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Desenvolvimento motor

Desenvolvimento motor de crianças, de idosos e de pessoas


com transtornos da coordenação

Suely SANTOS* * Escola de Educação


Luiz DANTAS* Física e Esporte da

Jorge Alberto de OLIVEIRA*


USP

Introdução
O movimento é precioso e está presente em to- imediatas na 1a. e 2a. infância, como traz profundas
dos os momentos da nossa vida, da inabilidade para implicações para o sucesso com que habilidades
a habilidade e, novamente, para a inabilidade na específicas são adquiridas posteriormente.
idade avançada (KRETCHMAR, 2000), ainda que o Um aspecto que parece ser relevante para o pes-
significado de ficar em pé pela primeira vez e a difi- quisador da área de desenvolvimento motor, na es-
culdade em levantar-se no final da vida seja diferen- colha das etapas iniciais da vida para testar as suas
te. As mudanças do comportamento motor e o(s) hipóteses, é o fato de que os momentos críticos do
processo(s) que embasam essas mudanças durante processo de desenvolvimento são mais facilmente
o ciclo vital são o foco de estudo da sub-área desen- detectáveis durante a infância. Ou seja, identificar
volvimento motor (CLARK & WHITALL, 1989a). Nes- os momentos de instabilidade e estabilidade no com-
se sentido, mudança é uma palavra-chave dentro do portamento motor e as respectivas descontinuidades
conceito de desenvolvimento, não apenas no que se e continuidades de desenvolvimento após a idade
refere ao surgimento, mas também, a perda de com- adulta, significa percorrer uma trajetória mais ne-
portamentos (SANTOS, 2002). bulosa, pois os longos intervalos de tempo entre um
O desenvolvimento motor na infância determinado comportamento e o surgimento de
caracteriza-se pela aquisição de um amplo espectro outro, representam um obstáculo. Adicionalmente,
de habilidades motoras, que possibilita a criança um a extensão de tempo entre a idade adulta e a morte
amplo domínio do seu corpo em diferentes posturas e as infinitas possibilidades de interação com o meio
(estáticas e dinâmicas), locomover-se pelo meio ambiente, resultam num aumento da variabilidade
ambiente de variadas formas (andar, correr, saltar, inter-indivíduos (SANTOS, CORRÊA & FREUDENHEIM,
etc.) e manipular objetos e instrumentos diversos 2003), na medida que o estilo de vida (incluindo a
(receber uma bola, arremessar uma pedra, chutar, prática regular de atividade física, alimentação ba-
escrever, etc.). Essas habilidades básicas são lanceada, etc.) exerce forte influência no desenvol-
requeridas para a condução de rotinas diárias em vimento motor dos indivíduos.
casa e na escola, como também servem a propósitos Em suma, desenvolvimento motor enfoca o es-
lúdicos, tão característicos na infância. A cultura tudo das mudanças qualitativas e quantitativas de
requer das crianças, já nos primeiros anos de vida e ações motoras do ser humano ao longo de sua vida.
particularmente no início de seu processo de O escopo das investigações envolve predominante-
escolarização, o domínio de várias habilidades. mente a análise de habilidades motoras com forte
Não raro, essas habilidades denominadas básicas componente genético e o resultado da interação dos
são vistas como o alicerce para a aquisição de fatores endógenos e exógenos no processo de de-
habilidades motoras especializadas na dimensão senvolvimento de habilidades e capacidades
artística, esportiva, ocupacional ou industrial (cf. motoras, não apenas com a preocupação de obser-
TANI, MANOEL, KOKUBUN & PROENÇA, 1988). Essa var e descrever mudanças no comportamento mo-
relação de interdependência entre as fases de tor ao longo da vida do ser humano, mas também
habilidades básicas e de habilidades especializadas buscando hipóteses que possam explicar ou predi-
denota a importância das aquisições motoras iniciais zer tais mudanças. Nesse contexto, desenvolvimen-
da criança, que atende não só as necessidades to motor será discutido a seguir em relação a três

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SANTOS, S.; DANTAS, L. & OLIVEIRA, J.A.

aspectos: a) uma análise de estudos sobre padrões fun- diagnosticadas com transtorno do desenvolvimento
damentais de movimento e os fatores de mudança na da coordenação (TDC); e, finalmente, c) uma abor-
infância; b) a persistência da dificuldade motora ao dagem do conceito de desenvolvimento motor ao
longo do processo de desenvolvimento em crianças longo da vida, particularmente, na velhice.

