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23/09/2021 09:51 A Natureza Constitucional do Homem

A
Natureza Constitucional do Homem [23]
por

Heber
Carlos de Campos
 

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hebraica usada neste artigo

Houve sempre
dois conceitos predominantes na história da igreja
com respeito à composição da natureza essencial
do homem:
dicotomia e tricotomia. Historicamente, especialmente nos círculos
cristãos, concebeu-se
o homem composto de duas partes: corpo e
alma. No decorrer do desenvolvimento
do pensamento cristão,
contudo, apareceu outro conceito que compunha
o homem de três
partes: corpo, alma e espírito — a
tricotomia. Este último movimento
apareceu com a influência da filosofia
grega, que concebeu a relação
entre o corpo e o espírito
ligados entre si por meio de uma terceira
substância, ou um terceiro
elemento, que é a alma. A alma era
considerada, por um lado, como
imaterial quando relacionada com o
espírito e, por outro lado,
material, quando se relacionava com o
corpo. “A forma mais familiar e mais crua da
tricotomia é a que toma
o
corpo como a parte material humana, a alma como o principio da
vida animal, e o espírito como o elemento racional e imortal
que há
no
homem para relacionar-se com Deus.” [24] Berkhof ainda diz: “A
alma se apropriava do “nous” (ou pneuma) se fosse considerada
como imortal; mas se fosse relacionada com o corpo, ela era carnal
e
mortal.” [25] O pensamento tricotômico encontrou apoio em vários
pais
da igreja grega, nos primeiros séculos da era cristã. O
pensamento dicotômico já teve seus adeptos na igreja ocidental
ou
latina, como por exemplo, em Agostinho. Na Idade Média, foi
crença
comum a dicotomia. Na Reforma aconteceu o mesmo, exceto
uns
poucos estudiosos.

Base Escriturística da Natureza


Constitucional do Homem

A apresentação que a Escritura dá do homem não é a


de uma
tricotomia (embora haja dois textos que pareçam favorecer
essa
corrente), nem da dicotomia (embora muito mais textos favoreçam,
como veremos, a apresentação dicotômica), mas é a
da unidade do
homem. Cada ato do homem contempla-se como sendo um ato
do
homem completo. Não é a alma que peca, mas o homem que peca;
não é o
corpo que morre, mas o homem que morre; não é a alma que
Cristo
redime, mas o homem. O homem é uma unidade. Portanto,
quando a Escritura
fala do corpo, ela está falando do homem;
quando fala da alma, está falando
do homem; ou quando fala do
coração, está falando do homem.
A concentração das Escrituras não
é nas partes
que compõem o homem, mas na unidade que cada
parte apresenta. Temos sempre que ver o homem como uma
unidade. E assim que a Bíblia
o apresenta.
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Analisaremos o material bíblico debaixo dos seguintes tópicos:

1. O homem é Corpo (Adão foi criado um ser material)

2. O homem é Alma (Adão foi criado um ser espiritual)

3) O homem é Coração.

Antes da exposição destes três tópicos, vejamos


as palavras
hebraicas e gregas usadas para os termos:

a) Corpo no VT — rfpf( ('apar) = pó


rf&fB (basar) = carne
(nebhlah) = corpo
hfl"b:n
(cadáver)
Corpo no NT — sw=ma  
b) Alma no VT - #pn (nephesh)
Alma no NT — yuxh\n  
c) Espírito no VT —
(ruah)
axUr
Alma no NT — pneu=ma  
d) Coração VT — bfb"l (lebhabh)
b"l (lebh)
Coração no NT —
 
kardi/a

1. O HOMEM É CORPO (Adão foi criado um ser material ou


físico)

a) Considere a ênfase sobre homem


nos seguintes textos:
Gn 2.7
— “Então, formou o Senhor Deus ao homem
do pó (rfpf() da terra, e
lhe soprou nas narinas o fôlego
da vida, e o homem a passou a ser
alma vivente.”Esta é a primeira informação a respeito da natureza
constitucional do homem. Neste verso nos é dito que o ser humano
possui uma natureza física ou material. Antes dele ser “alma
vivente”, já é dito que ele é homem. Contudo,
quando o autor
sagrado fala dessa natureza ele não está pensando
numa parte do
homem, mas do homem na sua unidade.Gn 3.19 — “Do suor do
rosto comerás o teu pão,
até que tornes à terra, pois dela foste
formado: porque
tu és pó (rfpf() e ao pó tornarás.”Este outro verso de
Gênesis mostra a materialidade que o homem é.
Antes de botar a
“alma vivente” Deus fez o homem. Novamente
posso afirmar que o
autor quis mostrar a natureza terrena do homem, não
enfatizar que
ele tem um corpo. Esse corpo (pó) é o homem.
Esse elemento de
unidade não pode ser perdido de vista quando
se estuda este verso.
Nesses textos acima, embora se esteja falando
da parte física
do
homem, que é o seu corpo, a ênfase é no homem
como uma
unidade.Jó 34.15 — “Toda a carne juntamente expiraria, e
o homem
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voltaria ao pó.”Novamente aqui a ênfase recai sobre o elemento físico


ou
material do homem, considerando-o como uma unidade. A
verdade é que
quem expira é o homem, não o corpo. A morte é do
homem, não do corpo. Essa é a grande dificuldade que muitos
ministros da Palavra enfrentam
quando vão oficiar uma cerimônia
fúnebre. Partamos
do pressuposto que a pessoa que morreu seja
cristã. O oficiante
geralmente fala de Fulano que foi estar com
Cristo, como se a pessoa
consistisse unicamente da sua alma. “O
corpo do Fulano”,
diz o oficiante, “vai ser enterrado, mas o Fulano já
está no
céu”, como se o corpo não fosse o homem, ou como
se o
homem não fosse corpo. Embora a morte separe o homem (alma) de
si mesmo (corpo), devemos
sempre pensar no ser humano como uma
unidade. Quem morre é o homem (não o corpo)
e quem ressuscita é
o homem (não o corpo). A morte é a
separação do homem de si
mesmo, enquanto que a ressurreição é reunião
do homem consigo
mesmo. Isto se dará somente no dia final, quando haverá a
completação da salvação do pecador.

