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[TÍTULO DO DOCUMENTO]
INTRODUÇÃO AO
DIREITO I
Diana Esteves
1º ANO 1º Semestre
Índice
Objetivos: .............................................................................................................................................. 2
1. Índole da Introdução ao Direito: ........................................................................................ 2
2. Confronto das várias perspetivas e rejeição das mesmas; adoção da
perspetiva normativa .................................................................................................................... 2
3. Adoção da perspetiva normativa dirigida ao Quid Iuris. O Direito enquanto
quid ius e não quid iuris ................................................................................................................ 3
Análise da Ordem Jurídica: ............................................................................................................. 4
O que é a ordem jurídica? ............................................................................................................ 4
Estrutura: .......................................................................................................................................... 4
1ª Linha - Linha de Base .................................................................................................................. 5
2ª Linha- Linha de Ascendente ....................................................................................................... 6
3ª Linha- Linha Descendente .......................................................................................................... 6
Síntese da estrutura da ordem jurídica: ......................................................................................... 8
Funções ............................................................................................................................................. 9
Função primária/prescritiva ........................................................................................................... 9
Função Secundária/organizatória................................................................................................. 12
Notas caracterizadoras de uma Ordem Jurídica em geral ............................................. 13
A ordem como cosmos natural: .................................................................................................... 13
O caráter comunitário ................................................................................................................... 14
Objetividade .................................................................................................................................. 14
Projeção de autoridade ................................................................................................................. 15
Os efeitos imediatos de uma qualquer ordem jurídica ..................................................... 15
A racionalização............................................................................................................................. 15
A institucionalização ..................................................................................................................... 15
A segurança/previsibilidade ......................................................................................................... 15
A liberdade enquanto responsabilidade e não como arbítrio..................................................... 16
A Paz como antecipação regulativa (a Paz e a Justiça) ................................................................ 16
O Direito é o fundamento dos nossos pensamentos
Objetivos:
1. Índole da Introdução ao Direito;
2. Confronto das várias perspetivas (epistemológica, filosófica e
sociológica) e rejeição das mesmas; adoção da perspetiva normativa;
3. Adoção da perspetiva normativa dirigida ao quid iuris. O Direito
enquanto quid ius e não quid iuris;
Deste modo, o Direito é uma norma de dever ser e, por isso, padrão construtivo da
própria ação e das relações que estabelecemos uns com os outros.
Esta nossa perspetiva (normativa) é a única que se adequa à específica tarefa do jurista,
pois este é aquele que assume a intenção nuclear do Direito (normatizar) para o projetar
regulativamente na realidade social.
Ambas
Antes de analisar a ordem jurídica, importa precisar por que é que ela é necessária: era
crucial a instituição de uma regra suscetível de ordenar a relação de cada um com os outros.
Estrutura:
Nesta linha estão as relações juridicamente relevantes que estabelecemos uns com os
outros enquanto sujeitos de direito privado, em que todos pretendemos atuar a nossa
autonomia para realizar interesses; somos particulares perante particulares e relacionamo-
nos em termos de paridade, ou seja, ambos os intervenientes estão em pé de igualdade.
A sociedade aqui não é sujeito da relação, é apenas sua condição – os particulares (os
verdadeiros sujeitos intervenientes na primeira linha) vivem em sociedade, mas esta não se
constitui como sujeito nesta linha.
Nós não somos só apenas indivíduos, também somos socii, ou seja, indivíduos da sociedade.
Nesta linha estão as relações que se estabelecem entre cada um e a sociedade tomada
no seu todo; a Sociedade já não está apenas como fundo, emergindo para primeiro plano
como sujeito das relações que estabelecemos com ela;
Com efeito, a Sociedade tem ela própria valores e interesses a garantir, que nos dirige e
cujo cumprimento nos impõe; se violarmos tais interesses e bens jurídicos fundamentais, a
sociedade pede-nos responsabilidades.
Nas relações que estabelecemos com a sociedade estamos todos diante dela e não
perante os outros e, por isso, a segunda linha regulamenta as relações das partes com o todo.
Nesta segunda linha o Direito visa regulamentar as exigências que a Sociedade nos
dirige, mas também institucionalizar, legitimar e limitar o poder do Estado, pois também nós
temos interesses em reivindicar, como é o caso dos Direitos Fundamentais. Ou seja, a
sociedade pode exigir-nos prestações, mas não arbitrariamente. Assim, o direito pretende
tutelar os nossos direitos e garantir que os outros me deixem exercer os meus direitos, sendo
que o Estado não pode utilizar um poder arbitrário.
Quanto ao tipo particular de justiça, estamos perante a justiça geral, que se traduz em
tudo aquilo que em nome de todos se pode exigir a cada um ou tudo aquilo que cada um
pode exigir ao todo; estamos também e ainda perante a justiça protetiva, pois o Direito é
aqui chamado a institucionalizar formalmente, a limitar e a controlar o poder e,
consequentemente a garantir a situação dos particulares que com ele se confrontam.
