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Espirito Santo

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by Hygino de Freitas Mello - Gino Frey
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História Do Estado do Espirito Santo
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Hygino de Freitas Mello -
Gino Frey -

História do Estado do Espírito


Santo
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DUAS PALAVRAS
A historiografia é uma atividade fascinante e o Espírito Santo abriga
bons estudiosos nessa área da literatura técnica. Encontramos nas
bibliotecas e livrarias o melhor dos relatos históricos, trabalhos dos
nossos intelectuais contemporâneos. Sentimos, contudo, a falta dos
editores em publicações dirigidas à classe estudantil dos primeiros
passos, na formação educacional nos graus iniciais, em relação á história
do nosso Estado.
Assim, nos propomos a oferecer um pequeno compêndio, dedicado
aos estudantes do ensino de primeiro grau de nossas escolas oficiais e
particulares, trabalho este lastreado no que existe estabelecido pelos
nossos gloriosos historiadores. “Nada se cria, tudo se copia”, e as fontes
informativas que constituem a base de toda a obra historiográfica, vão
desde as cartas, ofícios, documentos oficiais, encontrados nos arquivos
públicos, à informação oral, das testemunhas vivas, tão preciosas em sua
contribuição.
O resgate à memória de um povo deve ser praticado junto aos que
iniciam a vida educacional, com informes honestos e fidedignos, calcados
no que mais verossímil se nos apresente, pelo que no passado nos
legaram essa gama de verdades sobre a formação de nossa gente.
As placas de nossas ruas e praças dizem de personalidades que ás
vezes só muito mais tarde nos chegam ao conhecimento. É preciso que
essa informação comece a ser passada às crianças e aos que
retardadamente entram no processo de auto-educação.
A História do Estado do Espírito Santo é fascinante e mesmo em
proposta de breve relato, interessa inclusive aos que pretendem encará-la
pela curiosidade.

GINO FREY

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O AUTOR

LEVANTAMENTOS GEO-HISTÓRICOS
O autor realizou para a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros da
Academia de Letras Municipais do Brasil (SP), a descrição, em
monografia, colaborando com intelectuais capixabas, dos municípios:
Mimoso do Sul, Serra, Divino São Loureço, Muqui, Pinheiros, Apiacá,
Alegre, Piúma, Ibatiba, Mantenópolis, Presidente Kennedy e Nova
Venécia. Para a mesma Enciclopédia, escreveu o Panorama do Espírito
Santo, que aqui está como apêndice.
No Estado da Bahia, realizou a descrição dos municípios: Salvador,
Itanhém, Santo Antônio de Jesus, Cachoeira, Vera Cruz, São Felix,
Itaparica, Itabuna e Camacari.
Em São Paulo, realizou a monografia de Itaquaquecetuba.
Hygino de Freitas Mello é membro titular da Academia de Letras
Municipais do Brasil; membro do Instituto Histórico e Geográfico do
Espírito Santo; membro da Academia de Letras do Rio de Janeiro; e,
membro da Academia de Letras Evangélicas do Brasil.

1 - O DONATÁRIO
Por documento assinado em primeiro de janeiro de 1534, o rei Dom
João III de Portugal resolveu doar ao fidalgo Vasco Fernandes Coutinho,
cinqüenta léguas de terra na costa do Brasil. Cinqüenta léguas eqüivalem
a 300 km, que o fidalgo Vasco, como donatário, capitão e governador,
tinha direito sobre ela por toda a sua vida, passando-a a seus filhos, netos
e demais herdeiros.
Eram cinqüenta léguas pela orla marítima, sendo do donatário o
que pudesse conquistar mata adentro (até os limites do Tratado de
Tordesilhas) pertencentes à Portugal.
Nascia assim, a capitania do Espírito Santo, assim chamada porque
fora tomada por posse no dia dedicado à Terceira Pessoa da Santíssima
Trindade, isto é, à primeiro de Junho de 1535. Na verdade, o navio
“Glória” que transportava o donatário Vasco Fernandes Coutinho
atravessou a barra, guiando-se pela serra do Mestre Álvares, ancorando
numa pequena enseada à esquerda do Morro da Penha, ao norte do
Morro de João Moreno, no dia 23 de Maio de 1535. Eles acharam que era
um grande rio e batizaram tudo com o nome de Espírito Santo.
As terras eram habitadas pelos índios goitacazes, que não
receberam de bom grado a caravela portuguesa. Muitas flechas foram
atiradas na embarcação, até que dois tiros de canhão obrigaram os
aborígenes a correrem para o mato, permitindo assim o desembarque.
Cercas foram levantadas, fortificações se edificaram para a defesa
dos portugueses. Cerca de 30 construções foram realizadas no local, para
morada dos pioneiros, bem assim uma capela, a de Nossa Senhora do
Rosário, que ficava próxima à praia e no fim da mesma, no lugar que
denominaram São João.
Vasco Coutinho distribuiu aos seus amigos, para uso, cultivo e
povoamento, pedaços de terra, notadamente as ilhas, como: a Ilha do
Boi, que ficou com Dom Jorge de Meneses; a Ilha do Frade, que coube a
Valentim Nunes; etc.
O donatário da capitania era um herói. Servira em Goa, na Malacia
e na China. No ano de 1510, dizia-se que Vasco era um soldado sem
medo, que levantava um mouro do cavalo com a ponta da lança, atirava-o
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ao.. chão e o matava sem piedade. Esteve na Índia, no Golfo Pérsico, em
Marrocos e na África. Tudo a serviço do rei de Portugal. Duarte Coelho
fora seu companheiro de combate aos chineses.
Para vir para o Brasil assumir a capitania, Vasco Coutinho vendera
todos os seus bens em Portugal. Era proprietário da Quinta de Alenquer,
que passou à Fazenda Real. Tomou dinheiro emprestado à amigos. Os
seus companheiros de empreitada, também procederam assim, a fim de
investirem na nova terra. Infelizmente, nem Vasco, nem seus
companheiros de aventura foram bem sucedidos. A terra era inóspita, pois
os índios não lhe deram tréguas, combatendo-os desde a chegada. E mais
de dez anos depois, tudo estava destruído, com a cidade arrasada, ao
voltar Vasco de uma viajem à Portugal.
Vasco Coutinho dera a Duarte Lemos a Ilha de Santo Antônio, em
15 de Julho de 1537. A ilha fora descoberta por um grupo que se
aventurara em lanchões, subindo a barra, lugar que se chamava Caieiras.
Outros exploradores abriram picada por terra, em direção ao Morro do
Mestre Álvares, chegando ao local onde hoje está a cidade da Serra.
A Ilha de Santo Antônio tornou-se mais tarde a capital do Espírito
Santo, por oferecer mais segurança. Encontrando-se Vasco Coutinho com
Duarte Lemos em Lisboa, resolveram passar uma escritura de doação da
Ilha de Santo Antônio, perante o notário geral da Côrte.
O donatário não era um funcionário da Coroa. Vasco Fernandes
Coutinho era um fidalgo da casa Real.
A Ilha de Santo Antônio é hoje a cidade de Vitória, depois de Ter se
chamado Vila Nova, em antítese à Vila Velha, mas tarde, todas as terras
conquistada por Coutinho passou a se chamar Espírito Santo.

