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FACULDADE XV DE AGOSTO
CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO DA
MATEMÁTICA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

A FORMAÇÃO DO PROFESSOR NA PERSPECTIVA DO


LETRAMENTO MATEMÁTICO

Flávia Regina de Andrade Brito


Paula Adriana da Silva
Orientadora: Benedito Augusto da Silva

Socorro
2020

FACULDADE XV DE AGOSTO
2

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO DA


MATEMÁTICA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

A FORMAÇÃO DO PROFESSOR NA PERSPECTIVA DO


LETRAMENTO MATEMÁTICO

Artigo apresentado em cumprimento às


exigências para término do Curso de Pós
graduação em Metodologia do ensino da
Matemática sob orientação do Profº
Benedito Augusto da Silva

Socorro
2020
FACULDADE XV DE AGOSTO
CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO METODOLOGIA DO ENSINO DA
MATEMÁTICA
3

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

FLÁVIA REGINA DE ANDRADE BRITO


PAULA ADRIANA DA SILVA

A FORMAÇÃO DO PROFESSOR NA PERSPECTIVA DO


LETRAMENTO MATEMÁTICO

Artigo apresentado em cumprimento às


exigências para término do Curso de Pós
Graduação em Metodologia do Ensino da
Matemática sob orientação do Profº
Benedito Augusto da Silva

Avaliado em ______ / _____ / _____

Nota Final: ( ) _____________

________________________________________
Professor- Orientador

Socorro
2020
RESUMO
4

O formação do professor que ensina matemática no contexto do letramento


matemático é um tema bastante relevante para ser discutido devido aos novos
documentos orientadores que estão postos no cenário educacional nos dias atuais.
A BNCC é o documento que aponta a perspectiva do Letramento Matemático como
uma possibilidade para que o ensino da matemática seja instrumento de reflexão no
âmbito da formação continuada dos professores dos anos iniciais do Ensino
Fundamental.Esse trabalho propõe-se a discutir sua relevância buscando referência
em uma concepção dialógica de ensino e aprendizagem considerando os saberes
matemáticos desse profissional. Portanto é possível afirmar que a formação
continuada é extremamente importante pois é ela que vai fazer a ponte entre a
teoria e a prática considerando as aprendizagens das crianças.

Palavras-chave: ensino e aprendizagem - letramento matemático - formação


continuada

ABSTRACT
5

The graduation of a professor that teaches mathematics in a context of mathematical


literacy is a relevant subject to be discussed due to the new guiding documents
reported in the educational scenarios nowadays. The BNCC is a document that
points out the perspective of Mathematical Literacy as a possibility for teaching of
mathematics to be a reflection instrument with the scope of continuous education of
professors in the early years of Elementary School. This work proposes to discuss
this relevance seeking for a reference in a dialogical concept of teaching and learning
considering the mathematical knowledge of this professional. Therefore, it is possible
to affirm that continuous education is extremely important because it will close the
gap between theory and practice, considering children’s learning.

Keywords: teaching and learning – mathematical literacy – continuous education.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 07
CAPÍTULO I
6

A FORMAÇÃO CONTINUADA E A APRENDIZAGEM NUMA CONCEPÇÃO


DIALÓGICA 09
CAPÍTULO II
O PAPEL DO FORMADOR E O CONHECIMENTO MATEMÁTICO NOS ANOS
INICIAIS 12
CONCLUSÃO 18
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 19

NTRODUÇÃO

Esse artigo, tem como ponto de partida o atual contexto histórico em que a
educação está inserida. A todo o momento nos deparamos com mudanças nos
diferentes campos do conhecimento, na sociedade e nas diferentes culturas, dessa
forma somos protagonistas dessas transformações em busca da formação plena do
indivíduo.
7