b) Considere a expressão: “O homem é espirito, mas


ele tem um
corpo”. Não seria mais próprio dizer que o “homem é corpo”?
A
Escritura indica que o corpo representa o homem como uma
unidade e
também como um ser total, completo. O corpo não é um
mero acessório (apêndice, departamento), nem é a
prisão da alma
(ou espirito). Se dizemos que o ser humano é um
espirito que tem
um corpo, o corpo não tem muita importância. Mas não é esta a
idéia que a Escritura dá do
corpo, como já vimos acima.

c) Veja as seguintes observações


sobre esta doutrina: Quando a
Bíblia ensina que Adão foi feito “do pó da
terra” (Gn 2.7), está
claramente afirmada a natureza material
do homem. Desde o
principio houve uma identificação, harmonia
e continuidade com
este mundo. O homem é terreno. Portanto, todas as noções
gnósticas da criação
material como pecaminosas, devem ser
terminantemente rejeitadas. Deus
não somente declarou a criação
material “muito
boa” (Gn 1.31), mas fez o homem de elemento
material. Vários
textos do NT São respostas às heresias gnósticas,
nas quais o universo material era mau. Veja a luta de Paulo e João
contra as heresias gnósticas em Cl 1.19; 2.9; 1 Jo 1.1; 4.2;
5.6-8.
Esta é a razão porque Paulo, quando fala da morte,
diz a respeito do
anelo próprio do crente em assumir um outro
corpo, porque seria
algo anormal não querê-lo (2 Co 5). A morte é um estado anatural
para o homem. E natural para o homem
sempre ser corpo. Na
morte, o homem fica sem o que é muito importante
nele, o corpo,
que é a devida expressão da alma. E de grande
importância para nós
o estado de Cristo ressuscitado ser
corporal, e o nosso estado final
vai ser similar ao dEle. No novo céu
e na nova terra, viveremos em
plenitude a nossa humanidade perfeita.“O corpo não é para ser
considerado, como os antigos filósofos pensaram dele, como a
prisão
material, da qual
o homem deveria ficar feliz se pudesse escapar na
morte. Ele (o corpo) é parte
de si mesmo: uma parte integral de sua
personalidade total, e corpo e
a alma em separação, não completam
o homem.” [26]O ser humano não funciona melhor sem o corpo. O
corpo é o
veículo adequado para a expressão da alma. Essas duas
realidades
São o homem e o homem é essas duas realidades. E

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verdade
que a criação material foi amaldiçoada por causa
do pecado,
tanto os elementos da natureza como o corpo humano, mas não
por
causa da materialidade dele (porque os anjos foram pecaminosos,
sem
terem qualquer forma corporal). A materialidade humana nunca
deve ser considerada (como infelizmente
alguns o fazem) a parte
mais baixa da natureza humana, e a parte espiritual
(imaterial) a
mais elevada. Ambas as criações, material
e espiritual, São
igualmente boas e igualmente importantes, porque
ambas vieram de
Deus e vão para Deus (1Co 6.14-15). Ambas as partes,
igualmente,
foram corrompidas pelo pecado e têm que ser redimidas.
Freqüentemente, num pensamento pecaminosamente distorcido, o
espiritual é identificado
com Deus e o material com o diabo. E bom
ser lembrado que Satanás é espiritual
(imaterial), e que sua esfera
de ação é no mundo
material. A materialidade humana, portanto,
jamais deve ser identificada
com o mal, pois a matéria não é má. Ela
é criação
de Deus. Corpo e espírito não São antitéticos (isto é,
opostos entre si). Não há necessariamente qualquer conflito
entre
esses dois aspectos da natureza humana.

2. O HOMEM É ALMA (Adão


foi criado um ser imaterial ou
espiritual)

