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EAP-Apostila-2021 08 30
EAP-Apostila-2021 08 30
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
RECIFE, 2º SEMESTRE/2021.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 3
1.1 Estratégia e projetos......................................................................................................... 4
1.1.1 Missão.............................................................................................................................. 4
1.1.2 Visão ................................................................................................................................ 5
1.1.3 Valores ............................................................................................................................. 6
1.1.4 Diferenciais ..................................................................................................................... 6
1.1.5 Análise de posição ........................................................................................................... 7
1.1.6 Análise de ambiente ......................................................................................................... 9
1.1.7 Planos de ação ................................................................................................................ 9
1.1.8 Síntese ............................................................................................................................ 11
1.2 Tipos e estrutura de projetos.......................................................................................... 11
1.3 Gestão de projetos ......................................................................................................... 18
2 ANÁLISE DE MERCADO ........................................................................................... 20
2.1 Algumas medidas a considerar sobre a demanda .......................................................... 20
2.2 Ciclo de vida do produto/serviço ................................................................................... 24
2.3 Desenho dos canais de comercialização ........................................................................ 27
2.4 Estrutura da análise de mercado .................................................................................... 28
3 ENGENHARIA, TAMANHO E LOCALIZAÇÃO...................................................... 39
3.1 Processo produtivo e tecnologia utilizada ..................................................................... 39
3.2 Economias de escala e tamanho ótimo .......................................................................... 40
3.3 Decisões de localização ................................................................................................. 46
4 QUADROS FINANCEIROS DO PROJETO ............................................................... 50
4.1 Quadro de orçamentos ................................................................................................... 50
4.2 Quadro de cronograma de desembolsos ........................................................................ 56
4.3 Quadro de usos e fontes ................................................................................................. 57
4.4 Quadro de estimativas de receitas ................................................................................. 58
4.5 Quadro de estimativas de gastos com materiais ............................................................ 60
4.6 Quadro de estimativas de gastos com mão de obra ....................................................... 61
4.7 Quadro de estimativas de gastos com depreciação, manutenção e seguros .................. 62
4.8 Quadro de estimativas de gastos com demais CIF ........................................................ 63
4.9 Quadro de estimativas de gastos com tributos .............................................................. 64
4.10 Quadro de estimativas de gastos totais .......................................................................... 66
4.11 Quadro de reposição de dívidas existentes .................................................................... 66
4.12 Quadro de reposição de dívidas projetadas ................................................................... 67
4.13 Quadro de resultados, capacidade de pagamento e fluxo de caixa ................................ 67
5 CRITÉRIOS DE ANÁLISE DE VIABILIDADE E RISCO ........................................ 69
5.1 Antecedentes.................................................................................................................. 69
5.2 Valor presente líquido ................................................................................................... 73
5.2.1 Vida útil e valor residual ............................................................................................... 76
5.2.2 Projetos de tamanhos distintos ...................................................................................... 78
5.2.3 Taxa mínima de atratividade e interseção de Fischer .................................................. 79
5.2.4 Valor presente líquido integrado................................................................................... 81
5.3 Taxa interna de retorno .................................................................................................. 83
5.4 Tempo de retorno........................................................................................................... 86
5.5 Outros indicadores de viabilidade ................................................................................. 87
5.6 Análise de risco ............................................................................................................. 89
APÊNDICE .............................................................................................................................. 93
Apêndice A: exemplo de quadro de orçamentos ...................................................................... 93
Apêndice B: exemplo de quadro de cronograma de desembolsos ........................................... 94
Apêndice C: exemplo de quadro de usos e fontes .................................................................... 95
Apêndice D: exemplo de quadro de estimativas de receitas .................................................... 95
Apêndice E: exemplo de quadro de estimativas de gastos com materiais................................ 96
Apêndice F: exemplo de quadro de estimativas de gastos com mão de obra ........................... 97
Apêndice G: exemplo de quadro de estimativas de gastos com depreciação, manutenção e
seguros ...................................................................................................................................... 98
Apêndice H: exemplo de quadro de estimativas de gastos com demais CIF ........................... 98
Apêndice I: exemplo de quadro de estimativas de gastos com tributos ................................... 99
Apêndice J: exemplo de quadro de estimativas de gastos totais .............................................. 99
Apêndice K: exemplo de quadro de reposição de dívidas ...................................................... 100
Apêndice L: exemplo de quadro de resultados, capacidade de pagamento e fluxo de caixa . 100
Apêndice M: exemplo de interpolação linear para interseção de Fischer .............................. 101
Apêndice N: exemplo de interpolação linear para TIR .......................................................... 102
Apêndice O: exemplo de interpolação linear para tempo de retorno ..................................... 102
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1 INTRODUÇÃO
Imagine que você reconheceu um problema de certa clientela, modelou uma solução
minimamente adequada e resolveu empreender. O negócio requer pouco investimento e pode
funcionar basicamente através de um aplicativo. A ideia é repetível (pode ser aplicada em
variadas condições, a exemplo de outras localidades) e escalável (pode crescer rapidamente
sem afetar o modelo de negócio), o que configura esse empreendimento como uma startup
(empresa emergente). Nessa situação, em um mercado intensamente dinâmico, a agilidade é
uma característica fundamental para fazer o empreendimento dar certo.
Basicamente, toda informação consolidada ao longo desse processo limitou-se a
responder as seguintes questões: (i) Quais clientes serão atendidos? (ii) Quais problemas da
clientela serão tratados? (iii) Qual a proposta de valor a ser entregue à clientela, ou seja, o que
merecerá atenção da clientela? (iv) Quais soluções serão ofertadas para resolver cada
problema listado? (v) Quais canais serão usados para conectar a clientela a essas soluções?
(vi) Quais os meios de obtenção de receita nesse modelo de negócio? (vii) Qual a estrutura de
gastos requeridos para colocar em prática esse modelo? (viii) Quais indicadores serão usados
para acompanhar se o negócio está ou não no caminho certo? (ix) Quais são as vantagens
competitivas desse modelo, ou seja, quais os diferenciais relativos às alternativas já
disponíveis à clientela?
As respostas a esse conjunto de perguntas são frequentemente revisadas, visto que
o empreendimento lançou uma solução minimamente adequada e isso permitiu examinar seus
resultados, melhorar suas características e lançar uma nova versão que, por sua vez, seguirá o
mesmo ciclo de avaliação, melhoria e relançamento. Vale observar que tudo isso começou
com pouco investimento, de forma que a leitura desses parágrafos introdutórios é
especialmente útil para empreender em boa parte dos negócios compreendidos no setor de
serviços, sobretudo startups.
Por outro lado, para setores como agropecuária, indústria/agroindústria e
comércio, em geral, o volume de recursos investidos tende a ser consideravelmente maior,
pois envolvem aquisições de terrenos, edificações, instalações, equipamentos, móveis,
utensílios, veículos, treinamento de pessoal, capital de giro para dar fôlego no início das
atividades, dentre outras necessidades. Mesmo no setor de serviços, há inúmeros negócios que
demandam elevados volumes de investimento, a exemplo de estabelecimentos que atuam em
saúde, educação, segurança, alimentação, transporte, armazenamento, turismo, cultura etc.
Nesses múltiplos casos, em todos os setores, nas situações em que o investimento demanda
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1.1.1 Missão
A missão expressa o propósito da organização, geralmente exposta em uma frase única. De
forma equivocada, não é raro encontrar empresas que usam a missão como uma ferramenta de
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publicidade junto à clientela, algo que seria mais próprio do slogan (lema). Em vez disso, a
missão deve ser apropriada pelas pessoas que formam a organização, de maneira que suas
decisões e condutas não se desviem de tal propósito.
Como exemplo, a italiana Fiat utiliza a frase “Desenvolver, produzir e
comercializar carros e serviços que as pessoas prefiram comprar e tenham orgulho de
possuir, garantindo a criação de valor e a sustentabilidade do negócio”. Vale observar a
pluralidade de propósitos dispostos em uma só frase bem construída e capaz de ser apropriada
pelas pessoas envolvidas na organização.
Por sua vez, a pernambucana Baterias Moura tem como missão “Produzir e
entregar as melhores soluções em baterias com um time coeso, gerando riquezas, fazendo o
novo, bem feito e com paixão”. A empresa ainda divulga explicações complementares sobre
certas passagens presentes em sua missão. Por exemplo, sobre a passagem “melhores soluções
em baterias”, a empresa detalha o seguinte: “Dialogamos continuamente com nossos clientes
para identificar suas necessidades a fim de integrar produtos e serviços que atendam
plenamente as demandas de seus negócios”. Apesar de não ser habitual, as empresas podem
então esmiuçar a missão e elucidar pontos que talvez não estejam claros ou são difíceis de
expor em uma só frase.
Por fim, traz-se o exemplo de nossa Universidade Federal Rural de Pernambuco,
cuja missão é “Construir e disseminar conhecimento e inovação, através de atividades de
ensino, pesquisa e extensão, atenta aos anseios da sociedade”. Essa frase foi definida no
Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) construído em 2012 e serviu de orientação para
os exercícios de 2013 a 2020. Dessa maneira, todo o planejamento da instituição, bem como
suas decisões e suas condutas, devem se mostrar coerentes com essa frase, não se desviando
de referido propósito.
1.1.2 Visão
A visão expressa o futuro vislumbrado pela organização, também geralmente exposta em
uma frase única. Antes de construir a visão, é importante definir seu prazo de referência,
geralmente três, cinco ou dez anos. É possível inclusive definir várias visões de acordo com
diferentes prazos, indicando-se qual o futuro vislumbrado para o próximo ano ou para outros
horizontes. É recomendável prenunciar situações factíveis a serem alcançadas, pois isso irá
interferir na motivação da equipe. Além disso, ressalta-se que, assim como a missão, a visão
não deve ser construída visando publicidade junto à clientela. Em vez disso, a visão deve ser
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1.1.3 Valores
Os valores expressam os princípios que orientam a organização, geralmente elencadas em
algumas palavras-chave, mas que também podem ser complementadas por frases explicativas.
Assim como a missão e a visão, a declaração de valores deve ser apropriada pela equipe e
também visa nortear o planejamento, as decisões e as condutas da organização. Então, por
exemplo, se certa decisão ferir um dos valores elencados, esta deverá ser descartada.
Como exemplo, a Fiat declara adotar os seguintes valores: “satisfação do cliente;
atuar como parte integrante da FCA; respeito ao meio ambiente; valorização e respeito às
pessoas; e responsabilidade social”. Nesse sentido, entende-se que a multinacional procura,
por exemplo, rechaçar condutas que prejudiquem a integração do grupo Fiat Chrysler
Automobiles (FCA), como a concorrência da Fiat frente a outras marcas do grupo.
Por sua vez, a UFRPE definiu em seu PDI que adota os seguintes valores:
“transparência; inovação; inclusão; respeito à diversidade; respeito aos saberes populares;
equidade; ética; sustentabilidade”. Portanto, as falhas de acessibilidade às pessoas que
apresentam dificuldade de locomoção são exemplos que contrariam o princípio da inclusão
preconizado pela instituição, o que motiva a promoção de políticas voltadas à redução desse
tipo de problema.
1.1.4 Diferenciais
Os diferenciais expressam características que tornam a organização única aos olhos da
clientela. Esse tipo de declaração não é algo trivial a ser elaborado, pois justamente requer se
colocar na posição da clientela. Nesse aspecto, não é raro encontrar duas ou mais empresas
que são concorrentes diretas e, contraditoriamente, declaram possuir um mesmo diferencial.
Para facilitar a identificação de diferenciais, pode-se buscar responder às seguintes
perguntas norteadoras: (i) O que faz o produto/serviço ofertado pela organização ser diferente
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e especial? (ii) A organização oferta uma melhor solução à clientela e/ou algo que seja
inovador (foi a primeira a identificar um problema)? (iii) Há algo que crie dependência da
clientela ao produto/serviço ofertado pela organização? (iv) Há alguma combinação de
recursos exclusiva da organização, como equipe, processos, relacionamentos etc.? (v) Há
informações privilegiadas, suporte de especialistas ou experiência da equipe? (vi) Há barreiras
à entrada de concorrentes para ofertar substitutos ou maneiras para proteger a ideia frente a
concorrentes? (vii) Há um nicho que não atraia a atenção de concorrentes ou uma vantagem
única, ou seja, algo que não pode ser copiado ou apropriado facilmente por concorrentes?
Alguns exemplos de diferenciais referem-se à disponibilidade de recursos
financeiros para investimento (sejam próprios ou via financiamento), instalações modernas,
localização privilegiada, patentes, marca registrada e/ou direitos autorais, motivação da
equipe, habilidades gerenciais e/ou técnicas, marca reconhecida e/ou boa reputação no
mercado, dentre outros.
opções de pagamento etc. Por exemplo, basta observar o poder de grandes varejistas que
alcançam melhores condições de compra ao firmar contratos com volumes substanciais.
Por fim, a quinta força associa-se à existência de rivais, que não deve ser
confundida com a possibilidade de entrantes (força que aborda as chances de novas entradas
de rivais) ou com a existência de substitutos (que se vincula à existência de outros
produtos/serviços concorrentes). Por outro lado, a rivalidade trata de concorrentes que já se
estabeleceram e disputam fatias do mercado consumidor. Um exemplo é a rivalidade entre as
estadunidenses Coca-Cola e Pepsi no setor de bebidas.
