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N G A R I A R

DO A
AO R E T E R
MANUAL
Ficha Técnica

Autor: Pedro Dores

Edição: Instituto Português do Desporto e Juventude, IP – 2019

Coordenação: Departamento de Formação e Qualificação

Design: Workaboutdesign

Paginação: Gonçalo Faria

ìndice
Estado atual do desporto Porque não conseguem os clubes, associações e
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juvenil em Portugal Federações manter os seus praticantes/atletas?

04 05
Da teoria à Prática Conclusão
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– Um caminho obrigatório

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Como aumentar o número de praticantes no Desporto infanto-juvenil

Num mercado cada vez mais competitivo, onde o praticante tem ao seu
dispor dezenas de modalidades, como podem as instituições aumentar
de forma simples e rápida o número de atletas? Para além da tradicional
angariação de novos praticantes, importa conhecer novas e melhores
fontes de captação. Outro dos grandes desafios passa por reduzir a
taxa de abandono desportivo, que cada vez é mais preocupante, seja pelo
sedentarismo, excesso de peso ou maus hábitos dos nossos jovens,
nesse sentido importa conhecer as causas de desistência e desenvolver
um plano de integração e acompanhamento para os atletas.

Os objetivos deste módulo sobre do angariar ao reter – Como aumentar o número de praticantes:

• Conhecer e identificar os principais motivos de desistências e abandono dos praticantes;

• Conhecer e dominar as principais motivações e interesses para a prática da modalidade;

• Conhecer e aplicar as melhores estratégias e principais fontes para angariar novos praticantes;

• Desenvolver um plano de integração e acompanhamento para os novos e atuais praticantes nos vários
níveis de estrutura (dirigentes, associados, treinadores, Encarregados de Educação).

Vamos procurar obter respostas para as seguintes questões:

• Quais os principais motivos para o abandono dos ex-atletas do clube?

• Como pode o clube aumentar o número de praticantes nos vários escalões?

• Que estratégias deve o clube desenvolver para diminuir a taxa de abandono?

Duas das questões mais preocupantes do desporto jovem em Portugal, como aumentar o número de
praticantes e como diminuir o número de abandono. Podendo estar relacionadas, o objetivo será apresentar
e trabalhar com uma visão altamente inovadora, estratégias que permitiram aos clubes diferenciarem-se dos
restantes clubes e modalidades.

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1 Estado atual do desporto juvenil em Portugal

Num primeiro olhar e constatando o investimento em infraestruturas, pelos resultados desportivos em diversas
modalidades e pelo facto de nos últimos 15 anos o número de praticantes de desporto federado ter triplicado,
poderíamos considerar como altamente satisfatório o estado atual do desporto juvenil. Apesar dos dados não
podemos ignorar o facto de sermos o Pais da União Europeia onde se pratica menos exercício físico e onde se
verifica um aumento constante de crianças e adolescente com excesso de peso ou obesidade. Circunstâncias
que têm consequências desastrosas na saúde pública seja no presente do jovem ou no futuro adulto.

“Portugal é o país da União Europeia em que menos se faz exercício” Fronteira XXI

% de pessoas que nunca fazem desporto (2017)

35% 54% 71% 85%


15-24 anos 25-39 anos 40-54 anos 55+ anos

Há 624 000 praticantes de desporto federado


Fonte: Projeto Fronteira XX

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PRATICANTES 1996-2017
624 001 Medalhas* 3 778

Clubes 10 711
265 588
Clubes** 32 140 057€
1996 2017
*1997-2014 **comparticipação do IPDJ

Fonte: Projeto Fronteira XX

Muitos outros dados e análise poderiam ser abordadas e trabalhadas, pois trata-se de um tema extenso
e complexo, mas pela objetividade e temática do módulo importa refletir sobre a questão do abandono,
conhecer a realidade do abandono desportivo, assim como as motivações dos nossos atletas para a prática
de desporto.

2 Porque não conseguem os clubes, associações e Federações manter os seus



praticantes/atletas?

2.1 Abandono desportivo

A questão do abandono desportivo não afeta só Portugal, é uma problemática identificada em todo o Mundo,
principalmente nos EUA e Europa. Dos vários estudos analisados e realizados destaca-se as estimativas de
Roberts e Kleber no sentido de que 80% das crianças americanas entre os 12 e os 17 anos abandonavam
os programas desportivos organizados em que estiveram envolvidas. A nível Europeu num amplo estudo com
mais de 20 mil crianças e jovens irlandesas, dos quase 7 mil que disseram já terem praticado pelo menos
um desporto 20% tinham abandonado completamente a prática desportiva, sendo estes números similares
aos encontrados na Bélgica, Corte-Real, Dias & Fonseca (2010).

