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DISCIPLINA: Operações Unitárias

Secagem

Curso: Técnico em Química.


Uberaba - 2015

Técnico em Química
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SECAGEM

A secagem está entre as operações mais usuais na indústria química. Em uma boa parte das situações
é o último processamento do produto antes de sua classificação e embalagem.
A qualidade do produto seco, a quantidade de energia gasta e o tempo utilizado neste processo são
parâmetros primordiais para a rentabilidade do bem submetido a esta operação.

1 – TEORIA DA SECAGEM

O processo de secagem pode ser definido como a transferência simultânea de calor e massa, onde a
umidade (água) presente no sólido absorve o calor cedido pelos gases quentes e se evapora, sendo
transferida para fase gasosa. Esta operação é regida basicamente pelos seguintes parâmetros:

 Temperatura dos gases de secagem;


 Temperatura do sólido à entrada do secador;
 Vazão dos gases de secagem;
 Quantidade de água presente nos gases (teor de umidade);
 Quantidade de água presente no sólido;
 Tempo de contato entre sólido e gás;
 Superfície de contato.

A secagem é a remoção de uma substância volátil (comumente, mas não exclusivamente, água) de um
produto sólido. E a quantidade de água presente no sólido é chamada de umidade. Durante a secagem é
necessário um fornecimento de calor para evaporar a umidade do material e também deve haver um sorvedor de
umidade para remover o vapor água, formado a partir da superfície do material a ser seco (Figura 1)
É o processo, de fornecimento de calor da fonte quente para o material úmido que promoverá a
evaporação da água do material e em seguida a transferência de massa arrastará o vapor formado.

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Assim, observa-se que dois fenômenos ocorrem simultaneamente quando um sólido úmido é submetido à
secagem:
- Transferência de energia (calor) do ambiente para evaporar a umidade superficial. Esta transferência
depende de condições externas de temperatura, umidade do ar, fluxo e direção de ar, área de exposição do sólido
(forma física) e pressão.
- Transferência de massa (umidade), do interior para a superfície do material e sua subseqüente evaporação
devido ao primeiro processo. O movimento interno da umidade no material sólido é função da natureza física do
sólido, sua temperatura e conteúdo de umidade.

O processo de secagem tem duas fases principais: a primeira, quando a taxa de secagem é constante
e a segunda, quando a taxa de secagem é decrescente. Porém, para melhor compreensão da teoria de
secagem vamos definir o que é taxa de secagem:

“Taxa de secagem pode ser definida como a quantidade de água que se transfere do sólido para a
fase gasosa em um intervalo de tempo, ou seja, a velocidade de evaporação, ou ainda a velocidade em que
o teor de umidade de um sólido é reduzida.”

A primeira fase, onde a taxa de secagem é constante, é característica das condições em que ocorre a
secagem da água livre na superfície molhada do grão. Nesta fase, a troca de massa é controlada pela
umidade relativa e a velocidade dos gases de secagem. A segunda fase, quando a taxa de secagem é
decrescente, o material apresenta sua superfície totalmente seca, de modo que a transferência de massa é
controlada no interior do sólido por um mecanismo de difusão (figura 01), e não influência do aumento da
vazão de gases no processo, sendo o fenômeno mais influenciado pela diferença de temperatura entre os
gases e o sólido úmido. Então o que temos nesta fase é uma taxa de secagem cada vez menor, ou seja, a
transferência de água para fase gasosa é cada vez mais lenta, devido à dificuldade da água se difundir

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através do sólido do interior para superfície. A energia necessária para retirar água do solido nesta etapa é
maior que na primeira, pois além da taxa de secagem ser cada vez menor, ainda há a necessidade de se
manter o perfil de temperatura dos gases maior que a do sólido para provocar o processo de difusão.

Figura 1: mecanismo de secagem

2 - DETERMINAÇÃO DE UMIDADE: Método da estufa


Neste método, a umidade corresponde à perda de peso sofrida pelo produto quando aquecido em
condições nas quais a água é removida. O aquecimento direto da amostra a 105ºC é o processo mais usual.
No caso de amostra de alimento que se decompõe, ou sofre transformações a esta temperatura, devem ser
aquecidas em estufas a vácuo, onde se reduz a pressão atmosférica e se mantém a temperatura de 70ºC.
Quando lemos um valor para a umidade de um sólido devemos ficar alerta se o número se refere à base
seca ou úmida. A negligência deste fato pode levar a se receber um produto ou matéria prima com mais água do
que se supõe. O conteúdo de umidade é a quantidade de água, que pode ser removida do material sem alteração
da estrutura molecular do sólido, e pode ser expressa de duas maneiras:
Define-se umidade de um sólido na base seca (Xbs) a relação entre a massa de umida do material (Mu) e
a massa do sólido isenta desta umidade, ou seja, massa seca (Ms):
Xbs pode ser expresso, por exemplo, em kg de água por kg de sólido seco.

Define-se umidade de um sólido na base úmida (Xbu) a relação entre a massa de umida do material (Mu)
e a massa do sólido úmido (Ms+Mu):
Xbu pode ser expresso por exemplo em kg de água por kg de sólido úmido.

