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EUROPA SÉCULO

XIX
O GOVERNO DE
NAPOLEÃO III
O novo governante francês, Luís Bonaparte, buscou meios para
restabelecer a grandeza da era napoleônica. Em 1851, Bonaparte
transformou-se em ditador com um golpe de Estado e, no ano seguinte,
repetiu a façanha do tio: realizou um plebiscito e, com o aval da
população, transformou-se em Napoleão III, imperador
da França.
O governo de Napoleão III caracterizou-se pela agressiva política externa,
com pretensões imperialistas. Em 1870, declarou guerra à Prússia, que
desejava formar um Estado alemão unificado. Suas tropas, porém, foram
rapidamente derrotadas e o próprio Napoleão III, preso na batalha de
Sedan, em 1870.
Com a derrota dos franceses na Guerra Franco-Prussiana, implantou-se no
país a Terceira República, com sede em Versalhes. Porém, as dificuldades
herdadas da guerra levaram os populares parisienses a se voltarem contra
o governo, num movimento denominado Comuna de Paris. Os rebeldes
assumiram o controle da cidade, que passou a ser governada de acordo
com ideias socialistas.
A Comuna de Paris, contudo, não resistiu muito tempo. Em poucas
semanas, a burguesia reunida em Versalhes reassumiu o poder, após
massacrar parte da população parisiense.
Outras revoluções

O êxito da Revolução de 1830 estimulou levantes na Europa, que


contestavam as determinações do Congresso de Viena.
Na Itália, Bélgica, Rússia, Alemanha, Espanha e em Portugal burgueses e
populares organizaram-se em movimentos de inspiração liberal contra a
ordem vigente.
Do mesmo modo, o exemplo da Revolução de 1848 foi seguido em
diversas partes do mundo, num movimento denominado Primavera dos
Povos. Sua principal característica era o forte conteúdo social, uma vez
que contou com trabalhadores pobres (camponeses, operários,
desempregados) lutando contra a ordem existente, exigindo reformas e
combatendo as forças dominantes.
A unificação italiana

Do fim do Império Romano até o século XIX, a península itálica esteve


dividida em vários reinos, cidades autônomas e domínio de Estados
vizinhos. Desde o Congresso de Viena, grande parte do norte italiano
estava sob o domínio do Império Austríaco, enquanto os Estados da
região central da península pertenciam ao papado.

Os Estados do sul constituíam o Reino das Duas Sicílias, controlado pela


família francesa dos Bourbons, enquanto o Piemonte, ao norte, formava
com a Ilha da Sardenha um reino independente e industrializado.

Contra essa fragmentação e dominação, cresceu um forte sentimento


nacionalista entre a população. Chamado de Risorgimento, o movimento
pela unificação pregava o “ressurgir” de uma Itália unida e forte. Com a
Primavera dos Povos, em 1848, o processo de unificação da Itália
intensificou-se ainda mais, destacando-se duas tendências principais: a
republicana, liderada por Giuseppe Mazzini e Giuseppe Garibaldi; e a
monarquista, liderada pelo conde de Cavour, ministro do Reino do
Piemonte Sardenha, governado pelo rei Vítor Emanuel II.
Coube a Giuseppe Garibaldi, comandando um exército conhecido como
os camisas vermelhas, libertar o sul da península do controle dos
Bourbons e diversas outras regiões. Com a ajuda da França de Napoleão
III, o Piemonte-Sardenha de Vítor Emanuel anexou vários territórios ao
norte. Mais tarde, em 1866, os comandados de Vítor Emanuel também
conquistaram Veneza devido à Guerra da Prússia contra a Áustria na
Guerra das Sete Semanas.
O desejo de unificação levou os nacionalistas a invadir os domínios
pontifícios especialmente Roma. Contudo, Napoleão III ficou do lado do
papa e reagiu ao movimento, fixando tropas em Roma contra os
unificadores.
Em 1870, durante a Guerra Franco-Prussiana, os franceses retiraram seus
soldados de Roma para enfrentar a Prússia. Aproveitando-se da
fragilidade das forças papais, o exército unificador invadiu e conquistou
Roma, transformando-a na capital do Estado italiano.
O papa Pio IX (1846-1878), entretanto, não aceitou a perda de Roma,
dando origem à chamada Questão Romana. Essa divergência durou até
1929, quando o ditador italiano Benito Mussolini assinou o Tratado de
Latrão, criando dentro de Roma o Estado autônomo do Vaticano.
A UNIFICAÇÃO ALEMÃ

