado do Papa. Outro fi ſe per
ventura todolos Cardeaes , e Reys, e todolos Prellados da Igreja ,
perque ſe os Chriſtaons foſſem dacordo com o Concilio , e toſlem
deſcomtra o Papa terſeyă elles com o Concilio , e nom com o Papa.
Mas deſtes ſobreditos nom ſam deſcomtra o Papa , ſalvo quatro Em
baixadores donde parece duas quatorze , ou dezaſeisnaçoens , que el
les faã , tem as outras todas com o Papa , e por eſto nunca vira o
Emperador a eſte Concilio , ata que nom ſeja dacordo com o Papa ,
e alli pediram per vezes eſtormentos dosrequerimentos, que faziam ,
dizendo que lhes nom poſeſſem culpa de fe yrem pera ſua terra , pois
que nom eram , nem queriam ſerdacordo co fobredito , e neſto eſta
vain ao tempo , que chegou o Embaixador do Papa ao Concilio , co
mo dito he.
Outro ſi neſte ſuſo dito dia , que ſe ouvera de divulgar eſte
Concilio he ſeu coſtume , que o dia , que ouverem Congregaçam ,
que ha de dizer miſſa em Pontifical , hum dos Embaixadores , que
eſtam no Concilio , que elles ellegem amtre ſi , e amha Jouvir todos
aquelles , que ſam encorporados no Concilio e como acabað vanſe
a ſua Congregaçað , e maes he ſeu coſtume , que o que diſſer aquel
la miſſa hamno todos douvir todo aquello ', que elle diſſer , e elle
ade detriminar aquello , ſobre que he o argumento , que elles fazein ,
mas eſte he poucas vezes ; eſte Cardeal de França ſobredito ouve
conſelho com os Embaixadores de feu Reyno , e com os Embaixado
res de Caſtella , e com os de Millaó , dizendo , que Concilio avia de
ſer devulgado onde ſe avia de fazer neſte fobredito dia , e que elles
entendiam , que os outros dous Cardeaes , e todolos outros Embaixa.
dores ſom em huma voz , que ſe fizeſſe o Concilio em Italia , e mais,
que tinhaă eſte Arcebiſpo , que eſtava por Embaixador do Papa nel
te Concilio , que avia de dizer eſta milla , elle avia de ſer aſſentado
como dito he,e par elle nom dizer eſta 'milla , nem aver eflegrao
acordarom todos eſtes ſobreditos , que como folle manhaã , que fof
fem logo na See , onde ſe avia de dizer eſta miſla , e que corregeſ
ſem loguo o eſtrado , e cadeira , e todolos aparelhos pera eſta miſſa,
e que le reveſtiſſe loguo eſte Cardeal per tal guiſa , que quando viel
ſe o fobredito pera dizer niiſſa , que o achaſle elle ja reveſtido pera
nom poder dizer miſla , ſalvo ó que eſtava ja revertido , e aſſi diria
elle eſta miſa , e como foſſe acabada hiriam a ſua Congregaçam , e
levava elle eſte grado , que o outro fobredito avia de levar , e mais,
que ſam muitas vezes , e em cima de todalas concluzoens elle grdaria
ado
o
,
da Caſa Real Portugueza. 617
grado , que ſe faça o Concilio em Vinham , e elles aſli ho outorga
alks vam em huma voz , e os outros ſuſo ditos quando eſto viffem delles
2100 outorguariam , e aſſi ſera efte Concilio devolguado , que ſe faça em
Avinham e neſte acordo ficaram eſtes fobreditos. Outro fi o Em
deria
baixador do Papa, que ha nome Tarantino ſoube parte em como eſte
Cardeal , e eſtes Embaixadores tinha) eſto ordenado , mandou loguo
tol.
10
chamar ó que tinha o livro , perque ſe avia de dizer aquella miſſa , e
que lho trouxeſſe loguo , e o ſobredito lho trouxe , e os outros nem
o Cardeal noin forom aviſados de mandar por eſte livro , nem avizar
aquelle , que o tinha , que o nam dell'em a outrem , eſte Tarantino
ordenou por tal guiſa , que como foi manhaá foi-ſe com todolos ſcos
Papa.
a Scê , e mandou loguo correger o eſtrado , e cadeira , e o altar , e
reveſtio -ſe loguo , e lentou -ſe na cadeira , e mandou aos ſeos, que al
gum daquelles ſobreditos ; que vieſlem pera lhe fazeremalgum nojo,
darredor delle , e por couſa , que foſſe, que os nom leixaſſem chegar
Page a elle , aſli o fezerom , e o Cardeal ſoube deſto parte, e mandou laa,
azla. que lhe diſleſfem de ſua parte , que ſe nom corregeſle , nem concer
taſſe pera dizer aquella iniſfa , porque elle tinha ja ordenado pera a
cho sa dizer , e o Tarantino lhe reſpondeo , que elle obedeceria a todolos
EO, 3 ſeos mandados , mas que aquelle naó , nem outro , que foſſe deſcontra
o Papa , e mais , que elle era pertencente pera dizer , e porque erao
ſerviço de Deos , e omrra do Concilio por eſto a queria dizer e f
5
rom com a repoſta ao Cardeal , elle ouve muy gram deſpeito dello ,
e foi-ſe a Seê com os ſobreditos , e quando vio ſer o Arcebiſpo na
cadeira reveſtido , diſſelhe , que ſe nom trabalhaſſe pera a dizer , por
que elle tinha ordenado pera a dizer , e o ſobredito tornou a reſpon
der , dizendo , que elle obedecia ao ſeu mandado, mas aquelle nað ,
porque aquelle careguo era ſeu , e por homra do Santiſſimo Padre Pa
pa , e mais porque he ſerviço de Deos , e o Cardeal avia deſto muy
3 OUTA
gram deſpeito , e andava paſſeando polla ſobredita dizendo-ſe tantas
rezoens antre os bons , que os omes do Cardeal, e os Caſtelaos quiſe
raó lançar maó pollo Arcebiſpo pera o tirarem da cadeira , e os do
Wa
r Arcebiſpo os nain leixaram hi chegar , como ja dito he , eſtavam or
denados quando iſto virom em como lhe nom podiam fazer nojo , fo
rom -ſe ao Altar pera tomarem o livro , e o corregimento , que eſta
va ordenado pera dizerem aquella miſſa, e neſto chegaram os outros
Embaixadores , e os dous Cardeaes , que eram pollo Papa , como di
to he , e alevamtou-ſe o Biſpo , que ſya na cadeira , e eſtiverom to
dos em inuy grande arroido , por tanto , que ſe chegou eſte Cardeal
pera eſte Arcebiſpo pera jugarem as punhadas , ſenain fora hum Por
teiro , que ſe meteo amtre ambos com huã Maça , e os ſobreditos ,
que hi eſtavam , que os eſtremarom , e neſto chegou a juſtiça da Ci
Je dade , e tomou o livro , e pedra dara , e todolos aparelhamentos,
que eſtavam no Altar pera ſe dizer a miſſa , e diſſerama aquelles Car
deaes e Embaixadores , que hi eſtavam , que elles eram Regedores
نه/ dos Chriftaons, e da Santa Igreja , elles deviam apaguar os arroidos,
y e elles os allevantayam nas Igrejas , e deforavamnas , e por elles er
dail Tom . V. liii rariam ,
པ
ཙ
618 Provas do Liv. X. da Hiſtoria Genealogica
rariam , e pois elles arguiam por omde juguaſſem as punhadas , que
as foſſeni jugar fora da Igreja , que elles nom lhas confentiriam , que
as alli arniaffem , nem fczeſſem arroido , e alli nom diſſerom neſte dia
milla nenhum dos ſobreditos coino era ordenado . Outro ſi eſtando
aſli eſtes ſobreditos chegou Frey Gil , o Licenciado , que eſtava hi no
Concilio por Embaixador coni os ſobreditos por Senhor ElRey , e
chegou -ſe pera honde eſtava o Biſpo de Conqua , e perguntoulhe ſo
bre que eram aquellas razoens , em que eſtavaó , porque as nað en 1
tendia , ſobre que ſe fundaram , elle lhe reſpondeo dizendo , que el
le o fazia , mas que com todo eſto a ſua vooz namn valleria nada ,
nem vallera. Eſto ſe entende , que dezia elle , que a ſua vooz , nem
as dos outros Embaixadores , que no Concilio eſtavam por ElRey de
Portugual , que nain valliam nada , e eſtando niſto repremdianılho
aquelles fobreditos , que hi eſtavam por parte do Papa , e eſtando
neſtas rezoens muy mas renegou eſte Biſpo de Deos , e de Samta
Maria neſta Seê , é dizendo muitas mas pallavras, e os Cardeaes , e
Embaixadores , que tinhaã por parte do Papa reſponderomlhe aquel
lo muy fortemente , e a juſtiça , que hi eſtava lhes diſle , que ſe fof
ſem fóra da Igreja e forom - ſe todos a huma caza pera fazerem ſua
Congregaçao , e eſtando elles aſli juntos pera ſe diſputarem ſobre o
que dito he, eſtava hũ Procurador DelRey Dingraterra, que protef
tou hi pollos ſeos feitos , dizendo , que elle era Procurador neſte
Concilio por ElRey Dingraterra , é de França , e os francezer lhe
reprenderað eſta pallavra , porque diſſe ElRey Dingraterra , e de
França , eſto he , porque eſte ſobredito ſe chama em ſeus dtádos Rey
Dingraterra , e de França , e os fobreditos quando lhe ouvirom eſta
pallavra , ouverom muy gram deſpeito dello , e afli eſtiverô em arroi
do , e deſputaçam , que nam fizeram Congregaçao , ſenam depois de
comer , que a fizeram em Sam Dominguos. Outro fi eftando os ſo
breditos na See , quando o Biſpo de Conqua ouve as pallavras com
Frey Gil , frade da Ordem de Sam Franciſco , e hum Monje, que era
francez , que era da Ordem de Sam Bento , que elles hi aviam antre
fi por homem entendido , quando o Cardeal avia as rezoens com o
que ſeya reveſtido , diſſe eſte Monje deſcontra o Papa ,
9
que nom era dino , nem pertencente pera ſer Papa , nem cria , que
era Papa , e per eſta guiſa envolvem eſtes Caſtelaos , e eſtes france
zes eſte Concilio. Outro ſi forom os ſobreditos neſte dia a Sam Do
mingos , como dito he > e fezeram Congregaçam , fl.