Esta terceira linha vem fechar o triângulo a que aludimos: nesta, a Sociedade é
considerada como uma entidade atuante, dinâmica, que tem um programa estratégico
que quer atuar para atingir os objetivos a que se propõe.
Estes objetivos podem ser-nos favoráveis, mas também podem visar o benefício da
própria sociedade (como é o caso do direito da previdência e da assistência social, em que
aparecemos como beneficiários, mas também temos que contribuir para determinados
fundos socias).
Por isso, é se que se afirma que o Direito aparece aqui como um estatuto de atuação,
mas também de limitação. Por exemplo: quando se elabora um regulamento, prosseguem-
se sempre duas finalidades: racionalizar a ação e limitar a própria ação;
Funções do Direito na
3º Linha
Estatuto de limitação:
Estatuto de atuação:
-limita a nossa
-regula a ação
atuação
A igualdade não é o meio, mas o critério – vamos tentar aplicar medidas por vezes
desiguais para atingir o objetivo: igualdade total.
Note-se que este valor da solidariedade impõe frequentemente uma atuação em termos
de desigualdade para se atingir, no fim, a igualdade (ou melhor, a diminuição das
desigualdades); digamos que nesta sede, a igualdade não aparece aqui como critério, mas
como objetivo, como que seja, o “ponto de chegada” e não o “ponto de partida” –
pretende-se alcançar uma aproximação à igualdade pelo caminho da desigualdade.
A modalidade de justiça que se afirma nesta linha é a justiça distributiva que impõe uma
atuação de recolha e redistribuição de meios, e uma justiça corretiva.
Nota importante: atendendo aos vários tipos de justiça abordados em cada uma das linhas da
estrutura da Ordem Jurídica, podemos afirmar que a justiça é uma categoria complexa,
constituída por várias dimensões que se precipitam noutros tantos princípios, como sejam a
igualdade, o da oportunidade e adequação social, pelo da segurança e paz jurídicas.
As três linhas a que aludimos delimitam o espaço triangular da OJ: na sua linha de base,
estamos uns perante os outros, como pares; numa segunda linha, ascendente, vimo-nos
perante a sociedade; e depois, numa terceira fase, é ela numa linha descendente, a atuar
Função primária/prescritiva
O direito como princípio de ação e critério de sanção
Nesta função, a Ordem Jurídica aparece-nos como princípio de ação e como critério
de sanção:
Mas a Ordem Jurídica não se fica por aqui, não se limita a comunicar que os nossos
direitos são “estes” e que as nossas responsabilidades são aquelas… seria insuficiente; se
assim fosse, estaríamos diante uma pura ordem moral.
No campo das relações sociais, se alguém interferir no modo como o outro pode fruir o
mundo comum, cometendo violações à pré-instituída ordem de repartição do mundo, será
por esse facto responsabilizado – a Ordem Jurídica se, por um lado, prescreve critérios de
fruição do mundo (sendo, portanto, princípio de ação), por outro lado, concorre também
para que esses critérios se realizem praticamente, apresentando-se igualmente como
critério de sanção;
A sanção é todo o meio que a Ordem Jurídica mobiliza para tornar eficazes as suas
prescrições; sancionar significa efetivar, consagrar, tornar sérios, dignos de respeito
imperativos jurídicos.
A ideia de coercibilidade
Direito VS Moral
Existem vários critérios para distinguir o direito da moral:
direito (preocupa-
se com os valores
mais importantes)
Moral
Realidade:
moral direito
Deste modo, não podemos limitar-nos a dirigir, neste âmbito, meros apelos uns aos outros;
na esfera do direito, cada um pode exigir ao outro o cumprimento das suas obrigações.
Tipos/modalidades de sanção
Função Secundária/organizatória
Função secundária (sem esta não seria possível existir a função primária): organização da
maquina estadual para que cada um de nós possa fazer valer os nossos direitos (quando
estes não são respeitados, podemos recorrer aos tribunais), por sua vez com regras de
organização.
O caráter comunitário
Reconhecemos que a Ordem Jurídica constitui um esforço tendente a assegurar a
integração comunitária, pois representa uma instância de controle da vida comum.
Somos uns com os outros e a ordem Jurídica define formalmente o comum normativo
de uma comunidade concreta, mas é sobretudo referida aos valores que
materialmente a fundamentam que a ordem Jurídica aparece como um autentico
integrante comunitário.
