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Currículos alternativos/oficiais:
o(s) risco(s) do hibridismo*
O número 21 da revista Contexto & Educação, direita, “triunfante em tantos países”, colocara a edu-
da Unijuí, de janeiro/março de 1991, trazia como cação e o currículo “no centro de reestruturação da
temática geral a questão: “Experiências alternativas”. sociedade ao longo de critérios baseados no funciona-
Em seu Editorial, encontrava-se escrito: “As políticas mento do mercado”. O plano desta “aliança ou combi-
educacionais não podem impor-se como se válidas para nação de neoliberalismo (econômico) com neo-
todos em toda parte; e as propostas pedagógicas só conservadorismo (moral)” parecia, então, “muito
valem como propostas de sujeitos concretos em con- claro”, qual fosse: introduzir, na educação institucio-
textos determinados de vida e ação”. Políticas e pro- nalizada, “mecanismos de controle e regulação pró-
postas “que devem ser tidas sempre como [...] alter- prios da esfera da produção e do mercado”, objetivando
nativas”, isto é, como “distintas e específicas”, “não “produzir resultados educacionais”, ajustados às “de-
podendo elas decorrer de alguns princípios gerais, mandas e especificações empresariais”.
nem arvorar-se em panacéia para quaisquer situa- Nesse cenário, era importante que os/as educado-
ções” (p. 7). res/as começassem “a entender as novas configurações
Em 1995, em seu texto “Os novos mapas cultu- econômicas, políticas e sociais”, por meio de “uma
rais e o lugar do currículo numa paisagem pós-moder- nova ótica”, que focalizasse “as dinâmicas culturais
na”, Tomaz Tadeu da Silva argumentava que a nova em jogo na luta por hegemonia e predomínio político”.
A partir deste entendimento, sugeria Silva, os/as edu-
cadores/as poderiam começar sua luta pela considera-
ção e afirmação de “discursos, narrativas e saberes
* Trabalho apresentado na sessão especial “Propostas curri-
culares: entre o oficial e o alternativo”, promovida pelos Grupos de
[...] ‘alternativos’, que contassem outras histórias. His-
Trabalho Currículo, Educação Popular e Educação Fundamental, tórias que, por serem ‘alternativas’, minassem ‘a
na 23ª Reunião Anual da ANPEd, realizada em Caxambu (MG), inevitabilidade’ e ‘naturalidade’ das narrativas domi-
de 24 a 28 de setembro de 2000. nantes” (p. 185-186).
Passada quase uma década de contestação, con- Nossas ações e concepções funcionavam, então,
flitos e processos de negociação, vou argumentar, nes- pela via de um modelo espacial no sentido tópico, em
te trabalho, que não conseguimos realizar nem uma cima/embaixo, dentro/fora, ou no sentido métrico, per-
coisa nem outra, ou seja, que não conseguimos legiti- to/longe... do poder dominante da burguesia, proprie-
mar nem consolidar políticas, currículos, propostas tária dos meios de produção. Existiam “eles”, nossos
pedagógicas ou discursos “alternativos”. Por um mo- inimigos capitalistas, claramente identificáveis, e
tivo bem simples: não que tenhamos fracassado, mas, “nós”. “Eles” ocupavam o centro de poder, que for-
porque, em função de muitos fatores (pertinentes à mava e consolidava a ordem social dividida em clas-
nossa condição histórica, profissional e subjetiva), per- ses antagônicas. Dentre outros aparelhos ideológicos
demos o rumo, os limites e o diferencial, que nos per- de Estado, tal centro usava a escola para inculcar va-
mitiam distinguir o que era “oficial” do que era “alter- lores, condutas, modos de vida e conhecimentos a in-
nativo”. divíduos destinados à proletarização. Contra o centro
“deles”, opúnhamos a nossa insubordinação de domi-
Tempos fáceis aqueles! nados/as críticos/as. Após o necessário suicídio de clas-
se pequeno-burguesa, propúnhamos as “nossas” pe-
Desde o final dos anos de 1960, vivíamos, no cam- dagogias, didáticas, metodologias, planejamentos,
po educacional crítico, uma “explosão” de teorias e avaliações, utopias. Trabalhávamos pela escola
práticas. Teorias da reprodução econômica. Nova so- conscientizadora que queríamos e pelos sujeitos
ciologia da educação e do currículo. Oposição à polí- contestadores que desejávamos formar.
tica dos governos militares. Pedagogia libertadora e Do centro de seu poder, “eles” propunham e
dos conteúdos. Teorias da resistência. Práticas de edu- implementavam o “currículo oficial”: burocrático, ideo-
cação para a cidadania. Pesquisa-ação. Planejamento logicamente tecnicista, hegemonicamente explorador,
participativo. Movimento de reconceptualização do reprodutor de privilégios, produtor de desigualdades.
currículo. Educação, trabalho e democracia. Desvela- Contra sua autoridade, produzíamos os “nossos currí-
mento da ideologia. Caça ao oculto do currículo. culos”: alternativos, marginais, paralelos, nascidos das
Pedagogia radical, dialética, subversiva. Conhe- bases. Estes sim, currículos arduamente produzidos
cimento escolar e poder. Lutas contra a educação ca- como populares, emancipatórios, revolucionários, so-
pitalista excludente, e por acesso, permanência, sucesso cialistas. Currículos que davam sustentação às lutas
no sistema escolar. Aliança de intelectuais orgânicos com políticas dos movimentos sociais, às identidades dos
sindicatos e movimentos sociais latino-americanos. novos sujeitos da história e aos sonhos progressistas
Novas formas de agência, organização política e pro- de uma futura sociedade democrática, mais justa e igua-
fissional. Pedagogia do oprimido. Educação popular. litária.