Não podemos deixar de fazer referência a esse aspecto tão


importante da composição da natureza humana. Este é o
outro lado
da mesma moeda. Ambos os elementos, o material e o imaterial,
aparecem na narrativa da criação: Adão foi formado
do pó da terra,
mas somente quando o espírito foi soprado é que
Adão foi tornado
“alma vivente”. O fato de Adão
ser “alma vivente” não foi único. Em
Gn 1.21,
24 e 30 o mesmo é dito de outras criaturas vivas não
humanas. O único ponto digno de nota na criação do homem é a
maneira pela qual Deus fez isso.: Ele soprou em Adão o espírito
da
vida. Este ato da parte de Deus foi pessoal, direto, singular, que
distinguiu a criação humana (e a vida humana) das outras
vida
animadas (Gn 2.7). O homem pertence aos dois mundos, ao
espiritual
e ao físico. O sopro da vida animada mostra que o homem
é mais do que corpo.
O próprio Deus deu vida ao corpo por soprar o
espírito
nele. Este ato especial aponta para um caso especial. Este
soprar do
espírito é a fonte da vida animada, e sem ela o homem
propriamente pode ser chamado de morto (Tg 2.26). Há uma
referência óbvia a Gn 2.7 em Ec 12.7 onde
se lê: “e o pó volte a terra
como o era, e o espírito
volte a Deus, que o deu.” — Está claro que o
uso que
o autor de Eclesiastes fez do Gênesis refere-se à natureza
dupla do homem. Diferentemente dos animais, Adão foi formado de
um elemento tomado da terra (pó) e um elemento que veio
diretamente
de Deus, que Ele “deu”. Na morte, estes dois elementos
novamente
se tornam distintos, e retornam às suas fontes distintas.
Está claro também que o autor de Eclesiastes entendeu que
a vida
humana diferiu da vida animal em sua fonte e composição.
Ec 3.20-
21 diz: “Todos vão para o mesmo lugar; todos procedem
do pó, e ao
pó tornarão. Quem sabe que o fôlego de vida
dos filhos dos homens
se dirige para cima, e o dos animais para baixo,
para a terra?” —
Aqui,
o principio que anima é mencionado e usado para ambos
os
casos, mas há uma clara distinção
entre os dois, o homem e os
animais: o espírito do
homem vai para cima, para Deus que o deu

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(Ec 12.7), enquanto


que a “alma” do animal desce para
a terra, de
onde veio (Gn 1.24 — “produza a terra
seres viventes (hfYah $epen)
conforme
a sua espécie...”). O espírito
humano, então, é separado do
corpo humano na
morte por causa dos aspectos singulares que ele
recebeu na
criação
(ele veio diretamente de Deus, de cima),
enquanto que o poder
animador das outras criaturas é preso aos
seus corpos,
e ambos deixam de existir como constituintes daquele
animal,
sendo sepultados na terra. Este assunto, o da natureza dual
do homem, tem conduzido
os estudiosos àquilo
que, infelizmente,
tem sido chamado de dicotomia e tricotomia. A questão do número
dos elementos distintos que compõe
a natureza humana é muito
importante, mas o foco tem sido o da
separação, como os termos
dicotomia e tricotomia claramente
indicam.

A Unidade do Homem

A ênfase das Escrituras, contudo, é sobre a unidade desses


elementos. O homem não é o que é sem o corpo, e
nem pode ser o
que é sem a alma.“Corpo e alma existem somente em e um
para o
outro; o corpo não é um
corpo, mas o corpo da alma; a alma não é
uma alma, mas
a alma do corpo; na nossa consciência do 'eu' os
dois são
um...O homem é uma unidade, não uma junção
de duas
partes separadas ou mesmo faculdades separadas, e a Bíblia
trata
com ele como tal.” [27]É por isso que neste estudo preferiremos o
termo duplo ou dúplex,
ao nos referirmos à natureza humana, ao
invés da idéia
tradicional da dicotomia. Os termos duplo ou dúplex
enfatizam
a unidade dos elementos, antes que sua separação. O
número desses elementos que compõe a natureza humana é
importante,
por causa das diferenças práticas que resultam em
problemas
sérios, dependendo da posição que se toma. O psicólogo
cristão Clyde Narramore, por exemplo, mostra que sua tricotomia
o
levou a um ponto insustentável biblicamente. No aconselhamento
ele diz que o corpo deve ser tratado pelo médico, o espírito
pelo
pastor, e a alma pelo psicólogo. E estranha tal separação
na
Escritura. A Escritura não permite a visão triplex
(tríplice)
do homem.
Quando há separação é só por
causa da morte, mas a ênfase é sobre
a unidade. Além
disso, na separação da morte, só há dois
elementos.
Em adição a Gn 2.7, examine Mt 10.28. Nesse verso de Mateus, é
ensinado que o todo (a totalidade) do
homem sofre no inferno. A
verdadeira ênfase é sobre a totalidade
(unidade) do homem sofrendo
e não apenas o corpo ou a alma. A
afirmação "alma" e "corpo"
mostra que
a natureza humana é dúplex (veja outro exemplo em 1
Co
7.34b).Vejamos este ensino de maneira sistemática:

A) A ESCRITURA FREQÜENTEMENTE DISTINGUE ENTRE


CORPO - ALMA E/OU
CORPO-ESPÍRITO.

(1) O VT SUGERE UMA


DISTINÇÃO
CORPO-ALMA
(ESPIRITO),Contudo, esta distinção só entrou em uso mais tarde,
debaixo da filosofia grega. A idéia é de que as duas partes
formam
uma unidade, um conjunto harmonioso — o homem, um ser que
vive.Gn 3.19 — (após a queda com respeito à maldição) — “...tu és
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pó e ao pó tornarás.”A ênfase neste verso cai na parte física, mas o


intento
de Deus é tratar o ser humano como uma unidade. O
particular é tomado
como sendo a totalidade.Ec 12.7 — “e o pó (rfpf(
- corpo) volte à terra,
com o era, e o espírito (axUr) volte a Deus, que
o deu.”Este verso já mostra o homem com uma composição
dúplex,
mostrando a sua origem. Ambas as partes, material e imaterial
vieram de Deus.Jó 32.8 – “Na verdade há um espírito no homem
(corpo), e o sopro do Todo-Poderoso o faz entendido.”Neste verso de
Jó a ênfase cai sobre a parte material (corpo),
que é chamada de
“homem”. Contudo, a parte imaterial,
o espírito, foi colocado no
homem por Deus. Portanto, este verso
trata da composição dúplex
da natureza humana, embora
dê mais força ao aspecto material. A
mesma ênfase
vem neste verso seguinte, do mesmo autor: (Jó 33.4) –
“O
Espírito de Deus me fez: e o sopro do Todo-Poderoso me dá vida.”