A escola tem um papel significativo para as crianças dentro do que


hoje concebemos por educação, que ocorre dentro e fora dela, portanto é
importante a valorização das experiências fora da escola como forma de
constituição do indivíduo enquanto sujeito cultural. Assim a escola é compreendida
como instrumento de democratização, contribuindo através das vivências sociais,
através do diálogo, para a formação de indivíduos participantes da sociedade. A
Base Nacional Comum Curricular traz à tona a premissa da educação integral
buscando a ampliação das situações educativas que desenvolvam nos alunos os
aspectos físicos, cognitivos, afetivos, social e moral.
A BNCC pensando na educação integral e no desenvolvimento desse sujeito
produtor de conhecimento, estabelece dez competências gerais que se relacionam
e perpassam toda a Educação Básica, articulando o conhecimento através das
habilidades a serem desenvolvidas ao longo da vida escolar do aluno, com o
objetivo na formação de atitudes e valores.
Na perspectiva da Educação Matemática o letramento é apontado como
condição para a alfabetização através de competências e habilidades que possibilita
a interação com os saberes de forma contextualizada e relevante para que o
aprendizado seja consolidado por meio da ação e reflexão.
Nesse sentido a formação continuada do professor que ensina Matemática
no Ensino Fundamental - anos iniciais também precisa estar em consonância com
os desejos e necessidades dos professores para que assim seja significativa e
caminhe em direção a um processo reflexivo sobre a prática, propondo ações de
ressignificação desta.

A qualidade do ensino na área da Matemática está diretamente ligado aos


conhecimentos que este professor detém e sua relação de como os utiliza na
prática, sendo assim é fundamental o conhecimento do formador acerca de qual
professor estaremos orientando e quais saberes matemáticos devemos aprofundar
nos estudos.
O formador deve aprofundar seu olhar no que se refere ao entendimento que
o professor tem dos conteúdos nessa temática, dando suporte e subsídios para que
ele consiga melhorar sua prática.
O professor deve entender este processo de aprendizagem, para isso ele
precisa se questionar em relação aos porquês matemáticos que envolvem
8

determinado conhecimento, antes mesmo de apresentar aos seus alunos. Não basta
somente saber como obter os resultados e ou os procedimentos necessários para
chegar ao resultado, este conhecimento deve ser um instrumento do professor para
que contribua de forma efetiva para que os alunos possam apresentar diferentes
possibilidades para chegar ao mesmo resultado no fazer matemático.
Assim, esse artigo propõe-se discutir a prática do ensino no campo da
Educação Matemática por meio de expectativas e reais necessidades dos
professores desenvolvendo um pensar reflexivo e investigativo buscando uma
educação significativa e de qualidade para nossos alunos.

CAPÍTULO I
A FORMAÇÃO CONTINUADA E A APRENDIZAGEM NUMA
CONCEPÇÃO DIALÓGICA
A educação é um processo fundamental para o homem. Ela é a responsável
pela humanização do indivíduo em busca da transformação a partir da apropriação
de conhecimento. Ao longo da história esse sujeito aprende, constrói e ressignifica
os conhecimentos que foram acumulados ao longo da vida. Nesse sentido o
trabalho pedagógico é uma atividade mediadora entre o indivíduo e a cultura
humana. Deve ser realizado de forma intencional com a finalidade de garantir a
prática social do estudante.
9

O que se chama de desenvolvimento histórico não é outra coisa


senão o processo através do qual o homem produz sua existência no
tempo. Agindo sobre a natureza, ou seja, trabalhando, o homem vai
construindo o mundo histórico vai construindo o mundo da cultura, o
mundo humano. E a educação tem suas origens nesse processo
(SAVIANI, 2003, p.96).