EGRE A OS VOLUNTÁRIOS
A fim de promover a povoação do Espírito Santo, o rei Dom João III
concedeu carta de homizio, em 6 de outubro de 1534, quando foi aberta a
capitania aos criminosos de Portugal de todas as classes, exceto os
condenados por heresia, sodomia, traição e moeda falsa. Isto é: os que
estavam presos por serem hereges, os homossexuais, os traidores e os
estelionatários. Os hereges eram os condenados pela Santa Inquisição.

AUSÊNCIAS E VASCO
O donatário da capitania do Espírito Santo esteve ausente de 1540 a
1548, sendo certa sua estada em Lisboa em 1547. Nesse período voltou
ao Espírito Santo em 1545, para a arrecadação dos dízimos reais. Foi Dom
Jorge de Menezes quem o substituiu no governo da capitania, gestão em
que os ânimos entre índios e portugueses se acirraram e a cidade foi
sacudida por combates repetidos. Dom Jorge não agradara também aos
moradores da Sede, mesmo reconhecido como homem valente, pois
pesava contra si a acusação de ser violento, sem compostura, de índole
inconstante, leviano, depravado e dominado por paixões desenfreadas.
Os índios goitacazes, aimorés e outras tribos reuniram-se em
confederação, para o aniquilamento dos brancos invasores, atacando-os
sem piedade. A ofensiva foi tamanha que os que não morreram em
combate, fugiram para as capitanias vizinhas ou pereceram transviados
nas florestas.
Achando-se velho, cansado e enfadado, Vasco Fernandes Coutinho
decidiu voltar à Portugal, fazendo ciente disso o governador geral Mem de
Sá. Por carta de 22 de maio de 1558, Vasco demonstrou o desejo de
vender a capitania ou até que lhe tomassem a terra. A carta-renúncia foi
escrita da cidade de Ilhéus, na Bahia.

MORTE O ONATÁRIO
Empobrecido, e segundo o que escreveu o Frei Vicente do Salvador,
sem Ter um lençol que lhe servisse de mortalha, alimentado por mãos
alheias, morreu Vasco Fernandes Coutinho, em fevereiro de 1561, sendo
sepultado na Vila do Espírito Santo, depois de uma vida de sucessos e
infortúnios.
Reconheceu-se o seu espírito magnânimo e de dedicação,
generosidade, bravura, solidariedade e grandeza de sentimentos.
No seu governo, implantou-se a indústria do açúcar, a educação
através dos religiosos, a exportação dos produtos agrícolas e da pecuária,
reagiu contra as invasões estrangeiras, etc. Vasco muito sofreu com a
delação de Duarte Lemos a Dom João III e outras manifestações de
antipatia ocorridas por parte de outras personalidades da época.

