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ORIENTAÇÕES PARA O BERAKÁ DO ADVENTO EM FAMÍLIA

Advento vem do latim “ad-venio”, que quer dizer “vir, chegar”. Começa
com o domingo mais próximo da festa de Santo André (30 de novembro) e dura
quatro semanas.
O Advento é o tempo litúrgico com o qual se inicia um novo ano litúrgico, e
por meio dele, a Igreja é introduzida no mistério da nova criação de Deus.
É, portanto, um tempo de espera. Mas não de uma espera passiva, como a
de quem dorme, mas expectante e cheia de atenção aos mínimos movimentos da
graça. Não de uma espera triste e fatalista como a de quem aguarda um juízo
terrível e sem misericórdia, mas alegre e cheia de esperança no amor e na
bondade divina, afinal Deus armou a sua tenda entre nós (cf. Jo 1,14)!
O tempo do Advento possui dupla característica: é o tempo de preparação
para as solenidades do Natal, em que se comemora a primeira vinda do Jesus entre
os homens (Encarnação), e é também o tempo em que, por meio desta lembrança,
voltam-se os nossos corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim
dos tempos (Parusia).
O tempo do Advento dura quatro semanas (quatro domingos). Nas duas
primeiras semanas, a liturgia nos convida a vigiar e esperar a vinda gloriosa do
Salvador. Nas duas últimas, lembrando a espera dos profetas e de Maria, nos
preparamos mais especialmente para celebrar o nascimento de Jesus em Belém.
Entre os agricultores, costumava-se dizer de uma terra que havia sido
semeada e estava prestes a germinar, que estava roxa. A Igreja, apropriando-se
dessa simbologia, adotou a cor roxa para a liturgia desse período, por ser um tempo
de espera. O roxo também é a cor utilizada na Quaresma, por ser uma cor
penitencial. Tradicionalmente, na Igreja, toda grande festa era precedida por um
tempo de penitência. Dessa forma, o tempo do advento é também um tempo
penitencial, um tempo de conversão.
No terceiro domingo do Advento, a cor rosa substituirá o roxo na Liturgia.
Isso acontecerá porque este domingo é chamado de Gaudete, o domingo da
alegria, para nos lembrar que essa espera deve ser uma espera alegre.
Nas casas cristãs, costuma-se montar, em um local de destaque, uma Coroa
do Advento. Ela é formada por uma guirlanda verde, sinal de esperança e vida,
enfeitada com uma fita vermelha, simboliza o amor de Deus que nos envolve, e
também a manifestação do nosso amor, que espera ansioso o nascimento do Filho
de Deus. Na coroa, há quatro velas, presas aos ramos formando um círculo. A cada
domingo acende-se uma delas.
As velas querem representar as várias etapas da salvação: a primeira
representa o perdão oferecido a Adão e Eva. Eles morreram na terra mas viverão
em Deus. Jesus se fez filho de Adão, sem deixar de ser seu Deus, para salvá-lo. A
segunda nos recorda a fé dos patriarcas. Eles acreditaram no dom da terra
prometida. Com a terceira, trazemos à memória a alegria do rei Davi. Ele celebrou
a aliança e sua perpetuidade. Ao acender a quarta, nos lembramos do
ensinamento dos profetas: Eles anunciaram um Reino de paz e de justiça com a
vinda do Messias.
Começa-se no 1º Domingo, acendendo apenas uma vela e à medida que
vão passando os domingos, vamos acendendo as velas, até chegar o 4° Domingo,
quando todas devem estar acesas. As velas acesas simbolizam nossa fé. Deus, a
grande luz, “a luz que ilumina todo homem que vem a este mundo”, está para
chegar, então, nós O esperamos com luzes, porque O amamos e também queremos
ser, como Ele, Luz.
Um outro símbolo do Advento, e que pode substituir a Coroa, é a Escada de
Jacó ou Escada do Advento. Ela faz menção ao sonho de Jacó, onde ele via uma
escada que tocava o céu e a terra (cf. Gn 28,10-19). A escada também é sinal da
Virgem Maria, “Escada celeste pela qual o eterno desce “.