Desenvolvimento motor na infância


A capacidade de movimentar-se das crianças é o processo de desenvolvimento de padrões funda-
essencial para que ela possa interagir apropriada- mentais de movimento e que se bem relacionadas
mente com o meio ambiente em que vive e é sobre favorecem o surgimento de novas formas de execu-
a infância que a maioria dos estudos sobre desen- ções motoras das crianças.
volvimento motor se concentram. Por se tratar de O termo desenvolvimento nos remete a uma re-
um momento de grandes mudanças flexão sobre os muitos estudos já produzidos e as
comportamentais, profissionais de diversas áreas teorias empregadas para interpretar este fenômeno.
como pediatras, psicólogos, pedagogos e profissio- Para Lorenz (1977) citado por MANOEL (1998), este
nais de educação física têm-se interessado pelo es- termo desenvolvimento não representa simplesmen-
tudo do desenvolvimento motor (C L ARK & te o fenômeno que observamos, mas desenvolvimen-
WHITALL, 1989b; WHITALL, 1995). to trás a noção de algo que já existe implicitamente
Dentre as razões que têm levado o interesse cres- e que vem a tornar-se explicito (MANOEL, 1998). O
cente pelos conhecimentos acerca do desenvolvi- termo mais correto seria “fulguratio”, que represen-
mento motor, destacam-se: a) os paralelos existentes ta igualmente o desenvolvimento e evolução, o pro-
entre o desenvolvimento motor e o desenvolvimen- cesso criativo, quando, por exemplo, dois sistemas
to neurológico, com implicações para o diagnósti- independentes são acoplados espacial e temporal-
co do crescimento e desenvolvimento da criança; mente no qual podem surgir características que os
b) o papel dos padrões motores no curso de desen- sistemas em separado não possuíam antes (ver
volvimento humano, com implicações para a edu- MANOEL, 1998). Ao mesmo tempo, o estudo de pa-
cação da criança bem como para reabilitação de drões não seria identificarmos movimentos que to-
indivíduos com atrasos ou desvios de desenvolvi- dos repetiriam de forma igual numa estrutura rígida,
mento; c) adequação e estruturação de ambientes e como se estivesse numa linha de produção indus-
tarefas motoras aos estágios de desenvolvimento, de trial, mas sim, estruturas comportamentais que re-
forma a facilitar e estimular esse processo. presentam características daquela fase do
Na literatura internacional temos visto que o in- desenvolvimento a qual passa ser comum a todos.
teresse dos estudiosos tem sido pelo papel dos pa- É importante ressaltar, também, que várias con-
drões motores no curso de desenvolvimento cepções têm sido adotadas para estudar o desenvol-
humano, o que, particularmente, também pode ser vimento da criança, seja do ponto de vista biológico,
detectado pelas investigações realizadas no contex- social, cultural, etc. A concepção determinística, por
to nacional (GIMENEZ, 2001; MANOEL & PELLEGRINI, exemplo, concebe o desenvolvimento como sendo
1985; MARQUES, 1995, 2003; OLIVEIRA, 1997). En- mudanças qualitativas cuja direção é controlada por
tretanto, é preciso ressaltar que a adequação e um mecanismo interno de auto-regulação.
estruturação de ambientes e tarefas motoras aos es- Do início até meados do século passado, muitos
tágios de desenvolvimento é crucial para os profis- estudos sobre a seqüência do desenvolvimento
sionais de educação física, na medida que eles motor de bebês foram realizados (M. M. Shirley,
necessitam de informações para o desenvolvimento 1931, H. M. Halverson, 1931, citados por TANI et
do seu trabalho (OLIVEIRA & MANOEL, 2004), em al., 1988), cujas evidências e observações são
particular, a partir da segunda metade da segunda consideradas até os nos dias atuais. Posteriormente,
infância, quando se evidencia o início de um traba- alguns estudos foram conduzidos com o propósito
lho sistemático com o objetivo de abordar a relação de analisar e descrever padrões fundamentais de
entre vários tipos de restrições que a criança é sub- movimentos de pré-escolares e escolares. Este foi
metida na sua vida diária. As restrições da tarefa, do um período marcado pela abordagem orientada ao
organismo e do ambiente, são exemplos que afetam produto, com somente a preocupação de responder

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Desenvolvimento motor

o que muda no comportamento, ou seja, mudanças Entretanto, mudanças no comportamento mo-


