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Fundamentos melhores
e preço mais baixo?
Em fevereiro deste ano, eu disponibilizei gratuitamente um relatório
sobre o Magalu, no qual demonstrei porque acredito que a empresa é a
melhor varejista do Brasil, apresentando seus diferenciais, o histórico de
realizações dos últimos anos e um conjunto de passos que a empresa
pode dar no futuro.

Apesar de que o Magalu é uma das empresas com o maior potencial de


crescimento do Brasil, naquela ocasião, o seu valor de mercado e seus
múltiplos implicavam um crescimento esperado implícito que era elevado
demais para que o potencial de valorização das ações justificasse as
incertezas e os riscos.

MGLU3 (branco) e IBOV (azul). Fonte: Bloomberg.

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Por ironia do destino, as ações só caíram
desde então. Em 2021, as ações do
Magalu acumulam uma queda de mais
de -70%, a maior dentre as empresas que
compõem o índice Ibovespa. No “pódio”
dos piores desempenhos no ano, Magalu
está acompanhado por Via (VIIA3) e
Americanas (AMER3), que estão caindo
-69 e -64%.

Entretanto, o Magalu tem um planejamento estratégico muito claro e


neste ano realizou diversas aquisições, ressaltando que segue investindo
fortemente na criação de um ecossistema completo para o varejo brasileiro.
Foram adquiridas:

- Vip Commerce: plataforma de e-commerce “white-label” criada para


atender o varejo alimentar, permitindo que supermercados e atacarejos
vendam online. Reforço para a categoria Mercado no Magalu.

- Steal the Look: uma das maiores plataformas de criação de conteúdo


digital de moda, beleza e decoração do Brasil. Amplia o engajamento
e a relevância das categorias no Magalu e também servirá como um
novo canal para comercialização de anúncios no Magalu Ads.

- ToNoLucro/GrandChef: plataforma de delivery de comida e itens


de supermercado relevante no Tocantins, Goiás e Pará/plataforma
tecnológica para gestão de pequenos e médios restaurantes. Reforços
para o segmento de food delivery.

- SmartHint: sistema de busca inteligente e de recomendação de


compra para e-commerce, auxilia o cliente a encontrar o que precisa,
aumentando a conversão das vendas online. Reforço para o pilar Magalu
as a Service (MaaS), no qual a empresa vende serviços e inteligência
para os sellers de sua plataforma.

- Jovem Nerd: maior plataforma multimídia voltada para o público


nerd e geek no país. Integração do conteúdo produzido no SuperApp,
aumentando seu alcance e tempo de uso, mais um novo canal para o
Magalu Ads.

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- Bit55: plataforma de tecnologia para emissão e processamento
de cartões de crédito e débito na nuvem. Complementa os serviços
oferecidos pela Hub Fintech, o braço de serviços financeiros do Magalu.

- PlusDelivery: plataforma que é uma das líderes em delivery de comida


no Espírito Santo. Ampliação do alcance na categoria de food delivery,
que eleva a frequência de compra no SuperApp.

- Juni: plataforma especializada na otimização da taxa de conversão


de vendas para o e-commerce por meio do mapeamento e análise do
comportamento do cliente. Aprimoramento da capacidade de análise
de dados do Magalu, para aperfeiçoar a experiência do cliente e o
crescimento das vendas.

- Kabum: maior plataforma de e-commerce de tecnologia e games do


Brasil. Entrada em novas categorias, com um sortimento complementar
ao do Magalu. Nos 12 meses anteriores à transação, o Kabum teve mais
de R$ 3,4 bilhões em receita. O Magalu pagou cerca de R$ 3,5 bilhões
(R$ 1 bilhão em dinheiro e o resto em ações) pelo Kabum, sendo essa
a maior aquisição de sua história.

- Sode: plataforma de logística de entregas ultrarrápidas por meio


de parceiros, donos de suas próprias motos. A partir da aquisição, o
Magalu passou a contar com entregas de motos, reduzindo prazos de
entregas nas vendas próprias (1P), de seus sellers (3P) e também para
os restaurantes parceiros da categoria de food delivery.

Ecossistema Magalu. Fonte: Magalu.

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Além de ter realizado 11 aquisições somente neste ano, o Magalu também
iniciou os investimentos para abrir 50 lojas no estado do Rio de Janeiro,
onde já possuía um centro de distribuição (CD), mas ainda não tinha lojas
físicas.

Com a entrada no estado, a companhia levará o programa Parceiro Magalu


para uma das regiões mais importantes do país. O programa tem papel
fundamental na missão do Magalu de digitalizar o varejo brasileiro; por
meio dele, são vendidos serviços de gestão, publicidade, financeiros e
logísticos aos sellers da plataforma, isto é, o Magalu as a Service (MaaS).

Parceiro Magalu. Fonte: Magazine Luiza.

