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(iv) direitos fundamentais à participação, em igualdade de chances, em

processos de formação da opinião e da vontade, em que os civis exercitam sua autonomia


política, por meio dos quais criam o direito legítimo;

(v) direitos fundamentais a condições de vida garantidas social e


economicamente, na medida de necessidade de aproveitamento dos direitos elencados de (i) a
(iv)32.

Em meio à classificação proposta, HABERMAS aduz que os três primeiros


conjuntos de direitos seriam relacionados à garantia de uma autonomia privada, ao passo que
os direitos (iv) e (v) sintetizariam a possibilidade de exercício de uma autonomia pública.

Categorizando os direitos fundamentais como verdadeiros direitos de


participação, a liberdade de expressão – em especial, do ponto de vista do emissor da
mensagem – poderia ser enquadrada no item (iv), caso em que a democracia serviria de
sustentáculo na promoção de uma igualdade subjetiva e objetiva no processo de formação de
expressão de opiniões.

O modelo deliberativo procedimental de HABERMAS, erigido na sua tese


de fundamentação dos direitos fundamentais a partir de uma ética do discurso, e decorrente de
um princípio de universalização, no intuito de legitimar a prática discursiva e a norma33, em
muito se aproxima do embasamento da concepção de ALEXY e sua “teoria da
argumentação”34. Denota, em linhas gerais, a complexidade em se alcançar uma
fundamentação para os direitos fundamentais, problema que ainda se encontra aceso doutrina
jurídica moderna35.

32
HABERMAS, Jürgen. Direito e Democracia. Entre facticidade e validade. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,
1997, Volume I, pp. 159 – 160.
33
NASCIMENTO, Rogério Soares do. A Ética do Discurso como Justificação dos Direitos Fundamentais na
Obra de Jürgen Habermas. Op. cit., p. 495.
34
ALEXY, Robert. Teoria da Argumentação Jurídica: A Teoria do Discurso Racional como Teoria da
Justificação Jurídica. São Paulo: Landy Editora, 2001. V., do mesmo autor, Derecho y Razón Prática. BEFDP,
México, 2002, pp. 20-24.
35
Cabe, nesse passo, registrar, outra distinta teoria dos direitos fundamentais, de autoria de ERNST-
WOLFGANG BÖCKENFÖRDE, que pode ser resumida a cinco categorias. Em primeiro lugar, mediante uma
denominada teoria denominada liberal ou do “Estado de Direito Burguês”, os direitos fundamentais seriam
concebidos como direitos de liberdade do indivíduo perante o Estado, se estabelecendo para assegurar, frente à

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