eminentemente topológicas dos padrões motores de tor podem ocorrer por emergência e/ou
escolares. Esses estudos contribuíram, de certa acoplamento ao longo da vida do ser humano, atra-
forma, para o entendimento fases, estágios e níveis vés das quais podem ser identificados estágios que
de desenvolvimento. representaria um nível superior de proficiência em
Mas foi com o advento de novas abordagens para relação ao seu antecessor. Existem basicamente três
o estudo do comportamento motor, principalmen- aspectos acerca da seqüência de desenvolvimento
te daquelas vindas da área de controle motor nos motor que foram estudados em profundidade: a) a
anos 70 e 80, que o foco das investigações tomaram seqüência é a mesma para todas as crianças e apenas
outros rumos para compreender o como muda o a velocidade varia; b) há uma interdependência en-
desenvolvimento. O propósito era entender os pro- tre as mudanças, daí surge a afirmação de que exis-
cessos subjacentes à aquisição de habilidades tem habilidades básicas, ou seja, habilidades que são
motoras. Nesse sentido, a abordagem que enfatiza os alicerces para que toda a aquisição posterior seja
o processamento de informações forneceu as pri- possível e mais efetiva; c) a seqüência indica não
meiras explicações sobre as mudanças do compor- apenas aquilo que a criança pode aprender, mas es-
tamento motor, juntamente com a abordagem pecialmente as suas necessidades. KEOGH (1977) afir-
baseada nos trabalhos sobre a percepção e sobre o ma que o conjunto de mudanças na seqüência de
desenvolvimento perceptivo (CORRÊA , P EROTTI desenvolvimento do comportamento motor cami-
JUNIOR & PELLEGRINI, 1995; FREUDENHEIM, 1999; nha em direção à uma maior capacidade de contro-
GIMENEZ, 2001; MANOEL, 1989, 1993; OLIVEIRA, lar movimentos. Isso é observado no período da
1997; OLIVEIRA & MANOEL, 2002; TANI, 1995). Em infância na qual se caracteriza essa capacidade de
meados da década de 80, uma nova proposta foi controlar movimentos junto e conseqüentemente
revelada para explicar os processos de mudanças no às várias mudanças comportamentais.
desenvolvimento, a abordagem dos sistemas dinâ- No que se refere especificamente a padrões fun-
micos elaborada por Scott KELSO e colaboradores damentais de movimento, vários estudos têm sido
como relata WHITALL (1995) e CORRÊA, PEROTTI realizados utilizando a teoria de estágios motores
JUNIOR e PELLEGRINI (1995). Em linhas gerais, essa em que os padrões de movimento são analisados
abordagem se baseia nos trabalhos do russo Nicolai como uma configuração total do corpo durante a
Bernestein, publicados em língua inglesa na década execução de uma habilidade (ROBERTON, 1977).
de 60 do século passado, enfocando a relação dos ROBERTON (1977) propõe que as tarefas sejam clas-
graus de liberdade na execução de uma determina- sificadas de acordo com os seus componentes,
da ação motora (WHITALL, 1995) e nos trabalhos de enfatizando-se a descrição independente para cada
Gibson sobre a abordagem ecológica que se ocupa um deles. Nesse trabalho de 1977, ROBERTON ana-
da percepção direta e “affordances” (MANOEL, 1998). lisou níveis de desenvolvimento em cada um dos
Esta abordagem tem sido defendida por Thelen em componentes corporais (braço, tronco e perna) na
vários trabalhos (MANOEL, 1998; WHITALL, 1995), execução da tarefa arremessar. A autora observou
nos quais ela relata a busca de metodologias que que certos componentes mudavam ao passo que
ofereçam condições adequadas para explicar e ex- outros não sofriam alterações. Em face a essas
plorar o fenômeno desenvolvimento. constatações, ROBERTON (1982, 1989) afirma que
A abordagem de sistemas dinâmicos, em particular, quando a análise não é feita por componentes, mas
atribui grande importância às restrições. Segundo sim pela configuração global do corpo (GALLAHUE
NEWELL (1986), elas atuam de três formas decisivas & OZMUN, 2001), pode ocorrer uma avaliação
no estabelecimento da coordenação motora, facilitando distorcida do desenvolvimento do indivíduo, pois
a tarefa de controle por parte de um programa motor parte-se do pressuposto de que as ações segmentais
e são identificadas como: a) restrições organísmicas, ou dos componentes desenvolvem-se numa mesma
referentes a aspectos morfológicos, como por exemplo, proporção.
dimensões corporais; b) restrições do ambiente, Nesse sentido, MANOEL e CONNOLLY (1995),
referentes a agentes externos associados à execução MANOEL (1994), OLIVEIRA (1997), MOREIRA (2002),
motora de alguma forma, como força de gravidade, GIMENEZ (2001), M ANOEL e OLIVEIRA (2000),
quantidade de luz no ambiente, entre outros; c) O LIVEIRA e M ANOEL (2002), B ASSO (2002) e
restrições da tarefa, referentes a características do M ARQUES (2003) têm se preocupado em
objetivo e complexidade da tarefa. compreender o fenômeno do desenvolvimento, por

