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Objectivos

Tendo em conta a relevância que tem o assunto e o valor que demos


as investigações feitas onde procurando sempre a verdade através de
evidências claras e justas, e fontes reais e fidedignas, apresentamos este
manual com a intenção objectiva de informar dando a conhecer a realidade
de tudo acerca da engenharia do ambiente.
Indo ao fundo com as nossas afirmações e esmiuçando o assunto
para que os interessados se encontrem dentro do mesmo, e desse modo
possam entender a sua significância.
Portanto direccionamos o presente trabalho aos estudantes de todos
os cursos, pesquisadores ambientais, sociedade civil e em geral a todos que
se interessem por esta parte da engenharia que envolve o meio ambiente,
sem se esquecer que o meio ambiente envolve todos nós e que precisamos
dele para viver.

2
INTRODUÇÃO

As actividades do ser humano, geralmente, provocam impactos


negativos sobre os Ecossistemas. Como consequências das alterações,
podem ocorrer danos à flora e a fauna, desequilíbrios ecológicos, prejuízos
às actividades sociais, económicas e culturais modificando o regime
hidrológico, alterações climáticas entre outros.
Ao final da década de 60, nos países industrializados, e também em
alguns países em desenvolvimento, o crescimento da conscientização do
público quanto à rápida degradação ambiental e aos problemas sociais
decorrentes levou as comunidades a demandar uma qualidade ambi ental
melhor e a exigir que os factores ambientais fossem expressamente
considerados pelos governos ao aprovarem programas de investimento e
projectos de grande porte. Catástrofes ecológicas como marés negras,
acidentes nucleares, inundações , diminuição da biodiversidade,
desertificação, efeito estufa, etc., as conferências de Estocolmo em 1972, a
do rio de Janeiro em 1992, a convenção de Viena em 1985, o protocolo de
Montreal em 1987, o protocolo de Quioto em 1997, o protocolo de
Annapolis e a Conferência promovida pela ONU em Bali quanto as
mudanças climáticas foram os grandes acontecimentos que promoveram
uma nova forma de encarar as questões ambientais. A engenharia ambiental
surgiu para mitigar esses impactos negativos, visto que ela tem como plano
de acção aplicar conhecimentos científicos e certas habilidades específicas
a criação de estruturas, dispositivos e processos que se utilizam para
converter recursos naturais em formas adequadas ao atendimento das
necessidades humanas. Neste trabalho será apresentado temas que servirá
de apoio para os estudantes desta disciplina e não só.

3
s Definição do perfil profissional do Engenheiro
do Ambiente.

O Engenheiro Ambiental é um profissional moderno que adquire


formação para promover o desenvolvimento em harmonia com o ambiente,
criando intercâmbio com os outros ramos do saber como: Engenharia Civil,
Agronomia, Geologia e outras.
O Engenheiro Ambiental tem por função resolver problemas
concretos de prevenção e remediação (a ctividade correctiva) diante das
acções antrópicas mediante aplicações da tecnologia disponível, pontual e
localmente apropriada. De modo geral, tanto no âmbito público como
privado, sua actuação deve atender aos obje ctivos da Política Nacional e do
Meio Ambiente. Além disso, deve também atender às preocupações
ambientais mais amplas, consideradas em tratados internacionais como
exigências relativas ao clima da Terra, entre outros. Uma das aptidões que
devem ser desenvolvidas pelo engenheiro ambiental é a avaliação da
duração, magnitude e reversibilidade das alterações causadas pela
actividade humana no meio ambiente, independentemente de sua natureza
adversa ou benéfica.

s.s Áreas de Actuação do Engenheiro do Ambiente.

Algumas das áreas de actuação do engenheiro ambie ntal são:

ùc Análise de riscos ambientais


ùc Auditorias e diagnósticos ambientais
ùc Avaliação de impactos ambientais
ùc Contabilidade ambiental

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ùc Controle de qualidade ambiental - sistemas de
monitoramento e vigilância
ùc Detecção remota aplicada a ambiente e ordenam ento do
território
ùc Eco design e análise do ciclo de vida
ùc Educação e sensibilização ambiental
ùc Geologia Ambiental
ùc Gestão ambiental
ùc Gestão de recursos naturais e conservação da natureza
(Meio Urbano, Rural e Costeiro)
ùc Gestão de resíduos sólidos
ùc 'icenciamento Ambiental
ùc Modelagem ambiental
ùc Ordenamento do território (uso do solo), planeamento
regional e urbano
ùc Planeamento energético e energias renováveis
ùc Poluição da água, poluição atmosférica, poluição do
solo e ruído
ùc Redes de saneamento, (tratamento de água e de
efluentes)
ùc Emissários submarinos e sub-fluviais
ùc >idrologia e hidrogeologia
ùc Remediação de Áreas Degradadas
ùc Regulamentação e normalização ambiental
ùc Ueguros e ambiente
ùc Uistemas de informação ambiental
ùc Tecnologia/Produção limpa
ùc Tratamento de águas residuais e de abastecimento

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ùc Redução e controle das emissões de material particulado
(poluição atmosférica)

Y. Como Efectuar Auditorias e diagnósticos


Ambientais.

A Auditoria Ambiental - AA é um instrumento de gestão ambiental


de origem relativamente recente. Foi formulada e difundida pelos Estados
Unidos da América - EUA, no final da década de 70, a partir da iniciativa
de empresas privadas. Na década de 80, houve a sua disseminação .
Nesse período, o principal interesse das empresas na utilização das
AAs residia no temor das acções judiciais e da demanda das autoridades
ambientais. Actualmente, a AA é vista pelas organizações como um
instrumento útil na identificação e redução das suas responsabilidades por
danos ambientais (T>OMPUON e WI'UON, 1994).
O que se busca com a auditoria é oferecer uma resposta sobre a
˜  ambiental da empresa, não apenas aos órgãos governamentais
ou à sua administração, mas, principalmente, à sociedade civil, em geral, e
aos consumidores de bens e serviços, em particular, que transmitem ao
mercado a valorização de processos, artigos e actividades que respeitam o
meio ambiente.
A auditoria ambiental, de acordo com a União Europeia, é ³ 
  
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O contexto apresentado até aqui se refere às AAs voluntárias, onde
o escopo da auditoria é definido entre o empreendedor e o auditor,
atendendo também às determinações contidas na norma IUO 140101, que
estabelece as directrizes e os princípios gerais da AA.
Considerando que o órgão de meio ambiente é quem emitirá o
parecer final sobre as auditorias, acredita -se que será de extrema
importância que os procedimentos a serem adoptados na execução e na
avaliação dessas AAs sejam os mais homogéneos possíveis, de forma a
facilitar o processo de análise, auxiliar o poder público na formulação de
políticas a partir dos resultados de AAs obtidos a médio e longo prazo - e
avaliar riscos e potencialidades da AA enquanto instrumento da gestão
ambiental.
Outros aspectos a serem considerados são aqueles relacionados ao
subjectivismo da análise, uma vez que não existe padronização dos
procedimentos, ficando a critério de cada auditor a ap rovação ou
reprovação de uma auditoria. Em realidade, o processo de auditoria
ambiental actualmente em curso é de participação restrita, sendo conduzido
pelo reduzido grupo de auditores ambientais Os órgãos de meio ambiente
não têm, actualmente, conhecimento de como proceder para assumir mais
esta responsabilidade, o que gera, dessa forma, atitudes de dúvida e de
receio quanto à eficiência do novo instrumento.
Nesse contexto, acredita-se que a formulação de uma metodologia -
padrão para realização e avaliação de AAs obrigatórias poderá ser de
utilidade para a acção dos órgãos ambientais, bem como poderá contribuir
para o estabelecimento de dire ctrizes básicas para a execução das AAs por
parte das empresas auditadas.

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Y.s Metodologias utilizadas na Auditoria Ambiental

As auditorias ambientais têm sido sempre utilizadas de diferentes


formas pelas organizações.
Esses podem se limitar a verificar o cumprimento das legislações,
regulamentos e políticas da empresa. Entretanto, é crescente o número de
empresas que auditam os seus processos de segurança e higiene industrial,
medicina ocupacional e os aspectos relacionados à segurança dos seus
produtos. De maneira geral, as AAs observam os ³

 
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Poderá atender a objectivos e clientes distintos, ³     ˜
  
       
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(BARATA, 1995).
Em realidade, cada programa de auditoria ³     ˜ 
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´ (GREENO, 1987).
As metodologias mais utilizadas são a do tipo convencional e a
pontuada. Na metodologia convencional, a AA é realizada em três etapas:
actividade de pré-auditoria, actividade de campo e pós-auditoria.
Na fase de pré-auditoria, é onde acontece o plane amento do processo
e a definição do escopo da auditoria e da equipe de auditores. O escopo da
AA ³ 
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´ (NBR IUO 14010, 1996). Nessa fase, utiliza-sequestionário
para colecta de informações da empresa.

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A segunda etapa tem como resultado o relatório com as conclusões
da auditoria. Para tanto, são realizadas reuniões, entrevistas, visitas a
campo, avaliação dos controles ambient ais utilizados pela empresa,
verificação das informações contidas no questionário e outras actividades
que se mostrem necessárias para a realização do processo de AA.
Com relação ao relatório, este só será finalizado após sofrer
comentários e revisões pela empresa auditada. Como actividades de pós-
auditoria, há o estabelecimento de um plano de a cção, utilizando-se as
constatações da AA, com cronograma de execução e definição das
responsabilidades para o cumprimento do mesmo. Nessa fase, é também
realizado um acompanhamento do cumprimento do cronograma.
Na metodologia pontuada, a medição do desempenho ambiental da
empresa é realizada a partir da pontuação para cada elemento da auditoria.
Dessa forma, apresenta como resultado um valor numérico que pode ser
qualificado como bom, regular ou insatisfatório.
Nesse caso, apesar de existir uma nota e um peso associados a cada
elemento de auditoria, não existe a definição detalhada do que deve ser
observado para cada nota. No caso dos pesos, esses são definidos por cada
grupo de auditores, de acordo com as suas preferências. Assim sendo, é
possível que o resultado de uma auditoria se apresente bastante diverso do
resultado de uma outra auditoria, realizada por auditores distintos.

Em atendimento à metodologia traça da para o desenvolvimento deste


trabalho, foi realizado um levantamento bibliográfico preliminar e
levantadas informações a partir da leitura crítica de relatórios de AAs, com
o objectivo de verificar como as auditorias vêm sendo desenvolvidas
actualmente.
A partir das informações colectadas, foi formulado um teste inicial
para avaliação das metodologias propostas (E'ECTRE III e ME-MCDM).

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Promoveu-se a definição de 10 (dez) critérios, a partir das
informações colectadas nas auditorias avaliadas, os quais, p or hipótese,
foram ponderados em sete níveis: nulo, muito inoportuno, inoportuno,
médio, oportuno, muito oportuno e perfeito. Esses pesos correspondem a
valores que variam de 1 a 7, para o método E'ECTRE III e, na escala de
U1 a U7, para o método MEMCDM.
Considerou-se, como hipótese simplificadora, que as avaliações, sob
cada um dos critérios, seriam também expressas em valores que variam de
0 a 6, para o método E'ECTRE III, e, na escala de U1 a U7, para o método
ME-MCDM:
1.Cumprimento da legislação ambiental
2.Controle de poluição e/ou de degradação ao meio ambiente
3.Avaliação das acções preventivas   acções correctivas
4.Forma de utilização matéria -prima, insumos e energia
5.Nível de controlo do processo industrial
6.Relacionamento com a soci edade civil e poder público
7.Programas de monitoramento
8.Plano de descondicionamento
9.Plano de emergência
10.Ações relativas à saúde do trabalhador

A avaliação de cada critério será realizada de duas maneiras:


directamente por uma avaliação do auditor, que classificará o critério em
valores que variam de 1 a 7, de acordo com a ˜  da empresa sob
aquele critério; ou através da utilização de 6 (seis) perguntas com respostas
do tipo sim, valendo um ponto, e não, valendo zero, para um outro critério
em questão.

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3 cComo efectuar a avaliação dos Impactos
Ambientais.

A expressão "environmental impact assessment ( ElA) ", traduzida


para o português como avaliação de impacto ambienta1 (AIA), é de origem
europeia e surgiu na década de 70, passando a ser usada universalmente
para designar todo o processo.

O uso daAIA generalizou-se rapidamente, não só dentro dos Estados


Unidos da América, como também nos países desenvolvidos e, pouco mais
tarde, em alguns países em desenvolvimento. As peculiaridades jurídicas e
institucionais de cada país determinaram o momento, a forma e a
abrangência de sua adopção.

