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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

CENTRO DE EDUCAÇÃO, LETRAS E ARTES – CELA


PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
ENSINO REMOTO EMERGENCIAL – ERE
PROFª: Glorismar Gomes da Silva

UNIDADE II - EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA


AULA 5

CONCEPÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA NAS


POLÍTICAS E PRÁTICAS EDUCACIONAIS

Prezados estudantes!
Nessa aula, abordamos o tema Práticas Educacionais, em que se revisa a formação
docente como ser pensante, que reflete sobre sua prática.

Formação do Professor
O termo professor reflexivo surgiu em 1990 pelo Professor Donald Schon.
A formação do professor reflexivo propõe, voltar-se para si mesmo, voltar-se para as
suas ações, em que sua prática exerça a reflexão-na-ação e a aprendizagem através da
ação.
Os profissionais não atuam no mundo real como os técnicos ou cientistas procedem no
laboratório. A atividade profissional não é um modelo das ciências aplicadas ou da
técnica instrumental, pois esta é em grande parte improvisada e construída durante seu
desenvolvimento.
Um profissional não pode se contentar com seguir “receitas” ou “aplicar” os
conhecimentos teóricos anteriores à ação realizada, pois cada situação profissional que
vive é singular e exige de sua parte uma reflexão em e sobre a ação...
Assim, a experiência e as competências profissionais contribuem para gerir a prática e
torná-la mais autônoma. A reflexão unida diretamente à ação que a sustenta é uma das
fontes mais importantes de aprendizagem profissional (TARDIF; MOSCOSO, 2018, p.
391-392).

Para vivermos em sociedade é preciso ser preparado, instruídos para se ter um processo
de formação de conhecimento estabelecido através da educação. Criando assim, a
cultura de uma sociedade. Essa preparação passa pela escola onde passamos parte do
tempo de nossas vidas (LIBÂNEO, 1994; GOMES, 2016).

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Ao estabelecer saberes formalizados, a profissão adquire reconhecimento social, mas
tal condição não ocorre de modo automático e imediato, pois necessita do
reconhecimento pelos pares e pela sociedade. A prática exerce influência na
constituição dos saberes docentes desde a formação inicial dos professores quando eles
têm acesso às escolas por meio dos estágios. Depois de formados, a prática
responsabilizar-se-á por demonstrar aos sujeitos as necessidades de aprimoramento
constante para o exercício da docência (MACENHAN; TOZETTO; BRANDT; 2016, p. 506).

A formação de professor necessita se pautar em:

- Currículos necessários para a formação de professores reflexivos e pesquisadores;


- As condições de exercício de uma prática reflexiva nas escolas;
- A fertilidade da proposta quando a esta se soma a teoria e a reflexão coletiva.

Prática Pedagógica

Prática é a “cristalização coletiva da experiência histórica das ações, é o resultado da


consolidação de padrões de ação sedimentados em tradições e formas visíveis de
desenvolver a atividade”. A prática proporciona as ações e também recebe
interferências destas (MACENHAN; TOZETTO; BRANDT; 2016).
A gênese da prática educativa está em outras práticas capazes de interagir com o
sistema escolar, mantendo relação com os demais âmbitos da sociedade, por exemplo,
o político e o econômico (GIMENO SACRISTÁN, 1999).

“A produção de práticas educativas eficazes só surge de uma reflexão da experiência


pessoal partilhada entre os colegas”

“O Magistério ou a licenciatura é apenas uma das etapas do longo processo de


capacitação que não pode ser interrompido enquanto houver jovens querendo
aprender” (Antônio Nóvoa).

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Quando um professor detecta algo errado em suas aulas e resolve buscar respostas para
suas falhas e buscar respostas para saná-las, mudando sua atitude na sala de aula, o
professor está conceituando a melhoria contínua de obter melhores resultados.
Portanto, é através de boas práticas que a prática educativa e pedagógica será eficiente
(GOMES, 2016).

Donald Schon (1990) atenta para que a formação dos professores não mais se dê nos
moldes de um currículo normativo, mas apresentando, primeiro a ciência, segundo sua
aplicação e terceiro o estágio. Isto é, valorizar a experiência e a reflexão sobre a
experiência. Os currículos reflexivos capacitando-os para trabalhar/ensinar em
situações singulares, incertas, carregadas de conflitos e dilemas.