Objetividade
Como já o afirmámos, a ordem jurídica integra o nosso horizonte cultural, e, por isso,
a “segunda natureza” do Homem
Isto significa que a ordem jurídica constitui um mundo particular com que
deparamos, ao lado de outros, como o mundo biológico, sociológico ou o cultural
em geral
Quando afirmamos que a Ordem Jurídica nos aparece como um mundo estamos a
reconhecer-lhe uma objetividade: a ordem jurídica está aí, como a natureza, com a
sua heteronomia; estando nós nela, ela existe independentemente de a querermos
ou não.
autárquica:
plano
institucional
objetividade
dogmática:
plano
intencional
Projeção de autoridade
A ordem jurídica, pela sua natureza, impõe as suas regras e os seus princípios, mesmo
quando são violados pela força jurídica que apresenta. Esta força ou eficácia é
projetada nas autoridades estaduais que, pela sua força jurídica e pela ideia de
autoridade, se impõem a todos nós, mesmo contrariando a nossa vontade. Ou seja,
as regras, os princípios e as normas jurídicas projetam-se através das autoridades e
fazem-se cumprir pela força jurídica que apresentam.
Deste modo, mesmo que o Homem viole reiteradamente os princípios que integram
a ordem jurídica, esta tem como sua característica a faculdade de se projetar e de
exigir a observância das suas prescrições.
Logo, a ordem jurídica, pela sua natureza, assume uma autoridade e faz-se valer,
mesmo à força.
A institucionalização
Questão: o que é uma instituição?
Instituição deriva de in-status, pelo que significa entrar naquilo que persiste, pois
status é o que conseguiu organizar-se para subsistir; ou seja, institucionalizar é
estabilizar
A ordem jurídica, como instituição que é, define padrões de comportamento
subsistentes, com sentidos e com valores simbólicos
A instituição é um padrão estandardizado de comportamentos que assimilou
determinados valores; ou seja, a Ordem Jurídica constitui uma grande instituição que
se desdobra em pequenas instituições
A instituição é sempre uma organização estável dos comportamentos e, neste
sentido, uma permanência no tempo, pois havendo uma instituição a natural
diversidade dos comportamentos tem um referente que os coordena
Facilmente se percebe a razão porque carece o Homem de instituições: o Homem
sente-se como que tirado para o mundo em que existe, sente-se exposto ou exilado
num local inabitável.
A segurança/previsibilidade
Vivendo nós no seio da ordem jurídica, conhecemos antecipadamente os efeitos
dos nossos comportamentos juridicamente relevantes dos outros que connosco
convivem;
O direito condiciona cada um de nós e uns e outros, pelo que podemos pré-ver os
resultados dos comportamentos sócio-juridicamente interferentes – e a segurança
não é mais do que isto.
Acrescentamos ainda que o imprevisto representa sempre uma agressão, gerando a
insegurança; a Ordem institucionalizada diz-nos com o que podemos contar,
transmitindo-nos segurança: permite-nos que calculemos as consequências dos
nossos atos, adverte-nos antecipadamente do que nos espera e ao fazer isso faz
com que possamos organizar e programar a nossa vida, dá-nos segurança.
Estamos perante uma Ordem, mas será uma ordem de Direito? Ora, o Direito (a Ordem
autenticamente de
Direito) tem uma carga
axiológica que o Homem,
enquanto sujeito-ético,
assume – não é apenas
uma Ordem com as
características que
analisámos até agora;
tem também um sentido
que importa
compreender.
Questão: o que é
então o Direito? O Direito
é uma Ordem com um certo sentido que é necessário conhecer numa perspetiva meta-
positiva, razão pela qual não nos podemos ficar pela mera consideração descritiva da
Ordem Jurídica.
Insuficiência objetiva
A Ordem Jurídica manifesta uma insuficiência objetiva, pois não basta, só por si, para
nos desvelar o sentido do Direito; existem outras ordens sociais (também elas dotadas de
estrutura formal, funções, notas caracterizadoras e efeitos tal como a OJ), mas que podem
ter sentidos diferentes ou até opostos ao da OJ (são antípodas do direito, e podem
inclusivamente provocar não a nossa adesão, mas a nossa repulsa).
Questão: Será que podemos resolver o nosso problema referindo a Ordem Jurídica à
estadualidade? Ou seja, se acrescentarmos a nota da estadualidade, será que isso chega
para colmatar as insuficiências? NÃO.
A razão em que o direito assenta não pode ser o poder político mas a
validade; para ser aplicado tem de seguir e cumprir valores.
É certo que o Direito e o Poder se cruzam: o Direito precisa de autoridade, e
por trás dela está o poder político; mas o poder político não é o fundamento do
direito – se o fosse, qualquer norma criada pelo Estado seria direito.
Em suma: ser Ordem é um elemento necessário para que se possa falar de Direito, mas
não é um elemento suficiente; uma ordem socialmente regulamentadora não pode
dizer-se de direito pelo facto de ter sido criada pelo Estado.
Será uma dimensão normativa, sem a qual não haverá uma verdadeira
Ordem de Direito. Contudo, veremos que a OJ apresenta também uma
insuficiência normativa.