A partir de 1975, alguns organismos internacionais iniciaram gestões


para introduzir a AIA em seus programas. A Organização para Cooperação
Económica e Desenvolvimento (Organization for Economic Cooperation
and Development - OECD) e a Comissão da Comunidade Europeia
(European Community Comission - EEC), bem como os órgãos sectoriais
da Organização das Nações Unidas, passaram a considerar a AIA para a
solução de problemas gerados por propostas cujos impactos ambientais
venham a afectar outros países além dos responsáveis por sua promoção.
Os grandes agentes financeiros internacionais adoptaram o mesmo
procedimento, como forma de responder a pressões da comunidade
científica mundial e dos cidadãos dos paí ses desenvolvidos, que passaram a
se sentir responsáveis pelos problemas ambientais dos países em via de
desenvolvimento, resultantes muitas vezes de projectos multinacionais ou

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Um impacto ambienta1 é sempre consequência de uma a cção.
Porem, nem todas as consequências de uma a cção do homem merecem ser
consideradas como impactos ambientais. Os fa ctores que levam a qualificar
um efeito ambiental como significativo são subjectivos, envolvendo
escolhas de natureza técnica, po1ítica ou social. Mais uma vez, a noção de
meio ambiente é fundamental para o entendimento e a aplicação do
conceito de impacto ambiental. De acordo com a legislação, as opções
políticas, os interesses dos grupos sociais, ou mesmo a competência
técnica, devem-se definir os componentes, factores e parâmetros
ambientais considerados relevantes.

Os impactos ambientais possuem dois atributos principais: a


magnitude e a importância. A magnitude é a grandeza de um impacto em
termos absolutos, podendo ser definida como a medida da alteração no
valor de um factor ou parâmetro ambiental, em termos quantitativos ou
qualitativos. Para o cálculo da magnitude, de vem-se considerar o grau de
intensidade, a periodicidade e a amplitude temporal do impacto, conforme
o caso. A importância é a ponderação do grau de significação de um
impacto em relação ao factor ambiental afe ctado e a outros impactos. Pode
ocorrer que um certo impacto, embora de magnitude elevada, não seja
importante quando comparado com outros, no contexto de uma dada AIA.

Uma acção pode vir a causar inúmeros impactos, muitas vezes


estreitamente interligados, fazendo com que seja importante ter em mente
suas diversas características.

a) - Características de valor:
Impacto positivo, ou benéfico - quando uma acção resulta na

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melhoria da qualidade de um fa ctor ou parâmetro ambiental;

Impacto negativo, ou adverso ± quando a acção resulta em um


dano à qua1idade de um fa ctor ou parâmetro ambienta1.

b) - Características de ordem:

Impacto directo - quando resulta de uma simples relação de


causa e efeito; também chamado impacto primário ou de primeira ordem;

Impacto indirecto - quando é uma reacção secundária em


relação à acção, ou quando é parte de uma cadeia de rea cções; também
chamado impacto secundário, ou de enésima ordem (segunda, terceira,
etc.), de acordo com sua situação na cadeia de rea cções.

c) - Características espaciais:

Impacto local - quando a acção afecta apenas o próprio sítio e


suas imediações;

Impacto regional - quando um efeito se propaga por uma área


além das imediações do sitio onde se dá a a cção;

Impacto estratégico - quando é afectado um componente


ambiental de importância cole ctiva ou nacional.

d) - Características temporais ou dinâmicas:

Impacto imediato - quando o efeito surge no instante em que se

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dá a acção;

Impacto a médio ou longo prazo - quando o efeito se manifesta


depois de decorrido um certo tempo após a a cção;

Impacto temporário - quando o efeito permanece por um tempo


determinado, após a execução da a cção;

Impacto permanente - quando, uma vez executad a a acção, os


efeitos não cessam de se manifestar, num horizonte temporal conhecido.

Os impactos ambientais podem ser caracterizados ainda por sua


reversibilidade, de acordo com a possibilidade de o fa ctor ambiental
afectado retornar às suas condições originais. Entre os impactos totalmente
irreversíveis e os reversíveis existem infinitas gradações. A reversão de um
factor ambiental às suas condições anteriores pode ocorrer naturalmente ou
como resultado de uma inter venção do homem.

As propriedades cumulativas e sinérgicas de algumas substâncias


químicas levaram a que alguns autores incluíssem, entre as principais
características dos impactos, a avaliação dos efeitos cumulativos e
sinérgicos (ou sinergísticos).

A distribuição social dos impactos é outra característica a ser tomada


em conta, uma vez que os impactos benéficos e adversos nunca são
igualmente sentidos pelos diversos grupos sociais.

A AIA pode ser aplicada a diversos tipos de acção: projectos


individuais, como por exemplo uma unidade in dustrial, uma rodovia, uma

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lavra de minério ou uma estação de tratamento de esgotos sanitários; planos
de desenvolvimento, como um novo distrito industrial, o aproveitamento
turístico de uma área costeira ou um plano de renovação urbana; políticas
ou programas mais amplos, como uma proposta legislativa para regular o
uso de agro tóxicos, um programa de desen volvimento de alternativas
energéticas ou um programa de desenvolvimento económico regional.

A AIA deve ser encarada como um subsídio à tomada de deci são.


Portanto, os resultados devem ser apresentados em linguagem corrente,
compreensível para o público em geral, a imprensa e os políticos, para os
grupos sociais afectados pela acção proposta e para as autoridades
administrativas envolvidas e encarrega das da decisão.

3.s.3 Actividades dos estudos de AIA

Os estudos de AIA devem desenvolver um conjunto de a ctividades,


aqui descritas em uma certa ordem apenas para efeito de apresentação, não
implicando que se realizem, necessariamente, umas após as ou tras. De fato,
algumas são interdependentes e outras se processam ao longo de todo o
estudo, podendo ser aperfeiçoadas à medida que os trabalhos se
desenvolvem.

a)c Diagnóstico ambiental da área de influência (7)

A primeira actividade ou tarefa de um estudo de AIA é a realização


de um diagnóstico ambiental da área a ser afe ctada pela proposta, o que
significa conhecer os componentes ambientais e suas intera cções,
caracterizando assim a situação ambiental dessa área, antes da implantação
do projecto. Os resultados desta actividade servirão de base à execução das

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demais.

A primeira questão a surgir é o problema de disponibilidade e


organização dos dados necessários: informações cartográficas a ctualizadas
e em escalas adequadas, dados referentes aos componentes físicos e
biológicos do meio ambiente, dados económicos e sociais das populações
locais. Nem sempre existem todos esses dados, o que exige, muitas vezes,
trabalhos de campo para complementação. Mesmo os existentes
podem se encontrar dispersos por instituições diferentes e, em geral,
foram colectados e armazenados de acordo com os obje ctivos específicos
dessas instituições. Em alguns países, os órgãos públicos de controlo
ambiental organizam e mantêm bancos de dados a ctualizados para orientar
suas actividades técnicas e políticas, o que facilita a execução de estudos
consistentes de AIA. Dentro do universo de dados e informações
existentes, devem ser seleccionados aqueles que serão efectivamente
utilizados nos estudos. Uão recomendáveis estudos de co nsistência e análise
estatística, podendo as deficiências de dados serem com pensadas por
comparação com sistemas ambientais semelhantes.

Alguns componentes ambientais podem ser descritos através de


dados numéricos mais ou menos precisos, enquanto outros só podem ser
expressos por dados qualitativos de natureza subjectiva. Isto faz com que a
realização dos estudos de diagnóstico ambiental apresente dificuldades
relativas à determinação das inte racções desses componentes. Além da
dinâmica dos sistemas ambientais, os estudos devem contemplar também
os problemas de variação cíclica de certos fa ctores.

Não existem listas de componentes, factores e parâmetros ambientais


que possam servir para orientar todos e quaisquer estudos de AIA. Os

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profissionais encarregados de sua execução devem desenvolver uma
listagem apropriada ao estudo que realizam, podendo ser orientados por
instruções específicas a certo tipo de proje cto, estabelecidas nas normas
legais ou fornecidas pela autoridade que determinou a execução de A IA.
Na ausência dessas instruções, o pré-conhecimento dos impactos potenciais
da proposta, outros estudos semelhantes e os métodos corren tes de AIA
podem auxiliar a elaboração da listagem dos itens a serem considerados.

b)c - Identificação dos impactos

A partir do conhecimento da proposta, suas alternativas, e do


diagnóstico ambiental da área afe ctada, desenvolve-se a actividade
seguinte, que consiste na identificação dos impactos que serão obje cto de
pesquisas mais detalhadas. A identificação dos impactos, de maneira geral,
é tarefa complexa, por causa da enorme variedade de impactos que podem
vir a ser gerados, pelos inúmeros tipos de projecto e acções
correspondentes, em diferentes sistemas ambientais. Estudos de AIA de
projectos semelhantes e os métodos de AIA publicados podem orientar a
execução desta tarefa.

A identificação de impactos não deve se limitar à fase inicial dos


estudos, de modo a aproveitar as informações e os dados que se tornem
disponíveis ao longo dos estudos, tanto sobre o proje cto quanto sobre o
meio ambiente.

Nas primeiras avaliações de impacto ambiental realizadas, a


tendência era identificar todos os impactos que porventura pudessem
ocorrer e proceder a estudos detalhados de medição e valoração. Muitas
vezes aconteceu que, após os estudos, muitos dos impactos pesquisados

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foram considerados de pouca importância científica ou mesmo irrelevantes
para os grupos sociais afectados, o que, juntamente com a necessidade de
se economizarem recursos financeiros e tempo, reduzindo os prazos de
aprovação dos projectos e aprimorando a eficiência da avaliação, fez com
que se passasse a proceder a uma selecção prévia dos impactos a serem
objecto de estudos posteriores, chamada definição do escopo. A definição
do escopo consiste, portanto, em discussões destinadas a seleccionar,
dentre os prováveis impactos de uma proposta, aqueles que são importantes
o bastante para merecer estudos mais detalhados. Quanto maior o número
de representantes dos sectores envolvidos com o processo de AIA (técnicos
especialistas, órgãos públicos encarregados da análise e aprovação dos
estudos e da tomada de decisão, associações comunitárias interessadas no
projecto) maior a possibilidade de os resultados dos estudos serem
representativos e validados por esses sectores.

c)c - Previsão e medição dos impactos

Trata-se de prever as características e prognosticar a magnitude dos


impactos anteriormente identificados. Quanto mais amplamente forem
consideradas as características dos impactos mencionadas no item 2.3 deste
trabalho, mais completos e consistentes os resultados dos estudos de AIA.

A magnitude pode ser expressa em termos quantitativos, através de


valores numéricos que representem a alteração a ser produzida pela a cção
num determinado parâmetro ou factor ambiental, ou em termos
qualitativos, expressando a provável variação de qualidade a ser observada
no factor ambiental afectado. Algumas vezes, pode ser definida por uma
combinação de valores quantitativos e qualitativos.

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Para a previsão e medição dos impactos nos comp onentes físicos do
meio ambiente, existem inúmeras abordagens científicas que utilizam
técnicas há muito conhecidas, como os modelos matemáticos analíticos, os
modelos físicos em escala reduzida, as análises probabilísticas, etc.
Também há técnicas espec íficas para o cálculo dos impactos no meio
biológico, tais como métodos para a quantifi cação das perturbações nas
cadeias alimentares, da redução do nú mero de indivíduos em determinadas
espécies, das perdas de produtividade, etc. Os efeitos directos da proposta
sobre os factores sociais, económicos e culturais, bem como os efeitos
causados na comunidade humana pelos demais impactos da propos ta
podemser estimados quer pelo uso das técnicas tradicionais, quer pelo uso
de outras recentemente desenvolvidas para esse fim; em especial, para os
impactos económicos, utilizam-se as técnicas tradicionais de análise de
projecto.

d)c - Interpretação e valoração dos impactos

'igada à definição da importância dos impactos, esta a ctividade


consiste em duas operações distintas. A primeira, chamada interpretação
dos impactos, dedica-se a estabelecer a importância de cada um dos
impactos em relação aos factores ambientais afectados, o que,
naturalmente, vai depender do proje cto que se analisa e de sua localização.
A segunda, denominada valoração dos impactos, refere -se à determinação
da importância relativa de cada impacto, quando comparado aos demais;
esta operação oferece certo grau de comp1exidade, na medida em que se
propõe a comparar valores expressos em unidades dife rentes. Para isto, al-
guns métodos de AIA procedem à normalização desses valores, outros
comparam-nos a índices de qualidade ambiental ou estabelecem escalas
verbais ou numéricas que reflictam a ordem de importância entre os

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impactos.