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2 - SUCESSORES DE VASCO
Com a morte de Vasco Fernandes Coutinho, o governador geral
Mem de Sá recomendou as autoridades da capitania que dessem posse a
Belchior de Azeredo, como capitão, salvo se aparecesse o Vasco,
Fernandes Coutinho, filho bastardo do falecido donatário, que assumiria
por direito, mas não com sua aprovação. Fernandes Coutinho era filho de
Ana Vaz, dona de uma pequena ilha na Baía de Vitória.
Belchior foi empossado na capitania e teve logo que enfrentar a
invasão dos franceses, em 1561. Brancos e índios uniram-se bravamente
na defesa da terra, com o apoio dos jesuítas e durante quatro horas
lutaram contra o invasor, que bateu em retirada. Um navio que ia de São
Vicente para o Reino aparecera, e uma das naus francesas fora atingida
por um balaço. Os escravos perseguiram os invasores, em pequenas
embarcações e os índios tomaram uma chalupa dos franceses, fazendo
prisioneiros sete ou oito tripulantes.
A nomeação de Belchior dera-se antes mesmo da morte de Vasco,
por documento datado de 3 de agosto de 1560, que dá notícia da
renúncia do donatário fundador, renúncia essa que foi apresentada
pessoalmente à Mem de Sá, que tomou posse da capitânia na ocasião.
Contudo, Fernandes Coutinho foi reconhecido como sucessor de seu
pai, a 16 de outubro de 1560. Assumindo a capitania, Fernandes Coutinho
fez a revisão na distribuição das terras, passando a novas mãos as
sesmarias daqueles que já haviam falecido ou abandonado, extinguiu o
jogo no Espírito Santo e incrementou o progresso, com a criação de novos
engenhos e tornando direto o comércio com Portugal.

Falecendo Fernandes Coutinho em 1589, tomou seu lugar na


capitania a viuva Luíza Grinalda, que teve como adjunto o capitão Miguel
de Azeredo. De 1573 à 1575, muitos índios desceram do sertão com
Belchior e com os jesuítas para o trabalho nas lavouras, aldeando-se em
Vitória.
No governo de Dona Luíza Grinalda, em 1592, a baía de Vitória foi
atacada pelo famoso pirata inglês Thomas Cavendish, tendo sido
duramente combatido nas praias vizinhas de Vitória e do Espírito Santo.
Dona Luíza entregou o governo a Miguel Azeredo, viajando para
Portugal, onde morreu aos 82 anos de idade, em 1626, internada no
Convento Paraíso, em Évora. Assumiu a capitania Francisco de Aguiar
Coutinho, em 1605, após reivindicar seu direito, por ser o parente mais
próximo do segundo donatário, não tendo este deixado filhos.
Foi no governo de Aguiar Coutinho que ocorreu a invasão dos
holandeses comandados por Pier Pieterszoon Heynm, com oito naus. Foi à
10 de marco de 1625. Os homens de Coutinho enfrentaram bravamente
os inimigos, em combates de rua, na Vila de Vitória, havendo os
holandeses tido muitas baixas. Socorro do Rio de Janeiro e da Bahia
vieram, por intermédio de Salvador Correia de Sá e de Benevides.
Destacou-se Maria Ortiz nas refregas de rua, quando estava brava a
mulher despejou um caldeirão de água fervendo sobre o comandante Pier
Heynm.
Morreu Francisco de Aguiar Coutinho em 6 de marco de 1627 e foi
nomeado para governar a capitania Manuel d’Escovar Cabral. Depois veio,
provavelmente, Francisco Alemão de Cisneiros, que faleceu à 17 de
fevereiro de 1635, sendo sucedido por Domingos Barbosa de Araújo. Em
6 de janeiro de 1636, começou o governo do capitão-mor Antônio do
Couto d’Almeida.
Em 1640, era governador da capitania João Dias Guedes, quando
ocorreu a invasão dos holandeses que, comandados pelo coronel Koin,
invadiu o porto a 27 de outubro do mesmo ano, aprisionando dois navios
de açúcar. João Dias com 30 fuzileiros, duas companhias de índios
armados de arcos e flechas e homens do povo armados de piques e
chuços, além de 5 canhões, expulsaram da ilha os holandeses, em apenas
três horas e meia.
Ambrósio de Aguiar Coutinho, filho de Francisco de Aguiar Coutinho,
tomou posse em 1643, após 16 anos da morte de seu pai, como legítimo
herdeiro do cargo de donatário. Ele era governador dos Açores e o