Insuficiência normativa
Teremos que caracterizar o significado desta dimensão normativa, distinguindo três
momentos:
A ordem jurídica, para constituir uma autêntica ordem de Direito, tem, portanto, que
manifestar uma dimensão normativa positiva, uma validade.
Em primeiro lugar devemos recordar que uma ordem jurídica assimila valores; estes
sintetizam plenitudes de significação num determinado horizonte cultural, e densificam-na,
conferindo-lhe uma interioridade com a qual a nossa interioridade pode dialogar. Uma
ordem terá que assentar em valores para poder perdurar durante o tempo.
Uma ordem jurídica tem uma imediata dimensão prescritiva pois distingue o válido ou
inválido, o lícito do ilícito.
São precisamente esses valores que conferem uma dimensão normativa à ordem de
Direito, e esta específica dimensão que a distingue de outras ordens com as quais se
poderia formalmente confundir.
A intenção normativa é, portanto, uma exigência que se funda em valores e que uma
comunidade histórico-socialmente concreta pretende que se realize na prática. Uma ordem
de Direito não apresenta, pois, apenas uma determinada estrita, funções, notas
caracterizadoras e efeitos; tem também um conteúdo material que lhe é conferido pela
normatividade.
A ordem jurídica, para que possa se considerada como autenticamente de Direito, tem
que exibir uma normatividade material vigente; tem que traduzir a síntese de um conteúdo
reconhecido como materialmente válido e como sociologicamente eficaz – ou seja, a
vigência abarca duas dimensões: a validade e a eficácia.
Só que não nos podemos ficar por aqui; se o fizéssemos, a ordem jurídica resumir-se-ia
tendencialmente à normatividade constituída – e o Direito seria uma entidade
historicamente consumada. E não é assim. O Direito não é uma entidade cultural finita; é
antes uma intenção, uma ideia regulativa. Com efeito, podemos estar perante uma
controvérsia juridicamente relevante e não dispor de Direito constituído (pré-objetivado)
para lhe dar resposta - é o tradicionalmente discutido problema das lacunas. Ora só é
possível resolver essas questões porque o Direito não se esgota no já constituído. E onde se
encontrará o fundamento dessa permanente constituição? Precisamente numa ideia
regulativa - o que significa, por um lado, que não revela aqui o conceito de Direito, mas o
seu principium (pois este, diferentemente daquele, apela a um sentido constituendo) e, por
outro, que a normatividade prática do Direito radica neta dimensão regulativa.
Quanto à análise da necessária dimensão normativa da ordem jurídica, para que possa
ser qualificada como uma ordem de Direito, acrescentamos que muitos dos princípios que,
num determinado momento histórico, marcam a dimensão normativa de uma ordem
jurídica concreta estão nela objetivados de uma forma contingente: como sabemos,
ocorrem por vezes ruturas nas ordens jurídicas. De modo que pode pôr-se a pergunta: se
uma revolução fizer cair uma ordem jurídica concreta, porventura ficaremos aí sem Direito?
Abri-se-á, no domínio que ela antes ocupava, um vazio de juridicidade?
Já percebemos que não, porque o Direito é uma intenção de valor e de sentido, que
transcende todas as suas objetivações – pois se o valor é radicalmente cunhado pela
historicidade, o sentido é, ele próprio, caminho a percorrer. O Direito é, assim, um princípio
normativo, um regulativo, um conjunto de valores com uma particular intenção, que o
homem quer projetar na sua prática – objetivo este que, todavia, nunca conseguirá realizar
completamente. E como princípio normativo, o Direito é, portanto, transpositivo.
Por tudo quanto fora exposto em relação à OJ impõe-se uma conclusão provisória:
sublinhámos que a OJ nos localiza e situa uns com os outros
no mundo, procurando afastar-nos de um individualismo, NOTAS CONCLUSÃO: o direito está
mas também de uma massificação do coletivismo – na história – sofre sempre uma
portanto, procurando evitar a instauração do igualitarismo, evolução; uma ordem de direito,
pressuposto por qualquer uma das duas atitudes externas. É para poder ser reconhecida por nós,
tem de ter uma evolução
a ordem que controla e regula a nossa relação com os
reconhecida e permitida e devemos
outros e com as coisas; logo, é uma ordem de direito que é
perceber que não podemos sufocar
marcada por uma dimensão histórica, e deverá integrar o o eu no individual e o eu do coletivo,
horizonte da prática. entre os quais tem de haver um
equilíbrio; a ordem de direito tem de
A OJ, enquanto autêntica ordem de direito, aparece como permitir o cruzamento das duas
uma teia de correspondências de sentido relacionada com experiências. Tudo isto é possível
as interações humanas, e por isso reconstitui-se através do retratar-se na realidade social.
seu substrato material; traz certas exigências e experiências
que nos colocam numa intencionalidade problemática. Ou
seja, a ordem de direito articula dois problemas irredutíveis: o raciocínio que utiliza é
analógico e discorre do particular para o particular; afirma-se no universo da realidade
social.
