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AS MARCAS DA VERDADEIRA IGREJA

Os padrões da verdade
EBD (03/07/2022) – IPB

Ilustração: “quem aqui já comprou gato por lebre?”


Hoje em dia, devido o desenvolvimento tecnológico, está cada vez mais
fácil ser enganado. A pirataria e os golpes são um mal presente, onde
todos estão expostos. Hoje somos obrigados a verificar o objeto que
queremos comprar e sua procedência, pois o que mais existe é produto
pirata ou propaganda enganosa. Se fazemos isso para coisas supérfluas
como roupas, calçados, etc. porque não fazemos com coisas que possuem
consequências eternas? Hoje vamos falar sobre a necessidade é os
critérios que devemos adotar para saber se uma religião/igreja é, de fato,
verdadeira. Se uma igreja não possui esses critérios, então não é original, é
pirata; não é gato, é lebre.

A.T.: A unidade, a universalidade, a fiel pregação e ministração dos sacramentos


(apostolicidade) e o fiel exercício da disciplina são as marcas da verdadeira igreja
(uma igreja verdadeiramente cristã precisa ter essas marcas)

 OBS.: não queremos aqui comparar denominações cristãs, antes queremos


conhecer essas marcas para, a cada dia, torna-las evidentes em nossa
comunidade.

PROPOSIÇÃO: veremos isso em 3 etapas: 1) estudaremos o texto base para


entendermos sobre o que a verdadeira igreja está fundamentada; 2) veremos a
necessidade de se ter definido as marcas de uma igreja legítima (I. A necessidade das
marcas); e 3) conheceremos as 6 marcas da igreja verdadeira (Unidade; II. A
universalidade; Apostolicidade; Santidade; II. A fiel Pregação do evangelho e dos
Sacramentos e IV. A disciplina).

1 Ler e expor o texto Mt 16.13-20

1.1 Preocupação sobre o entendimento acerca de Cristo (conteúdo) (vv. 13-16)


1.1.1 Perceba que “os de fora” não reconhecem a Cristo. Para estes, Jesus é
apenas mais um1.

1
MACDONALDO, William. Comentário bíblico popular: Novo Testamento. São Paulo: Mundo Cristão,
2011.
1.1.2 As multidões tinham um entendimento superficialmente, nutrindo
expectativas vagas, imaginosas acerca de Cristo2:
1.1.2.1 A Galileia estava rodeada de povos pagãos que exerciam
influência grega
1.1.2.2 A metempsicose3 (transmigração da alma) era defendida
pelos gregos (estavam crendo que Jesus era alguém redivivo)
1.1.2.3 Ainda hoje, o povo crê em um Cristo diferente do revelado
pelas Escrituras
1.1.2.4 Perceba que opiniões abstratas e pessoais acerca da pessoa
de Cristo não são válidas como verdade
1.1.3 Em contraste, os discípulos de Cristo possuem o verdadeiro
entendimento de quem é Jesus.
1.1.3.1 A afirmação aqui (diferente em Marcos e Lucas) testifica a
humanidade (o Messias) e a divindade de Jesus (o Deus
Filho4)5
1.1.4 Deus havia revelado uma verdade a Pedro. Agora Cristo estava
revelando outra: "sobre esta pedra edificarei minha igreja"6
1.1.4.1 Comentaristas interpretam “sobre esta pedra/rocha” como se
referindo à verdade ao qual o apóstolo havia proclamado (v. 18) 7 –
Ef 2.20.
1.1.4.2 A igreja é edificada sob essa verdade (1Co 3.11)
1.1.4.3 Pedro nunca falou de si mesmo como fundamento da Igreja
(At 4.11-12; lPe 2.4-8)8
1.2 A igreja possui uma autoridade e ordem (v. 19)
1.2.1 "Chave" é um emblema de autoridade (Is 22.22; Lc 11.52)9.
1.2.2 As “chaves do Reino” pode se referir a “abrir e fechar as portas do
Reino dos Céus” – Pedro as abriu ao pregar o Evangelho aos judeus e
aos gentios10. Ou seja, essas chaves são o próprio evangelho11
1.2.2.1 Pode sugerir ter a ver com os que professam ser cristãos 12.
Admitir e recusar os que se devem. Ao pregar se abre as
portas para uns e se fecha para outros (2Co 2.15, 16)13
2
LOPES, Hernandes Dias. Mateus: Jesus, o rei dos reis. São Paulo: Hagnos, 2019.
3
Reencarnação
4
MACDONALDO, op. cit.
5
EARLE, Ralph. Comentário Bíblico Beacon: O Evangelho Segundo Mateus. Vol. 6. Rio de Janeiro: CPAD,
2006.
6
LOPES, op. cit.
7
EARLE, op. cit.
8
MACDONALDO, op. cit.
9
WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. Vol. 1. Santo André, SP:
Geográfica editora, 2006.
10
EARLE, op cit.
11
LOPES, op. cit.
12
MACDONALDO, op. cit.
13
HENDRIKSEN, William. Mateus: comentário do Novo Testamento. Vol. 2. São Paulo: Editora Cultura
Cristã, 2001.
1.2.2.2 Portanto se aplica à pregação do evangelho e o exercício da
disciplina14.

