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ARTE E POLÍTICA
NA AMAZÔNIA
ACREANA*
Resumo: a proposta deste artigo é fazer uma discussão sobre as relações cultura-natureza a
partir da obra do seringueiro, ator e dramaturgo da Amazônia acreana, José Marques de
Souza (Matias), dialogando com a experiência social e as formas estético-políticas a partir
das quais esse intelectual afroamazônico pensava a luta pela floresta e pela cidade no contexto
das transformações ocorridas entre os anos 1970-90.
A decisão de não partir “daquilo que os homens dizem, imaginam, concebem, nem dos homens
como narrados, pensados, imaginados, concebidos” será, portanto, no máximo, um lembrete corre-
tivo de que há outras evidências, e por vezes mais convincentes, daquilo que eles fizeram. Mas será
também, em seus piores aspectos, uma fantasia objetivista: a de que todo o “processo de vida real”
pode ser conhecido independentemente da linguagem (“o que os homens dizem”) e de seus registros
(“o homem como narrado”). (Raymond Williams)
P
rocurando tomar distância da “fantasia objetivista”, em estreita sintonia com
Raymond Williams (1979), refletimos sobre a dinâmica do fazer e do narrar em
específicas experiências de vida de sujeitos sociais – no sentido histórico e políti-
* Recebido em: 28.02.2014. Aprovado em: 27.03.2014. Parte deste artigo serviu como texto de referência
para a ponência Elias Rosendo e Matias: oralidade escrita e performance em dois artistas diaspóricos na
Amazônia acreana, apresentada no Congreso Internacional sobre Literaturas Afroandinas - homenaje a
Leoncio Bueno, realizado no período de 26 a 28 de junho de 2013, na cidade de Lima, Peru
** Doutor em História Social pela PUC-SP. Professor associado, Centro de Educação, Letras e Artes da
Universidade Federal do Acre. Líder do Grupo de Pesquisa História e Cultura, Linguagem, Identidade e
Memória. E-mail: gerson.ufac@gmail.com.
*** Mestre em Letras: Linguagem e Identidade pela UFAC. Professora assistente, Centro de Educação, Letras
e Artes da Universidade Federal do Acre. Integrante do Grupo de Pesquisa História e Cultura, Linguagem,
Identidade e Memória. E-mail: ishii.raquel@gmail.com
a floresta e seus seres não são tomados como objetos, mas como sujeitos integrantes de sua vida coti-
diana, como parceiros com quem compartilham o viver, o trabalhar, o pensar, as crenças e os valores
que fazem parte do ser e estar na mata [...]. Mais do que domesticarem plantas, árvores e animais,
no sentido de produzirem resinas, essências, óleos, substâncias medicinais e alimentos – que hoje
configuram a biodiversidade da região –, integraram-se ao meio ambiente, produziram formas de in-
serção homem/natureza a partir de uma cultura que retira da natureza seu próprio ser, relacionando
seus corpos e imaginários a tradições, costumes, valores e sensibilidades oriundos das lutas e ajustes
para sobrevivência na mata (ANTONACCI, 1999, p. 195-8).
Eu tinha uma besta velha e o meu marido um cavalo. Nós pulava em cima e se mandava de coloca-
ção1 em colocação convidando o povo. Aí quando eu cheguei de Brasiléia na minha casa, dez hora
da noite, ainda vinha seringueiro a cavalo pra saber se era verdade que ia fundar esse sindicato. Aí eu
disse assim: “se existe homem de palavra, né, eu conversei com eles. E realmente foi fundado mesmo
e a coisa foi pra frente. Aí ele, o Dr. Pedro e o Dr. João Maia foram na minha casa, marcaram uma
reunião, eu convoquei o povo. Tinha umas duzentas pessoas. Aí eles marcaram no mês de novembro
de 75. Aí marcaram que ia fundar o sindicato. Aí nós começamos a reunir o povo, convocando
fazendo reunião e falando que o sindicato ia ser fundado no dia 21 de dezembro. Aí eram acho que
uns seis caminhões carregando seringueiros pra Brasiléia. O povo fechou o comércio, pensava que
era greve de fome. Aí não tinha um lugar pra fundar o sindicato. E era muita gente. Foi fundado
dentro da igreja. Não tinha hospedaria pra todo mundo também. Passaram a noite nas festa. Teve
seringueiro que apanhou. No outro dia tinha 15 preso. Aí eu pedi ao Dr. Pedro pra soltar. Aí ele
disse pra mim que aguardasse que ele ia soltar. Aí quando foi perto de 11 horas liberou os seringueiro
e nós fomos pra igreja, pra fundar o sindicato. Aí isso, antes disso nós fomos ver quem era quem
pra formar a diretoria do sindicato. Aí foi onde nós coloquemos Elias Rosendo, Chico Mendes, é o
Wilson Pinheiro que ficou como um membro do conselho fiscal. Como eu morava na estrada, não
podia ficar como secretaria do sindicato, o Chico Mendes morava em Brasiléia ficou no meu lugar
como secretário e eu fiquei como delegada sindical lá dentro (CRUZ, 2000, p. 3).
