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Literatura e História
Notas de curso- Resumos para orientação de estudo.
Nega a causalidade histórica linear entre eventos e épocas ( epistemes) . Dúvidas sobre a
capacidade do historiador em representar com precisão qualquer versão do passado.
Linda Hutcheon
Discussão sobre a relação entre a arte e a historiografia é relevante para qualquer poética do
pós-modernismo, pois a separação é tradicional.
Livre da sucessão linear da escrita da história, o poeta ( ou escritor) falaria sobre o que poderia
acontecer. Confrontar os paradoxos da representação fictícia/histórica, do particular/geral,
presente/passado. Verdade e falsidade não são termos corretos para discutir a ficção. No pós-
modernismo,reescrever o passado é revelá-lo ao presente, impedi-lo de ser conclusivo ou
teleológico.
A MH não consegue deixar de lidar com o problema do status de seus “fatos” e da natureza de
suas evidências, seus documentos.
A MH rompe as resistências dos historiadores que só vêem as causas dos grandes heróis
tradicionais, guerreiros e salvadores, numa história factual contada por elos de causa e efeito.
Ela revela principalmente o cotidiano de pessoas comuns marginalizadas e mesmo esquecidas
das narrativas históricas tradicionais. Subverte uma representação de uma cultura de
conquista entre a razão e o Ocidente.
Cronotopo, 1925
O tempo dialógico só pode ser entendido pelas temporalidades plurais e simultâneas que são
projetadas em espaços plurais.
Tempo e espaço por não existirem em si mesmos, como entidades absolutas, são
transformações semióticas de vivências em sistemas culturais produtores de sentidos.
Ciclo canudiano: tempo histórico, o conflito no sertão, a guerra de Canudos. Cultura popular,
cultura geológica, cultura botânica, étnica.
O terreno comum dos historiadores culturais pode ser descrito como a preocupação com o
simbólico e suas interpretações. Símbolos, conscientes ou não, podem ser encontrados em
todos os lugares, da arte à vida cotidiana,mas a abordagem do passado em termos de
simbolismo é apenas uma entre outras. Uma história cultural das calças, por exemplo, é
diferente de uma história econômica sobre o mesmo tema , assim como uma história cultural
do Parlamento seria diversa de uma história política da mesma instituição.
Qual a narrativa da HC? Existem diferentes formas de cultura? Existe uma forma de HC da
violência?
Foucault, Pierre Bourdieu, Georges Gusdorf ( 1990), Pineau, Legrand ( Les histoires de vie,
2002), Gilles Mora e Claude Nori (1993).
Fonte: Eliseu Souza e Maria helena Abrãao(orgs.), ( tempos, narrativas e ficções: a invenção de
si, 2006)
Memória.
Fonte: Raquel Souza ( Memória e imaginário, Dicionário das mobilidades culturais: percursos
americanos, 2010)
Heterogeneidades.
- Os cronotopos podem se definir por uma série de núcleos sêmicos construída por relações
dialógicas, na medida em que os núcleos vinculam-se a um mesmo campo semântico. Se o
texto histórico reescrito refletir os conflitos entre culturas colonizadoras e colonizadas, o
campo semântico se inscreve no pós-colonialismo e revela um relacionamento lógico entre
História e Política. Em outras palavras, politiza o estético, ou a metahistória, ou a narrativa
literária a caráter histórico (enquadramento);
- Uma forma de observar a natureza dos campos semânticos dos cronotopos é a busca dos
enquadramentos discursivos : cartas, diários, diálogos ( tipos de discursos( direto, indireto) ),
narração com mudança de focalização ( modo e voz), discursos midiáticos,paródia intertextual
(MH), vários tipos de metaficção, interdiscursos.
- Será considerado complexo o texto ou conjunto de textos que contiver vários cronotopos
interrelacionados, isto é, vários momentos históricos em um espaço determinado ou em
espaços diferenciados. Ex. Viva o povo brasileiro, Quarup (romance de tese e pós-colonial, vide
Licia Souza, Literatura & cinema);
- É interessante , após uma análise, discutir sobre a utilidade dos interrelacionamentos dos
cronotopos para uma visada da construção de formações culturais e históricas aptas a refletir
as relações entre Ficção ( narrativas e enquadramentos), História ( evidências, fatos,
documentos e empirismo), Memória e Imaginário.
Ciclo canudiano:
Euclides: “Atribuir a uma conjuração política qualquer a crise sertaneja, exprimia palmar
insciência das condições naturais da nossa raça ( 2000, 309)”
Fontes: “ Tenho me perguntado onde estão as armas e munições para aqui enviadas pelos
monarquistas de dentro e de fora do país...” (2002, 226). O personagem prof. Beebee envia
artigos para o jornal quebequense Le peuple souverain.
Galileu Gall de Vargas Llosa, envia artigos para o periódico de Lyon, L’étincelle de la Révolte: o
sertão é o local de solidariedade entre os desvalidos. Canudos é a concretização do socialismo
utópico europeu MH e HM.
Uso da HM, em Fontes, em V. Llosa, com o uso de cartas e inscrições enunciativas que
dinamizam o campo semântico do cronotopo.
Passagem dos textos jornalísticos ao texto literário. Neste a página é mais “perigosa” e escapa
ao empirismo.Campo semântico do risco , formação de um cronotopo estético.
JJ. Veiga, constrói um campo semântico para o cronotopo estético, em A casca da serpente,
através do dispositivo maravilhoso que permite o imbricamento do cronotopo histórico ( 1897)
com o estético ( 1902, parição de Os sertões), capaz de por à luz a história social de Os
sertões , como primeira fundação sobre a guerra e para o ciclo literário e cultural ( pensando
nos documentários e filmes de ficção, quadrinhos, teatro, etc.), e suas condições de produção
e de recepção.
Duas obras do século Xxi, retomam o hipotexto canudiano: Luzes de Paris e fogos de Canudos
de Ângela Gutierrez, e O Pêndulo de Euclides de Aleilton Fonseca ( esse já tem no PPGELL). O
primeiro utiliza cartas e páginas de um diário como suporte da narrativa.
Outro campo semântico suscetível de formar uma formação cronotópica histórica, que
aparece em todo ciclo, é o da religiosidade, sertão medieval, messiânico, antiguidade universal
( “ O sertão é uma Bíblia escancarada”, Fontes, 2002, 152).
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Temos largo material para examinar os cronotopos das guerrilhas contra a ditadura, luta
urbana ( aparelhos, bancos, prisões, os “porões”), luta rural ( sertão), atravessados de várias
linhas ideológicas. Antonio Callado, Gabeira, Emiliano José, Marcelo Paiva, Paulo Martins,
Érico Veríssimo, etc.
Rubem Fonseca mostra a transformação das crianças de rua, mergulhadas no crime, que não
são mais os capitães de areia romantizados de J. Amado. Paulo Lins mostra como as crianças
de Cidade de Deus são treinadas para o crime e constitui o embrião do Comando Vermelho.
( Vide Dicionário de Personagens afro-brasileiros) Ferrez mostra como se formam as
quadrilhas e Soares e Pimentel debaterão, através de MH e HM, como o BOPE se transforma
em personagem de uma trama histórica. ( Tropa de Elite 1 e 2), Aqui temos realismo brutal,
gótico, Roman noir, policial......
Atenção: Nesse intervalo que teremos de greve e de minha viagem a Montreal, leiam os
textos, reflitam sobre esse esquema de análise, observando uma obra ( livro OU filme de suas
pesquisas ou de seus interesses) , procurando os campos semânticos, cronotopos, MH, HM e
HC, realismos ou maravilhoso, etc.
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