O Direito e a Sociedade
1. O direito na sociedade
Ainda no âmbito da matéria respeitante ao apuramento do sentido geral do Direito
abrimos agora uma nova secção em que se tentará localizar o mundo jurídico no universo
do nosso mundo comum – na esfera da sociedade.
O direito não é uma ilha: a normatividade jurídica tem uma base societária e atua no
seio da realidade social. É por isso natural que nos interroguemos sobre a sociedade que
constitui o meio ambiente do direito, tentando compreender a posição e o papel que o
direito nela ocupa e desempenha respetivamente.
O problema de “equilíbrio”
A noção de
sociedade há pouco dada lança levanta duas questões nucleares a seu respeito:
1) Ela constitui uma realidade em si, ou apenas a estrutura sistematizante das nossas ações?
2) É necessário determinar como se constitui esse mundo comum, sendo nós tão diferentes
uns dos outros e perseguindo fins tão distintos
Torna-se por isso necessário articular os sujeitos autónomos que se relacionam entre si,
integrá-los mediante a referência a algo que lhes seja comum; a sociedade, enquanto
realidade comum, integrante das nossas diferenças, é uma resposta a este problema.
Todavia, estas
coordenadas, na
sua dinâmica,
manifestam uma
tensão e é por isso
que há
sociedades em
que uma delas
(qualquer que
seja) se hipertrofia
e avantaja à outra
(exemplo: numa
sociedade
totalitária, a
segunda coordenada que relevámos tende a asfixiar a primeira; e numa sociedade inspirada
por um liberalismo radical, é o inverso que se verifica).
Mesmo sem estes excessos a sociedade nunca consegue eliminar a atrás referida
“insociável sociabilidade” do homem. E é assim porque nós somos seres centrífugos (somos
seres de liberdade individual) que convivem num horizonte centrípeto (a sociedade
chama-nos a si, pois precisamos dela par nos realizarmos humanamente). De um lado
somos insociáveis, do outro sociáveis - e a dinâmica da história resulta desta (e é animada
por esta) tensão.
As respostas da sociologia
Levantando a questão acerca da caracterização da sociedade, encontramos vários
autores que procuram dar resposta para o problema de equilíbrio entre o mundo coletivo e
a integração unitária da autonomia das pessoas individuais e a coletividade e a
consequente interação da sua convivência; o homem é um ser que simultaneamente
convoca uma tendência para a socialização e o isolamento. Procurando respostas na
sociologia, encontramos duas teorias ou duas perspetivas: a perspetiva da ação, de Max
Weber e a perspetiva do Sistema, de Luhmann.
Não deve qualificar-se como ação social o facto de, por exemplo, um de nós se
encontrar ao lado de outras pessoas na fila para o autocarro, pois o que aí se nos apresenta
é uma acidental justaposição de discretas ações individuais.
Neste ponto de vista, a sociedade é a teia integrante das nossas ações, pelo que, na
sociedade, só estaríamos materialmente nós próprios, todavia interagindo.
A orientação mais recente da sociologia não avança da parte para o todo, mas
centra-se nesse todo estruturado, compreendendo a sociedade como o sistema social, ou
seja, como uma entidade integradora que subsiste numa unidade.
Coloca-se assim uma outra questão: como será que uma dimensão estática (constituída
pelas estruturas as que aludimos) se articula com uma outra dinâmica (já que o mundo não
pára)? Parsons entende que a “função” se encarregaria de resolver a questão, pois esta
identifica, precisamente, o dinamismo possível dentro de uma determinada estrutura. E daí
que a sociedade, no seu conjunto, consista na definição de estruturas funcionais.
• o interior – sistema
• o exterior – o mundo da realidade
Como tal, Luhmann entende o “sistema social” como um sistema autopoiético portanto
autoorganizado e auto-reprodutivo, radicado em atos comunicativos, e segundo o qual é
necessário o efeito da institucionalização; este corresponde à definição (e, portanto à
estabilização) de funções tendo em vista a simplificação do mundo do nosso encontro.
Este autor, através de uma síntese reflexiva, procura conjugar uma dimensão sistémica e
uma dimensão prática, avançando que na sociedade é possível alcançar o equilíbrio
estrutural entre “o mundo da vida” e o sistema.
Como ensina Castanheira Neves: o sistema de valores que cunha em termos materiais
uma determinada sociedade não se limita nem aos objetivos da vontade política, nem aos
valores constitutivos do ordenamento de Direito dessa comunidade, pois é mais amplo
(embora não ignore) do que estes dois planos; a sua eficácia integrativa depende da sua
capacidade de inspirar a própria ordem jurídica concretamente em causa, uma vez que o
Direito é, sem dúvida, no nosso hemisfério cultural, o mais importante elemento de
integração social.
Com efeito, uma sociedade não se define apenas como uma realidade de integração
(integração esta por sua vez garante da estabilidade histórica, da harmonia sociológica e
do consenso axiológico da comunidade concretamente em causa).
