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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – UECE

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS - CCT


CURSO DE GEOGRAFIA - LICENCIATURA
DISCIPLINA: GEOGRAFIA AMBIENTAL
PROF: CLEIRE LIMA DA COSTA FALCÃO

JESSICA ARAUJO DA SILVA

MACIÇO DE URUBURETAMA: ASPECTOS GEOLOGICOS,


GEOMORFOLOGICOS, PEDOLOGICOS, USO E OCUPAÇÃO.
FORTALEZA – CEARÁ

2020

JESSICA ARAUJO DA SILVA

MACIÇO DE URUBURETAMA: ASPECTOS GEOLOGICOS, GEOMORFOLOGICOS,


PEDOLOGICOS, USO E OCUPAÇÃO.

Artigo submetido à Disciplina Geografia


Ambiental do curso Geografia Licenciatura da
Universidade Estadual do Ceará, como
requisito parcial para aprovação na disciplina.

Professora: Cleire Lima da Costa Falcão


FORTALEZA – CEARÁ
2020
I. INTRODUÇÃO

O presente artigo foi elaborado a partir de pesquisas bibliográficas de


caráter exploratório. Procurando assim estabelecer uma ponte entres as
dimensões naturais e sociais. Encarando os aspectos de maneira integrada,
adotando uma visão sistemática ou holística. Partindo de uma abordagem
sistêmica, levando em consideração todos os elementos que compõem a
paisagem, e não excluindo a ação antrópica. No tocante a Geografia, esta
abordagem ganha espaço através das formulações de Sotchava e a criação do
termo “Geossistema”.

De idealização russa, o termo é aplicado em escala regional,


abrangendo extensas áreas. Concluindo que o Geossistema consiste em um
sistema natural, onde existe uma conexão entre os fatores, incluindo assim as
ações humanas. A Paisagem é a palavra chave para este entendimento, pois
diz respeito a todos os componentes, de maneira real e integrada. Tal proposta
pode vir a ser o elo de ligação, entre a dicotomia existente, Geografia Física e
Geografia Humana.

Com base nas contribuições do professor Marcos Nogueira, acerca das


Compartimentação Geomorfológica do Estado do Ceará. Entendemos que o
relevo exerce forte influência sobre a hidrologia, aspectos relacionados ao
clima e também no padrão da vegetação. Delimitando assim a área de estudo
ao Domínio dos Maciços Residuais Úmidos, mais especificamente o Maciço de
Uruburetama. Com o objetivo de analisar e compreender os aspectos
geológicos, geomorfológico, pedológicos, assim como os recursos naturais
existentes e o atual uso e ocupação do solo.
A palavra Uruburetama, de origem Tupi e significa “Terra de urubus”. É
conhecida também como Terra da Banana ou Arraial. Entre as principais
atividades, estão o setor de agropecuária. Atualmente existem um cultivo
expressivo de banana e cereais. Procuramos assim entender como estes
atuam na dinâmica da paisagem.
II. MACIÇOS RESIDUAIS UMIDOS – URUBURETAMA

O Geossistema a ser analisados são os Maciços Residuais Úmidos,


mais especificamente o Maciço de Uruburetama em suas áreas de cultivo. Este
possui um bom potencial agrícola, dispõe de aspectos que favorecem as
lavouras ali existentes. Os maciços consistem em uma das formações
montanhosas mais antigas, datadas do pré-cambiano. Resistiram aos
processos erosivos, alcançando 600 a 1.100 metros de altitude. Formados por
rochas metamórficas ou intrusivas, sendo elas em sua maioria graníticas e
quartziticas, apresentando uma erosão diferencial em sua superfície. Estes se
apresentam em meio à depressão sertaneja. Aqueles situados mais próximos
ao litoral, na porção norte do estado do Ceará apresentam maiores índices
pluviométricos em sua vertente de barlavento. Possuem uma cobertura vegetal
perenefólia e subperenefólia.