O que é Paradigma?
De acordo com Khum, é uma “constelação de crenças, valores e técnicas partilhadas
pelos membros da comunidade científica” (KHUM, 1994, apud SANTIN; MAITO, 2011).

“Precisamos ter em nossas escolas mais trocas mais interações


entre os próprios educadores, precisamos compartilhar boas
práticas e aprender uns com os erros dos outros”.

“Um olhar voltado para o docente, mas chama a atenção que o gestor da instituição
também precisa trabalhar com boas práticas” (FRAIMAN, 2013, p. 58).

A educação, a prática educativa, é um fenômeno social e universal sendo uma atividade


humana necessária à existência e funcionamento de todas as sociedades.
É responsabilidade das instituições de ensino e do docente, se a prática educativa
provém de conhecimentos e experiências culturais para atuação no meio social
(LIBÂNEO, 1994, P. 17).
A prática educativa deverá considerar o conhecimento acumulado pela sociedade,
como processo formativo que ocorre como necessária à atividade humana.
Em sala de aula, o docente tem a função de realizar o ato de ensinar e nesse momento,
sua formação curricular, envolvendo sua técnica e estratégia praticada dentro do
processo de ensino-aprendizagem, mediando os saberes, as vivências e a troca de
experiências entre aluno e professor (GOMES, 2016).

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O professor deverá ser um verdadeiro estrategista, o que significa a adoção do termo
estratégia, no sentido de estudar, selecionar, organizar e propor as melhores
ferramentas facilitadoras para que os estudantes se apropriem do conhecimento.

Um professor somente é completo quando consegue unir os conhecimentos técnicos


das disciplinas às habilidades de lidar com os seres humanos em formação que ele tem
diante de si todos os dias (FRAIMAN, 2013).

O bom professor precisa ser capaz de refletir sobre a educação em sua totalidade,
mas dele espera-se que seja também capaz de ensinar promovendo aprendizagem
(YOSHIDA, 2014, p. 10).

Para efetuar o processo de ensino-aprendizagem, é necessário planejamento


(estratégias) e domínio de métodos (técnicas), buscando a melhoria contínua (GOMES
2013).

Práticas Pedagógicas e crianças com necessidade específicas


As escolas e professores estão preparados!?
É compromisso do(a) professor(a) preparar-se, ser proativo e buscar conhecer o seu
aluno numa escuta que o signifique junto ao seu processo de aprendizagem (SOUZA;
BARBOSA, 2015).

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Ao longo da história as crianças têm sido excluídas das escolas por suas singularidades,
diferenças ou deficiências, sobretudo pela dificuldade da escola e dos professores
compreenderem as suas potencialidades e lhes oferecem oportunidades concretas que
responda às suas necessidades para aprenderem. Essas crianças tem o direito à
educação de qualidade juntos com os seus pares, porém elas não são atendidas, e a
maioria, embora possa, não consegue avançar no seu processo de desenvolvimento e
aprendizagem.

As crianças têm seus direitos respeitados?

Os Professores estão formados/capacitados?

As escolas estão preparadas e organizadas!?

Reflitam sobre esses questionamentos considerando suas experiências ou as


realidades nas quais vivem.

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É princípio e obrigação de lei
Que todas as escolas, deverão preparar-se para receberem a todos os alunos, e serem
naturalmente inclusivas e organizadas para atenderem bem a todos os alunos. Essa
realidade exige que o professor reflita sobre suas metodologias a fim de verificar como
estas têm realmente promovido um ensino de qualidade, que alcancem a todos os
alunos indistintamente (SOUZA; BARBOSA, 2015).

As escolas inclusivas, portanto, propõem a constituição de um sistema educacional que


considera as necessidades de todos os alunos e que é estruturado em razão dessas
necessidades.
A inclusão gera uma mudança de perspectiva educacional, pois não se limita a ajudar
somente os alunos que apresentam dificuldades na escola, mas apoia a todos:
professores, alunos e pessoal administrativo para que obtenham sucesso na escola
convencional (MANTOAN, 1997, p. 121 apud SOUZA et al. 2005, p.17).