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meio da intenção da ação, mudanças em módulos, os do estudo de MANOEL e OLIVEIRA (2000) com
acoplamento de padrões motores, e a função das exceção do último componente. Uma vez que a
restrições no desenvolvimento. De acordo com esses tarefa arremessar ao alvo demanda precisão e a ação
autores, esse entendimento corresponde à uma visão do componente, antebraço tende a ser restringida,
mais dinâmica do desenvolvimento motor, pois para um melhor controle da ação. Portanto, assume-
propõe que a seqüência de desenvolvimento tem se isto com sendo regressões que os componentes
um caráter probabilístico, ou seja, o processo é uma apresentam com um caráter funcional.
função direta da interação entre as restrições Considerando ainda os dados individuais refe-
(“constraints”) do organismo e do ambiente. Há rentes às mudanças nos componentes (MANOEL &
evidências de que fatores ambientais e da tarefa OLIVEIRA, 2000), encontrou-se um número maior
interferem na forma com que a seqüência de de modificações não-adjacentes nos grupos elemen-
desenvolvimento motor irá se apresentar, em tar e maduro - cinco no total - contra uma modifi-
particular naquelas referentes às habilidades básicas. cação não-adjacente no grupo inicial. As mudanças
Por exemplo, a mudança de objetivo e a estabilidade do tipo não-adjacentes são hierarquicamente mais
do ambiente são aspectos que interagem na complexas no que diz respeito à programação
caracterização do estado de desenvolvimento motor motora dos componentes, pois elas envolvem a in-
da criança (MANOEL & OLIVEIRA, 2000; MANOEL & clusão de elementos na ação ou alteração no seu
PELLEGRINI, 1984, 1985; MARQUES, 1995; NABEIRO, padrão seqüencial. Por isso, espera-se que sejam
D UARTE & M ANOEL , 1995; O LIVEIRA , 1997; passíveis de serem efetuadas por sistemas mais avan-
ROBERTON, 1987), assim como fatores morfológicos çados, como é o caso das crianças nos estágios ele-
do próprio organismo também modificam a forma mentar e maduro.
pela qual as crianças executam os padrões Como já foi mencionado, essas evidências suge-
fundamentais de movimentos (OLIVEIRA, MANOEL rem a importância de se considerar, além das restri-
& SILVEIRA, 1996, 1997). ções da tarefa, a atuação de outras restrições na
No estudo de M ANOEL e O LIVEIRA (2000), organização do padrão de movimento, como aque-
observou-se mudanças relativas a progressões e las impostas pelo próprio programa de ação. Evi-
regressões adjacentes e não adjacentes, nos dentemente, isso pode ser objeto de futuras
componentes da ação do arremessar com força à investigações, desde que sejam tomados alguns cui-
distância (t1) e para o arremessar com precisão ao dados metodológicos nos delineamentos de experi-
alvo (t2). As crianças foram classificadas nos estágios mentos dessa natureza.
de desenvolvimento inicial, elementar e maduro e De certa maneira, os estudos de MANOEL e OLI-
apresentaram regressões de t1 para t2 e, também, VEIRA (2000), R OBERTON (1977, 1978),
progressões para os grupos elementar e maduro. LANGENDORFER (1987, 1990), OLIVEIRA (1997) e
Entretanto, mudanças não adjacentes requerem OLIVEIRA e MANOEL (2002) direcionaram a atenção
alterações drásticas nos programas. Por esse motivo, desses pesquisadores para uma visão bem mais di-
somente os grupos mais avançados em termos de nâmica do desenvolvimento de padrões fundamen-
desenvolvimento apresentaram essas mudanças. tais de movimento. A aplicação dos princípios da
LANGENDORFER (1990) utiliza a mesma linha de universalidade e intransitividade contribuiu para que
raciocínio para discutir a baixa porcentagem de fosse dada maior ênfase à similaridade e consistên-
mudança entre as crianças do sexo feminino em seu cia no desenvolvimento motor. Por outro lado, cor-
estudo. As diferenças qualitativas no padrão de re-se o risco de negligenciar o papel da flutuação,
arremessar entre meninos e meninas têm sido da regressão e da instabilidade nesse processo, pois
caracterizadas como resultantes do pobre são nesses momentos que ocorrem mudanças para
desenvolvimento apresentado pelas meninas, níveis superiores do desenvolvimento.
possivelmente por razões culturais. Ainda nesse OLIVEIRA, MANOEL e SILVEIRA (1996) investigaram
estudo, MANOEL e OLIVEIRA (2000) encontraram os efeitos das restrições da tarefa e do organismo em
mudanças significativas para o componente passo relação ao estado de desenvolvimento motor na
no arremesso das crianças. MARQUES (1995) também organização da habilidade arremessar a distância.
encontrou regressões significantes em três Os resultados evidenciaram que as variações dessas
componentes: ação dos braços, do tronco e das restrições levaram a mudanças no estado de
pernas e pés, apesar de ter utilizado um sistema de desenvolvimento das crianças. Nesse estudo,
categorização diferente. Esses resultados corroboram observou-se como crianças em diferentes níveis de

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Desenvolvimento motor

desenvolvimento modificam componentes do teórico, isto também se estabelece como um grande


arremesso em virtude de bolas com diâmetros desafio para a investigação dos processos envolvidos
variados. A tarefa consistiu de arremessos com cinco no desenvolvimento motor. Dentre esses desafios,
bolas de tamanhos diferentes. Numa primeira etapa poderíamos citar o número de variáveis envolvidas em
as crianças foram classificadas de acordo com os causas externas e internas no processo. Isso implicaria
estágios de desenvolvimento por configuração total numa dificuldade em simular ambientes físicos e sociais
do corpo e, numa segunda etapa, calculou-se a moda válidos para suportar a mudança desenvolvimentista,
em cada componente (braço, tronco e ação dos pés), ainda mais, considerando que essas causas estariam
segundo o modelo de ROBERTON (1977, 1987). Os presentes por um longo período.
resultados indicaram que o tamanho da bola tende Portanto, MANOEL e BASSO (2004) ao discuti-
a exercer um efeito maior no que se refere à forma rem sobre a falta de consenso acerca do que defi-
do arremesso, bem mais do que os níveis de ne uma ação e sobre a natureza das estruturas
desenvolvimento. Estas foram, predominantemente, subjacentes às habilidades simples e complexas,
na forma de arremesso com duas mãos e com uma relatam a importância da elaboração de defini-
mão ao lado do corpo, principalmente para os grupos ções operacionais no sentido de abrir novas pers-
de crianças que estavam nos estágios inicial e elementar. pectivas para simular um aspecto importante do
No que concerne à explanação dessas evidências, processo de desenvolvimento motor. Além dis-
observa-se uma evolução do referencial teórico so, a concepção do processo de combinação de
(CONNOLLY, 1986; PERROTTI & MANOEL, 2001) no habilidades motoras necessita ser melhor elabo-
qual o desenvolvimento motor passa a ser visto como rada, como também o uso do referencial teórico
o resultado da ação de múltiplas causas: internas do processo adaptativo, na interpretação da aqui-
(maturação biológica, cognitiva, afetiva e social) e sição de habilidades motoras no desenvolvimen-
externas (contextos físico e social). Ao mesmo tempo to motor como propõe M A N O E L (1989) e
em que há razoável consenso acerca desse referencial OLIVEIRA (2004).