A importância de um impacto significa sua resposta social, isto é, o


quanto é importante esse impacto para a qualidade de vida do grupo social
afectado e para os demais, e depende de um julgamento de valor. O grau de
importância determinado pelos técnicos que executam os estudos será
certamente diferente dos atribuídos pelos decisores e pelos representantes
da comunidade. Daí a necessidade de se criarem condições para o
envolvimento, nesta actividade, de todos os participantes do processo de
AIA, em especial, dos grupos sociais afectados pelo projecto. Existem
inúmeros métodos que permitem o envolvimento do pú blico nas tarefas
destinadas a definir graus de importância dos impactos confiáveis e
representativos, evitando-se assim que os estudos apresentem resultados
insatisfatórios para um ou outro actor do processo de AIA.

e)c - Definição das medidas mitigadoras e do


programa de monitoragem dos Impactos

As medidas mitigadoras são aquelas destinadas a corrigir impactos


negativos ou a reduzir sua magnitude. Identificados esses impactos, devem-
se pesquisar quais os mecanismos capazes de cumprir esta função,
avaliando-se sua eficiência. Os equipamentos para tratamento de despejos e
emissões para a atmosfera incluem-se no elenco das medidas mitigadoras
conhecidas para a correcção das diversas formas de degradação ambiental.
Existe, na literatura especializada, uma vasta ga ma de medidas mitigadoras
já utilizadas, o que pode auxiliar a execução desta a ctividade.

O programa de monitoragem dos impactos deve ser estabelecido


ainda durante os estudos de AIA, de modo que se possam comparar,

21
durante a implantação e operação da proposta, os impactos previstos com
os que efectivamente vierem a ocor rer. A monitoragem dos impactos é
actividade onerosa e difícil, requerendo medi ções prévias dos parâmetros
que vão ser considerados, razão pela qual, na maioria das vezes, não é
levada a efeito. Entretanto, deve ser realizada sempre que possível, para
verificar a aplicação e a eficiência das medidas mitigadoras, assegurar que
os padrões de qualidade ambiental não sejam ultrapassados, detectar
impactos não previstos a tempo de corrigi-los e, também, contribuir para o
aperfeiçoamento técnico dos métodos de AIA e das técnicas de previsão e
medição dos impactos, no sentido de melhorar o grau de precis ão dos
estudos futuros.

f)c - Comunicação dos resultados

Os resultados da avaliação dos impactos e suas interacções, para as


diversas a1ternativas estudadas, necessitam ser apresentados de forma
objectiva e adequada à sua compreensão por parte dos participan tes do
processo de AIA. As informações técnicas devem ser traduzidas em
linguagem acessível, de modoque todos os sectores envolvidos na decisão
sejam capazes de entender as vantagens e des vantagens da proposta e todas
as implicações referentes à sua implementação. As informações devem ser
apresentadas, sempre que possível através de mapas, gráficos e diagramas.

3.s.4 Métodos de avaliação de impacto ambiental

Após a instituição dos primeiros processos de AIA, começaram a ser


desenvolvidos métodos que atendessem aos requisitos exigidos para a
execução dos estudos, utilizando algumas vezes técnicas correntes de

22
outras áreas de conhecimento. A maioria dos autores, desde o início, tratou
de distinguir os métodos de AIA das técnicas de previsão de impacto.

Métodos de AIA são mecanismos estruturados para cole ctar,


analisar, comparar e organizar informações e dados sobre os impactos
ambientais de uma proposta, incluindo os meios para a apresentação escrita
e visual dessas informações. As técnicas de previsão de impacto, também
chamadas técnicas de AIA, são métodos formais pré -definidos, usados para
medir as condições futuras dos factores e parâmetros ambientais
específicos, por exemplo, os modelos matemáticos analíticos, de dispersão
de poluentes, os modelos físicos em escala reduzida, as análises estatísticas
de séries temporais, os cálculos de balanço de massa, as técnicas de
avaliação de paisagem etc. (13)

Não existe método algum que possa ser adoptado para a avaliação de
impacto de qualquer tipo de proposta ou que sirva para todas as fases de
um estudo. A escolha de um deles, alem de atender aos requisitos e normas
legais estabelecidos para a execução dos estudos, e função do tempo e dos
recursos técnicos e financeiros disponíveis e, em alguns casos, dos dados
existentes. Entretanto, é importante conhecer os métodos de AIA que se
têm criado, na medida em que seus princípios básicos podem ser utilizados
ou adaptados às condições peculiares de cada problema.

Os métodos de AIA empregam uma ou outra forma de classificação


dos elementos e factores ambientais. Essa classificação, bem como a
escolha das variáveis relevantes e dos indicadores de impacto, devem se
conformar às peculiaridades dos sistemas ambientais afectados e aos
impactos potenciais do projecto. Indicadores de impacto são os elementos
ou parâmetros de uma variável que provêm à medida da magnitude de um

23
impacto ambiental. Podem ser quantitativos quando repr esentados por uma
escala numérica, ou qualitativos quando classificados simplesmente em
categorias ou níveis.

As tentativas iniciais de sistematizar a análise dos impactos


ambientais levaram à criação do primeiro tipo básico de método de AIA,
denominado listagem de controlo (³checklist" em inglês). As primeiras
listagens de controlo apenas enumeravam os factores ambientais e os
respectivos indicadores de impacto. A medida em que se aperfeiçoaram,
surgiram listagens descritivas ou em forma de questionário , com
informações sobre as técnicas de previsão de impacto que po deriam ser
utilizadas. Criaram-se ainda listagens de controlo que associavam aos
factores ambientais escalas de valor e índices de ponderação da
importância dos impactos. Encontram-se também, na literatura técnica,
listagens de controlo elaboradas para certos tipos de projecto ou próprias a
determinados sistemas ambientais. Considerado essencial para o primeiro
passo dos estudos de AIA, esse tipo de método não atende às demais
actividades, principalmente por não considerar as relações de causa e efeito
entre as acções e os factores ambientais.

Para suprir esta deficiência, foram desenvolvidas as matrizes de


interacção: Dispondo as diversas acções referentes à proposta e os factores
ambientais, ao longo de seus eixos horizontal e vertical, as quadriculas
definidas pela intercessão das linhas e colunas da matriz representam os
impactos de cada acção sobre cada factor ambiental. Assim, pode-se
identificar o conjunto de impactos gerados pela prop osta, destacando-se os
múltiplos efeitos de uma dada acção e a soma das causas que se combinam
para afectar um determinado factor ambiental. As matrizes de interacção
funcionam como listagens de controlo bidimensionais, e servem, antes de

24
tudo, para identificar os impactos. Têm sido muito divulgadas,
notadamente a Matriz de 'eopold que permite atribuir, além da magnitude,
o grau de importância dos impactos.

As formas iniciais da matriz de interacção desdobraram-se em outras


mais avançadas. Cruzando-se os mesmos factores ambientais, cria-se nova
matriz que permite verificar as dependências dire ctas entre eles.
Adoptando-se escalas apropriadas, podem-se introduzir variáveis temporais
ou graus de intensidade dos efeitos. Outros métodos utilizam técnicas de
operação de matrizes ou cores para destacar a importância dos impactos. A
aplicação deste tipo de método limita -se à fase de identificação dos efeitos
directos, não favorecendo a pesquisa dos impactos secundários e de suas
interacções, nem levando em conta os aspectos dinâmicos dos sistemas
ambientais.

A busca de meios para analisar os impactos secundários resultou na


criação das redes de interacção ("networks" em inglês, ³graphes d'effets"
em francês), que estabelecem a sequência dos impactos desencadeados por
uma acção, através de gráficos ou diagramas, permitindo retraçar, a partir
de um impacto, o conjunto de a cções que o causaram dire cta e
indirectamente. A primeira rede de interacção foi elaborada por Uorensen
(1974), aplicada à resolução de conflitos de uso e controle de degradação
ambiental em uma zona costeira. Paralelamente, utilizando o conceito de
fluxo de energia em ecossistemas estudados por Odum, desenvolveu -se um
outro tipo de rede de interacção que mostra os efeitos de acções externas
nos fluxos energéticos de um sistema ambiental, denominado diagrama de
sistema. As redes de interacção, identificando as cadeias de impacto, são
hábeis para a detecção de medidas mitigadoras, principalmente no que se
refere a impactos em ecossistemas naturais. Entretanto, serve apenas para a

25
identificação de impactos adversos, sendo ainda difícil sua associação a
critérios de importância.

Outro tipo de método, originalmen te criado para estudos de


planeamento urbano e regional, mas muito usado em A IA, e a superposição
de cartas ("overlay mapping" em inglês, ³superposition cartographique" em
francês). Perfeitamente adaptável a diagnóstico e análise ambiental,
consiste na confecção de uma série de cartas temáticas, uma para cada
factor ambiental, onde se representam os dados organizados em categorias.
Essas cartas são super postas para produzir a síntese da situação ambiental
de uma área geográfica, podendo ser elaboradas de acordo com os
conceitos de fragilidade ou potencialidade dos recursos ambient ais, se-
gundo se desejem obter cartas de restrição ou aptidão de uso. As cartas
temáticas podem ser processadas em computador, caso o número de
factores ambientais considerados assim o determine. A superposição de
cartas é útil para os estudos que envolvem alternativas de localização,
conflitos de uso e outras questões de dimensão espacial, tendo sido muito
utilizada para a AIA de projectos lineares, como estrada de rodagem,
ductos e linhas de transmissão. Embora favoreça a representação visual,
esse tipo de método omite os impactos cujos indicadores não possam ser
especializados, tendendo a resultado de natureza subje ctiva.

Os modelos de simulação constituem o último dos tipos básicos de


método, tendo sido desenvolvidos no final da década de 70. Uão mod elos
matemáticos destinados a representar, tanto quanto possível, a estrutura e o
funcionamento dos sistemas ambientais, explorando as complexas relações
entre seus factores físicos, biológicos e socioeconómicos, a partir de um
conjunto de hipóteses ou pre ssupostos. Capazes de processar variáveis
quantitativas e qualitativas, incorporar as medidas de magnitude e

26
importância dos impactos e considerar as relações entre os fa ctores
ambientais e as acções, os modelos de simulação têm sido usados,
principalmente, para estudos de AIA de grandes projectos e programas de
desenvolvimento. Definidos por >olling, como parte do Adaptative
Environmental Assessment (1978), adaptam-se aos diferentes processos de
decisão, facilitando o envolvimento de todos os participantes . As críticas a
esse tipo de método usualmente enfatizam as exigências de equipamento e
custo da computação ele ctrónica, alem de considerar a simulação
matemática uma inadequada simplificação da realidade.
Entretanto, as experiências relatadas indicam que essas exigências
podem ser reduzidas a níveis satisfatórios e que as incertezas quanto à
consistência dos resultados são menores e compensam as deficiências dos
demais tipos de método, sobretudo quanto aos aspectos da dinâmica dos
sistemas ambientais.

Nos últimos anos, observa-se a tendência à adopção de métodos


compostos, combinando-se dois ou mais dos tipos básicos acima descritos,
adaptando-os às especificidades dos projectos e das áreas a serem
afectadas. Na definição da abordagem a um problema determ inado, e na
consequente composição e escolha dos métodos de AIA e das técnicas de
previsão, alem das questões de custo, consideram-se importantes tanto à
sistematização dos estudos quanto os meios de comparação dos im pactos
das alternativas e a boa aprese ntação dos resultados.

27
4 ± Análise dos Riscos Ambientais.

Para a análise de um risco Ambiental, há uma necessidade de um


mapeamento de risco que chega a ser um levantamento dos locais de
trabalho apontando os riscos que são sentidos e observados pelos próprios
trabalhadores de acordo com a sua sensibilidade.
Define-se Riscos Ambientais como sendo os agentes físicos,
Químicos e biológicos além de riscos ergonómicos e riscos de acidentes,
existentes nos locais de trabalho e que venham a causar danos à saúde dos
trabalhadores.
Fazem parte dos Riscos Físicos os seguintes:
c Ruídos
c Vibrações
c Radiações
c Temperaturas extremas
c Pressões anormais e >umidade.
Dentro dos riscos Químicos encontramos os seguintes:
c Poeiras
c Fumos
c Névoas
c Neblinas
c Gases
c Vapores, etc.
Os Riscos biológicos podem ser:
c Microrganismos indesejáveis (bactérias, fungos,
Protozoários etc.)
Os riscos Ergonómicos Podem ser:

28
c 'ocal de trabalho inadequado, levantamento e transporte
de pesos sem meios auxiliares correctos, postura inad equada.
Os Riscos de acidentes podem ser:
c Variados (falta de iluminação, Probabilidade de
incêndio, explosão, piso escorregadio, armazenamento, máquina
defeituosa, mordida de cobra, etc.)
Todos estes riscos podem prejudicar o bom andamento dos trabalhos,
portanto, devem ser identificados, avaliados e controlados de forma
correcta.
A maior dificuldade das empresas no mapeamento dos riscos
ambientais está na falta de capacidade, informação e subsídios técnicos
para identificar, avaliar e controlar os riscos e xistentes dentro de seus
processos produtivos.