Emergindo da articulação entre mudanças estru- Essa diferenciação entre “eles” e “nós” (que hoje
turais, políticas, demográficas e epistemológicas, toda parece tão “fácil”) se, de um lado, nos dotava de for-
essa “explosão” redundou em ruptura radical dos/as ças para produzir teorias e práticas alternativas ao
educadores/as de esquerda com o elitismo conserva- poder central, de outro, não permitia que nos libertás-
dor e com o populismo reformista. Embora, por um semos da oposição “oficial x alternativo”, pois, o má-
lado, a luta pela democratização da sociedade e da ximo que conseguíamos, então, como educadoras/es
educação fosse bem “difícil”, por um só ângulo (que é críticas/os, era, simplesmente, inverter a valorização
o que me interessa enfocar neste trabalho, a coisa toda hierárquica dos termos binários. Ao invés de privile-
parecia ser mais “fácil”. Fácil, porque nós, ainda, con- giar o termo “oficial”, o desvalorizávamos, como um
seguíamos dividir o mundo, o sistema e nosso trabalho “mal”, elegendo o “alternativo”. A este, atribuíamos o
entre os “deles” e os “nossos”. caráter de “verdade”, de “bem”, de “autenticidade”.
Entortávamos a tal “vara de Lenin” (como dizia marginalizações ancestrais, mudanças em nossa eco-
alguém da época) para o lado de “nossos” currículos logia física, cognitiva, afetiva, ética. De apogeu do
alternativos. “Legítimos” eram somente aqueles que localismo, da descentralização, da pura abstração co-
vinham de baixo para cima, de fora para dentro, de dificada, da mestiçagem subjetiva. De simulação de
longe para perto do poder, que queríamos fortalecer mundos, simulacros de imagens, pastiches objetais,
nas classes exploradas da sociedade. Com este movi- virtualização das realidades, simbiose entre máquina
mento, o que não fazíamos era desconstruir a oposi- e organismo.
ção “alternativo x oficial”. Por quê? Porque ainda po- Neste tempo de “eus” saturados, monstros e
díamos, tínhamos condições de essencializar tanto um ciborgues, manipulações genéticas, identidades
quanto o outro termo, e assim acreditar que existiam, clônicas do antigo humano moderno, Frankenstein não
em si mesmos, um currículo “oficial” e um ou vários nos mete mais medo. Neste mundo pós-humano, tam-
“alternativos”. Se esta era uma limitação de nossa ló- bém o Big Brother e o Panopticon não podem mais
gica binária, ao menos ela impedia que fôssemos colo- representar o poder. Este poder de agora é menos visí-
cados/as, como hoje, diante do(s) risco(s) da dissolu- vel, mais insidioso, sem centro fixo. Nem por isto, é
ção de fronteiras. menos duro e implacável. Nem por isto, deixa de ser
eficaz e eficiente em seus privilegiamentos, abjeções
Tempos difíceis estes! e forclusões. Este é o tempo que nos é próprio e co-
mum. De nosso mundo pós-industrializado, que todas/
Hoje, nestes tempos da nova ordem mundial, de os ajudamos a produzir e cujo ápice de super-produ-
capitalismo tardio em escala global, de neoliberalis- ção e hiper-consumo do Norte encontra correspondên-
mo governamental e de soberania do mercado cia na hiper-pauperização do Sul (cf. Gergen, 1992;
transnacional, não há mais um centro fixo: seja ele de Piscitelli, 1995; Sarup, 1995; Silva, 2000).
poder, de produção e trabalho, de capital e cultura, de Porque somos sujeitos desta época e de nenhuma
formação dos sujeitos. O conceito de “centro” é pen- outra, não conseguimos experienciar mais a Educação
sado como em modificação constante, como local não e a Pedagogia do mesmo jeito que antes. Por isso, as
fixo, como um não-lugar. Não existe mais nenhuma praticamos, enquanto os novos seres híbridos que so-
dinâmica central, que explique todo o funcionamento mos. Seres que, dentre outras características, possuem,
da vida social. Não há um único eixo dos processos em seus fazeres, pensares e dizeres, uma porção de
culturais, porque os eixos estão em toda parte, ou não currículo “oficial” e outra porção de currículo “alter-
existem. Não há explicações causais, radicadas nos nativo”. Ao perdermos os fatores distintivos, entre
processos econômicos, que justifiquem os resultados “oficial” e “alternativo”, nossos currículos passam a
educacionais. Não há mais enraizamento, nem raízes, ser representados pelo traço de união que liga, agora,
só rizomas, só redes de poder que movem o mundo. as duas palavras.