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.. do Espírito Santo continuou sendo exercido por Antônio do Couto
.
governo
d’Almeida, não havendo notícias de sua vinda ao Brasil. Também
Francisco Guizarte da Gama foi nomeado capitão do Espírito Santo, em
1648. Neste ano registra-se a nomeação de capitão-mor para a capitania,
de João Ferrão Castelo Branco, que construiu o Forte de São João. Em
1650 houve a provisão do cargo para Manoel da Rocha de Almeida e do
sargento-mor Feliciano Salgado. O navio que trouxe Manoel da Rocha
naufragou no trajeto Bahia-Vitória, sendo que ele foi salvo.
Em 27 de julho de 1656, era nomeado por el-rei, o capitão-mor
João de Almeida Rios, que foi assassinado ao deixar o Colégio dos
Jesuítas, em abril de 1659, a mando de Diogo Garcia de Arenzedo e
Bernardo Aires, que era dono de um engenho; Almeida Rios mandara
prendê-lo porque lhe devia 5 mil cruzados e 2 mil à Fazenda Real.
A capitania foi dirigida por Francisco Luís de Oliveira, nomeado à 30
de setembro de 1655, que sucedeu a Simeão de Carvalho, cujo governo
provocou repetidas queixas graves, pedindo pronta solução. Em 1656
Francisco Luís era substituído por Gaspar Pacheco e Contreiras. Dom Dinis
Lobo também governou a capitania, estando em atividade em 1661 e
1662, substituindo José Rabelo Leite. Dinis pediu licença à 2 de janeiro de
1663, sendo nomeado em seu lugar José Lopes.
Ainda encontramos o nome de Antônio Luís Gonzaga da Câmara
Coutinho, em relação ao ano de 1667, Antônio Mendes de Figueiredo,
José Gonçalves de Oliveira, Ambrósio de Aguiar Coutinho, Brás do Couto
de Aguiar, que substituiu à José Lopes, em 12 de dezembro de 1663.
Coube a Francisco Gil de Araújo comprar a capitania, em 1674, de
Antônio Luís Gonzaga de Câmara Coutinho, por 40 mil cruzados. O
coronel Gil chegou ao Espírito Santo só em 1678, permanecendo até
1682, quando regressou à Bahia.
Dedicou-se ao descobrimento das ambiciosas esmeraldas, concluiu
a construção do Forte de Nossa Senhora do Monte do Carmo, reedificou o
Forte de São João, tendo construído o Forte de São Francisco à entrada
da barra de Vitória.
Gil de Araújo amortizou a dívida externa do Espírito Santo,
liquidando os atrasos com o dote e paz da Holanda e com a misericórdia
de Lisboa, entre 1678 e 1682. Existiam 4 companhias em Vitória e Espírito
Santo, e ele lhes acrescentou mais 5, inclusive uma de homens pardos.
Asseou os templos, concertou a casa da Câmara e realizou muitas
benfeitorias em Vila Velha e Guarapari.

O donatário Gil financiou todas as suas realizações e empresas,


inclusive dando uma sepultura decente aos ossos de Vasco Coutinho.
Disciplinou o comércio e a agricultura, realizando uma administração
progressista. Decepcionado com os fracassos na tentativa de encontrar as
esmeraldas, após investir muito dinheiro na capitania do Espírito Santo,
regressou à Bahia onde faleceu em 1685.
Assumiu o seu filho, Manuel Garcia Pimentel, com herança
confirmada por carta de 5 de dezembro de 1687. Comandou os seus
negócios no Espírito Santo diretamente da Bahia, sem nunca Ter vindo à
capitania, que ficara entregue por seu pai à Manuel de Morais, nomeado
pelo Marques das Minas.
A 24 de outubro de 1687 o governador geral mandou que a
capitania fosse entregue a Manoel Peixoto da Mota. Este demandou ao
Espírito Santo sem ordem do governador geral, no que resultou em sua
chegada preso e metido a ferros em Vitória, pelos oficiais da Câmara de
Vitória, assim retornando à cidade de Salvador. Nova carta de nomeação
foi feita, indicando Peixoto da Mota para a direção da terra capixaba.
Em 1702, era capitão-mor Francisco Ribeiro de Miranda. Corria a
febre do ouro no Rio Doce. Miranda foi um administrador operoso.
Adiantou a construção da Fortaleza de São Francisco Xavier e expôs em
várias cartas ao governador geral a situação do Espírito Santo, recebendo
dele toda a atenção. Miranda foi substituído em 1705 por Álvaro Lobo de
Contreiras que por sua vez foi sucedido por Francisco de Albuquerque
Teles, em 1709. Foi quando a Vila do Espírito Santo teve o seu primeiro
alcaide, com a nomeação de Antônio Pacheco de Almeida, que vinha de
cargos ilustres de Angola e Pernambuco.
Em 1700, Vitória contava com a presença entre seus moradores de
um bacharel formado pela Universidade de Coimbra, João Trancoso da
Lira, nomeado pelo donatário Manoel Garcia Pimentel, ouvidor da
capitania.
Falecendo Pimentel em 1711, em princípios do ano, o governador
geral ordenou ao capitão-mor e aos oficiais da Câmara de Vitória que
tomassem posse da capitania para a Coroa, vez que o donatário Pimentel
não deixara herdeiros.
A relação da Bahia, chamada a decidir, reconheceu o direito de
Cosme Rolim de Moura, primo e cunhado de Pimentel, a herança da
capitania; contudo, o Conselho Ultramarino, por consulta de 18 de junho
de 1715, disse ser conveniente a compra da donataria por conta da
Fazenda Real para se incorporar à Coroa.

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. Assim, Rolim de Moura desfez-se da capitania pelo mesmo preço
que Francisco Gil a comprara ( quarenta mil cruzados ) pagos em quatro
prestações anuais de igual valor.