Desde a cidade de Rio Branco, onde passou a residir, Valdiza presentifica, vinte e
cinco anos depois, as primeiras manifestações políticas das “criaturas da floresta”, movimen-
tando significante e significado (HALL, 2003) de forma ímpar nas margens sempre barrentas
do alto Acre. Sua memória é fecunda, relampejando no presente não apenas uma narrativa
comprometida com a causa que resolvera abraçar contra a “ordem”, o “progresso”, os patrões,
as políticas oficiais de “desenvolvimento” e “modernização” da Amazônia, mas, com a mesma
intensidade, contra o silêncio e a invisibilidade das mulheres nos embates pela vida e pelo
direito de permanecer na floresta em um momento em que ainda não havia se levantado as
vozes daqueles que seriam transformados em ícones e mártires das lutas dos trabalhadores
rurais amazônicos. Nesse aspecto, a rememoração de Valdiza Alencar entra em significativo
conflito e desmonta percepções reificadoras de dirigentes e líderes dos trabalhadores rurais
acreanos, os homens das assembleias e das “imposições” e “brigas domésticas”. Esse é um
capítulo à parte e merece estudo específico.
Sobre a criação do STR de Brasiléia, Elias Rosendo escreveu e publicou interessan-
tes representações poéticas, destacando os processos de lutas e enfrentamentos aos grandes
grupos de empresas que, na dinâmica da derrubada da floresta para a constituição de pasta-
gens e grandes fazendas para a pecuária bovina, intentavam todo um desmonte aos modos
de vida dos seringueiros nas fronteiras amazônicas do alto Acre. Seus versos são peculiares e
marcados pela forte presença da tradição oral predominante em populações amazônicas que
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desenvolveram profundas maneiras de produzir e transmitir conhecimentos e saberes por
intermédio do gesto, do riso, da fala cantada, dos fazeres, da representação sobre experiências
vividas, pensadas, ouvidas ou imaginadas.
Com seus cordéis no interior de uma sacola, o poeta, sindicalista e trabalhador rural
Elias Rosendo, percorrendo repartições públicas, mercados, praças, comunidades eclesiais de
base e reuniões de trabalhadores, daria publicidade à sua distinta forma poética, colocando-se
na contramão daqueles que insistiam e insistem em não reconhecer o valor literário e políti-
co de suas publicações. Em “Vida e morte do sindicalista Wilson de Souza Pinheiro”, Elias
Rosendo tece narrativas sobre os percursos e percalços não apenas da trajetória da primeira
liderança de seringueiros a ser assassinada, mas das transformações “modernizadoras” que
atingiram a Amazônia acreana naquele período:
O governador da época
FRANCISCO VANDERLEI DANTAS
Que deu guarita os sulista
Comprar as terras de tantas
Não olhou quantas famílias
Ficava sem suas plantas
Reclamação da Bolívia
Outra nacionalidade
Já cinco mil Brasileiros
Ficou sem propriedade
Travessando para Pando
Capital do outro lado
[...]
Na pena do poeta, que canta as dores, perdas e partidas de uma multidão de anôni-
mos, a promessa de “modernidade” e “progresso”, que acompanhava a “expansão para a nova
fronteira agrícola” – esse era o tom das peças propagandísticas de governantes militares e civis
–, adquire novos significados. Por meio desses significados os modelos desenvolvimentistas,
ancorados em subsídios estatais, passam a ser identificados com a presença de “sulistas” e ou-
tros sujeitos que se apresentavam como “donos” das terras, proporcionando deslocamentos,
expropriações, assassinatos, mas também resistências.