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Mais concretamente a nível Nacional, temos os seguintes dados:

Portugal:

• De um universo de 257 atletas inscritos na época de 08/09 na modalidade de futebol (7 e 11) no


Caldas Sport Clube, verificou-se uma taxa de abandono de 21% (estudo 2);

• Durante as épocas 09/10 e 13/14, num total de 39247 atletas de natação pura, verificou-se em
média um abandono de 21% (estudo 1);

• O National Center for Education Statistics segundo Corte-Real, Dias & Fonseca (2010) identificou
na faixa etária dos 14 aos 17 anos a existência de um declínio no número de jovens envolvidos no
desporto, em contraste com o verificado com as crianças e os jovens com idades compreendidas entre
os 5 e os 13 anos de idade.

No continente europeu, num relatório realizado por De Knop, Vanreusel, Theeboom e Wittock (1996)
Citados por Monteiro (2017) sobre as tendências desportivas em 11 países (Bélgica, Dinamarca, Finlândia,
Alemanha, Holanda, Noruega, Polónia, Portugal, Espanha, Suécia, Reino Unido), os autores afirmam que o
abandono desportivo nos jovens vai aumentando com a idade, em especial nas raparigas.

Porque o abandono desportivo pode ter duas principais definições: 1ª abandono de uma modalidade, mas
continuar a prática desportivo; 2ª abandono por completo de qualquer prática desportivo. Importa de forma
sucinta clarificar a questão, nesse sentido partilhamos a definição proposta pelo projeto "Keep Youngsters
Involved”, “A ausência prolongada da prática sistemática e da competição, quer num desporto (desistência
específica em relação a um desporto) ou a todos os desportos (desistência geral da prática desportiva).”

Mais importante que apresentar os dados estatísticos sobre o abandono desportivo, importa conhecer os
motivos identificados para números tão elevados. É sobre estes que irá incidir o nosso trabalho para intervir
de forma assertiva na problemática do abandono.

Causas do abandono

Importa agora conhecer as principais causas para números tão elevados de abandono, desta forma os clubes
conseguem de forma assertiva desenvolver estratégias de retenção e de melhoria para combater este flagelo.

Muitos são os autores que se debruçam sobre esta temática, existindo muitas referências bibliografias.
No sentido de simplificar o aluno, vamos apresentar de forma sucinta e por tópicos os principais motivos
identificados para o abandono desportivo.

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Segundo a "Keep Youngsters Involved” (2019), resultado da análise de 440 estudos, foram identificados
como principais motivos para o abandono desportivo as seguintes razões:

CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO

9 Relação
1 Autonomia 5 Conflitos no tempo 13 Acessibilidade
Treinador-Atleta

10 Envolvimento dos
2 Autoeficácia 6 Custos 14 Tipologia desportiva
pares no desporto

3 Clima de aprendizagem 7 Expectativas dos jovens 11 Apoio parental

8 Valores da prática
4 Clima de aprendizagem 12 Políticas de retenção
desportiva

A explicação de cada ponto poderá ser encontrada no material de suporte

A Segundo Cid, Marinho & Monteiro (2017) estudos realizados nos EUA, Europa e Portugal, verifica-
se uma associação da orientação para a tarefa com maior satisfação, maior divertimento, maior
resistência ao insucesso e maior coesão de grupo, enquanto a orientação para o ego se relacionou
com índices mais reduzidos de divertimento e de satisfação com a prática e índices mais elevados
de abandono.

B Em um estudo realizado por Teixeira e Dias (2006) citado por Coelho & Silva (2012), sobre o
abandono de jovens tenistas, as principais causas encontradas foram, metas não alcançadas,
preocupação menor com os resultados, cobranças por parte de pais e treinadores às quais os
atletas não sabem se conseguirá corresponder, o fato de sentirem-se menos valorizados pelo
treinador do que os colegas, de não estarem mais sentindo prazer em treinar e nem tendo vontade
de ir aos treinos e ainda a falta de recurso financeiro.

C As motivações (abandono na natação) para esse abandono seriam: os resultados negativos, a falta
de apoio, as lesões, a falta de conciliação dos estudos com o desporto, a rotina dos treinos e a falta
de integração social, Abreu & Veiga (2011).