ff. os que tinham
os que
por parte do Papa em huina caſa , e os que tinham deſcontra elle ou
tra caza, e acordarom os da parte do Papa , que era bem de fe tor
narem dez da ſua parte , e outros dez da outra parte, e eſtes litigaſ
ſem ſobre eſte feito , e deſſein ſentença onde ſe fizeſſe eſte Concilio,
quer o cometeſſem a tres , ou a quatro honiens defta Cidade , que
foſſem homens entendidos , e de boa vida , e ouviſſem as partes com
feu dereito , e os outros ſobreditos quando lhe cometerom eſto nom
o confentirom quanto aos Juizes de fora , falvo , que ſe tomaſſem dez
por dez , como dito he , e neſſe acordo ficarom , e ao outro dia fo
rom -ſe a Congregaçað a Seê , e a Veſpora forom a Sam Domingos a
deſpu
da Caſa Real Portugueza. 619
Que deſputaçað , e ao outro dia forom a Sam Franciſco , e acordaram to
QUE dos , que daquelles dez , que eſtavaó em cada parte, que ſe tomar
ſem de cada parte ſeis por ſeis , e eſtes foſſem Juizes, e deſembar
gaffem eſte feito , como achallem , que era dereito dos quaes eram por
parte do Papa eſtes , ff. hum Embaixador de Portugal ,que he o Bif
po do Porto , e huin Daragað , e outro de Italia , e quando forom
fo ao outro dia diſſeram os Franceſes , que nam querianı eltar por aquel
lo , ſenamn , que degrataſſem em Avinhain , e aſli forom eſtes Juizes
8અ desfeitos, é o Cardeal, que hia dellegado fez huma cedula dizendo
ada. nella que lhes cometeram inuitas avenças, ſobre eſto elles concorda
Да rom em algumas , e deſpoes as desfaziam , e desfazem , porem , que
de elle lhes cometia neſta cedula quatro couſas 9 . elles eſcolheſlem huma
ilio dellas, e que detriminaſlem eſte feito , pois que por elles nam podia
unda ſer detriminado , fl. que outorgaſſem de huma parte , e da outra todos
2011 ſeus compridos poderes no Èmperador de Grecia , elle detriminalle
oinde le fezelle eſte Concilio , e le nam quiſeſſem eſte , que tomaſſem
certos feos Embaixadores , que eſtavam no Concilio , e ſe nam quiſer
ſem eftes , que tomaſſem os Embaixadores , que aqui eſtavam pollo
Emperador Dallemanha , e ſe eſto nom quiſeſſem , que tomaſſem ou
tros quaeſquer , que elles quizeſlem , e nom foſſem de huma parte ,
nem doutra , elles detreminaſlem eſto , e os ſobreditos deſtas quatro
mene couſas , que lhes forom cometidas , nom quizeram outorgar nenhuma
dellas nem outras muitas couzas , que lhes cometerom ſenam , que
ܐ
degreta Tem o Concilio em Avinhom . Outro fi ficarom em acordo ,
RA
que foſſem o outro dia a S:ê pera fazerein Congregação , e eſte Car
deal francez o'rve ſeu conſelho com os ſobreditos , que com elle tem ,
e acordaram , que ſe foTem todos muy bem cedo a Seê , e que ſe
reveſtiſſe ho Cardeal , e diTefTe miſſa , que quando vieſfem os outros,
s& que eſtiveſſe elle ja na miſſa por nom terem os outros razaó de o el
lo
COM
torvarem , e como acabaſſem a miſſa hiriam fazer Congregaçaó , elle
emi
degrataria o Concilio em Avinhaó , pois que o grado era leu , e mais
acharam eſtes ſobreditos em hum livro huin degredo , que dizia , que
DITE
em Tolledo fora ja feito outro Concilio , no qual forcm ein delacor
I! do como aqui ſoi , e litigarom tanto , que venceroin as mais vozes,
011 e alli fizerom eſte degredo dizendo , que quando fizeſſem eſte Conci
lio , que valleſſein as mais vozes , elles podellem ef'comungar , e dif
Do
poer as mais poucas. Mas eſte degredo non ſe entende per eſta
guiſa , ſenam quando aquecer em algum tempo algum Concilio on
de nað venha o Papa , e todolos Cardeaes , falvo Arcebiſpos , e Bif
OF pos , e outros Prelados , eſte Concilio a tal poſſa ſer feito as mais
to vozes , ellas poſſam fazer eſto , como dito he , porque eſte Concilio
tal nam ſe chama jeral , como he eſte. Outro ſi as outras partes ſou
berom deſto
delto parte ,
é prom -no dizer ao Dellegado , e elle diſſe ,
que ſe foſſem logo a Seê a Congregaçaó , e ſe outro Cardeal degra
taſſe em Avinlað , que elle degrataria em Florença , e ſe ho outro
eſcomungalle , que elle os aſſolveria , e mandou , que foſſem todos
recebidos , porque entendia , que averia hi arroido , e mandou pedir
ao Conde dez Eſcudeiros pera hiren com elle ata Seê . Outro fi a
Tom . V. liii ii jufli
1
620 Provas do Liv .X. da Hiſtoria Genealogica
juſtiça da Cidade ſoube em como eſtes ſobreditos aviam de ter eſta i
diſputaçam , e que ſe eſcuſava , que nom ouveſſem arroido ouverom
feu acordo , do qual foieſte : foi a Seê o Regedor da dita Cidade,
e forom com elles ij : homens armados , e quando chegaram a Seê
mandou , que ſe meteſſem todos em huma caza , ſalvo vinte , ou trin
ta , que ficarain com elle , e diſſelhes , que nom ſaiſſem fora daquel
la caſa , ata que nam ouveſſem ſeu mandado.
Outro fi os ſobreditos eſtando neſte deſacordo diſlelhes aquelle
Embaixador do Emperador Dallemanha , que lhes pedia pollo amor
de Deos , e pollas ſuas fantidades , que vieſſe algum bom acordo , e
veyo per tal guiſa , que foſſem todos em hum conſelho onde fe'fi.
zeile eſte Concilio , elles diſſerom todos dambalas bandas , que lhes !
prazia , e aſſi ficaram dacordo pera outro dia , e forom laa , e do acor
do , em que ficaram ao outro dia , e de cedolas , que hi trouxerom,
nom concordaram , ſenam que degrataſſe em Avinhoó , e que o de
gratariam ao outro dia , e os Biſpos de Caſtella , que hi eſtavam ,
quando eſto virom , que nom acordarom , e aviam degratar dambalas
partes cada hum em ſeu lugar derom hi huma cedula em nome de
feu Senhor ElRey , dizendo nella muitas razoens , das quaes eſta foi
a principal dellas , dizendo , que elles protefiavam neſte Concilio por
ſcu Senhor ElRey , e por todos Eccleſiaſticos , pois que elles todos
nom concordavam ; e queriain degratar dous Concilios , que elles nam
conſentiam , nem outorgavam , nem eram a nenhum delles , falvo a
elles , onde vieſſem os Gregos , alli queriam elles , e aſfi o requeriam ,
e proteſtavam , e lavavam as maons deſte feito , e pedirom afli hum
Eftormento pubrico , e co eſta proteſtaçao , e aſli o tem . Outro fi
neſte dia foi hum francez a caſa do Leguado , que tem o Sello do
Comſelho , e levou quarenta , e quatro Bullas , que lhas affellaſſem ,
e mandou o Legado , que lhas arrellaffem , e foi-ſe a hů ſeu homem ,
que tinha o ſello , elle tomou -as , e leo-as , e contou -as , e achelle
ou
aquellas quarenta e quatro , e foi pôr corenta e quatro ſellos ,
em quanto foi por elles tirou outras duas Bullas falſas , que trazia
eſcondidas, e meteo -as com as outras em tençaó , que as affellaſſe to
das nom cuidando elle , que o outro ouvelle de contar os ſellos, nem
que para ſe mētes aquello , e o outro como vio os fellos diſelhe ,
que lhe rogava , que lhe aſſellaſſe logo aquellas Bullas, e elle veria
por ellas a húa ora , e o outro tornou-ſe , e elle começou loguo de
fellar , e tendo acerca daſelado mingoaromlhe huns tres, ou quatro
ſellos , porque daquelles , que elle trouxe eram delles naos , e foi
por outros e nom os contou , e começou daſſellar , e niſto chegou
hum frade , que vinha catar huma Bulla ſe lhe era aſellada , tomou
huma Bulla , e acertou de ſer huma das falſas , e leo per ella , eſtan
do ja āvas aſeladas, e diſſe ao outro , que aſellava , tal Bulla como
eſta affellades vos , e o outro oulhou -a , e ficou muito eſpantado , e
nella dizia , primeiramente o Legado , e o Cardeal de San Pedro , e
o Cardeal Darles , e os Patriarchas , é Arcebiſpos, e Biſpos , e todo
los Embaixadores , que eſtavam no Concillio ellegiam ,' degretavam
Concilio , que ſe folle ein Avinhaā , e os Embaixadores, que la veſta
a ó,
da Caſa Real Portugueza. 625
relli vaó , que recebeſlem loguo o dinheiro , e embarcaſſem loguo , e fof
TEICA
daki
ſem pollo Emperador a Grecia , como ja dantes tinhaó ordenado , e
como elle acabou cortoulhe logo o ſello , e contou as Bullas , e .
a Sud achou 46. e diſſe , que o outro nom lhe dera mais de 44. e come
çou de ler por ellas , e topou na outra Bulla falfa , e dezia nella ,
que os ſobreditos ellegiam degratavaó o Concilio em Avinhaó , é
mandavam, que ſe tiraſlem as dizimas per todolos Reinos pera paga
rem aquelle ouro , que empreſtava a Cidade Davinha) ao Concilio
pera darem aquelles Émbaixadores , que aviam dir pollo fobredito
do, e elle coino acabou cortoulhe logo o ſello hi tomou-as ambas , e le
le vou -as ao Dellegado , elle quando as vio ficou muito eſpantado de
lhes tal treiçao , como aquella , e diſle , ſe tal couſa como aquella fora
2001
paſſada , que foram as mais falſas Bullas , e pior couza , que nunca
Com no mundo fora , mas pois , que Deos nom quis , que paſſaſſem , que
3da folgava muito com ellas pera ter mayor rezam de ſe nain fazer alli o
Concilio , e mandou -as logo queimar , e ſe eſte frade nom fora , el
las paſſaram , e o ſobredito quando veyo embuſca das Bullas , ſoube
deſto parte , e nom as quis ir demandar , porque nom ouſou la dir ,
e eſto fez efe Cardeal francez pera as mandar Avinhaó pera ſe com
for prir o que nellas era conteudo, que quando as partes ſoubeſſem , que
oda foſſem ja provicadas , e quando quizellem difpoer contra ellas , que
DES as nam podeſſem desfazer, porque as amoſtrariam aſſelladas coin feu
ſello , e per eſta razam ſeria o Concilio em Avinhao.
Outro ſi ao outro dia , que foram ſete dias do mes de Mayo
foi eſte Concilio degratado omde ſe fezeſſe , e no dito dia as finco
oras depois de meya noite , Frey Gil , e o Provincial , que eſtavam
ou hi por Embaixadores como dito he , é ouveram todos tres conſelho
com aquelle Embaixador do Papa , que pouſava junto do Biſpo , di
zendo ſuas rezoens , e como os francezes aviam degratar com Avinham,
hou e elles em Florença , e mais , que aquelle Cardealavia de dizer aquel
elle la miſſa deſpirito ſanto , ſegundo he coſtume, e como acabaſſe que
DZIE reria loguo degratar , e mandaria loguo tomar o Coro pera degratar
en delle , e non teriamos nos Coro , onde degrataſiemos , e eſtiverom
aſſi em ſeu conſelho , e acordaram, que mandaſſem dous , ou tres ho
niens a porta da See , que andaſleni por hi darredor , é ainda , que
os hi achaſłem nam foſpeitariam nada , e como abriſlem as portas , en 10
11
622 Provas do Liv. X. da Hiſtoria Genealogica
que lhe prazia , e niſto recrecerom hi francezes, que vinham fobre
aquello , em que elles eſtavam 9 e foi o ſobredito abrir a porta , e
entrarom logo todos de volta , e foi-le logo o frade a porta do Co
ro , e indo polla eſcada foram'huns dezaſeis , ou vinte francezes, e
ſobirom com elle , elle quizera ſarrar a porta , e foi hum francez , e
juntou com elle , e abraçou - o , e achoulhe de foo abito hum faval
tro cinto , e diſse aos outros , que trazia hum ſavaſtro , elle diſse ,
porque me abraças, cuidas , que fam molher , vai abraçar a puta, 1
dartey huma cuytilada , que nunca felas pera homem , e neſto chegou
o Cardeal francez , que eſtava eſto aguardando hi em huma caza , e
foi logo.o Coro cheo de francezes , e o frade dentro com elles em
volta , e os dous ſeos parceiros eſtavam de fora ,que os noin deixa
vam entrar dentro , e neſto chegou a juſtiça , e diſserom os francezes,
que trazia aquelle frade hum ſavaltro , e quizeradar com elle a hum
dos ſeus, elles o tomaram , e os francezes tomaram o frade, e o dei
taram fora do Coro , e ſarraram a porta , e elle foi-ſe onde eſtavam
os ſeus parceiros , e diſse , que nani tinham ja alli cobro nenhum , e
que o foſsem aſli dizer ao Biſpo , e aſli foi eſte Coro tomado , e fo
rom -no dizer ao ſobredito , que eſtava em caſa do Embaixador do
Papa , e cavalgarom loguo ambos , e forom -ſe a caza do Dellegua
do , é o Dellegado cavalgou loguo , e a Cruz antelle , e forom -ſe
todos tres a See , e quando chegaram eſtava ja la o Cardeal de Sam
Pedro , ſeu parceiro , e muitos Biſpos , e dous Patriarcas, e eſtava
reveſtido o Cardeal fobredito , e começou logo de dizer ſua miſsa
e o Dellegado quando aſſi vio, que ſe elle trigaba pera dizer aquel
la miſsa , ouverom ſeu conſello , elle , e o Cardeal de Sam Pedro ,
que hi lia, e o Biſpo do Porto , e o Embaixador do Papa , edous
Pretonotarios , que ſiam hi todos juntos , e diſſerom , que como el
les começaſſem degratar , que degretaſſe logo o Biſpo do Porto, e ef
tiverom affi, ate que acabarom a miſſa , e antes , que acabaſſem , e
diſſetlem Yté mifla eft , poſerom huma cadeira alta junto com a por
ta principal da fobredita ,e foi logo poſta nella hum Patriarca fran
cez e no Coro hum Biſpo, que degratou eſto acabado diſſerom ,
dita miſſa eft , entam fe deceo o Cardeal do altar , e veyo -ſe aſſentar
na cadeira , e deromlhe hum livro , e começou de ler por elle , e
como acabou diſle o Embaixador do Emperador Dallemanha , que The
pedia pollo amor de Deos , e de Santa Maria , e de toda a corte ce
leſtial , e polo Sacramento , e abfolvimento daquella milla , que ou
virom do Spiritu Santo , que vieſſem de huma parte , e da outra al
guma boa concordia , e onió , que foſſem todos em húú ajuntamento,
e fezeſem ſenhas cedullas , e viſias hum de hũa parte , e outro da ou
tra , e elles as groſaſem , e as tiraffem em limpo em huma , e mof
traté -nas aos Cardeaes , e aos Patriarcas ſe outorgavam nellas , e os
da parte do Papa diſſerom , que lhes prazia , e entam differam os fran
cezes Spiritu Santo , que quer dizer , que lhes prazia , e os da parte
do Papa pozeroin feu coinprido poder no Cardeal de Sam Pedro , e
da parte dos francezes era o feu Cardeal , e hum Arcebiſpo de Liam ,
que
da Caſa Real Portugueza. 623
que he parente DelRey de França , e lium Biſpo , e hum Doctor ,
e foi-ſe o Cardeal de Sam Pedro , e efte Arcebiſpo , e hum Doutor
a hìa Capella , e eſtiverom per eſpaço de huma ora , e entam o
Doutor veyo dizer finco , ou ſeis pallavras ao Cardeal , que fia na ca
deira , e como lhas diſſe , tornou-ſe logo pera onde eſtavam os outros,
e forom logo ally onde fia o Carulealtres Biſpos dos ſeus pera ſabe
rem o que lhe diſsera o Doutor , e como lho diſse , tornaram -ſe af
ſentar em ſuas cadeiras , e neſto chegou o Cardeal, que eſtava no
1 Concilio e o outro allevantouſe da cadeira , e forom -ſe ao altar , 1
ellie
guns ſerviços , que ſe lhes deſſem ouro , que o nam tomaſsem , ſal
vo cada huu ſeis , ou ſete , e aſli lhos derom per tal guiſa , que lå
do forom os dous Rorijs , e como o Conde jantou , cavalgou pella Ci
ndo as dade , e foi ver a See , eſta ſobredita he muy fermoza , e bem com
prida , e tem huma torre bem largua , que dizia o Conde , que fora
te biter.
das mais altas, que nuncavira , e temdez quadras,e cadaquadra
tem ſua eſcada , e contaram os degraos a duas dellas , e acharam
6jxxxbij. degraos , eſta torre nam era ainda acabada. Outro fi tem
huns Orgaos, que dezia o Conde de quantos elle vira , que aquelles
erað os melhores , e veo hum homem , e tangeos, elles ſoavam muy
or en bem , e ſom dous huns, que tanjem groſſo , e outros delgado , eſtao
ordenados por eſta guiſa ; elle tange primeiro os grandes , e os teno
res delles tanjem com os pees per engenho , e ſom ſete tenores , ff.