A análise dessas cinco forças possibilita examinar a posição da organização no
mercado em que atua, o que auxilia no planejamento e na execução de estratégias de
melhorias de posição. Tais estratégias podem ser classificadas em estratégias de custo, que
se referem à obtenção de custo baixo e de modo consistente ao longo do tempo (um exemplo
é a brasileira Fibria na produção de celulose de eucalipto); e em estratégias de diferenciação,
que diz respeito à oferta de produtos/serviços voltados a um nicho de mercado (a exemplo da
alemã Mercedes-Benz no segmento de carros de luxo).
De maneira geral, observa-se que a participação de mercado tende a ser maior
quando a organização adota estratégias de custo. Por outro lado, ao adotar estratégias de
diferenciação, tende-se a deter uma menor participação de mercado, justamente porque a
organização procura atender uma fatia mais específica. Porém, em ambos os casos, tende-se a
atingir maiores taxas de retorno de investimento, comportamento traduzido pela conhecida
Curva U de Porter.
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as ameaças que a cercam. Esse direcionamento pode ser definido pelos planos de ação,
construídos através de técnicas variadas, dentre as quais se preferiu sugerir apenas um
exemplo no presente tópico. Em geral, os planos de ação são construídos com a participação
da alta administração da organização, mas nada impede que seus diferentes setores possam
construir seus próprios planos.
A técnica aqui exemplificada fundamenta-se em dois questionamentos: (i) O que
tem impulsionado a evolução da organização? (ii) O que tem retardado a evolução da
organização?
A ideia é que as pessoas estejam à vontade para responder o que estiver em mente
no momento em que essas perguntas são lançadas. As respostas podem ser dadas abertamente
ou individualmente, o que pode ser vantajoso se as pessoas não estiverem tão à vontade. As
respostas devem ser agrupadas por similaridade e, posteriormente, listadas em um quadro
intitulado situação atual.
Nesse quadro serão definidas duas colunas, uma com os fatores que impulsionam
a organização e outra trazendo características que retardam sua evolução. Por exemplo, de um
lado podem constar a localização privilegiada ou o retorno de uma coordenadora que
participou de certa qualificação; do outro, podem ser listadas a falta de um canal de vendas
pela internet ou a dependência de um tipo específico de matéria-prima.
Definida a situação atual, parte-se para a definição das ações. A cada
característica definida no quadro de situação atual, deve-se então atrelar ações que possam
promover as qualidades da organização e minimizar seus problemas. Por exemplo, quanto à
localização privilegiada, parece que não há muito mais ações que possam incrementar essa
vantagem. Porém, quanto ao retorno da coordenadora, uma possível ação seria a realização de
um seminário para que ela compartilhe seus conhecimentos. Do lado dos fatores que retardam
a empresa, por sua vez, pode-se pensar em ações como construção de um protótipo de
aplicativo de vendas e investigação de possíveis substitutos para a matéria-prima específica.
Posteriormente, parte-se para a definição de prioridades. Para tanto, como
sugestão, pode-se adotar dois critérios: (i) Quais ações são mais simples ou menos onerosas
para pôr em prática? (ii) Quais ações afetam mais na evolução da organização?
Por exemplo, a ação sobre o seminário com a coordenadora é muito simples e
pouco onerosa para pôr em prática, de forma que ela pode ser definida como prioritária.
Porém, a construção de um protótipo de aplicativo de vendas também é muito simples e
pouco oneroso, mas deve ter um efeito ainda mais significativo sobre a evolução da
organização. Assim, se for tão simples e pouco oneroso quanto a promoção do seminário, a
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construção do protótipo pode ser considerada uma ação mais prioritária. Por outro lado,
quanto à investigação de substitutos para a matéria-prima, apesar do significativo efeito sobre
a evolução da organização, deve-se reconhecer que essa pesquisa requer mais tempo, gastos e
experimentação, o que a coloca em menor grau de prioridade frente às demais ações aqui
exemplificadas. Isso não quer dizer que não deva ser colocada em prática, mas se sugere
desdobrá-la em ações mais específicas, resolvendo-se em um prazo mais estendido.
Após classificar as ações segundo graus de prioridade, o enfoque passa àquelas
ações que serão colocadas em prática de imediato. Para cada uma dessas ações, deve-se
definir responsáveis (para direcionar os esforços), recursos necessários (para fomentar a
execução), prazo (para vincular um limite para apresentação de resultados) e indicadores de
acompanhamento (para observar o andamento da ação). Por exemplo, quanto à construção
de um protótipo de aplicativo de vendas, pode-se definir como responsável um funcionário do
setor de Tecnologia da Informação, com orçamento de até R$ 3 mil para contratação de
serviços externos (como programação visual) e prazo de duas semanas. Como indicadores de
acompanhamento, pode-se considerar o envio de um relatório parcial simplificado na primeira
semana e de um vídeo de apresentação do protótipo no final da segunda semana.
1.1.8 Síntese
Ao finalizar o planejamento estratégico, é recomendável sintetizar as informações produzidas
e acrescentar reflexões a respeito do negócio, as quais terão maior grau de amadurecimento
com a passagem por todas as etapas anteriores.
Para produzir a síntese, sugere-se dar respostas às seguintes questões: (i) O que a
organização faz? (ii) Como faz? (iii) Para quem faz? (iv) Qual sua missão? (v) Qual sua
visão? (vi) Quais seus diferenciais?
Aconselha-se que esta síntese seja difundida e apropriada por toda a equipe que
compõe a organização, visto que abrange temáticas fundamentais para entender o modelo de
negócio empregado.
classificações pertinentes ao projeto, bem como tratar sobre estruturas de documento que
normalmente são empregadas.
A princípio, dado que o projeto recai sobre decisões de investimento, vale tratar
especificamente sobre esse conceito. Por definição, investimento é todo gasto efetuado na
aquisição de itens que serão estocados na organização e utilizados até sua exaustão, com a
expectativa de que irão proporcionar retorno.
Os investimentos são classificados como permanentes quando a exaustão de seu
uso ocorre no longo prazo. Exemplos de investimentos permanentes são obras civis
(normalmente se considera que a vida útil das edificações gira equivale a 25 anos), instalações
(com vida útil de dez anos), equipamentos (também dez anos), móveis e utensílios (dez anos),
equipamentos de informática (cinco anos) e veículos (cinco anos). Como se pode observar, ao
adquirir itens de investimento permanentes, estes serão estocados e utilizados até sua
exaustão, que só ocorre no longo prazo.
Por outro lado, há investimentos que são classificados como circulantes. Nesses
casos, os itens serão estocados, mas a exaustão ocorre no curto prazo, a exemplo de materiais
que serão processados (algo comum na agropecuária e na indústria/agroindústria), produtos de
revenda (comum em atividades comerciais) e treinamento (comum em atividades de todos os
setores). O próprio investimento em capital de giro, necessário para fomentar as atividades
iniciais do negócio, deve ser caracterizado como item circulante, já que se configura como
recursos que serão exauridos no curto prazo.
Antes de tomar decisões de investimento, algumas considerações devem ser feitas,
mais especificamente sobre valor (quanto se pode investir?), prazo (por quanto tempo se
pretende ou pode-se manter o recurso investido?), risco (qual risco se permite expor?) e
retorno (qual retorno se espera alcançar?).
Nesse sentido, e diante dessas questões, algumas análises são fundamentais a
discorrer no projeto, como a identificação de oportunidades ou gargalos, o dimensionamento
de quadros financeiros, a análise de méritos sociais, econômicos e financeiros, a análise da
incerteza e do risco, além do reconhecimento das limitações do estudo, como a maneira como
se produz estimativas e se faz a avaliação de recursos intangíveis (marcas, capital intelectual
etc.). Mesmo havendo aspectos comuns aos mais variados tipos de projetos, as informações
levantadas e processadas, bem como sua própria apresentação dependem de sua classificação.
Primeiramente, segundo a finalidade do projeto, pode-se tipificar cinco situações:
implantação, expansão, diversificação, relocalização e modernização. Projetos de
implantação direcionam-se à decisão de fundar ou estabelecer uma organização, enquanto os
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sociedade (inviável do ponto de vista social, seja por problemas ambientais, destruição de
empregos, insegurança etc.). Nesses casos, o governo deve analisar o investimento para
decidir se aceita a perda social e permite a liberdade econômica, ou se restringe a execução do
investimento através de regulação, tributação, restrição creditícia, dentre outros caminhos.
Por fim, um projeto pode ser viável apenas do ponto de vista social, quando o
investimento é vantajoso para a sociedade, mas não atrai o interesse do ponto de vista privado,
seja por uma insuficiente taxa de retorno, pela existência de riscos elevados, por exigir muito
dinheiro, dentre outros fatores. Nesses casos, o governo deve analisar o investimento para
decidir se prefere não dispor desse atrativo à sociedade ou se estimula sua execução através de
subsídios, isenções fiscais, facilidades creditícias, participações societárias etc.
Quanto à viabilidade, portanto, todas as situações demandam a análise de um
projeto que deve fundamentar a decisão de realizar ou não um investimento. Como já
abordado, a estrutura do projeto pode dar enfoque maior ou menor a determinados temas, de
acordo com sua classificação, mas é possível ter referências comuns na organização desse
documento, de forma que é possível sugerir a seguinte estrutura genérica:
Quanto ao “Plano operacional”, este deve ser organizado nos seguintes tópicos:
Por fim, o projeto deve conter o chamado “Plano financeiro”, dividido nos
seguintes tópicos:
2 ANÁLISE DE MERCADO
Como já descrito, uma das partes que compõem o projeto é o plano mercadológico. Para
aprofundar conhecimentos a esse respeito, a presente seção procura orientar a concepção de
uma análise de mercado. A compreensão dessa temática servirá não só para compor uma das
partes do projeto, mas também incrementar conhecimentos sobre como elaborar estudos que
se debrucem particularmente sobre determinado mercado.
Inicialmente, salienta-se que a análise de mercado é utilizada no projeto com três
objetivos, basicamente: (i) auxiliar na determinação da escala do negócio, visto que a análise
de mercado deve permitir a previsão de eventual escassez de oferta; (ii) ajudar na escolha da
localização do negócio, visto que traz detalhes importantes sobre a área geográfica em que se
pretende comercializar o produto/serviço; e (iii) servir de base para as projeções financeiras
do negócio, visto que a análise de mercado descreve características de demanda e oferta,
como preços de venda, condições na compra de insumos etc.
Além disso, de forma geral, pode-se pontuar que os fundamentos da teoria
econômica trazem pistas úteis à realização da análise de mercado, sobretudo a partir dos
conceitos de demanda e oferta. Por definição, a quantidade demandada corresponde à
disposição da clientela a comprar certo bem (produto/serviço) por determinado preço. Por sua
vez, a demanda é uma função que relaciona a quantidade demandada ao preço do próprio
bem (relação negativa, ou seja, inversamente proporcional) e a outros fatores determinantes,
como preço de bens relacionados (positiva se esse bem for substituto e negativa se for
complementar), renda da clientela (positiva se o bem for normal e negativa se for inferior),
despesas com propaganda (positiva), sazonalidade (positiva para determinadas épocas) etc.
Por outro lado, a quantidade ofertada corresponde à disposição das organizações
a vender certo bem (produto/serviço) por determinado preço. Nesse sentido, a oferta é uma
função que relaciona a quantidade ofertada ao preço do próprio bem (relação positiva, ou seja,
diretamente proporcional) e a outros fatores determinantes, como preço de bens relacionados
(negativa se esse bem for um substituto de produção e positiva se for complementar), preço de
fatores produtivos (negativa), tributação (negativa), subsídios governamentais (positiva), nível
tecnológico (positiva), sazonalidade (positiva para determinadas épocas), dentre outros.
(aqueles cujo consumo esgota o bem rapidamente, como alimentos, vestuário etc.), sugere-se
levantar informações sobre os seguintes temas que devem influenciar sobre o crescimento
potencial do mercado que se deseja alcançar:
Para bens de consumo duráveis (cujo consumo não esgota o bem rapidamente,
como eletrodomésticos, móveis etc.), sugere-se levantar informações sobre os seguintes
temas:
1
Calculada como a renda disponível menos os gastos essenciais (alimentos, vestuário, contas etc.).
2
Calculada como a renda discricionária mais os saldos em caixa, disposição de crédito e ativos quase líquidos.
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(como taxa de formação, número de pessoas por família etc.) passam a ser
mais interessantes que dados sobre população;
• Renda: como já descrito, também é importante levantar informações sobre
renda discricionária, poder de compra, distribuição de renda etc.,
observando-se que a aquisição de bens duráveis geralmente compromete
muito o orçamento familiar;
• Condições de crédito: medidas como nível de taxa de juros, prazos
contratados e volumes disponíveis são relevantes porque facilitam o
acesso das famílias a bens que geralmente são mais onerosos, a exemplo
dos bens duráveis;
• Durabilidade e estoque: deve-se observar que a menor vida útil do bem
tende a elevar a demanda de reposição (mas deve reduzir a demanda de
expansão, já que atrai menos consumidores), enquanto o maior estoque em
poder de clientes tende a reduzir a demanda de expansão (mas deve elevar
a demanda de reposição, pois requer mais substituições);
• Preço do bem e de bens relacionados: como já descrito, deve-se considerar
o peso da aquisição do bem no orçamento familiar e a influência de
complementares e/ou substitutos.