Esta simbólica é composta por uma pequena escada de quatro degraus.
Cada degrau contém uma vela simbolizando as quatro semanas do Advento. No
topo da escada está o ícone do Pantokrátor. Na base da escada está o ícone da
Virgem do Sinal ou do Silêncio.
As velas sejam acesas começando pela vela do topo. Elas simbolizam o
Verbo de Deus que se encarna. Na medida em que é acesa cada vela,
contempla-se o mistério da encarnação e cresce a alegre expectativa de Deus que
se abaixa.
Um outro símbolo do advento é a Árvore de Natal. Segundo a tradição cristã,
é costume decorar a árvore de Natal a partir do primeiro domingo do Advento e
desmontá-la na Epifania, que é celebrada em 6 de janeiro.
Um outro símbolo importante do Advento e que se estende para o Natal é o
Presépio, cuja forma por nós hoje conhecida foi idealizada por São Francisco, no
Natal de 1223, poucos dias depois da aprovação da Ordem dos Frades Menores
pelo Papa Honório III. Recentemente, o Papa Francisco escreveu a Carta
Apostólica Admirabile Signum sobre o significado e o valor do presépio, que vale
muito a pena ser lida.
A liturgia do Advento nos apresenta algumas personagens de destaque, que
devem nos ajudar a meditar retamente nesse tempo. As Figuras do Advento são o
profeta Isaías, São João Batista, a Virgem Maria e São José.
Isaías é o profeta que, durante os tempos difíceis do exílio do povo eleito,
levava a consolação e a esperança. Na segunda parte do seu livro, dos capítulos 40
a 55 (Livro da Consolação), anuncia a libertação, fala de um novo e glorioso êxodo e
da criação de uma nova Jerusalém, reanimando assim, os exilados. As principais
passagens desse livro são proclamadas durante o tempo do Advento num anúncio
perene de esperança para os homens de todos os tempos.
São João Batista é o último dos profetas e segundo o próprio Jesus, “mais
que um profeta”, “o maior entre os que nasceram de mulher”, o mensageiro que veio
antes d’Ele a fim de lhe preparar o caminho, anunciando a sua vinda (conf. Lc 7,
26-28), pregando aos povos a conversão, pelo conhecimento da salvação e perdão
dos pecados (Lc 1, 76s). A figura de João Batista ao ser o precursor do Senhor e
apontá-lo como presença já estabelecida no meio do povo, encarna todo o espírito
do Advento; por isso ele ocupa um grande espaço na liturgia desse tempo, em
especial no segundo e no terceiro domingo.
A Virgem Maria é a figura que mais se destaca nesse tempo. Não há melhor
maneira de se viver o Advento do que se unindo à Maria como mãe, grávida de
Jesus, esperando o seu nascimento. Assim como Deus precisou do sim de Maria,
hoje, Ele também quer precisar do nosso sim para poder nascer em nós e se
manifestar no mundo; assim como Maria se “preparou” para o nascimento de Jesus,
a começar pela renúncia e mudança de seus planos pessoais para sua vida inteira,
nós precisamos nos preparar para vivenciar o nascimento d’Ele em nós mesmos e
no mundo, em uma mesma disposição mariana: “Faça-se em mim segundo a sua
Palavra” (Lc 1, 38). Permitindo-nos, assim, uma conversão do nosso modo de
pensar, da nossa mentalidade, do nosso modo de viver, agir, etc. Em Maria
encontramos a realização e a expectativa messiânica de todo o Antigo Testamento.
Por último, mas não menos importante, nos textos bíblicos do Advento, se
destaca São José, esposo de Maria, o homem justo e humilde que aceita a missão
de ser o pai adotivo de Jesus. Sendo da descendência de Davi e pai legal de Jesus,
José tem um lugar especial na encarnação, colaborando para que se cumpra em
Jesus o título messiânico de “Filho de Davi”. José é justo por causa de sua fé,
modelo de fé dos que querem entrar em diálogo e em comunhão com Deus.
Falemos um pouco sobre o Beraká, esta oração em família.