Desenvolvimento motor
e o transtorno do desenvolvimento da coordenação
Uma das características mais intrigantes do Dificuldades motoras são muitas vezes descri-
desenvolvimento humano, em geral, e motor, em tas como algo concomitante a muitas desordens
particular, é que o desenvolvimento é marcado por psicológica ou neurológica. Entretanto, existem
ampla similaridade (universalidade) no condições em que essas dificuldades motoras ma-
comportamento motor da população e diversidade nifestam-se de uma maneira isolada (até onde se
(variabilidade intra e inter-individual) na seqüência sabe no momento), isto é, sem estar acompanha-
do desenvolvimento (CONNOLLY, 1986). No entanto, da por nenhum diagnóstico claro com base em
a aquisição das habilidades básicas, apesar de sua evidências de ordem psicológica ou neurológica.
diversidade devido a fatores culturais, apresenta uma Para essas crianças, a utilização de habilidades
seqüência de desenvolvimento relativamente previsível fundamentais (correr, andar, receber e etc.), as-
no que diz respeito ao que é possível adquirir e quando. sim como de habilidades funcionais típicas do
Entretanto, existem situações em que a cotidiano infantil (escrever, vestir-se, e etc) são
variabilidade ultrapassa os limites de um vivenciadas como um sério transtorno.
desenvolvimento dito normal ou esperado, Uma criança que apresente essa condição pode
adquirindo características de desvio (CONNOLLY, ser vista como alguém que, até um certo grau,
1986). Uma delas refere-se ao atraso excessivo aprendeu as habilidades motoras básicas
(assumido como sintoma de uma desordem (locomotoras, equilíbrio-ajuste postural,
orgânica) na aquisição de habilidades motoras manipulativas). Entretanto, o necessário desen-
básicas. Além do atraso, muitas vezes essas volvimento dessas habilidades, ou seja, sua re-
habilidades acabam não se desenvolvendo construção na forma de habilidades funcionais,
plenamente. As causas dessa condição são múltiplas que permitam a criança interagir plenamente com
e seus processos particulares. seu ambiente natural e social, não ocorreu.

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SANTOS, S.; DANTAS, L. & OLIVEIRA, J.A.

Historicamente, essas crianças são normalmente A seguir será discutido a questão da persistência
denominadas de atrapalhadas ou desajeitadas da dificuldade motora ao longo do processo de de-
(“clumsy”), entre outras. Os relatos dessa condição senvolvimento, em crianças diagnosticadas com
vêm sendo feitos desde a década de 60 (SUGDEN & TDC. Em outras palavras, qual é o prognóstico em
WRIGHT, 1998). Durante esses anos muitas deno- termos de desenvolvimento motor, para as crianças
minações têm sido utilizadas para nomear essa con- diagnosticadas com TDC. Será que elas livram-se
dição, entre elas: dispraxia (dyspraxia); desajeitada das suas dificuldades espontaneamente?
(“clumsy”); criança com dificuldade motora Podemos observar na literatura duas outras gran-
(“children with motor difficulties”); disfunção des tendências no estudo do desenvolvimento mo-
perceptiva-motor (“perceptual motor-dysfunction”) tor em crianças com TDC. Uma mais explorada
défict em atenção, controle motor e percepção pela área médica, procurando descobrir precocemen-
(DAMP). No final dos anos 80, a Associação de te alguns determinantes para que o transtorno se
Psiquiatria Americana (APA) e a Organização Mun- instale, tem investigado a) os antecedentes ou fato-
dial da Saúde (OMS) reconheceram essa condição, res presentes nos momentos iniciais da vida; b) con-
e a sua denominação técnica passou a ser Transtor- dições no nascimento (peso, idade de gestação,
no do Desenvolvimento da Coordenação (TDC). asfixia peri-natal e etc); c) as condições do recém
Na publicação DSM-IV (APA, 1995), o TDC é nascido durante as primeiras semanas; e d) o desen-
caracterizado por um comprometimento do volvimento até, geralmente, o início da escolarização.
desempenho de atividades diárias tendo por base a Uma segunda tendência, dentro da qual pesquisa-
idade cronológica e a inteligência. Há uma dores da área médica dividem esforços com psicó-
propensão para deixar cair objetos, apresentar baixo logos e pedagogos, tem procurado investigar o
desempenho em atividade desportivo e grafia impacto do TDC nos primeiros anos escolares, so-
insatisfatória. O rendimento escolar tende a ser bre o futuro escolar durante a adolescência. Procu-
afetado de forma significativa, assim como o raremos a resposta para a nossa questão em estudos
desempenho de rotinas diárias. A perturbação não desenvolvidos dentro dessa última tendência.
é associada a uma condição médica geral. Um dos primeiros estudos de desenvolvimento
Na publicação CID-10 (OMS, 1993), o TDC é que mostram resultados experimentais sobre essa
denominado de transtorno específico do desenvolvi- controvérsia foi desenvolvido por GILBERT, GILBERT
mento da função motora. Sua principal característica e GROTH (1989). Nesse estudo, os autores avaliaram
é o sério comprometimento da coordenação motora, um grupo de crianças aos 13 anos, que tinham sido
cuja causa não se liga diretamente a retardo intelectual diagnosticadas como portadoras de Déficit de
global ou a qualquer transtorno neurológico congêni- Atenção, Controle Motor, e Percepção (DAMP) aos
to ou adquirido específico. O CID-10 menciona a sete anos. A avaliação motora mostrou que mais de
associação do TCD com o comprometimento de ta- 2/3 das crianças apresentaram um declínio nas suas
refas cognitivas visuo-espaciais. O transtorno resulta- dificuldades perceptivo motoras.
rá em dificuldades no desempenho acadêmico, além LOSSE et al. (1991) mostraram que crianças
de problemas sociais e emocionais. diagnosticadas com dificuldades motoras aos seis
O TDC é uma deficiência eminentemente anos de idade, em sua maioria (87%), continuam a
motora, cuja causa ainda é desconhecida. O im- apresentar dificuldades motoras aos 16 anos. Eles
pacto negativo da deficiência na vida da criança é enfatizam que os resultados são incompatíveis com
tremendo, como relata L OSSE , H ENDERSON , a visão que as dificuldades motoras são algo
ELLIMAN, HALL, KNIGHT e JONGMANS (1991). O passageiro, confinado a infância. Os autores
aspecto mais “perverso” da deficiência é o de que a alertaram sobre o perigo da visão otimista
ausência de sinais neurológicos clássicos, leva a uma (dificuldade desaparece espontaneamente),
atitude de incredulidade diante do problema, ne- difundida nos meios profissionais, que se constitui
gligenciando-se a sua existência. Um outro aspecto em um obstáculo para os pais conseguirem ajuda
“perverso” dessa deficiência é a crença que as crian- para o tratamento dessa desordem motora.
ças naturalmente irão recuperar-se do estado de GEUZE e BORGËR (1993) buscaram descrever a
dificuldade motora. Em 1949, Anell assumiu que persistência dos problemas motores em um intervalo
esse problema seria causado por um atraso de natu- temporal de cinco anos (6-12 a 13-17 anos). Os
reza maturacional, sugerindo que as crianças se re- resultados, tanto dos testes motores quanto dos
cuperam naturalmente. questionários preenchidos pelos pais e professores,