3 - FUNDAÇÃO DE VITÓRIA
A primeiro de novembro de 1549, partiram da Bahia com destino a
São Vicente, os jesuítas Leonardo Nunes e Diogo Jácome, fazendo escala
no porto do Espírito Santo e aqui recebendo o noviço Mateus Nogueira.
Era vigário da capitania o padre Francisco da Luz, que substituía o
seu irmão, padre João Dormundo. João Dormundo fora nomeado vigário
do Espírito Santo à 13 de janeiro de 1541, sendo originário da Ilha da
Madeira. Ele veio inicialmente para Ilhéus, onde lhe nasceram os filhos,
pois era casado com dona Marta de Souza Lobo, uma das órfãs protegidas
da rainha e mandada ao governador para que se casasse bem.
Com a fixação da sede da capitania na ilha de Santo Antônio, onde
a defesa era mais fácil, desenvolveu-se a população da grande ilha sob o
nome de Vila de Nossa Senhora da Vitória, ou simplesmente Vitória.
Outros nome teve a ilha, como o de Vila Nova em contraposição à Vila
Velha, onde se rezavam missas na igrejinha de Santa Luzia. Entre marco e
abril de 1551, desembarcaram aqui os padres Afonso Brás e Simão
Gonçalves, que eram irmãos, cujas presenças concorreram para apaziguar
um pouco os selvagens e os portugueses que laboravam na ilha. Contudo,
a trégua foi breve, pois logo os índios voltaram a investir contra a Vila
Nova do Espírito Santo. A 8 de setembro de 1551, os colonizadores
tiveram grande vitória sobre os silvícolas, daí novamente Ter sido mudado
o nome da ilha para Vitória, o que foi definitivo.
Consta que o nome de Vila da Vitória foi dado em 1550 e que nesse
ano já estavam oficializadas perante o Governo Geral, a existência e
denominação da vila de Vitória.
Em 1550, a Bahia centralizava os negócios públicos e era o
“armazém da colônia”, onde se abasteciam as capitanias das utilidades

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vindas diretamente de Lisboa. Assim, o provedor-mor autorizava o


tesoureiro e o almoxarife dos armazéns de Salvador a fornecerem a
Francisco de Oliveira, feitor e almoxarife do Espírito Santo, objetos de
pesagem, espadas, etc.. Contudo, nesse mesmo ano, a capitania
inaugurava o comércio diretamente com Portugal e Angola, com a
instalação da alfândega na Capitania. Antes disso, em 1545, o Espírito
Santo já despachara o primeiro carregamento de açúcar para Portugal, no
navio de Brás Teles.

4 - INDEPENDENTE DA BAHIA
A 18 de marco de 1823, a Vila de Vitória foi declarada cidade, por ato
de sua Majestade Imperial. O primeiro Presidente da província do Espírito
Santo foi Inácio Acioli de Vasconcelos, que ocupou o Palácio
Governamental à 24 de fevereiro de 1824, instalado no antigo Colégio
dos Jesuítas.
O primeiro Bispo da Diocese foi Dom João Batista Corrêa Nery e foi
empossado em 23 de maio de 1897. A comarca de Vitória existia desde
1819 e se classificava como arciprestado na parte eclesiástica, tendo o
bispado sido criado a 15 de novembro de 1895, de acordo com a bula do
Papa Leão XIII.
O Espírito Santo dependia da Bahia por ordem administrativa e
militar, até que a carta régia de 29 de maio de 1809 veio desfazer esses
laços, criando aqui a Junta da Administração e Arrecadação da Real
Fazenda, ao mesmo tempo em que era extinta a Provedoria subordinada
a Junta sediada em Salvador.
Por decreto de 3 de setembro de 1810 declarou-se que a capitania
do Espírito Santo se tornava independente da Bahia, no que concerne as
atividades militares. Isso aconteceu no governo de Manuel Vieira de
Albuquerque e Tovar, que deixou o exercício em 1811.
Francisco Alberto Rubin assumiu o governo do Espírito Santo em 6
de outubro de 1812, embora nomeado a 12 de junho e empossado à 5 de
outubro. Rubin abriu a estrada de Vitória à Vila Rica, em Mina Gerais para
a passagem das boiadas, obra iniciada em 1814 e só em 1820 começou
a ser utilizada, com a vinda da primeira boiada mineira. A obra foi muito
custosa e exigia, para a sua utilização, a manutenção de guarnições

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.. posta em quartéis de 3 em 3 léguas, para evitar os assaltos dos
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militares
botocudos.
Por iniciativa do intendente geral da polícia, Paulo Fernandes Viana,
vieram para o Brasil trinta casais de açorianos, inaugurando o movimento
imigratório europeu para o Brasil em grande escala, por Dom João, tendo
sido instalados na povoação que ganhou o nome de Viana, em
homenagem ao intendente da polícia. A primeira pedra para a edificação
da igreja Nossa Senhora da Conceição, em Viana, foi lançada pelo
governador Rubin, em 15 de dezembro de 1815.
Francisco Alberto Rubin pagou ao Banco do Brasil divida imposta
pela coroa à capitania, abriu estradas, construiu um hospital para os
pobres, restaurou a Santa Casa de Misericórdia de Vitória, criou aulas na
capital e em Vilas da Capitania. deixou o governo do Espírito Santo em 12
de setembro de 1819, tendo sido nomeado governador do Ceará.
Baltazar de Souza Botelho assumiu o governo do Estado à 20 de
marco de 1820, tendo governado o Piauí até 14 de julho de 1819.
Baltazar enfrentou movimentos militares e populares, desde o Motim da
Tropa de Linha, que desandou em desatinos, como pilhagem ao comércio
e tiros pelas ruas de Vitória. O governador entregou o comando da tropa à
Josué Marcelino de Vasconcelos, sargento-mor de Artilharia de Linha e
oficial de engenharia em comissão.
Domingos José Martins é sem dúvida a figura espírito-santense que
desperta, na história, a maior curiosidade ao estudante de hoje. Nascido
em Itapemirim, a 9 de maio de 1781, foi encaminhado à Bahia e daí à
Lisboa para estudar. De Portugal foi para a Inglaterra, onde trabalhou no
comércio, tornando-se empresário de sucesso. Em Londres, Domingos
Martins conheceu Hipólito da Costa, diretor do jornal Correio Brasiliense,
órgão que lutava pela emancipação do Brasil do julgo de Portugal.
Voltando ao Brasil, Domingos Martins radicou-se em Pernambuco,
em cuja capital engajou-se na propaganda dos ideais de liberdade. Veio a
Revolução Pernambucana, em 1817, quando Domingos Martins
representou o comércio na Junta governativa revolucionária. Tendo sido
preso, com outros rebeldes, foi encaminhado à Salvador, onde,
juntamente com José Luiz Mendonça e o Padre Miguel Joaquim de
Almeida, conhecido como Padre Miguelino, foi executado no Campo da
Pólvora, a 12 de Junho do mesmo ano.
A direção da província do Espírito Santo passou a ser exercida pela
Junta do Governo Provisório, a 2 de marco de 1822, Junta essa criada
pela lei das cortes de Lisboa à 1 de outubro de 1821.

