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23/09/2021 09:53 A Natureza Humana em Seu Quádruplo Estado

A Natureza Humana em
Seu Quádruplo Estado
Pensamentos sobre a Visão de Agostinho da Vontade

por

Ernest Reisinger

Em seu famoso livro, A Natureza Humana em Seu Quádruplo Estado, o


Puritano Escocês, Thomas Boston (1676-1732) nos informa que os quatro
estados da natureza humana são: (a) Integridade Primitiva; (b) Completa
Depravação; (c) Recuperação Iniciada; e Felicidade ou Miséria Consumada.

Estes quatro estados, que são derivados das Escrituras, correspondem aos
quatro estados do homem em relação ao pecado enumerados por Agostinho
de Hipona: (a) capacidade para pecar, capacidade para não pecar (posse
peccare, posse non peccare); (b) incapacidade para não pecar (non posse
non peccare); (c) capacidade para não pecar (posse non peccare); e (d)
incapacidade para pecar (non posse peccare). O primeiro estado
corresponde ao estado do homem na inocência, antes da Queda; o segundo
estado do homem natural após a Queda; o terceiro estado do homem
regenerado; e o quarto do homem glorificado.

Deve ser notado que em todos os quatro estados, o homem é livre para
escolher o que fazer ou não de acordo com sua vontade. Sua vontade é
livre porque ela não é forçada ou compelida por algo exterior. Todavia, sua
vontade é determinada por suas próprias inclinações morais. Isto significa
que enquanto o homem glorificado sempre escolherá fazer o bem porque a
inclinação do seu coração será sempre a de glorificar a Deus; o homem
natural caído sempre fará o que é mal (aos olhos de Deus), porque seus
motivos nunca são puros, e jamais glorificam a Deus.

Antes da Queda, o homem era capaz de escolher fazer tanto o bem como o
mal, seu coração, e assim sua inclinação e disposição, sendo inocente e não
corrompido pelo pecado. Mas o estado de Adão era mutável e quando
Satanás tentou Eva, e então através de Eva, o tentou, ele escolheu pecar
contra Deus comendo o fruto proibido e assim caindo do estado de
inocência.

- Citado de Pilgrim Covenant Church

Homem Pré- Homem Pós- Homem Homem


Queda Queda Renascido Glorificado
capaz de não
capaz de pecar capaz de pecar capaz de pecar
pecar
capaz de não incapaz de não capaz de não incapaz DE
pecar pecar pecar PECAR

 
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Eis aqui algo que o próprio Agostinho disse sobre isto:

A capacidade original do homem incluía tanto o poder para não pecar como
o poder para pecar ( posse non peccare et posse peccare ). No pecado
original de Adão, o homem perdeu o posse non peccare (o pode para não
pecar) e reteve o posse peccare (o poder para pecar) - o qual ele continua
a exercer. Na concretização da graça, o homem terá o posse peccare
retirado e receberá o mais alto de todos, o poder para não ser capaz de
pecar, non posse peccare. Cf. On Correction and Grace XXXIII.

AGOSTINHO, ENCHIRIDION, CAPÍTULO 118.-- OS QUATRO


ESTÁGIOS DA VIDA CRISTÃ, E OS QUATRO ESTÁGIOS
CORRESPONDENTES DA HISTÓRIA DA IGREJA.

Quando, afundado nas escuras profundezas da ignorância, o homem vive


de acordo com a carne despreocupado de qualquer luta da razão ou
consciência, este é seu primeiro estado. Mais tarde, quando através da lei
veio o conhecimento do pecado, e o Espírito de Deus ainda não interpôs
Seu auxílio, o homem, aspirando viver de acordo com a lei, é frustrado em
seus esforços e cai em pecado consciente, e assim, sendo sujeitado pelo
pecado, torna-se seu escravo ("porque daquele por quem o homem é
sujeitado, do mesmo ele é trazido em cativeiro" (4)); e dessa forma o efeito
produzido pelo conhecimento dos mandamentos é este, que o pecado opera
no homem toda maneira de concupiscência, e ele é envolvido na culpa
adicional de transgressão deliberada, e isso cumpre o que está escrito: "A
lei entrou para que a Ofensa pudesse abundar". (5) Este é o segundo
estado do homem. Mas se Deus tem cuidado para com ele, e lhe inspira
com fé na ajuda de Deus, e o Espírito de Deus começa a operar nele, então
o eficaz poder do amor esforça-se contra o poder da carne; e embora ainda
haja na própria natureza do homem um poder que luta contra ele (porque
sua enfermidade não é completamente curada), todavia ele vive a vida do
justo pela fé, e vive na justiça no que diz respeito à não se render à
perversa luxúria, mas conquista-a pelo amor da santidade. Este é o terceiro
estado de homem de boa esperança; e aquele que pela constante piedade
avança neste curso, alcançará no final a paz, aquela paz que, depois que
toda esta vida tiver acabado, será aperfeiçoada no repouso do espírito, e
finalmente na ressurreição do corpo. Destes quatro estágios o primeiro é
antes da lei, o segundo é sob a lei, o terceiro é sob a graça, e o quarto é
em completa e perfeita paz. Assim, também, a história do povo de Deus
tem sido ordenada de acordo com Seu agrado de dispor todas as coisas em
número, e medida, e peso. (6). Porque a igreja existiu primeiro antes da lei,
então sob a lei, que foi dado por Moisés; então sob a graça, que foi
primeiramente manifesta na vinda do Mediador. Não, deveras, que esta
graça estivesse ausente anteriormente, mas, em harmonia com os arranjos
do tempo, ela estava velada e oculta. Porque ninguém, até mesmo os justos
homens do passado, poderia encontrar salvação aparte da fé de Cristo; a
menos que Ele tivesse feito conhecido a eles poderia seus ministérios ter
sido usados para conduzir profecias concernentes a Ele para nós, algumas
mais claras, e algumas mais obscuras.

Disto [capítulo 118 do ENCHIRIDION] nós concluímos, novamente


com Agostinho, que:

- os filhos de Deus são movidos por Seu Espírito para fazer tudo o que é
para ser feito.

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- eles são trazidos por Ele, de um estado involuntário para serem feitos
dispostos.
- desde a queda é devido somente a graça de Deus que o homem
aproxima-se dEle.
- é devido somente esta mesma graça que Deus não retrocede ou retira-Se
dele.
- nós sabemos que nenhuma coisa boa que é nossa, pode ser achada em
nossa vontade.
- pela magnitude do primeiro pecado, perdemos a liberdade da vontade
para crermos em Deus e vivermos vidas santas.
- portanto "não depende de quem quer, nem de quem corre" - não porque
não devamos querer ou correr, mas porque é Deus que efetua tanto o
querer como o efetuar.

Traduzido por: Felipe Sabino de Araujo Neto


Cuiabá-MT, 08 de Novembro de 2003.

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