Mitello dous na metade , e os quatro nos pees, e como acabava de tanjer ef
Udol tes , logo os pequenos ſem ſe mudar dally , e eſtavam aſſy ordenados.
900 Na Cidade Diſpir jazem na Seê em huma Capella dez Empera
dores , e jazem na terra , e tem ſobre ſi cada hum ſua capa em cima.
Outro ſi eſtava neſta Cidade em huma Igreja figurado Sain Chrif
tovam , que foi apodado , que era em longo cinco braçadas e cra
1,031
wire de pâo , e ao outro dia foi dormir a hum Caſtello , que chamam
Humbur , que ſam nove legoas , e nelle moraraó ate vinte e ſeis fo
gos , e ao outro dia foi a huma Cidade , que chama) Iſpir , que ſom
elbiz Tete legoas , eſta Cidade tem boas caſarias , e tem huma See , que tem
quatro torres muy fermoſas , e he cuberta de chumbo , e he bem
opers comprida , que tem doze eſteos, e bem largua , efta Cidade tem bom
termo, e neſte dia achou o Conde hum Caſtello , que eſta junto com
o Rio , que chamam Maner , que he cuberto com chumbo , e ao ou
tro dia foi a huma Cidade , que chamam Humbina , que fom ſete le
goas , que he hunia Cidade muito roim و, e ao outro dia , que foi
Sabbado foi dormir a huma Cidade , que chamaó Oragóça , que ſom
outo legoas , eſteve hi , o outro dia , que foi Dominguo ; eſta Cida
de he muy boa , e ben povoada , e tem bons termos , e huma Şeê
ODAS muy boa , e tem duas Imagens de Santa Maria muito ferinozas , a ou
lor
ſia she muito boa , e na Igreja eſtam muitas armas de juſtas , e de tor
Home
neo e eſta outra Igreja della hum tiro de pedra , que he ordena
da como Seê , e tem duas ouſias , ff. huma em hum cabo , e outra
cele ہے
no outro , e ſom muy fermozas , e quando vao da Seê pera ella vaó
per fundo de hum alpendere , que he todo cheo dalpendres , e ten
das , em que vender muitos panos , e muita marcaria , e outras mer
rocery cadorias, e a Cidade mandou hum prezente de vinho ao Conde. Ou
tro fi forom contados de Baſilea ata efta Cidade todolos Caſtellos
e villas , e com as Cidades , que alli eſtavam juntas com o rio , que
w que chamam a humna dellas Briſaque , e a outra o Penaher , e a ou
tra Eſtraasbur , e a outra Iſpir Julmon , e aldeas , em que moravam
dezaſeis , vinte fogos , eſtes lugares todos pareciam do dito Rio ,
porque hiam de Baſilde ate eſta Cidade de lugares cliij. e delles eſta
wel vam do Rio huma , e duas legoas , que pareciam do dito Rio , por
que he de Bafille ate eſta Cidade a terra toda chaam , e todo cheo
Tom. V. Kkkk ii de
628 Provas do Liv. X. da Hiſtoria Genealogica
de muy grandes matas , e deſta Cidade a Colonha ſam vinte e fete
legoas , e eſte Rio vai per antre duas ferras , que fam as milhores
e mais fermoſas , que no mundo ha , que fom todas cheas de muy
boas vinhas' , e tem muitos Caſtellos , e villas , e Cidades como a di
ante faaz mençao.
A ſegunda feira ſeguinte partio o Senhor Conde deſta Cidade
pera Colonha , e foi dormir a huma villa , que chamam Santo Grinel,
e alli jaz eſte dito Santo em huma Igreja , e neſte dia achou o Con
de duas Cidades , e huma chamam Loquerne , e tem muitas vinhas
darredor , e a outra chamam o Carraa , e mais huma villa , que cha
ma) Carnil , e tem dous Caſtellos ſobre ſi , e hum efta na metade do
Rio , e outro em huma peña , que ſom muy fortes , e neſte dito dia
forom contados os Caſtellos , e Villas , e eſtas duas Cidades , e qua
tro aldeas , e acharam , que eram trinta e outo per todas , que eſtam
todos per veira deſte Rio , eſte dia andou o Conde nove legoas, e
ao outro dia foi dormir a hũ Caſtello, que chamam Angles , que fom
fete legoas e neſte dia ouvera o Conde dir dormir a huma , que
muy grande
eram 6iij. legoas , e fez muy grande vento
vento , e chovia per tal guiſa,
que no poderað "hir as barcas por diante , e por ello dormio neſte
Caſtello , que moravam nelle ata vinte e ſeis fogos, e nom acharam
hi carnes , nem camas, nem paó , ſena ) de raza , e ovos, que cearam,
e neſte dia forom contados os Caſtellos , e Cidades , e acharam tres
Cidades , e huma chamam Poupar , e outra Roſta , e a outra Cam
bulancia ', e ha dezanove Caſtellos , e cinco aldeas , e ao outro dia
foi dormir a huma Cidade , que chania Bona , que fom nove legoas,
e o Conde mandou as quatro barcas cos cavallos, aſſi como ellas vi
nham ordenadas , que foſſem dormir a Bollonha , que eră dalli qua
tro legoas , e aſli andaram eſte dia doze legoas , e como chegarain a
dita Cidade o Apoſentador do dito foi tomar hum eſtao , em que por
aquella noite dormio toda a jente , e os cavallos , e mandou logoe ,a
que tiraſſem os cavallos das barcas , e os trouxeſſem ao eſtaoeſte nom
>
fraſca toda , e eſto feito foi logo buſcar outro eſtao , porque
era bom , e foi tomar hum acerca da Seè , que he muy grande, em
que coube o Conde com todolos ſeos , ſalvo nove , ou dez peſſoas 9
U EIRey faço ſaber a quantos eſte meu alvara virem que eu vy Num. 8 .
ehf
olles
Eneſta Carta a tras efcripta , e de meu propio motu , e Real pode. An. 1534.
rio , ey por bem que ſe emtenda para o dito D. Franciſco Conde de
Vimiozo meu muito amado primo poder aver e ter quaeſquer terras
o e padroados da Coroa de meus Reynos que lhe atequy por my, ſejao
11:00
ou daquy por diante forem dados ou por qualquer inaneira leixados
anti
ou avidos , e o ey por ligitimo pera iſſo ſem embargo da Ordenaçað
do ſegundo libro titulo dezaſete s . outra duvida , e quaelquer outras
AND
ieys em contrario as quacs ey por derogadas pera eſte efeyto como
ſe da ſuſtancia delas fizefe expreſa mençaó , e quero que eſte mieu al
12.7
vara ſeja firme, e tenha inteiro vigor, e efeito como Carta minha
patente parada por minha Chancelaria ſem embargo da Ordenaçað do
livro
632 Provas do Liv. X. da Hiſtoria Genealogica
livro 2. tit. 20. que diz que as couzas cujo efeito ham de durar mais
de hum anno no paílem por alvaras porque a ey por derrogada niſto
e quero que nom valha , e eſte alvara ſe cumpra pera ſempre porque
aſy o ey por meu ſerviço , e aſy me praz , que eſte nom paſe pola
Chancelaria ſem embargo da Ordenaçam porque mando que as minhas
Cartas e alvaras nom valham nom (endo palladas pela Chancelaria ,
porque tambem pera eſte alvara aver efeito a derogo S. Pero Dalço
va Carneiro o fez em Evora a ix dias de Mayo de mil quinhentos
XXX IIIJ.
REY .
ger
Carta da Rainha Catholica D. Iſabel, de promeſa de tres contos
de maravedis a D. Joanna de Vilhena , Dama da ſua Caſa,
filha do Senhor D. Alvaro. Original eſtá no Archivo da
eget
Caſa de Vimioſo, maço 78 , n. 497 , donde o copiey.
2012 , LA RE Y N A.
lapork
Or la preſente ſeguro , e prometo a vos Donna Fėlipa , mugerNum . 11 .
PO de Don Alvaro de Portugal , Preſidente , que fue en el my Con
lejo , y myContador mayor defunto , que cafando vueſtra hijaDon. An. 1503.
na Juana de Villena , Dania de my Caza , en my vida le dare tres
quentos de maravidis , los quales mandare dar a quien con ella caſare
Portal fi vos anſi lo acentardes , y por eſta ſedula con ſu puder le mandare
librar los dichos tres quentos de maravidis en qualeſquier mys rentas
deſtos mys Reinos , de lo qualvos mande dar la prezente firmada
de my nombre; fecha en Segovia xxvij dias del mes de No
viembre de quinientos, y tres años.
DETICE YO LA REYNA.
com
e Por mandado de la Reyna
Oll
TI, Lope Conchillos.
Tom. V. LIII Carta
634 Provas do Liv. X. da Hiſtoria Genealogica
Carta do Officio de Védor da Fazenda , paſſada ao Conde de Vi
miofo , por concerto com o Cunde de Villa-Nova. Original,
que eſtá no dito Cartorio da Caſa de Vimioſo, maço 78 ,
num . 531 .
Num . 1 2. D Om
label Manoel , & c. A quantos eſta noſſa Carta virem fazemos
, que o Conde de Villa nova , Veedor da noſla fazenda,
An . 1516 . nos pedio ora por merce , que ouvellemos por bem , e nos prouvelle
de lhe dar lugar , e licença , que elle ſe podeſſe concertar com Dom
Franciſco , Conde do Vimioſo ſobre o dito feu officio , e avendo nos
reſpeito aos merecimentos dambos, e aos muitos ſerviſſos , que del
les temos recebido , e ao diante eſperamos receber , e como o dito
Conde de Vimioſo he tal peſſoa , que no dito officio eſperamos , que
elle nos ſervira bem , e lealmente , e que he para ſeu auto , e perten
cente e que das couſas , que uſar aa dita noſſa fafenda 'nos daraa
ſempre de Ty aquella conta , e reſaó , o que a ella , e a noſſo fervif
fo , e ao direito das partes compre , como convem á huú tal officio ,
e querendo a ambos faſer graça , e merce , temos por bem , e nos
pras dello ; e per eſta preſente noſſa Carta , damos , e faſemos merce
ao dito Conde do Viinioſo do dito officio de Veedor de noſſa falen
da , com todalas honras , privillegios , liberdades , preheminencias, man
timento , proeis , e percalços a elle ordenados , ally , e pella maneira,
que per noſlo Regimento de ordenança os deve aver , e aſſy como
as tinba , e avia o dito Conde de Villa nova ; o qual logo em noſlas
maons nollo arrenunciou pera o darmos ao dito Conde do Vimioſo ,
e porem mandamos aos Veedores de nolla faſenda do Reino , Con
tador Moor , Provedores , Contadores, Almoxarifes , Recebedores ,
Efcrivaens , 'e a todolos outros noſſos Officiaes , e peſſoas da dita noſ
ſa faſenda, e a quaeſquer outros , a que eſta noſſa Carta for moftra
da , e o direito della pertencer , que ajaó , e conheçað daqui em dian
te ao dito Conde do Vimioſo por Veedor da dità noſſa faſenda , e
The obedeçað ein todallas couſas , que ao dito officio pertencerem ,
ſegundo a jurdiçaó, e poder , que per noſlo Regimento , e ordenan
ça lhe temos outorgada ; o qual Conde do Vimioto jurou em noſſa
Chancellaria aos Sanctos Evangelhos , que bein , e verdadeiramente
ſirva, e uſe do dito officio , guardando il nos nolo ſerviſlo , e ao po
vo feu direito. Dada em a noffa Cidade de Lisboa a xx6iij. dias do
mes de Junho. Jorge Fernandes a fes anno do Naſcimento deNollo
Senhor JESU Chriſto de 1516.