O Congresso de Viena pôs fim à Confederação do Reno, criada por


Napoleão Bonaparte, e formou, na mesma região, a Confederação
Germânica, composta de 39 Estados, incluindo parte do Reino da
Prússia e parte do Império Austríaco.
O primeiro passo para a unificação da Alemanha foi dado em 1834,
com a criação do Zollverein, uma união alfandegária entre os Estados da
Confederação Germânica.
Essa medida trouxe grandes vantagens econômicas para a
industrializada Prússia, mas desagradou a Áustria, cuja economia ainda
era predominantemente agrária.
Em 1862, o rei da Prússia, Guilherme I, nomeou Otto von Bismarck para
o cargo de chanceler, encarregando-o de unificar os Estados alemães
sob o controle prussiano. Após aperfeiçoar o exército, Bismarck, em
aliança com a Áustria, declarou guerra à Dinamarca, que controlava dois
ducados de população germânica. Após ganhar a guerra, criou
dificuldades para dividir os ducados com os austríacos, que declararam
guerra à Prússia.
A palavra Reich, em alemão, quer dizer “Estado”,
e foi usada para denominar o Sacro Império Romano-
Germânico (SIRG), também conhecido como Primeiro
Reich. Surgido em 962, como uma continuidade do
Império Romano no Ocidente, o SIRG foi
desmantelado durante as conquistas napoleônicas.
O Segundo Reich, criado por Bismarck, em 1871, se
encerrou ao final da Primeira Guerra Mundial, em
1918, quando o regime alemão se tornou
republicano. Após a ascensão de Hitler ao poder, em
1933, instaurou-se na Alemanha o Terceiro Reich,
que durou até 1945.
Guerras contra a Áustria e a França

Em 1866, apoiados pelos Estados alemães do norte, os


prussianos derrotaram a Áustria na Guerra das Sete
Semanas, sendo obrigada a assinar um tratado de paz.

Em 1870, diante da declaração de guerra da França, todos


os Estados alemães se uniram para combater o
expansionismo de Napoleão III. Vitoriosos, os prussianos
unificaram a Alemanha sob seu domínio e obtiveram da
França os territórios da Alsácia e Lorena, ricos em minério
de ferro e carvão, fundamentais para o desenvolvimento
industrial.

Com apoio de Bismarck, Guilherme I foi declarado


imperador da Alemanha, dando início ao Segundo Reich.
Pax Britannica: fase caracterizada pela hegemonia
da Inglaterra (1815-1914), potência militar e
econômica de predomínio mundial, com seu
imenso império.

A Inglaterra vitoriana

Entre 1837 e 1901, o trono inglês foi ocupado


pela rainha Vitória, período conhecido como era
vitoriana. A Inglaterra manteve-se como a
principal potência mundial, contando com um
Estado de bases sólidas e uma poderosa marinha
mercante.

Até 1914, com a eclosão da Primeira Guerra


Mundial, a Pax Britannica vigorou em grande parte
do mundo apesar das ambições expansionistas da
Prússia e do revanchismo belicista dos franceses
em relação aos alemães.
Durante esse período, o Estado britânico
também teve de conter o movimento
nacionalista irlandês. Dominada pela
Inglaterra protestante, a Irlanda, de maioria
católica, reivindicava sua autonomia.

O período vitoriano também foi marcado pela


atuação das organizações operárias, que
conquistaram uma legislação trabalhista e
maior espaço na vida política inglesa.
O capitalismo monopolista

Outra importante transformação na Inglaterra vitoriana ocorreu no


campo da
produção industrial. Até a primeira metade do século, o país
dominava quase sozinho o mercado de produtos manufaturados.
Seu maior desafio era produzir mercadorias com rapidez suficiente
para atender aos compradores.

No entanto, após a Guerra Civil americana (1865), os Estados Unidos


aumentaram as tarifas de importação de produtos manufaturados,
assim como Rússia em 1877, Alemanha em 1879 e França em 1881.
Todos esses países visavam proteger suas indústrias dos produtos
britânicos, que, produzidos em larga escala e com avançada
tecnologia, tinham custos de produção muito baixos.
O aumento da concorrência entre as indústrias de todo o mundo
levou muitas empresas de um mesmo país a se fundir, sobretudo na
Inglaterra e nos Estados Unidos. Essa união garantia capital para
comprar máquinas mais eficientes e tecnologicamente mais
avançadas e, assim, produzir em maior quantidade e num ritmo
mais veloz, obtendo, na prática, o monopólio do mercado.

Após 1870, como desdobramento do desenvolvimento empresarial,


o capitalismo da livre concorrência conviveu com a expansão do
capitalismo monopolista.

Nesse contexto, novas máquinas, matérias-primas, formas de


administração e de gestão do trabalho levaram a produção a crescer
ainda mais rapidamente, exigindo novos mercados consumidores ou
produtores de matéria-prima. Para obter novos compradores e
fornecedores, as potências avançaram na expansão imperialista.

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