Neste ambiente há uma predominância das ações de intemperismo


químico, e solos mais profundos areno-argilosos bem drenados. O que
favorece a presença de um maior contingente populacional, dedicando-se
majoritariamente a atividades agrícolas, porém sem respeitar as normas de
preservação, com técnicas arcaicas que acabam por acelerar os processos de
degradação. O que se observa é um desmatamento indiscriminado afetando o
equilíbrio ecológico da região. A vertente de sotavento também apresenta
áreas de dessecação do relevo, que se assemelham um pouco a depressão
sertaneja, entretanto as culturas de algodão e cereais são preponderantes.

O Maciço de Uruburetama por sua vez, localiza-se na porção norte do


Estado do Ceará, acerca de 100 km da capital Fortaleza. Este se encontra
também no Domínio de Escudos e Maciços Antigos. Constituído pelos
municípios de Itapajé, Itapipoca, Irauçuba, Uruburetama, Miraíma, e Tejuçuoca.
Em sua vertente úmida encontram-se os municípios de Itapajé e Uruburetama,
na vertente subumida localiza-se Itapipoca, na vertente seca por sua vez, os
municípios de Irauçuba e Miraíma.
O Maciço possui uma área de 930 Km², as melhores condições
climáticas da área de barlavento favorece a fixação de maior contingente
populacional, por exemplo, o município de Uruburetama conta com 19.765
habitantes, A população urbana é de 74% (IBGE 2010). Considerada como um
brejo de altitude, alterando a monotonia da paisagem sertaneja. Apresenta
relevo dessecado com vales em V, atingindo em alguns pontos a marca de 800
metros. Situado num clima Tropical quente semiárido, as médias de
temperatura são entre 21°C e 34°C. Os índices pluviométricos alcançaram
1.141 mm em 2018. Há uma concentração de chuvas nos meses de fevereiro a
abril.

Os recursos hídricos disponíveis são decorrentes da bacia hidrográfica


do Curu e do Litoral. O rio Curu possui 195 km de extensão, a bacia tem como
principal afluente o rio Canindé e se encontra na porção centro norte do estado,
suas principais fontes de drenagem são as Serras de Uruburetama e Machado.
A bacia litorânea por sua vez, tem como principal afluente o rio Aracatiaçu, com
a extensão de 181 km, e um total de 8.472,77 km², ou seja, 6% do território
cearense. A nascente do Rio Mundaú corta o vale em dois.

No tocante a composição geológica a mesma apresenta granodioritos


datados do neoproterozoico. Solos estruturados com fertilidade natural,
associada presença de cascalho e glaus de quartzo. São eles: O Argisolos
vermelho-amarelo, com horizontes A, B e C, onde ocorre um aumento na
quantidade de argila, e os neossolos eutróficos. Apesar de apresentarem
fertilidade natural de média a alta, esses também possuem deficiências, como
acidez e déficit de água, respectivamente. O primeiro, atualmente é utilizado
para o cultivo de banana, de caráter permanente. Feijão, mandioca, milho e
mamona, porém de forma temporária. O segundo também é utilizado para o
cultivo temporário de milho e feijão.

Há também a ocorrência de outros três tipos de solos. Os Luvissolos,


estes são utilizados também para a pecuária extensiva. Planossolos, esses
apresentam relevo plano, porém é considerado um solo raso e com deficiência
de água, utilizado para pasto e pecuária extensiva. Os Litólicos, que por sua
vez, possuem uma fertilidade natural média, relevo ondulado, e existe um risco
de inundações.

III. ESTUDO DE CASO – ATIVIDADES AGRÍCOLAS.

Segundo dados do Anuário do Ceará (2019.2020), as atividades


relacionadas à agropecuária são responsáveis por R$ 46.259,52, do PIB no
município. Todo o histórico de uso e ocupação do maciço vem alterando a
cobertura vegetal da região. Atualmente só restam 0,21% da mata originária. O
que implica em mudanças na dinâmica da paisagem.