Por outro lado, para bens de capital (bens duráveis empregados na produção,
como equipamentos e instalações), as seguintes temáticas podem ser consideradas:
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Por fim, ressalta-se que outras informações são importantes para coletar,
qualquer que seja o bem que é objeto da análise de mercado:
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Ao se considerar 𝐶𝐴 = consumo aparente, 𝐶𝑅 = consumo real, 𝑃 = produção, 𝑀 = importações, 𝑋 =
exportações e ∆𝑆 = variação de estoques, define-se que 𝐶𝐴 = 𝑃 + 𝑀 − 𝑋, ou seja, o consumo aparente de um
bem é dado pela sua produção, somada pelas importações desse bem e descontada pelas exportações realizadas,
já que estas são consumidas externamente. Por sua vez, define-se que 𝐶𝑅 = 𝐶𝐴 − ∆𝑆, ou seja, o consumo real de
um bem é dado pelo consumo aparente menos a variação de estoques, ou seja, um aumento nos estoques das
empresas produtoras deve fazer o consumo real ser menor que o consumo aparente. Contudo, para certos bens,
deve-se reconhecer que ∆𝑆 também é uma medida não facilmente encontrada.
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4
De forma geral, pode-se calcular a elasticidade como a razão da variação percentual de certa variável explicada
sobre a variação percentual na variável explicativa. Assim, por exemplo, a elasticidade-preço da demanda pode
∆%𝑝 (𝑝1 −𝑝0 )⁄𝑝0
ser calculada como 𝜀𝑝𝑑 = 𝑑 = 𝑑 𝑑 𝑑.
∆%𝑞 (𝑞1 −𝑞0 )⁄𝑞0
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específicos. Algo que não foi incluído no exemplo, mas aconselha-se ser feito, é a ilustração
dos canais em um fluxograma que demonstre os elos que formam a cadeia de comercialização
da organização até a clientela final.
5
O crescimento geométrico é calculado como em uma fórmula de juros compostos. Assim, com o consumo (𝐶𝑡 )
e dois pontos no tempo (𝑡0 e 𝑡1 ), a taxa de crescimento geométrico (𝑔̂) é dada por 𝐶𝑡1 = 𝐶𝑡0 ∙ (1 + 𝑔̂)𝑡1−𝑡0 .
29
6
O crescimento aritmético é calculado como em uma fórmula de juros simples. Assim, dada uma variável (𝑉𝑡 ) e
dois pontos no tempo (𝑡0 e 𝑡1 ), a taxa de crescimento aritmético (𝑎̂) é dada por 𝑉𝑡1 = 𝑉𝑡0 ∙ [1 + 𝑎̂ ∙ (𝑡1 − 𝑡0 )].
Portanto, uma projeção para 𝑉̂𝑡2 pode ser dada simplesmente por 𝑉̂𝑡2 = 𝑉𝑡1 ∙ [1 + 𝑎̂ ∙ (𝑡2 − 𝑡1 )].
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Dada a taxa geométrica (𝑔̂), uma projeção para 𝑉̂𝑡2 pode ser dada simplesmente por 𝑉̂𝑡2 = 𝑉𝑡1 ∙ (1 + 𝑔̂)𝑡2−𝑡1 .
8
Podem ser consideradas projeções a partir de séries temporais.
9
Nesse caso, para certa variável, gera-se uma série baseada na média aritmética em um intervalo de tempo
definido (geralmente três a nove períodos imediatamente anteriores). Posteriormente, calculam-se os desvios
entre os valores observados e a média móvel, gerando-se uma nova série. As projeções, portanto, são tomadas
como a soma entre a média móvel do intervalo imediatamente anterior e a média dos desvios calculados. Um
exemplo a esse respeito será tratado ao final deste tópico.
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10
Essa medida reflete o quanto da capacidade produtiva não é utilizada pelo setor.
32
produtiva) superaram as depreciações (que reduzem essa capacidade). Por exemplo, pode-se
observar um importante salto ocorrido no Ano 14, que ampliou a capacidade produtiva do
setor em mais de 100 toneladas.
Por sua vez, no horizonte analisado, o grau de ociosidade variou na faixa de 30%
a 40%, o que significa que a produção efetiva do setor esteve entre 60% e 70% da capacidade
instalada.
Já quanto à balança comercial, verifica-se que as importações mantiveram
praticamente o mesmo volume, quando se compara o início ao final da série, enquanto as
exportações foram crescendo consistentemente.
A partir desses dados, pode-se deduzir o comportamento da produção local, o que
indicará a evolução da quantidade ofertada. Nesse aspecto, deve-se simplesmente multiplicar
a capacidade produtiva pelo percentual de uso da capacidade produtiva. Tomando-se o Ano
15 como exemplo, cujo grau de ociosidade chega a 40%, basta então calcular 1.510 ∙
(1 − 0,40) = 1.510 ∙ 0,60 = 906. Portanto, a produção local, no Ano 15, correspondeu a 906
toneladas.
Capacidade Grau de
Período Produção (t)
produtiva (t) ociosidade (%)
Ano 1 1.000 30 700,0
Ano 2 1.100 35 715,0
Ano 3 1.098 33 735,7
Ano 4 1.150 35 747,5
Ano 5 1.147 33 768,5
Ano 6 1.130 40 678,0
Ano 7 1.150 39 701,5
Ano 8 1.210 35 786,5
Ano 9 1.300 36 832,0
Ano 10 1.350 38 837,0
Ano 11 1.349 35 876,9
Ano 12 1.325 34 874,5
Ano 13 1.375 36 880,0
Ano 14 1.500 39 915,0
Ano 15 1.510 40 906,0
Para efetuar as projeções de demanda (a partir dos dados de consumo) e de oferta
(a partir dos dados de produção), a título de exemplo, será considerada a extrapolação por
médias móveis para cinco períodos (essa escolha é arbitrária e, portanto, é interessante testar
outros intervalos e verificar a sensibilidade dos resultados). Por exemplo, no Ano 6, a média
móvel da produção considera a média aritmética dos Anos 1 a 5, o que corresponde a 733,3
toneladas. Nesse sentido, como não há dados anteriores ao Ano 1, não é possível calcular a
média móvel para os cinco períodos iniciais. Por sua vez, no Ano 16, possibilita-se o cálculo
33
da média móvel a partir dos dados observados nos Anos 11 a 15, mas isso já não é factível
para anos futuros, já que a série acaba no Ano 15.
Média móvel da Média móvel do
Período Produção (t) Consumo (t)
produção (t) consumo (t)
Ano 1 700,0 - 900,0 -
Ano 2 715,0 - 950,0 -
Ano 3 735,7 - 970,0 -
Ano 4 747,5 - 950,0 -
Ano 5 768,5 - 1.000,0 -
Ano 6 678,0 733,3 960,0 954,0
Ano 7 701,5 728,9 1.050,0 966,0
Ano 8 786,5 726,2 1.012,0 986,0
Ano 9 832,0 736,4 1.050,0 994,4
Ano 10 837,0 753,3 1.025,0 1.014,4
Ano 11 876,9 767,0 970,0 1.019,4
Ano 12 874,5 806,8 940,0 1.021,4
Ano 13 880,0 841,4 914,0 999,4
Ano 14 915,0 860,1 876,0 979,8
Ano 15 906,0 876,7 936,0 945,0
Ano 16* - 890,5 - 927,2
Calculadas as médias móveis, o próximo passo para a extrapolação é o cálculo dos
desvios dessa medida frente ao valor observado. Nesse sentido, o objetivo do cômputo das
médias móveis não é propriamente verificar tendências, mas comparar os valores de um
instante em relação à média do que ocorreu recentemente. Por exemplo, no Ano 4, tem-se que
o desvio para a produção é calculado como 678,0 − 733,3 = −55,3. Em outras palavras, o
valor observado naquele ano mostrou-se 55,3 toneladas abaixo da média aritmética dos cinco
períodos anteriores. Vale também notar que, para o Ano 16, visto que não há valor observado,
não é possível obter sua medida de desvio.
Outro procedimento a ser feito é a soma da média móvel dos valores observados
com a média móvel dos desvios calculados. Para esse exemplo, a média móvel dos desvios
também é calculada com base na média aritmética de cinco períodos anteriores. Por exemplo,
para a produção, a média móvel dos desvios corresponde a 60,1 toneladas no Ano 16.
A partir desses valores, pode-se agora gerar estimativas para a produção e para o
consumo. Nesse exemplo, será considerada uma projeção para cinco anos posteriores (Anos
16 a 20). Começando pela produção, faz-se a soma entre sua média móvel e a média móvel de
seus desvios. Por exemplo, para o Ano 16, tem-se que 890,5 + 60,1 = 950,6 toneladas. A
partir dessa estimativa, pode-se calcular um novo valor para o desvio da produção, ou seja,
950,6 − 890,5 = 60,1 toneladas, obviamente. Essas estimativas, por sua vez, servirão para
estipular a média móvel da produção e a média móvel dos desvios para o Ano 17, o que
projetará a produção desse ano, processo que se repete até o final da série futura.
34
15. Dessa maneira, se fosse considerado um intervalo de cinco anos para o cálculo da média
móvel dos desvios, os valores projetados para o consumo apresentariam queda acentuada, o
que subestima a leve recuperação demonstrada no Ano 15. Diante disso, especificamente para
as projeções de consumo, preferiu-se considerar a média móvel dos desvios para toda a série
disponível, ou seja, a média aritmética dos desvios calculados entre os Anos 6 e 15.
Realizadas as projeções de demanda e oferta, pode-se agora projetar a escassez de
oferta local. Para tanto, deve-se considerar que parte do consumo advém das importações,
enquanto parte da produção destina-se às exportações. Por esse motivo, o confronto entre
demanda e oferta deve descontar essas medidas, as quais devem ser projetadas seguindo o
mesmo procedimento utilizado na projeção da produção (sugere-se que as estimativas para os
Anos 16 a 20, referentes às exportações e às importações, sirvam como exercício).
Período Produção (t) Exportações (t) Consumo (t) Importações (t)
Ano 1 700,0 10,0 900,0 200,0
Ano 2 715,0 5,0 950,0 230,0
Ano 3 735,7 20,0 970,0 250,0
Ano 4 747,5 17,0 950,0 230,0
Ano 5 768,5 28,0 1.000,0 260,0
Ano 6 678,0 12,0 960,0 300,0
Ano 7 701,5 20,0 1.050,0 350,0
Ano 8 786,5 50,0 1.012,0 270,0
Ano 9 832,0 70,0 1.050,0 290,0
Ano 10 837,0 100,0 1.025,0 280,0
Ano 11 876,9 130,0 970,0 250,0
Ano 12 874,5 140,0 940,0 210,0
Ano 13 880,0 170,0 914,0 190,0
Ano 14 915,0 210,0 876,0 170,0
Ano 15 906,0 185,0 936,0 180,0
Ano 16* 950,6* 235,1* 912,5* 138,0*
Ano 17* 955,4* 253,8* 901,0* 112,8*
Ano 18* 968,0* 276,6* 893,2* 96,0*
Ano 19* 987,2* 296,7* 889,1* 78,8*
Ano 20* 1.000,3* 309,3* 891,7* 63,2*
A partir desses dados, calcula-se produção menos exportações (produção voltada
ao mercado local), valor que deve ser comparado com os resultados de consumo menos
importações (consumo advindo do mercado local). Se a primeira medida for maior que a
segunda, infere-se então um excesso de oferta no mercado local. Por sua vez, se o resultado
for negativo, tem-se uma projeção de escassez de oferta local, situação que estimula a
realização de investimentos, visto que o aumento da capacidade produtiva e da produção
encontrará respaldo no lado da procura.
No exemplo, nos quinze anos observados, pode-se notar que o mercado
demonstrou estar próximo ao equilíbrio, ora apresentando pequenos excessos de oferta
(valores positivos), ora com leves excessos de demanda (valores negativos). Contudo, em dois
36
dos três últimos anos da série, a escassez de oferta se mostrou um pouco mais substancial,
chegando a alcançar 35 toneladas no Ano 15, quase 5% de toda a produção ofertada
localmente. Essa tendência, projetada para cinco anos futuros, indica um potencial
crescimento para a escassez de oferta no mercado local, algo que propicia a decisão de
investimentos, visto que o aumento da produção tende a ser absorvido pela demanda.
Produção – Exportações Consumo – Importações
Período Excesso de oferta (t)
(t) (t)
Ano 1 690,0 700,0 -10,0
Ano 2 710,0 720,0 -10,0
Ano 3 715,7 720,0 -4,3
Ano 4 730,5 720,0 10,5
Ano 5 740,5 740,0 0,5
Ano 6 666,0 660,0 6,0
Ano 7 681,5 700,0 -18,5
Ano 8 736,5 742,0 -5,5
Ano 9 762,0 760,0 2,0
Ano 10 737,0 745,0 -8,0
Ano 11 746,9 720,0 26,9
Ano 12 734,5 730,0 4,5
Ano 13 710,0 724,0 -14,0
Ano 14 705,0 706,0 -1,0
Ano 15 721,0 756,0 -35,0
Ano 16* 715,4* 774,5* -59,1*
Ano 17* 701,5* 788,2* -86,7*
Ano 18* 691,4* 797,2* -105,8*
Ano 19* 690,6* 810,3* -119,8*
Ano 20* 691,0* 828,5* -137,5*
Salienta-se que o procedimento ilustrado tem várias limitações. Por exemplo,
mesmo tendo vantagens quanto à fácil operacionalização, deve-se considerar que há elevado
grau de arbitrariedade na escolha dos períodos utilizados nos cálculos das médias móveis.
Ainda assim, considera-se que suas limitações ainda são menos contundentes que aquelas
demonstradas por métodos de extrapolação que usam simplesmente a taxa aritmética ou a taxa
geométrica de crescimento. De toda maneira, se for vantajoso empreender mais esforço nessa
parte do estudo, sugere-se realizar análises econométricas que permitam gerar projeções a
partir de séries temporais.