4.s ± Benefícios da avaliação dos Riscos Ambientais.

c Facilita a administração da prevenção de acidentes e de


doenças do trabalho;
c Ganho da qualidade e produtividade;
c Aumento de lucros directamente;
c Informa os riscos aos quais o trabalhador está exposto,
cumprindo assim dispositivos legais.

4.Y ± Benefícios para os trabalhadores.

c Propicia o conhecimento dos riscos que podem estar


sujeitos os colaboradores;
c Fornece dados importantes relativos a sua saúde;
c Conscientiza quanto ao uso dos EPIs.

29
Š ± Sistema de Gestão Ambiental

Š.s Sistema de gestão Ambiental (conceituação)

O sistema de gestão ambiental (UGA) é uma estrutura organizacional


que permite á empresa avaliar e controlar os impactos ambientais de suas
actividades, produtos ou serviços. Uão seis os elementos importantes de um
UGA:
1.c Política ambiental, na qual a empresa estabelece suas
metas e compromissos com seu desempenho ambiental.
2.c Planeamento, no qual a empresa analisa o impacto de
suas actividades.
3.c Implementação e operação que são desenvolvimento e a
execução de acções para atingir as metas e os objectivos ambientais.
4.c Monitoramento e correcção das acções, que implica o
monitoramento e a utilização de indicadores que asseguram que as
metas e os objectivos estão sendo atingidos.
5.c Revisão gerencial, na qual o UGA é revisado pelo
comando superior da empresa, a fim de assegurar sua probabilidade,
adequação e efectividade.
6.c Melhoria contínua.

Portanto o sistema de gestão ambiental é o conjunto de directr izes


adoptadas para a implementação de uma política ambiental numa
determinada empresa ou unidade produtiva que especifica competências,
comportamentos, procedimentos e exigências a fim de avaliar e controlar
os impactos ambientais de suas actividades.

30
Š.Y A questão Ambiental

O meio ambiente continuamente considerado um recurso abundante


e classificado no conjunto de bens livres, que constituem bens para os quais
não há necessidade de trabalho para aquisição, dificultou a possibilidade de
organizar curto critério em sua utilização tornando assim difundida as
poluições ambientais, estendendo-se a totalidade indevida do ar, da água ou
solo.
A partir dessa preocupação, a posição da questão ambiental no
mundo, inclusive nos países considerados desenvolvidos, não é confortável
tanto que a partir dos anos 60, surgiram as primeiras iniciativas de cuida da
área ambiental, incorporados numa série de movimentos sociais.
Mas a questão ambiental começou a ganhar força a partir da primeira
conferência das Nações Unida s sobre o Meio Ambiente, realizada em 1972
em Estocolmo, Uuécia onde pela primeira vez o termo eco -
desenvolvimento nessa conferência evidenciou -se uma diferença entre
países ricos e pobres na visão do problema ambiental. Os países
desenvolvidos aspiravam um maior controlo internacional para reduzir os
níveis de poluição, e os países subdesenvolvidos não aceitando esse
controle, por interpretá-lo como um freio ao seu desenvolvimento.
Na década de 1990 os termos ³qualidade de vida´ e ³qualidade
ambiental´ passaram a fazer parte do quotidiano das populações e das
empresas á racionalização de uso dos recursos energéticos e matérias -
primas.
Para auxiliar as organizações, na racionalização do uso dos recursos
energéticos e matérias-primas, no gerenciamento de suas actividades,
produtos e serviços sob a perspectiva ambiental, criaram-se o sistema de
gestão ambiental. Este instrumento contribui para que as empresas

31
conheçam melhor seus processos produtivos e administrativos. Dessa
forma tem-se a possibilidade de identificar as práticas que não seguem o
princípio de desenvolvimento sustentável.
O sistema de gestão ambiental da organização objectiva á melhoria
contínua dos resultados e promove o desenvolvimento sustentável. A
sobrevivência da organização está densamente ligada ao conceito de
desenvolvimento sustentável, pois a sociedade não mais aceitará os abusos
ao meio ambiente como aqueles ocorridos, nas décadas passadas em
empresas que não tinham essa preocupação.

Š.3 Sistema de gestão Ambiental: sua implementação melhora o


desenvolvimento Ambiental.

As organizações buscam se adequar a nova ordem mundial de


responsabilidade corporativa ambiental e de responsabilidade social com as
comunidades que as cercam. Esta adequação favorece seu desempenho
operacional reduzindo custos e maximizando receita inserindo-se no
contexto de desenvolvimento e melhoria dos processos de padrões de
consumo de matéria-prima e produção. A implementação de um sistema de
gestão Ambiental que a degradação ao meio ambiente, actualmente pode
ser encontrado, em muitas organizações que buscam um aumento de sua
produção e lucratividade sem alterar o seu processo produtivo.

Š.4 antagens da implementação do SGA para as organizações

A presente relação das organizações com relação ao meio ambiente


insere-se no processo de modificação que vem incidindo na sociedade nas
últimas décadas faz a empresa ser vista como uma instituição sociopolítico
com claras responsabilidades sociais que ultrapassam a produção de bens e

32
serviços. Inclui-se na responsabilidade social, diversas obrigações e entre
elas a protecção ambiental.

A questão ambiental, cada vez mais está surgindo como tópico


obrigatório nas agendas dos administradores das organizações. A
globalização dos processos a internacionalização crescente dos actuais e
futuros consumidores em relação á preservação ambiental e á que
qualidades de vida deverão intensificar -se diante disto, as organizações
estão incorporando em suas empresas a variável ambiental, utilizando -se do
sistema de gestão ambiental.

Š.Š Implementação do sistema de gestão ambiental e o


desempenho Ambiental

Na implementação de um UGA, contudo, o primeiro passo deve ser a


formalização por parte da direcção da empresa, perante a sua corporação,
do desejo da instituição em adoptar um UGA, deixando claras suas
intenções, enfatizando os benefícios a serem obtidos com sua ado pção. Isso
se traduz em comprimento de sua alta administração, com a realização de
palestras de conscientização e de esclarecimento de abrangência
pretendida. Para que o desempenho ambiental aconteça é necessário que os
procedimentos sejam realizados dentro de um UGA estruturado e que esteja
integrado na organização (ISO s400 ). O IUO 1400 é um conjunto de
normas técnicas e administrativas que estabelece parâmetros e directr izes
para a gestão ambiental para as e mpresas de sectores privado e pública.
Estas normas foram de sectores privados e público. Estas normas foram
criadas pela internacion organization for standardization - (organização
para padronização).

33
Na implementação do UGA, contudo, o primeiro passo deve ser a
formalização por parte da direcção da empresa, perante a sua corporação,
do desejo da instalação em adoptar um UGA, deixando claras suas
intenções, enfatizando os benefícios a serem obtidos com a sua ado pção.
Isso se traduz em comprometimento de sua alta administração, com a
realização de palestras de conscientizaç ão e de esclarecimento da
abrangência pretendida. Para que o desempenho ambiental aconteça é
necessário que os procedimentos sejam realizados dentro d e um UGA
estruturado e que esteja integrado na organização (IUO1400).
Todo e qualquer sistema de gestão emp resarial envolve fases de
planeamento, implementação, execução, operação e avaliação dos
resultados alcançados. Esta sequência de etapas interdepende ntes também
se verifica com o UGA.
Desta forma, o sistema deve prever as acções de monitoramento e
controle para verificar a existência de problemas e forma de corrigi -lo.
O movimento e a medição consistem em estabelecer medidas padrão
para a verificação do desempenho ambiental, que a organização se propôs
atingir. Os aspectos ambientais devem ter suas características medidas
periodicamente e seus resultados comparados com padrões legais
aplicáveis. Geralmente, os órgãos de controlo de qualidade ambiental
estabelecem em documentos apropriados as características a serem medidas
e a periodicidade das medições. O estabelecimento das medidas e o
acompanhamento do desempenho ambiental das empresas são ferramentas
úteis no sentido de gerenciar as actividades ambie ntais, principalmente
aquelas consideradas estratégicas.

34
Considerações finais

As organizações estão mais preocupadas com o desenvolviment o


ambiental correcto, por meio de controlo dos impactos sobre o meio
ambiente, coeso com sua política e seus objectivos ambientais. Actuam
dessa forma devido á elaboração de uma le gislação existente, do
desenvolvimento de políticas económicas e outras medidas praticando a
protecção ao meio ambient e e uma crescente preocupação dos interessados
em relação às questões ambientais e ao desenvolvimento sustentável ( IUO
1400).
O sistema de gestão ambiental é uma ferramenta utilizada para
organizar e direccionar as acções de carácter ambiental. Tem como
principal objectivo identificar e avaliar níveis de impacto ambiental
relevantes, estabelecer metas de melhoria e dirigir as operações no sentido
de atingir essas metas, obviamente sempre em conformidade com a
legislação em vigor.
A implementação de um UGA tem como objectivo o aprimoramento
do desempenho ambiental, melhorando o UGA consequentemente resulta
em novas melhorias no desempenho ambiental da organização. Mas
depende do envolvimento da organização para que haja uma forma de
evoluir em seu desempenho ambiental e que requer esforços na
implementação do UGA, melhorando técnicas sem que os custos
inviabilizem os objectivos da organização, adaptando o processo
administrativo e produtivo da organização.
O sistema de gestão ambiental permite que a organizaç ão atinja o
nível de desempenho ambiental por ela determinada, promova sua melhoria
contínua ao longo do tempo. Consiste, essencialmente, no planeamento de
suas actividades, visando á eliminação ou minimização dos impactos ao
meio ambiente, por meio de acç ões preventivas ou medidas mitigadoras.

35
Para que isto seja possível, é necessário analisar todas as actividades,
produtos e serviços da organização, visando identificar os aspectos
ambientais envolvidos, bem como avaliar os impactos reais e potenciais ao
meio ambiente, tendo por base os requisitos legais e outros aplicáveis. Tal
avaliação permite que a empresa priorise sua actuação sobre os aspectos
considerados significativos definindo o seu gerenciamento.
A verificação contínua da eficácia desse gerenciam ento permite á
organização atingir níveis de desempenho ambiental cada vez mais
aprimorados, buscando a prevenção da polui ção, a redução de desperdícios
e dos custos envolvidos com o tratamento de rejeitos.

È Sistema de Informação Ambiental

A inclusão do factor ambiental nos objectivos das empresas através


das normas IUO 1400, tem incrementado assustadoramente o número de
˜
 a ser colectado e processado para a tomada de decisões com
consciência ecológica, procurando -se a obtenção de produtos, processos e
tecnologias de produção ambientalmente corre ctas. Estas decisões serão
vitais para obter o sucesso no futuro, assim a medida que as grandes
empresas dos países industrializados incorporem a certificação das normas
IUO 14000 como um critério ou pré-requisito para a selecção de
fornecedores, assim a certificação se tornara essencial para ter entrada no
mercado internacional
Mas, que devemos ter em a consideração para definir um Uistema de
Informação adequado para o gerenciamento ambiental; basicam ente
procura-se:
c VDesenvolvimento de Uistemas Informação Gerenciais
(UIG), com uma adequada Base de Dados para o gerenciamento

36
ambiental contendo uma colecção de descrições documentando as
características dos produtos, serviços, processos, matérias-primas,
legislação, geográfica procedimentos preventivos e corre ctivos etc.
c VDesenvolvimento de pré e pós processadores para o
tratamento de dados geração de informações na área ambiental, tais
como controle da poluição, controle de emis sões gasosas,
administração de recursos hídricos etc. Os Uistemas de Informação
Ambiental são vitais para a avaliação do impacto ambiental.
c VDesenvolvimento de software para gerenciamento de
informações e Monitoramento ambiental para a geração de produtos
ambientalmente correctos.
c VCapacitação de recursos humanos para a gestão
ambiental. A nível educacional existe a proposta de criar no Brasil a
Rede Brasileira de Educação Ambiental a fim de dire ccionar a
cooperação, comunicação e informação de aqueles que trabalham
com educação ambiental.
Um eficiente sistema de informação ambiental e uma excelente base
de dados, inventario e software tornarão mais simples a interpretação e
avaliação dos dados, reduzindo os custos e tempo da Avaliação do Ciclo de
Vida, facilitando assim a produção da chamada ³Engenharia verde´,
evitando as penalidades e reduzindo a quantidade de desperdiço produzido
através do aumento da pe rcentagem de reciclagem.