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2.1 - MUDANÇA DE BASE:

a) Para passar de base úmida para base seca:

b) Para passar de base seca para base úmida:

3 - SECADORES

Os secadores são equipamentos utilizados para secar produtos através da transferência de um líquido
que está no sólido para uma a fase gasosa. Geralmente, os gases quentes utilizados para secagem do produto
(sólido) são gerados pela queima de óleo combustível numa câmara de combustão (fornalha). O óleo mais
comumente utilizado é o óleo BPF.
Os gases quentes são ventilados para outra câmara (secador) onde se dará o contato do gás com o
produto. Os secadores são projetados para promover o maior contato possível entre gás e produto, pois a
taxa de secagem está intimamente ligada ao tempo de exposição e a superfície de contato entre gás e sólido.

3.1 - SECADOR DE TAMBOR ROTATIVO

O secador de tambor rotativo consiste num tambor cilíndrico, apoiado sobre mancais que permitem
que o tambor deslize, através de um acionamento por motor elétrico, sobre os mancais, realizando o
movimento de rotação.
Internamente o tambor possui “flights”, que são haletas que trabalham promovendo o
“cascateamento” do produto, permitindo maior contato entre gás e sólido (Figura 03).

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Figura 2: Secador Rotativo

Figura 3 – Flights (internos do secador)


O tambor possui uma leve inclinação (em torno de 3,6°), que associada ao movimento de rotação,
faz com que o material escoe ao longo do secador. A rotação e a inclinação do tambor é que determinarão o
tempo de residência do material dentro do secador.

Figura 4: Sistema de secagem (Fornalha, granulador e coletor de pó )

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A quantidade, a disposição e o tipo dos flights também influenciam no tempo de residência.

Figura5: Parte interna de um Granulador de fertilizantes

Figura 6: Montagem de um Granulador

3.2 - SPRAY DRYER

O “spray dryer” (secador por aspersão) é um equipamento que admite a alimentação somente em
estado fluido (solução, suspensão ou pasta) e a converte em uma forma particulada seca pela aspersão do
fluido em um agente desecagem aquecido (usualmente o ar).

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Há quatro etapas principais no processo de secagem por aspersão: (a) atomização da alimentação; (b)
evaporação da umidade livre; (c) evaporação da umidade ligada; e (d) recuperação do produto (limpeza do
agente de secagem).
A secagem por aspersão produz esferas relativamente uniformes apresentando a mesma proporção
de compostos não voláteis que a alimentação líquida homogênea. Portanto, a mesma pode ser utilizada para
preparar misturas complexas de sólidos que não podem ser produzidas por métodos mecânicos. Por
exemplo, pós cerâmicos que são prensados em velas de ignição contêm ligantes e
lubrificantes orgânicos solúveis e é essencial que cada partícula seca apresente a mesma composição.
A secagem por aspersão pode ocorrer de forma concorrente, contracorrente, ou como um processo
de escoamento misto. A secagem concorrente expõe as gotas à maior temperatura do agente de secagem e,
desta forma, uma rápida evaporação ocorre. Portanto, esta característica pode levar a produtos que
apresentam baixa densidade de partículas e que consistem de estruturas ocas. A secagem em contracorrente
expõe as partículas que estão quase secas às temperaturas mais elevadas e, desta forma, produtos
extremamente secos podem ser produzidos. É impossível secar e resfriar um produto em um mesmo
equipamento de secagem por aspersão. Portanto, o resfriamento é, em geral, efetuado em um sistema
subseqüente.

Figura 7: Tipos de alimentação do Spray dryer

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O agente de secagem para secadores por aspersão pode ser aquecido por chama direta. Entretanto,
para aplicações nas áreas de alimentos e produtos farmacêuticos, aquecimento indireto é utilizado de forma
a evitar a contaminação dos materiais em secagem com os produtos da queima de combustíveis. A maioria
dos secadores por aspersão apresenta temperaturas de entrada menores
que 350 ºC. Porém, há secadores por aspersão, que processam materiais inorgânicos (catalisadores), que
operam com temperaturas de entrada próximas de 800 ºC.

Figura 8: Sistema Spray dryer


3.3 - SECADORES DE BANDEJA

O tipo mais simples de secador é o secador de bandejas (ou tabuleiros), que opera em batelada e é,
normalmente, usado para operações em pequena escala (ver Figura 09). Os secadores de bandeja também
operam em modo contínuo através da circulação de material em correias transportadoras.
Basicamente consiste de uma câmara com isolamento térmico, com sistemas de aquecimento e ventilação
do ar circulante sobre as bandejas e através das bandejas, que ficam em uma base fixa. O ar aquecido circula
por meio de ventiladores e o sistema permite uma circulação de ar para conservação do calor. A eficiência
térmica nesse tipo de secador varia de 20 a 50%, dependendo da temperatura utilizada e da umidade do ar
de saída. É utilizado para a secagem de frutas, legumes e hortaliças em pequena escala.

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Figura 9: Secador de bandejas descontínuo

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