Nos versos do autor pulsa um cenário de luta pela floresta e pelas culturas da flo-
resta em contraposição às pastagens e culturas de outras regiões ou, em outras palavras, uma
disputa do “arcaico” e “tradicional” contra o “novo” e “moderno”. No âmbito desse embate,
as relações cultura-natureza foram submetidas a uma luta que se deslocava entre a violência
física, o terror psicológico, o desmonte ambiental e a instauração de outra ordem discursiva.
Embora de forma tímida, o poeta afroamazônico foi um dos primeiros a perceber e a se dar
conta desse embate em torno do “signo ideológico” (BAKHTIN, 2006) também no campo
das representações escritas.
No sucumbir da floresta – e seus seres – ante o ronco da motosserra e a devassa
ambiental, eco mais gritante das políticas de governo para a região, Elias Rosendo propicia ao
leitor não apenas uma retomada da premissa de que o “progresso” e o “desenvolvimento re-
gional” continuavam – e continuam – sendo algo “viável” ou “inevitável” como resultado da
exploração do “inesgotável” mundo da natureza, mas, fundamentalmente, que o “moderno
progresso e desenvolvimento” da região viriam acompanhados de arcaicas e violentas formas
de expropriação de milhares de trabalhadores da floresta, concomitantemente com a intro-
dução de novas tecnologias e seus vocabulários, conceitos e interposições jurídico-políticos.
Nos anos 60 e nas décadas seguintes, o mito civilizatório atualizaria sua chegada
aos “sertões” amazônicos, devassando seringais, colônias e culturas incrustadas na simbiose
homem-natureza. Um dos paradoxos mais gritantes de tal “progresso” e “desenvolvimento”,
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para além da desertificação da floresta e eliminação física das lideranças de trabalhadores ru-
rais, como representaria o poeta, era o fato de que os mesmos não se destinavam aos diferentes
grupos humanos e populações locais, que foram sumariamente tratados como obstáculos e
condenados à remoção (MARTINS, 1993) nos pouco divulgados processos de “limpeza” das
áreas de terras vendidas aos “investidores” externos.
Os trabalhadores “removidos”, “deslocados” ou “saídos”, por diversas razões, do
interior da floresta foram passando pelas pequenas cidades do interior do Acre, nas regiões do
Juruá e Purus até chegar a Rio Branco, onde se envolveriam em uma luta épica pelo direito a
“um lugar ao sol”. Em entrevista realizada no ano de 1999, Marina Silva, nascida e criada em
um seringal amazônico, então senadora da república pelo Partido dos Trabalhadores (PT) do
Acre, colocaria em evidência uma interessante visão acerca das mudanças de referenciais entre
famílias de seringueiros na cidade:
primeiro o seringueiro tinha um espaço conhecido, delimitado, um universo cultural, social. Ele se
situava, geograficamente, dentro de um seringal com várias colocações, ele se situava dentro de sua
colocação. Então, a sua referência de mundo eram o espaço em que ele vivia e o seu sistema de vizi-
nhança, os seus vizinhos que estavam no entorno [...]. Por exemplo, a gente tinha todo um sistema que
não pode se dizer nem que era de troca, mas era um sistema de solidariedade mesmo: se você matava
uma caça grande, você tinha aquilo que a gente chamava de “vizinhar”, então você tinha que vizinhar
entre os dois seringueiros mais próximos da sua casa, que era geralmente levar um pedaço da caça,
geralmente, um quarto ou alguma coisa assim para o seringueiro próximo [...]. Até hoje você encontra,
ainda, essa cultura de solidariedade, pelo menos nos mais velhos, porque na juventude, digamos assim,
de certa forma houve um corte desses vínculos, mas nas pessoas mais ou menos de sessenta, cinquenta,
quarenta anos, elas têm esse viés de solidariedade e você encontra também esse sistema de vizinhança
muito na periferia de Rio Branco (...). Por outro lado, é claro que as pessoas passaram a ter também
uma falta de referência no mundo. Lá ele era um seringueiro, assim como os colonos se sentem agri-
cultores. Aqui eles, no mínimo, conseguem ser chamados de desempregados. O lugar onde ele mora
já não é mais a sua colocação, é um bairro periférico, um bairro de invasão, quer dizer, é um outro
universo de referência que passa a povoar a cabeça dessas pessoas e até o seu comportamento. Com
a juventude isso já é mais drástico, porque ela não tem esse valor remanescente da cultura antiga dos
seringais e ela se constitui em um, digamos, espaço de exclusão, de muita violência, de dupla violência:
a violência que ocorre mesmo nos bairros de periferia, mais uma violência de expropriação de qualquer
possibilidade de construção de sua identidade como cidadão mesmo; com muita dificuldade de acesso
à escola, sem atendimento de saúde, sem perspectiva de trabalho. Uma vida de pouca expectativa, de
muito pouca expectativa (ALBUQUERQUE, 1999, p. 191-2).