(2) O NT TAMBÉM SUGERE A DISTINÇÃO


CORPO-ALMA
(ESPIRITO):

1 Co 2.11 – “Porque qual dos homens sabe as cousas do homem,


senão o seu próprio espírito que nele (corpo) está?”A mesma ênfase
dada no VT está agora no NT. A parte enfatizada
aqui é o corpo
porque ela é chamada de “homem” e
que “nele” está o espírito.
Contudo, o intento
de Paulo é falar da unidade, embora os dois
elementos apareçam
claramente nesse verso. Certamente o propósito
de Paulo é tratar
da capacidade perscrutadora do espírito humano,
mas deixa evidente
a composição dual da natureza humana.Mt
10.28 – “Não temais os que matam o corpo (soma)
e não podem
matar a alma (yuxh\n) temei, antes, aquele que pode
fazer perecer no
inferno tanto a alma como o corpo.”Jesus Cristo está ensinando
neste verso sobre o poder de Deus
em contraste com o poder dos
homens. Obviamente, ele usa o linguagem
comum das pessoas
quando fala da morte do corpo, pois o corpo fica inerte
sem a
presença da alma. Contudo, quando Deus exerce o seu poder
ele
pode fazer perecer tanto o aspecto físico como o aspecto espiritual
do
homem. A idéia de morte ai é de separação,
não de extinção. O
mesmo acontece se fala da morte do corpo: é a separação
dele da
alma — por isso o homem fica sem vida. Sem entrar mais
do mérito
desta questão, o texto mostra essa distinção
entre as duas partes
constituintes da natureza humana. E exatamente essa
mesma idéia
que Tiago mostra no verso a seguir: Tg 2.26 — “Porque, assim como
o corpo sem espírito é morto,
assim também a fé sem as obras é
morta.”Mesmo embora ele esteja falando da morte do
corpo (que é a
separação
do homem de si mesmo), o texto nos ensina sobre a
composição
dual da natureza humana.1 Co 7.34 — “.. Também a
mulher, tanto a viúva
quanto a virgem, cuida das cousas do Senhor,
para ser santo, assim no
corpo como no espírito.”A pureza de uma
mulher, segundo Paulo, em
qualquer estado civil que possa estar,
deve produzir uma vida que evidencie
a santidade cristã na
totalidade do seu ser: no material e no espiritual.2 Co 7.1 — “Tendo,
pois, ó amados, tais promessas,
purifiquemo-nos de toda impureza,
tanto da carne (sarko\j) como do espírito
(pneu/matoj) aperfeiçoando a
nossa santidade no amor de Deus.”Este verso de Paulo aos Coríntios
é muitíssimo
claro quanto à obra santificadora do Senhor que é feita
na totalidade do homem, isto é, na sua parte material como na

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imaterial. Deus realiza a obra da redenção. Assim como


a
santificação é uma obra de Deus, também
ela é um dever do homem
que deve ser puro tanto na sua natureza
física quanto na sua
natureza espiritual.Mt 26.41 — “…o espírito, na verdade, está
pronto,
mas a carne é fraca.” Jesus ensina sobre o dever de orar e
vigiar
e, ao fazê-lo, ensina
sobre a fraqueza da natureza humana. É
provável que espírito
esteja ligado com uma nova natureza e que
carne significa as fraquezas
de nosso ser. Seja como for, a idéia da
composição
dúplex não deve ser deixada de lado, mesmo neste texto
que pode ter dupla interpretação.

B) A ESCRITURA PARECE,
AO MESMO TEMPO,
DISTINGUIR OS TERMOS ALMA E ESPÍRITO.

Sem dúvida, há duas passagens que parecem contradizer a


idéia da
apresentação da composição
dual da natureza humana. São os dois
únicos textos usados
pelos chamados tricotomistas: 1 Ts 5.23 e Hb
4.12. A pergunta levantada é esta: “Não ensinam estes dois
textos
sobre a separação de alma e espírito, o que
indica uma tríplice
concepção do homem?” A
resposta é enfaticamente, “não”!!!

a) Vejamos, primeiro, Hb 4.12. “Porque a palavra de Deus é viva e


eficaz, e mais cortante
do que qualquer espada de dois gumes, e
penetra até o ponto de
dividir alma e espírito (yuxh=j kai\ pneu/matoj),
juntas e medulas,
e apta para discernir os pensamentos e os
propósitos do coração.”A Palavra de Deus, a Escritura, é como uma
espada aguda, de dois
gumes, que penetra bem fundo, ao ponto de
dividir alma e espírito,
juntas e medulas. Diz o tricotomista: “Se a
Bíblia afirma
a possibilidade de separar alma de espírito, por que
não
podemos fazer?” - O fato é que o pensamento grego não
está
dizendo realmente isso. O problema não é de
tradução. O texto grego
não diz que a alma é separada do espírito,
ou que as juntas podem
ser separadas das medulas. Ao contrário,
o que é dito é que a
Palavra de Deus divide o espírito
e também a alma, assim como as
juntas e as medulas. Os escritor,
de mentalidade hebraica, está
usando paralelismos, utilizando-se
de sinônimos para reforçar a
idéia da natureza tanto
material como espiritual do homem. Ele fala
de “alma” e “espírito” e
de “juntas” e “medulas”, mostrando a
composição
dual, não tríplice da natureza humana. Esse paralelismo
também se evidencia na idéia básica
do texto de que a Palavra de
Deus penetra profundamente, o suficiente
para discernir no ser mais
interior do homem, que é o coração,
onde o autor usa duas idéias
similares - os seus pensamentos e
propósitos (vv. 12c e 13). O
quadro aqui fala em dividir as juntas, medulas, alma e espírito.
Observe que há duas categorias básicas aqui: material (juntas
e
medulas) e imaterial (alma/espírito), não três.
Exatamente como os
“pensamentos e propósitos” do coração
não podem ser divididos,
mas São colocados juntos, abrangentemente,
a fim de expressar o
aspecto total do intelecto, assim espírito
e alma São mencionados
para mostrar que nenhum aspecto do interior
do homem está além
do poder penetrante da palavra de Deus.