Para finalizar este exemplo, os gráficos a seguir ilustram as variáveis com seus
valores observados e projetados. Como se pode notar, o crescimento projetado para as
exportações é um pouco superior ao calculado para a produção. Esse comportamento faz com
que a projeção para a produção voltada ao mercado local tenda a reduzir um pouco. Esse
comportamento é o inverso do encontrado para diferença entre consumo e importações, de
forma que é possível projetar uma escassez de oferta no mercado local que poderá ser
aproveitada por novos investimentos.
37
38
Cabe, porém, fazer uma ressalva, tendo em vista que a escassez projetada
localmente não chega a 150 toneladas/ano no horizonte de cinco anos futuros. Isso deve
contar negativamente sobre a decisão de investimentos, dado que o setor apresenta um alto
grau de ociosidade. Apenas para se tomar um exemplo, no Ano 15, 40% da capacidade
produtiva de 1.510 toneladas é ociosa, de forma que é possível aumentar a produção em 604
toneladas sem que seja preciso realizar investimentos.
39
Porém, pode-se decidir entre investir em uma escala maior, antecipando-se a um potencial
crescimento de vendas; ou iniciar com uma menor escala, mas dando espaço para uma
possível ampliação de sua capacidade produtiva no futuro. Assim, estudar a escala de
produção é um dos aspectos fundamentais no projeto.
Convencionalmente, define-se tamanho como a capacidade produtiva que pode se
pode alcançar em determinado intervalo de tempo. Nesse sentido, há diversas medidas que
podem refletir sobre o tamanho da organização, como o número de horas em operação, o
número de empregos gerados, o número de profissionais ligados à produção, o nível de capital
empregado ou o montante de investimento realizado, o volume de matéria-prima empregada
em certo período ou mesmo o tamanho da área física.
A própria capacidade produtiva pode ser definida sob diferentes perspectivas. Sob
o ponto de vista técnico, capacidade produtiva é a máxima produção que pode ser obtida
com determinado processo em certo intervalo de tempo. Ainda sob essa perspectiva, vale
diferenciar os conceitos de capacidade nominal (é a produção máxima que se pode alcançar,
caso fosse possível manter todo o funcionamento sem quaisquer interrupções) e capacidade
efetiva (considera interrupções decorrentes de manutenções ou ineficiências operacionais).
Salienta-se também o conceito de nível de utilização, dado pela razão entre a
capacidade efetiva e a capacidade nominal. Assim, se o nível de utilização de uma fábrica
equivale a 95%, interpreta-se que a capacidade efetiva alcança 95% da capacidade nominal, o
que aparenta uma baixa interferência de interrupções.
Cabe ressaltar que o nível de utilização é um conceito diferente do uso da
capacidade produtiva, apesar da semelhança semântica. Nesse aspecto, o uso da capacidade
produtiva mede o quanto a organização de fato produz em relação à sua capacidade produtiva.
Por exemplo, se a capacidade produtiva de certa fábrica é 100 mil toneladas/mês, e esta
produziu de fato 80 mil toneladas no mês passado, então o uso da capacidade produtiva
equivale a 80%. Nesse caso, como capacidade produtiva, normalmente se utiliza como
referência a capacidade efetiva, em vez da capacidade nominal. Note-se ainda que, nesse
exemplo, o nível de ociosidade equivale a 20%.
Apesar de ser mais comum a adoção do conceito técnico, a capacidade produtiva
também pode ser definida sob o ponto de vista econômico. Nesse sentido, diz-se que o
tamanho ótimo é aquele que minimiza o custo médio de produção, considerando custos
explícitos (que exigem desembolsos, ou seja, os custos contábeis) e implícitos (custos de
oportunidade, o que é considerado na soma de custos econômicos).
42
Então, pode-se estipular que a aprendizagem da fábrica levará seu custo médio
para R$ 9,025. Vale notar que 9,50⁄10,00 = 0,95, assim como 9,25⁄9,50 = 0,95. Portanto,
diz-se que esta fábrica se encontra em uma curva de aprendizagem de 95%, ou seja, espera-se
que ela diminua seu custo médio em 95% sempre que duplicar sua produção acumulada.
A aprendizagem pode decorrer de uma série de fatores, as quais também levam à
economia de escala. Um exemplo é a melhoria na eficiência do trabalho, via repetição e busca
por modos mais eficientes de realizar uma tarefa. Outros condicionantes são a especialização,
via divisão de operações em etapas; a adoção de novos processos, agregando tecnologia; a
obtenção de melhor desempenho dos equipamentos, via teste de limites e inovações em
modos de operação; mudanças fatoriais, substituindo recursos mais caros por outros mais
baratos; a padronização do produto, o que simplifica a operação; e o redesenho do produto,
deixando-o mais funcional, geralmente com ganhos na matéria-prima e nos processos.
11
Esses dois últimos tipos de gastos se referem a ocorrências anormais, sejam decorrentes de ineficiências
(desperdícios) ou de inesperadas (perdas).
44
Por sua vez, custos são gastos relacionados com a produção e classificados em
materiais diretos (MD)12, mão de obra direta (MOD)13 e custos indiretos de fabricação (CIF).
Particularmente aos CIF, ressalta-se que nessa classificação enquadram-se materiais indiretos
(MI)14, mão de obra indireta (MOI)15 e demais gastos relacionados indiretamente com a
fabricação (depreciação de equipamentos, aluguel e energia da fábrica etc.).
Por outro lado, despesas são gastos não associados com a estrutura administrativa
da empresa, a exemplo, do aluguel e da energia do escritório, da remuneração da diretoria, do
pagamento por serviços contábeis, advocatícios, de segurança ou comunicação, do pagamento
a profissionais que fazem a venda do produto, do frete até a clientela etc.
Para perceber a aplicação da análise de custos, imagine uma fazenda que produz e
vende ovos e feijão, suas únicas fontes de receita. Nesse caso, em dado mês, considera-se que:
• A compra de uma vacina para aves, que não será usada nesse mês, é um
gasto considerado como investimento naquele mês16;
• A aquisição de uma colheitadeira para feijão é um investimento;
• A aquisição de ração para aves, já usada ao longo desse mês, é um gasto
considerado como custo direto (material direto);
• A remuneração de profissionais que coletam ovos é um custo direto (mão
de obra direta);
• A remuneração de alguém que irá gerenciar toda fazenda é um custo
indireto (mão de obra indireta);
• O combustível usado no escoamento de toda a produção da fazenda para a
cidade é uma despesa.
Esses são apenas exemplos de gastos que podem acontecer nessa fazenda, mas é o
suficiente para entender a finalidade da análise de custos. A partir dessa classificação, pode-se
12
Como matérias-primas e embalagens.
13
Profissionais que trabalham diretamente na fabricação do produto.
14
Como materiais secundários, que também compõem o produto, mas em menor grau de importância que
matérias-primas; e materiais auxiliares, que são utilizados na produção, mas não compõem o produto. Por
exemplo, na fabricação de uma camisa, o tecido é uma matéria-prima, enquanto botões e linhas são materiais
secundários, e o lubrificante usado em equipamentos é um material auxiliar.
15
Profissionais que trabalham na fábrica, mas não diretamente com a manipulação de insumos até a obtenção do
produto, a exemplo de gerentes de produção ou profissionais de serviços gerais.
16
Vale observar que, se essa vacina sair do estoque no próximo mês, então esse gasto passa a ser computado
como um custo realizado. Com efeito, se a empresa deseja calcular o custo realizado em determinado mês, então
todas as retiradas de materiais do estoque que ocorreram naquele mês devem ser contabilizadas. Por outro lado,
se for pretendido calcular o investimento feito em certo mês, as aquisições de materiais que entraram em
estoque, mas não foram utilizadas na produção nesse período, devem ser computadas.
45
associar cada gasto a cada unidade produzida, sejam ovos ou feijão. Por exemplo, o custo de
ração é um gasto que deve ser alocado apenas na formação de preço da dúzia de ovos. Nesse
caso, se nesse mês foram gastos R$ 20 mil em ração e foram produzidas 15.000 dúzias no
mês, então o preço de venda da dúzia deve considerar R$ 1,33/dúzia, dentre outros gastos.
Por outro lado, não se pode associar custos indiretos e despesas a unidades
produzidas, exceto por algum critério para rateio entre os produtos ofertados. Por exemplo, se
a remuneração da pessoa que gerencia a fazenda é R$ 1.000/mês e ela dedica 60% de seu
tempo para acompanhar a produção de ovos e 40% para a produção de feijão, então um
critério de rateio seria alocar R$ 600 na produção de ovos e R$ 400 na produção de feijão.
Assim, particularmente à produção de ovos, se foram produzidas 15.000 dúzias naquele mês,
então seu preço de venda também deve considerar R$ 0,04/dúzia (= R$ 600 / R$ 15.000).
A partir desse exemplo, pode-se refletir sobre a importância da análise de custos
na formação de preços. No caso da dúzia de ovos, imagine que além dos R$ 1,33/dúzia
relativos à ração e dos R$ 0,04/dúzia quanto à remuneração da gerência, ainda há outros R$
2,00/dúzia associados aos outros gastos da fazenda, devidamente rateados. Então, para não
haver prejuízo, o preço de venda da dúzia de ovos não deve ser inferior a R$ 3,37/dúzia.
Logicamente, isso não significa que a firma definirá o preço nesse mercado. Na
verdade, é a interação entre demanda e oferta que determinará o preço de equilíbrio. Dessa
maneira, se esse preço for R$ 4,00/dúzia, a firma tratada no exemplo terá lucros
extraordinários de R$ 0,63/dúzia. Caso contrário, se o preço de mercado for R$ 3,00/dúzia, a
firma terá prejuízo equivalente a R$ 0,37/dúzia, algo realmente indesejável.
Como colocado anteriormente, a teoria econômica preconiza que, no longo prazo,
o preço de equilíbrio competitivo tende ao ponto mínimo da curva de custo médio, de forma
que firmas menos eficientes serão eliminadas do mercado. Por outro lado, as que continuam
ofertando continuarão maximizando lucros, dados os custos explícitos e implícitos. Deve-se
então perceber que essa terminologia é diferente daquela adotada pela análise de custos,
embora demonstrem diferenças sutis.
esperado, descontado a certa taxa de juros (isso será aprofundado na seção relacionada ao
plano financeiro do projeto). Obviamente, essa escolha dependerá do mercado que se deseja
atingir (e isso leva em conta o estágio no ciclo de vida, a distribuição geográfica etc.), dos
recursos necessários para instalação e produção (disponibilidades para investimento e
operação), bem como aspectos técnicos (como a escolha da disposição física, por produto ou
por processo).
Além disso, deve-se considerar: (i) investimento na construção do processo; (ii)
custo de oportunidade do capital investido na capacidade instalada; (iii) custo de oportunidade
do tempo de construção de uma fábrica nova ou de ampliação de uma existente; (iv) custo
associado às economias de escala (custo de oportunidade de não ter capacidade para atender
demandas futuras); (v) gastos relativos à estrutura fiscal (ocorrência de impostos e/ou
subsídios); e (vi) vida útil do projeto, conjugada às expectativas de inovações tecnológicas
(possibilidade de obsolescência).
𝐷𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙
(1.1) 𝐶𝑎𝑖𝑥𝑎 𝑚𝑖́𝑛𝑖𝑚𝑜 = ∙ 𝐶𝑖𝑐𝑙𝑜 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜 𝑑𝑎𝑠 𝑑𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠
360
(1.1.1) (1.1.2)
𝐷𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙
(1.1.1) refere-se à média diária de despesas do negócio, lembrando que
360
(1.1.2) 𝐶𝑖𝑐𝑙𝑜 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜 𝑑𝑎𝑠 𝑑𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 é a diferença entre (i) o tempo médio que a
empresa leva para receber seus recursos (também conhecido como ciclo
operacional, ou seja, o tempo que leva desde a aquisição de materiais até o efetivo
recebimento pelas vendas) e (ii) o tempo médio que a empresa tem para saldar
suas despesas. Dessa forma, pode-se colocar a seguinte equação17:
𝐶𝑖𝑐𝑙𝑜 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐. 𝑑𝑎𝑠 𝑑𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 = 𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑚𝑒́ 𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑖𝑠 +
𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑚𝑑. 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑐𝑒𝑠𝑠𝑎𝑚. +𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑚𝑑. 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑. 𝑎𝑐𝑎𝑏𝑎𝑑𝑜𝑠 +
𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑚𝑑. 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑖𝑚. 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 − 𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑚𝑑. 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑔𝑎𝑚. 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠
𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙
(1.2) 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑖𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 = ∙ 𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑚𝑒́ 𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑖𝑚. 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠
360
(1.2.1) (1.2.2)
𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙
(1.2.1) refere-se à média diária de receitas do negócio.
360
(1.2.2) 𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑚𝑒́ 𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑖𝑚. 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 é o tempo médio dado aos clientes para
pagar suas compras. Nesse caso, sugere-se usar uma média ponderada pelo
volume de vendas. Por exemplo, imagine-se que a receita total anual seja de R$
700 mil, sendo R$ 300 mil pagos à vista, R$ 100 mil em 30 dias, R$ 90 mil em 60
dias, R$ 60 mil em 90 dias, R$ 50 mil em 120 dias e o mesmo montante em 150 e
180 dias. Assim, pode-se calcular que 𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑚𝑑. 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑖𝑚. 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 =
300∙0+100∙30+90∙60+60∙90+50∙120+50∙150+50∙180
= 51,86 𝑑𝑖𝑎𝑠.