1.2.3 O termo “ligar” e “desligar” pode referir-se aos termos técnicos do


veredicto de um mestre da Lei declarando algum ato ou coisa
“ligado” (proibido) ou “desligado” (permitido)15,16,17.
1.2.3.1 Se refere a coisas (conduta) e não diretamente a pessoas18
1.2.3.2 Essa função é de sentido declaratório19.
1.2.3.3 Ao receber, com as "chaves", autoridade a igreja tem poder
de "ligar e desligar", ou seja, dizer qual conduta era digna
ou não dos que estão sujeitos ao Reino20

INTRODUÇÃO (1. A necessidade das marcas)

 O surgimento de heresias
o Preocupação da época (ex.: Commonitorium – Vicente Lérins, em 434
d.C.)
 Primeiras marcas aparecem nos Credos Apostólico e Niceno-
Constantinopolitano (santidade, catolicidade, unidade e apostolicidade) – ler
parágrafos 4 e 5.
 Marcas elencadas após o movimento reformado: a verdadeira pregação da
Palavra e a correta administração dos sacramentos, e o exercício fiel da
disciplina (Confissão Belga e Escocesa) – ler parágrafo 9.
 A partir do séc. XVIII uma nova marca começou a ser enfatizada: a
evangelização21.

14
HENDRIKSEN, op. cit.
15
EARLE, op cit.
16
WIERSBE, op. cit.
17
HENDRIKSEN, op. cit.
18
HENDRIKSEN, op. cit.
19
MACDONALDO, op. cit.
20
TASKER, R. V. G. Mateus: introdução e comentário. São Paulo, SP: Vida Nova, 2006.
21
FERREIRA, Franklin. Teologia Sistemática: uma análise histórica, bíblica, e apologética para o contexto
atual. São Paulo: Vida Nova, 2007.
2 A UNIDADE

2.1 Significa que todas as comunidades, espalhadas no espaço e no tempo, que


servem ao Cristo das Escrituras, são a mesma igreja
2.1.1 Portanto, possuem os mesmos benefícios e privilégios.
2.1.2 Ou seja, todos os que pertencem a igreja formam um só povo22.
2.1.3 A unidade é espiritual e se revela nos sacramentos, na doutrina e no
relacionamento dos irmãos (At 2.42)23.

3 A UNIVERSALIDADE (catolicidade)

3.1 Para o Romanismo: católica por estar espalhada por toda a terra e por
preservar toda a verdade que Deus quis comunicar.
3.2 Para o Protestantismo: significa a totalidade da igreja que abrange todos os
crentes de todos os povos, lugares e épocas (Gn 12.3; Is 2.2; Mt 8.11; Ap
7.9).
3.2.1 O Reino não possui limitação nacional. O Evangelho não se
restringe a uma etnia, uma terra ou uma época24.