Se olharmos para as sociedades dos nossos dias, logo compreendemos que o consenso
é apenas uma face de uma medalha, que apresenta um reverso: a tendência para a
afirmação do antagonismo, que está na base da evolução societária.
Por outro lado, note-se, ao conflito é imanente um quantum de integração, desde logo
porque a existência de uma comunidade (que não é definível sem o recurso à mencionada
nota de integração) é um pressuposto da possibilidade da própria emergência do conflito:
no fundo, só há conflito porque há comunidade, isto é, integração convivencial.
Mesmo que apenas baseados na análise estrutural da sociedade em que até agora
nos centrámos, estamos já em condições de compreender o lugar que nela ocupa o Direito:
este define, em termos normativos, a tecitura social, razão pela qual é um sub-sistema
decisivamente importante da sociedade.
O Direito não esgota a nossa relação, mas temos de reconhecer que se relevarmos o
seu núcleo duro estamos fundamentalmente diante de deveres e direitos recíprocos.
O Direito é, pois, o subsistema que a sociedade mobiliza para conseguir uma suficiente
harmonia na integração das várias afirmações individuais no contexto comunitário.
Mas o Direito não consegue eliminar todos os conflitos: a nossa posição eminentemente
pessoal transcende sempre a nossa posição especificamente social e, por isso, aquela
primeira pode divergir desta segunda; cada um de nós titula sempre vários estatutos, de
modo que os papéis inerentes a cada um deles podem colidir.
O direito como síntese seletiva dos fatores mencionados: é critério sobre os interesses
(ajuíza do mérito relativo destes) no quadro de um poder e, para cumprir essa tarefa,
mobiliza alguns valores (deixando outros de lado – critério seletivo).
Surge uma segunda pergunta: Será o Direito uma pura função dependente da sociedade?
Há na verdade teses que o sustentam, isto é, respondem afirmativamente a esta
questão. Para estas orientações o direito seria um mero resultado dos elementos materiais
constitutivos da sociedade (interesses, poder e valores), não se lhe reconhecendo qualquer
autonomia. Isto significa que existem correntes defensoras da ideia de que o direito
depende, em exclusivo, da economia, da política ou da cultura.
É esta a posição do marxismo originário, (que teve o seu contributo para a redução aqui
enunciada); no seu entender, seria a “estrutura económica da sociedade”, a sua “base
real”, que determinaria todas as dimensões de “sentido” e de “valor” da vida humana” –
desde a sua consciência individual à super estrutura jurídica e política que se viesse a
institucionalizar. Para Marx (em virtude do positivismo material), cada cultura seria
determinada pelas “relações de produção” constitutivas da mencionada “estrutura
económica da sociedade”. O Direito, como vetor integrante da referida super-estrutura, não
passaria igualmente de um segregado da aludida infra-estrutra, tal como as ideologias, pois
de um ponto de vista cultural estas não são mais do que tentativas de justificar os interesses.
Todavia, pouco a pouco, o marxismo e este economicismo linear, que sustentava haver
relação direta entre a economia e a cultura, foram abandonados.
O económico (por si só) ganhou então importante relevo nos séculos XVIII-XIX; em estrita
articulação com o individualismo capitalista, surge um importante movimento de um
modelo teórico – “Law and Economics”, segundo o qual a economia é um elemento
dominante e determinante da História.
Podemos concluir que o económico não reduz, pois, nem teoricamente, nem ao nível da análise histórica,
nem atendendo à intencionalidade dos dois domínios, o ético-jurídico, tendo, portanto, de contar com ele.
Podemos concluir que o económico não reduz, pois, nem teoricamente, nem ao nível da análise
histórica, nem atendendo à intencionalidade dos dois domínios, o ético-jurídico, tendo, portanto, de
contar com ele.
Uma cultura será vigente, quando se nos apresenta como uma efetiva dimensão de
sentido de uma certa prática, conformando axiológico-intencionalmente e histórico-
socialmente a pluralidade das manifestações existencialmente predicativas de uma
determinada comunidade.
De acordo com esta teoria, e de acordo com uma corrente jusnaturalista, o Homem não
traduzia mais do que uma sua auto-compreensão, o que significa que o homem projeta no
ser a sua própria racionalidade. Compreende-se que o homem do jusnaturalismo era um ser
contemplativo e por isso teorético; diferentemente, o homem de hoje sabe que a
transcendência não é totalmente transparente, sendo agora uma tarefa a cumprir. Assim, o
homem, na sua prática, tem consciência da sua finitude, percebendo que é um ser
histórico, e por isso pretende tomar posição sobre si próprio.
O jusnaturalismo (ao centrar-se num puro Direito ideal, nega o seu condicionamento
histórico e, portanto, constitui a expressão exemplar do redutivismo que estamos a
considerar) repousa em três argumentos:
Antropologia
clássica afirma-se hoje a
pessoalidade do
Homem.