Quando eu cheguei lá [no Bairro Baía] foi o tempo que estourou as invasões, estourou as invasões
e o pessoal chegaram muito. E eu me identificava muito com os seringueiros, que eu gostava dessa
raça, dessa turma, e eles... a gente a gente se identificava muito. E, devido aqueles bairros terem
muita terra e não tinha muita gente, o pessoal que ia chegando, procuravam lugar, e aí o pessoal
vinha comigo, me pedir terra. Com as cinco casinhas eu fundei a Comunidade de Base e fui morar
lá também. Dali foi chegando as pessoas. Todo mundo que ia chegando ia se congregando à Co-
munidade de Base. Eles chegavam. Tavam vindo do seringal. Muitos deles tavam sendo expulsos
porque os fazendeiros compravam as terras... muitas vezes eles não expulsavam os caras não. Mas
eles diziam assim: “Olhe, eu compro tua moradia e tu vai pra cidade. Lá, tu compra uma casa”. Dava
algum dinheirinho pro seringueiro. Quando ele chegava aqui, o dinheiro não dava nada. Aí, eles
vinham e falavam comigo um pedaço de terra. Eu dizia: “Companheiro, eu não tenho terra. Essa
terra é devoluta, sei lá... eu to aqui”. Aí, o pessoal foi marcando, foram fazendo casa, foram fazendo
casa (...). Aí, a Baía já estava muito grande e tava começando um bairro, aqui igual com a Fundação
Cultural. Houve uma grande invasão ali em cima. Em cima onde é o Castelo Branco. Ali, era uma
mata. Aí, houve uma invasão muito grande. Foi polícia, foi uma assim, uma invasão louca. A polícia
chegou, foi uma luta danada. Nós lutamos muito, mas aí ninguém ganhou aquela terra. Tivemos
de sair, aí invadimos ali no Palheiral. O pessoal foram para o Palheiral, ali embaixo. E aí eu formei
a Comunidade de Base também no Palheiral. Foi uma Comunidade forte a do Palheiral. Dali do
Palheiral ficou aquele terrenão que hoje é João Eduardo, isso já quase em 1980, já faz muito tempo
[...]. Ora, tinha muita gente sem casa. Vamos dizer pro pessoal aí que essa área merece ser invadida
[...]. Nós tinha aquele argumento muito grande que aquela área tava devoluta e tava acontecendo
aquilo. Foi indo, foi indo, aí o pessoal, entre eles, fizeram uma comissão e elegeram o João Eduardo
e o Zé Granjeiro e outros para serem os coordenadores da invasão. Aí continuaram. O João Eduardo
era o “engenheiro” eleito, que abria as ruas, organizava as casas, os terrenos e tudo aquilo. Aí, o pau
torou... na Baía a invasão foi completamente absoluta, não tinha o “engenheiro” não, mas nós vimos
que não podia ser daquele jeito. Nós vimos que não podia ser daquele jeito porque ficou um bairro
muito desorganizado. Dali que começou um surto de invasão mesmo (SOUZA, 1997, p. 86-9).
A narrativa de Matias é não apenas cativante, mas viva e inquietante porque nos
insere na tensa cartografia das ocupações de terra, que ele, incorporando os estereótipos da
imprensa e dos gestores do estado e do município, define como “invasões”. Nas linhas de seu
depoimento não temos ilusão de encontrar a “realidade em si” do ocorrido, mas dialogar com
imaginário e formas de percepção que norteavam ações e laços a unir diferentes grupos de
mulheres, crianças e homens que vivenciaram na pele todo aquele processo. Suas palavras são
simples, mas impregnadas de uma extraordinária força e capacidade de significação das coisas,
das pessoas e dos embates de seu tempo. Essa força narrativa recoloca em nosso horizonte de
reflexão um conjunto de questões cruciais para compreendermos o que aconteceu com aque-
les que “foram saídos” da floresta e tiveram que se impor para conquistar um lugar – mesmo
que “periférico” – no panorama da capital acreana.