b) Vejamos agora 1 Ts 5.23. “O mesmo Deus vos santifique em


tudo; e o vosso espírito,
alma e corpo, sejam conservados íntegros e
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irrepreensíveis
na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.”Novamente a
ênfase do texto não está sobre o número
dos elementos que compõe
a natureza humana, nem como podemos dividi-la.
Antes, está sobre
a totalidade do homem. Poderíamos traduzir
este verso, da seguinte
maneira:“
O mesmo Deus vos santifique em tudo (completamente); e
o vosso ser total (corpo, alma e espírito), seja conservado integro e
irrepreensível
na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.”Paulo aqui
não está dividindo, mas unindo. Se você não
se conforma com essa
argumentação, mas crê que Paulo
está somando ao corpo a alma e o
espírito, formando três
partes, o que você faria com os seguintes
textos: Mt 22.37; Mc
12.30; Lc 10.27? Estes textos falam de alma,
coração, força
e entendimento. Você acresceria essas partes
mencionadas à composição
do homem? Naturalmente que não! A
Escritura usa freqüentemente dois, três ou até quatro
termos sobre
a natureza imaterial do homem, para enfatizar a idéia
de totalidade.
E necessário que observemos o sentido da passagem à luz
de toda a
verdade, vê-la à luz de seu propósito e
não daquilo que queremos
que o texto diga.

C) A ESCRITURA USA,
FREQÜENTEMENTE,
OS TERMOS
ALMA E ESPIRITO INDISTINTAMENTE

(1) Alma e espírito são usados indistintamente quando


a
referência é a uma pessoa desincorporada.

a) Nos texto abaixo as pessoas desincorporadas


São chamadas de
espírito: Todas as pessoas que morrem, isto é, que têm a sua
natureza
material separada da sua natureza imaterial, São
consideradas
como “espíritos”. Na morte de qualquer ser humano,
aplica-se a velha máxima do sábio Salomão em Ec
7.12- “E o pó
('apar) volte à terra, como o era,
e o espírito volte a Deus que o deu.”
Tanto os homens comuns
como o Salvador deles provaram a mesma
experiência:Lc 23.46 — “Então, Jesus clamou em alta voz: Pai,
nas
tuas mãos entrego o meu espírito! E, dito isto, expirou.” Desde a
encarnação, o Redentor é vere Deus e vere
homo, possuindo as duas
naturezas — a divina e a humana. Como homem,
ele possuía os dois
aspectos da natureza humana — o material
e o espiritual. Quando o
Redentor morreu, seu corpo foi para a sepultura
e o seu espírito (que
não é o Espírito Santo)
voltou para Deus, até que ele ressurgiu ao
terceiro dia. Nesse
período essa pessoa desincorporada era um
espírito.At 7.59 — “E apedrejavam a Estevão que invocava e
dizia:
Senhor Jesus, recebe o meu espírito (pneu=ma/
mou).” Quem morreu
apedrejado foi Estevão, seu corpo ficou inerte porque
foi separado do
seu espírito. Essa parte, que veio diretamente
de Deus, voltou para
Deus onde goza da alegria até que a redenção
se complete. Mas é o
espírito de Estevão que está com
Deus.Hb 12.23 — “… e igreja dos
primogênitos arrolados
no céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos
espíritos dos
justos (pneu/masi dikai/wn) aperfeiçoados.”Todos aqueles
que fazem parte dos remidos,
que já morreram com
Cristo, estão na
presença de Deus gozando de suas delicias,
sendo “justos e
aperfeiçoados”, São chamados
de “espíritos”.

b) Nos textos abaixo uma pessoa desincorporada


também é descrita
na Escritura como alma:Esta observação cabe tanto aos
homens
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comuns como ao Redentor deles. At 2.27 — “Porque não deixarás a


minha alma
(yuxh/n) na morte, nem permitirás que o teu santo veja
corrupção.”Como humano que também era, Jesus possuía o seu
corpo
que foi sepultado, separado de sua alma até o terceiro dia.
Perceba
que o texto fala da morte da alma. Ora, morte significa
separação.
O que o escritor bíblico profeticamente diz é que o
Senhor
Deus não haveria de deixar a alma humana do Redentor no
estado
de morte, isto é, no estado de separação do seu
corpo. Nem o
seu corpo haveria de experimentar corrupção. A razão dessa
incorrupção física e da alma
não poder ficar par sempre no estado
de morte é que ambos
os aspectos da natureza humana do Redentor
estavam indissoluvelmente
ligadas à sua natureza divina, ao Logos.
Portanto, quando houve
a morte do Redentor, estando
desincorporado, ele foi chamado de “alma”,
que é a mesma coisa que
“espírito”.Ap 6.9 — “...vi as almas (yuxa\j)
daqueles que tinham sido
mortos por causa da palavra de Deus.”Ap 20.4 — “vi ainda as almas
(yuxa\j)
dos decapitados por causa do testemunho de Jesus...”Esses
dois textos acima falam da situação dos remidos
do Redentor.
Quando eles morrem, e nestes textos há o motivo de
suas mortes,
eles São separados de si mesmos. O físico
deles repousam na
sepultura e espírito deles vai estar com Deus.
No entanto, quando
desincorporados eles São chamados de “almas”,
o que eqüivale a
“espíritos”.