700
17
Nessa abordagem, sugere-se utilizar médias ponderadas. Por exemplo, quanto ao prazo médio de estoque de
materiais, imagine-se que o gasto total anual com materiais seja de R$ 100 mil, sendo R$ 50 mil em materiais
primários, R$ 20 mil em materiais secundários, R$ 5 mil em materiais auxiliares e R$ 25 mil em embalagens.
Assim, se os prazos médios de estocagem forem de 10 dias para materiais primários, 30 dias para materiais
secundários, 60 dias para materiais auxiliares e 45 dias para embalagens, pode-se então calcular que
50∙10+20∙30+5∙60+25∙45
𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑚𝑒́ 𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑖𝑠 = = 25,25 𝑑𝑖𝑎𝑠.
100
54
lembrando que o valor anual dos produtos acabados não se refere ao valor da
receita, mas sim ao valor da produção (com menos rigor, pode-se efetuar essa
substituição). Além disso, destaca-se que o prazo médio de estoque de produtos
acabados considera o tempo entre a obtenção do produto acabado (o qual sai da
linha de produção até o almoxarifado) até a efetivação de sua venda (quando se dá
a emissão da nota fiscal).
18
Outra forma de calcular a identidade 1.3.1 seria tomar uma soma para vários tipos de materiais utilizados:
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑐𝑜𝑚 𝑜 𝑚𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙 𝑗
𝑀𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑖𝑠 = ∑𝑛𝑗=1 ( ∙ 𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑑𝑜 𝑚𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙 𝑗).
360
19
Apesar de os gastos com materiais secundários e auxiliares serem contabilizados como CIF, estes já estão
inclusos no estoque de materiais (identidade 1.3.1).
20
Outra forma de calcular a identidade 2.1 seria tomar uma soma para vários tipos de fornecedores utilizados:
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑐𝑜𝑚 𝑜 𝑓𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟 𝑗
𝐶𝑟𝑒́ 𝑑𝑖𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑓𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 = ∑𝑛𝑗=1 ( ∙ 𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑓𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟 𝑗).
360
55
𝑅$ 9.444,44;
𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙
• 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑖𝑎𝑚. 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 = ∙ 𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑚𝑑. 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑖𝑚. 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 =
360
700.000
∙ 60 = 𝑅$ 116.666,67;
360
21
Incluindo materiais primários, secundários e auxiliares, além de embalagens.
22
Equivalente ao Custo de Transformação = MOD + CIF, exceto materiais secundários e auxiliares.
56
orçamentos, deve-se indicar seu mês ou meses para desembolsos. Referido quadro tem a
finalidade de projetar a necessidade de aplicação de recursos ao longo do tempo, dado que,
em geral, leva-se algum tempo para concluir todo o investimento.
Um exemplo de cronograma de desembolsos é disponibilizado no Apêndice B.
Além disso, é importante ressaltar algumas práticas normalmente utilizadas por instituições
locais de financiamento:
• Caso o item de investimento já tenha sido executado, seu valor deve ser
lançado como desembolsado no mês atual (Mês 0), ou seja, aquele mês em
que a proposta será apresentada à instituição financeira;
• A maioria dos itens terá registro de apenas um desembolso, mas há casos
em que a execução levará mais tempo (por exemplo, para obras civis, os
desembolsos para um item de investimento como serviços de acabamento
devem levar meses);
• O cronograma de desembolsos deve seguir uma lógica racional, de forma
que investimentos em terrenos devem ocorrer antes de obras civis, que, por
sua vez, são seguidos por investimentos em instalações, aquisição de
equipamentos e demais itens (nesse caso, a execução do capital de giro só
deverá ocorrer após a execução de desembolsos de todos os demais itens
de investimento).
possível que alguns investimentos já tenham sido realizados (como a compra de um terreno,
conforme foi exemplificado no tópico 4.1). Nesses casos, mesmo estando inclusos no projeto,
esses valores devem ser classificados como existentes no quadro de usos e fontes.
No detalhamento de valores existentes, além desses investimentos já realizados e
que estão inclusos no projeto, deve-se tomar por referência o Balanço Patrimonial da
organização. Assim, por exemplo, contabiliza-se o valor total em equipamentos que a
organização já dispõe, antes mesmo da realização do investimento projetado. Obviamente, no
caso de projetos de implantação, não faz sentido considerar valores no existente do quadro de
usos e fontes, mas, assim mesmo, é comum registrar ao menos o valor do Capital Social de
abertura da organização.
Um exemplo de quadro de usos e fontes é ilustrado no Apêndice C. Através deste,
é possível notar que boa parte de suas informações advém de dados já dispostos no quadro de
orçamentos do projeto. Então, no quadro de usos e fontes, o acréscimo de informações refere-
se pragmaticamente ao valor dos ativos que já existem na empresa, algo não contemplado nos
quadros anteriores.
23
No caso do projeto de um supermercado, uma sugestão é considerar a capacidade produtiva como o número
máximo de atendimentos que anualmente seria possível relizar. Por exemplo, no item de materiais de limpeza,
pode-se assumir que o supermercado poderia realizar, no máximo, 6 atendimentos/hora (um atendimento a cada
dez minutos), com ticket médio estimado em R$ 25,00 (isto é, a média de receita por atendimento, relativo
apenas a vendas de materiais de limpeza). Então, para esse item, seria possível realizar um máximo de 288
atendimentos/semana, considerando que o supermercado terá atividade de 48 horas/semana. Anualmente,
portanto, esse número corresponde a algo em torno de 15 mil atendimentos/ano. Ao se considerar 60% de uso da
capacidade produtiva, chega-se a pouco mais de 9 mil atendimentos/ano, o que corresponderia a uma receita
anual de R$ 225 mil apenas com materiais de limpeza.
24
Assim mesmo, é possível considerar projeções de inflação nos casos em que se espera que a variação nos
preços de fatores produtivos seja diferente da variação incidente sobre fontes de receita.
60
25
Por exemplo, o projeto de implantação de uma fazenda produtora de mangas deve considerar que não haja
receitas nos dois primeiros anos de atividade, já que ainda não será possível efetuar colheitas. Apenas no terceiro
ano é que as fruteiras começarão a produzir, assim mesmo com uma produtividade tímida. Nesse caso, somente
no Ano 5 é que a produção da mangueira, e portanto sua receita, costuma alcançar seu nível de estabilização.
26
Ainda assim, há muitos casos em que é possível justificar a utilização de percentuais menores que 60% de uso
da capacidade produtiva, sobretudo em projetos agropecuários, comerciais e de serviços. Por exemplo, imagine o
projeto de uma consultoria que tem capacidade para realizar 1.200 contratos/anos, mas, por ainda ser pouco
conhecida no mercado, não prevê realizar efetivamente mais que 600 contratos no primeiro ano de atividade.
Nesse caso, o uso da capacidade produtiva estará em 50%, contando-se com uma justificativa plausível para
demostrar tal percentual.
27
Impostos irrecuperáveis são aqueles cuja empresa não poderá descontar quando a venda do produto final for
realizada. São impostos diferentes do ICMS, por exemplo, cujo valor pago na aquisição de insumos pode ser
deduzido do valor devido ao se efetuar a venda do produto final. Portanto, um imposto irrecuperável, a exemplo
do Imposto de Importação, não permite o desconto posterior de seu valor gasto, de forma que deve entrar no
cálculo do custo de aquisição do material.
61
independentemente do nível de produção, e ter outra parcela variável de acordo com o uso da
capacidade produtiva.
Além disso, é importante reforçar que o preenchimento desse quadro segue a
mesma lógica empregada nos quadros de receitas e gastos com materiais, indicando-se as
quantidades necessárias no máximo da capacidade produtiva, algo que deve se alterar quando
se compara as situações antes e após a realização do investimento.
Um exemplo de quadro de estimativas de gastos com mão de obra é
disponibilizado no Apêndice F. Além disso, é importante ressaltar algumas práticas
normalmente utilizadas por instituições locais de financiamento:
cinco anos, então sua taxa anual de depreciação corresponderá a 20% a.a., pois 1⁄5 = 0,2.
Assim, se o valor de aquisição desse equipamento for R$ 10 mil, então a depreciação será de
R$ 2 mil a cada ano, até que seu valor seja completamente exaurido no final dos cinco anos de
vida útil.
Em análises mais criteriosas, pode-se calcular o percentual de depreciação sobre a
diferença entre o valor de aquisição e o valor de sucata, avaliado no final de sua vida útil. A
partir do mesmo exemplo, se for possível vender o equipamento de informática no final de
sua vida útil por 15% do valor inicial, ou seja, por R$ 1.500 mil, então o valor depreciado
anualmente já seria R$ 1.700/ano, pois 0,2 ∙ (10.000 − 1.500) = 0,2 ∙ 8.500 = 1.700.
Um exemplo de quadro de estimativas de gastos com depreciação, manutenção e
seguros é disponibilizado no Apêndice G. Ressalta-se que o quadro é dividido em gastos que
devem incidir sobre o ativo existente e aqueles que incidirão sobre os itens que irão compor o
investimento projetado. Além disso, destacam-se os seguintes parâmetros normalmente
utilizados por instituições locais de financiamento:
quadro de estimativa de gastos com materiais; e mão de obra direta, contemplados no quadro
de mão de obra. Quanto aos custos indiretos, há exemplos já dispostos em outros quadros,
como materiais indiretos (ou seja, materiais secundários e materiais auxiliares), descritos no
quadro de materiais; mão de obra indireta (como gerentes de produção), contemplados no
quadro de mão de obra; e gastos com depreciação, manutenção e seguros de itens utilizados
na linha de produção. Contudo, é possível que outros custos indiretos de fabricação (CIF) não
tenham espaço nos demais quadros, o que suscita a inclusão de um quadro específico que
contemple isso.
Um exemplo de quadro de estimativas de gastos com demais CIF é
disponibilizado no Apêndice H. Nesse aspecto, este quadro permite lançar estimativas
associadas a gastos não descritos anteriormente, como aluguel, gás, energia, água, serviços
terceirizados (como limpeza, segurança e comunicação), desde que todos sejam
particularmente incidentes no ambiente de produção. Por exemplo, se uma organização conta
com dois prédios, sendo um escritório administrativo e uma fábrica, o aluguel da fábrica é
considerado um CIF, enquanto o aluguel do escritório deve ser classificado como despesa.
28
Vale lembrar que, especificamente, o II não deve entrar no quadro de gastos com tributos, visto que deve
incidir sobre a aquisição de insumos importados e, portanto, já deve estar inclusos no quadro de gastos com
materiais.
29
Geralmente, esses exemplos não são especificados no projeto de maneira detalhada, podendo-se agregar tais
gastos.
65
30
Vale lembrar que, especificamente, a Contribuição para o FGTS não deve entrar no quadro de gastos com
tributos, visto que já deve estar incluso no quadro de mão de obra, particularmente a encargos.
31
Assim como a Contribuição para o FGTS, a Contribuição para INSS também já deve estar incluso no quadro
de mão de obra, não compondo o quadro de tributos.
66
seus insumos. Essa mesma lógica se aplica ao ICMS, lembrando-se apenas que as alíquotas de
ICMS mudam de acordo com a origem dos insumos e o destino dos produtos.
32
Nesse aspecto, o quadro de gastos com materiais inclui despesas com materiais secundários e materiais
auxiliares; o quadro de mão de obra inclui despesas com profissionais ligados à estrutura organizacional, como
remuneração e encargos de profissionais das áreas de vendas, contabilidade, recursos humanos, direção etc.; o
quadro de depreciação, manutenção e seguros aborda não só gastos com ativos relacionados com a produção,
mas também com aqueles usados na administração da organização; e o quadro de tributos essencialmente trata
de gastos classificados como despesas (um exemplo de tributo tipificado como custo seria o pagamento de IPTU
de um prédio fabril).
33
As únicas despesas que ainda não serão tratadas neste quadro referem-se a juros e amortizações decorrentes de
financiamentos (isso será apresentado nos dois quadros posteriores), além de IR e CSLL (calculados no último
quadro, que detalhará os resultados da organização).
67
tributável. É a partir desse lucro tributável que se permite calcular as estimativas de gastos
com IR e CSLL. Após tais deduções, encontra-se então o resultado do exercício.
Esse valor corresponde praticamente ao próprio fluxo de caixa corrente da
organização (exceto no Ano 0, visto que este será o ano de realização do investimento
projetado), já que o fluxo de caixa é a diferença entre todas as entradas (receita bruta) e todas
as saídas (todos os gastos com investimentos, custos e despesas – notar que os investimentos
não entram no cômputo do resultado do exercício). O valor do fluxo corrente, bem como o
fluxo acumulado (este é dado pela soma do fluxo corrente com o fluxo acumulado do ano
anterior) servirão de base para a análise de diversos indicadores de viabilidade e risco.
No mesmo quadro, deve-se ainda medir o comprometimento das dívidas (juros e
amortizações dos financiamentos existentes e projetos) sobre a capacidade de pagamento da
organização. Nesse sentido, a capacidade de pagamento é dada pela disponibilidade de caixa
da organização, que é praticamente o mesmo que o resultado do exercício, mas
desconsiderando os gastos com depreciação, já que estes não exigem desembolsos de fato.
Assim, da disponibilidade de caixa, calcula-se o peso relativo a juros e a amortizações, o que
se conhece como uso da capacidade de pagamento34.