Carta
da Caſa Real Portagueza. 635
1. Carta del Rey D. Joað o III. de merce da Commenda do Caſtel
1
lo , e Alcaidaria môr de Thomar , e das Pias , a D. Affonſo de
Portugal, Conde de Vimioſo. Original eſtá no Cartorio da
dita Caja, maço 78 , num . 522 , donde a copiey.
daaquem eper
OmJoað graça maar
daalem em Rey
de Deos aafrica Portugaldee dos
de Senhor Algarves
guineee da
Num. 1 3.
An . 155 .
Comquiſta naveguaçao e comercio de Ethiopia arabya perſya e da In
dia. Como governador e perpetuo adıniniſtrador que ſaó da ordem
e cavallaria do meſtrado de noſſo Senhor Jeſu Chriſto. Faço ſaber a
let quantos eſta minha Carta virem que D. Franciſco Conde do Vymio
30 lo que Deos perdoe tinha hum meu alvara perque me prouve avem
do reſpeito a ſeus muitos ſerviços e merecimentos de por ſeu faleci
mento fazer merce ao ſeu filho mayor baraó lidimo que delle ficaſe
da comenda do caſtello e alcaidarya moor da villa de Tomar aſli e
da maneira que a elle tinha e poſluhia per huá proviſaó delRey meu
Senhor e padre que ſanta gloria aja e por ora o dito Comde ſer fal
lecido D. Affomſo de Portugal ſeu filho mais velho , Comde do vi
mioſo meu muito amado ſobrinho , cavaleiro profeſſo da dita ordem
me pedio que lhe mandalle dar carta em forma da dita Comenda. E
viſto ſeu requeremento , e eſguardando eu os muitos ſerviços que o
dito Comde ha dita ordem ea mym tem feito e aos que eſpero que
ao dyante faraa , e por folguar de lhe fazer merce tenho por bem e
The dou ora daquy em diamte a Comenda o dito Caſtello e alcayda
rya moor da dita Villa de Tomar com todas as rendas , dereitos , tri
butos, foros , pertenças e couſas que aa dita Comenda e alcaidarya
moor dereytamente pertemcem e poſlao pertemcer , aſfy e da manei
ra que todo tinha , avya , recadava e poſſuhia o dito Comde ſeu pay
per vertude da dita proviſaó e como lhe per ella todo pertemcia da
qual o trellado he o ſeguinte. D. Manoel per graça de Deos Rey
de Portugal e dos Algarves daaquem e daalem mar em aafrica Senhor
de guinee e da Comquiſta navegaçao e comercyo de Ethiopia Arabia
element
Perſia e da India. A quantos eſta noſſa Carta virem fazemos ſaber.
Como Governador e perpetuo adminiſtrador que ſomos da ordem e
cavallaria do meſtrado de noſſo Senhor Jeſu Chriſto que eſguardando
nos os muitos ſerviços que a nos e aa dita ordem tem feito Dom
Framciſquo Comde do Vimioſo meu muito amado ſobrinho Cavalei
diri ro da dita ordein , e como he couſa juſta que aquelles que nos bem
ſervem como elle tem feito e eſperamos que ſempre a nos e aa dita
ordem faça recebaó de nos inerce e pollos ditos reſpeitos e polla boa
vontade , que lhe temos e por folguarmos de niſto lhe fazer merce
temos por bem e lhe damos ora daquy em diamte em Comenda o
Caſtello e alcaidarya moor da noſſa Villa de Tomar , com todas as
rendas, dereitos , tributos , foros , e pertemças , e couſas que aa dita
Comenda e alcaidarya mcor dereitamente pertemcem e poſlaó pertem
cer , affy e na maneira em que todo tinha, avya Lillii
, recadava, e poſſu
hia
Tom. V.
636 Provas do Liv. X. da Hiſtoria Genealogica
hia D. Dioguo de Souſa que ſe finou , per cujo falecimento a dita
Comenda e alcaidarya moor ficou vagua. E porem o noteficamos ao
noTo ouvidor do dito meſtrado e ao Juiz , Vereadores e officiaes da
dita Villa , fidalguos , Cavalleiros , homens boos e povo della e lhe
mandamos que ajaó o dito Comde por noſſo alcayde moor e ao dito
ouvidor e Juiz que lhe dem a poſte da dita Comenda e alcaydarya
moor e lha leixem ter , e della uzar e aver , recadar e poſſuyr todas
as remdas , dereitos , tributos , foros, e pertemças que com a dita al
caidarya moor tinharecadava e poſſuhia o dito D. Dioguo e ao nof
ſo Contador do dito meſtrado que lhe de a poſſe de todas as rendas I
eink
Carta de privilegio da arrecadaçað das rendas , concedida ao Con
de de Vimiotó. Original, que eſtá no ſeu Cartorio com tref
lado authentico, no referido maço, donde a copiey.
CENTE
Om
DOCES Joað por graça de Deos Rey dePortugal, e dos Algar- Num . 14.
ves ,Jaquein , e dallem maar em Africa , Senhor de Guinee , An. 1532.
da Conquiſta navegaçao Comercio da Ethiopia , Arabia, Perſia , e da
ระเข้ India . A quantos eſta minha Carta virem faço ſaber , que o Conde !
ada do Vimioſo , meu muito amado Primo me diſſe , que elle recebia
7 muita perda , e deſpeſa na arrecadaçao de ſuas rendas , e de ſeus fi
D A T E lhos , as quaes tinha antre Douro Minho , e em outras partes de
Tales meus Reinos por os Rendeiros dellas , e ſeus devedores lhe nað que
rer pagar , em demanda , e dellongas , e ſe paſſava muito tempo em
Olaia
citaçoens , e dilligencias , e com tudo nao podia aver pagamento de
ſuas dividas ; pedindome o dito Conde por merce , ouveſſe por bem,
si que as peſſoas , que elle nomeaſſe , e ellegeſle por ſeus affinados pera
recadaçao das ditas dividas , teveſſem poder de as recadar , e executar
abypup do modo , e maneira , e que os meus Almoxarifes arrecadaó, e exe
cutað minhas dividas ; e viſto ſeu requerimento , por niſſo lhe faſer
nierce , tenho por bem , e me pras , que o dito Conde poſſa daqui
Way
em diante per ſeus aſſinados elleger, e nomear pera recadaçaõ de ſuas
1 rendas , e dos ditos ſeus filhos , em quanto eſtever ſob ſeu poder > as
ܐ peſſoas, que lhe aprouver. As quaes pelToas , e cada huma dellas per
eſta preſente Carta dou poder , e authoridade , que poſſaó requerer
د todos ſeus Rendeiros , e devedores , que lhe pague aquillo , que ſe
Sa dever ao dito Conde , ou a ſeus filhos, per arrendamentos , e conhe
cimentos
obrigaçoes , ou contas antre elles , e o dito Conde, ou
ſeus Feitores, e Provedores feitas , aſfy dos annos atras paſſados, co
mo dos que dever da feitura deſta em diante e
, nao querendo elles
logo pagar as dividas , e as taes peſſoas para iſſo enlegidas pello di
to Conde , poderað mandar requerer , e penhorar os ditos Rendeiros,
e ſeus beés moveis , e de rais , e nos nomes de ſeus devedores , e al
oté ſy os fiadores ſegundo forma de ſuas fianças , nos quaes farâ execu
çaó pellas contias , que ally deveer pellas meſmas obrigaçoens, ou
11 contas feitas com os principaes devedores , nem pera iſſomaes ſer
15. " citados , nem demandados , as quaes penhoras, e execuçoens as ditas
peſſoas mandarað faſer por hum Tabaliaó , ou Efcrivað com humriMei
n
a
l ho ,
1
de reminde Om
Des, Joaópor
Dves graça de Deos Rey de Portugal ,e dosAlgar- Num. 19 .
daquem , e dalem , mar em África , Senhor'de Guine, e
lenó An . 1534•
Espero
da Conquiſta navegaçaó , Comercio de Ethiopia , Arabia , Perſia', e
da India , &c. A quantos eſta minha Carta teſtemunhavel'virem ſau.
brata de , faço ſaber , que por parte do Conde do Vimiozo me foi apre
ge ſentada huma minna revoguaçao dos privillegios da Villa Daguiar da
70k!
beyra , de que o teor tal he. D. Joað por graça de Deos , Rei de
Portugal , é dos Algarves , daquem , e dalem , mar em Africa , Se.
e De nhor de Guine , e da Conquiſta navegaçaó , Comercio de Ethiopia,
Arabia , Perſia , e da India , &c. faço faber a quantos eſta minha Car
QUESTA
ta de revogaçað , e annullaça) , e declaraçað virem , que confirando
eu como os privillegios , que por mim , où pelos Reis meus antecel
ſores forao dados , ou confirmados a alguns lugares deſtes Reinos
ſempre
paraRey
lo tolhem ho livre poder do Principe , e o empedem muitas
vezes , que nað poſſa livremente fazer aquellas merces , e gallardoens,
e doaçoens, que ſeus ſuditos , e vallallos por ſeus grandes ſerviços ,
merecimentos , e lealdades ao Rey , e ao Reyno merecem ܕe pelo
ſentir aſſim por ſerviço de Deos , e meu , e por outras juſtas , e ne
biu ceſſarias cauzas , que me a iſo movem de meu propio moto , e po
der auſaluto , e certa fabedoria por eſta preſente deliberadamente re
IR??? voguo , e annullo todos , e quaeſquer privilegios , que por mim , ou
pelos Reis meus anteceſores , ou por outra qualquer maneira ſejað
dados , ou confirmados aa Villa Daguiar da Beira , e aos Nobres ,
povo , e moradores della , porque foi feita Realemgua , ainda que nos 16
privillegios lhe leja concedido , que por nenhuma guyſa poſſa ſer da
da a alguum nem ainda que ſejafilho de Rey , ou outras quaeſquer
ube clauzulas , que
pera ſempre ſer Realemgua nos ſeus privilegios , lar
1
27, gamente ſeja conteudo os quaes aqui ey por expreſſos, e ey porbem,
// e quero , que daqui em diante nað valhaó a dita Villa , nobres, é
povo della nein tenham viguor , nem effeito algum em juizo , nem
fora delle , e os ey por revogados , e annullados, e por taes os de
*G craro , poſto que as cauzas porque forað concedidos , ou confirmados
foſſem
i
l
640 Provas do Liv. X. da Hiſtoria Genealogica
foſſem por proveito pubrico , ou por trabalhos periguos , afrontas, 1
ELREY.
Num . 25.
daquem e dalem maar em affrica , Senhor de guine e da Con An. 1534 .
quiſta navegaçao , Comercio de Ethiopia Arabia , Perſia e da India.
À quantos eſta minha Carta de doaçað virem que olhando eu os mui
-al tos e mui grandes ſerviços que D. Franciſco Conde do Vimioſo meu
Con muito amado primo tem feito a ElRey meu Senhor e padre que fan
ta gloria aja , e a mim e ao diante elpero que me faça per os quaes
lhe faó em muita obrigaçao e querendolhos em parte agualardoar , e
por muitas e muy juſtas cauſas e muy obrigatorias que me a iſſo mo
173 vem me praz de meu proprio moto poder Real , e abſoluto livre von 1
tade certa ſabedorya , e por mo elle pedir , e lhe fazer merce e doa
الم çaó pura , livre e irrevogavel , antre vivos valedoura como de feito
ar per eſta minha Carta lhe faço da Villa do Vimioſo e ſeu termo que 1
17:23
todas as rendas foros e dereitos Reaes que eu hy ey e poſſa aver ,
ag:s com o Caſtello e alcaidarya , e dereitos dela , e portagem e quaeſquer
ayo
outros que nella tenho reſervando pera myin Correiçao e alçada , e
lhe faço yſo meſmo merce e doaçað expreſſamente do padroado que 1
els tenho e todas e cada hua das Igrejas da dita Villa , e ſeu termo e do 1
minha Cancellaria , e afy ey por bem que elle ou ſeu Ouvidor pofa
fazer as eleiçoes e apuraçao dellas , e tirar os Juizes e officiaes , e pof
ſa confirmar , e confirme os Juizes que ſairem per eleiçao que ſe fe .
Tom . V. Nnnn ii lo
652 Provas do Liv. X. da Hiſtoria Genealogica
lo Vaaz , Cavalleiro de noſſa Caſa , e alcaide moor do Vimioſo nos
foi apreſentada huă Carta delRey meu Senhor que ſanta gloria aja ,
da qual o theor de verbo ad verbo hee eſte que fe ao diante ſegue.