Redes do capital financeiro, de controle ao ar livre, do Se isso que acabo de escrever merece o crédito
ciberespaço como o nosso atual laboratório metafísico. de, minimamente, parecer plausível, o que este traba-
Este é um tempo de reciclagens de ideologias, lho deverá fazer, daqui até o seu final, é demonstrar
conhecimentos, comunicação. De novas tecnologias, alguma manifestação desse sinal diacrítico, encarar
hipertextos, tecnocultura, dispositivos interativos, am- esse risco à risca e avaliar os riscos de tal traçado.
bientes telemáticos, luta de classes no silício. Tempo
de reconfiguração e abolição de fronteiras entre ciên- Dor do hífen: PCN-Constituinte Escolar/RS
cia e ficção, público e privado, material e imaterial,
humano e sobre-humano, natural e sobrenatural. De Por mais que isto me doa (e “dói”) realizarei o
fomento de novas linhas divisórias, repetição de exercício analítico de buscar similaridades discursi-
vas entre o Currículo Nacional, expresso nos PCNs, e dos de identificação. Procedi deste modo, pretendendo
o “Movimento Constituinte Escolar”, movimento de convidá-los/as para um “jogo”. O jogo consiste em
“construção da Escola Democrática e Popular”, que identificar qual proposta educacional é de quem. Qual
“visa a definição de princípios e diretrizes para a edu- é a do Governo FHC, e qual é a do Governo Olívio
cação da rede pública estadual”, do governo petista do Dutra? (Ver Anexo II: 2 – Educação inclusiva; 3 –
Rio Grande do Sul (Estado/RS, 2000a, s.p.). Esta es- Educação de qualidade; 4 – Democracia; 5 – Cidada-
colha da Constituinte Escolar do Rio Grande do Sul nia; 6 – Participação; 7 – Movimentos sociais; 8 –
foi feita por sua proximidade geográfica, partidária e Pluralidade cultural; 9 – Direitos humanos, valores
política. Embora, de meu ponto de vista, possa funcio- humanistas; 10 – O sujeito da educação; 11 – Cons-
nar como “exemplar”, não por ser um “modelo”, mas trução do conhecimento; 12 – Recursos tecnológicos;
por conter a possibilidade de representar outras pro- 13 – Professores/as).
postas educacionais e curriculares que se propõem a
ser de esquerda, democráticas, populares, participati- Tudo errado? Arrisco
vas, cidadãs: numa palavra, “alternativas”.
De modo intencional, vou enfatizar as similari- Muitas objeções poderão ser levantadas contra
dades encontradas no texto dessas duas propostas, não este modo de análise. Eu não posso dar conta de todas,
para negar as suas diferenças, pois elas existem. Mas e nem quero, pois não é esta a minha tarefa. Indico
para fornecer alguns elementos que nos permitam re- apenas aquelas que, penso, poderão nos ajudar a
fletir sobre o que vem acontecendo com nossos currí- elucidar melhor o trabalho realizado.
culos de educadores/as críticos/as que fazem oposição 1.º Pra não dizer que não vi diferenças. Embora
à política social, econômica e curricular do Governo sejam poucas as diferenças (ou eu não as procurei, por
Federal, e que acabam propondo quase a mesma Edu- uma questão de “método”), no texto dos PCNs há re-
cação que a deste Governo. Além das dificuldades, ferências aos “valores sociais do trabalho e da livre
bem concretas, relativas à formação e valorização dos/ iniciativa”. Aparece também a natureza econômica da
as professores/as, ao financiamento e à gestão pública educação e da cultura: “Em função de uma economia
da Educação, ao marcar as semelhanças dos discur- dependente, não se desenvolveu [na sociedade brasi-
sos, buscarei diagnosticar mais esta dificuldade que leira] uma cultura e um sistema educacional que pu-
enfrentamos, hoje, no campo educacional: o amálgama dessem fortalecer a economia, fazendo-a caminhar para
entre o currículo oficial e os nossos, alternativos. a auto-suficiência” (Brasil, 1998b, p. 19). Ambos os
Em primeiro lugar, examino duas cartas de Apre- tópicos não são encontrados no texto da Constituinte
sentação aos/às professores/as, escritas, respectivamen- Escolar/RS.