Obs.:

a) Note que a Escritura apresenta a pessoa desincorporada como


espírito que é, auto-consciente, cônscio de sua identidade
pessoal:
Lc 23.43; Lc 16.19-31; Fp 1.22-23; 2 Co 5.1-10 (especialmente
vv.6-
8).

b) quando se fala de almas ou espíritos das pessoas


desincorporadas,
deve se ter em mente que o escritor bíblico tem
como meta falar
de pessoas em sua unidade, não somente uma das
partes delas.

(2) Alma e espírito são usados indistintamente quando


a
referência é a expressões de emoção
e de devoção.

Esta argumentação que se segue destrói qualquer


possibilidade de
alguém reivindicar a tese tricotomista. A Escritura é a
intérprete de
si própria. Ela mesma dá as respostas às
nossas inquirições.

(a) A Dor faz alusão tanto à alma como ao espírito:


isto está claro
nos ensinamentos sobre a pessoa de Jesus Cristo:Este ponto pode e
deve tanto ser aplicado aos homens comuns como ao
Redentor
deles. Vejamos primeiro sobre Jesus: Jo 12.27 — “Agora está
angustiada
a minha alma (yuxh/), e que direi eu?...”Jo 13.21 — (após
lavar os pés dos discípulos) – “Ditas
estas cousas, angustiou-se
Jesus em espírito (pneu/mati).”Esses dois textos acima falam de uma
situação de sofrimento
angustiante de nosso Redentor. De acordo
com o ensino geral dos tricotomistas,
somente a alma deveria ser a
portadora dessa angústia. Contudo,
como esses termos São usados
indistintamente, tratando da mesma
natureza espiritual do homem,
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é dito também que o espírito


estava angustiado. Mt 26.38 — (No
Getsêmani) – “Então lhes
disse: a minha alma (yuxh/ mou) está
profundamente triste até a
morte...”Mc 8.12 — (quando os fariseus
pediram um sinal) – “Jesus,
porém, arrancou do intimo do seu
espírito (pneu/mati
au)tou=)
um gemido, e disse: por que pede esta
geração um sinal?...”O mesmo caso se aplica nestes dois textos
acima. A emoção
chamada “tristeza” que normalmente é atribuída
pelos tricotomistas à alma, a Escritura atribuí ao espírito,
porque as
duas palavras São indicativas da mesma coisa — a
natureza
imaterial do homem. (Obs.: note que o uso que Marcos faz de
espírito é menos
intenso do que na situação de Mateus, quando este
usa a
palavra alma. Isto é uma grande dificuldade para quem pensa
tricotomísticamente). Também no caso dos homens comuns, a dor é
atribuída
tanto a alma como ao espírito.At 17.16 — “Enquanto Paulo
os esperava em Atenas, o seu
espírito (pneu=ma au)tou=) se revoltava
em face da idolatria reinante
na cidade.”2 Pe 2.8 — (Sobre Ló em
Sodoma) – “Porque este
justo, pelo que ouvia e via quando habitava
entre eles, atormentava a
sua alma justa (yuxh\n dikai/na), cada dia,
por causa das obras iníquas
daqueles.” Tanto Paulo como Ló, ao
contemplar o mal, num reflexo da imagem
de Deus que já havia sido
restaurada neles, pois eram justos,
sentiram dor que lhes
atormentava a “alma” (ou “espírito”-
pois essas duas palavras São
usadas indistintamente) deles, pois é essa
sensação dolorida que o
pecado causa na vida dos redimidos. Veja-se ainda Sl 77.3; 142.3;
143.7 - aplicando a dor ou a tristeza
ao espírito.

(b) Alegria Ação de Graças estão relacionadas


tanto à alma como ao
espírito:O escritor sacro narra uma ocasião quando Maria deixa os
tricotomistas
numa situação muito embaraçosa, pois ela inverte
a
ordem estabelecida por eles na distribuição dos elementos
distintos
na natureza não material do homem. Veja o que Maria,
a mãe do
Redentor, diz:Lc 1.46-47- “Então disse Maria: a minha alma (yuxh/
mou)
engrandece ao Senhor, e o meu espírito (pneu=ma/
mou) exulta em
Deus meu salvador.”Segundo a teoria geral dos tricotomistas,
o que
é próprio
da alma é o sentimento, é atribuído ao espírito — “o
meu
espírito exulta em Deus meu salvador”. E o que é próprio
do espírito,
a adoração cristã, é atribuído
a alma — “a minha alma engrandece
ao Senhor”.

Por que Maria faz esse uso “indevido” dessas palavras? Obviamente,
não há uso indevido. O que acontece é que não
há nenhuma
autorização nas Escrituras para considerarmos
essas duas palavras
— alma e espírito — como elementos
distintos na composição da
natureza humana. Na adoração dos crentes comuns é muito usada a
expressão
do Salmista no Sl 42.1-2 — “Como a corça suspira pelas
correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha
alma. A
minha alma (yi$:pan) tem sede de Deus, do Deus vivo...” — Todos
os
verdadeiros cristãos adoram a Deus com todos os anelos de sua
alma. Eles poderiam perfeitamente usar duas outras palavras para
expressar
a mesma idéia. Eles poderia dizer que suspiram pelo
Senhor com
todo o seu coração ou com todo o seu espírito. São
termos usados indistintamente para expressar o mesmo sentimento
de adoração
num desejo ardente por Deus.