13

Sedições e agitações ocorreram, com devassas e prisões de


militares e civis. O comandante das armas Coronel Júlio Fernandes Leão
chegou a apresentar-se frente ao Palácio, com toda a forca armada,
gritando: “Abaixo a Junta! Morra a Junta!” Finalmente a tropa aderiu à
causa da Junta e juntou-se aos soldados do Palácio, tendo o Coronel
Leão que fugir para a sua casa, com alguns companheiros fiéis, de onde
continuou no exercício de suas funções até que foi substituído em agosto
de 1822.
Capixaba de nascimento, o ouvidor Manuel Pinto Ribeiro Pereira de
Sampaio chegou a Vitória, encarregado pelo grande oriente do Brasil, de
apaziguar os exaltados e propagar as idéias de independência pátria
porque se batiam aquela Ordem Maçônica. O Príncipe Dom Pedro havia
proclamado a Independência do Brasil, a 7 de setembro de 1822, em São
Paulo. À 13 de maio de 1822, D. Pedro havia aceitado o título de
Defensor Perpétuo do Brasil, fato que causou grande júbilo aos
capixabas. À 12 de outubro de 1822, era assinado em Vitória o Auto da
Independência.
A Junta do Governo Provisório tinha como vogal o Capitão José
Francisco de Andrade Almeida Monjardim, que foi credenciado junto ao
Imperador para apresentar as congratulações da Província.
O movimento emancipador foi ganhando adesões por parte das
vilas e São Mateus foi uma delas, tornando-se o centro da atenção na
província, por sua proximidade com a Bahia, onde Madeira de Melo,
comandante das armas, apresentava ainda a maior resistência. Em
janeiro de 1823, São Mateus aclamou o novo soberano do Brasil,
aderindo ao governo da Junta Provisória. Até Caravelas, que pertencia ao
Espírito Santo, também aderiu a Junta, após Ter sido ocupada
militarmente pelas tropas da capital.

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5 - OS INDIOS
Araribóia era o chefe dos duzentos índios Terminós que foram do
Espírito Santo combater os franceses de Villegaignon, na ilha de Niterói.
Nascido no Espírito Santo, Araribóia, que significa “cobra feroz”, em
reconhecimento aos grandes serviços prestados às armas portuguesas,
recebeu o hábito de Cavaleiro da Ordem de Cristo e o posto de capitão-
mor da sua aldeia, que era Niterói, no Rio de Janeiro. Seu nome de
batismo foi Martin Afonso Araribóia.
Maracaiaguacu, o “gato grande”, mantinha boas relações com os
colonos e gozava de prestígio junto a Vasco Coutinho e os jesuítas. Seu
irmão, “cão grande”, mudara-se para Guarapari, ficando mais próximo dos
jesuítas. Quando morreu o filho de Gato Grande, Sebastião Lemos, o
próprio donatário e os religiosos prestigiaram o ato fúnebre com suas
presenças e participações na cerimônia. Duarte Lemos fora um dos
padrinhos do Terminó batizado, filho de Gato Grande.
Quando surgiu no Porto de Vitória, em 1558, uma nau francesa,
afim de negociar com os portugueses, esses desconfiados usaram Simão
Azeredo e Mestre Náo, um francês que aqui vivia, afim de parlamentar a
bordo. Estes fizeram tudo para que as negociações não se entabulassem,
exagerando quanto ao poderio da terra, de forma que os franceses foram
aportar em Itapemirim, onde pretendiam se carregar de pau-brasil.
Entretanto, encontraram ali a resistência de Maracaiaguacu, que

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aprisionou vinte deles, tomando-lhes duas chalupas, uma ferraria e


roupas.