Assim é possível afirmar que o conhecimento se dá por meio das relações


estabelecidas no mundo e é sempre mediada: “A mediação é um processo
essencial para tornar possíveis atividades psicológicas voluntárias, intencionais,
controladas pelo próprio indivíduo” (OLIVEIRA 1997, p.33). Esse processo está em
constante transformação ao longo do desenvolvimento do ser humano.
A aprendizagem acontece por vezes através da linguagem, ou seja, da
palavra, que carrega dentro dela toda a bagagem cultural e as relações
estabelecidas pelo indivíduo que fala. Apropriamo-nos do mundo e da cultura
inicialmente pelo contato com as palavras do outro, ou seja, as palavras que nos
são ditas ao longo de nossas vidas. Nesse campo Bakhtin (1998) aponta que “a
palavra revela-se no momento de sua expressão como produto de interação viva
das forças sociais” citado por Campos (2014).
A formação continuada do professor, por sua vez, dentro dessa perspectiva
toma como base a prática pedagógica que tem como finalidade levar os estudantes
a dominarem os conhecimentos acumulados historicamente pela humanidade. Para
poder proporcionar esse conhecimento às crianças o professor precisa, ele próprio,
apropriar-se desse saber tornando-se cada vez mais autônomo e crítico da sua
própria prática pedagógica. Assim, SAVIANI (2001) afirma que
a formação continuada não deve se restringir à resolução de
problemas específicos de sala de aula, mas contribuir para que o
professor ultrapasse a visão compartimentada da atividade escolar e
passe a analisar os acontecimentos sociais, contribuindo para sua
transformação. (SAVIANI, 2001, n.p)

A legislação brasileira prevê a formação continuada como direito dos


profissionais da educação. No capítulo IV da LDB é regulamentada a formação
continuada nos seguintes artigos:

Art.61- A formação dos profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos
diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de
cada fase de desenvolvimento do educando, terá como fundamento:

I - a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço;


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II - aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino e outras


atividades.

Art.67- “os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais de educação,


assegurando-lhes: [...] aperfeiçoamento profissional continuado,
inclusive com licenciamento periódico para esse fim;

[...] período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho”.

O Plano Nacional da Educação (2014) aponta a formação continuada como


forma de valorização dos profissionais e melhoria da qualidade da educação
brasileira. Isso posto, necessitamos pensar a formação continuada dos profissionais
da educação a partir da prática social rompendo paradigmas e ações próprias do
cotidiano apropriando-se dos conhecimentos construídos historicamente.
Colaborando com esse pensamento Nóvoa (1995) aponta que o grande
desafio da educação está na valorização de paradigmas de formação que viabilizam
professores reflexivos que assumam responsabilidade de seu próprio
desenvolvimento profissional dando ênfase ao saber da experiência.
Dialogando com Placco e Silva (2000) entende-se formação como

um processo complexo e multideterminado, que ganha materialidade


em múltiplos espaços/atividades, não se restringindo a cursos e/ou
treinamentos, e que favorece a apropriação de conhecimentos,
estimula a busca de outros saberes e introduz uma fecunda
inquietação contínua com o já conhecido, motivando viver a docência
em toda a sua imponderabilidade, surpresa, criação e dialética com o
novo. (Placco, 2001, p. 26-27)

Dessa forma a formação é vista como um processo que deve ser contínuo
dentro do ambiente escolar com o objetivo de aprimoramento da prática
pedagógica. É preciso oportunizar momentos de formação em que a prática
pedagógica, ou seja, as experiências vividas no cotidiano escolar favoreçam
momentos para discussão que possam se constituir em novas aprendizagens
individuais e coletivas. É pensar a prática de ensino em consonância com a teoria,
com o conhecimento acadêmico realimentando a concepção e as próprias
metodologias a fim de aprimorar a mesma. Concordando com Soligo (2007)

Contribuem para o nosso processo de construção de conhecimento


todos os que reconhecemos como nossos outros e que, por isso
mesmo, podem contribuir conosco. Os pensadores que fundamentam
teoricamente o que pretendemos compreender e também aqueles que
‘nos assistem pensar’: as pessoas com as quais temos intimidade
11

suficiente para compartilhar o nosso processo de elaboração das


ideias. (SOLIGO, 2007, p.29)

Para que o espaço de formação seja consolidado é preciso construí-lo como


um espaço de conversa e trocas, ou seja, um encontro de sujeitos como os
mesmos propósitos que se propõem discutir e refletir sobre a prática pedagógica
com a finalidade de melhorar a qualidade de ensino. Soligo (2007) afirma que esse
espaço acontece de forma dialógica, ou seja, diálogo construtivo pautado na escuta,
no respeito à diferença e na interlocução de fato. Assim, adjetivar como dialógicas
as propostas e atitudes necessárias a um formador implica ter como princípio que
os profissionais moram dentro de pessoas e que, como tal, devem ser
considerados.
Dentro desse cenário é preciso pensar na formação continuada dos
profissionais que estão inseridos na escola – professores, coordenadores e
diretores, de forma a problematizar a prática pedagógica, no sentido de perceber as
contradições entre a teoria e a prática oportunizando uma mudança na prática
docente na perspectiva de um ensino reflexivo.
CAPÍTULO II