D. Joað per graça de Deos Rey de Portugal , e dos Algarves da
quem , e dalem maar em affrica Senhor de guine. A quantos eſta nof
fa Carta virem fazemos ſaber , que nos avendo ora por noſſo ſerviço
e bem e proveito de noſſos Reynos fazemos Couto a nolla torre do
Vimioſo , com eſta declaraçao que atee vinte homiziados , de quaef
quer maleficios em que ſejað culpados pollað viver em o dito Caſtel
lo e eſtem ahy acoutados e nað ſejað preſos nem tirados do dito
Couto pelos ditos maleficios de tal callidade queacoutandoſe por el
les a Igreja o privilegio , e immunidade lhes valeria. E ſendo taes
que per direito nao podeſfem gouvir da immunidade da Igreja , em
taes caſos queremos que lhes nao valha eſte privilegio de Couto , e
mais declaramos que eſte privilegio valha aos homiziados quanto aos
maleficios que per elles fora ) cometidos atee dez leguoas do dito Cou
to e ſendo menos lhe nao valha. E aſy mandamos que os Juizes do
dito Couto mandem fazer huum livro em que ſe eſcrevao os ditos
homiziados quando ſe vierem a coutar e nað fairað do dito Conto
para nenhua parte falvo per licença dos Juizes do dito lugar , a qual
Ihes poderao dar de dous meſes pera poderem ir negocear ſuas cou
ſas em os lugares de noſſos Reynos com tanto que nað voltein em
os lugares e termos onde cometerað os maleficios, e com eſta decla
raçao mandamos que ſe guarde eſta noſſa Carta , é privilegio, como
em ella he contheudo , os quaes homiziados atée o dito Couto nao
ſejao colhidos per Gonçalo Vaaz noſſo alcaide moor do dito Caſtello,
ou per qualquer outro , que ao diante for. Dada en Lisboa a xxbij
dias de fevereiro. Pantalia) Dias a fez anno de mil . Pedin
donos o dito Gonçalo Vaaz por merce que lhe confirmaſemos , e ou
veſſemos por confirmada a dita Carta , è viſto por nos ſeu requeri
mento , e querendolhe fazer graça e merce temos por bem e lha con
firmamos e avemos por_confirmada a dita Carta , afy e na maneira
que ſe nella conthem. E porein nandamos a todolos Corregedores
Juizes , e juſtiças officiaes epeſſoas a que o conhecimento deſto per
tencer'e eſta noſſa Carta for moſtrada , que aly lha cumpraó e guar
dem , e façaó muy inteiramente cumprir , e guardar , afy e na manei
ra que ſe nella conthem porque afy he noſta merce. Dada em Setu
val a ix dias de Mayo . Belchior nogueira a fez anno de mil quatro
centos e noventa e ſeis. Foy concertado per mim Pamtaliam Rebello.
1
654 Provas do Liv. X. da Hiſtoria Genealogica
maneira que dito hee. Porem mando a todos os meus Corregedores
Juizes e juſtiças Officiaes e peſſoas , a que o conhecimento pertencer,
que metaó em poſſe ao dito Conde de todo o contheudo neſta dita
Carta em ſua vida como dito hee , e lhe leixem de todo aſly hufar ,
na forma ſobredita , ſem lhe niſſo ſer pofta duvida nem embargo al
gum porque aſſy hee minha merce . È inando ao meu Contador da
Comarca , que mande treladar eſta Carta no livro dos meus proprios
pera em todo o tempo ſe ſaber como aſy tenho feito eſta merce ao
dito Conde. Dada na minha Cidade devora , a xx6iij de Março. 0
Secretario Franciſco Carneiro a fez anno do naſcimento de noſſo Se
nhor Jeſu Chriſto de 16xxxiiij. Foy comcertado per mim Pamtaliam
Rebello ,
ilo
.
Aibam quantos eſte eſtromento , dado em pubrica forma , com Num . 27.
treslado de huá Carta da Capitania da ilhada madeira na jurdiçaó An . 1543.
de machico virem que no anno do nacimento de noſſo Senhor Jeſus
Chriſto de mil e quinhentos e noventa e ſeis aos quinze dias do mes
1 de Janeiro , na Cidade de Lisboa nos paços dos tabaliaēs , pareceo
18 ahi preſente , Vicente Moniz criado do Senhor Dom Luis de Portu
gal , e em nome do dito Senhor apreſentou a mim tabaliam ao dian
te nomeado hum livro dourado , e emcadernado em pergaminho com
ſuas fitas verdes da inſtettuyçað do morgado do Senhor Dom Afon
DA ſo Biſpo que foi de Evora pedindome o dito Vicente Monis , que de
1 meu officio lhe delle o treslado de huă carta que no dito livro eſta
va , da Capitania da ilha da madeira na jurdıçao do machico que o Se
nhor D. Afonſo de Portugal Conde do Vimioſo houve em caſamen
to com a Senhora D , Luiza de Guſmað , ſua mulher a qual carta ef
tava comcertada da original per proviſaó delRey D. Sebaſtiaó que
1 ſanta gloria aja per Alvaro Fernandes , eſcrivao da Camera , que foi
do dito Senhor, por ſer neceſſaria ao dito Senhor D. Luis de Portu
Tom, V. Oooo ii gal ,
!
pertencer , e eſta Carta for moſtrada , que aſlim lha cumpraó e goar
چند dem , e façao comprir e goardar como nella hee contheudo , porque
aſly he minha merce , e por firmeza dello lhe mandei daar efta Car
ta ' por mim aſſinada , e alellada de meu Sello de chumbo e a Carta
toga i que o dito Antonio 'da Silveira tinha da dita Capitania que neſta vai
10
tresladada, e ſe houvera de roinper ao afinar della ſe nao.rompeo por
too
Tat
pera hir com a dita Iffante quando foi verſe com á Raynha de Fran
1
ça ſua máy , e que naquelle tempo ſe tratava com o dito Conde que 11
largalle
670 Provas do Liv. X. da Hiſtoria Genéalogica
largaſle o officio de Veedor da fazenda que tinha , e por elle nað
aceptar as inerces que ſe lhe faziaó em fatisfaçao do ditoofficio , nao
ouve effeito a largallo , e ficou pera ſe lhe reſponder a tudo depois
que tornaſſe com a Iffante. E que elle mandou entaó pedir a S. A.
que ſe nað pubricaffe que ſe tratava de elle largar o officio , porque
nao acharia quem lhe empreſtaſſe dinheiro pera o gaſto da dita jor
nada , o que pareceo bem aſſi a S. A. e ſe teve em fegredo por faber
que nao poderia o dito Conde fazer o cuſto daquella jornada ſem di
nheiro empreſtado, a qual fez de modo que S. A. teve delle muita
fatisfaçað. E que tambem era lembrada , que o Conde lhe mandara
hum rol das dividas que devia , de que hagora ſe nað lembra que he
feito delle , e que por nað faltar a obrigaçao que tem de dizer o que
niſto paſſou pedindolho o Conde poreſta petiçaó , e dizendo que
lhe era muito neceſſario pera conſervaçao de ſua honra e juſtiça, ine
mandou que diſto lhe paffafle eſta Certidað , a qual fiz em Buxobre
gas aos 19. de Março de mil e quinhentos é fetenta e dous.
Franciſco Cano.
U EIRey faço ſaber aos que eſte Alvara virem , que avendo rel
Num. 30. mal
An. 1567. Conde do Vimiozo meu muito amado ſobrinho , ey por bem , e me
praz , que elle poſſa ter Ouvidores das ſuas Villas do Vimiozo , e
Aguiar da Beira fora das ditas Villas nað paſſando de ſeis legoas de
cada huã dellas , onde os ditos Ouvidores uzaraó da Jurdiçaó , que
elle Conde de nym tem , aly como o poderað fazer ſe viveram ,
rezidirað nas ditas Villas ; eiſto ſem embargo de minha ordenaçao
em contrario noteficoo ally a todos meusDezembargadores, Corre
gedores , Juizes , Juſtiças, Officiaes , e peſſoas a que o conhecimento
diſto pertencer, e lhes mando que lhe cumprað ,' e façao inteiramen
te cumprir , e guardar eſte Alvara como ſe nelle contem o qual ey
por bem , que valha , e tenha força , e vigor como ſe foſſe Carta
feita em meu nome por mym aſſinada , e pallada por minha Chancel
laria , e poſto que por ella nað ſeja paſſado ſem embargo das orde
naçoens do ſegundo livro ,tit. xx. que o contrario diſpoem . Jorge
da Coſta o fez em Almeyrim a xix de Fevereiro de 1567.
O CARDEAL INFANTE ,
Privi
1
da Caſa Real Portugueza. 671
hews, Privilegio para o Conde de Vimioſo caçar na Coutada de Evora.
de contenu
Original eſtá no maço 78 , num . 511, da Caſa de Vimioſo.
ܬܐܐ ܕܐ
U EIRey
bem praz ſaber
e me faço aos que eſte Alvara virern , queeu ey por Num. 31.
por fazer merce a D. Affonſo de Portugal,
de do Vimiozo , meu muito amado ſobrinho , Vedor de minha fazen- An. 1564.
da , que em quanto elle eſtiver na Cidade Devora poſſa caçar na Cou
tada da dita Cidade hum dia cada ſomana , as lebres com dous gal
guos , e as perdizes com hum açor , ſem por iſſo elle , nem as peſ
ܐܕܐܐ ſoas , que forem em ſua companhia encorrerem em penna alguma, e
iſto em quanto eu ouver por bem , e nað mandar o contrario , e man
j do a todas minhas juſtiças , e officiaes a que eſte Alvara for inoſtra
do , e o conhecimento delle pertencer , que lhe deixem caçar na di
ta Coutada o dito dia cada fomana com os ditos dous galguos , e
hum açor , como acima hê dito , e lhe cumprað , e guardem eſte Al
vara
como ſe nelle contem, o qual ey por bem , que valha , e te
nha força , e vigor como ſe foſſe Carta feita em meu nome , por mim
aſſinada , e paſſada por minha Chancellaria , e poſto que por ella nao
ſeja paſſado , ſem einbargo das ordenaçoens do ſegundo livro , titulo
vinte , que o contrario diſpoem . Jorge da Coſta o fez em Lisboa
1313 a 20. dias de Setembro de 1564.
die
O CARDEAL INFANTE .
encore
Alvará para o Conde de Vimioſo poder paſar por toda a parte, e
7,17 lhe darem pouladas, & * c. Original eſtá no Cartorio da dita Ca
ZOT Ja , maço 78 , num . 562 , donde o tirey.
U ElRey faço ſaber aos que eſte meu Alvara virem , que eu hhei .
2013
por bem , que por todos os lugares por onde o Conde do Vi.
Captain mioſo mell muito amado ſobrinho quizer bir , e paſſar o recolhao An. 1569 .
com toda ſua Caza , e com todo ſeu fato ſem ó deterem a bandeira,
e lhe dem cazas pera ſua peſſoa , e pouſadas , e camas pera os ſeus
e eſtrebarias , beltas , barcos , carros , mantimentos , e tudo o maes
que lhe for neceſſario por ſeu dinheiro pollo eſtado da terra , e que
rendo eſtar daſemto em qualquer Cidade, Villa , ou Lugar , que lhe
bem parecer o poderá fazer , e ſerâ hi recebido com todos os ſeus
e o ſeu fato , fem o deterem a bandeira moſtrando ſua arrecadaçað do
lugar donde partir , e no tal lugar onde quizer eſtar lhe darao Cazas
a elle , e aos ſeus , e tudo o maes , que lhe for neceſſario polla ma
neira acima declarado , jurando o ſeu Veador como nað leva peſoa
empedida , nem paſſaraó por parte empedida ; e mando a todos os
Corregedores , Ouvidores , Juizes , e juſtiças a que eſte Alvara for
aprezentado , 'c o conhecimento delle pertencer , que eſte cumprað,
e guar
672 Provas do Liv. X. da Hiſtoria Genealogica
e guardem ſob pena de qualquer peſſoa que o aſſim naó comprir pa
gar cei cruzados ametade pera quem no acuzar e a outra ametade
pera os Cativos , e eſte le cumprirâ poſto que nao paſſe polla Chan
cellaria ſem embargo da ordenaçao ein contrario. Clemente de Cal
tilho o fez em Leyria a 6iij de Setembro de 1569. Joao de Caſtilho
o fiz eſcrever.
REY .
that
Fr. Luis de S. Tiago.
ܢܬ
Certifico eu Fr. Domingos do Roſario da Ordem dos Pregado
res que os dous finaes que eſtao na derradeira banda da folha em que
começa Sor Coſtança de Jeſu minha hirman a juſtificaçaõ dos ditos fi
nais faó ambos do Conde do Vimioſo D. Afonſo de Portugal meu
pay , os quaes conheço , porque vi muitas vezes eſcrever e fazer o
ind ſeu final , e recebi em ſua vida muitas Cartas que nie eſcrevia , e as
derradeiras regras que eſtao apos o primeiro ſinal em que pede o of
do ficio de Veador da fazenda pera ſeu filho ſucceſſor de ſua Caſa , ſao
da letra do dito Conde D. Afonſo o que tudo com licença de meus
تی Prelados juro per Deum da Ordines e a inſtancia do Conde que oje
he do Vimioſo fiz e allinei eſta Certida) em S. Domingos de Lixboa
El a tres de Março de 627.