Ainda, para reforçar sua capacidade de crescimento orgânico e diferenciar


ainda mais a empresa da sua concorrência, o Magalu também divulgou
um guidance (projeção) de abertura de unidades logísticas e de lojas até
o ano de 2023.

Guidance operacional. Fonte: Magazine Luiza.

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A companhia pretende quase dobrar sua
área total de estocagem de produtos em 2
anos por meio da abertura de novas lojas
(~30% da área é utilizada como estoque),
novos CDs e cross-dockings (unidades
logísticas em que produtos entregues
pelos fornecedores são imediatamente
remetidos aos clientes, sem estocagem).

Para financiar tudo isso, a empresa realizou um novo follow-on em julho,


no qual captou R$ 4 bilhões, buscando dar continuidade à sua expansão
logística, aos investimentos em tecnologia e às aquisições que vem
realizando. Após a capitalização e com sua operação geradora de caixa, o
Magalu possui atualmente R$ 6,8 bilhões em caixa líquido.

Tudo o que foi realizado ao longo deste ano demonstra que o Magalu,
apesar do ambiente macro desfavorável, segue mantendo a disciplina
e investindo fortemente em sua estratégia e certamente colherá os
benefícios disso no futuro.

A empresa está focada em um grande objetivo – digitalizar o varejo


brasileiro – e sabe como fazer isso: desenvolvendo ainda mais cada um
dos seus 5 pilares estratégicos fundamentais.

Drivers estratégicos. Fonte: Magazine Luiza.

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Então, sim, faz sentido afirmar que o Magalu apresentou uma evolução
em suas perspectivas de crescimento para o longo prazo em 2021… mas
isso não impediu que suas ações caíssem fortemente.

Quando essa combinação de fatores ocorre, normalmente se abre uma


bela oportunidade de compra. Entretanto, antes de abrir o home broker
e enviar uma ordem de compra para MGLU3, precisamos nos atentar ao
contexto de mercado e à dinâmica de seus resultados no momento.

O contexto atual
Da “porta pra fora”, as condições de mercado não são das mais favoráveis
para o Magalu, tanto no aspecto macroeconômico quanto concorrencial,
ou até mesmo em relação ao nível de otimismo do mercado acionário
com as ações das empresas de alto crescimento.

Índice de Ações Tech Brasil vs. Ibovespa, até 02/12/21. Fonte: Teva Índices.

O desempenho do Índice de Ações Tech Brasil está consideravelmente


abaixo do desempenho do Ibovespa neste ano (-44,6% vs. -12,2%),
principalmente por conta das fortes quedas das ações de tecnologia a
partir de julho.

Em função das incertezas relativas à intensidade e à duração do efeito


inflacionário pós-pandemia, os bancos centrais ao redor do globo estão
sinalizando elevações nas taxas básicas de juros de suas economias.

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No cenário de juros em alta, as ações de tecnologia (ou de crescimento
em geral) acabam sofrendo mais com o efeito da maior taxa de desconto,
utilizada pelo mercado para trazer os lucros projetados a valor presente
em seus valuations.

Além disso, as empresas com maior potencial de crescimento normalmente


ainda estão investindo pesado em seus negócios e acabam demandando
injeções de capital frequentemente para financiar seu crescimento. Nesse
cenário de juros em alta, a liquidez e o apetite ao risco dos investidores
também acabam diminuindo.

No Brasil, a situação ainda é agravada pelo fato de que nossa situação


fiscal já não era das melhores antes da pandemia e ainda estamos vendo
uma pressão por uma elevação dos gastos públicos neste período pré-
eleições, o que fez com que os nossos juros futuros subissem ainda mais
do que no resto do mundo.

O Magalu, por ser uma varejista generalista, ainda acaba sendo mais
impactado por este cenário de inflação em alta, fluxo de circulação nas
lojas ainda abaixo dos níveis regulares e pelo baixo poder de compra
atual da população.

Em função das limitações nas cadeias de suprimentos globais e da crença


de que a demanda voltaria com mais força após a vacinação, a empresa
fez um grande reforço em seus níveis de estoques. Contudo, as vendas
acabaram não saindo como esperado, e o giro dos estoques da empresa
passou de 74 dias no 3T20 para 106 dias no 3T21.

A companhia reconheceu que o movimento foi equivocado e realizou


uma provisão de perdas para os estoques no valor de R$ 395 milhões,
prevendo descontos e promoções que serão necessários para retornar ao
nível médio histórico de estoques.

O 3T20 foi um trimestre espetacular para o Magalu, mas a combinação de


um fraco crescimento na receita (+3,7%) com as provisões nos estoques,
a maior participação do online e do marketplace nas vendas (que tem
margem menor que das lojas) e maiores gastos com marketing, tendo em
vista a entrada de players asiáticos no país (Shopee) e a competição local
mais agressiva, fizeram com que o lucro do Magalu caísse -89,5% no 3T21.