te, pela secretária de Educação do Rio Grande do Sul Assim como não constam dos PCNs os seguintes
e pelo ministro da Educação e do Desporto do Brasil “pressupostos” da Constituinte Escolar do Rio Gran-
(cf. Estado/RS, 1999, p.4; Brasil, 1998b, p.5). Neste de do Sul: 1. “Radicalização da democracia como ob-
momento, identifico estas cartas; agrupo os seus pará- jetivo estratégico de um governo de esquerda, com-
grafos, sob títulos que deles extraí; e destaco, em itáli- prometido com os interesses da maioria (as classes
co, aquilo que considerei suas similaridades discursi- populares) estimulando a co-gestão da esfera pública
vas (Ver Anexo II: 1 – Duas cartas). na direção da soberania e controle popular sobre o
Em seguida, apresento alguns fragmentos das pro- Estado.”; 2. “Utopia como sonho impulsionador da edu-
postas curriculares dos PCNs e da Constituinte Esco- cação e da escola que queremos e também do projeto
lar do Rio Grande do Sul. Para organizá-los, selecio- de desenvolvimento socioeconômico sustentável, pos-
nei enunciados dos dois currículos, reuni-os em sível e necessário para a imensa maioria de marginali-
temáticas sob um título comum e suprimi os seus da- zados e explorados do sistema capitalista. A utopia
enquanto força impulsionadora da sociedade que que- do Sul, embora estatal, propõe-se a ser “alternativa”,
remos construir” (Estado/RS, 2000a, s.p.). no sentido de fazer oposição à política do MEC. A
2.º As duas propostas são “oficiais”. Poderá ser Constituinte Escolar do Rio Grande do Sul faz uma
objetado: ora, ela não pôde demonstrar nenhum “hí- opção declarada pelas classes populares, como pôde
fen”, porque não examinou nenhuma proposta “alter- ser constatado pelos “pressupostos” de “radicalização
nativa”. As duas propostas são oficiais, no sentido de da democracia” e de “utopia”. Então, como a Consti-
“estatais”, uma, do Estado-União, outra de um Esta- tuinte usa quase o mesmo discurso que o Currículo
do-Unidade da Federação. Ambas ocorrem dentro de Nacional, com que antagoniza? O dos PCNs não in-
instituições que servem aos interesses do Estado. São tegra a tradição neoliberal em políticas da Educa-
constituídas por práticas da esfera pública que, numa ção? Ou também se destina aos grupos explorados
sociedade globalizada, como a nossa, não têm como da sociedade brasileira? Ou também é de um “gover-
se distinguir. Ambas as propostas dependem de finan- no de esquerda, comprometido com os interesses da
ciamentos públicos e privados, pautados por critérios maioria”?
únicos de mercado. Ambas têm como legislação a cum- 3.º Semânticas diferentes de um mesmo vocabu-
prir a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacio- lário. Poderá ser dito: o que o currículo nacional con-
nal, que estabeleceu, em 1996, que a “educação, de- cebe como “cidadania”, “democracia”, “participação”,
ver da família e do Estado, inspirada nos princípios de “professor”, “currículo”, não é, de modo algum, a mes-
liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem ma coisa que um governo de esquerda concebe. Se os
por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, vocábulos são os mesmos, suas significações diferem.
seu preparo para o exercício da cidadania e sua quali- Então, nada daquela organização (temáticas, títulos,
ficação para o trabalho”. A Secretaria de Educação destaques) é válido.
do Rio Grande do Sul, assim como todas as secretari- A questão é que, sim, pode ser isto: conceitos con-
as estaduais e municipais de Educação do Brasil, tam- cebidos de modos diferentes. O problema é que as pa-
bém está implicada no Plano Decenal de Educação para lavras têm história e, por ela, são dotadas de significa-
Todos (1993-2003), que formulou um conjunto de di- ções que, se são fluidas e negociadas, também fixam
retrizes políticas voltado para a recuperação da escola determinada realidade, modos de ser, pensar e agir. As
fundamental do país. palavras constróem, controlam e regulam as coisas e
No plano internacional, ambas as propostas estão os indivíduos de um modo específico, e não de outros.
atreladas à UNESCO, ao UNICEF, ao PNUD, ao Ban- Nos “ditos” dos dois textos, encontrei uma dissipação
co Mundial. Subordinam-se ao compromisso assumi- da diferença. As mesmas palavras são enunciadas pe-
do pelo Brasil, na Conferência Mundial de Educação los dois governos. Então, pergunto: se são opositores
para Todos, realizada na Tailândia, em 1990, que exi- políticos, um do outro, não deveriam ter, cada um, o
giu: “tornar universal a educação fundamental e am- seu próprio vocabulário?
pliar as oportunidades de aprendizagem para crianças, 4.º Processos diferentes. Alguém poderá lembrar:
jovens e adultos”. Ambas são signatárias da Declara- Uma das críticas mais recorrentemente feitas aos PCNs
ção de Nova Delhi, assinada pelos nove países “em referia-se à ausência de um processo democrático e
desenvolvimento” de maior contingente populacional participativo em sua elaboração, que ficou restrita a
do mundo, e que reconheceu “a educação como instru- um grupo limitado de especialistas e consultores. Já
mento proeminente da promoção dos valores humanos no processo da Constituinte Escolar/RS, está haven-
universais, da qualidade dos recursos humanos e do res- do, desde abril de 1999, “um processo de ampla parti-
peito pela diversidade cultural” (Brasil, 1998b, p. 19). cipação popular de todos os segmentos da comunidade
Isso pode estar certo. O que ainda contraponho a escolar e representações da sociedade civil”. Neste ano,
esta objeção é que a política educacional do Rio Grande a Constituinte Escolar do Rio Grande do Sul realizou
o “Estudo da Realidade” e o “Resgate de Práticas Pe- 5.º Não disse nada do currículo efetivo. Poderá
dagógicas”. Este “2º Momento” propiciou que “cada ser formulada uma quinta objeção: Ela trabalhou “ape-
comunidade” refletisse “o seu fazer cotidiano e histó- nas” com o discurso escrito dos dois currículos. Ape-
rico” e visualizasse “os principais conflitos e dificul- nas com o currículo formal, manifesto, explícito, ofi-
dades nele existentes”. Foram escolhidos então “25 cial, com aquele que é dito que se faz, ou que deve ser
Temas”, que se articularam a “4 Temáticas para serem feito. Não pesquisou o currículo oculto, o real, em ação,
aprofundados”. o implícito, aquele que costuma estabelecer distâncias
Em 2000, a Secretaria de Educação do Rio Gran- entre o pretendido pela burocracia educacional e o que
de do Sul implementou o “3º Momento da Constituin- ocorre nas escolas. Ela não desceu ao nível da prática
te Escolar”, denominado “Aprofundamento das curricular das salas de aula, nem foi às práticas coleti-
Temáticas”. Nele, houve “a devolução da sistematiza- vas da comunidade escolar do Rio Grande do Sul, que
ção do 2º Momento e discussão dos Temas e realiza a “democracia participativa” em seu Movimen-
Temáticas”, por meio do texto-base para as pré-confe- to Constituinte.