A palavra hebraica Beraká deriva da raiz bet-resh-kaf, sinônimo de “joelho”,
“genuflexão” e “inclinação”, palavras que indicam respeito. Ela significa tanto o ato
de abençoar como o de ser abençoado, ficar repleto de bênçãos. É uma expressão
que designa uma ação recíproca de doação e de recebimento.
Veja o que a encíclica Familiaris Consortio, de São João Paulo II, fala sobre
a oração familiar: “Elemento fundamental e insubstituível da educação para a
oração é o exemplo concreto, o testemunho vivo dos pais: só rezando em conjunto
com os filhos, o pai e a mãe, enquanto cumprem o próprio sacerdócio real, entram
na profundidade do coração dos filhos, deixando marcas que os acontecimentos
futuros da vida não conseguirão fazer desaparecer (...) Rezais o terço em família? E
vós, pais, sabeis rezar com os vossos filhos, com toda a comunidade doméstica?
(...) O vosso exemplo, na retidão do pensamento e da ação, sufragada com alguma
oração comum, tem o valor de uma lição de vida, tem o valor de um ato de culto de
mérito particular: levais assim a paz às paredes domésticas: “Pax hic domui!”
Recordai: deste modo construís a Igreja!”.
Terminada esta introdução, passemos às orientações sobre o Beraká no
Advento.
A família se reúne ao redor do altar de sua casa para um momento de
oração (pode ser antes de uma refeição, ou em um momento de convivência).
Invocação ao Espírito Santo - Reza-se a Oração do Vinde Espírito Santo.
Pode-se cantar uma música.
Acende-se a(s) vela(s) - Para cada domingo, a Igreja indica uma pessoa
para acender a vela. 1ª semana: o filho mais novo, 2ª semana: o filho mais velho, 3ª
semana: a mãe, 4ª semana: o pai.
Leitura do Evangelho do domingo.
Momento de intercessão - Para cada domingo, a Igreja indica uma intenção
especial. 1ª semana: Iluminação dos judeus, 2ª semana: Unidade dos cristãos, 3ª
semana: Propagação do Evangelho, 4ª semana: Santidade da Igreja.
1ª semana: Oremos pelos judeus, aos quais o Senhor nosso Deus falou em
primeiro lugar, a fim de que cresçam na fidelidade de sua aliança e no amor de seu
nome. Deus eterno e Todo-Poderoso, que fizestes vossas promessas a Abraão e a
seus descendentes, escutai as preces da vossa Igreja. Que o povo da primitiva
aliança mereça alcançar a plenitude da vossa redenção. Por Cristo, nosso Senhor. R
— Amém.
2ª semana: Oremos por todos os nossos irmãos e irmãs que crêem no Cristo,
para que o Senhor nosso Deus se digne reunir e conservar na unidade da sua Igreja
todos os que vivem segundo a verdade. Deus eterno e Todo-Poderoso, que reunis o
que está disperso e conservais o que está unido, velai sobre o rebanho do vosso
Filho. Que a integridade da fé e os laços da caridade unam os que foram
consagrados por um só batismo. Por Cristo, nosso Senhor. R — Amém.
3ª semana: Oremos para que o Evangelho de NSJC possa chegar aos
confins da terra, e para que nenhum homem permaneça no desconhecimento da
verdade, mas que a Salvação alcance a todos. Ó Deus, que desejais a salvação de
todos e que cheguem ao conhecimento da verdade, vede a extensão da vossa
messe e enviai operários, para que o Evangelho seja anunciado a toda criatura. E
fazei que o vosso povo, reunido pela palavra da vida e sustentado pela força dos
sacramentos, possa caminhar com alegria na estrada da salvação e do amor. Por
Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade de Espírito Santo. R — Amém.
4ª semana: Oremos por todos os membros da Igreja, para que possamos
cada vez mais nos fazer pequenos como o Menino Deus que se encarna. Ó Deus,
que inspirais e levais a termo todo bom propósito, guiai os vossos servos e servas
no caminho da salvação. E dai, aos que tudo deixaram por vosso amor, seguir o
Cristo e renunciar ao mundo, servindo a vós e a seus irmãos e irmãs, com espírito
de pobreza e humildade de coração. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na
unidade do Espírito Santo. R — Amém.
Abraço de paz

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