A tradução da realidade e seu conhecimento somente se viabilizam por intermédio
da linguagem e da “conceitualização”, afirma Stuart Hall (2003), e é isso o que Matias faz: evi-
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dencia as marcas e laços de identificação com os demais trabalhadores da floresta em busca de se
“colocar” em terras de uma cidade nascida, ela própria, do “útero” de um dos maiores seringais
da região. Traduzindo a realidade vivida, Matias e os demais homens e mulheres, seus compa-
nheiros, justificam as “invasões”, explicitam formas e mecanismos de organização e mobilização
de uma multidão de anônimos expropriados, conferindo legitimidade aos seus feitos, às suas
lutas no desigual terreno dos embates físicos (o corpo e a mente compondo um todo indiviso)
contra a ordem jurídico-política e, fundamentalmente, na formulação de narrativas ou no ter-
reno do discurso, que reelaboravam e arremessavam contra aqueles que tinham o controle dos
meios de comunicação e os adjetivavam de “atrasados”, “primitivos”, “baderneiros”, “invasores”,
“desorganizados”, “oportunistas”, “violentos”, “perigosos”, dentre outros.
A “mão do estado” era ostensivamente “visível” e violenta em sua tentativa de “contro-
lar” e fazer desaparecer aquela “horda” de “seringueiros”, termos que usados de forma pejorativa
e estereotipada justificavam toda sorte de agressões e humilhações contra as famílias de traba-
lhadores expropriados da floresta. Essa estereotipia foi rapidamente compreendida por Matias
e aqueles que se movimentavam em direção às “terras sem donos”, reservadas à especulação
imobiliária em uma cidade cujo custo de vida passaria a ser um dos mais extorsivos do país.
O “mundo real” não estava fora do discurso e nem da significação (HALL, 2003)
e aqueles “ingênuos” “seres da floresta” compreenderam isso: quando foram desqualificados
como invasores, construíram novos sentidos às “invasões”; no momento em que o estado e
sua cordata imprensa afirmaram que tudo era desorganizado e não tinha como implementar
qualquer tipo de benfeitoria nas “áreas invadidas”, responderam elegendo o “engenheiro da
invasão” para demarcar os lotes, as ruas, os locais onde seriam construídas as futuras escolas,
postos de saúde, mercados e áreas de lazer, decodificando, desafiadoramente, a retórica oficial
e devolvendo-a na forma de um contra-discurso; quando o poder público comprovou sua
ineficácia e seu comprometimento com os poderosos, recorreram ao líder comunitário (que
os agentes do Estado, no afã de desqualificar, começaram a rotular de “prefeito do Baía”) com
quem pactuaram legitimidade e poder, como antídoto à violência (ARENDT, 1991) estatal.
As trajetórias de Matias e dos “invasores” de terras compunham-se não apenas
como percursos de seringueiros em busca de uma terra para morar, na capital do Acre (RO-
CHA, 2006), mas, fundamentalmente, a cidade se movimentando, se constituindo “organi-
camente” no processo mesmo em que mulheres e homens da floresta brocavam seus bosques
e levantavam “suas casinhas, enfiando toco, casa de palha...” (SOUZA, 1997, p. 88) para
assegurar seus meios de reprodução em um Rio Branco que “refundavam” cotidianamente,
fazendo emergir bairros como Baía, Palheiral, João Eduardo, Terminal da Pista, dentre outros
que consignavam a marcante, “incômoda” e “desordenadora” presença da floresta em meio à
burocracia reguladora dos códigos e planos “urbanos”.
Matias tece os caminhos de seu “encontro com a razão” e formação de sua consci-
ência no momento em que passaria a enfrentar “outro mundo, outro lugar”, onde o “que vale
é outra coisa, não é a pessoa, é um documento”, “um papel” (SOUZA, 1997, p. 66). Essa
compreensão recoloca o debate acerca de limites e riscos presentes na pretensa substituição de
um “arcaico” e “incivilizado” mundo de harmonia entre homem e natureza por um “moder-
no” mundo de “civilização” e subordinação absoluta dessa mesma natureza. Em sua narrativa,
esse elemento está no cerne de tudo e representa, ao mesmo tempo, um retorno a questões
não resolvidas em um “processo de transformação”, um “trabalho da palavra, da memória, da
consciência” (PORTELLI, 1996, p. 64-5).