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Desenvolvimento motor

mostraram que as dificuldades motoras não são algo Pelo exposto até aqui, o prognóstico para crianças
transitório na vida das crianças, que irão desaparecer diagnosticadas com TDC não é bom.
espontaneamente ao longo do desenvolvimento. Os Recentemente, COUSINS e SMYTH (2003) detectaram
autores verificaram que mais de 50% das crianças a persistência da dificuldade motora na idade adulta.
ainda continuavam com problema cinco anos Isso nos permite especular que algumas dificuldades
depois da primeira coleta. motoras acompanham todo o processo de
Por sua vez, CANTELL, SMYTH e AHONEN (1994) desenvolvimento e irão persistir durante todo o ciclo
mostraram que 46% de um grupo original de crian- de vida do indivíduo.
ças diagnosticadas como desajeitadas aos cinco anos Entretanto, 11 anos depois de terem sido for-
de idade, continuava a diferir do grupo controle de- muladas por GEUZE e BORGËR, em 1993, algu-
pois de 10 anos (aos 15 anos de idade). O restante do mas questões ainda persistem: Quais são as causas
grupo, apesar de não diferir significativamente do gru- que levam uma criança à realmente recuperar-se
po controle (normal) formavam agora um grupo in- da sua condição de dificuldade motora e outra
termediário. Ou seja, apesar da melhora em sua não? Quais os fatores envolvidos em uma traje-
condição, continuavam a apresentar nítidas dificul- tória positiva de desenvolvimento de uma crian-
dades motoras, se comparadas com crianças nor- ça com essas condições?
mais. Posteriormente, CANTELL e SMITY (2003), Para avançarmos nessas questões e, quem sabe,
examinando o mesmo grupo de crianças aos 17 anos sermos capazes de fazer prognósticos sobre o futu-
de idade, obteve uma replicação dos resultados do ro dessas crianças. As sugestões de SUGDEN e WRIGHT
estudo anterior, confirmando dois possíveis prog- (1998) continuam atuais.
nósticos de desenvolvimento para as crianças ...é necessário examinar não somente o
diagnosticadas como portadoras de dificuldades: desempenho da criança em vários testes,
persistência e recuperação. mas também a ecologia do desenvolvimento
CHRISTIANSEN (2000) buscou verificar se crianças da criança. Como essa dificuldade motora
diagnosticadas com DAMP entre os cinco e oito foi reconhecida e trabalhada pela família?
anos de idade apresentavam problemas motores aos Quais mecanismos ou suporte foram
11 e 12 anos. Os resultados mostraram que as disponibilizados na escola? Que tipo de
crianças portadoras de DAMP continuavam a temperamento a criança tem? Que outras
apresentar um desempenho significantemente pior habilidades compensatórias a criança
do que as crianças do grupo controle. Também para possui? Essas e outras questões precisam ser
os autores, os resultados não suportam a visão de respondidas antes que possamos fazer
um prognóstico positivo para essas crianças. previsões mais precisas (p.94).

Desenvolvimento motor na velhice


A noção de que o papel das experiências motoras trouxe uma nova perspectiva para o entendimento
iniciais é importante para o desenvolvimento huma- do processo de desenvolvimento a partir da década
no tem sido amplamente disseminada e documenta- de 80, visualizando o desenvolvimento, em parti-
da. Entretanto, poder-se-ia dizer que se o movimento cular, o desenvolvimento motor, dentro do ciclo de
é primordial nas etapas iniciais da vida, durante o vida como um fenômeno que envolve ganhos e
envelhecimento ele é imprescindível. Isto se deve à melhorias de performances motoras e, também,
necessidade do idoso em adaptar-se ao corpo em en- perdas e diminuições. Isto, no entanto, envolve uma
velhecimento, o que reflete de forma marcante no grau mudança conceitual, de atitudes e, também, de pro-
de autonomia/independência desses indivíduos. cedimentos metodológicos.
A constatação de que as mudanças de desenvol- O interesse pelas concepções de desenvolvimento
vimento não cessavam no início da idade adulta, dentro do ciclo de vida, que elevaram o status científico
fez com que muitos estudiosos percebessem que o e social dessa abordagem, foi, de acordo com BALTES
desenvolvimento continuava ao longo de todo o (1987), provocada por três eventos relevantes: 1) a
curso de vida do ser humano (ROBERTON, 1989). mudança demográfica populacional em direção ao
Apesar de aparentemente óbvia, essa constatação aumento do segmento de idosos; 2) a simultânea