O PAPEL DO FORMADOR E O CONHECIMENTO MATEMÁTICO


NOS ANOS INICIAIS

Pensar a formação continuada na área da Matemática parte-se do princípio


de primeiramente entender o contexto histórico dessa área do conhecimento. As
avaliações externas ao longo dos últimos anos vêm apontando uma defasagem
frente aos conhecimentos lógicos matemáticos aos alunos do fundamental – anos
iniciais. Isso demonstra que o caminho da educação infantil até o ensino
fundamental precisa ser revisto frente às práticas de ensino. Quais aprendizagens
não estão sendo consolidadas durante esse percurso? Como está acontecendo a
formação dos profissionais da educação? Quais metodologias estão a favor do
ensino da Matemática?
A Base Nacional Comum Curricular (2017) na perspectiva do letramento
matemático apresenta um conjunto de competências específicas que se espera que
os alunos desenvolvam ao longo de sua trajetória escolar, por meio de habilidades
12

e competências para que o conhecimento matemático seja uma ferramenta para ler,
compreender e transformar a realidade.
As preocupações com um ensino de qualidade desde a Educação Infantil
estão cada vez mais frequentes. É sabido que o conhecimento matemático não se
constitui num conjunto de fatos a serem memorizados e que aprender números vai
muito além de contar, mesmo que a contagem seja um conhecimento importante
para a aprendizagem do conceito de número. Na Educação Infantil os
conhecimentos lógicos matemáticos devem ser muito bem trabalhados e
compreendidos, pois serão de grande importância em toda a vida escolar e
cotidiana. Assim, a proposta de trabalho com a matemática deve encorajar a
exploração de uma grande variedade de experiências que envolvam todas as
Unidades Temáticas apontadas na BNCC (2017), desenvolvendo a curiosidade e
adquirindo novas formas de agir e pensar esse conhecimento. Smole (2000) sobre
o lúdico na Educação Infantil diz que

Certamente as brincadeiras não são o único recurso para fazer as


crianças se aproximarem do conhecimento matemático, mas utilizar
sua riqueza, seu encantamento, em algumas oportunidades permite
que o ensino de matemática ocorra de modo mais natural,
abrangendo diversas competências dos alunos, dando mais
oportunidades para que todos aprendam. (SMOLE, 2000, p. 85)

De consonância com a proposta da BNCC (2017) em uma perspectiva do


Letramento Matemático é preciso iniciar as crianças, nos anos iniciais do Ensino
Fundamental, no mundo da leitura e escrita aritmética aproximando-as dos números
naturais de acordo com seus usos e diferentes funções sociais, da aquisição da
leitura e da representação numérica dentro do sistema de numeração decimal.
Também é preciso pensar nas Unidades Temáticas que estão a favor do
conhecimento como, a álgebra, a geometria, a probabilidade, a estatística e a
grandezas e medidas.
De acordo com a BNCC (2017) em consonância com a matriz do Pisa (2012)
o letramento matemático é

definido como as competências e habilidades de raciocinar,


representar, comunicar, argumentar matematicamente, de modo a
favorecer o estabelecimento de conjecturas, a formulação e a
resolução de problemas em uma variedade de contextos, utilizando
conceitos, procedimentos, fatos e ferramentas matemáticas. É
também o letramento matemático que assegura aos alunos
reconhecer que os conhecimentos matemáticos são fundamentais
13

para a compreensão e atuação no mundo e perceber o caráter do


jogo intelectual da matemática, como aspecto que favorece o
desenvolvimento do raciocínio lógico e crítico, estimula a investigação
e pode ser prazeroso (fruição). (BRASIL, 2017, p. 266)