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(c) Adoração e Devoção São também


atribuídos a ambos: alma e
espírito. Os textos abaixo criam uma dificuldade enorme
para
aqueles que possuem uma mentalidade tricotomista, pois se a regra
for aplicada literalmente,
os tricotomistas não mais poderiam ser
tricotomistas, mas pentatomistas,
pois o verso abaixo fala de cinco
partes. Uma dela obviamente, se refere
ao corpo (“toda a tua força”).
As quatro restantes
dizem respeito às partes imateriais do homem
que deveriam ser
consideradas distintas se fôssemos aplicar a tese
tricotomista.
Veja o texto: Mc 12.30 - (pergunta sobre o l.º grande
mandamento) – “Amarás,
pois, o Senhor teu Deus de todo o teu
coração (kardi/aj
sou), de toda a tua alma (yuxh=j sou), de todo o teu
entendimento (dianoi/aj
sou), e de toda a tua força (i)sxu/oj
sou).Observe
os outros textos paralelos:

Mc 12.30 - coração, alma, entendimento, força

Mt 22.37 - coração, alma, entendimento,

Lc 10.27 - coração, alma, entendimento, força

Dt 6.5 - coração, alma, força

Obs.: Uma observação que não pode deixar de ser


feita é esta: A
parte mais importante no nosso culto a Deus e
na expressão de
nosso amor a Deus, segundo o entendimento tricotomistas é o
espírito do homem. Contudo, a ausência de espírito
nestes textos é
um problema sério para o tricotomista. Perceba no verso abaixo que
o que é dito de um (espírito) é dito
do outro (alma) no que respeita ao
esforço do cristão em
preservar o corpo de doutrinas que ele recebe,
que aqui é chamado
de “fé evangélica”. Isto é assim porque
não se
trata de elementos distintos, mas do mesmo elemento. Paulo,
obviamente, está usando um paralelismo hebraico. Fp 1.27 — “Vivei,
acima de tudo, por modo digno do evangelho
de Cristo, para que, ou
indo ver-vos, ou estando ausente, ouça,
no tocante a vós outros, que
estais firmes em um só espírito
(pneu/mati), com uma alma (yuxv=),
lutando juntos pela fé evangélica.” Ef 6.5-6 — “Quanto a vós outros,
servos, obedecei
a vossos senhores, segundo a carne com temor e
tremor, na sinceridade
do vosso coração (kardi/aj u(mw=n) como a
Cristo, não
servindo à vista, como para agradar a homens, mas
como servos
de Cristo, fazendo de coração (e)k
yuxh=j) a vontade de
Deus.”Note: de todas as referências à dor, alegria, adoração,
perceba
que o lugar dos exercícios espirituais de um homem regenerado
está,
tanto na alma como no espírito. Nenhum exercício
espiritual da
alma deve deixar de ser atribuído ao espírito,
porque ambos os
termos significam a mesma coisa — o aspecto imaterial
do ser
humano. E importante ser observado que é a alma que tem anelos
de Deus
em vários textos da Escritura (Sl 42.1-2; 62.1, 5, 8; 84.2;
86.4;
130.5-6; 143.6; Is 26.9.). Observe-se ainda que é a alma que é
devota a Deus (S1103.1,
2, 22; 104.1, 35; 108.1; 119.175; 143.8).

(3) Alma e espírito são


usados indistintamente para descrever o
objeto da obra redentora
e santificadora
de Cristo.

(a) Quem vai para o céu ou para o inferno é a alma ou


o espírito. A
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existência humana no futuro, seja em vida ou em morte, isto é,


em
comunhão com Deus ou em separação de Deus, é dita
pertencer à
alma ou ao espírito. Os dois textos paralelos abaixo demonstram que
a existência em
morte pertence à alma.Mt 16.26 — “Pois que
aproveitaria o homem se ganhar o mundo
inteiro e perder a sua
alma (yuxh\n)? Ou o que dará o homem em
troca de sua alma (yuxh=j
au)tou=)?” (cf. Mc 8.36) Lc 12.20 — “Mas Deus lhe disse: Louco, esta
noite te pedirão
a tua alma (yuxh/n), e o que tens preparado, para
quem será?”Nos textos abaixo é dito que a existência em vida dos
cristãos
pertence à alma. E curioso que, na concepção tricotomista,
quem vai para o céu é o espírito, não a alma.
No entanto, a Escritura
usa o termo alma como equivalente a espírito. Lc 21.19 — “E na
perseverança
que ganhareis as vossas almas (yuxa\j u(mw=n).” Hb
10.39 — “Nós, porém, não somos dos
que retrocedem para a
perdição; somos, entretanto, da fé para
a conservação da alma
(peripoi/hsin
yuxh=j).” Tg 1.21 — “Portanto, despojando-vos de toda
impureza e acúmulo
de maldade, acolhei com mansidão a palavra
em vós implantada,
a qual é poderosa para salvar as vossas almas
(yuxa\j
u(mw=n).” Tg 5.20 — “Sabei que aquele que converte o pecador
do seu
caminho errado, salvará a alma dele (yuxh\n
au)tou=) e cobrirá
multidão
de pecados.”1 Pe 1.9 — “Obtendo o fim da vossa fé, a
salvação
das vossas almas (u(mw=n swthri/na yuxw=n).” Ez 3.19 —
“Mas, se avisares o perverso, e ele não
se converter da sua maldade
e do seu caminho perverso, ele morrerá na
sua iniquidade, mas tu
salvaste a tua alma (!:$:pan)).”Nos dois textos abaixo é mostrado que
um cristão que morre
vai para a vida com Jesus. No entanto, a
palavra usada aqui é “espírito” não “alma”,
como nos textos
anteriores.At 7.59 — “E apedrejavam a Estevão que invocava e
dizia:
Senhor Jesus, recebe o meu espírito (pneu=ma/
mou).” 1 Co 5.5 — “...
seja entregue a Satanás para a destruição
da carne (sapko/j), a fim de
que o espírito (pneu=ma swqv=) seja
salvo no dia do Senhor.”