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emergência da gerontologia como área de baixa performance no teste, os motivariam a deixar


especialização e a busca de medidas preditivas de o estudo (“drop off ”). Além disso, há um problema
envelhecimento; e 3) o envelhecimento dos sujeitos adicional, que é o efeito de aprendizagem embuti-
e pesquisadores de muitos estudos clássicos sobre do nos resultados de performance das pesquisas lon-
desenvolvimento infantil que se iniciaram nas gitudinais. Nesse sentido, SANTOS (2004) ressalta que
décadas de 20 e 30. se as mudanças relativas ao envelhecimento são o
WADE (2000) pontua que essa nova perspectiva foco de estudo, existem alguns fatores complicadores
de desenvolvimento (“cradle-to-grave life span que merecem reflexão: 1) o intervalo longo entre as
development”) reflete o percurso entre o rápido mudanças durante o envelhecimento, dificultando
aumento em eficiência motora, especialmente, nas a observação contínua do comportamento; 2) as
duas primeiras décadas de vida, e o declínio das modificações estruturais e funcionais decorrentes do
mesmas habilidades adquiridas durante as sétima e envelhecimento devem ser consideradas na inter-
oitava décadas de vida. Nesse sentido, os idosos te- pretação do comportamento; e 3) comparativamen-
riam que lidar com o paradoxo da riqueza de expe- te a outras fases do desenvolvimento, há uma maior
riências adquiridas ao longo da vida interagindo dificuldade na diferenciação entre envelhecimento
negativamente com as conseqüências de um siste- e processos de doença. Talvez sejam essas as razões
ma motor em declínio. que dificultam a realização de estudos longitudi-
Mesmo que o desenvolvimento seja entendido nais tornando-os, tão raros e fascinantes.
como uma mudança no comportamento motor O funcionamento intelectual é talvez o domínio
experienciado ao longo da vida, ele é, muitas vezes, da psicologia do desenvolvimento dentro do ciclo
atrelado a uma noção de mudança (positiva) de um de vida que foi melhor ou, ao menos, mais estuda-
estado para outro qualitativamente melhor, mais do. BALTES (1987), BALTES e BALTES (1990) sugeri-
organizado e com ganhos de performance. Mas será ram um modelo teórico de desenvolvimento no
essa a única direção do desenvolvimento? Qual é o ciclo de vida que envolve conceitos básicos, tais
sentido ou objetivo desse organismo? Qual é o pa- como: a) desenvovimento no ciclo de vida; b)
drão maduro do arremessar, aquele apresentado por multidirecionalidade; c) desenvolvimento como um
indivíduos de 20 ou 90 anos de idade? Neste senti- processo de ganhos e perdas; d) plasticidade; e) in-
do, CLARK e WHITALL (1989b) identificaram algu- serção histórica; f ) contextualismo como
mas linhas de pesquisa em desenvolvimento motor paradigma; e g) área de desenvolvimento com
na tentativa de incorporar essa nova abordagem: a) multidisciplinareidade. O conceito de desenvol-
estudos para crianças que querem ser atletas; b) es- vimento visto como uma relação de ganhos e
tudos para crianças que apenas querem “fazer parte perdas sugere que nenhuma mudança de desen-
do time”; e c) estudos para idosos que precisam adap- volvimento durante o ciclo de vida seria mera-
tar o movimento com o corpo em envelhecimento. mente de ganho e, dessa forma, assume-se que
Do ponto de vista metodológico, se a medida qualquer progressão de desenvolvimento apresen-
temporal referente às mudanças de desenvolvimen- te, simultaneamente, uma capacidade adaptativa
to motor nas fases iniciais da vida são meses ou nova. Como um todo, o desenvolvimento no ci-
mesmo semanas, após a idade adulta, esse intervalo clo de vida progride dentro da limitação ou per-
de tempo pode chegar a 10, 15, 20 anos ou mais, o turbação criada pela dinâmica ganho/perda.
que acrescenta óbvias dificuldades. Um outro as- Embora seja possível detectar a retomada de
pecto, diz respeito ao recrutamento de indivíduos estudos de desenvolvimento motor dentro da
que participam das pesquisas. Se por um lado, in- perspectiva do curso da vida (VANSANT, 1997;
divíduos adultos e principalmente idosos demons- WILLIAMS, 1996; WILLIAMS, HAYWOOD & VANSANT,
tram grande entusiasmo para colaborar com os 1991, 1996, 1998), pode-se dizer que os
pesquisadores e disponibilidade para participar de conhecimentos gerados até o presente correspondem
experimentos de laboratório, esses indivíduos tra- à etapa do engatinhar. De um modo geral, foram
zem um fator seletivo inicial que pode influenciar identificados níveis diferenciados de performance
os resultados. Em outras palavras, indivíduos que na descrição do arremesso de idosos, alguns padrões
têm uma alta pontuação em testes de inteligência de ação na tarefa de levantar do chão foram
ou memória (por exemplo), são aqueles que se apre- observados apenas em idosos, e num estudo
sentam como voluntários para estudos longitudi- longitudinal (sete anos), observou-se apenas
nais com testes dessa natureza e, ainda, uma eventual pequenas mudanças (declínio) de performance na