As crianças estão inseridas num mundo repleto de números e conceitos


matemáticos. Assim, temos diariamente que resolver problemas relacionados à
matemática, mesmo sem ser reconhecidos como tais. São exemplos, pagar alguma
conta, voltar troco, calcular uma distância a ser percorrida, etc. Fica clara a
importância do letramento matemático com a finalidade das crianças entenderem o
mundo ao seu redor. Porém, também torna-se necessário entender como a criança
pensa e interage com o conhecimento.
Ser letrado matematicamente requer da criança muito mais do que apenas
saber calcular, mas ser capaz de pensar e discutir as relações numéricas e
espaciais utilizando as convenções já existentes em nossa cultura.
As crianças não entram na escola sem nenhuma experiência em matemática,
durante suas vivências já se deparam com problemas e situações a serem
resolvidas e que necessitam desses conceitos matemáticos. Isso significa que muito
antes de entrarem na escola as crianças já classificam, ordenam, quantificam e
medem. É importante desenvolver uma proposta pedagógica que busque trazer
para as discussões em sala de aula os conhecimentos que as crianças já possuem.
Esse redescobrir matemático deve acontecer de forma prazerosa e significativa,
não se esquecendo que é papel da escola pensar em estratégias e intervenções
que levem a criança a ir além de seus conhecimentos já adquiridos, ampliando
assim suas capacidades matemáticas.
Smole (1996) ao tratar desse assunto, afirma que:

No seu processo de desenvolvimento, a criança vai criando várias


relações entre objetos e situações vivenciadas por ela e, sentindo a
necessidade de solucionar um problema, de fazer uma reflexão,
estabelece relações cada vez mais complexas que lhe permitirão
desenvolver noções matemáticas mais e mais sofisticadas. (SMOLE,
1996, P.63)

Assim é necessário que na escola a criança tenha oportunidades


diferenciadas de experimentar e usar as competências lógicos matemáticas
14

proporcionando momentos de discussão sobre o ensino da matemática, de forma a


viabilizar diversos fazeres.
Nesse sentido o professor exerce um papel fundamental no desenvolvimento
e na relação da criança com o conhecimento lógico matemático, na medida que
valoriza as experiências já vivenciadas pelas crianças fazendo as intervenções
necessárias e proporcionando a ampliação e consolidação dos conhecimentos
apreendidos.
Portanto, a interação das crianças com essa área do conhecimento acontece
a partir das relações que ela estabelece com o meio em que vive de acordo com as
vivências sociais que vão sendo proporcionadas com intencionalidade para elas.
Aprender matemática vai além de conhecer e dominar regras lógicas é necessário
aprender convenções e alguns procedimentos para assim começar a calcular e
pensar matematicamente.
Nesse cenário a formação continuada é fundamental para que o ensino da
Matemática seja repensado atualizando os conhecimentos frente às práticas
pedagógicas contemplando uma educação de qualidade, um ambiente que os
alunos possam explorar, resolver situações problemas, testar hipóteses, discutir e
argumentar.
Da mesma forma que acreditamos que as crianças constroem seus
conhecimentos matemáticos por meio das experiências adquiridas em suas
vivências sociais e escolares, o professor constrói seu conhecimento através das
suas experiências de ensino.
Assim, espera-se que o professor incorpore às suas práticas pedagógicas,
atividades que oportunizem a compreensão, interpretação e uso da linguagem
matemática para além de escrever e ler números, e operar com técnicas
operatórias. Também faz se necessário que esse profissional trabalhe a partir das
evidências apontadas pelos estudantes introduzindo meios de avaliação do
processo de aprendizagem para assim pensar em novos conhecimentos.
Concordando com Nunes (2009), o professor deve ser colocado como ator na
construção do seu próprio conhecimento e assim, ele precisa de evidências que só
serão possíveis a partir da análise da própria prática.
Pensar a formação continuada na área de conhecimento da matemática,
como um compromisso político e social num formato que possa fortalecer o
professor como aprendiz em serviço e possibilitar espaços de discussão potentes
15

que atendam ao objetivo de contribuir efetivamente com a prática educativa na área