4 APOSTOLICIDADE, A FIEL PREGAÇÃO DO EVANGELHO E


MINISTRAÇÃO DOS SACRAMENTOS

4.1 O Romanismo fala em apostolicidade como uma característica prefigurada


em uma sucessão de apóstolos que se estende até os dias atuais.
4.1.1 O Papa seria o legítimo sucessor de Pedro.
4.1.2 Se trata de uma sucessão pessoal e local.
4.2 Essa não pode ser a marca de uma verdadeira igreja:
4.2.1 Esse tipo de sucessão também pode ocorrer com falsos mestres (ex.:
Anás e Caifás - sucedem o sacerdócio de Arão; falsos mestres que
assumem lugares de pastores genuínos).
4.2.2 Também pode ocorrer sem que ocorra uma sucessão doutrinal
(Ambrósio - "não possui a herança de Pedro quem não possui a fé de
Pedro").
4.3 Os reformadores entendiam que a apostolicidade se refere ao legado
doutrinário dos apóstolos (sucessão doutrinária) – Ef 2.20
4.3.1 A sucessão doutrinária é uma marca da igreja verdadeira
compreendida pela fiel pregação do evangelho

22
FERREIRA, Franklin. Teologia Sistemática: uma análise histórica, bíblica, e apologética para o contexto
atual. São Paulo: Vida Nova, 2007.
23
BAVINCK, op. cit.
24
BAVINCK, op. cit.
4.3.2 Em decorrência da fiel pregação há a fiel administração dos
sacramentos
4.3.2.1 Os sacramentos são encenações do evangelho
4.3.3 Devemos lembrar da preocupação de Jesus quanto ao conteúdo de
sua igreja.

5 SANTIDADE

5.1 O povo de Deus, após o arrependimento e justificação, tem seus pecados


perdoados (1Pe 3.21)25.
5.1.1 A disciplina é o meio dado por Deus para preservar essa natureza
santa
5.1.2 Corinto é um exemplo de que falta de disciplina redunda em
decadência moral (1Co 5.1, 2)

6 A DISCIPLINA

6.1 Na teologia reformada, a disciplina consiste na criação de oportunidades de


arrependimento para um retorno à vida cristã saudável.
6.1.1 Na prática se expressa na privação aos sacramentos e, em caso de
relutância, excomunhão.
6.2 O fiel exercício da disciplina é uma marca da igreja verdadeira para os
protestantes
6.2.1 Objetiva o arrependimento e a restauração
6.2.2 Mantém a ordem e fortalece a unidade
6.2.3 Serve de freio aos irmãos indisciplinados
6.2.4 Está ligada ao amor pela igreja - "A disciplina é a maneira pela qual
Deus toca os seus filhos por que ama os seus filhos" (Jonas
Madureira)
6.3 Benefícios da disciplina: 1) não permitir a profanação dos sacramentos; 2)
evitar a corrupção na igreja (1Co 5.6); e 3) que o faltoso se envergonhe e se
arrependa.
6.3.1 É percebida na harmonia entre a Verdade confessada e a conduta
dos membros.
6.4 Bases bíblicas para a disciplina: Mt 18.15-17; 16.19.

CONCLUSÃO

 Não vamos “comprar gato por lebre”: devido o fácil acesso à informação,
somos facilmente expostos à e falsas igrejas.

25
BAVINCK, op. cit.
o A Palavra é corretamente pregada? – como vimos os discípulos de Cristo
proclamam a verdade sobre Jesus
o Os sacramentos são ministrados de forma pura?
o A Verdade é confessada em harmonia com a conduta das pessoas? –
como resultado da disciplina
 Essas marcas nos servem de orientação (desde o séc XVI)
o Principalmente para a nossa comunidade

APLICAÇÃO

 E nossa igreja? Ela apresenta essas marcas de modo nítido ou deficiente?

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