Fr. Domingos do Rozario.
Octaviano Manlique da Veiga tahaliam de notas por S. Mageſ ll
Alvari
da Caſa Real Portuguega. 677
let
Alvará deiRey D. Sebaſtiao ao Conde D. Affonſo, da fuccefað
da Caſa paraſeu filho. Original eſtá no Cartorio da Caſa de
abb Vimiofo , maço 78 , num . 509.
16
E ' U EIR ey faço ſaber aosque eſte meu alvara virem que olhando Num. 37.
A 15
Afonſo Conde do Vimioſo meu muito amado ſobrinho fez a ElRey n. 72 .
ܠܐ meu Senhor e avò que ſancła gloria aja , e a boa conta que ſempre
de fy lhe deu , e como a mim tein aly meſmo ſervido e com muito
meu contentamento e me them dado de ſy muy fiel conta , avendo a
tudo reſpecto e aos muitos mereſcimentos de lua peſſoa e de ſeus ſer
ajice viços querendolhe por elles fazer merce como he couſa juſta que
>
Dir faça aos que me aſy bem ſervem , como elle them feito e eſpero
520 que ſempre faça e pella muito boa vontade que lhe tenho , por eſte
preſente alvara me praz de lhe fazer merce e de fecto lha faço das ( Nota. )
Pormes couſas abaixo declaradas , f. Do titulo de Conde do Vimioſo e aſy por eso vivara je fastan
ndo da dita Villa , e aſy da villa daguiar da beira e da Alcaidaria mor da rô a D. Luiz de Form
Villa de Thomar, e todo o que dito he paraſeu filho mayor Baram dede Vimioso, Aguiar da
lidimo que fiquar ' delle ao tempo de ſeu faleſcimento e ouver de er som de604. " hab"se vas.
dar ſua Caſa , em vida do dito ſeu filho ſomente , e todas as ſobre hacomo,deporque pareceobraqueporje
fazer mais
ditas couſas é cada hua dellas viraó ao dito ſeu filho e as averá em «ie. Nao faça duvida o
ſua vida como dito he e naquella propria forma e maneira como as o ' cadarometer perapoder
dito Conde them per ſuas dcaçoés cartas e provilcēs e millor ſe com loa
CapitaniadeMachuo. Lis
4 20. do Aoten.bro
direito milhor as poder aver , e ey por bem que por faleicinento do de 1605.
Uli dito Conde o dito ſeu filho fique Conde e le poſta loguo chamar Chriftovao Soares .
Conde. A qual merce de todas as fobreditas couſas e de cada hua
dellas lhe faço de meu motu proprio livre vontade poder Real e ab
ſoluto mero mixto imperio e derroguo para iſſo todas as ordenaçoes
ne e cada huá delas que para aver efecto tudo iſto convem que ſejam
derroguadas , avendoas aqui por expreſſas e declaradas e todas as clau
ſulas leis e ordenaçoés que convem que ſe declarem , ou que ſe der
roguem expreſſa e declaradamente para cada huã deſtas merces e to
dos juntamente averem cfecto , ainda que diguam quc bam de ſer no
meados para ſe derrogarem porque todas juntamente e cada hrá del
las ſem embarguo do que nellas ſe contem as ey por declaradas e
derroguadas aly como ſe aqui folem expreſas e porque de todo me
aſy praz lhe inandey dar eſte meu alvara para ſua guarda e minha
lembrança o qual quero que leja firme e tenha inteiro viguor e efecto
ویر como carta minha patente paſſada pela minha Chancellaria ſem em
nich
barguo da minha ordenaçao do liv. 2. tit. xx. que diz que as couſas
cujo efecto hain de durar mais de hum anno , nað paſſem nem ſe con
cedaó per alvaras porque em eſte caſo ey por derrogada a dita orde
naçao e quero que ſe nað guarde nem tenha efecto nem viguor algú,
antes me praz que eſte alvara ſeja ſempre valioſo e ſe cumpra e
guarde como ſe em elle contem porque aſy o ey por meu ſerviço. E
aſy me praz que eſte nað paſſe pela Chancellaria ſem embarguo da
ordena
678 Provas do Liv. X. da Hiſtoria Genealogica
ordenaçað perque mando que as minhas cartas e alvarás ſe nað cum
pram fem paſſarem pela Chancellaria porque tambem a derroguo e
quero que em eſte caſo naó aja luguar nem ſe paſſe pela Chancella
ria . E eſta merce fis ao dito Conde no mes de Julho do anno de
mil e quinhentos e cincoenta e oito. Pantaliam Rebello o fez em
Lisboa à xxij dias do mes de Dezembro de mil e quinhentos e feſen
ta é dous.
RAINHA ,
En
696 Provas do Liv. X. da Hiſtoria Genealogica
ſeus bens havidos , e por aver , e em teſtemunho de verdade aſly o
outorgarað , e mandarað fazer eſte eſtromento , e os que comprirem
que pedira) , e aceitaraó , e eu Tabaliam o aceito por quein tocar ab
ſente como peſſoa publica eſtipulante , e aceitante ; teſtemunhas que
prezentes forao Jeronimo de Payva , criado do dito Conde de Lu
myares > e Vicente Moniz criado do dito D. Fernando , e os ditos
D. Fernando , e D. Miguel de Portugal allinarao na nota com astel
temunhas, Lourenço de Freytas Tabaliaó o eſcrevi. E declaraó , que
eſta eſcriptura ſe aſſinou em dezaſeis dias do dito mes de Dezembro,
e anno prezente de ſeiſcentos e dezaſeis. E poſto que continuado
nos apoſentos do dito Conde de Lumyares aſſinouſe nos apoſentos
de D. Miguel de Caſtro , Arcebiſpo deſta Cidade , do Conlelho de
Eſtado de S. Mageftade , e ſeu Viſo -Rey neſte Reyno , eſtando pre
lente os ditos D. Fernando , e D. Miguel de Portugal , e por teſte
munhas os ditos , dito o eſcrevi ; Lourenço de Freytas Tabaliam pu
blico de notas por ElRey noſſo Senhor neſta Cidade de Lisboa, e
ſeus termos , que eſte eſtromento em meu livro de notas tomei, e
delle o fis tresladar , concertey , lobeſcrevy , e aſſiney de meu publi
co final. Pagou deſte treslado , e do treslado do contrato de dote
atras , mil e leiſcentos reis. Concertado por mim Tabalia ) Louren
ço de Freytas. Pedindome os ditos Conde , e Condella do Vimioſo
Dom Affonſo de Portugal , e Donna Maria de Mendoça , que por
quanto na dita eſcriptura de dote ſe contrataraó a que averiaó con
firmaçað minha alfy da eſcriptura do dito dote , como da inſtituiçað
de morgado nella declarado , ouveſſe por bem de lha confirmar ; e
antes de lhes dar deſpacho , mandey dar viſta da dita petiçaó , con
trato , e Inſtituiçaõ de morgado , áo meu Procurador da Coroa ; e
viſta ſua repoſta , e havendo reſpeito ao que o dito Conde , e Con
della pella dita petiçað me enviarað pedir para que a Inſtituiçað do
dito morgado ſe perpetue na ſua geraçao ; e ſucceſſaó de ſeus del
cendentes ; e por lhe fazer merce , ey por bem e me praz de confir
mar , e approvar como de feito por eſta prezente Carta confirmo , e
approvo , e hey por confirmada , e approvada a dita eſcriptura de
contrato de dote , e inſtituiçaõ de morgado nella incorporada , e que:
ro que ſe cumpra , e guarde inteiramente com todas as clauzulas con
diçoens , declaraçoens , e obrigaçoens , que nellas he contheudo, e
declarado , excepto a condiçao , e declaraçao de a Condeſſa ficar em
polle , e Cabeça de Caſal ſeparando -ſe o inatriinonio dos bens da Co
roa , e dos de morgado antigo atê ſer entregue de feu dote , e arras,
por quanto pella dita repoſta do dito meu Procurador da Coroa ,
que vio tudo o que na dita eſcriptura ſe conthem , me praz , e hey
por bem , que todas as mais condiçoens , e declaraçoens della ſe cum
praó , e guardem como ſe nella conthem , e ſejað firmes , e valioſas
para ſempre, o que affy ey, por bem de nieu proprio motú , certa ſci
encia , poder Real , e abſoluto , e iſto ſem embargo da Ordenaçao do
livro quarto , titulo noventa é ſinco S. primeiro , e do direito que
diz , que ſe naó poſſað dar fiadores à reſtituiçaõ do dote , e de quael
quer Leys, Regimentos , e de outras Ordenaçoens, grozas, e opi
nioens
3
NINI
Conſulta ,, que ſe foz a E /Rey D. Filippe IV . ſobre as pertenções
do Conde do Vimioſo. Eſtá no Cartorio da dita Caſa , don
de a copiey.
P Arecio alaJunta , que aun que Don Franciſco de Portugal hijo Num . 44.
a internet Luis, que oy eſta profeço en la Orden de Sancto Domingo , Padre An. 1628.
del Conde do Vimiozo , cometiò graviſſimo delicto , en ſeguir a Don
Antonio Prior do Crato , ſiendo en Portugal llevantado del Pueblo
ogó, por Rey , antes de la cauza de la ſucceſſion eſtar ſentenciada ; con
a Car
todo teniendo conſideracion a Don Luis Padre del Conde de Vimio
da, zu
lingerie
20 nò ſer deſcendiente , y cazo que lo fuera , los hijos naſcidos
antes del dilicto de leza Mageftad devina cometido por ſu Padre ,
n no les prejudica , y deſcender eſta caza , por linea maſcolina de los
7 انi
Reys de Portugal, y convenir que eſte cazo ſi fuera poſſible ſe ſu
mergiera , y no aver remedio mas yficas queuſar V. Mageſtad de ſua
17/ Real clemencia , teniendo juntamente concideracion a que el Conde
de Viniozo eſtando actualmente en eſta Corte , en requerimento de
chezit
ie ſus pertenciones , ſiendo Señor de ſu Caza dexando muger , y hijos,
proltado a los pies de V. Mageftad ſe ofrecio para la jornada de la
28 cm
reſtauracion de la Baya , y pronctamente ſe fue a embarquar , dando
con ſu exemplo motivo , a que tanta nobleza fueſe a ſervir a'y . Ma
C,a 1Gr2a3n geſtad daqui a dos mil leguas , con tanta fatisfacion , y gaſto , como
conſta de la Carta incluza , que Don Fadrique de Toledo eſcrive a
V. Mageftad. Que V. Mageſtad por todas ſus acciones , y ſerviſios
le aga merced del acoſtamiento del Conde pariente , teniendo conci
deracion a ſer el Conde de Vimiozo , deſcendiente por linea maſcoli
na de los Reys de Portugal , conſervandoſſe eſta prerogativa tantos
15 años ſolo en ſu Caza , y que deſpues de eſtar ordenado , que no ſe
22..02. djelle el acoſtamiento del Conde pariente a ninguna perſona ſe dio
chau al Conde D. Affonſo ſu Aguelo , por averlo tenido lu Caza. Y del
1 titolo de Conde de Juro , conforine a la ley men
0,2
To . V.
tal , el qual vacateni
Tttt
no
m
698 Provas do Liv. X. da Hiſtoria Genealogica
teniendo hijo varon a la hora de ſu muerte , aun que tenga hija , nie
tos , ò hermanos > Y de promeſla de meiora de una encomienda de
dos mil cruzados haſta tres , y de un Alvara de lembrança , para ca
zamiento de una hija , en los bienes de la Corona , y ordenes , que
tubiere la perſona que con ella cazare. El Padre Confeſlor añade
que V. Mageſtad le aga merced de promeſſa de una ayuda de coſta
de hafta ſeis mil ducados, que no ſalga de la azienda Real , con de
claracion que hara deſliſtencia de todas ſus aciones , y pertenciones
que tiene , y dado cazo que el ho alguno de ſus deſcendentes hable
en ellas no pueda ſer oydo , ſin que priniero depoſite en mano de los
thezoreros Reales , todo lo que tubiere recebido , y para eſte efecto
los aya por abonados. El Duque de Villa hermoza dice , que tiene
la perſona del Conde do Vimiozo , por merecedora de que V. Ma
geſtad le aga toda la honrra , y merced que fuere juſto , por el buen
modo con que ſirvio en la jornada de la Baya ; y para que le ſea pre
ſente a V. Mageftad el eſtado de ſus pertenciones, con diſtincion cla
ra en cada una dellas en particular. La una es fundada en el Alva
ra de promeſſa , que ſe hizo al Marques de Caſtel Rodrigo , que eſte
en el Cielo , para cazamiento de unahija , que el aplico , á la que ſe
cazo con el Marquesde Gouvea ſiendo Conde de Portalegre , y por
que murio fin dexarhijo en quien ſe cumplieſſen algunas de las mer
cedes que V. Mageſtad le avia hecho , en virtud del Alvara de pro
mella de cazamiento , pedio el Marques que oy vive , que ſe dieſſe
el Alvara para la otra hermana , que cazo con el Conde do Vimio
zo 2 y ElRey D. Phelipe III. que eſta en el Cielo ſe lo conſedio,
declarando que quando ſe lo cumplieſſe ſe tendria reſpecto a la mer
ced con que avia quedado el Conde de Portalegre. Y conſultandoſſe
por el Conſejo las mercedes que parecio que ſe avian de hazer al
Conde do Vimiozo , por eſte cazamiento , con eſta concideracion ſe
dixo entre otras cozas , conformandoſſe con el parecer del Conde D.