É dessa maneira que as instituições de financiamento observam o quanto as
dívidas comprometem a disponibilidade de caixa da organização. Por um lado, se a soma de
juros e amortizações representam mais de 50% da disponibilidade, então interpreta-se que as
condições de financiamento são muito restritivas, penalizando a organização. Nesses casos, as
instituições tendem a alongar o prazo para liquidação do saldo devedor. Por outro lado,
quando o uso da capacidade de pagamento é calculado abaixo de 30%, interpreta-se que as
condições de financiamento são excessivamente brandas, indicando que a organização poderia
liquidar a dívida em menos tempo.
Por esses motivos, as instituições de financiamento observam este último quadro
não só para verificar as estimativas de resultado do exercício e de fluxos de caixa, sobretudo
sua evolução esperada, mas também para criticar situações em que o uso da capacidade de
pagamento se situe fora do intervalo entre 30% e 50%, com o intuito de dimensionar as
condições de financiamento de uma maneira mais apropriada.
34
Vale lembrar que o percentual de uso da capacidade de pagamento não costuma ser avaliado no período de
carência, cujos percentuais encontrados costumam ser reduzidos.
69
5.1 Antecedentes
A primeira e essencial consideração sobre o valor do dinheiro no tempo diz respeito ao juro.
Trata-se de um dos conceitos mais importantes da matemática financeira: é o preço do
dinheiro, o aluguel pago por um capital financeiro emprestado, a quantia que remunera o uso
do capital por certo período.
Então, o juro (𝐽) é a diferença entre o capital final (𝐹) e o capital inicial (𝑃) de
uma operação: 𝐽 = 𝐹 − 𝑃. Por exemplo, se foi aplicado R$ 20.000 e resgatado R$ 20.200 no
mês seguinte, então 𝐽 = 𝐹 − 𝑃 = 𝑅$ 20.200 − 𝑅$ 20.000 = 𝑅$ 200, sendo este o juro
recebido na operação, um valor monetário com medida absoluta.
Nesse aspecto, é mais comum a utilização de uma medida relativa, computada
𝐽
como taxa unitária de juros: 𝑖 = 𝑃. A taxa unitária 𝑖 calcula o juro recebido a cada R$ 1,00
𝑅$ 200
investido, em certo prazo. No exemplo, essa taxa equivale a 𝑖 = 𝑅$ 20.000 = 0,01 ao mês, o
1
que equivale a uma taxa percentual de juros de 𝑖 = 0,01 = 100 = 1% ao mês.
Note-se que não se identifica prazo ao juro absoluto (𝐽), mas isso sempre deve ser
feito para a taxa de juros (𝑖), associando-a a períodos como dias (% ao dia ou % a.d.), meses
(% ao mês ou % a.m.), semestres (% ao semestre ou % a.s.), anos (% ao ano ou % a.a.) etc.
Os conceitos de juro e taxa de juros são fundamentais para o entendimento do
valor do dinheiro no tempo. Como se percebe através do exemplo, se uma instituição promete
rendimento de 1% a.m., então, na ótica de quem investe, seria indiferente dispor de R$ 20 mil
na data atual, ou R$ 20,2 mil daqui a um mês. Isso ocorre porque, havendo essa opção de
aplicação, se a pessoa dispor de R$ 20 mil hoje, esse valor poderá facilmente convertido em
R$ 20,2 mil daqui a um mês.
Obviamente, esse cenário é válido quando não há incidência de tributação ou
inflação. Quanto aos tributos, deve-se lembrar que há diferenças entre a taxa bruta de juros
70
(𝑖𝐵 ) e a taxa líquida (𝑖𝐿 , aquela que deduz todos os encargos incidentes sobre a operação), de
forma que 𝑖𝐿 = 𝑖𝐵 ∙ (1 − 𝑡), em que 𝑡 corresponde à alíquota de tributação incidente. Por sua
vez, com relação à inflação, deve-se lembrar que há diferenças entre a taxa nominal de juros
(𝑖𝑁 ) e a taxa real (𝑖𝑅 , aquela que mede o rendimento avaliado pela variação no poder de
(1+𝑖𝑁 )
compra), dado que (1 + 𝑖𝑅 ) = (1+𝜋)
, em que 𝜋 diz respeito à taxa de inflação observada no
Assim, por exemplo, considere que uma empresa tenha uma duplicata a receber
daqui a dez meses, no valor nominal35 de R$ 50 mil, mas pretende antecipar seu recebimento
para hoje. Nesse caso, se a empresa costuma obter 1% a.m. em suas aplicações, ela seria
indiferente entre receber os R$ 50 mil daqui a dez meses ou receber R$ 45.264,35 hoje, visto
𝐹 50.000
que 𝑃 = (1+𝑖)𝑛 = (1+0,01)10 = 45.264,35.36 Em outras palavras, diz-se que R$ 45.264,35 é o
valor atual dos R$ 50 mil esperados a receber daqui a dez meses, ou seja, é o valor futuro
avaliado na data presente.
Obviamente, em uma longa série de capitais, torna-se difícil calcular seu valor
atual, a exemplo de um valor atual que represente uma sequência de boletos para liquidar uma
dívida ou uma sequência de recebimentos de duplicatas. Por exemplo, imagine que uma
empresa tenha sido contratada e foi acertado o pagamento em 18 parcelas mensais iguais a R$
50 mil, a começar daqui a um mês, o que configura uma série uniforme postecipada. Se, em
vez disso, a empresa ofertasse uma condição de pagamento à vista, considerando remuneração
1 2 𝐹 18 𝐹 𝐹
de 1% a.a., o valor atual da série seria calculado como 𝑃 = (1+𝑖) 1 + (1+𝑖)2 + ⋯ + (1+𝑖)18 =
Pode-se perceber que, quanto maior o horizonte da série, mais difícil calcular seu
𝑃𝑟 1
valor atual, pois este é dado pelo somatório 𝑃 = ∑𝑛𝑡=1 (1+𝑖)𝑡 = 𝑃𝑟 ∙ ∑𝑛𝑡=1 (1+𝑖)𝑡, em que 𝑃𝑟
representa cada uma das parcelas ou prestações da série uniforme postecipada (𝑃𝑟 = 𝐹1 =
1
𝐹2 = ⋯ = 𝐹𝑛 ). Vale notar que ∑𝑛𝑡=1 (1+𝑖)𝑡 é uma soma de progressão geométrica que pode ser
1−(1+𝑖)−𝑛
substituída pelo chamado fator de valor presente, dado por 𝑎𝑖|𝑛 = . Assim, o valor
𝑖
𝟏−(𝟏+𝒊)−𝒏
atual de uma série uniforme postecipada pode ser calculado como 𝑷 = 𝑷𝒓 ∙ .
𝒊
1−(1+0,01)−18
Seguindo o exemplo, 𝑃 = 50.000 ∙ = 819.913,43. Em outras
0,01
35
Valor nominal é o valor de face de um capital, ou seja, o valor nominalmente expresso no boleto ou no título.
36
Vale notar que não seria vantajoso antecipar por R$ 45 mil porque, aplicando-se esse valor a 1% a.m., o valor
alcançado daqui a dez meses seria inferior a R$ 50 mil, pois 𝐹 = 𝑃 ∙ (1 + 𝑖)𝑛 = 45.000 ∙ (1 + 0,01)10 =
49.707,00. Em outro exemplo, recebendo R$ 46 mil hoje, isso já seria vantajoso, pois o valor alcançado no final
de dez meses seria superior a R$ 50 mil, já que 𝐹 = 𝑃 ∙ (1 + 𝑖)𝑛 = 46.000 ∙ (1 + 0,01)10 = 50.812,62.
37
Ressalta-se que, caso seja necessário converter taxas anuais em taxas mensais ou efetuar quaisquer tipos de
𝑚𝐴
conversão, basta usar a seguinte identidade: (1 + 𝑖𝐴 ) = (1 + 𝑖𝐵 ) ⁄𝑚𝐵 , em que 𝑖𝐴 e 𝑖𝐵 são taxas de juros e 𝑚𝐴 e
𝑚𝐵 são seus prazos de referência, respectivamente, todas em uma mesma unidade. Assim, se for desejado
72
6
converter 1% a.m. em uma taxa semestral, por exemplo, basta calcular (1 + 𝑖𝐴 ) = (1 + 0,01) ⁄1 ∴ 𝑖𝐴 =
1,0615 − 1 = 0,0615 = 6,15% a.s. Por sua vez, se for desejado converter 6,15% a.s. em uma taxa anual, basta
12
calcular (1 + 𝑖𝐴 ) = (1 + 0,0615) ⁄6 ∴ 𝑖𝐴 = 1,1268 − 1 = 0,1268 = 12,68% a.a.
38
Nesse caso, o pagamento de juros e amortizações é feito em uma só parcela, em determinada data previamente
contratada.
39
O sistema americano é uma espécie de sistema de juros constantes, já que o devedor apenas pagará juros
periódicos ao longo do prazo de financiamento, amortizando todo seu saldo devedor em apenas uma parcela,
justamente no final do prazo contratado.
73
número de prestações que serão efetuadas. A cada amortização realizada, o saldo devedor do
período será reduzido, de forma que 𝑆𝐷𝑡 = 𝑆𝐷𝑡−1 − 𝐴𝑡 . Por sua vez, o juro (𝐽𝑡 ) será calculado
como o produto entre a taxa de juros da operação e o saldo devedor do período imediatamente
anterior, ou seja, 𝐽𝑡 = 𝑖 ∙ 𝑆𝐷𝑡−1. Assim, cada prestação pode ser obtida como 𝑃𝑟𝑡 = 𝐴𝑡 + 𝐽𝑡 .
Por fim, no sistema de prestações constantes, mais comum em operações de
financiamentos imobiliários, a prestação (𝑃𝑟𝑡 ) será paga periodicamente e assumirá sempre
𝑖
um mesmo valor, dado por 𝑃𝑟𝑡 = 𝑆𝐷0 ∙ 1−(1+𝑖)−𝑛 , o que equivale a 𝑃𝑟 na expressão que
calcula o valor atual de séries uniformes postecipadas. Dessa maneira, a partir do valor
calculado de 𝑃𝑟𝑡 e do cômputo do juro (𝐽𝑡 = 𝑖 ∙ 𝑆𝐷𝑡−1 ), pode-se calcular o valor da
amortização, visto que 𝐴𝑡 = 𝑃𝑟𝑡 − 𝐽𝑡 . Assim, no primeiro período, tem-se que 𝐽1 = 𝑖 ∙ 𝑆𝐷0 , de
𝑖
forma que 𝐴1 = 𝑃𝑟1 − 𝐽1 = 𝑆𝐷0 ∙ 1−(1+𝑖)−𝑛 − 𝑖 ∙ 𝑆𝐷0 . Então, é possível também calcular o
saldo devedor (𝑆𝐷𝑡 = 𝑆𝐷𝑡−1 − 𝐴𝑡 ) no primeiro período, dado por 𝑆𝐷1 = 𝑆𝐷0 − 𝐴1 . A partir
desses valores, pode-se então calcular, para o segundo período, seu juro (𝐽2 = 𝑖 ∙ 𝑆𝐷1 ), sua
𝑖
amortização (𝐴2 = 𝑃𝑟2 − 𝐽2 = 𝑆𝐷0 ∙ 1−(1+𝑖)−𝑛 − 𝑖 ∙ 𝑆𝐷1 ) e seu novo saldo devedor (ou seja,
𝑆𝐷2 = 𝑆𝐷1 − 𝐴2 ). Esse processo pode ser repetido até o final do prazo de pagamento (𝑛),
quando o saldo devedor será enfim liquidado.
Portanto, não é difícil avaliar o valor atual de um fluxo de caixa esperado para
𝑡𝐹
qualquer período 𝑡, pois 𝑃 = (1+𝑖)𝑡 . Por exemplo, considere que uma empresa tome uma taxa
74
de juros de 15% a.a. como remuneração de referência, e que se espere a obtenção de um lucro
de R$ 400 mil no quinto ano (trata-se de um fluxo de caixa positivo). Então, esse valor, ao ser
5 𝐹 400.000
avaliado na data atual, equivale a 𝑃 = (1+𝑖)5 = (1+0,15)5 = 198.870,69. Em outras palavras,
na ótica da empresa, tanto faria dispor de R$ 198.870,69 hoje, ou dispor de R$ 400 mil daqui
a cinco anos, visto que R$ 198.870,69 aplicados hoje, a 15% a.a., permitiria resgatar
justamente R$ 400 mil daqui a cinco anos.
Esse mesmo princípio pode se aplicar a uma série de fluxos de caixa esperados, de
𝐹 𝐹 𝐹 𝐹
1
forma que 𝑃 = (1+𝑖)1
2
+ (1+𝑖) 2
𝑛
+ ⋯ + (1+𝑖)𝑛
= ∑𝑛𝑡=1 (1+𝑖)
𝑡
𝑡
, em que: 𝐹𝑡 é o valor esperado para
400.000 400.000
+ ⋯ + (1+0,015)10 = 1.595.409,15. Nesse sentido, se for desejado avaliar o valor
(1+0,015)4
atual de toda a série de fluxos de caixa esperados, tem-se que este corresponde a R$
1.595.409,15.
A partir desse resultado, não é difícil avaliar a viabilidade desse negócio, pois
bastaria confrontar o valor atual da série de fluxos esperados com o valor do investimento
realizado na data atual. Se o valor investido fosse R$ 2 milhões, por exemplo, estaria claro
que o negócio seria inviável do ponto de vista de quem investe, pois todo o lucro gerado a
partir desse investimento, avaliado na data atual, seria inferior aos R$ 2 milhões aplicados.
