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HISTÓRIA DO CINEMA
26 de novembro de 2021
Produção Charlie Chaplin para Charlie Chaplin Film Corporation / Duração: 89 minutos /
Estreia Mundial 5 de fevereiro de 1936 / Estreia em Portugal 2 de março de 1937
Modern Times é um dos pontos mais altos da obra de Charlie Chaplin e um dos filmes mais
importantes na História do Cinema, centrando-se na icónica personagem Little Tramp e nas
alterações políticas, sociais e económicas provocadas pela sociedade industrializada.
Numa altura em que o cinema já usufruía do som como forma de integração narrativa há
quase uma década, Chaplin emprega as técnicas sonoras utilizando-as para fins cómicos,
resultando numa visão que perspetiva o som cinematográfico como algo pouco natural. Ao
longo do filme, são predominantes os sons das máquinas fabris e do relógio, remetendo ao
espectador a ideia de que aquilo que importa mais é a produção e a eficácia da fábrica.
Quando Chaplin conheceu Mahatma Gandhi, com quem discutiu sobre a sociedade moderna e
as tecnologias industriais, ganhou uma nova perspetiva sobre as mudanças sociais e sobre os
efeitos da industrialização na humanidade – um olhar que era enfatizado numa década em que
os efeitos da crise de 1929 eram altamente notáveis. É assim, numa viagem pela Europa, em
1931, que nasce a ideia de Modern Times, um filme com pouquíssimas falas – numa altura em
que o cinema já não era apenas mudo –, que toda a gente pode entender o que é retratado,
sem qualquer tipo de barreira linguística.
A primeira parte do filme inicia-se com o operário (Little Tramp) da fábrica Electro Steel
Corporation que trabalha, incansavelmente, na linha de montagem, ao lado dos seus colegas,
não tendo sequer o direito a uma pausa que lhe permita terminar de fumar um cigarro. A
ocupação que desempenha caracteriza-se por ser
FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS O CORPO NO CINEMA
HISTÓRIA DO CINEMA
26 de novembro de 2021
Procurando escapar à forma de fugir da “prisão” das greves perigosas e da rebelião dos
desempregados, o ex-prisioneiro conhece a órfã – mais uma vítima do sistema –,
acontecimento esse que impulsiona o seu desejo de construir uma família feliz e saudável e,
consequentemente, a vontade de arranjar um emprego. É essa a sua motivação.
O ambiente cómico do filme contrabalança com a realidade sombria a que este recorre. Os
dois protagonistas, na busca da sua felicidade, estão destinados à exploração do trabalho, não
podendo fugir disso, pois são vítimas da sociedade, não sendo possível escapar a este sistema,
tal como acontece em Ladri di biciclette (1948).