Metafísica
clássica afirma-se hoje a
Ontologia transracionalidade
clássica afirma-se hoje a da transcendência
historicidade do ser
• Condição ética: as pessoas surgem como seres de liberdade que dialogam uns
com os outros, trocando exigências e reconhecendo-se como reciprocamente
responsáveis; assim já terá sentido dizer que essa ordem tem de ser uma autêntica
ordem de direito;
Estas três condições têm de verificar-se cumulativamente para que o direito possa emergir.
Nessa análise diacrónica das funções que o direito, compreendido como ordem de
validade, foi desempenhando ao longo dos tempos devem distinguir-se três grandes ciclos:
época clássica pré-moderna, época moderno-iluministas e época contemporânea (atual).
Em cada uma das épocas o direito foi desempenhado tributos diferentes.
Função integrante
Subfunção de tutela Subfunção de resolução
Subfunção de garantia
ou imunização dos conflitos de interesses
A ordem que o direito O direito opera a distribuição Está ligada à institucionalização (e
institui sanciona o de bens e serviços, e oferece portanto, à limitação) do poder. Com
respeito por certos critérios de resolução dos efeito, o direito, ao mesmo tempo
valores, por certos conflitos de interesses que daí que limita o poder, garante-nos
bens jurídicos, por podem surgir. Na verdade, é contra os seus arbítrios. Mas não é só
certos interesses no horizonte do mundo que da nossa perspetiva que esta função
fundamentais. Há, de compartilhamos que somos é importante; ela é-o igualmente da
facto, no âmbito de chamados a realizar os perspetiva do próprio poder. Isto
cada cultura, valores, nossos interesses, muitas porque o direito, ao institucionalizar e
bens jurídicos e vezes divergentes; o direito consequentemente limitar o poder,
interesses intocáveis. procura compossibilitar não deixa de o possibilitar: limita-o,
Compreende-se, pois, preventivamente esses porque lhe levanta obstáculos em
que o direito os defina interesses, mas, se o não nosso benefício, mas possibilita-o,
e que sancione os conseguir, tem critérios para porque define e estabiliza os padrões
comportamentos que a resolução dos eventuais da respetiva atuação, criando
os violem. conflitos. condições para que ele se potencie.
Exemplo: Direito Penal Exemplo: Direito Privado:
Exemplo: Direito Constitucional; Direito
(o direito sancionatório Direito Civil e Direito
Administrativo e Direito Penal.
em geral). Comercial.
Vivemos hoje num Estado Social, que realiza certos objetivos de desenvolvimento e de
bem-estar, sobretudo a favor dos mais carenciados e dependentes. Todavia, o mencionado
objetivo não se deve absolutizar, pois, assim, o direito perde a sua autonomia para apenas
cumprir a estratégia do poder (tornando-se um instrumento do seu programa sócio-político-
económico).
O sentido positivo do direito – a sua função específica – está, pois, neste nosso tempo, na
afirmação que ele faz dos valores da vida, da liberdade, da igualdade e da validade dos
meios para atingir os fins (em suma, da dignidade da pessoa humana) e no empenho com
que os realiza na comunidade (temos de exigir que o direito – como normatividade
ordenadora que é da nossa prática – os assimile e realize).
A função integrante é de sentido negativo, mas há outras duas de sentido positivo: a função
regulativo-constitutiva e a função de validade legitimante e crítica:
Estas duas ideologias acabaram por se sintetizar e dar origem ao Estado demoliberal. E
culminaram politicamente numa exigência comum: de que a vivencia social fosse definida
por leis (pois só estas, atenta a respetiva generalidade e abstração, poderiam recorrer para
realizar a liberdade e a igualdade entendidas como valores formais)
Facto político
A Revolução Francesa foi precisamente o facto político que pretendeu transformar em
realidade este pensamento, instituindo o Estado de legalidade formal.
Positivismo Epistemológico:
O último fator determinante do positivismo jurídico foi o triunfo do Positivismo Cientifico, que
vigoraria todo o século de 800. Como corrente filosófica, foi criada por Augusto Comte com a
pretensão de estender os princípios e métodos das ciências empírico-analíticas a todos os
domínios da reflexão humana. Depois de uma era humana dominada pela religião,
destacamos uma outra direcionada para a metafísica e para as ciências, durante a qual se
verificou a redução de toda a validade cultural ao esquema das disciplinas empírico-analíticas.
Também o Direito quis ascender o estatuto científico e participar do mesmo prestígio das
ciências: o pensamento jurídico tinha o seu núcleo no direito pré-dado, nas normas criadas
pelo legislador, e aos juristas cumpria apenas conhecer essas normas, pelo que que a sua
tradicional tarefa prática se transformou numa (teorética) preocupação de conhecimento
de um objeto.