rências municipais/microrregionais da Educação (Es- Desta vez, eu confirmarei: é isto mesmo. Fiz esta
tado/RS, 2000c). Tal documento é “fruto da sistemati- “opção de método”, porque concebo “discurso”, ao
zação do ‘Aprofundamento [...]’, realizado pelas modo da teorização social e cultural contemporânea:
escolas, passando por 31 Seminários Regionais de como prática objetivadora e construcionista, disposta
Sistematização nas Delegacias de Educação e na Se- por técnicas de poder, modos de saber e efeitos de ver-
cretaria da Educação/RS e por uma sistematização em dade. Entendi o discurso curricular como tendo fun-
nível estadual”. Este texto buscou contemplar “o con- ção governamental, que inscreve formas calculadas de
junto das elaborações e proposições da comunidade ação sobre as condutas e relações de cada indivíduo e
escolar em todo o Estado” e foi discutido nas pré-con- da população, para atingir certos objetivos sociais e
ferências municipais, microrregionais e regionais. políticos. Um discurso vinculado a tecnologias de go-
O “4º Momento da CE/RS” foi o de “Definição verno, que habilitam os indivíduos a viverem tipos par-
dos Princípios e Diretrizes”, desenvolvido na “Confe- ticulares de experiências e a se tornarem determinados
rência Estadual de Educação”, realizada em Porto Ale- tipos de sujeitos. Trabalhei com tal discurso como um
gre, de 24 a 26 de agosto. Conforme o seu Regimento, dispositivo da governamentalização (neo)liberal, que
desta conferência participaram “integrantes da comu- vem transformando o campo do currículo numa nova,
nidade escolar (pais, alunos, professores e funcioná- abrangente e eficaz tática de governo do Estado, dos/as
rios), dos movimentos popular e sindical, das institui- outros/as e de cada um/a (cf. Corazza, 2000).
ções de ensino, dos órgãos públicos, das organizações 6.º Tudo errado. Por fim, um espírito mais “agu-
não-governamentais, dos fóruns setoriais, demais seg- do” poderá afirmar: está tudo errado! Não é nada dis-
mentos da sociedade civil, autoridades, convidados so. Nunca foi. Só parece que é. Ela se enganou, redon-
oficiais e observadores” (Estado/RS, 2000b, p. 8). damente. Eu só poderei retrucar: tudo bem. Apesar da
Claro que, visivelmente, os processos de formu- ênfase categórica nas semelhanças das duas propostas
lação dos PCNs e da CE/RS são diferenciados em ter- curriculares, como toda pesquisa educacional, a que
mos de representação e de participação. Mas, por isto subsidiou esta analítica também está sujeita ao
mesmo, ainda posso insistir um pouco mais ao redor questionamento e à desconstrução. De qualquer modo,
do ponto que moveu este trabalho e problematizar: (não acredito que ela possa ser uma contribuição, dentre
é, no mínimo, “estranho” que, mesmo vivendo proces- tantas possíveis, sobre sua temática e método de aná-
sos de elaboração tão distintos, os resultados lise. E, se for este o caso, que possa ser útil para um
discursivos das duas propostas apresentem tantas si- debate que, diante do que descreveu, talvez se faça
milaridades? necessário.
hibridismo político-educacional. Em segundo lugar, tros curriculares nacionais: pluralidade cultural, orientação
estaremos mais aptos/as para exercitar nossa força cria- sexual (1ª à 4ª série). Brasília: MEC/SEF, v. 10.
tiva e produzir currículos que ainda não existem, para BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental, (1998a). Parâme-
apontar nossas flechas e anseios a outras linguagens e tros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresenta-
teorias, diferentes conceitos e perspectivas, outros per- ção dos temas transversais (5ª à 8ª série). Brasília: MEC/SEF.
sonagens e planos de imanência, novos modos de fa-
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental, (1998b). Parâme-
zer pesquisa, de realizar a formação docente, de prati-
tros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino
car o currículo.
fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais
Ao exercer nossa vontade criadora, justamente
(5ª à 8ª série). Brasília: MEC/SEF.
naquilo que nos é mais difícil de superar, poderemos,
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de
quem sabe, inventar, mais uma vez, a diferença, en-
Educação Fundamental, (1998c). Referencial curricular nacio-
tão, desfazer o risco de ligação, que fez com que nos-
nal para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF (Carta de
sos currículos deixassem de ser não-oficiais. Para isto,
Fernando Henrique Cardoso, Presidente da República).
importa perguntar se tudo o que vimos, até agora, nas
propostas curriculares, é tudo o que pode ser visto, e CORAZZA, Sandra M., (2000). Governamentalidade moral do
se tudo o que dissemos é tudo o que pode ser dito. currículo brasileiro. Porto Alegre, PPGEDU-UFRGS. 17p. (Ar-
Fabricar outros óculos e outra linguagem para ver e tigo integrante de Projeto de Pesquisa, desenvolvido com apoio
dizer as coisas e as palavras de “nossos” currículos. da PROPESQ-UFRGS e FAPERGS.) Mimeografado.
Sabendo que, se o seu traçado chegou até aqui, assim, ESTADO do Rio Grande do Sul. Secretaria da Educação, (1999).
é porque, como tal, foi criado. Se foi criado assim, Seminário estadual de sistematização. Constituinte Escolar (a
poderá ser traçado de outros modos. construção da escola democrática e popular. Atividade III, IV e
V. Esteio/RS, dez. 5p. Mimeografado.
SANDRA MARA CORAZZA é professora adjunta do De- ESTADO do Rio Grande do Sul. Secretaria da Educação, (2000a).
partamento de Ensino e Currículo e do programa de pós-gradua-
Caderno 4 da Constituinte Escolar. Sistematização do 2º Mo-
ção em educação, da Faculdade de Educação da Universidade Fe-
mento (Estudo da realidade e resgate de práticas pedagógicas).
deral do Rio Grande do Sul. Pesquisadora na área temática de pós-
Porto Alegre, abr. s.p.
currículo, diferença e subjetivação de infantis, realiza e orienta in-
vestigações que articulam as teorizações sociais e culturais con- ESTADO do Rio Grande do Sul. Secretaria de Estado da Educa-
temporâneas com os estudos de currículo, principalmente a partir ção, (2000b). Regimento da Conferência Estadual da Educa-
das filosofias da diferença. Recentemente, publicou História da ção. Porto Alegre, jun. 16p.
infância sem fim, IJUI: Ed. Unijuí, 2000; e está no prelo O que
ESTADO do Rio Grande do Sul. Secretaria de Estado da Educa-
quer um currículo? pesquisas pós-críticas em educação, Petrópolis,
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Vozes, 2001. E-mail: sandracorazza@uol.com.br
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Volver a pensar la educación: política, educación y sociedad.
tros Curriculares Nacionais, com o intuito de subsidiar to- garantia de permanência e aprendizagem, na Escola Públi-
das as escolas brasileiras, no que se refere a um programa ca, independente da faixa etária, etnia, gênero, opção se-
básico comum de conhecimentos, como a própria denomi- xual ou condição social” (Estado/RS, 2000c, p. 11).
nação caracteriza” (Estado/RS, 1999, p. 4). “Essa escola deve garantir a qualidade social da edu-
“Inicialmente foram elaborados documentos, em ver- cação, assegurando a aprendizagem para todos, [...] (Esta-
sões preliminares, para serem analisados e debatidos por pro- do/RS, 1999, p. 2).
fessores que atuam em diferentes graus de ensino, por espe- “[...], cabe ao Poder Público garantir ensino de quali-
cialistas da educação e de outras áreas, além de instituições dade para todos” (Estado/RS, 2000a, s.p.).
governamentais e não governamentais” (Brasil, 1998b, p. 5). “[...] meta de qualidade orientará o objetivo de contri-
buir para tornar a instituição educacional um espaço dinâ-
2 Educação inclusiva mico e vivo, no qual as crianças alcancem o desenvolvi-
mento integral de suas personalidades, crescendo como
“Até hoje é uma sociedade [...] marcada por relações cidadãos cujos direitos são reconhecidos e respeitados”
sociais hierarquizadas e por privilégios que reproduzem um (Brasil, 1998c, Carta).
altíssimo nível de desigualdade, injustiça e exclusão social. “[...] uma educação básica voltada para a cidadania.
Na medida em que boa parte da população [...] não tem Isso não se resolve apenas garantindo a oferta de vagas,
acesso a condições de vida digna, encontra-se excluída da mas sim oferecendo-se um ensino de qualidade, ministrado
plena participação nas decisões que determinam os rumos por professores capazes de incorporar ao seu trabalho os
da vida social [...]. É nesse sentido que se fala de ausência avanços das pesquisas nas diferentes áreas de conhecimen-
de cidadania, cidadania excludente ou regulada, [...] (Bra- tos e de estar atentos às dinâmicas sociais e suas implica-
sil, 1997a, p. 21). ções no âmbito escolar” (Brasil, 1998b, p. 9).