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D Quanto mais autonomia, esforço e progresso são promovidos pelos treinadores mais os atletas
se motivam de forma autodeterminada; bem como evidenciou que formas de motivação menos
autodeterminada, relacionadas com objectivos orientados para o ego, levavam ao abandono da
actividade praticada, Cechinni (2005) citado por Corte-Real, Dias & Fonseca (2010).

• Guillet & Sarrazin citado por Corte-Real, Dias & Fonseca (2010) definiram cinco caraterísticas de
abandono:

D Abandono não controlado: por exemplo, devido a lesão;

E Abandono por curiosidade (correspondente ao abandono de indivíduos que só se envolveram na


prática desportiva para experimentarem e por pouco tempo);

F Abandono contra o coração (correspondente ao abandono de indivíduos que, embora satisfeitos


com a sua atividade desportiva, a suspendem por falta de tempo; por exemplo, devido a obrigações
familiares ou laborais ou porque se envolvem noutras atividades mais apelativas;

G Abandono por descontentamento (correspondente ao abandono de indivíduos cuja atividade


desportiva não vai ao encontro das suas necessidades);

H Abandono por esgotamento/ burnout (correspondente ao abandono de indivíduos cuja prática


desportiva — devido às exigências e contexto em que se desenvolve — lhes origina um significativo
cansaço físico ou emocional; por exemplo, devido a uma elevada ênfase na vitória ou pressão dos
treinadores, pais ou dirigentes).

Em resumo podemos destacar os seguintes motivos como os principais para o abandono desportivo:

• Tarefas e objetivos orientados para o Ego;

• Pressão por parte dos pais e treinadores;

• Dificuldades na gestão Escola-Clube;

• Rotina de treino e ausência de prazer.

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2.2 Abandono desportivo

Sendo o objetivo dos conteúdos apresentados ter uma visão prática, e que permita ao formando aplicar as
estratégias apresentadas no dia-a-dia do clube, não se pretende “sobrecarregar” o leitor com informação
demasiado teórica. Não obstante a este compromisso, considera-se importante fazer uma breve
apresentação do que a literatura define como os principais motivos para a prática desportiva:

• Motivos relacionados com o desenvolvimento e a demonstração de competência, a saúde e a forma


física, a afiliação e o prazer e o divertimento, Corte-Real, Dias & Fonseca (2010).

• Gross e Huddleston (1983) citado por Coelho & Silva (2012) - Os resultados alcançados mostraram
que as razões mais consideráveis para a participação desportiva eram as seguintes: “melhorar
as competências”, “divertimento”, “aprender novas competências”, “desafio” e “ser fisicamente
saudável”.

• Do trabalho de Weiss (1993) citado por Coelho & Silva (2012) realizado com atletas infantojuvenis
as variáveis encontradas, foram agrupadas em quatro grupos principais:

• Competência: aprender e incrementar habilidades, atingir metas pessoais;

• Afiliação: estar com ou fazer novos amigos; ser parte de uma equipa ou grupo;

• Competição: vencer, ter sucesso;

• Diversão: excitação, desafio, ação;

Descrita e apresentada a problemática sobre o abandono desportivo, assim como as suas principais
causas, como referido anteriormente iremos incidir o trabalho numa vertente mais prática, que permitirá ao
formando melhorar as taxas de abandono, assim como captar mais praticantes para o seu clube.

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3 Da teoria à Prática – Um caminho obrigatório

3.1 Como captar mais atletas – um olhar diferenciador

Se num dos lados da “moeda” se encontra a problemática do elevado abandono dos praticantes, e como
foi visto e analisado existe muito trabalho que poderá ser desenvolvido pelos clubes, é também igualmente
importante diferenciar e investir tempo e recursos na forma como captamos atletas.

Nos últimos 15 anos a realidade mudou radicalmente, a concorrência de outras modalidades aumenta e
estas investem cada vez mais em divulgação e infraestruturas, não obstante a esta, a criança e jovem nos
dias de hoje apresenta comportamentos sedentários e propícios a uma inatividade preocupante. Então
a grande questão que se coloca, é o que podem os clubes fazer de diferente para captar mais crianças e
adolescentes.

São de seguida apresentadas um conjunto de estratégias, que acreditamos ser diferenciadoras face ao que
presentemente observamos pelos clubes:

1 Relação com as escolas da zona

Onde sem exceção todos os jovens estão inseridos e onde o contato com os professores/alunos
está facilitado, é uma relação que nunca deverá ser vista como concorrencial (devido ao desporto
escolar) mas sim em cooperação pela “luta” contra o sedentarismo e abandono desportivo.