Diego de Silva , que aviendo V. Mageſtad de afer merced del afſen
tamiento a alguna perſona , la hiziera al Conde. V. Mageftad fue
ſervido reſponder que ſeria bien , que antes de tomar reſulucion en
eſta Conſulta , dixeſte el Conſejo el pro , y contra , que ſe ofreſieſe
en dar , y negar eſtos acoſtamientos , y qual es el coſtumbre de Por
tugal en ellos , y elfundamiento della', y aviendolo cumplidoel
Conſejo , le hizo V. Mageftad las mas mercedes que ſe le conſulta
ron > e
y nego eſta por las conſequencias. Ya ſi le parelle que dev
V. Mageftad fer ſervido de mandar ver eſta Conſulta , antes de to
mar reſolucion en el punto del aſſentamiento , por ſer coza que V.
Mageſtad tiene ya juſgada por eſſencial para ella ſiendo la rezolucion ;
la otra ſe funda en el ſervicio , que hizo en la jornada de la Baya ,
para eſte advierte que V. Mageftad mando paſſar una proviſion gene
ral , en que le aſia merced a todos los que fueſſen en aquella jornada,
de los bienes que tubieſen de la Corona , y de las Ordenes para un
hijo , y conforme a cſto deve gofar de la merced que ya le elta echa,
y le parecia que de inas della le podria V. Mageſtad hazer merced
darle otra vida mas en eſtos bienes ; y de promeſſa de mejora de en
comienda,
da Cala Real Portugueza. 699
1,0 comienda , que valga mil ducados, mas de las que tiene , y de un
Endre Alvara de lembrança , para cazamiento de una hija ; y no vota en
que ſe le de el titulo de juro , porque no ſe ha dado a los de mas
titolos que fueron a eſta jornada , y entiende que ſe en Portugal ſe
resente van dando de juro las Cazas que ſe tienen en vidas , fe vendra a im
poſlibilitar el ſervicio de V. Mageſtad en aquel Reyno , y anſly lo en
Verde tendieron los Reys del , y ſe ve por la experiencia deſta meſma jor
nada del Braſil , que no fue en ella ninguno de los titolos de juro ;
la ultima pretencion fundada en los derechos de ſu Padre , y preten
de la ciones de las perdidas, y danos de lo que ſe le nego , es de gran con
เรา ſideracion , el abrir la puerta a ella , y convendra que antes, que le
tomaſſe por fundamiento para azer merced por elle ſe vieſſen todos
CH los papeles, que ay de los Señores Reys D. Pheliphe II. y III. por
que Tin ellos no podra tener entera noticia de lo que ha paſſado. V.
Mageſtad reſolvera lo que fuere ſervido , Madrid 11. de Junio de
1628.
El Preſidente Cardenal frexo , el Duque de Villa hermoza , el
Padre Confeſſor , D. Joaó de Chaves , D. Antonio Pereira.
ELREY.
Carta
da Caſa Real Portuguez4 . 701
cla pas
uteri Carta de Marquez do Conde D. Franciſco de Portugal , de que
conſta a tranſacçao , quefez com a Coroa , fobre a Capita
nia de Pernambuco , copiada do Original.
D de a
daquem , e dalem , mar em Africa , Senhor de Guiné , e da Con Num . 47.
quiſta , navegaçao , e Comercio da Ethyopia , Arabia , Perſia , e da An. 1716.
India , &c. Faço ſaber aos que eſta minha Carta virem , que por par
te do Conde do Vimioſo , Dom Franciſco de Portugal , me foi apre
ſentado hum Alvará do ' theor ſeguinte. Eu El Rey faço ſaber aos
que eſte meu Alvará virem , que tendo reſpeito a me repreſentar o
Conde do Vimioſo , Dom Franciſco de Portugal , que elle deſejava
07.4 entrar em compoſiçao , na cauſa , que movia ao Procurador de minha
he end Coroa , ſobre a Capitanía de Pernambuco , de que já tinha alcança
ten s do Sente
orden ar ao contro aelle
nçameſm Procu,pelo
rador quereſp
da Coroaeitav a aos
, que frutoreſpe
tendo ito afervi
s,fuy do
haver
pedido reviſta da dita Sentença , e eſta nað eſtar ainda liquida con
feriſſe, e praticalle com o Conde algum ajuſte , que me folle conve
به ع.شدند
/
niente , e ao meſmo Conde, para aſlim ceſſar a cauſa , e ſua execu
çaó , fé eu o approvalle, e houvelle por bom . E ſendomehora pre
ſente que o dito Procurador da Coroa , debaixo da referida condi
Labe73
çaó , tinha conferido com o Conde, que deſiſtindo elle da dita cau
he rest ia , e Sentença , que tinha alcançado ſobre os frutos , e de todo , e
e ces qualquer direito , que tiveſſe , ou pudeſſe ter à propriedade da dita
Capitanîa , eu lhe faria merce do titulo de Marquez em duas vidas ,
para elle , e ſeu filho , duas na de Conde de Vimioſo , para filho , é
13 .
neto , huma nas Commendas , que ao preſente logra , e de oitenta
inil cruzados por huma ſó vez , conſignados , e pagos no rendimento
da meſma Capitanîa , em dez annos , a oito mil cruzados cada hum ;
e conſiderando eu , que eſte ajuſte ſerá util , e conveniente à Coroa,
care
hey por bem de o approvar , ratificar , e confirmar , aſſim como fica
referido ; e para ſe reduzir a eſcritura publica , ou termo judicial, com
todas as clauſulas , que em direito forem neceſſarias , por eſte dou po
a con der a Franciſco Mendes Galvao , do meu Conſelho , meu Deſembar
gador do Paço , e Procurador da dita Coroa , para que na fórma re
de ferida o polla concluir com o dito Conde , e conſtando , que eſtá
7
0.12.201 feita a dita eſcritura publica , ou termo de deſiſtencia , e tranſacçao,
IN
e que eſtá julgado por Sentença no Juizo da Coroa , ſe paſſaráð ao
OUTE Conde pelas partes a que tocar , os deſpachos neceſſarios. Caetano
de Souſa e Andrade o fez ein Lisboa , aos dezaſeis dias do mez de
Janeiro de mil ſetecentos e dezaſeis. Diogo de Mendoça Corte -Real o
fobfcrevi. Pedindome o dito Conde , que por quanto tinha dado cum
primento à condiçaõ do dito Alvará havendo feito o termo de delif
tencia , e tranſacção , e eſtava julgado por Sentença , que apreſentou,
The mandalle paſſar Carta do titulo de Marquez da Villa de Valença,
havendo eu a iſſo reſpeito , e à boa vontade , que lhie tenho , eſpe
rando
702 Provas do Liv. X. da Hiſtoria Genealogica
rando de quem elle he , e dos de que deſcende, me ſaberá merecer,
e ſervir , toda a honra ,'e merce , que lhe fizer , me praz , e hey por
bem fazerlha do titulo de Marquez da Villa de Valença , em ſua vi
da, para que ſeja , e ſe chame Marquez da dita Villa , e goze de to
das as honras , preeminencias , privilegios , prerogativas , authorida
des , graças , liberdades , e franquezas , que haó , e teni, e de que
gozao , é uſao , e ſempre uſarað os Marquezes deſte Reyno , affim
como por direito , e antigo coſtuine delle lhe pertence , das quaes
em todo , e por todo quero , e mando , que elle inteiramente goze,
uſe , e poſſa uſar , e que lhe ſejao guardadas em todos os actos, é
tempos, em que por direito , uſo , e coſtume deve dellas uſar, ſem
a iſto ſe lhe pôr duvida , nein impedimento algum , porque allim he
minha vontade , e merce , com o qual titulo de Marquez haverá de
aſſentamento em cada hum anno , o que direitamente lhe pertence,
de que ſe lhe paſſará Provizaó pelo Conſelho da Fazenda , e por fir
meza de todo , lhe mandey dar a preſente por mim aſlinada , paſſa
da pela Chancellaria , e ſellada com o Sello pendente della, e conſ
tou por Certidað doś Officiaes dos novos direitos, nað os dever def
ta merce, por aſſim ſe determinar , e no Alvará referido , e em ſeu Re
giſto fe poraó as verbas neceſſarias , de como fica extincta a primei
ra vida no dito titulo de Marquez. Dada neſta Cidade de Lisboa ,
aos dez dias do mez de Março. Antonio de Oliveira de Carvalho
a fez , anno do Naſcimento de Noſſo Senhor Jeſu Chriſto , de mil
ſetecentos e dezaſeis. Diogo de Mendoza Corte-Real a ſubſcrevi.
ELREY.
GO
reintegrandi. Ac etiam quorumcunque beneficiorum eccleſiaſticorum
cum cura , & ſine cura ſecularium , & quorumvis Ordinum Regula
riumi, etiam quæ dictæ Sedi ex quavis cauſa preterquam ratione Of
ficialium Sedis prædictæ , & Romani Curiæ actu Officia ſua exercen
tium generaliter reſervata fuerint reſignationes ſimpliciter , vel ex cau
pa ſa premutationis , aut Comendatorum , ac etiam litigioſum extra Ro
manam Curiam ceſſiones , litis , & juris recipiendi , & admitendi , ac
'
I Golf cauſas deluper pendentes advocandi, & lites hujuſmodi penitus extin
guendi , dictaque beneficia tam fimpliciter , quam ex eadem cauſa ,
& alia quecumque , & qualiacumque infra limites dictorum Regno
HT rum & locorum exiſtentia quomodocumque vacantia , & vacatum
/
Luiz
etiamſi de jure patronatus laicorum , & etiam preterquam , ut ſupra
aut ratione vacationis illorum apud Sedem prædictam , vel familiarita
met het
tis continue conmenſalitatis noftræ , ſeu dictæ Sanctæ Romanæ Ec
clefiæ aliquorum Cardinalium viventium reſervata , vel affecta fuerint ,
er en
ac dummodo inter ipſa omnia per obitum vacantia plura quam quin
quaginta reſervata , vel affceta non ſint perſonis idoneis , etiam quæ
cuique , quotcumque , & qualiacumque beneficia eccleſiaſtica cum cu 1
1
1
704 Provas do Liv. X. da Hiſtoria Genealogica
tantum ad vitam , vel ad tempus commendandi, illaque , feu fecula
ria beneficia ad vitam , vel ad tempus uniendi , ac ſuper reſignato
rum , ſeu alias dimiſſorum beneficiorum fructibus , redditibus , & pro
ventibus , quaſcunque penſiones annuas , non tamen tertiam partem
fructuum , reddituum , & proventuum hujuſmodi excedentes predictis
reſignantibus , vel cedentibus quoad vixerint per beneficia hujuſmodi
pro tempore obtinentes annis fingulis in terminis , & locis concor
dandis , ſeu ftatuendis , etiam ſub privationis , & alijs pennis , ſen
tentijs , & cenſuris in talibus apponi ſolitis perſolvendas de conſen
ſu illorum , qui dictas penſiones ſolvere habebunt reſervandi , conſti
tuendi , & aſſignandi, necnon ftatutis , & confuetudinibus ecclefiarum
in quibus fingula beneficia hujuſmodi forfan fuerint , etiam juramento
confirmatione apoſtolica , vel quavis firmitate alia roboratis derrogan
di. Ac cum quibufvis perfonis in dictis Regnis , & dominijs conſti
tutis tunc in tertio & quarto ſimul conſanguinitatis , vel affinitatis
gradibus impeditis , & inter ſe matrimonialiter copulatis , ac in con
tractis per eos inatrimonijs , etiam fcienter eofdem contrahentes ab
hujuſmodi exceſſu , ac cenſuris, & penis quas propterea incurrerint
abſolvendi remanere poſſint prolem ſuſceptam , & luſcipiendam exin
de ligitimam decernendi , necnon cum quibuſvis perſonis ſuper quibuſ
vis Natalium defectibus , & irregularitatibus quas aliqui cenſuris ec
clefiafticis ligati miſſas , & alia divina officia celebrando , aut alias ſe
illis immiſcendo quomodolibet, non tamen in contemptum clavium
contraxerint, ut ad ordines etiam ſacros ,& presbiteratus promove
ri , ac in illis , & per eos ſuſceptis , & fufcipiendis ordinibus , ctiam
in Altaris miniſterio miniſtrare , ac quæcumque , quotcumque, & qua
liacumque beneficia eccleſiaſtica cum cura , & fine cura fe invicem
compatientia , etiamſi dignitates , perſonatus, adminiſtrationes , vel
Officia in dictis Ecclefijs , & hujuſmodi dignitates curatæ , vel electi
væ fuerint fi eis canonice conferantur, aut eligantur , preſententur ,
vel alias aſſumantur ad illa , & inſtituantur in eis recipere, & quoad
vixerint retinere libere , & licite valeant , & inſuper cum quibufvis
perſonis in vigeſimo eoruni etatis anno conſtitutis ad obtinendum