 Bananicultura

Existem dois níveis de produção na região. Os primeiros não fazem o uso


de grandes tecnologias para realizarem a atividade. A área de cultura abrange
15 ha, todos os procedimentos são feitos com equipamentos manuais, desde
as capinas até a colheita. Pelo fato de não utilizarem técnicas de conservação
ou correção do solo, ou uso de adubos químicos ou controle de pragas, esta
exploração é considerada semi-extrativista. Há uma predominância de uma
mão de obra assalariada. A comercialização é feita à nível de propriedade.
Logo existe um intermediário, entre O mercado do produtor. Esses ficam
responsáveis pelo transporte. Devido técnicas adotadas, o rendimento é de
cinco toneladas por ano.

Os segundos, o que lhes difere é, a mão de obra familiar, tendo o cultivo


como a principal fonte de renda. A área é escolhida a partir da topografia. O
plantio se inicia com a abertura de covas, de maneira manual. As mudas são
selecionadas, e existe o trato contra ervas daninhas e demais eventualidades.
A colheita também é feita manualmente, com instrumentos como foices e
facões, quando os cachos alcançam o total desenvolvimento.

A degradação da área do maciço está relacionada ao desmatamento e a


superexploração do solo. Pois as bananeiras precisam de um manejo
adequado, quando cultivadas em áreas de declives, estas favorecem a erosão
e por fim a dessecação do relevo. Estas possuem raízes curtas e não são
capazes de manter o solo. Sua folhagem facilita a infiltração e escoamento
superficial, propiciando assim o transporte de sedimentos. Apesar de ser uma
atividade importante para região, essa preocupa por acarretar a redução ou
desaparecimento da flora local. A vegetação já está bastante altera e não se
encontra vestígios de outrora.

 Mamona

A cultura de mamona encontra-se no Zoneamento Agrícola de Risco


Climático do estado do Ceará. A planta apresenta uma resistência a seca e se
adapta aos mais diversos ambiente, entretanto necessita de chuvas regulares
no inicio e de tempo seco para maturação do fruto. Cada cacho apresenta um
período de amadurecimento diferente. A temperatura ideal é de 20°C a 30°C. O
excesso de umidade pode prejudicar o ciclo.

Existe um crescimento no cultivo, devido aos incentivos por parte do


Governo Estadual e Federal a produção de oleaginosas. Porém o Ceará ainda
continua com baixos índices, pois o plantio é feito em áreas irregulares. No
Maciço de Uruburetama, esta é realizada nos argisolo, com regime temporário.
No município de Itapajé, a lavoura ocupa uma área de 184,18 hectares,
produzindo anualmente 43,63 toneladas. No município de Uruburetama, ocupa
de 39 hectares, e produz 10,54 toneladas.

A partir do óleo extraído da mamona é possível, a fabricação de corantes,


desinfetantes, lubrificantes, tintas e cosméticos. Há também um interesse para
a fabricação de biodiesel. O direcionamento da produção para o mercado
internacional aumentaria a renda dos produtores, já que se trata de um produto
nobre. Entretanto as áreas antes dedicadas ao cultivo de produtos de
subsistência deram espaço a mamona. A planta também apresenta um
componente tóxico, prejudicial aos rebanhos e podem acarretar numa
diminuição da produção pecuária.
IV. CONCLUSÃO

A partir de uma análise sistêmica conseguimos identificar como o relevo


exerce forte influência, aos aspectos climáticos, hidrológicos e de uso e
ocupação na área estudada. Em concordância com o pensamento de Moura-
Fé, entendemos que a vegetação não surge ao acaso, mas é o resultado da
dinâmica existente entre os demais componentes da paisagem. A cobertura
vegetal do Maciço de Uruburetama vem sendo alterada, principalmente pelo
avanço da fruticultura, em especial o cultivo de banana. Entendendo que ação
antróprica vem degradando aquele ambiente em prol de uma atividade
econômica. Uma vez que essa espécie acaba por acelerar os processos
erosivos. A monocultura torna a lavoura mais frágil e suscetível a pragas. Até
mesmo as praticas rudimentares ali adotadas retrai o lucro e impossibilita o uso
da mamona para o biodiesel. A solução encontrada por pesquisadores para a
diminuição dos impactos causados é a adoção das normas para o plantio, e um
processo de reflorestamento.

RERERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2317-028X.

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