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Assim sendo, tanto da porta para fora quanto da porta para dentro, o
momento para o Magalu não é muito favorável. Essa combinação inoportuna
de fatores é o que está causando uma forte pressão vendedora nos papéis
da empresa e, ao menos no curto prazo, não há muita perspectiva de que
a situação se reverta.

O veredito
É verdade que o erro na gestão
dos estoques foi pontual, que as
oscilações da economia fazem
parte da ciclicidade natural
do negócio, que concorrentes
irracionais não costumam
durar muito no mercado e que
os investidores são maníaco-
depressivos e podem mudar de
humor a qualquer momento.

Também é verdade que, no preço atual, o crescimento esperado implícito


no valor da companhia é bastante factível e muito mais facilmente
alcançável do que era em fevereiro. Quando eu escrevi o primeiro relatório
sobre a empresa, ela precisava entregar mais de R$ 10 bilhões em lucros
anuais para justificar o preço de suas ações.

Para entregar tamanho lucro, a empresa precisava, por exemplo, de uma


receita na casa dos R$ 200 bilhões (5,6x maior que a acumulada nos
últimos 12 meses), com uma margem de lucro de 5% (2x maior que a de
2019 e 5x maior que a atual).

Na cotação atual das ações, o lucro esperado implícito em seu múltiplo de


Preço/Lucro de 110x (levando em consideração o lucro ajustado, livre de
efeitos não recorrentes) é de cerca de R$ 3,1 bilhões, tendo em vista que
o múltiplo médio histórico da nossa bolsa é de 15x lucros e a companhia
entregou R$ 425 milhões em lucro nos últimos 12 meses.

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Com uma receita apenas 3,4x maior que a atual e a mesma margem de
lucro entregue no ano de 2019, o Magalu já conseguiria entregar um lucro
em linha com as expectativas do mercado.
Esse patamar de lucro definitivamente é factível para o Magalu; com
a receita atual de R$ 36 bilhões, se a empresa estivesse entregando a
margem de lucro de 2019 (2,5%), ela já estaria dando um lucro de quase
R$ 911 milhões.

É verdade que quanto menores as expectativas do mercado, menor é o


risco e maior é o potencial de valorização ao investir em uma ação. Mas
também é verdade que não há motivo para tentar pegar “facas caindo”
na bolsa.

As incertezas em relação ao macro continuarão presentes pelo menos até


as eleições do ano que vem, as expectativas de recuperação econômica
não são das melhores no momento, e a competição da empresa deve
permanecer com um comportamento mais agressivo, ao menos no curto
prazo.

Assim sendo, faz mais sentido esperar por sinalizações concretas de


mudança deste cenário antes de montar uma posição na empresa, mesmo
que às custas de abrir mão de parte do movimento inicial de alta quando
o humor do mercado em relação ao Magalu mudar.

À medida que o preço da ação cai, essa espetacular empresa vai se


tornando uma oportunidade de investimento cada vez mais interessante.
Mas essa oportunidade pode ficar ainda mais interessante se o cenário
atual for mantido.

Continuarei acompanhando os passos da empresa bem de perto e,


se entender que chegou a hora de investir em MGLU3, recomendarei
prontamente a empresa para meus assinantes.

Se você quer receber essa potencial recomendação em primeira mão,


assim como saber quais são as outras 10 empresas que fazem parte da
minha carteira atualmente, convido você para fazer parte do NORD 10X, a
nossa série focada no growth investing.

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O NORD 10X tem esse nome porque buscamos as tenbaggers, as empresas
que têm suas ações multiplicadas por 10. Selecionamos apenas companhias
que já tenham dado sinalizações claras de que sua estratégia tem grande
potencial de entregar lucros crescentes.

Quer multiplicar seu capital na bolsa? Então vamos juntos investir nas
ações de crescimento!

O link para ver as condições está aqui.

Abraço,

Rafael Ragazi, CNPI.

Em observância à ICVM20 eu, Rafael Ragazi responsável principal pelo presente relatório de análise,
declaro que: i) as opiniões aqui contidas foram elaboradas por mim de forma independente e au-
tônoma, inclusive em relação à Nord Research. Em observância ao Artigo 22 da Resolução CVM nº
20/2021, a Nord Research esclarece:
NOSSA CENTRAL DE AJUDA
1. Que oferece produtos contendo recomendações de investimento pautadas por diferentes es-
tratégias e/ou elaborados por diferentes Analistas. Dessa forma, é possível que um mesmo valor
mobiliário encontre recomendações distintas em diferentes produtos por nós oferecidos. As indi-
cações do presente Relatório de Análise, portanto, devem ser sempre consideradas no contexto da CONHEÇA A NOSSA PLATAFORMA
estratégia que o norteia.

Nord Research, 2021. Todos os direitos reservados. Rua Joaquim Floriano, 100 - Itaim Bibi, São Paulo - SP, 04534-000

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