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Desenvolvimento motor

tarefa de subir degraus, de forma que os idosos não arremesso ao alvo, que foi interpretado como uma
modificaram a coordenação da ação apesar de alterar resposta às restrições da tarefa, principalmente di-
o controle, além de um aumento da variabilidade minuindo a distância entre os pés. De um modo
intertentativas associado com a idade. geral, concluiu-se que os idosos demonstraram se-
Ainda que escassa, a literatura sobre padrões de rem capazes de adaptar-se às demandas da tarefa,
movimento do idoso tem sugerido que existe uma modificando o padrão do arremessar, particularmen-
interação entre a demanda da tarefa e os processos te, no componente que corresponde ao
que envolvem o movimento e o desempenho (re- posicionamento dos pés.
sultado) propriamente dito, ou seja, uma mudança Vale enfatizar, que a noção de que o desequilíbrio/
na demanda da tarefa é acompanhada por uma instabilidade do comportamento são, muitas vezes,
modificação na forma como o movimento é desem- entendidas como um estado desejável por antece-
penhado. Assim, um observador desavisado pode- der uma organização mais elaborada, característica
ria interpretar que o idoso demonstra um padrão de ações mais habilidosas e complexas, revelaria,
de arremesso, por exemplo, qualitativamente infe- novamente, uma concepção de desenvolvimento
rior ao esperado, no entanto, em determinadas si- referente apenas à criança e não do processo como
tuações, talvez esse comportamento estivesse um todo. Isto porque, mesmo que, hipoteticamen-
refletindo que o idoso soube adequar o seu movi- te, o ambiente não apresentasse novas demandas ao
mento ao que a tarefa requeria. Aparentemente, o indivíduo a partir da idade adulta, o simples au-
sistema (indivíduo) utiliza os seus recursos da me- mento de tempo de resposta (somatória dos tem-
lhor forma no sentido de responder a demanda pos de reação e de movimento) seria suficiente para
ambiental. Esse tipo de interpretação é, provavel- exigir do indivíduo uma resposta adaptativa. Assim,
mente, influenciada por algumas evidências que o ideal seria ao menos manter o nível de performance
sugerem que os idosos parecem modificar a coorde- pelo período mais longo possível. A manutenção
nação da ação, entretanto, o padrão de movimento desse estado relativamente estável de performance
observado pode ser fruto da restrição da tarefa e significaria que o indivíduo continuaria a respon-
não de uma restrição associada ao processo de enve- der satisfatoriamente às demandas ambientais, ape-
lhecimento. Nesse sentido, BASSO, GIMENEZ e SAN- sar do declínio de determinadas capacidades motoras
TOS (2002) investigaram: a) a aplicabilidade da lista inerentes ao envelhecimento. Essa competência em
de checagem para análise do padrão arremessar adap- termos de adaptação, sofreria uma grande influên-
tada para idosos (HAYWOOD, WILLIAMS & VANSANT, cia do estilo de vida e, segundo os pressupostos teó-
1991); b) o efeito da restrição da tarefa de arremes- ricos de B ALTES e colaboradores citados
sar no padrão de movimento; e c) se havia corres- anteriormente, este processo seria possível através
pondência entre o processo (padrão de movimento) da seleção e otimização dos recursos existentes e o
com o produto (desempenho) em duas situações uso de mecanismos compensatórios frente às de-
experimentais, ou seja, arremesso à distância (tarefa mandas ambientais, garantindo, assim, a continui-
1) e arremesso ao alvo (tarefa 2). Quatorze idosos dade do processo de desenvolvimento. Entretanto,
(x = 66,00 anos, s = 4,85) participaram do estudo um desequilíbrio nessa relação ganho/perda que
que compreendia duas tarefas. excedesse os recursos compensatórios individuais,
Os resultados foram tratados com base na análi- resultaria numa instabilidade que o organismo não
se coletiva dos componentes, utilizando-se o padrão conseguiria sustentar e, portanto, apresentaria uma
de movimento mais freqüente (moda) para efeito mudança (salto) negativa, acarretando numa dimi-
de análise. A análise qualitativa do movimento in- nuição inevitável de desempenho, ou melhor, uma
dicou que a utilização da lista de checagem do arre- descontinuidade no processo de desenvolvimento.
messo adaptada para idosos foi adequada, pois os Finalmente, como foi ressaltado por SANTOS
componentes acrescentados por H AYWOOD , (2002), o profundo entendimento do que está acon-
WILLIAMS e VANSANT (1991) foram identificados nos tecendo para nós pode, até certo ponto, nos capaci-
padrões de movimento dessa população. Os auto- tar num nível mais elevado de controle pessoal do
res associaram esse resultado a limitações estrutu- processo de desenvolvimento. O fato do ciclo de
rais relativas ao processo de envelhecimento vida não estar programado desde a concepção e
(mobilidade articular, por exemplo). Observou-se, poder ser influenciado por como nós escolhermos
também, que os indivíduos apresentaram um pa- viver as nossas vidas, nos dá poder e responsabilida-
drão de movimento qualitativamente inferior no de em medidas iguais.

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SANTOS, S.; DANTAS, L. & OLIVEIRA, J.A.

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ENDEREÇO
Suely Santos
Depto. Pedagogia do Movimento do Corpo Humano
Escola de Educação Física e Esporte /USP
Av. Prof. Mello Moraes, 65
05508-900 - São Paulo - SP - BRASIL

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