O Uistema de Informação Ambiental permitirá avaliar o grau de


impacto
originado por uma actividade ou actividades específicas da empresa
que alterem algum factor ambiental, como por exemplo a qualidade do ar.
Uolo, ambiente biológico, nível de ruí do, vectores de doenças, aspectos
humanos e económicos. Os UI também deverão ser capazes de gerar listas

37
com matrizes de dados relacionados para identificar, avaliar e priorizar os
problemas.
Os Uistemas de Informação Ambiental precisam também do
desenvolvimento de Sistemas de Apoio à Decisão que permitam à
empresa identificar, hierarquizar e dire ccionar seus esforços, a fim de
reduzir e controlar os problemas ambientais .

È.s ± Sistema de Informação Geográfico (GIS).

A utilização da tecnologia de geoprocessamento como ferramenta de


apoio à tomada de decisão vem ganhando destaque nos últimos anos. A fim
de melhor compreender o que se tem definido como Uistema de Informação
Geográfica (GIU) buscou-se as definições de sistema, informação
geográfica, sistema de informação e geoprocessamento.

ùc Uistema: conjunto ou arranjo de elementos relacionados


de tal maneira a formar uma unidade ou um todo organizado;
ùc Informação geográfica: conjunto de dados ou valores
que podem ser apresentados em forma gráfica, numérica ou
alfanumérica, e cujo significado contém associações ou relações de
natureza espacial;
ùc Uistema de Informação: conjunto de elementos inter -
relacionados que visam à colecta, entrada, armazenamento,
tratamento, análise e provisão de informações.
ùc Geoprocessamento: conjunto de pelo menos quatro
categorias de técnicas relacionadas ao tratamento de info rmação
espacial: técnicas para colecta de informação espacial (Cartografia,
Uensoriamento Remoto, GPU, Topografia Convencional,
Fotogrametria, 'evantamento de dados alfanuméricos) ; técnicas de

38
armazenamento de informação espacial (Bancos de Dados -
Orientado a objectos, Relacional, >ierárquico etc.); Técnicas de
tratamento e análise de informação espacial como modelagem de
dados, Geostatística, Aritmética 'ógica, Funções topológicas, redes;
Técnicas para o uso integrado de informações especiais, como os
sistemas GIU ± Geographic Information Uystems, 'IU ± 'and
Information Uystems, AM/FM ± Automated Mapping/Facilities
Management, CADD ± Computer-Aided Drafting and Design.

Uma definição bastante comum de UIG encontrada na literatura


relaciona esta tecnologia com uma ferramenta que associa banco de dados a
mapas digitalizados. Conceitos mais amplos que este são apresentados hoje
em dia. Um UIG completo consiste em pelo menos cinco componentes:
software, hardware, dados geográficos, pessoal e organização.
Partindo do princípio que o sistema seja implementado na empresa,
não basta apenas um software que trabalhe com um banco de dados e
mapas digitalizados, é importante que exista pessoal qualificado, um
objectivo no seu uso e interacção com outras áreas dentro da organização.
Portanto, UIG é uma colecção de software, hardware, dados
georreferenciadas na organização.

È.Y Indicadores

Os indicadores foram desenvolvidos devido à necessidade de tratar a


informação, na forma original ou "bruta", de modo a torná-la acessível,
permitindo entender fenómenos complexos, tornando -os quantificáveis e
compreensíveis de maneira que possam ser analisados, utilizados e
transmitidos aos diversos níveis da sociedade, contribuindo com uma

39
adequada planificação das políti cas; e avançando na modernização
institucional através da optimização do manejo das informações .

Os indicadores devem ser os mais específicos possíveis à questão


tratada; sensíveis a mudanças específicas nas condições de interesse;
cientificamente confiáveis, imparciais e representativos das condições de
interesse, além de propiciar o máximo de benefício e utilidade.

Existem alguns critérios que devem ser considerados na sele cção de


indicadores, que também são aplicáveis aos indicadores de saúde
ambiental:

‡ Existência de dados base;

‡ Possibilidade de intercalibração;

‡ Número total de indicadores seleccionados;

‡ Tipo de informação transmitida, nomeadamente a natureza da


informação (ex. social, física, química ou biológica), os processos
funcionais que lhe estão associados no sistema e que tipo de público pode
receber essa informação;

‡ Possibilidade de comparação com critérios legais ou outros


padrões/metas existentes;

‡ Custo de implementação; e

‡ Possibilidade de ser rapidamente a ctualizado.

40
Principais modelos para construção de indicadores ambientais

Nas décadas de 70 e 80, os indicadores ambientais começaram a ser


utilizados na elaboração e divulgação dos primeiros relatórios sobre o
estado do ambiente. No final da década de 80, foi solicitada à O rganização
para Cooperação Económica e Desenvolvimento (OCDE) 4 a identificação
e aplicação de um conjunto básico de indicadores ambientais. Esse
processo evoluiu e, na Rio 92, já constava da Agenda 21, em seu capítulo
40, a seguinte recomendação:

$      (   
 ) 

    
  
      ˜˜      ˜ 
  
 
   ˜
 ˜ 

  
 $
   

   
    
$ %

Foi então desenvolvido o modelo Pressão -Estado-Resposta (PER),


que se baseia num conceito de causalidade: as a ctividades humanas
exercem pressões sobre o ambiente, modificando sua qualidade e a
quantidade de recursos naturais; a sociedade, por sua vez, r esponde a estas
mudanças por intermédio de políticas ambientais, ec onómicas e sectoriais.

Com o avanço da degradação ambiental. > ouve necessidade de


incorporar no modelo um elemento que o caracterizasse. Foi, então,
introduzido o componente "Impacto" no mo delo desenvolvido pelo
Programa das Nações Unidas e Meio Ambiente (PNUMA) 5.

O modelo Pressão-Estado-Impacto-Resposta (PEIR) foi utilizado,


pelo PNUMA, no programa Geo Cidades. A matriz PEIR define e relaciona
o conjunto de factores que determinam as características actuais do meio

41
ambiente em qualquer nível de agregação territorial (local, regional,
nacional, global), buscando estabelecer uma vinculação lógica entre os seus
componentes. Define os padrões de relacionamento entre as a cções
antrópicas urbanas e o meio ambiente.

Tentando, então, caracterizar, de forma mais abrangente, quais


factores geram estes impactos, a Comissão das Nações Unidas para o
Desenvolvimento Uustentável (UNCUD) substituiu o elemento "Pressão"
pela "Força Motriz".

A OMU, pensando nos factores de risco e nos efeitos à saúde


humana, substituiu o elemento "Impacto" pelos elementos "Exposição" e
"Efeito". Também, o elemento "Resposta" foi substituído por "Acção",
reflectindo sobre as intervenções que devem ser realizadas a fim de
minimizar os perigos à saúde.

Com base no ã 


 * 
  
  ã ˜  a OMU
propôs um modelo conceitual denominado DPUEEA ( Figura 3): Força
Motriz ± Pressão ± Estado ± Exposição ± Efeitos ± Acções, que retrata um
sistema de indicadores de saúde ambiental, para descrever e analisar a
ligação entre saúde, meio ambiente e desenvolvimento e tem sido usado na
análise da situação global, como subsídio à tomada de decisão.

42
c


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i
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 c c i! )tic c ttc "  c
c  iic  c  c i
c

c
c
ampla como um modelo de controlo", assumindo assim uma função
estratégica, pois há um comprometimento com mudanças reais e é também
articulado com a dinâmica da produção da realida de.

Os problemas ambientais actuais e seus consequentes efeitos à saúde


necessitam ser discutidos pela sociedade a fim de gerar, adoptar e
implementar uma gama de acções correctivas e preventivas. Estas acções
devem ser tomadas com a finalidade de minimizar ou controlar os riscos e
introduzindo medidas de controlo e de monitoramento. As acções de longo
prazo mais efectivas, entretanto, são aquelas que abordam o tema de
maneira preventiva, visando diminuir o u eliminar as forças motrizes.

Borja
 %8 avaliam que a discussão sobre os indicadores serem
qualitativos ou quantitativos repousa em olhares distintos mas, segundo os
autores, "representam formas diferentes, complementares e não
antagónicas, de estudar um fenómeno" e concluem que deve haver
interacção entre estas duas abordagens.

De acordo com Delduque


.9, a questão da qualidade ambiental é
abordada na Constituição Federal de 1988, artigo 225, quando se refere que
"todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo -se ao
poder público e à colectividade o dever de defendê -lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações." Uegundo estes autores, a forma como é
expressa a qualidade ambiental no texto legislativo é híbrida, pois coloca
"ao lado da conservação e salvaguarda dos recursos naturais a saúde
humana". Uob este ponto de vista, os indicadores que servem para
monitorar a qualidade ambiental também a ctuam na protecção da saúde
humana.

44
Uegundo Borja
 .10, uma das primeiras aplicações do modelo de
sistema de indicadores FPEEEA na área de saúde foi observada em 1998,
no texto da OMU intitulado     ˜  ã
   
 
+
 ,  (  )- . 
, com o objectivo de
fundamentar a área de vigilância ambiental.

Dando continuidade a este trabalho, a Coordenação Geral de


Vigilância Ambiental (CGVAM), da Uecretaria de Vigilância em Uaúde
(UVU), do Ministério da Uaúde 11, com o apoio da Organização Pan-
americana de Uaúde, vem discutindo o modelo de sistema de indicadores da
OMU, FPEEEA, para a definição de indicadores para monitorar a água de
consumo humano. A partir daí, criou o VIGIÁGUA e o UIUÁGUA, que
são, respectivamente, programa de vigilância e sistema de informações da
qualidade da água de consumo humano, que vão ao encontro ao que
Giraldo
 %6 enfatizaram, ou seja, a necessidade de uma política de
informação em saúde ambiental "capaz de monitorar as políticas públicas,
os processos produtivos e todas as actividades económicas, bem como as
acções de intervenção que visem melhorar as condições ambientais e de
saúde das populações". Para isto, os gestores têm se esforçado no
estabelecimento de indicadores "que sirvam de base par a as medidas
normativas e gerenciais". Borja
 .10 dão como exemplos outras
aplicações em sistemas de informação em Uaneamento. Neste trabalho,
portanto, há o estabelecimento de um conjunto de indicadores e sua
apresentação no formato do modelo FPEEEA para ser aplicado em
instituições de saúde. Foram seleccionados indicadores em quatro temas:
ar, água, solo e saúde do trabalhador. Visa -se o monitoramento e avaliação
dos impactos causados pelas actividades destas instituições na saúde
ambiental. Para esta selecção, tem-se que, primeiro, entender a organização
e a produção das instituições de saúde.

45
As instituições de saúde são, portanto, ambientes singulares,
diferenciados de outros espaços laborais, devido à complexidade de suas
acções, que vão desde a assistência à população, verificação da qualidade
dos produtos expostos ao consumo da população, até o diagnóstico
laboratorial de amostras biológicas de doenças de interesse para a saúde
colectiva. Além disto, diferentes factores devem ser considerados nos
estudos de saúde ambiental, que estão relacionados ao manuseio de
diferentes agentes de risco e ao próprio trabalhador.

Uomente um enfoque multidisciplinar com a cções interdisciplinares


poderá centrar iniciativas que permitam conhecer e controlar os riscos que
o trabalho científico destas instituições pode aportar ao ambiente e a vida.
No que se refere, em especial, à aplicação prática da Biossegurança e suas
interfaces com a Gestão Ambiental, essa preocupação está voltada à
instauração de sistemas de prevenção e controle baseados na avaliação de
risco e nas respectivas normas para contenção destes, permitindo, assim,
que seja estabelecido o nível de contenção exigido para o trabalho seguro.
O factor "risco" é um dos principais argumentos que fundamentam os
programas e as políticas de prevenção.

No Dicionário de Epidemiologia 12, o verbete risco faz menção à


probabilidade de ocorrência de um evento (mórbido ou fatal). Para
Conway13, risco é definido como a medida da probabilidade e da
severidade de efeitos adversos. Esta definição de risco está calçada na
abordagem dos factores que os causam, isto é, marcadores que levam a
alterações anátomo-patológicas futuras 14. Portanto, estes factores, mesmo
sendo mensuráveis, podem estar explícitos ou evidentes; porém, há outros
que são invisíveis, ou seja, imperceptíveis por sinais/sintomas. A medicina
passa a incorporar como atribuição a localização e identificação dos
indivíduos (humanos ou animais) sadios e seus possíveis riscos (oriundos

46
de modalidades de exposição amb iental e/ou de susceptibilidades
biológicas, mediante técnicas diagnósticas cada vez mais refinadas). Uurge
uma rede de riscos em que comportamentos, estilos de vida, consumo de
substâncias, sinais, sintomas e doenças podem confluir para se tornarem
factores de risco para um evento em saúde.