• Organizar juntamente com o departamento de Ed. Física das diferentes escolas da freguesia
torneios desportivos com o apoio do clube, desta forma consegue-se uma maior divulgação do
clube, assim como ter acesso a potenciais novos atletas.

• Através desta mesma relação com os professores de Ed. Física, utilizar os mesmos para uma
primeira fase de scouting e referência de alunos.

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2 Relação com a comunidade

Tão forte e importante que foi no passado e nos dias de hoje, pelas caraterísticas da nossa
sociedade leva a uma ausência e afastamento da população local, é importante os clubes voltarem
a investir na divulgação das suas modalidades pelas crianças e jovens locais.

• Organização de torneios e atividades gratuitas para os jovens residentes na zona participarem.

• Em parceria com a junta de freguesia ou Câmara municipal, organizar os dias festivos/


desportivos que estão no planeamento destas nas instalações do clube, ou seja o clube sede as
suas instalações e beneficia do que já é organizado anualmente pelas entidades públicas.

• Oferecer as instalações do clube para férias desportivas nos meses de julho e agosto, seja a
espaços privados que estão limitados por questões financeiras ou espaciais ou às entidades
públicas que oferecem este serviço.

3 Relação com família/amigos

Das relações com mais potencial, e que tão pouco os clubes e seus intervenientes aproveitam. Como
vimos anteriormente, questões como o “estatuto”, o “divertimento”, a relação “família-clube” são
fundamentais para a retenção do jovem na modalidade.

• Organização de dias festivos, como festa de natal ou festa de final de ano. Incentivar as famílias
e atletas a trazerem os irmãos, um primo, o melhor amigo a participarem na festa. Desta forma
o atleta está cada mais envolvido e novos potenciais jovens podem aderir à modalidade.

• Oferecer as instalações do clube para a realização das festas de anos dos atletas.

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3.2 Como reter o Atleta – Estratégias Inovadoras

Identificadas as causas de abandono e as principais motivações para prática desportiva, interessa agora
analisar quais as melhores estratégias e cuidados para ter, no sentido de mantermos o atleta retido e
motivado no clube e na modalidade. Para além da preocupação estatística que qualquer autor e estudo deve
ter, começam a surgir preocupações práticas sobre o que devem os intervenientes desportivos fazer para
melhorar os números apresentados. Para além da nossa proposta, serão também enquadradas as sugestões
de Cid, Marinho & Monteiro (2017) referenciadas na sua tese de doutoramento. Estas serão organizadas
pelas diferentes áreas onde o atleta está inserido, ou seja, Escola, comunidade e família/amigos, e na
relação Clube – Atleta..

1 Relação com as escolas da zona

No centro de muitos dos motivos de abandono, o clube consegue com facilidade relacionar-se
com a escola do atleta, seja através dos pais que fazem a ponte para o diretor de turma ou para o
professor de Ed. Física, e/ou através do conhecimento de algum professor que tenha relação com o
clube e que facilite o contato.

Muitas outras estratégias podem ser definidas e propostas, partilhamos alguns exemplos:

• Promover a participação nos torneios da escola, com uma equipa com o nome do clube e que
reúna atletas que estudem na referida (promover status);

• Participar no dia da atividade física que a escola organiza, promovendo uma relação escola-
clube através do envolvimento dos atletas até na própria organização;

• Oferecer t-shirts às crianças para estes usarem na escola, fazendo referência ao clube, ao fato
de serem atletas e a possíveis resultados (promover status);

• Dar especial atenção aos momentos das transições escolares, designadamente a transição do
ensino básico para secundário e deste para o ensino superior. A transição do ensino secundário
para o ensino superior é caracterizada essencialmente por alterações de rotinas (e.g., mudança
de cidade, casa, grupo de pares, etc);

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2 Relação com as escolas da zona

Talvez a área de intervenção com menor impacto na retenção, mas tendo o clube melhorado esta
relação para potenciar a angariação de novos atletas, tem então oportunidade de também potenciar
a retenção dos atletas.

Estratégias propostas:

• Organização de dias festivos/época (exemplo: festa de natal, dia da família, etc), no sentido de
promover um melhor relacional entre pais, atletas, comunidade e treinadores.

3 Relação com família/amigos

Podendo não estar diretamente relacionado com alguma causa de abandono, estes são muitas
vezes o “motor” e o “decisor” para a retenção ou abandono do atleta. E porque o contato com os
pais está sempre facilitado, sejam treinadores ou dirigentes é obrigatório uma relação privilegiada
com Pais e familiares.