unui beneficium eccleſiaſticum cum cura , etiamfi Përrochialis Eccle
fia , vel ejus perpetua Vicaria , aut alias , ut prefert, qualificatum fue
rit diſpenſandi , necnon duodecim Comites Palatinos , & totidem Acco
litos , & Capellanos creandi , ac etiam duodecim in noftros , & apol
tolicæ Sedis Notarios auctoritate apoſtolica recipiendi , ac aliorum nof
trorum , & dictæ Sedis Notariorum , & Accolitorum , Capellanorum ,
& Aulæ noſtræ Lateranenſis Comitum Palatinorum numero , & con
fortio reſpective favorabiliter aggregandi , ita quod omnibus, & fin
gulis privilegijs , prerogativis , honoribus, exemptionibus, gratijs,
libertatibus, immunitatibus, & indultis gaudeant , & utantur quibus
alij noftri , & dictæ Sedis Notarij , & Accoliti , Capellani , ac Aulx
noftræ Lateranenſis Comites Palatini utuntur, potiuntur, & gaudent,
ac uti , potiri, & gaudere poterunt quomodolibet in futurum exhi
bendique , & exhiberi faciendi eis inſignia Notariatus hujufinodi re
cepto prius tamen ab eis ſolito juramento , & decem Milites Auratos,
&
da Caſa Real Portugueza. 705
& Poetas lauratos, ac quafcumque perſonas ſufficientes , & idóneos
volentes , fe ad doctoratus , ſeu licenciaturæ , & Bachalariatus in utro
que , vel altero jurium , & ad Magiſterij tam in Theologia , quam in
Artibus , & Medicina , vel alias graves previo examine rigoroſo , &
118 posto diligenti , ac fervatis Conſtitutione Viennenſe , & alijs folemnitatibus
ja hoito in talibus adhiberi ſolitis promovendi, ſeu promoveri , atque gradus
hujuſmodi , & infignia ſolita , & debita conferendi , ac 'exhibendi, ſeu
Paz de exhiberi , & conferri faciendi eiſque quod omnibus , & fingulis gratijs,
privilegijs , & libertatibus , & indultis quibus alij Milites aurati , ac
per te Laureati , per nos , & Sedem Apoftolicam creati , & inftituti,
IS necnon ad hujufmodi gradus in Univerſitatibus ſtudiorum generalium
juxta illorum ritus , & mores , ac ſervatis ſervandis promoti utuntur ,
potiuntur , & gaudent , ſeu uti, potiri , & gaudere poterunt quomo
dolibet in futurum uti potiri, & gaudere libere , & licite poſſint, &
debeant indulgendi. Ac cum triginta perſonis,' ut quæcumque duo
curata , ſeu alias invicem incompatibilia beneficia ecclefiaftica , etiamſi
strahera Parrochiales Eccleſiæ , vel earum perpetuæ Vicariæ , aut dignitates ,
perſonatus adminiſtrationes , vel officia in Cathedralibus etiam Metro
iende politan ; vel Collegiatis , & dignitates ipfæ in Cathedralibus etiam
Metropolitan; poftpontificales inayores feu Collegiatis Eccleſijs hu
ཀ
juſmodi principales , ſeu talia mixtiin fuerint, & ad dignitates , perſo
natus , adminiſtrationes , vel officia hujuſmodi conſueverint , qui per
electionem aſſumi , eiſque cura immineat animarum , fi alias canonice
conferantur , aut eligantur preſententur, vel alias aſſumantur ad illa ,
& inftituantur in eis recipere, & infimul quoad vixerint retinere ,
Tiba illaque fimul , vel ſucceſſive , fimpliciter , vel ex caufa permutationis
22. quotiens eis placuerit dimitere , & loco dimiſſis , vel dimiſſorum aliud,
vel alia ſimile, vel diſſimile , aut fimilia , vel diſlimilia beneficium ,
vel beneficia eccleſiaſticum , vel eccleſiaſtica duo dumtaxat curata , feu
3pagi
na alias invicem incompatibilia fimiliter recipere , & inſimul etiam quoad
vixerint retinere libere & licite valeant diſpenſandi , ac ftatutis
do & conſuetudinibus , etiam juramento confirinatione apoſtolica , vel
quavis firmitate alia roboratis , necnon fundationibus , ac jure patro
herries natus Clericorum , & laicorum mixtim , aut laicorum tantum , etſi lai
: corum tantum , & illis ex fundatione , vel dotatione competat pro
medietate alioquin , vel fi mixtim in totum derogandi, & Clericos in
time Affricam in perpetuum , vel ad tempus propter exceflus , & crimina
per cos perpetrata ab Ordinarijs ſuis relegatos ab exilio , & ad pa
triam revocandi, & cum condemnatis ad exilium , ut ad illud ire non
iane teneantur diſpenſandi , & pennain ex hujuſmodi in aliam pennam
da etiam pecuniariam commutandi , ac loco nonnullarum parrochialium
eccleſiarum quæ in nonnullis locis inſignibus in Preceptorias Militiæ
Jefu Chrifti erectæ fuerant Preceptorijs ipfis in eis fuppreſſis , & ex
tinctis alias fimiles Preceptorias in alijs parrochialibus Eccleſijs alio
rum locorum de ipſius Regis conſenſu eligendi , & ſurrogandi , nec
non quibufvis Mulieribus honeftis , ut quæcumque Monafteria , & do
mos Monialium quorumcumque etiam obſervantia clauſtralis exempta,
& non exempta quomodocumque recluſa cum tribus inatronis etiam
Tom . V. Uuuu ho
706 Provas do Liv. X. da Hiſtoria Genealogica
honeſtis de conſenſu earum quæ di&tis Monafterijs, & domibus pre
fuerunt dummodo ibidem non pernoctent devotionis caufa quater in
anno ingredi valeant , necnon ſingulis quadrageſimalibus, & alijs an
ni diebus , & temporibus quibus uſus carnium , butiri , ovorum ,, &&
aliorum lacticiniorum , & jure prohibitis butiro , ovis, cafeo
tempore neceſſitatis , ac de utriuſque Medici conſilio carnibus utendi,
vecendi , & fruendi, quodque viſitando unani , vel duas Eccleſias , feu
unum , vel duo , aut tria , feu plura Altaria Civitatum , ſeu locorum
in quibus Stationes petentes morain trahere contigeritque duxerint
eligenda eiſdem quadrageſimalibus , & alijs anni diebus , & tempori
bus , quibus Stationes in Urbem , & extra muros ejus celebrantur om
nes & fingulas indulgentias , & peccatorum remiſſiones quas viſitan
tes fingulasdictæUrbis,& extra eam exiſtentes Ecclefiaspro Statio
nibus hujuſmodi viſitari folitas conſequuntur conſequendi, acinteref
ſentibus duabus miſlis per te in Ecclefijs coram Rege, ſeu Regina ,
aut alijs quibufcumque perſonis folemniter celebrandis , feu faltem il
lis qui benedictioni per te ſuper populum poft miſſas hujuſmodi elar
giendi interfuerint plenariam indulgentiam relaxandi, & conſequendi,
& predictis facultatibus, & gratijs , conceſſionibus , & indultis ergo
familiares tuos continuos conmenſales, etiamſi de Regnis , & domi
nijs predictis non fuerint utendi , ac omnes , & fingulos quibus gra
tiam ex indulto hujuſmodi juxta facultatem tibi conceffam concelleris,
ſeu erga quos hujufinodi uteris facultatibus à quibufcumque excomi
municationis , ſuſpenſionis , & interdicti, alijſque ecclefiafticis fenten
tijs , cenſuris , & penis à jure , vel ab homine quavis occaſione , vel
cauſa latis , quibus , quomodolibet innodati erunt, etſi forſan in illis
infra annum inſorduerint , aut pro re judicata excommunicati fuerint
ad effectum gratiarum per te eis concedendarum dumtaxat abſolven
di , & abfolutum fore cenfendi , necnon omnia , & fingula beneficia
eccleſiaſtica cum cura , & ſine cura quæ finguli predicti etiam ex qui
buſvis diſpenſationibus apoftolicis obtinebunt, & expectabunt , ac in
quibus , & ad quze vis eis quomodolibet competet quæcumque quot
cumque, & qualiacumque fuerint , eorumque fructuum , reddituum ,
& proventuum veros annuos valores , ac hujuſmodi diſpenſationum te
norcs fimiliter ad effectuum hujuſinodi gratiarum , & literarum tua
ruin deſuper conficiendarum validitate pro expreſſis habendi irritum
quoque , & inane , ſi ſecus ſuper hijs à quoquam quavis auctoritate
fcienter , vel ignoranter attemptari contigerit decernendi premiſlis,
ac quibufvis literis felicis recordationis Sixti PP. IV . quibus inter
alia caveri dicitur expreſſe , quod Nuntij Sedis prædiétæ pro tempore
deputati , etiam cum poteſtate Legati de latere eorum facultate, tam
quoad beneficia conferenda , quam diſpenſationes , & alias gratias per
eos concedendas uti non poſſint eis quævis clauſulæ in facultatibus hu
juſmodi Nuntij appofitæ adverſus dictas literas unquam nullatenus fuf
fragentur , ac fimilia noftra , necnon quibuſcunque Ipecialibus , vel ge
neralibus reſervationibus beneficiorum pro tempore factis , necnon de
fe &tibus predictis , ac de unionibus conimitendis ad partes , & de ſur
rogandis collitigantibus , & de annali poſſeſſore quoad primam par
te m,
-
da Caſa Real Portugueza. 707
Thus i tem necnon Vieneñ; Pictavien; Laterañ ; & generalis Concilioruin
PUTO conſtitutionibus , & ordinationibus apoſtolicis , ac Cancellarie regu
lis , & Eccleſiarum ', Monaſteriorum , locorum , & Ordinum quorum
orum,
calca,ki cumque, etiam juramento confirinatione apoſtólica , vel quavis firmi
tate alia roboratis Statutis , & conſuetudinibus , privilegijs quoque ,
Lelisin
& indultis , ac literis apoftolicis per Sedem predictam , & ejus lega
tos ordinibus , & Monafterijs predictis conceſſis latiſſiine derogandi ,
u love? necnon gratijs expectativis quibuſvis perſonis , etiam familiaribus ,
e demain continuis , commentalibus noftris, vel alijs conceflis , & concedendis
ut conceſſis libi facultatibus , & auctoritatibus uti valeas derogandi ,
illaſque ſuſpendendi quoad vacatura beneficia per te vigore preſen
tium conferenda , ceteriſquenequaquam obſtantibus contrarijs aucto-,
ritate apoſtolica tenore preſentium concedimus facultatem , volumus
AU
autem quod illi quibus beneficia reſervata , & alia quæcumque quo
RECE rum fructus , redditus , & proventus viginti quatuor ducatorum auri
ܐ de Camara ſecundum extimationem predictam exceſſerint infra ſex
azada inenſes novam proviſionem à Sede Apoſtolica impetrare , & literas de
plaqui ſuper expedire , ac omnia jura Cameræ apoſtolicæ debita perſolvere
teneantur alioquin beneficia ipſa eo ipfo vacent, & vacare cenſeantur;
Nos enim tibi , ut in literis quas ſuper premiſſis gratijs per te con
cedi , & expediri contigerit literas facultatum hujuſmodi inſeri face
re minime tenearis ; quodque tua aſſertio in omnibus, & per omnia
fufficiat perinde , ac ſi literæ facultatum prædictarum in literis per
te expediendis , & concedendis prædictis de verbo ad verbum infertæ
ION', forent auctoritate , & tenore predictis de ſpecialis dono gratiæ indul
gemus non obftantibus omnibus ſupradictis. Datuin Romæ in Arce
Sancti Angeli Anno Incarnationis Dominicæ Milleſimo quingenteſimo
olle vigefimo feptimo, Quarto Idus Julij , Pontificatus noſtri Anno quar
to.
721,1 E apreſentada aſſi a dita Bulla a mym dito Notairo , pelo dito
1, d'1
Senhor D. Martinho como dito he , que me requereo da parte de S.
de que
Sanctidade , que do trelado della de verbo ad verbum lhe delle ex
ICERE. officio meo hum publico Inſtromento , a qual Bulla eu Notario trela
2.MESTO dey neſte publico Inſtromento , o qual trelado vai todo certo , e col
Un
larionado , e o publiquei, e em eſta publica forma o reduzi ; teſte
munhas que a eſto preſentes forao Joham Machado Conego na See
de Viſeu , e Pedro Ribeiro chamados , e rogados. E eu Luis Gon
çalves Botafogo Clerigo natural da Cidade Devora, publico per apoſ
tolica auctoritate Notario , que a todo fui preſente , e eſte trelado de
1
minha propria maó eſcrevi .
e em elle de meu publico , e con
10pka
ſueto final corroborei rogatus , & requiſitus. Ludovicus G. B. N. Ap.
2.7
ngo, cos
Eroti
FI M.
PUTETI
کی ایک
et
Tyz
e
iblti
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