O positivismo jurídico – coordenadas caracterizadoras
Coordenada político-institucional
O positivismo radicou numa certa compreensão do Estado: a do Estado moderno do
contratualismo individualista, ou Estado representativo demoliberal, que deu origem ao
Estado de Direito de legalidade formal, estruturado por três princípios basilares:
Visava-se que os juízes não recebessem ordens de ninguém aquando da decisão de casos concretos;
contudo, o juiz tem sempre uma necessária participação no processo constitutivo da juridicidade vigente.
A lei era a forma jurídica da vontade geral, que seria geral porque se dirige a todos, e
ainda seria abstrata porque alheia-se do concreto, do específico e do particular para
alcançar o comum e o típico. Por outro lado, era apenas formal, ou seja, apenas
enquadrava a ação, definia os limites da autonomia individual sem indicar os interesses e os
objetivos a alcançar, e ainda tem uma pretensão de estabilidade, ou seja, seria uma
prescrição jurídica ditada pela razão. A lei apresenta duas dimensões imprescindíveis: uma
voluntária e outra racional, ou seja, a lei enquanto comando, prescrição ou estatuição
normativa tem a sua fonte na vontade do povo e no poder soberano que a representa. A lei
é assim uma norma racionalmente universal, geral, abstrata e formal, subtraída à
contingência e mutabilidade do individual, do concreto e do histórico (ou seja, imutável).
Coordenada axiológica
Traduz os valores formais da igualdade perante a lei e da certeza do Direito. Devido à
consideração da lei como a expressão jurídica da razão, acreditava-se que bastaria a
submissão do Direito à forma legal para que se realizassem e cumprissem estes valores; a
racionalidade da lei concretizaria as exigências normativas da juridicidade, com a sua:
Coordenada funcional
Traduz a separação entre o Direito e o pensamento jurídico. Durante a Idade Pré-
Moderna, o Direito ia-se constituindo à medida das necessidades práticas da realidade
social, de tal modo que o pensamento que o refletia mantinha sempre uma
intencionalidade prática e o Direito impunha sempre uma reflexão constitutiva a propósito
dos vários casos. Na sequência do princípio da Separação de Poderes e da compreensão
legalista do Direito, as funções de criação, reflexão e aplicação jurídica são separadas de
forma intencional, institucional, e metodológica: uma coisa é a função de criar as leis, que
cabe aos órgãos políticos; outra é a tarefa de o conhecer na sua autonomia formal; e outra
ainda é a de aplicar o Direito já constituído, que deveria caber ao poder judicial.
Coordenada epistemológica-metodológica:
Do jurista prático apenas se esperava que conhecesse o Direito pré-escrito pelo
legislador, de forma a aplica-lo de modo neutro aos casos; com isto pretendia-se que o
Direito fosse concebido como uma ciência, e a sua metodologia como uma lógica
silogístico-subsuntiva. A ciência do Direito dedicava-se à interpretação das normas cujo
conteúdo não discutiam.
Positivismo Superação
apenas deu importância à autonomia Reconheceu compromissos práticos entre autonomia e responsabilidade
O homem é um ser de interesses e é preciso equilibrar o individualismo com preocupações de caráter social. Contudo,
esta superação fez-se de forma perversa através da criação de grupos, que protegiam interesses individuais, mas inseridos
em corporações.
Revela-se a importância do princípio da autonomia privada (estruturante do direito civil):
Positivismo Superação
é assumido de forma equilibra-se com base nos direitos, deveres e limitações a abusos previstos. Ex: a observância
individualista da boa-fé impõe um compromisso que flui da vontade e da bondade. (arts 227º e 762º/2 CC).
Na esfera do direito contratual:
Positivismo Superação
princípio pacta sunt servanda: princípio da imprevisão: há certas circunstâncias que exigem alterações ou
os contratos deviam ser pontual mesmo a resolução do contrato apenas por uma das partes (se puser em
e estritamente cumpridos causa, nomeadamente, a boa-fé).
Positivismo Superação
se um indivíduo fosse titular de um direito critério do abuso do direito (artigo 334º CC): o titular não pode
e tivesse capacidade requerida para o ultrapassar os limites normativo-jurídicos do direito particular
exercer, poderia fazer dele o que quisesse subjetivo invocado.
As cláusulas gerais, na medida que implicam uma vigilante atenção à intencionalidade problemático-normativa dos
princípios materialmente densificadores de uma certa comunidade, apresentam-se-nos com um conteúdo material só
concretizável em referência ao caso decidido e, portanto, apenas determinável por mediação judicativa (em lugar de
terem um caráter formal, abstrato e pré-determinado).
Verifica-se a utilização cada vez mais frequente e propositada de formulações mais vagas e indeterminadas (sendo que
só é possível recorrer-se a expressões que sejam ambíguas).
Conclui-se a importância do caso concreto no estado de direito material ou de jurisdição, que remete para a doutrina e
a jurisprudência a interpretação).