Os jesuítas – ANCHIETA
O Frei Pedro Palácios chegou à Vila do Espírito Santo no ano de
1558. Natural de Medina do Rio Seco, próximo de Salamanca, recebeu o
hábito franciscano na Espanha, transferindo-se depois para Portugal.
Obteve licença para vir ao Brasil, fazendo-se mensageiro de um navio
que aportou na Vila do Espírito Santo. Fundou em Vila Velha o Santuário
de Nossa Senhora da Penha. Pregou por 12 anos a religião de Cristo,
tendo trazido importantes pecas de arte sacra, a partir do Retrato da
Virgem.
Os inacianos também prestaram grandes serviços na medicina e na
enfermagem. Uma epidemia varreu a capitania em 1558, matando uma
média de 13 pessoas por dia, em Vitória. Mais ou menos 600 índios
morreram em breve tempo.
Os loiolistas foram os vanguardeiros na arquitetura colonial no
Espírito Santo, tanto na religiosa como na residencial. Os índios aldeados
formaram o braço direito nas construções, sob a direção técnica dos
jesuítas.
Sempre ativos na guerra ou na paz, os jesuítas prestaram
inestimável colaboração na colonização do Espírito Santo. Eles fundaram
o primeiro estabelecimento de ensino, o Colégio de Santiago, em 1556.
Ao ser fechado por Manuel de Nóbrega, chamava-se Colégio dos
Meninos de Jesus do Espírito Santo e foi substituído por uma escola de
ler, escrever e contar, também de sua responsabilidade.
As aldeias deram lugar às povoações da Capitânia, resultando
sempre na formação de Vilas e cidades. A primeira delas foi formada com
a gente de Maracaiaguacu, em 1555, a Aldeia de Nossa Senhora da
Conceição da Serra, hoje apenas Serra.
O padre Afonso Brás foi o primeiro missionário do Espírito Santo.
Ele nasceu em São Paio dos Arcos, Anadia, em 1524. Veio para o Brasil
em 1550. Fundou o Colégio do Espírito Santo em 1551 e é um dos
fundadores de São Paulo, quando dirigiu a construção das primeiras
casas. No Rio de Janeiro trabalhou na Companhia como carpinteiro e
mestre de obras, onde faleceu à 30 de maio de 1610.
O padre José de Anchieta veio depois. Transitando pelo Espírito
Santo pela primeira vez em 1553, logo depois de haver chegado ao

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..
..
..
.. veio em 1565 como visitador, em nome do padre Manuel da
.
Brasil,
Nóbrega. Disse Hélio Abranches que: “desde sua nomeação para
propósito da Província do Brasil, no segundo semestre do ano de 1577,
até sua morte, vão precisamente 20 anos. E nestes 20 anos, sua ação de
presença, ação de ministério sacerdotal indefeso e carinhoso – já ali não
mais se interrompe. Se entre 1592 e 1594 se ausenta, é para exercer o
ofício de visitador das casas do sul, entre as quais se enumeram as do
Espírito Santo. Como provincial sua passagem por ali se assinala todos
os anos, menos talvez no ano de 1581. Em 1583, de regresso à Bahia,
logra conciliar o povo com o donatário Vasco Fernandes Coutinho, o
segundo desse nome”.
Como superior em Vitória logo a seguir, passa então cinco anos, de
1588 a 1592, catequizando, pregando, consolando e aconselhando,
sendo as suas cartas da mais rica substância espiritual.
Entre os pontos marcantes da presença de Anchieta em Vitória,
assinala-se a sua intervenção em 1562, apaziguando os índios Aimorés,
que vieram do interior dispostos a destruir a capital do Espírito Santo. Em
1566, celebrou Anchieta duas missas de natal, em Vitória, de passagem
para o Rio de Janeiro na esquadra de Mem de Sá.
Em 1569, encarregado de visitar a capitania, percorreu as aldeias
existentes e fundou as dos Reis Magos, Guarapari, Reritiba e São João.
Em 1585 fundou uma residência em Guarapari, construindo uma capela
dedicada à Sant’ana, objetivando a permanência de padres nessa aldeia.
Por ocasião da inauguração dessa igreja, Anchieta encenou, em 8 de
dezembro, um auto teatral, com a participação dos silvícolas.
As obras de conclusão do Colégio de São Tiago, da igreja e da
residência em Reritiba, deram-se na sua gestão como superior em Vitória.
A igreja ainda existe e foi dedicada à Nossa Senhora da Assunção.
O donatário Vasco Fernandes Coutinho faleceu em Vitória, a 5 de
maio de 1588, recebendo do padre Anchieta a mais caridosa assistência.
Em 1589 foi encenado em Guaraparim, hoje Guarapari, o auto
Recebimento que fizeram os índios de Guaraparim ao padre provincial
Marcal Beliarte, ou “Vinde Pastor Desejado”, ou “Auto de Guaraparim”. A
peca foi escrita em português e tupi, por José de Anchieta. A 15 de agosto
de 1590, em Reritiba, foi encenada a peca “No dia da Assunção, quando
levaram sua imagem a Reritiba”, ou “Dia da Assunção, quando levaram
sua imagem a Reritiba”, escrito por Anchieta em tupi, adaptado à média,
ritmo e rima trazidos do português e do castelhano, como costumava
fazer em suas produções em tupi. Em 1591, em fins do ano, foi encenado
em uma das aldeias o auto “Ao padre Bartolomeu Simões Pereira”, ou “O

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recebimento do administrador apostólico Bartolomeu Simões Pereira”, ou