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O seringueiro Matias passou a ser chamado de “Prefeito do Baía”, no mesmo dia-
pasão em que outro seringueiro, João Eduardo, passou a ser o “Engenheiro da invasão”,
evidenciando a força e legitimidade desses “construtores” da cidade, que, no caso de Matias,
também seria articulada em torno de sua produção artística:
Nesse tempo me abriu uma idéia pra trabalhar em teatro, porque o rádio não anunciava o que a
gente queria dizer. Aí, eu então achei que poderia trabalhar em Teatro. Criamos uma peça “O EGO-
ÍSMO QUE ESCRAVIZA E DESTRÓI”. A gente se baseou num cântico “VAI MEU POVO”,
cântico evangélico, e nós nos baseamos nisso. Fizemos o prefeito como egoísta e a comunidade
como sofredora. E ele foi destruído pelo seu próprio egoísmo. Ele era o prefeito e findou sendo um
varredor de rua. Então nós fizemos uma peça sobre isso e levamos pras comunidades mostrando a
luta que nós tinha sofrido. Essa peça foi muito bem aceita e dali eu achei que... criei uma idéia que
o teatro... eu nunca tinha ouvido falar, não sabia nada de teatro. Daí fui começando, com alguns
companheiros, eu via o Grupo Gruta, via o Grupo Raízes, via outros Grupos já trabalhando também
(SOUZA, 1997, p. 95-6).
A luta pela cidade levou Matias às CEB’s e, a partir de sua sensibilidade, no âmbito
dessa rica experiência se encontraria com o teatro, criando o Grupo “Baía” e, algum tempo de-
pois, o Grupo “De Olho na Coisa”. Nos interstícios entre o “mundo da selva” e o “mundo da
cultura” esse seringueiro e artista popular articulou uma estética que desafiava a “ordem urbana”
e seus olhares desconfiados para as “criaturas da floresta”, vistas como “ameaçadoras” e “sem
cultura”. Seus temas eram extraídos do cotidiano das ocupações de terras e das experiências
de seringueiros na cidade. Não por acaso, os personagens e enredos do seringueiro/artista
eram imediatamente aceitos e compreendidos por aqueles que o ouviam e assistiam, posto
que encenavam seus conflitos pela existência física e psicológica em meio a um cotidiano de
incertezas, ameaças e enfrentamentos aos “homens de poder”, com suas ordens de despejo,
oficiais de justiça e policiais armados.
Em nossa perspectiva, é sempre oportuno ressaltar o papel crucial desempenhado
pelas CEBs e a ação de padres, freiras e leigos vinculados à teologia da libertação, imbuídos
de uma ação pastoral movida por uma clara opção política de orientar e apoiar a luta pela ma-
nutenção dos seringueiros em suas colocações, por um lado, ou ocupar as “terras devolutas”
nas “periferias” e franjas de Rio Branco, por outro lado. No teatro de Matias o evangelho foi
atualizado pela necessidade do “povo de Deus” re-significar a palavra sagrada, incorporando
os fundamentos da teologia da libertação e anunciando a justiça social para mulheres e ho-
mens em específicas lutas pela existência, na secularidade de um mundo amazônico que vivia
dramáticas e inexoráveis transformações.
Também chama a nossa atenção que a fala de Matias permite apreendermos o
quanto o discurso da “modernização” e do “desenvolvimento” amazônico, mediatizados pelas
estratégias de intervenção estatal-privada, fizeram com que as relações cultura-natureza viven-
ciassem novas tensões nas áreas de floresta, bem como nos subúrbios de cidades acreanas e,
em especial, Rio Branco, que foi re-ordenada e re-fundada de diversas maneiras, no contexto
dos anos 1970-90.
Suas leituras desse processo foram assentadas a partir do trabalho como evangeliza-
dor da igreja católica, nos processos de lutas pela terra, pela moradia e por condições dignas
de vida na cidade, mas, principalmente, pela produção de um teatro que se espelhava em uma
estética e em uma ética que dispensavam falas e grandes anúncios: eram para ser vistas e vivi-
das (MÈLICH, 2001). Nessa direção, vale a pena destacarmos outro trecho da fala de Matias,
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para situarmos a discussão em torno da compreensão que este tinha acerca de suas práticas e
intervenções na condição de um artista popular que, desde a Amazônia acreana, representava
questões e problemáticas de caráter universais por tratar da defesa da condição humana e sua
relação direta com a defesa da natureza.