da matemática deve ser o objetivo do formador nesta área de conhecimento.
Nesta perspectiva cabe ao formador identificar as necessidades do grupo
para que haja uma efetiva formação matemática, segundo Gálvez (1996 p. 27) tanto
a reciclagem dos professores que estão em serviço quanto a preparação dos novos
professores em sua maioria é voltado para o apoio do trabalho em sala indicando
pesquisas ou produção de materiais para construção e adequação dos saberes
matemáticos, é importante ter bem definido as chamadas “inovações”, já que na
maior parte ela se confunde com a socialização de aquisições científicas.
Entretanto Gálvez (1996) ressalta a importância da produção do
conhecimento científico do professor para o pensar matemático:

A partir da reflexão sobre a validade das ações desenvolvidas, foi


surgindo, dentro dos IREM, outra classe de atividades, não só
destinadas à produção de meios para atuar sobre o ensino, como
também à produção de conhecimento para controlar e produzir tais
ações sobre o ensino. Pode-se, em outros termos, a pesquisa
científica para os processos que têm lugar no domínio do ensino
escolar da matemática. (Gálvez, 1996 p. 27)

Deste modo, quando pensamos sobre as dificuldades matemáticas, ou seja


os porquês matemáticos dos alunos é necessário que o professor, como mediador
do processo de aprendizagem, crie estratégias para instigar a curiosidade e a
participação dos alunos incentivando-os a perguntarem e questionarem as dúvidas
que surgem durante as aulas. Também é preciso que esse professor esteja
preparado para saber lidar com as indagações dos alunos. Antes de ensinar ou
supor respostas, ele deve ajudar o aluno a estar disponível à busca, a familiarizar-
se com os conhecimentos matemáticos.
Nessa perspectiva também elucida-se novamente a formação inicial do
professor, muitas vezes o próprio professor não está preparado e não sabe dar as
respostas necessárias às perguntas dos alunos ou muitas vezes leva a não
trabalhar alguns conteúdos com os alunos devida a má formação inicial que muitas
vezes foi deficitária.
A formação deve estar vinculada à prática profissional do professor e
contribuir efetivamente, para que consigam lidar com os questionamentos que os
alunos apresentam em sala de aula. Segundo Lorenzato (2006), para que o
indivíduo se aproprie do conhecimento e transforme-se em um cidadão autônomo e
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crítico é preciso permitir que os mesmos se pronunciem nas aulas, incentivando-os


a isso. Cabe ao professor proporcionar momento de discussão e reflexão nas aulas
de matemáticas que leve os alunos a buscarem respostas e ou fazer indagações
para que se familiarize com os conhecimentos matemáticos.
Assim, torna-se fundamental a busca do professor pelos conhecimentos
próprios da matemática, através da formação continuada, para que possa a partir
deles pensar nas metodologias e propostas pedagógicas que melhor favorecem a
aprendizagem dos alunos.
Nessa perspectiva o professor, assim como o formador precisam estar
disposto a aprender, para acolher seus não saberes, as inquietações, os resultados
das propostas pensadas refletindo sempre em formas de potencializar as
aprendizagens. Quando se coloca no papel de pensar, refletir com os pares, o
formador aprende e também produz mudança – sua função principal.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir deste trabalho iniciamos a reflexão do papel do formador e a


importância da formação continuada dos professores que ensinam matemática nos
anos iniciais do Ensino Fundamental, com o intuito de contribuir significativamente
nas propostas de ensino e aprendizagem que chegam nas escolas como práticas
pedagógicas.
Remete a importância de pensar o espaço de formação como um espaço
dialógico e privilegiado no sentido de buscar o enfrentamento dos desafios na
formação dos professores dentro do cenário da educação nos dias atuais em busca
de um currículo efetivo na formação dos aprendizes.
Sendo assim é possível concluir que a presença do formador se faz
necessária quando pensamos em uma educação efetiva, já que este educador tanto
no seu início de carreira quanto aquele que já está em sala de aula necessitam não
somente de apoio voltado para o trabalho em sala, como momentos de reflexões
acerca do estudo científico para aprimorar sua prática.
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