“[que] a educação se posicione na linha de frente da “[...] uma educação de qualidade, que garanta as apren-
luta contra as exclusões, contribuindo para a promoção e dizagens essenciais para a formação de cidadãos autôno-
integração de todos os brasileiros, voltando-se à construção mos, críticos e participativos” (Brasil, 1998b, p. 21).
da cidadania, não como meta a ser atingida num futuro dis-
tante, mas como prática efetiva” (Brasil, 1998b, p. 21). 4 Democracia
“[...] o aprofundamento do Capitalismo [...] e com o
avanço e a concentração tecnológica, com a especulação “[...] a democracia é uma forma de sociabilidade que
financeira, a exploração e o desrespeito aos direitos, [...], penetra em todos os espaços sociais” (Brasil, 1997a, p. 20).
levaram a uma situação de miserabilidade setores tão sig- “[É] responsabilidade de todos a construção e a am-
nificativos da população, que o modelo de regulação social pliação da democracia no Brasil” (Brasil, 1997a, p. 23).
não mais sustenta e mantém a submissão do conjunto da “[...] a Democracia em nível político e social [...] deve
população” (Estado/RS, 2000a, s.p.) ser um regime político em que há condições efetivas de so-
“Educação como um direito de todos os cidadãos e cialização do poder” (Estado/RS, 2000a, s.p.).
cidadãs, enfatizando principalmente a situação daqueles que, “[...] que tem na democratização da escola seu eixo
ao longo da história, tiveram este direito negado, não con- central, do qual deriva o compromisso político com a
seguindo sequer entrar na escola ou que foram dela excluí- viabilização de um intenso projeto participativo para con-
dos” (Estado/RS, 2000c, p. 5). cretizar um ensino de qualidade social, vinculado à realida-
de e articulado com o projeto de desenvolvimento para o
3 Educação de qualidade Brasil” (Estado/RS, 2000a, s.p.).
“Democratizar o ensino significa [...] assumir a edu-
“A educação de qualidade social, direito de todos e cação pública como um direito de todos os cidadãos e um
dever do Estado, passa pela democratização do acesso e dever do Estado” (Estado/RS, 2000a, s.p.).
“Democratizar é construir participativamente um pro- “[...] necessidade de garantir a todos a mesma digni-
jeto de educação de Qualidade Social” [...] (Estado/RS, dade e possibilidade de exercício de cidadania” (Brasil,
2000a, s.p.). 1997b, p. 22).
5 Cidadania 6 Participação
“Durante décadas, as camadas populares tiveram sua “[...] cidadão [...], criador de direitos, condição que
participação reduzida à eleição de representantes políticos lhe possibilita participar da gestão pública” (Brasil, 1997a,
[...]. Consolidou-se assim a Democracia Representativa, p. 21).
cujo exercício do poder é delegado a algumas pessoas elei- “[...] partilhar com os poderes públicos e diferentes
tas, [...] entendemos que a ampliação e o aprofundamento grupos sociais, organizados ou não, a responsabilidade pe-
da Democracia exigem que todos participem efetivamente los destinos da vida coletiva” (Brasil, 1997a, p. 23).
das decisões tomadas para o conjunto da sociedade” (Esta- “Participação. Como princípio democrático, traz a
do/RS, 2000a, s.p.). noção de cidadania ativa, [...]. É, nesse sentido, responsa-
[Propõe-se] “a construção de uma escola voltada para bilidade de todos a construção e a ampliação da democra-
o exercício pleno da cidadania em todos os níveis e modali- cia no Brasil” (Brasil, 1998a, p. 21).
dades de ensino” (Estado/RS, 1999, p. 2). “[...] compreender a cidadania como participação so-
“O compromisso com a construção da cidadania [...], cial e política, assim como exercício de direitos e deveres
eixo vertebrador da educação escolar” (Brasil, 1997a, p. 15). políticos, civis e sociais [...]” (Brasil, 1997a, p. 7).
“Como princípio democrático, traz a noção de cidada- “[...] mostrar a importância da participação da co-
nia ativa, isto é, da complementaridade entre a representa- munidade na escola, de forma que o conhecimento apren-
ção política tradicional e a participação popular no espaço dido gere maior compreensão, integração e inserção no
público [...]” (Brasil, 1997a, p. 22). mundo; a prática escolar comprometida com a interde-
“[...] noção de cidadania ativa, que tem como ponto pendência escola-sociedade tem como objetivo situar
de partida a compreensão do cidadão como portador de di- as pessoas como participantes da sociedade (cidadãos)
reitos e deveres, mas que também o vê como criador de desde o primeiro dia de sua escolaridade” (Brasil, 1998b,
direitos participando na gestão pública” (Brasil, 1997a, p. 10).
p. 21). “As políticas públicas educacionais [...] devem ser
“O exercício da cidadania, que pressupõe a participa- construídas com a participação da comunidade escolar”
ção política de todos na definição de rumos que serão assu- (Estado/RS, 2000c, p. 11).
midos [...], e que se expressa na escolha de representantes “Fortalecimento da participação da comunidade na
políticos e governantes, mas também na participação em escola e da escola na comunidade, qualificando a integra-
movimentos sociais, no envolvimento com temas e ques- ção escola-família-sociedade” (Estado-RS, 2000c, p. 8).
tões [...] em todos os níveis da vida cotidiana [...]” (Brasil, “Construção de um processo participativo de tomada
1998a, p. 21). de decisões administrativas, financeiras e pedagógicas [...]”