Fazer teatro foi mais uma necessidade de dizer aquilo que a gente precisava, soltar aquilo que a
gente tinha necessidade. Que ninguém tinha meio de comunicação e a gente fazia teatro só para
denunciar, pra mostrar a situação que a gente vivia, da sociedade. Primeiramente enfrentamos o
governo, porque o pessoal tiravam que a terra não era minha, também não eram deles, como não
é de ninguém, que eu considero desse jeito (...). Eu não tenho nenhum trabalho que não fale de
ecologia, dos seringueiros... da vida, da floresta. Eu procuro mais problemas sociais. Politicamente
é conscientização que eu quero fazer (SOUZA, 1997, p. 102-3).
A arte cênica como uma intervenção, uma estratégia de transformação social, ar-
ticulando dinâmicas formas de ação num contexto marcado por toda sorte de pressão sobre
milhares de hectares de terras, devassando a floresta e todos os seres que a habitavam pela
força das técnicas e pela ordem do capital que, indiferentes às culturas e a todos que aí viviam,
se impunham a “ferro e fogo”. Um teatro de denúncia e de politização, sobretudo, de caráter
pedagógico, posto que chamava a atenção dos habitantes da cidade para a necessidade de
retomar a harmonia/desarmonia da simbiose homem-natureza.
Em nossa convicção, não apenas como ausência/indiferença ou carência de “meios
de comunicação”, mas como uma específica forma de “desordenamento” em defesa do espaço
público, Matias escolhera a rua enquanto espaço privilegiado para suas intervenções teatrais
ou por compreender que a “rua como lugar das lutas políticas e da festa está associada neces-
sariamente ao potencial de renovação, bem como se constitui como espaço de encontro e de
conflito” (CARREIRA, 2008, p. 77).
Frente a essas considerações, causa-nos estranheza algumas análises, pontos de vista
ou estudos que versam sobre a produção artística de Matias, partindo de visões essencializadas
acerca da arte, de um modo em geral, e do teatro, em particular. Em “A cidade encena a flo-
resta”, Maria do Socorro Marques atribui ao que considera “uma das fontes do amadorismo”
de Matias e de seus atores o fato de que o mesmo retirava suas personagens “da vida real ou
até eram representadas por pessoas que viviam, na realidade, as situações apresentadas”. Para
a autora, que, em seu auxílio, invoca uma anacrônica leitura de Walter Benjamin, o “amado-
rismo” de Matias “caracteriza-se como instrumento ligado ao senso pré-estético do contador
de estórias – do qual Matias é um forte representante – e nutre-se da ingenuidade inerente ao
processo narrativo...” (MARQUES, 2005, p. 100).
Para além da experiência do “teatro de igreja”, do Grupo “Baía”, a autora desenvol-
ve sua análise a partir do texto que “instaurou” o Grupo “De Olho na Coisa”, cujo título é
“Sentindo na pele”, datado do início da década de 1980. Segundo Marques, esse texto “apre-
senta claramente a tese proclamada no conjunto da produção teatral de Matias: as mazelas
sociais da passagem do homem seringueiro à cidade, como desemprego, drogas, prostituição”
(MARQUES, 2005, p. 102). Imersa em seu “infalível” arsenal teórico, Marques adianta que:
Sentindo na pele apresenta a imbricação de formas, das quais uma se origina, e prevalece na peça, das
próprias condições de produção em que o autor concebeu o texto: as ocorrências estruturais nascidas
do universo oral; a outra, uma espécie de garatuja dramática que o autor intui como sendo texto de
teatro (MARQUES, 2005, p. 103).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
“Progresso” implica tutela de uns poucos sobre milhares de outros, sugere Mauro
Leonel, para quem a possibilidade de se compreender a dinâmica
A assertiva desse autor nos convida a uma reflexão sobre os processos de expansão
da lógica do “progresso” para a Amazônia acreana desde meados da década de 1960 até os
anos 90, quando foram reordenados e retomados com base no paradoxo do “desenvolvimen-
to” com “sustentabilidade”. Se, em décadas anteriores, o desmatamento era justificado pela
necessidade de implantação de grandes, “modernas” e “rentáveis” fazendas de gado, desde fins
dos anos 90, a palavra de ordem passou a ser a manutenção dos pecuaristas/latifundiários/
empreendedores do agronegócio – com suas exhibitions anuais – e a promoção da retórica do
“uso racional da floresta” e do “manejo madeireiro” como a “ponta de lança” do velho mode-
lo predatório, sob o invólucro da valorização desse amálgama codificado como “sociedades
tradicionais”.