“Diálogo”, ou “Auto do Crisma”, escrito em português e tupi.
Em abril de 1592, Anchieta viajou para a Bahia, em companhia do
padre Marcal Beliarte. Recebendo daquele padre a comunicação de que
fora nomeado visitador das casas do sul ausentando-se por dois anos da
capitania do Espírito Santo, deixando o cargo de superior em Vitória. As
casas do sul tinham sede no Rio de Janeiro.
Retornando aos Espírito Santo definitivamente, em 1594, o padre
Anchieta dava conta a 7 de setembro ao padre Cláudio Acquaviva, o
Geral, de sua comissão como visitador em nome do ex-provincial Beliarte
nas capitanias do sul.
Reassumindo o cargo de superior em Vitória, Anchieta permaneceu
até fins de 1595, época que, além das hostilidades dos índios Goitacases,
a capitania padecia de violenta epidemia, agravada por terrível seca, que
só terminou em 27 de agosto, véspera da festa de Santo Agostinho,
durante a procissão organizada por Anchieta afim de pedir a Deus o
término de tais flagelos. Foi quando, em regozijo, Anchieta escreveu o
“Auto da Vila de Vitória” , ou “de São Maurício”, refletindo em várias
passagens os danos sofridos pela capitania.
Em 1595, a 22 de setembro, estréia no adro da igreja de São Tiago,
em Vitória, o auto “Na Vila de Vitória”, ou “Auto da Vila de Vitória”, ou
“Auto de São Maurício”, escrita em castelhano e português por Anchieta,
sendo a melhor elaborada.
A Vila de Vitória recebeu em 1595 a relíquia das Onze Mil Virgens, entre
grandes festejos, provavelmente à 21 de outubro, oportunidade em que
foi encenado no adro da igreja de São Tiago o “Auto de Santa Úrsula”
escrito em português por Anchieta. Em começos de 1596, Anchieta levou
a cena em Reritiba o auto “Recebimento do padre Marcos da Costa”, em
português e tupi.
Em junho de 1596, levantou-se Anchieta da cama, pois jazia
gravemente enfermo, em Reritiba, para atender o chamado de retornar à
Vitória, permanecendo seis meses, até a chegada do novo superior,
padre Pero Soares.
Pressentindo a aproximação da morte, o padre José de Anchieta
regressou a Reritiba, de canoa no mês de maio de 1597, onde viveu
apenas três semanas. Mesmo acamado, redigiu sua última composição,
em espanhol “O da Companhia de Jesus no Brasil”, conhecida como
“Vida dos padres ilustres”, ou “Primeiros padres da província”.
A 9 de junho de 1597, um Domingo pela manhã, morreu o padre
Anchieta, na aldeia de Reritiba. Assistido pelos jesuítas Jerônimo
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..
..
..
..
.
Rodrigues, seu enfermeiro, Antônio Manuel Dias e Diogo Fernandes
Gato, que lhe administrou o viático e a santa unção. Com grande
acompanhamento de índios e portugueses, com o padre João Fernandes
à frente do cortejo, foi conduzido a pé por mais de 14 léguas – cerca de
85 km – até a Vila de Vitória, sendo sepultado na igreja de São Tiago, ao
lado da sepultura do padre Gregório Serrão. O padre Bartolomeu Simões
Pereira que lhe celebrou as exéquias, proclamou a José de Anchieta “O
apostolo do Brasil”, título que vigora até hoje, em todas as referências a
sua pessoa.
Cumprira-se sua previsão, de quando estava enfermo no Rio de
Janeiro, ao ver a aflição dos seus companheiros, tranqüilizando-os de que
não morreria ali: “No Espírito Santo me esperam os meus últimos dias”.
Morreu, pois, Anchieta, aos 63 anos de idade, deixando importante
obra epistolar, já publicada no Brasil, teatral e, quase inédita, sua “Arte da
Gramática da Língua mais usada na costa do Brasil”, escrita em 1595 e
da qual tivera várias cópias, à mão, evidentemente, para atender a
solicitações.
Foi também Anchieta o primeiro professor do Brasil.
Dos doze autos de Anchieta de que se tem conhecimento, oito
foram compostos e representados no Espirito Santo.

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6 - IMIGRANTES
Em 1847, vieram para o Brasil e se instalaram em terraços
banhados pelo rio Jucú, 36 famílias de imigrantes vindos da Prússia
Renena, que formaram a colônia de Santa Isabel, hoje município de
Domingos Martins.
Os pomeranos chegaram ao Espírito Santo de 1829 a 1833,
introduzidos por Mr. Henrici, em cumprimento do contrato celebrado com
o governo em 12 de novembro de 1829, para a tarefa especial de
trabalharem na estrada que ligava Itacibá à Minas Gerais. Depois de
1865, outros grupos alemães deslocaram-se de Santa Leopoldina à
Santa Isabel, instalando-se em Biriricas e Pau Amarelo.
Os suíços, em número de 160, chegaram em 1856, estabelecendo-
se à 8 km ao norte da atual cidade de Santa Leopoldina. Novos
imigrantes, da Alemanha e de Luxemburgo, em número de 222,
chegaram em 1857 ao Espírito Santo, instalando-se em sítios do atual
distrito de Jetibá, em Santa Leopoldina.
Sessenta famílias tirolesas chegaram à 9 de maio de 1875, pelo
navio Rivadavia, ao Rio de Janeiro, destinando-se ao Espírito Santo; aqui
foram distribuídos, em 26 de junho de 1875, lotes aos colonos, nas terras
de Canaã, em Santa Tereza, onde desde 1874 já se instalaram oito
imigrantes italianos, criando o núcleo colonial Conde d’Eu, na localidade
onde se situa hoje o município de Ibiracú.

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