“O papel fundamental da educação no desenvolvimen- (Estado/RS, 2000c, p. 8).
to das pessoas e das sociedades [...] aponta para a necessi- “Escola como espaço coletivo de construção de direi-
dade de se construir uma escola voltada para a formação de tos e deveres (ética, valores, cidadania, responsabilidade),
cidadãos” (Brasil, 1998b, p. 5). de exercício de democracia participativa, diálogo, justiça e
“[...] plenitude da cidadania para todos” (Brasil, 1997c, igualdade” (Estado-RS, 2000c, p. 8).
p. 21). “Educação como processo participativo de construção
“[...] o exercício da cidadania numa sociedade demo- e apropriação do conhecimento e de tecnologias para trans-
crática” (Brasil, 1997a, p. 65). formação da sociedade” (Estado/RS, 2000c, p. 13).
“Participação da comunidade na construção de uma “A conquista de significativos direitos sociais, nas re-
educação e escola comprometidas com o desenvolvimento lações de trabalho, previdência social, saúde, educação e
social” (Estado/RS, 2000c, p. 13). moradia, amplia a concepção restrita de cidadania. Os mo-
“Participação popular como método de gestão das vimentos sociais revelam as tensões que expressam a desi-
políticas públicas na área de educação, estimulando e ga- gualdade social e a luta pela crescente eqüidade na partici-
rantindo condições para a construção coletiva da educação pação ou ampliação dos direitos, assim como da relação
que queremos” (Estado-RS, 2000a, s.p.). entre os direitos individuais e os coletivos e da relação en-
tre os direitos civis, políticos, sociais e econômicos com os
7 Movimentos sociais Direitos Humanos” (Brasil, 1998a, p. 20).
bilidades em relação à vida pessoal, coletiva e ambiental” formação e qualificação, ingresso exclusivamente por con-
(Brasil, 1997a, p. 15). curso público e garantia de condições dignas de trabalho,
“Aprender a conhecer, que supõe saber selecionar, remuneração e carreira” (Estado/RS, 2000a, s.p.).
acessar e integrar os elementos de uma cultura geral, [...], com “A construção do conhecimento como processo cole-
o trabalho em profundidade de alguns assuntos, com espírito tivo e constante pressupõe a formação permanente dos/as
investigativo e visão crítica [...]” (Brasil, 1998b, p. 17). trabalhadores/as em educação” (Estado/RS, 2000c, p. 9).
“Qualificação e formação de trabalhadores em educa-
12 Recursos tecnológicos ção para o atendimento às diversidades, democratizando o
acesso à educação” (Estado/RS, 2000c, p. 11).
“[...] apontar a necessidade do desenvolvimento de tra- “[...] valorizar os trabalhos dos docentes como produ-
balhos que contemplem o uso das tecnologias da comuni- tores, articuladores, planejadores das práticas educativas e
cação e da informação, para que todos, alunos e professo- como mediadores do conhecimento socialmente produzi-
res, possam delas se apropriar e participar, bem como do; destacar a importância de que os docentes possam atuar
criticá-las e/ou delas usufruir” (Brasil, 1998b, p. 11). com a diversidade existente entre os alunos e com seus co-
“[...] saber utilizar diferentes fontes de informação e nhecimentos prévios, como fonte de aprendizagem de con-
recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimen- vívio social e como meio para a aprendizagem de conteú-
tos” (Brasil, 1997a, p. 8). dos específicos” (Brasil, 1998b, p. 11).
“O acesso às tecnologias [...] deve possibilitar a qua- “Para desenvolver sua prática os professores precisam
lificação e inclusão social” (Estado-RS, 2000c, p. 11). [...] desenvolver-se como profissionais e como sujeitos crí-
“Políticas públicas que garantam recursos tecnológi- ticos na realidade em que estão, isto é, precisam poder si-
cos, humanos e financeiros para o enriquecimento e quali- tuar-se como educadores e cidadãos, e, como tais, partici-
ficação do processo ensino-aprendizagem” (Estado/RS, pantes do processo de construção da cidadania, de
2000c, p. 11). reconhecimento de seus direitos e deveres, de valorização
“Educação como processo participativo de construção profissional” (Brasil, 1997a, p. 52).
e apropriação do conhecimento e de tecnologias para trans- “Para o professor a escola [...] é lugar de possibilida-
formação da sociedade” (Estado/RS, 2000c, p. 13). de de construção de relações de autonomia, de criação e
recriação de seu próprio trabalho, de reconhecimento de si,
13 Professores/as que possibilita redefinir sua relação com a instituição, com
o Estado, com os alunos, suas famílias e comunidades”
“[...] é fundamental a valorização profissional dos tra- (Brasil, 1997a, p. 53).
balhadores em educação, o que implica [...] em política de