No contexto das instituições de saúde, a gestão de riscos deve ser


uma das acções de uma política ou programa de prote cção e recuperação da
saúde15. Para esta gestão, a avaliação de riscos se torna uma ferramenta de
importância, na medida em que identifica os agentes de risco,
possibilitando a determinação dos indicadores que serão utilizados na
tomada de decisão e nas estratégias de a cções preventivas, que fazem parte
da gestão da Biossegurança nas instituições de saúde .

Deve-se destacar que este artigo utiliza o conceito ampliado de


Biossegurança, utilizado pelo Ministério da Uaúde 16, ou seja, "a condição
de segurança alcançada por um conjunto de a cções destinadas a prevenir,
controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às actividades que possam
comprometer a saúde humana, animal e vegetal e o meio ambiente".

Essas acções contemplam várias aspectos relativos a procedimentos


(boas práticas laboratoriais: padrões e especiais), à infra -estrutura (desenho,
instalações físicas e equipamentos de protecção), à qualificação das
equipes, à organização do trabalho (a ctividades monótonas, repetitivas,
stressantes) e a aspectos ambientais (qualidade do ar, água, solo).

Nas instituições de saúde, durante o processo de plane amento das


edificações, a arquitectura utiliza o espaço físico como um instrumento de
contribuição, tanto para a confiabilidade dos resultados dos ensaios
realizados, como para a prote cção da saúde humana, animal e do meio
ambiente.

47
Do ponto de vista histórico, pouca experiência era demonstrada no
desenho e qualidade ambiental destes locais de trabalho; entretanto, a busca
pelo conforto e qualidade ambiental de uma instalação foi sendo
introduzida e consolidada por novas áreas de conhecimento, incluindo a
Biossegurança. Esta evolução leva ao aparecimento de novas dire ctrizes
nas áreas de arquitectura, engenharia e desenho industrial, modificando
concepções de espaços, materiais de acabamento, mobiliário e de
equipamentos, dentre outros aspectos, que contribuem para a minimização
dos eventuais riscos relacionados às actividades e/ou suas aplicações nas
instituições de saúde.

Exemplificando esta evolução, pode -se citar a experiência da


Uíndrome do Edifício Doente, reconhecida pela Organização Mundial de
Uaúde17 em 1982, quando se comprovou a contaminação do ar interno de
um hotel na Filadélfia, Estados Unidos. Este episódio é importante, pois
amplia a discussão da existência de fa ctores relacionados ao ambiente nos
agravos à saúde de seus ocupantes, anteriormente focada somente nos
espaços laborais para outros espaços, como por exemplo, os de moradia.

A "Uíndrome do Edifício Doente" refere-se à relação entre causa e


efeito das condições ambientais observadas em áreas internas, com
reduzida renovação de ar, e os vários níveis de manifestações agudas de
saúde e de conforto ambiental de seus ocupantes através de fontes
poluentes de origem física, química e/ou microbiológica. Uão considerados
"edifícios doentes" todos aqueles edifícios em que mais de vinte por cento
dos ocupantes revelariam sintomatologias transitórias associados ao tempo
de permanência em seu interior, que tenderiam a desaparecer após curtos
períodos de afastamento.

48
Nesse contexto, a estrutura dos indicadores aplicável às instituições
de saúde deve ter uma visão de saúde e ambiente; por este motivo,
escolheu-se o modelo apresentado da OMU, o FPEEEA. A matriz de causa
e efeito proposta pela OMU é representada pela cadeia intitulada
desenvolvimento-meio-

ambiente-saúde, que revela o entendimento de que a saúd e é o resultado da


interacção entre desenvolvimento e meio ambiente.

É importante enfatizar que não se pretende esgotar o tema e sim


subsidiar a definição de um elenco mínimo de indicadores comuns a todos
os níveis.

O modelo mostra que, para a construção d os indicadores, é


primordial a definição do problema ou da questão a ser abordada, a partir
do uso destes indicadores e do interesse do pesquisador. Pode -se citar
alguns aspectos que devem ser considerados: o risco específico, o local
onde ocorre a exposição, o resultado específico à saúde, a a cção específica
ou a força condutora adjacente relacionada, principalmente ao trabalhador
(como, por exemplo, as condições precárias de vida ou o comprometimento
imunológico).

É importante destacar que os indicadores só poderão ser elaborados


com a disponibilização de informações e estas devem expressar a realidade
das acções nas unidades para que se possam analisar os fa ctores que estão
contribuindo ou gerando "efeitos" na saúde dos profissionais destas
instituições e que merecem uma "acção".

A definição de procedimentos para a avaliação de saúde e ambiente é


muito importante na determinação das causas e na avaliação dos agravos
em saúde ligados às contaminações, condições ambientais e de vida do

49
trabalhador. Para tanto, o conhecimento das condições ambientais locais e
das actividades é relevante para o estabelecimento de medidas de
prevenção aos agravos e a eliminação dos riscos potenciais e existentes.

Destaca-se a necessidade na definição e identificação dos dados a


serem levantados em relação a cada indicador, assim como a fonte de
dados. Pode haver o surgimento de problemas de diversas naturezas, como
por exemplo: a falta de dados a nível local; disponibilidade de dados em
intervalos de tempo inadequados ou insufici entes para determinar
tendências espaciais ou temporais; dificuldade de localizar dadas condições
do meio ambiente e de saúde; dentre outros; tornando difícil a criação de
vínculos entre as condições ambientais e as condições de saúde, ou a
identificação de grupos de risco. Além disto, o componente subje ctivo deve
ser incorporado, pois está relacionado à percepção de quem vivencia a
realidade que se quer avaliar, influencia da por aspectos culturais,
económicos, físicos e sociais.

Por fim, é importante enfatizar que a construção de indicadores


cumpre um objectivo específico da avaliação da relação saúde e ambiente,
mas não é a única maneira de avaliá -la. Os mesmos se constituem em
instrumentos que facilitam a leitura da realidade.

Considerações finais

Os desafios trazidos pelo uso de novas tecnologias, ocasionando


efeitos sobre a saúde e que são relacionados ao meio ambiente, se
transformam em uma preocupação cada vez mais complexa e abrangente,
acarretando uma reflexão sobre a necessidade de mecanismos
informacionais com qualidade, que subsidiem esta nova forma de pensar e
abordar os problemas. Este trabalho, em face da complexidade da questão,
busca estimular a interdisciplinaridade para a obtenção do entendimento e a

50
compreensão das relações entre a saúde e ambiente, propiciando e
garantindo o êxito na definição dos indicadores pela integração das três
áreas, Gestão Ambiental, Biossegurança e Uaúde do Trabalhador no sentido
do compartilhamento de dados e de informações.

Neste trabalho, foram apresentados modelos de construção de


indicadores e identificou-se como modelo ideal a ser a empregado em
instituições de saúde o modelo da World >ealth Organization 28, com os
elementos Força Motriz-Pressão-Estado-Exposição-Efeito-Ação, modelo
que propõe um conjunto de indicadores de saúde e ambiente visando
monitorar o desempenho destas instituições em relação a seus obje ctivos e
metas, contribuindo para a melhoria contínua dos seus processos
organizacionais.

A expectativa com relação a este trabalho é a de que as i nstituições


de saúde possam implementar um conjunto de indicadores compatível com
sua função social podendo, paralelamente, ser ponto focal para iniciativas
semelhantes no âmbito do sector de Ciência e Tecnologia. Dessa forma, os
indicadores conformariam políticas públicas saudáveis pró-ativas com o
compromisso político e técnico.

7.Produção Limpa

Nas últimas décadas, principalmente no período pós Conferência


Rio-92, têm aumentado a pressão internacional pela preservação dos
ecossistemas. Outros factores como uma legislação ambiental rígida e a
preocupação cada vez maior dos consumidores com a qualidade ambiental
dos produtos, tem levado as empresas a repensarem suas estratégias de
produção.

51
As estratégias de produção são, portanto, impulsionadas a se
posicionarem de uma forma mais holística, considerando as extensões,
como ressalta Fensterseifer (1996), a jusante e a montante da manufactura,
propriamente dita. O sentimento de ³ecologicamente corre cto´ firma-se,
por conseguinte, em toda cadeia produtiva. D esta forma, as técnicas de
produção limpa tornam-se ferramentas importantes a serem consideradas a
nível estratégico produtivo.
A ênfase, da produção limpa, em não geração de resíduos ao invés de
tratamento do resíduo, que é técnica    ˜˜  !fim-de-tubo), pode
significar bons ganhos a organização.
Na prática, inúmeras dificuldades se apresentam ao se implementar
produção limpa. Este trabalho visa mostrar os efeitos resultantes da
aplicação da referida tecnologia, no sentido de redução de custo s e riscos,
tanto na empresa quanto ao meio ambiente. Caracterizando, que a nova
visão proveniente da produção limpa, indica caminhos, antes não pensados
por falta do enfoque ambiental.

Produção Limpa é uma abordagem para a produção ecoeficiente.

Estabelece uma metodologia chamada "do berço à cova", ou seja, os


fabricantes devem ser preocupar desde o proje cto, selecção de matérias-
primas, processo de produção, consumo, reutilização, reparo, reciclagem
(3R) até a disposição final dos produtos. Para tanto a logística reversa deve
ser utilizada.

As principais características de um bem produzido segundos os


critérios da Produção 'impa são:

ùc Utilização de materiais não tóxicos e reutilizáveis.


ùc Processo limpos e com baixo consumo de energia
ùc Mínima utilização de embalagens

52
ùc Fácil de montar, desmontar, consertar e reciclar
ùc Destinação final ambientalmente adequada gerida pelo
fabricante

7.s Produção limpa como vantagem competitiva

A busca das empresas por assimetrias que lhes tragam vantagem


competitiva, tem sido uma constante. Uma nova ordem mundial, nas
últimas décadas, tem trazido a tona as questões ambientais e suas
consequências, para um mundo que já não dispõe de capacidade suficiente
de absorção desta carga poluidora. Coloca -se, então, as empresas numa
situação de escolha. A procura de resultados finais, ecologicamente
correctos, torna-se, com isso, uma restrição ou uma oportunidade, cabendo
a competência administrativa decidir.
Muitos conceitos tentam definir produção limpa, para o caso
proposto foi utilizado o conceito introduzido pela UNIDO IE, em 1989: ³...
é a contínua aplicação de uma estratégia ambiental preventiva e integrada,
aplicada a processos, produtos, e serviços para aumentar a eco-eficiência e
reduzir riscos humanos e ao ambiente´.
Quando refere-se a processos este conceito salienta: ³conservação de
matérias-primas e energia, eliminação de matérias-primas tóxica e redução
na quantidade e toxidade de todas emissões e resíduos´. Em relação a
produtos: ³redução nos impactos negativos ao longo do ciclo de vida do
produto, da extracção da matéria-prima até a disposição final´. E por fim,
refere-se a serviços: ³incorporação de conceitos ambientais dentro do
projecto e execução dos serviços´.
Além de produção limpa é importante também conceitu ar eco-
eficiência, conforme citado acima. Uegundo o WBCUD (World Business

53
Council Uuistainable Development), 1993, a eco-eficiência ³é alcançada
pela entrega de produtos e serviços com preços competitivos, que
satisfaçam as necessidades humanas e que contr ibuam para a melhoria da
qualidade de vida, através da redução dos impactos e dos recursos
energéticos, bem como pela análise do ciclo de vida´.
Essa nova visão, mais holística, de se fazer produção limpa, traz no
seu bojo um diferencial competitivo, o qual, pode ser explorado tanto no
processo produtivo quanto no nível mercadológico. Ottman, (1994, p.10)
reforça esta observação dizendo que ³a fatia aumentada de mercado é
apenas um dos inúmeros benefícios em potencial do esverdeamento
corporativo e de produto. Os mercadólogos também começam a descobrir
que o desenvolvimento de produtos e processos de manufa ctura
ambientalmente saudáveis não apenas fornece uma oportunidade para fazer
a coisa certa, mas também pode aumentar a imagem corporativa e de
marca, economizar dinheiro e abrir novos mercados para produtos que
tenham o intuito de satisfazer as necessidade s dos consumidores no sentido
de manter uma alta qualidade de vida´.

7.Y. Metodologia

A metodologia usada no presente trabalho, foi a sugerida pela


UNIDO IE através de seu centro de tecnologia limpa do UENAI/RU -CNT'.
A estruturação do método é demonstrada na figura 1 (Eco Profit, Vol. 1,
p.14), a qual delineia o fluxo sequencial de trabalhos a serem realizados.