b) A Santificação é da alma (ou espírito). A salvação é alguma coisa


que já aconteceu
no passado, mas ainda é uma realidade presente.
Deus continua
ainda a nos salvar. A isto a Escritura chama
“santificação”.
O processo da santificação acontece com a totalidade
do
seu humano, tanto da sua parte material como da imaterial.
Escrevendo
aos Coríntios, Paulo deixa bem claro esta verdade. A
parte material
ele chama de “carne” e a parte imaterial ele chama de
“espírito”.
Estes são os únicos dois elementos que compõem a
natureza humana.2 Co 7.1 — “Tendo, pois, ó amados, tais
promessas,
purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne
(sarko\j), como do espírito
(pneu/matoj) aperfeiçoando a nossa santidade
no temor de Deus.”Pedro, no entanto usa, nos textos abaixo,
a
palavra “alma” como
sendo o locus da santificação que Deus opera
em nós,
e que nós operamos mediante nossa obediência à verdade.1
Pe 1.22 — “Tendo purificado as vossas almas (yuxa\j) pela
vossa
obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal
não fingido,
amai-vos de coração uns aos outros,
ardentemente.”1 Pe 2.11 —
“Amados, exorto-vos como peregrinos e forasteiros
que sois, a vos
absterdes das paixões carnais que fazem guerra
contra a alma
(yuxh=j).”Is 38.16-17 — “Senhor, por estas disposições
tuas vivem os
homens, e inteiramente delas depende o meu espírito
(yixUr);
portanto, restaura-me a saúde, e faze-me viver. Eis que
foi para a
minha paz que tive eu grande amargura; tu, porém, amas
a minha
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alma (yi$:pan) e a livraste da cova da corrupção


porque lançaste para
trás de ti todos os meus pecados.” O ensino dos profetas do Antigo
Testamento
não é diferente
dos escritores do Novo Testamento. A
contaminação da “alma” torna
necessária a purificação dela. Da
mesma forma a
saúde do “espírito” do homem depende da obra
santificadora de Deus. Analise com propriedade estes dois textos
abaixo
e verifique que alma ou espírito São o locus da obra
santificadora
de Deus, pois são termos usados indistintamente. Ez
4.14 — “Então, disse eu: Ah! Senhor Deus! eis
que a minha alma
(yi$:pan) não foi contaminada, pois desde a minha
mocidade até
agora, nunca comi animal morto de si mesmo nem dilacerado
por
feras, nem carne abominável entrou na minha boca.” Is 38.16-17 —
“Senhor, por estas disposições
tuas vivem os homens, e inteiramente
delas depende o meu espírito
(yixUr); portanto, restaura-me a saúde,
e faze-me viver. Eis que
foi para a minha paz que tive eu grande
amargura; tu, porém, amas
a minha alma (yi$:pan) e a livraste da
cova da corrupção
porque lançaste para trás de ti todos os meus
pecados.”

(c) O Perdão de Deus é para


a Alma. Na concepção tricotomista, o
perdão de Deus deveria
ser para o espírito humano, não para a
alma. Contudo, a
Escritura diz em vários lugares que a alma
humana é objeto
da compaixão perdoadora de Deus.Sl 41.4 —
“Disse eu: compadece-te
de mim, Senhor; sara a minha alma,
porque pequei contra ti.” S1102.2-3 — “Bendize, ó minha alma ao
Senhor, e não
te esqueças de nenhum só de seus benefícios. Ele é
quem
perdoa todas as tuas iniquidades.” Observe: É muito
importante que se leve em conta que, quando
a Escritura se refere
ao perdão da alma, ao fato dela ir para
o céu, a ênfase não está na
divisão
da pessoa, mas na unidade dela. Portanto, é salutar pensar
que
Deus perdoa a pessoa, e não apenas o lado imaterial dela; que é
a
pessoa que vai para o céu, não um pedaço dela.

Explicação: O fato de que a Escritura usa alma e espírito


indistintamente em muitos contextos, como sinônimos básicos
em
tais contextos, não implica que não possa haver outro
sentido do
seu uso em outros contextos; o mesmo acontece com carne e
corpo.

NOTAS:

[23] - Ensino retirado basicamente da Apostila


não-publicada,
preparada pelo Dr. Fred H. Klooster, para seus alunos no calvin
Seminary.
[24] - Berkhof, p. 225, (edição castelhana).
[25] - Berkhof, p. 225 (edição castelhana).
[26] - James Orr, God's Image in Man, (Grand Rapids: Eerdmans
reprint,
1948), p. 251-52.
[27] - James Denny, Studies in Theology, (Grand Rapids: Balcer
repriflt,
1967), p. 76.

(Heber Carlos de Campos, Apostila de Antropologia)

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