A construção de uma sala de aula inclusiva passa [pela perspectiva] de educação para
todos e com todos, sendo o professor da classe o responsável pela participação e a
aprendizagem de todos os alunos, gerando e gerindo as condições e os recursos
necessários para o seu sucesso (SANCHES, 2011).

Mudar as práticas de sala de aula, implica em:


- Desenvolvimento dos conteúdos em pequenos projetos;
- Realizados por pequenos grupos;
- Mediados pelo/s professor/es;
- Apostando na cooperação e na participação ativa dos alunos nas suas aprendizagens;
- Desencadeia sucesso em todos, independentemente das suas caraterísticas.

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A sala de aula tem de ser um espaço onde a cooperação dê lugar à competição, o
trabalho em pequenos grupos se sobreponha ao trabalho individual, a parceria
pedagógica, quando possível, seja desejada e não rejeitada.
Comprometer-se com investigar para agir e agir para investigar, procurando e
produzindo conhecimento, para ajudar a encontrar a resposta para um desafio/um
problema.

Objetivo da investigação
- Investigar, para obter um maior conhecimento;
- E a ação, para obter uma mudança;
- O investigador/professor/a envolve-se ativamente e assume-se como um agente de
mudança.

Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Especial

Implica em uma nova postura da escola regular que deve propor no projeto político-
pedagógico, no currículo, na metodologia, na avaliação e nas estratégias de ensino,
ações que favoreçam a inclusão social e práticas educativas diferenciadas que
atendam a todos os alunos. Pois, numa escola inclusiva a diversidade é valorizada em
detrimento da homogeneidade (MEC-SEESP, 1998).

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Referencias deste conteúdo

FRAIMAN, Leo. Como ensinar bem as crianças e adolescentes de hoje: teoria e prática. 1ª
edição - São Paulo: Editora Esfera, 2013.

GOMES, L. D. Boas Práticas Educativas e Pedagógicas: Em busca da Melhoria Contínua. Rev.


Especialize On-line IPOG - Goiânia - 12ª Edição nº 012 Vol.01/2016, Dezembro/2016.

LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. Encontrado também no site Prática Educativa,
Pedagógica e Didática. http://pedagogiaaopedaletra.com/pratica-educativapedagogia- e-
didática/. Acesso em 23 set. 2019.

MACENHAN, C.; TOZETTO, S. S.; BRANDT, C. F. Formação de professores e prática pedagógica:


uma análise sobre a natureza dos saberes docentes. Práxis Educativa, Ponta Grossa, v. 11, n. 2,
p. 505-525, maio/ago. 2016. Disponível em:
<http://www.revistas2.uepg.br/index.php/praxiseducativa> Acesso em: 19 Set. 2019.

SANCHES, I. Do ‘aprender para fazer’ ao ‘aprender fazendo’: as práticas de Educação inclusiva


na escola. Revista Lusófona de Educação, 19, 135-156. 2011. Disponível em:
http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?pid=S1645-
72502011000300009&script=sci_arttext&tlng=en. Acesso em: 24 set. 2019.

SANTOS, K. S. A Prática Pedagógica, a Inclusão Escolar e a Reflexão Docente: Fios de uma


Complexa Tecelagem (p. 165). CARNEIRO, M. S. C. Práticas Pedagógicas na Perspectiva da
Inclusão Escolar de Alunos com Necessidades Especiais: Diálogos com uma Experiência em
Dois Contextos Educacionais (p. 175). In: BAPTISTA, C. R. (org). Escolarização e deficiência:
configurações nas políticas de inclusão escolar – São Carlos: Marquezine & Manzini: ABPEE,
2015.

SOUZA, A. M.; L. S. BARBOSA, Práticas pedagógicas inclusivas na sala de aula: Como identificá-
las? Educere. XII Congresso Nacional de Educação. PUCPR, 2015. Disponível em:
https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/20810_11536.pdf> Acesso em: 23 set. 2019.

TARDIF, M.; MOSCOSO, J. N. A noção de “profissional reflexivo” na educação: atualidade,


usos e limites. CADERNOS DE PESQUISA v.48 n.168 p.388-411 abr./jun. 2018. Disponível em:<
http://www.scielo.br/pdf/cp/v48n168/pt_1980-5314-cp-48-168-388.pdf> Acesso em: 19 Set.
2019

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