54
R#, #RMc$c,-./SccS R01#/Sc
c

c
c
c
% 
c  iic c i!c c  c c  t c c 
íc   c tic
c í lc c  c 

c c
lc c t c  c &
c   tic
ti t c c  c i
 c c t ic i c  c t c 
tc  lc c

c
++c
reforçada por Valle (1995, p.63), que constata que esta abordagem possui
inúmeras vantagens sobre a abordagem tradicional (fim de tubo), pois
embora a solução a ser adoptada seja mais complexa, com isto, os passos
da metodologia ficam da seguinte forma:
1- Diagnóstico:
Procede-se o levantamento das áreas que geram resíduos ou emissões
para ter uma visão macro do sistema, tanto da qualidade (tipo, toxidade,
características) quanto da quantidade.
2- Colecta de dados: A colecta de dados mostra-se fundamental no
processo de produção limpa. Deve -se ter conhecimento actualizado dos
principais fluxos de materiais e energia, construindo o que se chama
balanço de material e energia, que serviram de alicerce para todos os passos
da metodologia e estudos futuros. Além disso, deve -se colectar documentos
de entrada e saída que tratem de resíduos e emissões (documentos de
órgãos ambientais, facturas de concessionárias, etc.)
3- Avaliação do Balanço de material e/ou energia: Neste estágio faz -
se a avaliação dos desperdícios, respondendo questões como: Por que
ocorrem estes desperdícios? Como ocorrem? Onde ocorrem?
4- Definição de prioridades: A partir da avaliação procede -se uma
hierarquização das prioridades a serem atacadas. Formula -se perguntas
como: Onde ocorrem os maiores desperdícios?
Onde está localizado o maior p roblema?
5- Balanço detalhado das prioridades: Toma-se as prioridades
definidas e analisa-se pontualmente, dividindo-se em partes, tais como:
locais específicos, máquinas, ou qualquer outra que contribua
6- Identificação das técnicas de produção limpa: Ide ntifica-se as
técnicas limpas indicadas para cada caso analisado. Esta fase requer um
bom domínio das técnicas e/ou assessoramento técnico.

56
7.3. Estudo de viabilidade
Verifica-se a viabilidade económica da aplicação da técnica de
produção limpa. As utilizações de conceitos de matemática financeira (vpl,
tir) mostram-se suficientes para avaliação de investimento. Em alguns
casos tornam-se desnecessários pela obviedade do melhoramento.

7.4. Identificação de barreiras


Analisa-se a possibilidade da existência de outras barreiras para a
implementação da técnica. Podem ocorrer barreiras comportamentais, de
treinamento, de espaço físico, de tempo de execução, etc.
9- Implantação da técnica:
Nesta etapa ocorre a implantação da técnica de produção limpa, uma
vez que os estágios anteriores prepararam as condições para que isto
pudesse ocorrer.

7.Š. O caso Pigozzi


A Empresa Pigozzi U/A foi fundada em 1950 e está localizada em
Caxias do Uul (RU). Trata-se de uma Empresa de porte médio, com 320
colaboradores e com um facturamento anual de cerca de R$ 20.000.000,00.
A Pigozzi possui uma capacidade de produção de 200 t/mês, produzindo
engrenagens e transmissões para os sectores de auto peças e de máquinas e
implementos agrícolas. A Empresa exporta cerca de 10% da sua prod ução
para a América do Uul e Europa. A PIGOZZI conquistou o certificado da
IUO-9001 em Dezembro de 1995. A Empresa tem se destacado pelo seu
pioneirismo, exemplo disto foi a compra de sua primeira máquina NC em
1974, quando esta tecnologia ensaiava seus pr imeiros passos no Brasil.
Quando o Centro Nacional de Tecnologia 'impa divulgou a metodologia
de implantação de técnicas de produção limpa, a Pigozzi, vendo nela uma
oportunidade, engajou-se no programa desenvolvido pelo CNT', visando a

57
uma futura certificação em IUO-14000. A empresa designou uma equipe de
seis gerentes, fato que por si só já demonstra o interesse da empresa, para
actuarem na linha de frente deste projecto de cunho ambiental. A primeira
atitude foi conhecer e seguir, o máximo possível, a me todologia proposta
pelo CNT'. O que foi muito produtivo como conscientização e difusão de
conceitos. Neste instante, foi de grande valia o acompanhamento contínuo
dos consultores internacionais e dos técnicos do CNT'. A empresa dedicou
esforços, mas surgiram diversas dificuldades no decorrer do processo. A
primeira delas, foi a colecta de dados. Eles existiam no sistema de
informática, mas este não estava preparado para responder a esta nova
visão. Outra dificuldade encontrada foi no cumprimento da metodolo gia,
exigindo um esforço razoável, principalmente pela sua extensão.
A Empresa Pigozzi tem o sector de máquinas e implementos
agrícolas como um dos seus principais clientes. O aumento da demanda
deste sector no último ano, não permitiu uma dedicação maior ao projecto
de implantação de técnicas de produção limpa. Apesar disto, a Pigozzi
alcançou resultados significativos na redução de resíduos, na economia de
água e energia, e principalmente, na conscientização de seus colaboradores.
A seguir são descritas algumas medidas adoptadas na Empresa:
ùc Modificações no produto - Em alguns casos, está sendo
estudado modificações da bitola do material base.
Ex: Usar tubo e não matéria-prima em barra. (medida já implantada)
ùc Modificações de tecnologia - É possível a mudança para
forjamento a frio, mas no momento é inviável, por isto demandaria
um investimento muito alto. (medida planejada) Estas modificações
trariam profundas mudanças na sequência do processo.
ùc Modificação de tecnologia de processo: Algumas
alterações no processo de forjamento mostraram possibilidade de
reduzir o desperdício em 10%. (medida já implantada

58
REU DUO DE FERRO FUNDIDO:
ùc Boa manutenção da casa (>ousekeeping): Através
de uma maior exigência no cumprimento das medidas do
sobre metal, pelo fundidor, é possível reduzir-se até 7% do
desperdício. (medida já implantada)
ùc >á necessidade de um inventário mais eficiente
para uma análise mais profunda de utilização. (medida já
implantada)
ùc A estação de tratamento de águas foi limpa, e está
sofrendo periodicamente verificação rigorosa conforme
registo. (medida já implantada)
ùc Projecto de outra estação no lado sul da empresa.
(medida em implantação)
ùc Colocou-se separadores de lixo nos sectores.
(medida já implantada)
ùc Projecto de um sistema de disposição de resíduos
centralizado. (medida planejada)
ùc Adquirido um separador de pequena capacidade.
Os testes indicaram o reaproveitamento de 30% do óleo
consumido. Considerando-se um consumo médio de 230
litros/semana a um custo de R$ 2,14 por litro, esta medida
permitiu uma economia de R$ 492,20 por semana.
ùc Outras medidas, como a de corte a seco, estão
sofrendo dificuldades.

59
GAUEU:
ùc A substituição da ³atmosfera gerada´ (Propano
Craqueado) por sintética (Álcool e com isto poderá ser
desligada temporariamente o gera dor, reduzindo assim o custo

UAIU:
ùc Colocação de sistemas de fechamento e rampa
entre equipamentos. Isto permite o melhor uso do processo
repercutindo em redução de sais e energia. (medida já
implantada)
ùc Reutilização da água de lavagem de peça no mar
têmpera, evitando assim um novo tratamento. (medida já
implantada)

ENERGIA:
ùc Inventário detalhado do consumo, inclusive
diário, para análise e acções. (medida já implantada)

GERAIU:
ùc Troca de sector com diminuição de deslocamento
e energia. Uector de almoxarifado e engenharia. (medida já
implantada)
ùc Reactivação da CICE (Comissão Interna de
Conservação de Energia). (medida já implantada)
ùc Propostas de formalização de um sistema de
gerenciamento ambiental da Pigozzi.

60
ùc Reestudo de rotas de transporte de funcionários.
(medida em implantação)
A aplicação desta metodologia permitiu a identificação de factores
como:
1. A contabilização dos dados provocou profundas surpresas.
Exemplo disso, o resíduo de aço chegando a 40% do total, embora este fato
sempre tenha existido, a partir da quantificação é que se teve real avaliação
do desperdício. Dentro deste contexto a observação é válida para,
praticamente todos os resíduos avaliados.
2. A avaliação dos resíduos, tóxico logicamente importantes, resultou
em estudos que rumaram no sentido de, realmente, avaliar -se o risco
ambiental e humano. A pressuposição de um acidente com este tipo de
material, resultou em medidas de curto prazo, no sentido de prevenção. A
longo prazo na eliminação dos mesmos.

3. Uma nova visão. Este, talvez, tenha sido o maior resultado, até o
momento, da aplicação de tecnologia de produção limpa. A tentativa de se
coibir a geração de resíduos gerou receitas (ou, pelo menos, evitou novos
gastos) financeiras inesperadas que talvez não fossem descober tas sem a
visão de produção ecologicamente correcta.
4. A conscientização ecológica melhorou indiscutivelmente. Isto
ocorreu também porque torna-se mais fácil respeitar quando se conhece a
real extensão do problema.
5. Está sendo elaborado um Uistema de Ge renciamento Ambiental
(UGA) na Pigozzi.
Este sistema tem o mesmo status do sistema da qualidade,
principalmente, por ter mostrado uma relação custo benefício satisfatória a
curto prazo.

61
Resultados esperados e recomendações
A Empresa Pigozzi pretende continuar com a implantação de
processos de produção 'impa e vai buscar financiamento para estas
actividades nas ³linhas verdes´ de financiamento, que tendem a tornarem -
se mais atractivas para incentivar as empresas brasileiras a investirem na
produção limpa.
Ainda não foi possível detectar a reacção dos clientes e da
comunidade onde está inserida a Empresa quanto a adopção das medidas
descritas acima. A Empresa deverá, em breve, implantar o seu Uistema de
Gestão Ambiental, e futuramente buscará obter a certifi cação IUO 14000.
Um programa de divulgação destas medidas poderá resultar numa maior
receptividade dos clientes e comunidade. Embora a experiência da Pigozzi
em produção limpa seja um processo recente, isto já permite que sejam
feitas algumas recomendações :

ùc É fundamental preparar-se para executar o


processo com rigor metodológico, caso contrário, o quotidiano
das empresas tendem a inviabilizar o desenvolvimento do
projecto.
ùc Recomenda-se, ao menos no estágio inicial, a
participação de assessoria externa,
ùc Ueria de grande importância a difusão do conceito
de produção limpa por outros organismos/ entidades como
Universidades, Associações de Industria, UEBRAE.
ùc Uma pesquisa, nas empresas, sobre o uso de
técnicas de produção limpa, poderia apresentar como
resultado, um banco de dados, riquíssimo para a região e
Estado.

62
ùc Outra questão que merece um estudo atento é a
análise da componente ambiental nos custos de produção, uma
vez que até aqui os estudos não têm respondido todas as
questões. Esta afirmação é compartilhada por que diz ³Os
actuais sistemas de custos apesar da Inegável evolução dos
últimos anos, não correspondem adequadamente à
contabilização e mensuração dos chamados custos ambientais,
na verdade não os considera, por serem estes custos
intangíveis.

Ò Planeamento Energético e Energia


Renovável

Ò.s. CONCEITUAÇÃO DE ENERGIA


A energia é um insumo básico, praticamente utilizado em todas as
actividades das sociedades modernas, produzindo bens e serviços,
substituindo o trabalho humano ou fornecendo conforto.
Existem diversas definições para a energia, podendo ser citadas:
³capacidade de produzir trabalho´, ³capacidade de um sistema produzir
acções externas´ ou ³propriedade da matéria que se move´. Uma definição
bastante completa, segundo RADOVIC (200 5), considera a energia uma
propriedade da matéria que pode ser convertida em trabalho, calor ou
radiação.
A energia se manifesta de diversas fontes e sob diferentes formas:
energia química, energia mecânica, energia térmica, energia
electromagnética, energia nuclear, energia eléctrica.

63
A energia química pode ser definida como a energia de coesão dos
átomos nas moléculas de material combustível, ou seja, é a energia
existente nas ligações químicas. As ligações químicas formam-se ou se
desfazem durante as reacções químicas. Apesar de a realização de algumas
reacções químicas exigir a absorção de energia do exterior, via de regra
acontece o contrário: cada vez que se verifica uma rea cção química ocorre
liberação de energia. No caso das rea cções de combustão, como a queima
de carvão, libera -se esta energia sob a forma de calor. No caso de uma
reacção electroquímica, como a que ocorre em uma pilha comum, esta
energia é liberada sob a forma de corrente elé ctrica.
A energia mecânica pode ser subdivida em energia ci nética e energia
potencial. Energia cinética é a forma da energia mecânica associada ao
movimento. Um corpo em movimento, ou seja, dotado de velocidade,
como o êmbolo de um motor de combustão, por exemplo, possui energia
cinética. A energia potencial é a forma da energia mecânica associada à
posição em que um corpo se encontra. A energia existente em um peso
preso a uma mola deformada é um exemplo de um corpo com energia
potencial (potencial elástica), assim como um corpo à determinada altura
do solo (potencial gravitacional).
A energia térmica surge devido ao movimento caótico dos átomos e
moléculas de um gás ou corpo aquecido. Normalmente surge como
resultado de transformações de outras formas de energia como, por
exemplo, a partir de uma rea cção química.
A energia electromagnética é a forma de energia associada às ondas
electromagnéticas. O principal exemplo de energia ele ctromagnética é a
forma em que parte da energia proveniente do Uol atinge a Terra, sendo que
a partir desta derivam diversas formas de energia, entre as quais a energia
química dos combustíveis.