Mais especificamente, haveria um prejuízo avaliado em R$ 404.590,85, que é a diferença
entre o valor atual da série de fluxos esperados e o valor do investimento realizado.
Por outro lado, se o valor investido fosse R$ 1 milhão, o negócio seria vantajoso,
pois esse valor aplicado geraria fluxos esperados avaliados em R$ 1.595.409,15 na data atual,
o que significa um valor presente líquido de R$ 595.409,15.
Nesse sentido, o valor presente líquido é simplesmente a diferença entre o valor
atual da série de fluxos de caixa esperados e o valor do investimento realizado na data atual.
Em outras palavras, é o valor presente dos fluxos, líquido do investimento efetuado. Assim:
75
𝑛 𝐹𝑡
𝑉𝑃𝐿 = −𝐼 + ∑ 𝑡
𝑡=1 (1 + 𝑇𝑀𝐴)
representa o fluxo esperado anual (no exemplo, 𝑃𝑟 seria substituído por R$ 100 mil). Porém,
vale salientar que é raro que isso aconteça, sendo mais frequente a expectativa de ocorrência
de fluxos variáveis ao longo do tempo.
Como se pode observar, o VPL é um indicador simples que traz uma informação
muito relevante: mede o lucro gerado pelo investimento. Trata-se, portanto, do valor criado
por esse investimento, avaliado na data da tomada de decisão do investimento. Caso esse
indicador se mostre positivo, interpreta-se que o projeto deve ser aceito, visto que esse
investimento criará valor para a organização. Caso contrário, deve-se rejeitar o projeto, pois
seria melhor investir em uma alternativa mais vantajosa.
Ressalta-se que tal alternativa é representada pela taxa mínima de atratividade
(TMA), pois esta é a taxa de juros usada como referência de remuneração. Nesse aspecto, a
TMA reflete aquele rendimento mínimo exigido por quem investe. Imagine que uma pessoa
disponha de R$ 2 milhões e pretenda investir esse valor. Dentre suas opções, considere que
sua melhor alternativa seja investir em um título que renda 10% a.a. Aparentemente, esta já
seria a TMA, mas esse não é o caso, pois o investimento em um negócio deve pagar não só
esse custo de oportunidade, mas também os riscos de empreender. Trata-se de uma medida
subjetiva, pois alguém pode se satisfazer com um acréscimo de 1% a.a. (isso significa uma
renda extra de R$ 20 mil/ano, ou seja, 1% dos R$ 2 milhões investidos) e outra pessoa pode
exigir mais 5% a.a. (o que significa um acréscimo de R$ 100 mil/ano) para assumir as
vicissitudes do negócio.
76
De forma geral, pode-se definir que a TMA é a taxa de juros real livre de risco
(que seria a taxa de juros de mercado, descontada da inflação esperada) somada à taxa de
juros de prêmio pelo risco do projeto (que seria o acréscimo que exigido por quem investe).
Como referência para a taxa de juros real livre de risco, pode-se usar a parte fixa dos títulos
Tesouro-IPCA. Vale perceber que, ao considerar a taxa de juros real na estipulação da TMA,
justifica-se a exclusão da hipótese de variação de preços (inflação) no preenchimento dos
quadros de estimativas de receitas e gastos do negócio, conforme pontuado na Seção 4.
40 𝐹𝑡
Lembrando-se que cada valor presente pode ser obtido por 𝑃 = .
(1+𝑇𝑀𝐴)𝑡
78
1−(1+0,06)−10
𝑉𝑃𝐿𝐵 = −9,5 + 1,8 ∙ = 3,75. Portanto, enquanto o investimento no projeto de
0,06
Então, não parece ser um equívoco avaliar que o investimento na semiautomação é mesmo
preferível ao investimento na automação.
𝐹2 𝐹3 𝐹𝑛
+ (1+𝑇𝑀𝐴 + ⋯ + (1+𝑇𝑀𝐴 .
(1+𝑇𝑀𝐴1 )∙(1+𝑇𝑀𝐴2 ) 1 )∙(1+𝑇𝑀𝐴2 )∙(1+𝑇𝑀𝐴3 ) 1 )∙(1+𝑇𝑀𝐴2 )⋯(1+𝑇𝑀𝐴𝑛 )
283,5, de forma que o projeto A seria preferível a B. Contudo, com uma TMA de 10% a.a.,
1−(1+0,10)−10 1−(1+0,10)−10
𝑉𝑃𝐿𝐴 = −1.500 + 280 ∙ = 220,5 e 𝑉𝑃𝐿𝐵 = −1.000 + 200 ∙ =
0,10 0,10
dada a dificuldade para se encontrar tal solução algebricamente, pode-se recorrer a uma
interpolação linear, conforme detalhado no Apêndice M. Através desse artifício, encontra-se
que, se TMA for 9,6% a.a., então os VPLs se aproximam de R$ 250 milhões. Dessa maneira,
se a análise considerar uma TMA maior que 9,6% a.a., o projeto B será preferível a A. Do
contrário, A será preferível a B. Esse ponto, cuja TMA equivale a 9,6% a.a. é conhecido como
interseção de Fischer, isto é, trata-se da TMA que permite igualar os VPLs de dois projetos
que se deseja comparar.
A partir dessas observações, percebe-se que, dada a taxa de juros real livre de
risco, deve-se ter bastante cautela na definição da taxa de juros de prêmio pelo risco. No
exemplo, se a taxa de juros real livre de risco for 7% a.a., então estar em dúvida entre um
prêmio de risco de 2% a.a. ou 3% a.a. implicará diretamente na escolha do melhor projeto.
81
41
Ainda mais porque as instituições de financiamento não costumam comparar projetos para decidir qual deve
ser contemplado com recursos. Em geral, não há considerável concorrência por financiamentos para que seja
preciso decidir por um ou outro projeto especificamente. Então, conforme as empresas demandam
financiamentos, as instituições somente analisam se cada projeto é viável ou não, o que justificará a concessão
ou não dos recursos para investimento.
42
A partir da identidade que representa o regime de juros compostos, encontra-se que 𝐹 = 𝑃 ∙ (1 + 𝑖)𝑛 ∴ 𝐹 =
40 ∙ (1 + 0,06)9 = 67,6.
43
Nesse caso 𝐹 = 𝑃 ∙ (1 + 𝑖)𝑛 ∴ 𝐹 = 40 ∙ (1 + 0,06)8 = 63,8.
82
∑𝑛𝑡=1 𝐹𝑡 ∙ (1 + 𝑖)𝑛−𝑡
𝑉𝑃𝐿𝐼 = −𝐼 +
(1 + 𝑇𝑀𝐴)𝑛
A partir do exemplo, dado que a TMA é 10% a.a. e a taxa de reinvestimento (𝑖) é
40∙(1+0,06)10−1 +40∙(1+0,06)10−2 +⋯+40∙(1+0,06)10−10
6% a.a., tem-se que 𝑉𝑃𝐿𝐼 = −150 + (1+0,10)10
∴
67,6+63,8+⋯+40
𝑉𝑃𝐿𝐼 = −150 + (1+0,10)10
= −150 + 26,1 + 24,6 + ⋯ + 15,4 = 53,3. Através desse
resultado, pode-se interpretar que o projeto é viável, pois seu VPLI é positivo e corresponde a
R$ 53,3 milhões, que é a estimativa da criação de valor decorrente do investimento.
Fluxo de caixa Resgate no Ano 10 Valor presente
Período
(R$ milhões) (R$ milhões) (R$ milhões)
Ano 0 -150,0 - -150,0
Ano 1 40,0 67,6 26,1
Ano 2 40,0 63,8 24,6
Ano 3 40,0 60,1 23,2
Ano 4 40,0 56,7 21,9
Ano 5 40,0 53,5 20,6
Ano 6 40,0 50,5 19,5
Ano 7 40,0 47,6 18,4
Ano 8 40,0 44,9 17,3
Ano 9 40,0 42,4 16,3
Ano 10 40,0 40,0 15,4
Vale ressaltar a recomendação de se utilizar a taxa de juros livre de risco como
taxa de reinvestimento, pois esta seria a remuneração de referência para alternativas de
aplicação. Nesse aspecto, deve-se lembrar que a TMA é a soma da taxa de juros livre de risco
com a taxa de prêmio pelo risco de empreender, de forma que não faz sentido que os
reinvestimentos dos fluxos de caixa sejam remunerados a uma taxa maior que a taxa de juros
livre de risco, senão o próprio cômputo da TMA estaria equivocado.
Usando os mesmos dados do exemplo, imagine agora que a taxa de
reinvestimento seja equivalente à TMA, ou seja, 10% a.a. Nesse caso, tem-se que 𝑉𝑃𝐿𝐼 =
40∙(1+0,10)10−1 +40∙(1+0,10)10−2 +⋯+40∙(1+0,10)10−10
−150 + (1+0,10)10
= 95,5. Colocado de outra maneira,
∑𝑛
𝑡=1 𝐹𝑡 ∙(1+𝑇𝑀𝐴)
𝑛−𝑡
ao considerar a taxa 𝑖 equivalente à TMA, tem-se que 𝑉𝑃𝐿𝐼 = −𝐼 + (1+𝑇𝑀𝐴)𝑛
∴
𝐹
𝑉𝑃𝐿𝐼 = −𝐼 + ∑𝑛𝑡=1 𝐹𝑡 ∙ (1 + 𝑇𝑀𝐴)−𝑡 ∴ 𝑉𝑃𝐿𝐼 = −𝐼 + ∑𝑛𝑡=1 (1+𝑇𝑀𝐴)
𝑡
𝑡,
cuja expressão é a
mesma do VPL.
83
Portanto, o VPL nada mais é que o VPLI sob a hipótese de que os fluxos
esperados sejam reinvestidos a uma taxa equivalente à TMA, o que parece ser uma conclusão
surpreendente. Com efeito, ao se calcular o VPL, observando que os fluxos de caixa
1−(1+0,10)−10
esperados são uniformes, tem-se que 𝑉𝑃𝐿 = −150 + 40 ∙ = 95,5. Então,
0,10
reforça-se que o VPL é uma medida que considera a hipótese discutível de que os fluxos
esperados sejam reinvestidos e remunerados pela TMA. Trata-se de uma forte crítica que
recai sobre o VPL, no sentido que, como já discutido, é aconselhável utilizar a taxa de juros
livre de risco como taxa de reinvestimento.
Portanto, de tudo que se apresentou até aqui, recomenda-se cautela quanto ao uso
do VPL, dando-se preferência para a análise do VPLI com taxa de reinvestimento equivalente
à taxa de juros real livre de risco. Além disso, deve-se ter cuidado a respeito da definição de
parâmetros como TMA, vida útil e valor residual do negócio. Por fim, ao se comparar dois ou
mais projetos, deve-se ter ainda mais atenção ao definir as hipóteses utilizadas no cálculo, sob
pena de se direcionar escolhas equivocadas ao se considerar critérios inadequados.
projeto é viável, pois seu VPL é positivo e corresponde a R$ 95,5 milhões, que é a estimativa
da criação de valor decorrente do investimento.
Contudo, outras questões podem ser colocadas. Por exemplo, esse investimento
seria vantajoso se o mínimo exigido por quem investe fosse 23% a.a.? Nesse caso, com TMA
1−(1+0,23)−10
= 23% a.a., o cálculo do VPL resultaria em 𝑉𝑃𝐿 = −150 + 40 ∙ = 1,9708, um
0,23
valor bem mais próximo que zero, mas que ainda indicaria para a viabilidade do investimento.
84
Mas se fosse considerado que TMA = 24% a.a.? Nessas condições, observa-se
1−(1+0,24)−10
uma inversão de sinal, já que 𝑉𝑃𝐿 = −150 + 40 ∙ = −2,7257. Então, pode-se
0,24
interpretar que o investimento projetado não seria capaz de cobrir esse mínimo exigido.
A partir desse exemplo, observa-se que o investimento não é capaz de remunerar
24% a.a., mas certamente permite remunerar um pouco a mais que 23% a.a. Em outras
palavras, existe uma TMA entre 23% a.a. e 24% a.a. que anularia o VPL, tornando indiferente
a escolha entre investir ou não. É justamente este o conceito da taxa interna de retorno (TIR),
é a taxa de remuneração que o investimento projetado irá proporcionar.
Portanto, calculada a TIR, tal valor deve ser comparado em relação à TMA. Se
𝑇𝐼𝑅 > 𝑇𝑀𝐴, interpreta-se que o investimento é viável. Por outro lado, se 𝑇𝐼𝑅 < 𝑇𝑀𝐴,
indica-se para a inviabilidade do investimento, recomendando-se que este não seja realizado.
Algebricamente, a TIR pode então ser representada como:
𝑛 𝐹𝑡
0 = −𝐼 + ∑ 𝑡
𝑡=1 (1 + 𝑇𝐼𝑅)
Essa expressão busca calcular a taxa (TIR) capaz de tornar 𝑉𝑃𝐿 = 0. Porém, dada
a dificuldade para se encontrar tal solução algebricamente, pode-se recorrer a uma
interpolação linear, conforme detalhado no Apêndice N. Através desse artifício, encontra-se
que, se TIR for 23,4% a.a., então o VPL se aproxima de zero. Dessa maneira, se a análise
85
considerar uma TMA maior que 23,4% a.a., o projeto será considerado inviável. Do contrário,
se a TMA exigida for inferior a 23,4% a.a., interpreta-se que o investimento é vantajoso.