Nos tempos atuais, estado, tutela, progresso e servidão ganharam novos signifi-
cados, ocultando violentas formas de mercantilização da natureza e tentativas de pasteuri-
zação de diferentes culturas amazônicas pela imposição da razão e do pensamento único,
em torno fantasias do tipo “florestania” e do “melhor lugar para se viver”. Essas fórmulas
estético-discursivas foram adotadas pelas agências de publicidade e órgãos do governo acrea-
no, nos últimos quinze anos, para incorporar e esvaziar de significados as causas abraçadas por
Matias e centenas de mulheres e homens que, nos anos 1970-90, impuseram-se como sujeitos
da história e colocaram-se no “meio do caminho”, “empatando” as “rodas do progresso” com
seus corpos, falas e culturas materiais que desafiavam e continuam a desafiar o senso comum
e os espíritos acomodados e servis aos modelos globais de destruição de naturezas e culturas
em seus múltiplos fazeres e expressões.
FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 24, n. 2, p. 195-210, abr./jun. 2014. 207
Matias ocupou as ruas da cidade com seus cortejos de mulheres, crianças, homens e
“seres da mata”, pontuando que o mundo amazônico é um universo de intensas e inesperadas
ligações natureza-cultura, ou seja, os “seres das matas” e das ruas transmutam-se nos processos
de viver e de fazer suas diferentes formas de territorialidades e intercâmbios. Ao propor uma
discussão sobre cultura-natureza, a partir dos fazeres artísticos e políticos desse intelectual
e seringueiro afroamazônico, devemos ressaltar que, frente a todas as formas totalitárias de
promoção do “desenvolvimento” e do “progresso” amazônico, devastando rios, cidades e flo-
restas, o que consideramos mais suculento nas formas artísticas de Matias, em trânsitos entre
florestas, rios e “cidades-florestas” acreanas, é, parafraseando as belas e instigantes palavras de
Eugênia Vilela, o fato do mesmo ter conferido um sentido estético não apenas à afirmação do
“ser humano” como uma “expressão ontológica”, mas do “ser-se humano” como uma “expres-
são ética” (VILELA, 2001, p. 235).
No âmago do posicionamento político de Matias, residia sua perspectiva de pro-
dução artística, embora, ao enfrentar as ameaças que se manifestam sempre que determinada
cultura humana está empenhada em “domesticar a natureza” e “submetê-la aos seus desígnios”
(THOMAS, 1988), tenha descoberto que seus conhecimentos, na forma como ele próprio
e seus companheiros de intervenções artístico-políticas na “cidade-floresta” apresentavam,
nada valiam para a lógica do mercado. Com efeito, tratou de fazer ecoar – pelos meios de que
dispunha – o nomadismo de sua prosa (ZUMTHOR, 2005), dramaturgia, teatro e poesia.
Nesse processo, incorporou a palavra escrita a toda uma tradição de oralidade, reproduzindo
discursos, mas também os negando, rejeitando e reelaborando a partir de sua realidade, nas
formas de sua prática social, desafiando noções e hierarquias entre cidade e floresta, produ-
zindo outros verbos ou conjugando-os de outras maneiras, na contraordem dos discursos
governamentais. Nesse sentido, a partir de uma abordagem que leva em consideração as pro-
posições traçadas por Michel de Certeau em “A invenção do cotidiano”, temos possibilidades
de acompanhar as formas de inserção desse homem – e de tantos outros sujeitos sociais – na
“cidade-floresta”, produzindo “verdades” nas suas formas de ler e interpretar as injunções
natureza-cultura, cultura-natureza.
Abstract: the purpose of this paper is to discuss the culture-nature relationships considering the
work of the rubber tapper, actor and playwright from the State of Acre, in Brazilian Amazon,
José Marques de Souza (Matias), dialoguing with the aesthetic-political forms from which this
afro-amazonian intellectual thought the struggle for the forest and city in the context of changes
occurred between the years 1970-90.
Nota
1 Na geografia do seringal amazônico, colocação é onde fica a moradia e unidade produtiva do seringueiro.
Aqueles que chegavam ao barracão ou sede do seringal, que ficava na margem do rio, eram colocados
no interior ou “centro” do seringal. Geralmente a colocação era caracterizada por duas (parelha) ou mais
estradas de seringa. Cada uma dessas estradas contavam com algumas dezenas de árvores (seringueiras) que,
no verão amazônico, eram cortadas, diariamente, para a retirada do leite que seria coagulado ou defumado
para fabrico do látex ou pelas de borracha.
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