64
A energia nuclear surge devido à coesão dos protões e neutrões
dentro dos núcleos atómicos. As reacções nucleares como a fusão, que
ocorre na superfície do Uol, e a ficção, usada nos reactores nucleares,
podem liberar uma quantidade de energia, por unidade de massa,
incomparavelmente superior à liberada em rea cções químicas.
A energia eléctrica é a forma de energia associada ao movimento dos
electrões. A energia eléctrica talvez seja, dentre todas as formas de energia,
a mais preciosa devido à facilidade com que pode ser transformada em
trabalho útil e, principalmente, devido aos altos rendimentos associados à
conversão. As diversas facilidades que esta forma de energia apresenta e o
fato de poder ser eficientemente convertida em outras formas de energia,
tornaram seu uso bastante difundido em muitas das nossas actividades
diárias. >oje, a electricidade é utilizada em um grande número de
aplicações, sendo esperado que sua participação no total da energia final
consumida seja crescente. É cada vez maior a variedade de equipamentos
eléctricos a disposição dos consumidores e mesmo os aparelhos já
existentes, em alguns casos apresentam potências cada vez maiores. No
sector residencial, por exemplo, são lançados modelos de televisores e de
refrigeradores com dimensões cada vez mais elevadas, assim como o
número de electrodomésticos a disposição dos consumidores é crescente.
Apesar da multiplicidade de formas com que a energia se apresenta,
acredita-se que todas elas se originam de apenas três tipos de interacções
fundamentais da natureza, são elas: a gravitacional, a electromagnética e a
nuclear.
A interacção gravitacional apresenta uma magnitude proporcional às
massas envolvidas, não sendo significativa no mundo subatómico, mas em
uma escala proporcional ao domínio do sistema solar, sem dúvida, é a força
dominante. A força gravitacional é uma importante fonte de energia

65
directamente utilizável como, por exemplo, a energia hidráulica e a energia
das marés.
As interacções electromagnéticas e nucleares ocorrem em nível
subatómico e subnuclear. Uão interacções entre electrões, entre electrões e
núcleos, e entre os próprios constituintes dos núcleos atómicos. Estas
interacções geram, directa ou indirectamente, a maior parte das formas em
que a energia se manifesta.

Ò.s.Y. ENERGIAS PRIMÁRIA, SECUNDÁRIA, FINAL E ÚTIL


As fontes de energia se caracterizam por apresentar uma
disponibilidade natural de energia, mas que em raras situações se apresenta
directamente na forma como pode ser utilizada. Em geral, no uso da
energia, são necessárias transformações ou conversões de uma forma de
energia em outra.
A energia, na forma directa como é provida pela natureza, é definida
como energia primária. As principais fontes de energia primária são
hidroeléctricas, o petróleo, o gás natural, o carvão mineral, o minério de
urânio, os resíduos (vegetais e animais), a energia eólica e a energia solar.
A maioria das fontes de energia primária não é consumida directamente,
sendo transformada em outra forma de energia.
Define-se energia secundária como a resultante dos diferentes
centros de transformação, tendo como destino os diversos sectores de
consumo ou, eventualmente, outro centro de transformação.
A energia final, por sua vez, é d efinida como a energia na forma
como é recebida pelo usuário nos diferentes se ctores, seja na forma
primária, seja na forma secundária.
A energia final apenas representa a forma em que a energia é
comercializada. Nos sectores de consumo ainda é necessário converter a
energia final para o atendimento das necessidades de iluminação, força

66
motriz, calor de processo etc. A energia na forma em que é demandada
pelos consumidores recebe o nome de energia útil.

Ò.Y. O planeamento energético

O Planeamento Energético é cada vez mais uma ferramenta essencial


para a elaboração de políticas energéticas a médio e longo prazo.
Preocupações com a segurança do abastecimento, a independência e
diversificação energética, mas sobretudo considerações de ordem ambiental
constituem hoje em dia as linhas mestras para a elaboração de qualquer
plano energético.
Um dos métodos mais utilizados, pelas empresas da oferta de energia
(e em particular pelas empresas produtoras do sector eléctrico) é o da
Gestão da Procura inserido num contexto de Planeamento a Custos
Mínimos que se integra num conceito mais alargado de Planeamento
Integrado dos Recursos .
A Gestão da Procura (DSM) pressupõe a identificação e
implementação de iniciativas que melhoram a utilização da capacidade
instalada, pelo produtor/fornecedor de energia (operador), através da
alteração das características da procura de energia. DSM envolve uma
combinação de estratégias (tarifário, gestão dos diagramas de carga,
conservação de energia,...) pensadas para incrementar os incentivos
destinados a uma utilização mais eficiente da energia.

A Gestão da Procura (DSM) é um método generalizadamente


aceite nos EUA e desempenha um papel principal na estratégia de algumas
empresas da oferta de energia.
Esta forma de gerir a procura da energia, que implica ganhos de
eficiência nas suas utilizações finais, inclui a gestão e formatação dos

67
diagramas de cargas e o estabelecimento d e programas que visam o
aumento da eficiência na utilização final da energia.
A Gestão da Procura inclui uma vasta gama de programas que
proporcionam:
- Informação geral sobre a energia e sua utilização eficiente
- Auditorias e diagnósticos energéticos em instalações
consumidoras
- Incentivos financeiros de variadíssimos tipos
- Fornecimento de equipamentos eficientes sem custos (ou a
custos reduzidos) para o cliente
- Assistência técnica ao desenvolvimento e implementação de
projectos energéticos

Um dos aspectos que deverá constar, como alvo importante, nos


programas de optimização energética das empresas da oferta da energia é a
procura sistemática da chamada " oportunidade dos recursos perdidos ".
Estes recursos são, por exemplo, novas construções de edifícios onde existe
uma oportunidade temporal para implementar medidas de eficiência
energética a um custo muito reduzido.

Ò.Y.s. MODELOS DE PLANEAMENTO ENERGÉTICO (Uma


referência)

Os modelos de planeamento energético evoluir am substancialmente


a partir do início dos anos 70, com a primeira "crise energética" de
1973/1974. Anteriormente a este marco os modelos utilizados eram
essencialmente modelos econométricos que se baseavam
fundamentalmente em registos históricos para aval iar as tendências do
futuro. Assim o planeamento da oferta de energia era efectuado com os

68
parâmetros do passado. Este método conduziu, em muitas situações, à
realização de esforços no sentido de obrigar a procura a satisfazer um
planeamento fundamentalmen te elaborado na perspectiva da ofer ta, que
admitia um comportamento dos agentes no futuro similar ao seu
comportamento do passado.
A partir do primeiro "choque petrolífero" (1973/1974) os modelos de
planeamento iniciaram um processo de adaptação às realid ades da procura
de energia. Assim começaram a surgir modelos técnico económicos e
modelos de simulação cuja metodologia de análise faz reflectir com mais
rigor a evolução da procura. Inicia-se um processo de planeamento cada
vez mais em função da procura e em detrimento dos interesses da oferta.

ANÁ'IUE DA EVO'UÇÃO
DA OFERTA COM BAUE EM:
c Registos históricos
c Modelos de
planeamentos econométricos
c Modelos de Planeamento energético
planeamento técnico-
económicos
c Modelos de
simulação

Figura Concepção tradicional de planeamento

Quaisquer destes modelos têm por objectivo avaliar a tendência da


procura de forma a planear a oferta em conformidade. Embora mais
sensíveis aos parâmetros da procura estes modelos não induzem alterações

69
no comportamento dos agentes nem provocam a penetração de tecnologias
mais eficientes. Uão modelos mais ou menos passivos na interacção com os
múltiplos agentes que constituem o universo da procura.
O conceito de DSM "Demand Side Managemente" veio
introduzir, no exercício de planeamento, um mecanismo interactivo com a
procura, provocando os agentes consumidores a substituírem o consumo de
energia pela eficiência, isto é, substituírem os Watt.hora pelos
negaWatt.hora através da utilização de equipamentos e de técnicas menos
intensivas em energia.

70
ANÁLISE DA EOLUÇÃO DA
OFERTA COM BASE EM:
* Registos >istóricos
* Modelos de Planeamento
Econométricos
* Modelos de Planeamento Técnico -
Económicos
* Modelos de Uimulação
* Alterações da Procura, através de:
- Conservação de Energia Planeamento energético
- Aumento na eficiência dos
equipamentos
- Uubstituição de combustíveis
- Alterações nos sistemas
tarifários
- Controlo da potência de ponta
- Alterações comportamentais
- Preocupações ambientais
- ...
- ...
* Modelos de Planeamento a Custos
Mínimos

Figura Concepção do Planeamento na perspectiva de DUM

O Planeamento Energético é cada vez mais uma ferramenta essencial


para a elaboração de políticas energéticas a médio e longo prazo.
Preocupações com a segurança do abastecimento, a independência e
diversificação energética, mas sobretudo considerações de ordem ambiental

71
constituem hoje em dia as linhas mestras para a elaboração de qualquer
plano energético.
Em contraste com o tradicional planeamento da produção, a análise
do sector energético do ponto de vista do consumidor e da utilização final
da energia (Demand Uide Management -DUM), representa uma metodologia
promissora para a avaliação do potencial de redução das emissões de gases
a efeito de estufa (GEE) de um determinado sistema energético.

Ò.3. Energias renováveis

Desde o início do século XX, o mundo tem sofrido com a exploração


de seus recursos naturais, com a poluição da atmosfera e com a degradação
do solo. O petróleo, por exemplo, considerado uma fonte tradicional de
energia, foi tão continuamente extraído que seus poços já começam a se
esgotar, pouco menos de 100 anos após o início de sua utilização efectiva.
O carvão, um recurso ainda mais antigo, também é considerado esgotável.
A energia nuclear, da mesma forma, nos alerta para o perigo dos resíduos
radioactivos. O uso das fontes tradicionais traça sua trajectória ao declínio,
não só pela sua característica efémera, mas porquê é uma ameaça ao meio
ambiente.
Na esteira da questão ecológica, as chamadas ³fontes alternativas de
energia´ ganham um espaço cada vez maior. Essas fontes alternativas, além
de não prejudicar a natureza, são renováveis, e por isso perenes. Exemplos
de fontes renováveis incluem a energia solar (painel solar, célula foto
voltaica), a energia eólica (turbina eólica, c ata-vento), a energia hídrica
(roda d¶água, turbina aquática) e a biomassa (matéria de origem vegetal).

72
Ò.3.s. O Potencial das Energias Renováveis

Muitos ainda vêem a geração de energia por fontes renováveis como


uma iniciativa isolada, incapaz de atender à grande demanda de um país
continental. A utilização de energias alternativas não pressupõe o abandono
imediato dos recursos tradicionais, mas sua capacidade não deve ser
subestimada.

A Alemanha, por exemplo, provou como o uso das fontes renováveis


pode ser útil ao Estado, à população e ao meio ambiente. O país é
responsável por cerca de um terço de toda a energia eólica instalada no
mundo, representando metade da potência gerada em toda a Europa. O
investimento em tecnologia também permitiu aos germânicos se
destacarem na utilização de combustíveis de origem vegetal (biomassa).

Ò.3.Y As Principais Fontes Renováveis de Energia Solar

Praticamente inesgotável, a energia solar pode ser usada para a


produção de electricidade através de painéis solares e células foto voltaicas.
Existem duas formas de utilizar a energia solar: activa e passiva. O método
activo se baseia em transformar os raios solares em outras formas de
energia (térmica ou eléctrica) enquanto o passivo é utilizado para o
aquecimento de edifícios ou prédios, através de concepções e estratégias
construtivas. Esta aplicação é mais comum na Europa, onde o frio demanda
opções para a calefacção .

Os painéis foto voltaicos são uma das mais promissoras fontes de


energia renovável. A principal vantagem é a quase total ausência de
poluição. No entanto, a grande limitação dos dispositivos foto voltaicos é

73

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Conclusão

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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