Vale lembrar que, assim como o VPL, a própria TIR é um indicador que requer
cautela quanto a seu uso, sobretudo quanto a premissas como vida útil, valor residual e nível
de TMA que se pretende comparar. Até mesmo para confrontar duas ou mais opções de
investimentos, o uso da TIR pode ser um critério inadequado44, ainda que provavelmente não
o seja na maioria das situações.
Outra observação diz respeito à hipótese de uso dos lucros obtidos com o
investimento, aplicados à taxa de juros livre de risco, o que suscita o cálculo do valor presente
líquido integrado (VPLI) e de sua respectiva taxa interna de retorno integrada (TIRI).
Assim como o VPLI, a TIRI costuma ser negligenciada por analistas de projetos, mas é
recomendável dar preferência a sua utilização como indicador, em lugar da TIR, tomando-se a
taxa de juros real livre de risco como taxa de reinvestimento.
Analogamente à TIR para o VPL, a TIRI é a taxa que anula o VPLI, ou seja:
∑𝑛𝑡=1 𝐹𝑡 ∙ (1 + 𝑖)𝑛−𝑡
0 = −𝐼 +
(1 + 𝑇𝐼𝑅𝐼)𝑛
44
Por exemplo, ao se observar o gráfico exposto no tópico 5.2.3, que trata da interseção de Fischer, pode-se
notar que o projeto A possui TIR em torno de 13% a.a., enquanto a TIR do projeto B encontra-se em torno de
15% a.a. Isso significa que B seria preferível a A? Não necessariamente, pois, como discutido naquele tópico,
essa resposta dependerá da TMA escolhida (abaixo de 9,6% a.a., o projeto A seria preferível a B, já que A
proporcionaria maior VPL).
86
40 40 40
−150 + (1+0,15)1 + (1+0,15)2 + ⋯ + (1+0,15)10 = 50,75, um valor positivo; enquanto 𝑉𝑃𝐿𝐼 =
40∙(1+0,06)10−1 +40∙(1+0,06)10−2 +⋯+40∙(1+0,06)10−10
−150 + (1+0,15)10
= −19,68, o que não recomendaria a
realização do investimento.
𝐹𝑡
descontados (dado por ) seriam de R$ –150 milhões no Ano 0; R$ 36,4 milhões no
(1+𝑇𝑀𝐴)𝑡
Ano 1; R$ 33,1 milhões no Ano 2; R$ 30,1 milhões no Ano 3; R$ 27,3 milhões no Ano 4; R$
24,8 milhões no Ano 5; e assim por diante. Então, para os fluxos acumulados, pode-se
calcular R$ –113,6 milhões no Ano 1 (= –150 + 36,4); R$ –80,6 milhões no Ano 2 (= –113,6
+ 33,1); R$ –50,5 milhões no Ano 3 (= –80,6 + 30,1); R$ –23,2 milhões no Ano 4 (= –50,5 +
27,3); R$ 1,6 milhões no Ano 5 (= –23,2 + 24,8); e assim por diante.
A partir disso, observa-se que o fluxo acumulado chegaria a zero um pouco antes
do Ano 5. Por meio do artifício de interpolação linear, pode-se calcular que o PBD equivale a
4,93 anos, ou seja, pouco mais de quatro anos e 11 meses. Nesse sentido, deve-se ressaltar que
o PBD é uma medida mais rigorosa que o PBS (com os mesmos dados, o payback simples foi
equivalente a apenas 3,75 anos).
𝐹𝑡
[∑𝑛𝑡=1 ]
(1 + 𝑇𝑀𝐴)𝑡
𝐼𝐿 =
𝐼
investimento45. Dessa maneira, se ROI > 0, aponta-se para a viabilidade do negócio, algo que
não é recomendado quando ROI < 0.
𝑛 𝐹𝑡
𝑉𝑃𝐿 −𝐼 + ∑𝑡=1 (1 + 𝑇𝑀𝐴)𝑡
𝑅𝑂𝐼 = =
𝐼 𝐼
Por sua vez, vale mencionar o indicador de valor presente líquido anualizado
(VPLA), que pode ser interpretado como uma prestação anual uniforme gerada pela atividade.
Nesse sentido, deve-se recordar da expressão que calcula o valor atual de uma série uniforme
1−(1+𝑖)−𝑛
postecipada, em que 𝑃 = 𝑃𝑟 ∙ , conforme tratado no tópico 5.1. Assim, tomando-se
𝑖
𝑇𝑀𝐴
𝑉𝑃𝐿𝐴 = 𝑉𝑃𝐿 ∙
1 − (1 + 𝑇𝑀𝐴)−𝑛
𝑛
𝑉𝐹𝐿 = 𝑉𝑃𝐿 ∙ (1 + 𝑇𝑀𝐴)𝑛 = −𝐼 ∙ (1 + 𝑇𝑀𝐴)𝑛 + ∑ 𝐹𝑡 ∙ (1 + 𝑇𝑀𝐴)𝑛−𝑡
𝑡=1
45
Não confundir o ROI com o indicador de retorno sobre o capital social, conhecido como return on equity
(ROE), que mede a relação entre o lucro líquido de uma empresa sobre seu capital social, que é o volume de
recursos aplicados por seus acionistas. Referido indicador é uma importante ferramenta de análise na gestão
financeira dos negócios, mas não costuma ser utilizado em análises de viabilidade de investimentos.
89
VFL. Em todo caso, porém, ressalta-se que tais adaptações não costumam ser utilizadas por
analistas de instituições de financiamento.
1−(1+0,10)−10
𝑉𝑃𝐿𝑂𝑡𝑖𝑚𝑖𝑠𝑡𝑎 = 𝑉𝑃𝐿𝑂 = −150 + 50 ∙ = 157,2. Esses resultados serão utilizados
0,10
46
Como já discutido, há estimativas que afetam consideravelmente os indicadores de viabilidade, de forma que
mensurações equivocadas podem implicar na rejeição de um investimento viável ou no acolhimento de algo
insatisfatório. Exemplos dessas estimativas são o prazo de análise (deve ser suficiente para captar todas as
estimativas de receitas e gastos, inclusive levando em conta o ciclo de vida do produto/serviço), o investimento
inicial (deve considerar todos os gastos, inclusive frete, seguro, instalação, treinamento etc.), o valor residual
(deve-se adotar estimativas realistas, inclusive sobre o cálculo da depreciação), as receitas e os gastos (deve
considerar riscos como mudanças nas preferências, nas condições de crédito e outros fatores conjunturais) e a
TMA (como já discutido, deve-se ter cautela sobre sua escolha).
47
Trata-se de uma distribuição comumente empregada em situações de ausência de dados suficientes para adotar
distribuições mais adequadas.
90
48
Para a cultura A, a receita esperada equivaleria a 0,2 ∙ 95 + 0,5 ∙ 75 + 0,3 ∙ 40 = 𝑅$ 68,5 mil. Por sua vez,
para a cultura B, a receita esperada seria de 0,2 ∙ 70 + 0,5 ∙ 60 + 0,3 ∙ 55 = 𝑅$ 60,5 mil. Por fim, para C, a
receita esperada seria de 0,2 ∙ 90 + 0,5 ∙ 85 + 0,3 ∙ 30 = 𝑅$ 69,5 mil, o maior valor obtido.
49
Para A, a receita esperada seria de (95 + 75 + 40)⁄3 = 𝑅$ 70 mil. Para B, tem-se que (70 + 60 + 55)⁄3 =
𝑅$ 61,7 mil. Enquanto isso, para C, tem-se que (90 + 85 + 30)⁄3 = 𝑅$ 68,3 mil.
91
máximos possíveis em cada cenário (como mostra a tabela a seguir, segundo esse critério, a
cultura A seria a escolhida, dado o menor arrependimento proporcionado):
Arrependimento (R$ mi)
Período
Cenário bom Cenário médio Cenário ruim Total
A 95 – 95 = 0 75 – 85 = –10 40 – 55 = –15 0 – 10 – 15 = – 25*
B 70 – 95 = –25 60 – 85 = –25 55 – 55 = 0 – 25 – 25 – 0 = – 50
C 90 – 95 = –5 85 – 85 = 0 30 – 55 = –25 – 5 – 0 – 25 = – 30
Obviamente, em vez de cenários de receitas, é possível aplicar essa técnica com
outros indicadores, como o próprio VPL ou o VPLI. Nesses casos, tem-se a vantagem de se
incorporar o investimento como informação para fundamentar a decisão.
Mesmo sendo recomendável a realização da análise de risco, as instituições de
financiamento não costumam levar em consideração esta etapa. Contudo, técnicas simples e
intuitivas como a análise de sensibilidade trazem informações preciosas ao projeto. Nesse
método, procura-se medir a sensibilidade de indicadores como VPL e TIR, diante de
variações em receitas, gastos, TMA e outros parâmetros. Empiricamente, costuma-se
simplesmente considerar reduções de 10% e 20% sobre os fluxos de caixa esperados.
Por exemplo, dado um projeto cujo investimento é de R$ 150 milhões e os fluxos
esperados são uniformes e equivalentes a R$ 40 milhões/ano, entre os Anos 1 e 10, com TMA
1−(1+0,10)−10
de 10% a.a., tem-se que 𝑉𝑃𝐿 = −150 + 40 ∙ = 95,8. Por sua vez, se os fluxos
0,10
20%, com os fluxos esperados passando para R$ 32 milhões/ano, encontra-se que 𝑉𝑃𝐿−20% =
1−(1+0,10)−10 1−(1+0,10)−10
−150 + 40 ∙ (1 − 0,20) ∙ = −150 + 32 ∙ = 46,6. Nesse sentido,
0,10 0,10
mesmo considerando quedas de 20% sobre os fluxos esperados, percebe-se que ainda assim é
recomendável a realização do investimento50.
Para complementar a análise de sensibilidade, vale citar o ponto de equilíbrio
(PE), mesmo que este não seja propriamente um indicador de análise de risco, sendo uma
ferramenta mais apropriada para a gestão financeira, particularmente no campo da análise de
custos. Seu objetivo é mensurar o nível de produção a partir do qual o lucro começa a ocorrer
no negócio. Assim, para cada segmento de produto/serviço, deve-se calcular sua função lucro
(Π), dada pela diferença entre suas receitas (𝑅) e seus gastos (𝐺), ou seja, Π = 𝑅 − 𝐺.
50
Para descobrir o percentual que redução que levará à condição de inviabilidade, basta considerar que
1−(1+0,10)−10 150
𝑉𝑃𝐿−𝑥% = −150 + 40 ∙ (1 − 𝑥) ∙ = 0 ∴ 245,8 ∙ (1 − 𝑥) = 150 ∴ (1 − 𝑥) = = 0,6103 ∴
0,10 245,8
𝑥 = 1 − 0,6103 = 0,3897 = 38,97%. Dessa maneira, o investimento seria considerado viável mesmo que os
fluxos esperados caíssem em até 38,97%.
92
𝐺𝐹
𝑃𝐸 =
𝑝−𝑔
51
Nesse sentido, recomenda-se a departamentalização das atividades da empresa e observar o quanto cada
segmento de produto/serviço exige desses departamentos. Dessa forma, ao levantar os custos indiretos e as
despesas associadas a cada departamento, pode-se facilmente ratear tais gastos segundo cada tipo de
produto/serviço ofertado.
93
APÊNDICE
DISCRIMINAÇÃO Mês 0 Mês +1 Mês +2 Mês +3 Mês +4 Mês +5 Mês +6 Mês +7 Mês +8 Mês +9 Mês +10
Obras civis - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - -
Instalações - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - -
Máquinas e equipamentos - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - -
Equipamentos de informática - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - -
Veículos - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - -
Móveis e utensílios - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - -
Outros itens - - - - - - - - - - -
Treinamento - - - - - - - - - - -
Estudos e projetos - - - - - - - - - - -
Investimentos pré-operacionais - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - -
SUBTOTAL - - - - - - - - - - -
Capital de giro - - - - - - - - - - -
TOTAL DO PROJETO - - - - - - - - - - -
95
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
TOTAL - - - - - - - - - - - - - - - -
96
Materiais primários - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
Materiais secundários - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
Materiais auxiliares - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
Embalagens - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
TOTAL - - - - - - - - - - - - - - - -
97
Diretoria - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - -
Mão de obra fixa - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - -
Mão de obra variável - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - -
Encargos - - - - - - - - - - - - - - -
Sobre honorários - - - - - - - - - - - - - - -
Sobre mão de obra fixa - - - - - - - - - - - - - - -
Sobre mão de obra variável - - - - - - - - - - - - - - -
TOTAL - - - - - - - - - - - - - - -
98
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - -
TOTAL - - - - - - - - - - - - - - - -
99
Pode-se ainda considerar uma margem ainda mais limitada. Por exemplo, com
50
TMA de 9,5% a.a., 1 − (1 + 0,095)−10 − ∙ 0,095 = 0,00274. Por outro lado, ao se
8
50
considerar TMA de 9,75% a.a., tem-se que 1 − (1 + 0,0975)−10 − ∙ 0,0975 = −0,00379.
8
sentido, na hipótese de uma TMA de aproximadamente 9,6% a.a., a escolha entre os projetos
A e B torna-se indiferente, pois ambos criariam o mesmo valor sobre o investimento efetuado.
102
1−(1+0,24)−10
−150 + 40 ∙ = −2,7257 quando TMA = 24%.
0,24
0,23 = 0,2342 = 23,42%. De fato, ao se considerar uma taxa de 23,42% a.a., 𝑉𝑃𝐿 =
1−(1+0,2342)−10
−150 + 40 ∙ ≅ 0. Nesse sentido, pode-se interpretar que o negócio irá
0,2342