Estratégias propostas:

• Aplicação de um questionário e reunião no início de época para analisar motivações,


expetativas, interesses, novas rotinas ou atividades;

• Realizar reunião trimestral-individual com os pais e atletas para realizar um balanço da época e
perceber como estão as notas e a escola, se as expetativas estão a ir ao encontro do que tinha
sido inicialmente pensado;

• Realização de um telefonema mensal aos Pais, para dar feedback sobre alguma situação e
obter informação sobre como estão a correr as coisas;

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Para além das 3 áreas externas ao clube onde o atleta está inserido, grande parte das estratégias
de retenção deverão estar centradas na relação do Clube com o Atleta, seja no planeamento dos
treinos, jogos amigáveis, comunicação, etc.

Estratégias Propostas:

• Promover a diversidade no treino (i.e vertente lúdica) e não apenas centrar o mesmo no
desenvolvimento exclusivo de capacidades físicas e técnicas;

• Articular o planeamento de treino, tendo em conta outras atividades em que o nadador está
envolvido (e.g., reuniões periódicas com os encarregados e educação), privilegiando a relação
pais, treinadores e atletas, bem como projetar a natação como promotora de rendimento
académico (e.g., nadadores de excelência e bons alunos);

• Valorizar a evolução pessoal (superar-se a si próprio), em detrimento do resultado;

• Ponderar a inclusão de provas/encontros no calendário que possam valorizar mais a


componente lúdica e recreativa, podendo estudar-se a sua organização em cada associação;

• O treinador deverá dar “atenção” a todos, sem exceção, independentemente da qualidade física
ou técnica que os nadadores possam ter. Os nadadores devem sentir que o treinador é uma
referência, olhando para ele como alguém que esta ali para os apoiar;

• Definir objetivos equilibrados, centrados na tarefa e apenas com algum relevo no resultado, ou
seja, objetivos atingíveis e reais e não utópicos, devendo ser definidos em função do atleta e
não dos pais ou treinadores;

• Organizar jogos amigáveis, mesmo durante os dias de treinos para os jogadores que têm pouco
tempo de jogo, puderem demonstrar as suas competências e evitar frustrações.

Os Clubes e participantes desportivos têm na retenção uma possibilidade de poder intervir e melhorar
os pontos de risco identificados, seja com as estratégias apresentadas ou com outras que o clube ache
pertinentes. O importante é começar a ter outro tipo de trabalho e intervenção junto dos atletas.

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4 Da teoria à Prática – Um caminho obrigatório

Depois deste módulo sobre as fontes de angariação de novos praticantes e estratégias de retenção, destaca-
se as principais razões para o abandono desportivo, assim como os motivos que levam os praticantes a
continuar ou aderir à mesma. Nesse sentido, torna-se necessário utilizar as ferramentas e estratégias
adequadas seja na angariação ou retenção para que o clube cresça no número de praticantes.

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Bibliografia e links uteis::

Abreu, M., & Veiga, A. (2011). causas de abandono do desporto escolar (Tese de Mestrado), Universidade Lusófona
de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Educação Física e Desporto, Portugal, Lisboa.
(1) Cid, L., Marinho, D., & Monteiro, D. (2017). Motivação, Persistência e Abandono em Atletas Portugueses de
Natação (Tese de Doutoramento), universidade da beira interior Ciências Sociais e Humanas, Portugal, Covilhã.
Comité Olímpico de Portugal (2015). Valorizar e afirmar socialmente o desporto: um desígnio nacional. Retirado de:
http://comiteolimpicoportugal.pt/
Corte-Real, N., Dias, C., & Fonseca, A. (2010). Da participação ao abandono da prática desportiva. Faculdade de
Desporto Universidade do Porto, Portugal.
Coelho, E., & Silva, L. (2012). início, persistência e abandono da prática desportiva dos jovens nas escolas (tese de
mestrado) universidade de trás-os-montes e alto douro, Portugal, Vila Real.

(2) Chicau, C., Fernandes, R., Ferreira, D., & Silva, C. (2009). abandono da prática desportiva no desporto infanto-
juvenil: Identificação dos motivos que levam os jovens do Futebol 7 e Futebol 11 a abandonar a prática desportiva.
Caldas Sport Clube. Portugal, Caldas da Rainha.

Instituto Português do Desporto e Juventude (2019). Estatísticas do Desporto, Special Eurobarometer 472/Sport and
Physical Activity. Retirado de: https://fronteirasxxi.pt/

http://www.idesporto.pt
www.keepyoungstersinvolved.eu.

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